Post on 06-Jun-2015
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/ CAMPUS II – ALAGOINHAS
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
THIAGO LIMA ALVES
PERFIL DOS CONSUMIDORES DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO.
Alagoinhas 2011
THIAGO LIMA ALVES
PERFIL DOS CONSUMIDORES DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES PRATICANTES DE EXERCÍCIO RESISTIDO.
Projeto de monografia apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia – campus II.
Orientador: Prof. Dr. Maurício Maltez
Alagoinhas-BA 2011
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditaram neste objetivo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por mais uma conquista em minha vida, a
minha família, minha mãe, meu pai, meu irmão Rafael e minha irmã Patrícia por
estarem me apoiando sempre e a minha namorada Orleane por participar direta e
indiretamente da construção desta pesquisa.
Meus amigos/irmãos que tanto me apoiaram e me incentivaram a permanecer
lutando pelo meu objetivo, que dividiram experiências ímpares em minha vida,
Reinaldo (Pulga), Nilton (Cajazeiras), Vinicius, Pedro (velho Mineiro), Anderson,
Raimundo (Nardone), Cleidson (Keu), e não podendo esquecer aquele que é e
sempre será meu melhor amigo, Junior (T-bag).
Meus colegas de sala que juntos partimos e não deixamos se desfazer o
eterno coleguismo.
Um agradecimento especial ao meu orientador Professor Maurício Maltez por
estar sempre junto, me incentivando nas melhores decisões e ao Professor Valter
Abrantes o qual me espelho para um futuro brilhante.
Sou grato a todos que me acompanharam nessa jornada.
“A satisfação está no esforço feito para alcançar o objetivo, e não em tê-lo alcançado.”
Mahatma Gandhi
RESUMO:
Esse artigo não tem como intenção defender o uso de suplementos alimentares, mas, analisar o uso dos mesmos pelos praticantes de exercícios resistidos com idade entre 15 e 20 anos em uma academia de ginástica no centro de Alagoinhas. Discutir um pouco mais sobre esse assunto de crescente repercussão entre os praticantes de atividade física e, quem sabe, incentivar estudos nessa área, para que volte a praticar exercícios físicos buscando a construção de um corpo sadio, sem estar preocupados com problemas que possam surgir quando se tenta mudar o curso natural das coisas. Este estudo caracteriza-se como descritivo, pois exige do pesquisador informações sobre do que se deseja pesquisar, utilizando-se de um questionário estruturado. A pesquisa visa informar o que são suplementos alimentares, seus efeitos, benefícios e malefícios e citar quais os motivos que levam os indivíduos a procurar esse recurso. Observa-se que o uso desses produtos por parte do público masculino (68%) é muito maior do que pelo público feminino (32%) e que os principais incentivadores para o inicio do uso de produtos ergogênicos são os professores das academias (29%), o uso por conta própria (18%) e balconista das farmácias (17%).
Palavras chaves: Atividade física, exercício físico, suplemento alimentar. ABSTRACT: This article is not intended to advocate the use of dietary supplements, but
consider their use by practitioners of resistance exercises aged between 15 and 20 years in a gym in downtown Alagoinhas. Discuss a bit more on this subject of growing influence among the physically active and perhaps encourage studies in this area, to restore the physical exercise seeking to build a healthy body, without being concerned about problems that may arise when trying to change the natural course of things. This study is characterized as descriptive, since it requires the researcher about what you want to search, using a structured questionnaire. The research aims to inform what are dietary supplements, their effects, benefits and disadvantages, and cite the reasons that lead individuals to seek this feature. It is observed that the use of these products by the male audience (68%) is much larger than the female audience (32%) and that the main drivers for the start of the use of ergogenic products are the teachers of the academies (29% ), The use on their own (18%) and clerk of pharmacies (17%).
Keywords: Physical activity, physical exercise, dietary supplement.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................7 2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................9
2.1 Exercício físico..................................................................................9 2.2 Exercício resistido...........................................................................10 2.3 Academia de ginástica................................................................... 11 2.4 Suplementos alimentares................................................................12
3 METODOLOGIA...........................................................................................16
3.1 Modelo do estudo............................................................................16 3.2 População e amostra......................................................................16 3.3 Local do estudo...............................................................................17
3.3.1 Característica da academia...............................................17 3.4 Instrumentos de medida..................................................................18 3.5 Coleta de dados..............................................................................18 3.6 Analise de dados.............................................................................19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................20 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................38 REFERÊNCIAS...............................................................................................39 ANEXOS..........................................................................................................42
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1 INTRODUÇÃO A antiga idéia de que a atividade física era exclusividade para atletas
profissionais, deixou de existir. Buscando melhorias na qualidade de vida e
condicionamento físico, grande número de pessoas tem se dedicado à prática de
exercícios em academias e centros esportivos. Após evidencias científica dos
benefícios dos exercícios resistidos para saúde, e de sua contribuição para o
alcance de um corpo musculoso, “delineado” (desejado) e saudável, a prática dessa
atividade aumentou consideravelmente, tanto entre o público masculino quanto
feminino.
Exercício resistido consiste na resistência à contração muscular, no qual,
geralmente, para essa prática, são utilizados pesos, equipamentos ou o próprio peso
corporal. Na sua grande maioria são praticantes desse tipo de exercício aqueles que
estimam o aumento de sua massa muscular, a hipertrofia. A força, a explosão,
melhor mobilidade, principalmente dos idosos, também são conseguidos com a
prática do mesmo.
No mundo moderno em que vivemos onde a qualidade de vida vem
diminuindo pela falta de uma alimentação saudável, aumento da poluição ambiental
e surgimento de doenças nunca vistas, a procura pela prática de atividade física vem
se difundindo, principalmente pelas mulheres.
A corpolatria é um fenômeno cada vez mais presente na sociedade,
[...] uma espécie de “patologia da modernidade” caracterizada pela preocupação e cuidado extremos com o próprio corpo não exatamente no sentido da saúde (ou presumida falta dela, como no caso da hipocondria), mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico [...]. (CODO e SENNE, 1985).
Para se conseguir esse “embelezamento” físico muitos procuram os centros
de “ginástica”, associando à sua vida o uso de produtos (suplementos alimentares)
que facilitem o seu objetivo. Há evidencias que o uso de suplementos alimentares
seria indispensável para essa melhoria na estrutura física desses praticantes, surge
então o aumento do uso desses suplementos por parte dessas pessoas que buscam
esse corpo mais musculoso e delineado. Dantas (2005) conclui em uma de suas
pesquisas que o poder de melhoria desses suplementos em atletas é tão grande que
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os praticantes de exercício resistido começam a usar em busca de um aumento
rápido de massa muscular sem os efeitos de drogas.
A pesquisa tem como objetivo geral, analisar o uso de suplementos
alimentares pelos praticantes de exercícios resistidos com idade entre 15 e 20 anos
em uma academia de ginástica, alem de abordar aspectos mais específicos, como:
Discutir benefícios e malefícios do uso dos suplementos alimentares.
Fazer um levantamento do número de usuários de suplementos alimentares
na faixa etária de 15 a 20 anos numa academia de ginástica.
Caracterizar o uso de suplemento alimentar entre os praticantes de exercícios
resistidos com idade entre 15 e 20 anos.
Levantar o perfil dos praticantes de exercícios resistidos numa academia de
ginástica.
Com base nessas considerações, o presente projeto se justifica a propor um
estudo sobre o uso de suplementos alimentares por parte dos praticantes de
exercícios resistidos com idade entre 15 e 20 anos numa academia de ginástica.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1Exercício Físico
Entende-se como atividade física, qualquer movimento corporal, produzido
pela musculatura esquelética que resulta em gasto energético, tendo componentes e
determinantes de ordem biopsicossocial, cultural e comportamental (CASPERSEN,
POWEL & CHRISTENSON, 1985). A atividade física com o passar dos anos vem se
mostrando bastante útil para uma melhoria de vida dos seus praticantes.
Comprovado os benefícios dos exercícios resistidos para a promoção da saúde,
centros esportivos e academia de ginástica vêm aumentando seu numero de alunos
a cada dia.
Relatos na literatura apontam que com a prática regular de exercícios
ocorrem diversos benefícios físicos e psicossociais. Entre eles, estão: o aumento da
força muscular, a melhora do condicionamento cardiorrespiratório, a redução de
gordura corporal, o aumento da densidade óssea, a melhora do humor e da auto-
estima e a redução da ansiedade e da depressão, alem de estar associado à
diminuição da incidência de diversas patologias e de comportamentos de risco
(SABA, 1999). Faria (1998) e Marques (1999) frisam que o bem-estar físico é
relevante para lidar com quase todos os eventos estressantes, particularmente os
que exigem grande mobilização. Portanto, as práticas físicas são importantes na
qualidade de vida, além de levantar sua auto-estima, autoconfiança e uma interação
social. Esses benefícios ocorrem mesmo sendo iniciados em uma fase tardia da vida
(terceira idade). Faria (1998) e Marques (1996) afirmam que a prática de uma
atividade física regular pode contribuir muito para evitar as incapacidades
associadas no processo do envelhecer. Os principais benefícios originários da
prática de atividade física fazem referência aos aspectos antropométricos,
neuromusculares, metabólicos e psicológicos (MATSUDO E MATSUDO, 2000).
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2.2 Exercício resistido
Conceitualmente exercício resistido é segundo Santarém (1998) uma forma
de exercício ativo com contração muscular dinâmica (contrações isotônicas) ou
estática (contrações isométricas), resistido por uma força externa. A força externa
pode ser aplicada manualmente ou mecanicamente. Já Fleck e Kraemer (2006)
dizem que o treinamento resistido consiste em uma atividade voltada para o
desenvolvimento das funções musculares através da aplicação de sobrecarga,
podendo esta ser imposta através de pesos livres, máquinas específicas, elásticos
ou a própria massa corporal. Os exercícios resistidos caracterizam-se por exercícios
nos quais ocorrem contrações voluntárias da musculatura esquelética de um
determinado segmento corporal contra alguma resistência externa, ou seja, contra
uma força que se opõe ao movimento, sendo que essa oposição pode ser oferecida
pela própria massa corporal, por pesos livres ou por outros equipamentos, como
aparelhos de musculação, elásticos, ou resistência manual (FORJAZ, REZK, MELO,
SANTOS, TEIXEIRA, NERY, TINUCCI, 2003).
Tratando-se de exercício resistido a execução pode ser feita em diferentes
intensidades,
[...] a leve (40% a 60% da carga voluntária máxima – CVM, ou seja, 40% a 60% do peso máximo que se consegue levantar somente uma vez), várias repetições (20 a 30) podem ser realizadas e o resultado dessa prática será o aumento da resistência da musculatura envolvida no exercício. Por esse motivo, esse tipo de exercício resistido (baixa intensidade e muitas repetições) é chamado de exercício de resistência muscular localizada (RML). Por outro lado, quando os exercícios são realizados em intensidades maiores (acima de 70% da CVM), o número de repetições não pode ser muito alto (8 a 12) e obtêm-se como resultado do treinamento o aumento da massa muscular (hipertrofia) e da força da musculatura envolvida no exercício. Assim, esse exercício (alta intensidade e poucas repetições) é chamado de exercício de força [...]. (FORJAZ, REZK, MELO, SANTOS, TEIXEIRA, NERY, TINUCCI, 2003, p. 120)
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2.3 Academia de Ginástica
De acordo com Saba (2001), academia de ginástica é o local que engloba
modalidades competitivas e não competitivas e que envolve a prática de uma série
de movimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora para fins
únicos de aperfeiçoamento físico e mental, e é ela a maior opção da população
urbana, para aderir a pratica de exercício físico, com o intuito de obter melhorias em
seu bem-estar geral.
Bittencourt (1986) diz que não existe uma data precisa de quando surgiram as
primeiras manifestações de levantamento de pesos. A história da musculação é
muito antiga existindo relatos que datam do início dos tempos afirmando a prática de
exercícios com pesos. Em escavações na cidade de Olímpia foram encontradas
pedras com entalhes para as mãos permitindo aos historiadores intuir a utilização
destas em treinamentos com pesos. Há registros de jogos de arremessos de pedras
através de gravuras em paredes de capelas funerárias do Egito antigo mostrando
que há 4.500 anos os homens já levantavam pesos como forma de exercício físico. [...] A história mais conhecida data da época da Grécia Antiga, quando Milon de Creton, cidadão grego, iniciou seu treinamento levantando um pequeno bezerro nas costas. A medida que o bezerro ia crescendo provocava sobrecarga ao organismo daquele que estava treinando, acarretando adaptações orgânicas que permitiam ao mesmo suportar aquela nova carga que lhe era imposta a cada dia. Acredita-se que este treinamento foi o método originário do princípio da sobrecarga [...]. (p. 22).
De acordo com Novaes (1991) o surgimento das primeiras academias
decorreu do fato das próprias terem a finalidade de atender a um publico alvo que
buscava aulas de ginástica fora dos clubes e que entre as décadas de 30 e 50 o
número de academias no Brasil era muito pequeno. A partir de 1970 o número foi
aumentando consideravelmente, sendo desenvolvidas pelos profissionais de
educação física, com atividades de ginástica, exercícios aeróbicos, voltados para o
exercício cardiorrespiratório. Já na década de 80 houve uma maior difusão destas
atividades aeróbicas com campeonatos, dando espaço para uma maior diversidade
de programação, dentre elas a musculação, ginástica localizada, alongamento,
dentre outras. Esse acontecimento foi um dos maiores fatos sociais ocorridos nos
últimos tempos.
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A mídia representa um forte poder aliciador manifestando assim um poder
coercivo na maneira das pessoas se comportarem, bem como remete padrões de
valores a serem buscados e, devido aos inúmeros fatores que influenciam
negativamente a saúde da população atual, a mídia mostra que a prática de
exercício físico diminui notoriamente, daí vem o aumento visível do numero de
academias e de seus praticantes.
Saba (2001) fala sobre aderência como uma manutenção da prática de
exercícios físicos por longos períodos de tempo, como parte da rotina dos
indivíduos. A questão da aderência pode ser entendida como sendo o ápice de uma
constante evolução em direção à prática regular de determinada atividade física e do
subseqüente bem-estar nos níveis físico e psicológico. É central nessa concepção, a
questão do comprometimento.
2.4 Suplementos alimentares
Segundo Sherman & Costill (1984), Brouns, Saris & Hoor (1986) e Hasson &
Barnes (1989) a nutrição corresponde aos processos gerais de ingestão e conversão
de substâncias alimentícias em nutrientes que podem ser utilizadas para manter a
função orgânica. A determinação de quais nutrientes são necessários e das
quantidades dos nutrientes essenciais têm sido foco de investigações por décadas.
A nutrição é um dos fatores que pode aumentar o desempenho atlético. Quando
bem equilibrada pode reduzir a fadiga, lesões, ou repará-las rapidamente, otimizar
os depósitos de energia e para saúde geral do indivíduo.
Os relatos mostram que Milon foi um dos primeiros a se preocupar com a
suplementação alimentar e que ele comia por dia 9 kg de carne, 9 kg de pão e 10
litros de vinho - gerando um total de 57 mil kcal (MAESTÁ & BURINI, 2005).
Dentro dessa visão os macros e micronutrientes ditos ergogênicos têm sido
utilizados pelos alunos das academias de ginástica visando melhorar o seu
desempenho e concomitantemente, a estética. Wilmore & Costill (1999) se refere
aos ergogênicos como sendo substâncias ou fenômenos que melhoram o
desempenho de um atleta. O termo é derivado de duas palavras gregas “ergon”
(trabalho) e “gennan” (produzir). Diante desse conceito, uma substância ergogênica
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poderá melhorar ou intensificar a capacidade de trabalho em indivíduos sadios e
eliminar a sensação dos sintomas de cansaço e fadiga física e mental, dessa forma
potencializando seu desempenho.
Os suplementos alimentares são produtos ergogênicos utilizados na melhoria
do desempenho nas atividades esportivas. Na tentativa de obter melhor
desempenho físico ou aumento de massa e força muscular mais rápido, a utilização
de recursos ergogênicos por atletas e desportistas, teve início antes da era cristã,
quando os heróis olímpicos, tinham suas invencibilidades atribuídas às grandes
ingestões alimentares (MAESTÁ & BURINI, 2005).
Em estudos recentes Dantas (2005) fala que ao viver a prática de exercícios
físicos o uso de suplementos alimentares vai se aproximando do modo de vida
dessas pessoas, [...] os suplementos alimentares priorizam aumentar o tecido
muscular, ofertar e produzir energia para o músculo, minimizar os efeitos da fadiga, aumentar o alerta mental, reduzir a gordura corporal, diminuir a produção e aceleração da remoção de metabólicos tóxicos do músculo [...]. (DANTAS, 2005, p.363).
As pessoas tentadas pela busca de um corpo que dizem esteticamente
perfeito, um corpo “delineado”, definido, procuram nos suplementos este objetivo. A
maior incidência no número de consumidores de suplementos alimentares são
praticantes de musculação devido a possibilidade da musculação ser usada tanto
para o desenvolvimento de força muscular, como para a "modelação" corporal, fato
este que se baseia na “crença” de melhoria da performance e resultados estéticos,
conclusões feitas nos estudos de Lollo & Tavares (2007).
Os suplementos alimentares têm o poder de suprir a carência de
determinadas substâncias não ingeridas, obtendo uma melhora significativa nos
treinos de atletas, e com o passar dos anos o suplemento alimentar se tornou
indispensável na dieta de um atleta. O estresse, o sedentarismo e o modo de vida
agitado da sociedade, aliado com o aumento da poluição e uma alimentação cada
vez menos saudável, fez com que o suplemento alimentar deixasse de ser um
alimento de atletas para um uso comum, pois supriria a ingestão de nutrientes não
ingeridos, além de ser uma forma fácil e prática de se alimentar devido ao preparo,
logo, o suplemento alimentar hoje é universal e multidirecionado, indicado a todas as
pessoas que estejam preocupadas em manter uma alimentação saudável e
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balanceada, desde que a alimentação convencional não supre as recomendações
diárias.
Os produtores desses suplementos esquecem de dizer nos rótulos e/ou nas
bulas dos produtos seus efeitos colaterais, nos quais ocorre uma dependência a
esses produtos tanto físicas como psicológicas, sobrecarga no metabolismo dos
rins, pulmões e fígado, além de problemas cardíacos e aumento no tempo da
coagulação sanguínea. Para o Conselho Regional de Educação Física (CREF),
órgão que regulamenta a atuação dos profissionais de Educação Física, o uso
indiscriminado de suplementos nutricionais é ilegal. De acordo com o Conselho,
indicar suplementos é responsabilidade do nutricionista, fiscalizar a origem e
comercialização cabe à Vigilância Sanitária. Ao futuro usuário resta consultar esses
profissionais antes do ingresso no “mundo” instantâneo. Segundo a assessoria do
CREF, o número de pessoas que aderem aos suplementos alimentares cresce
paralelo ao corre-corre cotidiano. As pessoas querem ganhar tempo, nem que para
isso, troquem o natural pelo instantâneo, buscando resultados em curto prazo,
esquecendo-se assim da saúde e de suas conseqüências (CREFSP).
A mídia relata vários casos de esportistas profissionais usuários desses
suplementos alimentares, mas poucos estudos focam na investigação desse uso por
parte da população em geral, principalmente por parte do publico feminino que
busca cada vez mais um corpo dito como “perfeito”, entendido como musculoso,
“delineado”.
Segundo Tirapegui (2006), praticantes de exercício físico estão sempre à
procura de aperfeiçoamento para chegar ao máximo de sua capacidade física e,
assim, conseguirem um lugar à frente de seus oponentes. Esse fato tem induzido
atletas, técnicos e cientistas a buscarem, além das técnicas de treinamento,
diferentes métodos de otimizar o desempenho. O uso indevido desses produtos
pode não trazer bons resultados, alguns surtem efeitos colaterais, tais como: suor
excessivo, aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial,
insônia, alteração na percepção da dor e cansaço (que pode levar a lesões
musculares). Os Principais suplementos utilizados, suas promessas e seus efeitos
colaterais são:
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[...] As bebidas isotônicas, promessa: hidratar e repor carboidratos. efeitos negativos: não há, diabéticos e hipertensos devem consultar um médico antes de ingerir.
As vitaminas e minerais, promessa: suprir deficiências dos gastos calóricos durante o treino, efeitos negativos: as vitaminas A, E e D tendem a se acumular e podem causar intoxicação, problemas gastrointestinais e neurológicos, a vitamina c eleva as chances de cálculos renais.
Os hipercalóricos, promessa: aumentar a massa muscular ou repor a energia eliminada na malhação, efeitos negativos: engorda.
As proteínas e aminoácidos, promessa: ampliar os músculos e melhorar o desempenho físico, efeitos negativos: faz crescer os níveis de ácido úrico e a quantidade de gordura localizada, além de causar diversas complicações nos rins.
A creatina, promessa: tornar maior a musculatura naqueles que praticam esportes de alta intensidade e curta duração, efeitos negativos: retém água e toxinas e provoca inchaço, dando a falsa impressão de aumento da massa magra.
Maltodextrina, gel de carboidrato e bebidas de recuperação, promessa: fornecer energia, possibilitar a queima de gordura e recuperar o estoque de energia no músculo, efeitos negativos: pode engordar e provocar intolerância gástrica.
O BCAA, promessa: prevenir ou retardar a fadiga em exercícios de resistência, efeitos negativos: costuma sobrecarregar os rins e o fígado com toxinas, especialmente em quem já tem predisposição a esses males.
Os Fat Buner, promessa: queimar gordura, efeitos negativos: desencadeia taquicardia, arritmia e desidratação por causa da produção de suor excessivo [...]. (REVISTA CORPO A CORPO, 2005, p. 14).
O uso de suplementos nutricionais é uma forma bastante difundida de tentar
melhorar o desempenho de atletas. Portanto, recomenda-se que tanto atletas como
indivíduos apenas ativos ou sedentários consumam uma alimentação equilibrada
garantindo o fornecimento de todos os nutrientes necessários para o bom
funcionamento do organismo ao invés de lançar mão de recursos como esses.
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3 METODOLOGIA
3.1 Modelo do estudo
Este estudo caracteriza-se como descritivo, pois exige do pesquisador
informações sobre do que se deseja pesquisar, o uso de suplementos alimentares
pelos praticantes de exercício resistido com idade entre 15 e 20 anos de uma
academia de ginástica no centro de Alagoinhas.
Gil (1999 p.26), “define método como caminho para se chegar a determinado
fim”, mas Richardson (1999 p.22) “alerta para não confundir método com
metodologia”, pois segundo Demo e Minayo (1992; 1997) o método inclui, também,
a criatividade do pesquisador.
Segundo Trivinos (1987) o estudo descritivo descreve com exatidão os fatos e
fenômenos de determinada realidade, mas por objetivar fornecer um conhecimento
aprofundado de uma realidade delimitada domina-se como um estudo de caso. Gil
(1995) descreve um estudo de caso como sendo um estudo profundo e exaustivo de
um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento.
3.2 População e amostra
A população foi composta pelos praticantes de exercício resistido com idade
entre 15 (quinze) e 20 (vinte) anos, freqüentadores da academia escolhida e
usuários de recursos ergogênicos, pessoas fora desses critérios não participarão. A
escolha da academia tem como critério a proximidade dos freqüentadores com o
pesquisador por estagiar no espaço e por ser uma das academias mais
freqüentadas na cidade.
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3.3 Local do estudo
O estudo ocorreu no município de Alagoinhas, cidade do interior da Bahia,
localizado a cerca de 120 km de Salvador, com população estimada no ultimo censo
do IBGE no ano de 2009 de 137.810 habitantes, com extensão territorial de 7733,97
km². A Universidade do Estado da Bahia, campus II, se encontra na cidade de
Alagoinhas, com 07 (sete) cursos, entre eles o de Licenciatura em Educação Física.
3.3.1 Característica da academia
A academia estudada está em funcionamento desde 2002, na cidade de
Alagoinhas, no estado da Bahia, Brasil. Seu horário de atendimento é de segunda a
sexta, das 05 horas ate às 21 horas e 30 minutos, e aos sábados das 7 horas às 12
horas.
O número de profissionais de Educação Física na academia varia de acordo
com o horário. Naqueles considerados de maior movimento, a academia oferece à
instrução de musculação e condicionamento físico 05 (cinco) profissionais entre
professores e estagiários de Educação Física. O número médio de clientes são de
130 (cento e trinta), do sexo masculino e feminino - dado coletado na academia
através das fichas de matrícula com informações dos clientes arquivadas no local.
São oferecidos exercícios com aparelhagem ergométrica e de musculação, aulas de
ginástica (localizada, step, jump, aeróbia, dança de salão e swing baiano) e de
alongamento.
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3.4 Instrumentos de medida
Buscando uma padronização e a uniformidade do entendimento dos
entrevistados foi aplicado um questionário estruturado, caracterizando uma pesquisa
de abordagem quantitativa por se adequar na apuração de atitudes e opiniões
explícitas e consciente dos entrevistados. Segundo Marconi e Lakatos (2003) a
razão para se conduzir uma pesquisa quantitativa é descobrir quantas pessoas de
uma determinada população compartilham uma característica ou um grupo de
características.
Segundo Gil (1995) o uso de questionário (anexo) tem vantagens que
possibilita atingir grande número de pessoas, implica menores gastos com pessoal,
garante o anonimato das respostas, permite a resposta no momento de
conveniência das pessoas, não expõe os pesquisado à influência das opiniões e do
aspecto pessoal do entrevistado, mas tem suas limitações que exclui os analfabetos,
impede o auxílio ao pesquisado, impede o conhecimento das circunstâncias em que
foi respondido, não garante que a maioria das pessoas preencha devidamente, os
itens podem ter significado distinto para cada sujeito pesquisado.
3.5 Coleta de dados
Foi utilizado um questionário estruturado composto de 13 (treze) perguntas,
sendo elas abertas e fechadas (podendo ser assinaladas mais de uma alternativa).
O referido questionário buscou coletar as variáveis sócio-demográficas (sexo, idade,
escolaridade) e dados comportamentais (tempo de prática e freqüência da atividade,
duração do exercício, e se faz uso de suplemento alimentar) necessários para
realização da pesquisa. Antes da aplicação do questionário foi explicado o objetivo
do estudo e pedido o consentimento do entrevistado. O questionário passou por um
pré-teste, a fim de comprovar a eficiência do mesmo, e sua aplicação ocorreu em
diferentes horários do dia, em diferentes dias da semana.
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3.6 Análise de dados
Os dados coletados foram analisados através da estatística descritiva
(porcentagem) no Microsoft Excel 2003 e os seus resultados foram demonstrados na
forma de tabela e gráficos.
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4 Resultados e Discussão
Em 2002, a Revista Brasileira de Ciência e Movimento relatou que a maioria
dos usuários de suplementos alimentares tinha idades entre 18 e 26 anos e nível
médio de escolaridade. Em nossa região, 25 jovens, entre 15 e 20 anos, relataram
ter acesso a essas substâncias, demonstrando uma queda na idade dos que se
expõem ao problema, frente ao relatado no início da década. Em Belo Horizonte,
Ribeiro (1999) demonstrou que os usuários estão na faixa etária entre 15 e 18 anos.
O fato de a maior parte dos usuários de suplementos serem da faixa dos 15
aos 20 anos sugere que os adolescentes são mais vulneráveis à influência dos
apelos desses produtos, uma vez que nessa idade o desejo por resultados rápidos é
maior.
GRÁFICO 01. Representação em percentual do quantitativo de indivíduos do
gênero masculino e do gênero feminino.
Apesar da crescente participação do público feminino nas salas de
musculação, este estudo mostrou que mais homens do que mulheres fazem uso da
suplementação alimentar. Do número total de indivíduos que responderam ao
questionário, 17 (68%) pertenciam ao sexo masculino e 08 (32%) ao feminino.
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O predomínio do sexo masculino entre os usuários de suplementos foi
também documentado por Araújo e Soares (1999) em pesquisa feita em academias
de Belém, indicando prevalência do grupo masculino (42%) ao feminino (23%) entre
os usuários de suplementação alimentar.
Nos EUA, foram realizadas pesquisas, nos anos de 1991 e 1992, com o
objetivo de quantificar o uso indevido e, já naquela época, observou-se que os
estudantes do Ensino Médio, sendo que de 4% a 11% eram homens e 0,5% a 2,5%,
mulheres, já haviam feito uso dessas substâncias. No entanto, de acordo com uma
pesquisa americana, 37,2% das mulheres e 23,9% dos homens, entre 20 e 29 anos,
tomavam suplementos (PEREIRA, LAJOLO e HIRSCHBRUCH, 2003).
O baixo percentual feminino pode ser explicado pelo fato das mulheres
sentirem medo de ficar com o corpo hipertrofiado (efeito masculinizante), porém isso
não se justifica devido ao baixo nível de testosterona no sistema hormonal feminino,
diferente dos homens, onde o alto nível do hormônio em questão é um dos
responsáveis pelo seu maior grau de hipertrofia.
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Foram classificados em: fundamental incompleto, fundamental completo,
médio incompleto, médio completo, superior incompleto, superior em andamento e
superior completo.
GRÁFICO 02. Representação em percentual da escolaridade dos indivíduos
do gênero masculino.
GRÁFICO 03. Representação em percentual da escolaridade dos indivíduos do gênero feminino.
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Ao contrário do estudo de Pereira e colaboradores (2003) que diz que os
usuários de suplementos alimentares são, em geral, indivíduos com elevado grau de
escolaridade, com motivação e recursos para a prática de atividades físicas e com
acesso a informações sobre nutrição, o resultado desta pesquisa mostrou que a
maioria dos homens que fazem uso de suplementação alimentar possui ensino
médio completo (35%), assim como nas mulheres (75%), seguido por ensino médio
incompleto (24%), diferente do que acontece com pessoas do sexo feminino, onde a
escolaridade que dá segmento ao maior percentual é a de superior em andamento
(25%).
Isto pode ser explicado devido ao fato de que a pesquisa em questão
realizou-se numa cidade do interior, onde o número de universidades não é grande,
ocasionando, assim, um êxodo para as cidades onde se encontram os núcleos de
ensino superior. Com a idéia de que na universidade o conhecimento fica mais
acessível, significa que o fato de usar ou não suplemento alimentar, é o baixo nível
de conhecimento da população em geral, principalmente dos entrevistados.
Ao se constatar esse fato, subentende-se que as pessoas com apenas o
Ensino Médio não são detentoras de informações imprescindíveis sobre as reais e
possíveis conseqüências da suplementação alimentar, muitas vezes indicada por
seus instrutores físicos, deixando-se levar somente pela promessa de que
conseguirão um belo e saudável corpo, o que não acontece se o uso não é feito de
maneira correta.
O resultado obtido por Pereira e colaboradores (2003) pode ser
fundamentado partindo do pressuposto de que, apesar de não ser unanimidade, o
número de jovens que ingressam na universidade se sobressai àquele de pessoas
mais velhas, e, sendo assim, existe uma grande preocupação com status, onde é
mais bem visto, e até mesmo respeitado, quem é mais bonito e/ou mais forte,
levando esses jovens a buscarem, de forma simples e eficaz, aos seus olhos, atingir
o estereótipo determinado por eles mesmos. Se tratando de beleza física, a busca
de um corpo definido e musculoso por parte dos homens, e esbelto por parte das
mulheres, pode explicar o porquê de o percentual de uso de suplemento alimentar
deles ser maior do que o delas.
24
Entre o público feminino o menor período de prática de exercício físico foi de
três meses e o maior entre os entrevistados foi de oito meses, já entre os homens o
menor período foi de dois meses e a maior aderência é de quinze meses.
Gráfico 04. Representação em percentual do tempo de pratica na academia (aderência) dos indivíduos do sexo masculino.
Gráfico 05. Representação em percentual do tempo de pratica na academia (aderência) dos indivíduos do sexo feminino.
25
Foi detectado que a maior parte dos homens pratica exercício apenas há
cinco meses, mostrando que o interesse por parte deles em ter um corpo
esteticamente bem visto, musculoso e definido, é bem maior do que nas mulheres.
Os resultados do estudo de Jesus e Silva (2008) indicam que o maior
consumo de suplementos está associado ao maior tempo de prática de atividade
física, de permanência na academia e é realizado por homens. De acordo com os dias de funcionamento da academia escolhida o numero
máximo de dias que o entrevistado pode exercer a prática do exercício são de seis
dias. Entre as mulheres e os homens o número de dias em comum foi o de cinco
vezes na semana.
GRÁFICO 06. Representação em percentual da freqüência dos indivíduos do
gênero masculino nos treinos.
26
GRÁFICO 07. Representação em percentual da freqüência dos indivíduos do
gênero feminino nos treinos.
Hirschbruch, Fisberg e Mochizuki (2008) diz que quanto maior o tempo na
academia mais ânsia vai existir por parte dos atletas em alcançar o corpo desejado.
Isso justifica o fato de os entrevistados terem a prática de cinco dias na semana
tanto por parte dos homens quanto das mulheres.
27
Foi colocado em questão qual seria o tempo estimado do treino e as opções
de resposta eram: 30minutos, 45 minutos, 1 hora, 1 hora e 30 minutos e 2 horas ou
mais. Entre os entrevistados o treino de 1 hora foi o mais utilizado.
GRÁFICO 08. Representação em percentual da duração do treino dos
indivíduos do gênero masculino.
GRÁFICO 09. Representação em percentual da duração do treino dos
indivíduos do gênero feminino.
28
Nos estudos de Santos & Santos (2002) e Jesus e Silva (2008) foi visto que a
consciência da importância da prática da atividade física (musculação) era
diretamente proporcional ao alcance dos objetivos, mas a agitação dos trabalhos do
cotidiano fazia com que o tempo nas academias fosse uma média de 1h, por conta
do pouco tempo que se tem para a prática.
Um dos objetivos específicos da pesquisa é caracterizar o uso do suplemento
alimentar entre os praticantes de exercício resistido na academia Plena Forma, e
saber como os alunos iniciam a prática do uso desses produtos, além de quem os
indica. As opções de resposta eram: nutricionista, médico, balconista de farmácia ou
loja específica, instrutor, amigos, familiares, conta própria, outro.
GRÁFICO 14. Representação em percentual de quem vem à indicação do
uso de suplemento alimentar dos indivíduos do gênero masculino.
29
GRÁFICO 15. Representação em percentual de quem vem à indicação do
uso de suplemento alimentar dos indivíduos do gênero feminino.
Em estudos anteriores, em academias de ginásticas em são Paulo, instrutores
e professores, aparecem como maior número de indicadores de suplemento
alimentar (PEREIRA, LAJOLO, HIRSCHBRUCH, 2003), isto também se confirma
nos estudos de Schwenk e Costley (2002), que aponta a forte evidência de que a
principal fonte de informação era proveniente de treinadores, membros da família ou
amigos, revistas e livros, e por último o nutricionista.
A faixa etária analisada, de 15 a 20 anos, é vista como uma fase de quem
busca a independência, mas acaba sendo suscetível às influências externas no uso
de suplementos alimentares. Pais, amigos, treinadores e professores são influentes -
ter em casa um usuário de suplementos influencia o consumo, ter amigos usuários
também. Os amigos e treinadores são importantes fontes de indicação de
suplementos.
A autoprescrição é comum, diz Hirschbruch, Fisberg e Mochizuki (2008), mas
mesmo assim, o seu número de citações permanece elevado (38% nas mulheres). O
fato de a maior parte dos usuários de suplementos serem da faixa dos 15 a 20 anos
sugere que há mais vulnerabilidade aos apelos desses produtos e a suas promessas
30
estampadas nos mais arrojados rótulos, uma vez que nessa idade o desejo por
resultados rápidos é maior.
Como característica do uso do suplemento alimentar foi questionado como se
daria o uso do produto. As opções eram: receita médica, informações do rótulo,
indicação do instrutor, aleatório.
GRÁFICO 16. Representação em percentual de como é o uso do suplemento
alimentar dos indivíduos do gênero masculino.
GRÁFICO 17. Representação em percentual de como é o uso do suplemento
alimentar dos indivíduos do gênero feminino.
31
Santos e Barros Filho (2002) em uma de suas pesquisas com universitários
de São Paulo constatou que o uso de suplementos é feitos sem orientação
especializada, e o modo de uso é feito pela orientação dos balconistas de farmácia,
geralmente a mesma contida nos rótulos dos produtos; isso confirma o dado obtido
na pesquisa, onde 36% dos entrevistados fazem uso do suplemento pelas
informações do rótulo.
Foi questionado se o entrevistado obteve resultados esperados com o uso do suplemento alimentar. As opções eram sim, não e parcialmente.
GRÁFICO 10. Representação em percentual dos resultados esperados pelo uso do suplemento alimentar dos indivíduos do gênero masculino.
32
GRÁFICO 11. Representação em percentual dos resultados esperados pelo
uso do suplemento alimentar dos indivíduos do gênero feminino.
Diversas vezes os suplementos são apresentados aos consumidores, como
uma forma de se alcançar mais rapidamente os resultados desejados pela atividade.
Entretanto, a recomendação de suplementos para melhorar o desempenho físico é
contraditória. Pereira, Lajolo e hirschbruch (2003) chamam a atenção para o fato de
que muitos dos suplementos comercializados apresentam a falsa promessa de
aumentar o desempenho atlético. Muitos destes produtos não continham no rótulo o
efeito prometido, fato esse que ficou comprovado por estudos científicos realizados
por Pereira, Lajolo e hirschbruch (2003). Apesar das controvérsias os suplementos
estão cada vez mais sendo utilizados por praticantes de atividade física,
particularmente por freqüentadores de academias, comprovando assim os
resultados do estudo, tanto em homens quanto em mulheres a não obtenção de
resultados é tão alta, 35% e 37% respectivamente.
33
Foi discutido na fundamentação teórica que esse tipo de produto pode causar
resultados indesejáveis, mas não houve nenhum dado coletado de que ocorreu
algum tipo de resultado indesejável entre os entrevistados.
GRÁFICO 12. Representação em percentual dos resultados indesejáveis com
o uso do suplemento alimentar dos indivíduos do gênero masculino.
GRÁFICO 13. Representação em percentual dos resultados indesejáveis com
o uso do suplemento alimentar dos indivíduos do gênero feminino.
34
Levadas por falsas promessas de alguns dos rótulos dos suplementos
alimentares, as pessoas fazem o uso na expectativa de alcançarem os resultados
prometidos. É notável que não houve nenhum efeito negativo pelo uso desses
produtos em 100% dos homens e das mulheres. Embora alguns suplementos alimentares possam apresentar
riscos a certo nível de consumo, muitos são seguros a níveis muito superiores que sua dose de eficácia. De acordo com isso, fornecer uma dose eficaz torna-se o fator primordial para a recomendação da dosagem. Em outras palavras, compreender os limites de segurança é o primeiro passo para estabelecer a dosagem. (WALLACE, 2009).
Foi questionado se os entrevistados teriam motivo para não usar suplemento
alimentar. As opções eram sim ou não; sendo SIM a resposta, o entrevistado
responderia o porquê de não usar mais o suplemento: se pelos efeitos colaterais,
pela dificuldade de compra ou por poder obter bons resultados somente com o
exercício físico.
GRÁFICO 18. Representação em percentual do motivo para não usar
suplemento alimentar dos indivíduos do gênero masculino.
35
GRÁFICO 19. Representação em percentual do motivo para não usar
suplemento alimentar dos indivíduos do gênero feminino.
Os motivos para o uso e o não uso mostram a crença no produto (a promessa
do uso desses produtos são as reposições energéticas, melhora na eficácia dos
treinos, obtenção de definição, resultados rápidos, ganho de massa muscular mais
rapidamente, e o não usar teria como forte argumento os medos, principalmente por
parte das mulheres, de ganhar muita massa muscular junto a uma super definição),
também mostrada por Carvalho & Hirschbruch (2008) onde todos os usuários
acreditam na eficácia do produto, apesar de 94% dos homens e 100% das mulheres
considerarem que a suplementação que consomem não é necessária. No presente
estudo, a maioria dos usuários não considerava a suplementação eficaz.
36
Foi perguntado se o entrevistado conhecia alguém que fizesse uso de suplementação alimentar.
GRÁFICO 20. Representação em percentual do individuo do gênero
masculino em conhecer alguém que use suplemento alimentar.
GRÁFICO 21. Representação em percentual do individuo do gênero feminino
em conhecer alguém que use suplemento alimentar.
37
Schwenk e Costley (2002) aponta em uma de suas pesquisas que o início do
uso de suplemento alimentar tem influências diretas de instrutores de academia,
amigos e familiares, pessoas que já usaram ou apenas ouviram falar das promessas
desses produtos. Nessa pesquisa foi detectado que a maioria não conhece pessoas
que usam suplemento, portanto continua a hipótese de que as propagandas das
promessas desses produtos podem estar afetando no uso, não descartando a ideia
de que mesmo não conhecendo pessoas que façam uso de suplemento os
entrevistados podem ter sido influenciados por pessoas que não usam suplemento
alimentar.
38
5. Considerações Finais
Comprovado os benefícios da prática de atividade física, os métodos
utilizados por atletas em seus treinamentos estão se aproximando do modo de vida
das pessoas, e com isso o uso de suplementos alimentares também, visto que o uso
desses produtos melhora o desempenho físico dos atletas.
Na busca de um melhor rendimento físico associado a uma melhoria estética,
muitos alunos utilizam suplemento alimentar pelos benefícios que eles
supostamente aportam, para atingir os seus objetivos. Explica-se assim o porquê do
uso de suplementos alimentares pelos praticantes de exercício resistido na
academia Plena Forma.
Numa média de 130 clientes, 25 entre 15 e 20 anos, estão entre aqueles que
fazem uso de suplemento alimentar na academia estudada, estes com uma
freqüência entre 3 a 5 dias na semana e de 2 a 15 meses de prática em média.
Os entrevistados não fazem o uso correto dos produtos que utilizam. A
maioria é influenciada pelos professores da academia e balconistas das farmácias.
Além do modo de usar não ser acompanhado por profissionais especializados,
fazem uso das “receitas” dos instrutores e bulas dos produtos.
Nesse conflito entre os benefícios propostos e os malefícios que poderão ser
obtidos pelo uso indiscriminado dessas substâncias, percebe-se a necessidade de
novos estudos sobre o uso de suplementos e seus efeitos relacionados com a
educação nutricional desses indivíduos.
A falta de estudos suficientes e conclusivos sobre o consumo de suplementos
nutricionais, por praticantes de atividade física, deve-se não só ao fato de ser este
um assunto recente, mas também, ao constante aparecimento de novos produtos no
mercado. Maiores esclarecimentos sobre seus efeitos são necessários para evitar
problemas de saúde na população estudada, uma vez que, o consumo desse tipo de
produto é significante entre a população.
39
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42
ANEXOS
Questionário.
Caro aluno:
Estamos conduzindo este questionário para avaliar o uso de suplementos alimentares na academia Plena forma, e assim direcionar melhor os projetos nessa área. Sua participação é fundamental. É necessário ser praticante de exercício resistido, ter usado ou estar usando suplementos alimentares e estar com idade entre 15 e 20 anos para responder este questionário. O anonimato será preservado em todos os questionários. Obrigado pela sua contribuição.
1. Idade: ____ anos
2. Sexo : ( )Masc. ( ) Fem.
3. Escolaridade: ( )Fundamental Incompleto ( )Fundamental Completo
( )Médio Incompleto ( )Médio Completo ( )Superior Incompleto ( )Superior em andamento ( )Superior Completo.
4. Há quanto tempo pratica atividade física na academia?_________.
5. Quantas vezes por semana freqüenta a academia? ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 ( )6
6. Qual a duração dos exercícios por dia? ( )30min ( )45min ( )1h ( )1h30min ( )2h ou mais
7. Você faz ou já fez uso de algum tipo de suplemento alimentar? ( ) Sim ( ) Não
Que tipo?
( )vitaminas ( )minerais ( ) proteínas ( )aminoácidos ( )creatina ( )hipercalóricos ( )extratos botânicos
8. Obteve resultados esperados? ( )Sim ( )Parcialmente ( )Não
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9. Obteve resultados indesejáveis? ( )Sim. Quais?________________ ( )Não
10. Quem indicou o uso do produto? ( ) Nutricionista ( ) Médico ( ) Balconista de Farmácia ou Loja
Específica
( ) Instrutor ( ) Amigos ( ) Familiares ( ) Conta Própria ( )Outros. Quem?______
11. Como foi feito o uso desse produto? ( ) receita médica ( ) informações do rótulo ( ) indicação do instrutor
( ) aleatório.
12. Teria motivo para não usar suplementos? ( )Sim ( )Não
( ) Efeitos colaterais ( ) Dificuldade de compra
( ) Posso obter bons resultados somente com o exercício físico.
13. Conhece alguém da academia que use suplemento? ( ) Sim ( ) Não