Post on 19-Dec-2018
Núcleo Comum
Gestão Empresarial
Administração como um Todo
Prof. Me. Achiles Batista Ferreira Junior
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Introdução
Em todos os momentos de nossas vidas, estamos de alguma forma
administrando algo: projetos, finanças, tempo, recursos materiais ou pessoas;
enfim, o ato de administrar está presente em nosso dia a dia, e o alcance dos
nossos objetivos está intimamente ligado à boa administração das nossas
ações.
Entretanto, no mundo dos negócios, administrar é o grande trunfo para o
sucesso de qualquer empreendimento, pois, com o passar dos anos, surgem
novas formas de maximizar resultados para as empresas com o mínimo de
custos possível, respeitando a sociedade e o meio ambiente. É nesse cenário
que passamos a conhecer, a partir de agora, um pouco mais sobre a ciência da
Administração.
Problematização
Um dos maiores desafios da atualidade, na rotina do administrador é
identificar as habilidades de cada um dos seus colaboradores, para que assim,
consiga colocar cada um no seu devido lugar, ou melhor, cada funcionário na
função na qual se sai melhor. Mas como descobrir quais habilidades têm seus
colaboradores?
O Que é Administrar?
Nós poderíamos elaborar uma definição própria do que é administrar a
partir de conhecimentos anteriores ou da própria experiência. A descrição de
Chiavenato (2005) é:
“Administração é o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar
os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.”
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O autor menciona uma visão contemporânea do que é administrar, muito
aceita no cotidiano corporativo, pois, para ele, administrar é buscar objetivos
por meio de pessoas, as quais precisam compatibilizar os objetivos próprios
aos da empresa, gerando, ao mesmo tempo, comprometimento e satisfação
pessoal.
Devemos perceber que o ato de administrar pode parecer muito simples,
a ponto de muitos empresários desprezarem as ferramentas administrativas e
os estudos acerca do ambiente empresarial. E é aí que reside o problema que
leva tantos empreendimentos ao insucesso: a falta de uma administração com
base científica. A gestão baseada no improviso e no “achismo” precisa dar
espaço para uma gestão profissionalizada e baseada em conhecimentos
teóricos aplicados à realidade de todos os tipos de organização. Afinal a
organização é um sistema administrativo projetado e operado para atingir
objetivos.
Recursos Organizacionais
As empresas são organizações instituídas intencionalmente para
alcançar certos objetivos, constituídas de pessoas, processos, máquinas,
conhecimento, fluxo de capital e insumos; são muito necessárias para a vida
em sociedade, já que precisamos delas para nascer, viver e morrer.
Empresa é uma “organização destinada à produção e/ou
comercialização de bens e serviços, tendo como objetivo o lucro.” (SANDRONI,
2002, p. 204)
Vamos conhecer os principais recursos que formam essas organizações.
Acompanhe!
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Recursos humanos
São os recursos mais importantes de qualquer organização, mesmo
naquelas em que a máquina, o processo de produção ou o meio de distribuição
sejam o grande diferencial. Pois são necessárias pessoas que operem as
máquinas, programem a produção, elaborem as estratégias, operacionalizem
as mesmas e contabilizem os lucros ou os prejuízos.
O processo irreversível de mecanização das empresas, substituindo a
mão de obra humana pela utilização de robôs ou máquinas computadorizadas
que maximizam a produção, já foi bastante criticado anteriormente. Porém,
esse processo é de vital importância para a sobrevivência das organizações
em um ambiente altamente competitivo. A manutenção da competitividade é
um dos grandes desafios das organizações contemporâneas.
É necessário que os empresários percebam que os operários que foram
substituídos por máquinas devem ser recolocados na operação dessa
tecnologia. Sabemos que um grande número de operários dará lugar a apenas
um operador da máquina, mas não devemos nos esquecer, também, de que a
mecanização dos processos produtivos gera o aumento da produtividade,
dando oportunidade para que os empregos eliminados sejam gerados em
outras frentes.
Os empresários também precisam perceber que, nessa nova sociedade,
o capital humano é o maior patrimônio e que é necessário oferecer capacitação
e prover os recursos humanos com habilidades para que o trabalho seja
desempenhado da melhor forma na organização, gerando lucros sustentáveis
aos investidores. Assim, as pessoas são tidas como o maior patrimônio de uma
empresa.
Os quatro elementos que dão base à competitividade são: custo,
qualidade, velocidade e inovação.
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Recursos materiais
Os recursos materiais ainda são considerados, por muitos gestores, um
dos principais recursos da empresa. Não podemos negar que são vitais, porém
devemos notar que esse panorama, em nossa economia altamente
globalizada, tem mudado consideravelmente.
Recursos materiais são caracterizados por máquinas, edificações,
espaços físicos, matéria-prima, estoques, aparato ferramental e demais itens
que dão apoio à fabricação dos produtos ou à prestação dos serviços de uma
organização. Atualmente, eles não são considerados tão importantes quanto os
recursos humanos, pelo fato de que a fábrica não é tão importante quanto o
conhecimento agregado na fabricação do produto, e esse conhecimento é
intangível – de nada adiantaria uma bela fábrica que produz algo que não traz
consigo o valor agregado para ter uma diferenciação no mercado.
Vale ressaltar que os administradores precisam gerir os seus recursos
materiais com base nas modernas ferramentas administrativas disponíveis.
Recursos tecnológicos
A tecnologia está presente em todas as organizações e não compreende
apenas maquinários, mas todos os procedimentos e métodos utilizados para
transformar a matéria-prima em produtos acabados. Apesar de associarmos
recursos tecnológicos a computadores e periféricos, eles também podem
compreender mecanismos de simples utilização para diferentes tipos de
empresas.
De acordo com Maximiano (2000, p. 100), “tecnologia é a aplicação do
conhecimento à produção de bens e serviços. Em sentido mais amplo, a
tecnologia compreende os meios com os quais o homem amplia suas
capacidades.”
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No caso do setor de serviços, a tecnologia inclui os conhecimentos e as
habilidades acumulados e organizados pela organização, que estão à
disposição dos consumidores no ato da prestação do serviço.
Veja um exemplo!
Vamos tomar como exemplo um hotel, uma empresa típica de prestação
de serviços: a hospedagem é feita por meio da tecnologia, desde o processo
de reserva, recepção e serviços durante o período de permanência, como
lavanderia, restaurante etc., até o final do processo.
Percebemos, portanto, que a tecnologia utilizada não é a do
apartamento (a cama, o banheiro), mas todo o conhecimento organizado no ato
da prestação do serviço que permite ao hotel cobrar por estes e pelo padrão de
qualidade que oferecem.
Recursos financeiros
Os recursos financeiros de uma organização são como termômetros
para o seu sucesso ou insucesso. Infelizmente, alguns empresários só sabem
quando a empresa vai mal quando o seu bolso está vazio. Por isso, a gestão
financeira é fundamental no processo administrativo, pois a razão da existência
de uma empresa é a geração de lucro aos seus proprietários.
Entende-se por recursos financeiros todas as entradas e saídas de valores na empresa, o que é caracterizado pelo fluxo de caixa; sendo assim, será a relação entre quanto se produzir e vender e os recursos investidos que determinarão o lucro ou, caso contrário, o prejuízo de um empreendimento. (STADLER, 2004).
As decisões financeiras envolvem todos os setores da empresa, sendo
necessária uma grande sincronia entre eles. A viabilidade econômica para uma
organização é condição-chave para o andamento de projetos de curto, médio e
longo prazo em quaisquer departamentos.
Os recursos financeiros, além de abranger as entradas e as saídas de
capital, também são responsáveis pelos financiamentos, empréstimos, ações e
demais espécies de transação financeira.
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Gestão e Empresariado
Gestão é o ato de gerir, gerenciar, administrar, mediar uma organização ou uma unidade departamental. O ato de gestão sempre envolve pessoas (recursos humanos), processos (atividades ou funções) e recursos pertinentes diversos como os recursos financeiros e tecnológicos. (REZENDE & ABREU, 2000).
Já empresariar é a atividade que inclui conhecimentos sobre os
planejamentos estratégico e tático, além de finanças, gestão mercadológica,
gestão de pessoas, gestão dos processos produtivos e relacionamento com o
ambiente externo das organizações no cotidiano de empresários e
administradores.
Departamentalização
O organograma é o desenho de uma empresa e a sua divisão formal,
constituída de cargos unidos por linhas formais de comunicação dentro de uma
hierarquia de autoridade previamente estabelecida. Existem diversas formas de
representar um organograma, dependendo da sua estrutura, do tipo de
organização hierárquica ou do estilo de gestão – fatores que definem a sua
forma. Um modelo comum, de estrutura linear, é o representado a seguir:
Toda organização formal tem uma hierarquia que a divide em camadas
ou níveis de autoridade. “Na medida em que se sobe na escala hierárquica,
aumenta o volume de autoridade do administrador.” (CHIAVENATO, 2000, p.
181). Esse formato nos permite observar a distribuição de autoridade por meio
dos níveis hierárquicos. Dessa forma, concluímos que, quanto mais alto na
Direção
Supervisão
Operação
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escala hierárquica, maior é a concentração de atividades administrativas; da
mesma forma, quanto mais baixo, maior é a concentração de atividades
operacionais.
As decisões de caráter estratégico estão concentradas no topo da
hierarquia e as decisões gerenciais, responsáveis por transformar as
estratégias em planos táticos e operacionais, estão concentradas nos níveis
intermediários. Esses níveis podem variar de tamanho e complexidade,
dependendo da estrutura, porte e setor em que a organização atua. E, por fim,
os níveis operacionais, que estão na base da hierarquia, incumbem-se de
realizar os objetivos estratégicos e táticos.
Tendo em vista o organograma como uma divisão formal de cargos em
uma organização, a departamentalização é uma forma de ordenação dos
processos produtivos, que se utiliza de uma divisão lógica de acordo com as
necessidades da empresa e de sua estratégia de produção. Portanto a
departamentalização é:
o agrupamento de funções relacionadas em unidades gerenciáveis para atingir objetivos organizacionais de maneira eficiente e eficaz. As principais formas de departamentalização são funcional, por processo, mercado, cliente, área geográfica e matricial. (MONTANA, 1998, p. 159).
Existem dois tipos de departamentalização: a vertical e a horizontal. A
primeira se dá quando a empresa, devido ao processo de crescimento,
necessita criar mais níveis hierárquicos, dividindo funções e responsabilidades
para diferentes níveis da organização. A segunda é mais conhecida e se dá
pela criação de departamentos segundo algum critério. Os mais comuns são:
I. Por funções − função que desempenha dentro de uma estrutura
organizacional, as quais se distinguem umas das outras e são
separadas por órgãos de linha (departamentos que estão
intimamente ligados ao alcance dos objetivos da empresa) e órgãos
de staff (departamentos que dão suporte aos órgãos de linha), como:
função de produção, comercial, recursos humanos, logística.
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II. Por produtos e serviços − junção de pessoas em torno do
departamento se dá pelo tipo de produto ou serviço que aquele
determinado grupo realiza. Uma fábrica de alimentos é um exemplo:
linha de produção de massas, departamento de sucos, seção de
chocolates etc.
III. Por tipo de clientes − a organização cria departamentos seguindo
critérios de diferenciação dos clientes, como lojas que criam seções
masculinas, femininas, infantis, linha jovem, gestante, idosos,
fashion, street wear etc.
Existem, ainda, outras formas de departamentalização: a geográfica
(utiliza o território como forma de criar departamentos), por projetos (os
departamentos existem enquanto os projetos estão em execução), por
processos (cada departamento é responsável por uma parte do processo,
como as montadoras de automóveis).
Centralização
O grau de centralização ou descentralização nas organizações depende
de inúmeros fatores, pois não existe uma regra a ser seguida. Cada empresa
concentra a autoridade ou a distribui na hierarquia, levando em conta a sua
estrutura, seus recursos, o grau de confiança nos subordinados, a filosofia da
empresa e a complexidade do negócio. Na tomada de decisões, a autoridade
fica concentrada nos níveis hierárquicos mais elevados de uma organização,
sendo que as de grande e média complexidade ficam restritas a poucas
pessoas, dependendo da aprovação da autoridade mais alta para que a tarefa
tenha andamento.
A centralização é uma característica da Teoria Clássica da
Administração, proposta por Fayol, em especial quando é abordado o princípio
da unidade de comando, que prevê as ordens nas mãos de apenas um
gestor. Esse modelo organizacional é bastante útil para empresas simples e
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em estágios iniciais; geralmente está em formato piramidal, em um ambiente
estável e pouco complexo.
A centralização do poder no topo de uma hierarquia se torna necessária
quando não há profissionais competentes para que seja descentralizada,
acarretando sobrecarga de trabalho ao executivo e, ao mesmo tempo, lentidão
e inflexibilidade para a organização, já que as decisões devem passar por mais
níveis hierárquicos até que a questão seja resolvida.
Descentralização
A descentralização é caracterizada pela delegação de poder de tomada
de decisão aos níveis mais baixos da empresa. Significa deixar as decisões
menos complexas a cargo de níveis hierárquicos inferiores, sendo que estes
estão mais próximos da cena da ação, ou seja, de onde a decisão será
aplicada.
A descentralização proporciona maior agilidade, rapidez e clareza na
tomada de decisão e permite, ainda, que a comunicação não se distorça ao
longo dos níveis hierárquicos, que detalhes não sejam perdidos pela
dificuldade de comunicação no âmbito organizacional. As habilidades
conceituais ou de decisão envolvem o reconhecimento de questões complexas
e dinâmicas e o exame de fatores numerosos e conflitantes.
Esse é um fator-chave para o crescimento das empresas, já que o
número de atividades e de decisões em uma empresa aumenta com o seu
crescimento, e um chefe centralizador tende a concentrar as principais
decisões para si, sendo que, com o passar do tempo e com o crescimento da
organização, este terá condições apenas de solucionar os problemas mais
urgentes, deixando para depois as pequenas decisões – o que futuramente
pode acarretar na ineficiência dessa empresa.
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Empowerment
Ainda que não haja tradução para a língua portuguesa que defina o seu
significado, esse termo tem sido chamado de “empoderamento”, que significa a
delegação de responsabilidade ou a transferência de poder que, nas empresas
tradicionais, estaria concentrada na alta cúpula – para a organização e seus
membros em escalões inferiores, a fim de buscar a eficácia e o
comprometimento dos mesmos.
Seu principal benefício é que as decisões são tomadas somente pelas
pessoas que utilizam o seu resultado; para que se possa estabelecer quaisquer
outros processos de reestruturação organizacional, a delegação de autoridade
é necessária.
A Função Gerencial
Geralmente, as empresas concentram as atividades em três patamares,
independentemente de quantos níveis hierárquicos ela possua. Essa
concentração nos permite visualizar a cargo de quem estão as decisões
estratégicas, gerenciais e operacionais em uma organização.
Os três níveis mais citados pelos autores da área de Administração são:
Executivo (nível estratégico)
Gerencial (nível tático)
Técnico (nível operacional)
Segundo GAITER & FRAZIER (2002), é o processo de delegação de
autoridade para os trabalhadores de níveis inferiores da escala hierárquica.
Seus principais objetivos são promover a velocidade, a flexibilidade e a
capacidade de decisão da organização como um todo.
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Cada um desses gestores é responsável por áreas diferentes, porém
altamente ligadas umas às outras. A diretoria é responsável pela elaboração
dos planos estratégicos da empresa, da definição dos rumos e das decisões de
alta complexidade. Os gerentes, por sua vez, são responsáveis por transformar
essas estratégias em planos táticos para serem operacionalizados, e os
supervisores pelos planos operacionais, ou seja, pela função técnica da
organização.
As competências e as habilidades dos administradores
Consideram-se administradores todos aqueles profissionais que
possuem responsabilidades em qualquer um dos níveis citados e que
desempenham habilidades conceituais, humanas e técnicas. A sua utilização é
que permite às organizações o alcance dos resultados esperados e a
sustentabilidade nos mercados em que atuam.
De acordo com Chiavenato (2008), são exigidos graus diferenciados de
habilidades nas três áreas de atribuições administrativas:
1. Habilidade conceitual – é a habilidade dos administradores em nível
estratégico da organização, especialmente membros da diretoria,
presidência, acionistas ou proprietários de empresas de qualquer porte.
Representam a visão administrativa do negócio e as filosofias que
regem o andamento da empresa, permitindo compreender a
complexidade, as contingências e os dilemas que envolvem a gestão
do negócio;
2. Habilidade humana – essa habilidade é necessária para os gestores
em qualquer nível da organização, pois envolve o relacionamento com
Essa habilidade é a condição que permite aos gestores elaborar
estratégias, redirecionar o andamento da empresa, prospectar novos
nichos de mercado, implantar e implementar projetos relevantes
para a organização.
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as pessoas de dentro (funcionários) e de fora dela (clientes,
fornecedores, órgãos de apoio, concorrentes). Permite, também, o
desenvolvimento de certas competências que são vitais no cotidiano do
gestor, como a liderança, aplicadas nos processos de motivação;
3. Habilidade técnica – costumeiramente se fala que “é preciso saber
fazer para saber mandar”. Esse ditado é a base para essa habilidade,
já que um bom supervisor é aquele que sabe desempenhar
tecnicamente o seu trabalho. As habilidades técnicas são fundamentais
para o nível dos supervisores e menos importantes para os níveis mais
elevados, já que, quanto mais se eleva na escala hierárquica, menor é
o envolvimento com as atividades operacionais.
Um fato que não se pode desprezar é que bons administradores são
aqueles que conseguem, ao longo de sua carreira, desenvolver paralelamente
todas essas habilidades. O operário se aperfeiçoa tecnicamente e busca
conhecimentos humanos para crescer na hierarquia. Os supervisores e
gerentes se aperfeiçoam na questão conceitual para ocupar cargos executivos,
ao passo que os executivos devem ampliar sempre seus conhecimentos para
acompanhar essa evolução.
Segundo Maximiano (2000) e Chiavenato (2008), esta é a representação
das competências e habilidades gerenciais dispostas nos níveis hierárquicos:
Nível Executivo
Habilidades conceituais
Habilidades Humanas
Nível Gerencial
O conhecimento técnico também não é garantia de que o melhor
operário será o melhor supervisor. Muitos bons operários não
possuem habilidades humanas e isso impede que o trabalho como
gestor obtenha o sucesso esperado.
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Nível Técnico
Ainda de acordo com os mesmos autores, competência é a junção de
três atributos:
1. Conhecimento – é a consciência de como se realizam as tarefas;
2. Habilidade − é a capacidade de realização de determinadas tarefas;
3. Atitude − é o comportamento perante uma tarefa.
Esses conhecimentos permitem aos gestores a resolução de problemas
empresariais, além de inovar, buscar novas alternativas, propor soluções, ou
seja, faz com que fiquemos menos resistentes à mudança.
Vantagem competitiva
Administrar também permite obter uma vantagem competitiva. É preciso
ser melhor do que o concorrente e agregar valor ao cliente por meio da
competitividade em custos, de produtos de alta qualidade, velocidade e
informação. Essa habilidade significa “saber fazer algo”, ou seja, aquilo que já
possuímos e que pode ser aperfeiçoado em relação a todos os stakeholders
envolvidos no negócio da organização.
A atitude é o que diferencia os administradores, é algo que não se mede;
porém é o que diferencia profissionais excelentes de medianos. Ela é
percebida nas pequenas situações, nos detalhes que cativam e levam o gestor
ao patamar de líder, de exemplo do que é o ideal.
“Obstáculos são aquelas coisas amedrontadoras que vemos quando
tiramos os olhos dos objetivos.” (Anônimo)
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O Processo Administrativo
O primeiro modelo de processo administrativo foi proposto por Fayol,
conforme já estudamos – a Teoria Clássica da Administração –, que abordava
os processos de previsão, organização, comando, coordenação e controle.
Posteriormente, a partir da Teoria Neoclássica da Administração de Peter
Drucker, passou-se a admitir que o processo administrativo é formado pelos
processos de planejar, organizar, dirigir e controlar todos os recursos
organizacionais, compostos por pessoas, finanças, tecnologias, matéria-prima,
maquinários, processos de trabalho, objetivando, assim, o alcance dos
resultados organizacionais.
De acordo com Chiavenato (2000), o processo administrativo é um
processo contínuo, que fornece aos gerentes a possibilidade de planejar e
prever a curto, médio ou longo prazo as ações, os planos e as estratégias
administrativas a serem executadas dentro da empresa. Serve, principalmente,
para que as organizações não trabalhem despreparadas e sem planejamento,
ou seja, para que a gestão seja baseada em informações precisas.
É necessário destacar que, nos mais diversos níveis da organização, o
processo administrativo ocorre com diferentes graus de complexidade e
importância, pois quanto mais alto o processo estiver na escala hierárquica,
maior significado estratégico possui para a empresa; caso contrário, seu
significado é de ordem operacional.
Acompanhe a descrição das fases do processo administrativo segundo
Maximiano (2000):
Planejamento − é o processo de definir objetivos, atividades e recursos;
Os neoclássicos afirmam que essa é a base da função de um administrador,
pois, se administrar é agir, a ação administrativa se dá por meio dessas
quatro ações, que, de forma cíclica, compõem o seu cotidiano profissional.
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Organização − é o processo de definir o trabalho a ser realizado, as
responsabilidades pela realização e, ainda, de distribuir os recursos
disponíveis segundo algum critério;
Direção − é o processo de realizar atividades e utilizar recursos para atingir
os objetivos; envolve, também, outros processos, especialmente o de
direção para acionar os recursos que realizam as atividades e os objetivos;
Controle − é o processo de assegurar a realização dos objetivos e de
identificar a necessidade de modificá-los.
Planejamento
O planejamento é a capacidade de antever o futuro, prever os objetivos
almejados e vislumbrar os resultados em termos financeiros, de posição no
mercado, de status perante os stakeholders e de imagem para a organização.
Controlar recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos.
O planejamento serve para alcançar objetivos para a organização,
função básica no cotidiano do administrador, já que se faz necessário planejar
diversos processos paralelamente. Em muitas empresas, o planejamento é
substituído pelo improviso, por deduções e intuições dos gestores, os quais
acreditam que somente a experiência profissional já é capaz de substituir um
planejamento consistente. Percebe-se, portanto, que a falta de um bom
planejamento não permite o controle, etapa final do processo administrativo.
Administração
Planejar Organizar Dirigir
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Organização
A organização é a segunda etapa do processo administrativo e
compreende, basicamente, reunir, sincronizar e preparar os recursos
organizacionais necessários, baseado no que foi anteriormente planejado.
Esse processo envolve pessoas, processos, maquinários, finanças e
tecnologia. Seu sucesso depende do cumprimento de prazos e da visão
holística necessária para compreender o ciclo como um todo.
A garantia de que essa etapa irá proporcionar os resultados esperados
depende do líder e das pessoas envolvidas no ato da organização, já que o
trabalho em equipe, nesse momento, faz a diferença.
Direção
Alguns autores utilizam o termo “liderar” para caracterizar a terceira
etapa do processo administrativo, afinal os gestores precisam utilizar grandes
habilidades interpessoais para atingir o objetivo pretendido, como liderança e
capacidade de comunicação, além de ter uma visão de delegação de
autoridade e possuir conhecimentos técnicos sobre a área em que atua.
De acordo com Maximiano (2000), o processo de direção retoma um
conceito anteriormente estudado: de que “saber dirigir é, antes de tudo, uma
arte”. A condução das pessoas nesse processo significa orientar os esforços, e
o gestor deve estar junto com os colaboradores e à frente deles.
Mas o que é a direção?
A direção é quando aquilo que foi previamente planejado e organizado
começa a acontecer, é a ação propriamente dita, a operacionalização do
trabalho. O papel do administrador é fundamental até que os próprios
funcionários possam agir com autonomia, sabendo que, a qualquer momento,
pode haver a intervenção de quem conduz essa etapa. Quando o processo
está acontecendo naturalmente e dentro do cronograma planejado, o
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administrador delega a responsabilidade e passa apenas a controlar os
resultados, podendo se dedicar à implementação de novos projetos.
Controle
Controlar significa verificar se todo o processo está correndo de acordo
com aquilo que foi planejado anteriormente, se o resultado encontrado, até o
momento, precisa de melhorias e de redirecionamento, ou ainda se é
necessário rever o planejamento e, até mesmo, alterar os objetivos
pretendidos.
De acordo com Maximiano (2000), caso o controle não seja realizado,
pode prejudicar todo o processo. De nada adianta um profissional basear o seu
trabalho no processo administrativo se ele não mensura os resultados de forma
eficaz. Precisamos perceber que devemos ser flexíveis a mudanças e ficar
atentos para adaptar os procedimentos da empresa a fim de obter maior
produtividade.
Controlar também significa dar e proporcionar feedback a todos os
envolvidos com o negócio da empresa, já que gestores, acionistas, funcionários
e clientes precisam estar informados do sucesso ou insucesso das atividades
da organização.
Para isso, vamos entender o que compreende o feedback:
O processo pelo qual se produzem modificações em planejamento, em programas, em projetos ou em ações, a partir do efeito produzido pela ação executiva, avaliada e medida por meio de acompanhamento. É um processo contínuo de avaliação e ação. (SOUZA & CORRÊA , 1998, p. 68).
Por meio do feedback, então, é possível visualizar o fechamento do
processo administrativo. Como ele é cíclico, o controle permite que os próximos
planejamentos se deem de maneira eficaz, corrigindo os erros ocorridos
durante as etapas anteriores, possibilitando o ajuste às novas tecnologias, às
tendências e respeitando os processos de mudança ambiental e organizacional
para, enfim, trazer maior eficácia aos negócios da empresa.
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Administração: uma Ciência ou uma Arte?
Esse questionamento sempre é feito pelo fato de a Administração de
Empresas ser uma ciência tão multidisciplinar, que está baseada em conceitos
da Matemática, da Engenharia, da Sociologia, da Psicologia e de tantas outras
áreas do conhecimento, as quais emprestam seus conceitos à Administração.
Ao mesmo tempo, o elemento humano presente nesse contexto precisa
de habilidades como a criatividade, a capacidade de adaptação, o improviso, a
visão holística, a capacidade de inovação e tantas outras igualmente
importantes. Dessa forma, os gestores compatibilizam ciência e arte para fazer
com que a administração maximize resultados aos acionistas, deixe uma
imagem positiva no mercado, proporcione um ambiente ético de trabalho aos
funcionários e, ainda, mantenha uma relação benéfica com todos os envolvidos
no negócio da empresa.
Síntese
Administrar é uma área muito democrática e aberta às experiências
positivas de profissionais de diversas áreas. Observamos as diferenças entre
as departamentalizações, as divisões em níveis hierárquicos e a necessidade
de as empresas descentralizarem a autoridade na escala hierárquica.
Nesta aula, abordamos as competências e as habilidades gerenciais e
vimos o que torna os administradores mais eficazes e adaptados à realidade da
economia globalizada, bem como as etapas do processo administrativo. Os
conceitos são palavras publicadas em livros e, se não forem colocados em
prática, não há sentido na existência da teoria.
“A única coisa importante está em como você toca as pessoas. Provoquei
um sentimento em alguém? Era exatamente isso o que eu queria! um
sentimento perdura, as teorias e técnicas, não.” (Peter Drucker)
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Pesquise mais sobre os estudos realizados por Peter Drucker, o pai da
Administração moderna.
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Atividades
1. “É um sistema administrativo projetado e operado para atingir objetivos.”
Essa definição refere-se à:
a. Reação.
b. Comunicação.
c. Operação.
d. Organização.
2. O processo de manutenção da competitividade é um dos grandes desafios
das organizações contemporâneas. Nesse sentido, assinale a alternativa
que traz os quatro elementos que dão base à competitividade:
a. Inovação – qualidade de produtos somente – velocidade – logística;
b. Inovação – velocidade do fornecedor somente – melhoramento –
treinamento.
c. Custo financeiro somente – melhoramento – qualidade – tecnologia;
d. Custo – qualidade – velocidade – inovação;
3. O ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar tanto os objetivos
da organização quanto de seus membros, segundo Chiavenato (2000), é
identificado como:
a. Administração.
b. Scrito Sensu.
c. Lato Sensu.
d. Inovação.
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4. Escolha a alternativa que preenche corretamente a lacuna do trecho a
seguir:
As ___________________________________ envolvem o reconhecimento
de questões complexas e dinâmicas e o exame de fatores numerosos e
conflitantes.
a. Habilidades de relacionamento.
b. Habilidades pessoais.
c. Habilidades técnicas.
d. Habilidades conceituais ou de decisão.
5. Uma habilidade necessária para os gestores, em qualquer nível da
organização, envolve o relacionamento com as pessoas de dentro da
organização (funcionários) e de fora dela (clientes, fornecedores, órgãos de
apoio, concorrentes). É importante que eles desenvolvam certas
competências que são vitais no seu cotidiano, como a liderança, e que as
aplique nos processos de motivação da sua equipe. A habilidade de que
estamos falando é identificada como:
a. Habilidade humana.
b. Habilidade legal.
c. Habilidade conceitual.
d. Habilidade tecnológica.
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Gabarito comentado:
Questão 1
A alternativa correta é a “D”.
A organização é um sistema administrativo projetado e operado para
atingir objetivos, e a administração se refere à combinação e à aplicação de
recursos organizacionais (humanos, materiais, financeiros, informação e
tecnologia) a fim de alcançar objetivos e atingir um desempenho excepcional
da organização. A administração movimenta toda a organização em direção ao
seu objetivo através da definição de atividades que os membros
organizacionais devem desempenhar; portanto é o processo de planejar,
organizar, dirigir e controlar a aplicação dos recursos organizacionais para
alcançar os objetivos de maneira eficiente e eficaz.
Questão 2
A alternativa correta é a “D”.
Mattos e Guimarães (2005) definem “inovação tecnológica” como o
processo pelo qual uma ideia ou invenção é transposta para a economia – ou
seja, ela percorre o trajeto que vai desde a ideia, fazendo uso de tecnologias
existentes ou buscadas para tanto, até criar o novo produto, processo ou
serviço e deixá-lo disponível para o consumo ou uso. A sua utilização completa
o processo, até que ele seja suplantado por outro oriundo do ciclo que vai
substituí-lo. A inovação é definida por Oliveira (1987) como instrumento de
competição, que passou a orientar o mercado no sentido de aquisição de
produtos cada vez mais sofisticados, o que exigiu a substituição de produtos
em períodos cada vez mais curtos.
Questão 3
A alternativa correta é a “A”.
A palavra “administração” vem do latim ad (direção, tendência para) e
minister (subordinação ou obediência) e é o ato de trabalhar com e através de
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pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus
membros.
Questão 4
A alternativa correta é a “D”.
Um administrador precisa ter várias habilidades. As habilidades
conceituais ou de decisão envolvem o reconhecimento de questões complexas
e dinâmicas e o exame de fatores numerosos e conflitantes.
Questão 5
A alternativa correta é a “A”.
Existem três tipos de habilidades necessárias para que o administrador
possa trabalhar com sucesso. E uma delas é a habilidade humana, que
consiste na capacidade e na facilidade para trabalhar com pessoas, comunicar,
compreender atitudes e motivações e liderar grupos de pessoas.
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Referências
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mercados. Curitiba: Intersaberes, 2014.
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