Post on 08-Nov-2018
Modelagem de Informação da
Construção: maturidade e efeitos na fase
de construção de projetos no Brasil
Dissertação de Mestrado apresentada no dia
03/09/2014 e aprovada no dia 17/11/2014
Curso: MSc Project and Enterprise Management
Instituição: University College London
Entender como está a evolução da adoção de
BIM no Brasil e avaliar os efeitos nas construções
feitas no país.
Reino Unido - Construction 2025
Redução de:
Custos em 33%
Tempo total de entrega em 50%
Emissão de GEE em 50%
A diferença entre total entre importação e exportação de materiais de
construção em 50%
Reino Unido
BIM Task Group
BIM Nível 2 para todos os
contratos públicos até 2016
Iniciativa do Ministério Público:
Prisão de Cookham Wood
Uso de BIM
20% de Redução de Custos
ABNT/CEE 134 – Comissão de Estudo Especial
– Modelagem de Informação da Construção
NBR ISO 12006-2:2010 Construção de edificação
— Organização de informação da construção
Parte 2: Estrutura para classificação de
informação
NBR 15965-1:2011 Sistema de classificação da
informação da construção
Parte 1: Terminologia e estrutura
NBR 15965-2:2012 Sistema de classificação da
informação da construção
Parte 2: Características dos objetos da
construção
BIM no Brasil
O que é BIM?
O National Institute of Building Sciences (NIBS) define BIM como “um processo
otimizado de planejamento, projeto, construção, operação e manutenção
utilizando um modelo de informação padronizado e “legível por um computador”
para cada edificação, nova ou antiga, que contém toda a informação
apropriada criada ou reunida sobre aquela edificação em um formato utilizável
durante todo o ciclo de vida” (2007, p. 6).
Eastman et al. (2011) propõe informação suplementar à definição de BIM,
adicionando que BIM deve ser definido por 4 características:
Deve ter componentes construtivos simbolizados através de dados caracterizados por
contribuição de softwares e regras paramétricas, os transformando em componentes
“inteligentes”
Deve ter elementos que apresentem aspectos comportamentais diversos
Deve ter componentes com dados dependentes de e consistentes com as informações
integradas
Deve ter fluxo de informações sincronizado que permite representação coordenada do
modelo
O que é BIM?
BIM pode ser descrito como uma série de procedimentos cooperativos,
métodos e ferramentas produzindo uma metodologia para gerir
informações e projetos (desenhos) integrados através de modelos digitais
durante o ciclo de vida da construção (Penttilä, 2006; Succar, 2012).
Modelling: Modelagem – Processos
Model: Modelo – Representação digital
Management: Gestão – Organização e controle
Informações
Preceitos básicos
Integração
Colaboração
Intenso fluxo de informações
Confiança entre membros, equipes e stakeholders
Objetivos
Estudar ou revisar a literatura relevante sobre os conceitos e efeitos de BIM na construção
Analisar e entender o nível de adoção de BIM apresentado pela indústria de
construção civil brasileira
Validar os efeitos de BIM encontrados na revisão de literatura correlacionando-os com o conhecimento, experiência e expectativas de companhias brasileiras e seus profissionais
Estabelecer correlações relevantes entre a implementação de BIM e os indexadores de projetos mais importantes: custo, tempo de execução e qualidade
Estudar ou revisar a literatura importante sobre as barreiras encontradas para a implementação de BIM e compará-las com as experiências no Brasil.
Questionários
Escala Likert de 5 níveis
Distribuição via e-mail
Dividido em duas partes: profissionais da indústria em geral e aqueles que
já tiveram experiência com o assunto
None Low Moderate High Extremely High
Entrevistas
Ao vivo ou via Skype
Perguntas discursivas
6 entrevistas realizadas:
Daniel Nascimento: Engenheiro de Produção, Supervisor de Automação e Projetos 3D da Petrobras na Comperj
Marcelo Tâmega: Engenheiro Civil, Gerente de Engenharia e Planejamento do Consórcio Heleno Fonseca/TIISA na construção de uma estação de metrô em SP
Carlos Cabral Salles e Ligia Durante Trindade: Engenheiros Civis, Gerente e Engenheira de Engenharia e Planejamento da Camargo Corrêa
Eduardo Toledo: Engenheiro Eletricista, Professor da USP, Consultor e Presidente da CEE134
Joyce Delatorre: Engenheira Civil, Gerente BIM da Método Engenharia
Rogério Suzuki: Arquiteto, Consultor em BIM da RS Consultoria
Tópicos abordados
Maturidade, competências e capacidades
Custos
Planejamento
Qualidade
Barreiras e dificuldades
Pleitos e disputas judiciais
Resultados - Questionários
Especialista
[PORCENTAGEM]
Avançado
[PORCENTAGEM]
Intermediário
[PORCENTAGEM]
Iniciante
[PORCENTAGEM]
Desconhece
[PORCENTAGEM]
COMO VOCÊ CLASSIFICA SUA EXPERIÊNCIA COM BIM?
Resultados - Questionários
Impossível
[PORCENTAGEM]
Muito Difícil
[PORCENTAGEM]
Moderado 1 –
Implantação já está
em níveis avançados,
porém grandes
dificuldades estão
sendo enfrentadas
[PORCENTAGEM]
Moderado 2 –
Implantação não
teria grandes
dificuldades, porém
está em estágios
iniciais
[PORCENTAGEM]
Fácil
[PORCENTAGEM]
Já implementado
[PORCENTAGEM]
COMO VOCÊ CLASSIFICA A IMPLEMENTAÇÃO DE BIM NO
BRASIL?
Experiências com modelos 3D Porcentagem de participantes
Visualização do projeto arquitetônico 77%
Estimativas de custos e quantidades eram retiradas do modelo
50%
Os componentes do modelo possuiam inteligência paramétrica
41%
Desenhos contratuais e de execução em 2D eram gerados através do modelo
41%
Havia interdependência entre estimativas de custos e/ou planejamento, ou qualquer outra disciplina com o modelo
27%
Os documentos contratuais eram baseados no ou linkados ao modelo
27%
Havia troca de informações entre diferentes equipes/disciplinas ou stakeholders em tempo real através do modelo
32%
O modelo era utilizado devido a alguma exigência e/ou lei e/ou acordo com o cliente
32%
A implementação do modelo 3D resultou em mudanças internas e externas nos processos e relacionamentos da empresa
32%
Barreiras
Barreira COV Index Value Advanced and
Experts Beginners
Cultura Organizacional 18,41
% 78,00% 84,44% 72,73%
Falta de conhecimento sobre o
assunto
24,82%
78,00% 82,22% 74,55%
Falta de iniciativa acadêmica
e/ou intercâmbio entre
empresas e universidades
30,04%
70,00% 71,11% 69,09%
Resistência a mudanças
característica da indústria
27,03%
70,00% 73,33% 67,27%
Falta de incentivo e liderança
do governo
36,21%
68,00% 62,22% 72,73%
Resistência dos funcionários 24,14
% 68,00% 77,78% 60,00%
Dependência da indústria em
trabalhar com papel (desenhos
2D)
26,05%
64,00% 64,44% 63,64%
Legislação e métodos de
licitação
29,73%
64,00% 64,44% 63,64%
Relações competitivas entre
empresas
31,37%
63,00% 68,89% 58,18%
Falta de prova da eficiência e
da efetividade do BIM
34,58%
63,00% 60,00% 65,45%
Custos de implementação 40,47
% 61,00% 53,33% 67,27%
Benefícios
Benefício COV Index Value Advanced and
Experts Beginners
Detecção de interferências nas
primeiras fases do projeto 13,60% 88,00% 93,33% 83,64%
Melhora no planejamento 16,16% 83,00% 80,00% 85,45%
Maior agilidade para resolver
problemas 14,15% 83,00% 84,44% 81,82%
Redução de erros e desperdícios de
tempo e dinheiro 14,93% 81,00% 84,44% 78,18%
Melhora no fluxo de informações
entre diferentes disciplinas, equipes,
departamentos e empresas
18,74% 81,00% 86,67% 76,36%
Melhora na qualidade de execução 16,22% 80,00% 84,44% 76,36%
Melhor na coordenação de
equipamentos, mão de obra e
materias em campo
17,76% 74,00% 75,56% 72,73%
Redução de custos 20,94% 72,00% 75,56% 69,09%
Redução na necessidade de
gerenciar os desenhos (projetos) 24,99% 71,00% 73,33% 69,09%
Otimização da fabricação offsite 23,26% 71,00% 71,11% 70,91%
Melhora no controla sobre
subcontratados e trabalhos offsite 19,33% 71,00% 75,56% 67,27%
Redução de disputas legais 18,73% 60,00% 62,22% 58,18%
Índices de Valor –
Benefícios x Barreiras
50,00%
55,00%
60,00%
65,00%
70,00%
75,00%
80,00%
85,00%
90,00%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Benefícios Barreiras
Você tem interesse em aprofundar seus
conhecimentos e estudar a implantação
de BIM?
100% demonstrou interesse
64% marcou a opção “Sim, muito”
36% marcou a opção “Sim”
Todos os 36% que marcaram “Sim” eram DIRETORES ou DONOS de
empresas
Questionário - Experiências com BIM:
Custos
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGEM]
Sim, de 0 a 20%
[PORCENTAGEM]
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGEM]
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGEM]
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGEM]
Os custos (em média) dos projetos (contratos)
reduziram com o uso de BIM quando comparados
com outros projetos?
Afirmação apresentada Índice de Valor
A implementação de BIM melhorou as estimativas
de custo e o controle de custos do projeto.91,11%
BIM causou redução de erros em projetos
(desenhos).91,11%
O modelo 3D ajudou a detectar incompatibilidades
e interferências nos projetos (desenhos) em fases
iniciais do projeto (contrato).
95,56%
Questionário - Experiências com BIM:
Planejamento
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGE
M]
Sim, de 0 a
20%
[PORCENTAGE
M]
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGE
M]
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGE
M]
[NOME DA
CATEGORIA]
[PORCENTAGE
M]
Os tempos de execução (em média) dos
projetos (contratos) reduziram com o uso de
BIM quando comparado com outros projetos? Afirmação apresentada Índice de Valor
O uso de BIM melhorou o
acompanhamentio físico do projeto
(contrato)
84,44%
BIM melhorou a logística e o planejamento
das atividades em campo.86,67%
Elementos TemporáriosRespostas
Afirmativas
Porcentagem
de
Participantes
Estruturas Temporárias 6 66,67%
Equipamentos 7 77,78%
Materiais 5 55,56%
Mão de obra 4 44,44%
Questionário - Experiências com BIM:
Qualidade, Pleitos e Disputas
Índice de Valor
BIM reduziu a necessidade de retrabalho 75,56%
BIM melhorou a qualidade da construção 86,67%
BIM aumentou a satisfação do cliente 82,22%
Qualidade
Índice de Valor
BIM reduziu o número de pleitos e disputas legais
no(s) projeto(s)68,89%
BIM ajudou o meu time na rastreabilidade dos
documentos dentro das diretrizes contratuais para
o embasamento de pleitos e disputas legais.
68,89%
Pleitos e Disputas judiciais
Entrevistas – Experiência e Maturidade
Petrobras, DNIT e Metrô de São Paulo começam a estudar a exigência de
BIM em alguns contratos: calma e lentamente, devido a falta de profundo
conhecimento sobre o assunto.
Clientes internacionais forçam a implementação de BIM, estes chegaram
ao Brasil principalmente para as Olimpíadas e para a Copa do Mundo.
Consenso geral é de otimização de custos. Alguns estudos realizados
internamente demonstram isso, porém não foram produzidos dados
generalizáveis.
100% dos entrevistados relataram alto número de detecção de
interferências e incompatibilidades em projetos (desenhos), porém a
elaboração de projetos normalmente é terceirizada e as subcontratadas
resistem ao uso de BIM. Por isso os custos de projetos (desenhos)
aumentaram. Os entrevistados consideraram isso uma transferência de
custos.
Entrevistas – Custos
Entrevistas - Planejamento
Todos conseguiram implantar o 4D em um ou mais projetos efetivamente
Logisticamente, equipamentos diversos foram retratados no modelo com
sucesso
A colaboração entre as construtoras outros stakeholders é inexistente,
houve a tentativa de envolver subcontratadas, sem sucesso.
Entrevistados demonstraram pontos de vistas positivos, porém nenhum
dado concreto foi fornecido.
Entrevistas - Qualidade de Execução,
Pleitos e Disputas Judiciais
Benchmarking inexistente ou ainda não aplicado/relacionado ao uso de BIM
Entrevistados consideram difícil relacionar o uso de BIM à qualidade de execução
Houve clara evolução quanto à satisfação dos clientes
Existe uma concordância entre os entrevistados de que o uso de BIM ainda não é colaborativo ou transparente, por isso a incidência de disputas legais não foi afetada
3 entrevistados afirmaram que é possível um melhor controle de documentação com BIM
Barreiras para Implantação
Cultura e falta de conhecimento sobre o assunto recorrente em todas as
entrevistas e firmemente enfatizadas por vários entrevistados.
Falta de mão de obra capacitada para operar as ferramentas necessárias
para adoção de BIM e ausência de um grande cliente
Estado inerte (ou resistente?) das empresas quando se fala em investir em
INOVAÇÃO
Conclusões sobre a Pesquisa
A implementação ocorre devagar e se espalha ainda mais lentamente, porém, o interesse e o conhecimento sobre o assunto crescem exponencialmente
A teoria aponta BIM como uma revolução na indústria AECO, com benefícios muito relevantes para todos stakeholders – a sensação que passa é que o BIM é inevitável, entretanto entrevistados admitem que o uso de BIM ainda não está perfeitamente ajustado e que os benefícios ainda não puderam ser quantificados, isso levanta as seguintes perguntas:
Estamos certos (acadêmicos) em confiar no BIM, as vezes cega e religiosamente, como fazemos?
Seria BIM muito jovem para ser criticado?
A indústria pode realmente atingir a todos os benefícios apontados pela literatura?
Considerações Gerais
BIM ainda é nascente, porém já é considerado o filho prodígio da indústria
AECO
Se levarmos em consideração seu potencial, é óbvio que BIM chegou
para ficar, inúmero benefícios se originam na sua implementação e a
indústria recém começa a compreendê-los. Entretanto, como qualquer
prodígio, estimula entusiasmo, gera grandes expectativas e pouca
paciência. A adoção de BIM deve ser cuidadosamente planejada e
desenvolvida, para que se possa explorar seu potencial verdadeiro
Intensas mudanças nas relações dentro da indústria se fazem necessárias
para que a adoção de BIM seja a mais proveitosas possíveis, desde
empreiteiras a fabricantes, clientes a equipes de projeto.