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INSTITUTO VEZ DO MESTRE
O CLIMA ORGANIZACIONAL
E SUAS IMPLICAÇÕES
NA DOENÇA DO TRABALHADOR
RENATA MEIRELES XAVIER
ORIENTADORA: PROFESSORA ADÉLIA ARAUJO
RIO DE JANEIRO - RJ
AGOSTO, 2010
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INSTITUTO VEZ DO MESTRE
O CLIMA ORGANIZACIONAL
E SUAS IMPLICAÇÕES
NA DOENÇA DO TRABALHADOR
Apresentação de Monografia ao Instituto Vez do Mestre como condição
prévia para a conclusão do curso “Latu Sensu” em Gestão de Recursos Humanos.
Por: Renata Meireles Xavier
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Alice e Gil, sem os quais eu não teria me tornado o que
sou. Por terem me dado toda a força necessária para continuar nessa
caminhada.
Aos meus amigos que sempre estiveram presente em todas as
conquistas da minha vida e sempre me apoiaram, em especial a Valéria, que
está comigo nesse momento tão esperado.
A professora Adélia Araújo pela orientação.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a Deus, por estar sempre comigo em todos os
momentos fáceis e difíceis.
Aos meus pais, por terem me dado a oportunidade de continuar me
desenvolvendo em uma Pós Graduação.
A minha amiga Valéria por ter me aturado e me ajudado.
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RESUMO
As empresas, atualmente, estão preocupadas não só com os lucros que
as mesmas possam ter no mercado competitivo, mas estão também
começando a se atentarem ao fato de que quanto melhor estiver o clima na
organização, mas produtivos serão seus colaboradores. O ambiente
organizacional é de fato uma fator determinante para que o colaborador esteja
motivado e satisfeito na empresa que trabalha. Está diretamente ligado as
doenças do trabalhador e a qualidade de vida do mesmo dentro da
organização. Clima nada mais é do que o ambiente, a atmosfera
organizacional. Cada empresa possui seu próprio clima, que dependerá da
cultura, das crenças, valores e dos seus funcionários. Uma mesma empresa
pode possuir climas diferentes, pois dependerá também de como é a liderança
de cada setor. Quanto pior for o clima dentro de uma empresa, maiores serão
as chances de os funcionários possuírem algum tipo de doença física ou
psicológica. Os colaboradores precisam estar motivados para que a sua
produtividade seja alta e a empresa com isso tenha lucros.
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METODOLOGIA
O foco desse trabalho será o Clima Organizacional dentro das
organizações da sociedade atual. Será abordada áreas operacionais para a
explicação e análise do tema proposto. As pesquisas serão essencialmente
teóricas, com bases em estudos feitos na atualidade acerca do assunto, de
caráter bibliográfico, visando ampliar as informações. Terá como referências
textos, artigos e livros que estejam relacionados ao tema proposto. Artigos
tirados do site SciELO - Scinetific Eletronic Library Online serão utilizados. O
limite do estudo serão os estudos atuais sobre o tema no campo da Psicologia
e da Gestão de Pessoas. Autores como Idalberto Chiavenato serão bastante
utilizados.
A pesquisa de caráter exploratório que é o estudo preliminar realizado
com a finalidade de melhor adequar o instrumento de medida, no caso aqui é o
clima organizacional, à realidade que se pretende conhecer, os dias atuais. A
fonte de coleta de dados será a bibliografia disponível sobre o tema, publicada
no Brasil, nos últimos 10 anos, nas áreas de estudo da administração e
psicologia. Teremos também como fonte de pesquisa os artigos, revistas e
trabalhos de pesquisa disponíveis na WEB.
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SUMÁRIO
Introdução....................................................................................................7
CAP I – Conceitos e definições de Clima Organizacional............................11
CAPII – Saúde e doença do trabalhador......................................................18
CAP III – Relação entre as doenças e o clima organizacional................... 28
Conclusão....................................................................................................34
Referências Bibliográficas...........................................................................37
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INTRODUÇÃO
O que será trabalhado na monografia de conclusão de curso é o efeito
que o clima organizacional exerce no funcionário e em sua saúde dentro de
uma organização. Quanto pior for o clima, mais prejuízos trarão para a saúde
dos colaboradores.
Serão abordadas algumas doenças que atualmente são consideradas
provenientes do ambiente organizacional e do clima no qual o colaborador está
inserido. Será explicado através de pesquisas o quanto as doenças
relacionadas ao trabalho vêm aumentando na sociedade moderna, juntamente
com a pressão que as empresas fazem sobre seus funcionários por resultados.
O objetivo do estudo é analisar a interferência direta que o clima dentro
de uma organização afeta a saúde de seus colaboradores.
A relação estabelecida entre trabalho e saúde psíquica e física tem sido
considerada sob diferentes aportes teóricos, que contemplam várias áreas de
conhecimento. Dentre as principais abordagens teóricas sobre o trabalho e
saúde, serão focalizadas no trabalho final de conclusão do curso a abordagem
do clima organizacional e seu resultado no desgaste dos funcionários.
O trabalho é o modo de ser do homem, e, como tal, invade e permeia
todos os níveis de sua atividade, de seus afetos, de sua consciência, o que
torna um problema difícil de pesquisar porque permite que os sintomas se
escondam por todos os lugares. Por ser onipresente, o trabalho e seus efeitos
são difíceis de detectar.
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Estudos diversos associam a ausência e a insuficiência de controle do
trabalhador sobre o seu contexto de trabalho ao risco para problemas
osteoarticulares, distúrbios gastrointestinais, alterações cardiovasculares,
distúrbios de saúde mental e também a ocorrência de acidentes de trabalho.
O estudo sobre clima organizacional é extremamente importante, pois a
empresa precisa saber o quanto seus departamentos estão satisfeitos ou não e
o quanto isso afeta na produção de cada funcionário. Se há um clima
desconfortável a probabilidade do rendimento das pessoas que ocupam o setor
cair é alta, com isso a empresa perde.
Diante da precariedade das condições de trabalho dentro de algumas
organizações, os trabalhadores têm desenvolvido, com freqüência, doenças
psicossomáticas. As doenças relacionadas ao trabalho estão crescendo a cada
dia, com isso é preciso ter uma atenção especial com estudos que apontem o
que pode ser feito para uma melhoria na qualidade de vida da pessoa no
ambiente de trabalho dela, já que é nesse ambiente que ela passa a maior
parte do seu dia. Assim, será analisada a dinâmica da empresa atual e a sua
influência sobre as relações de trabalho e as conseqüências psicossomáticas
que elas desencadeiam nos funcionários.
A pesquisa monográfica que se pretende elaborar tem por objetivo
responder algumas questões que são fundamentais para o estudo do clima
organizacional e seu efeito direto na saúde do trabalhador. O que é clima
organizacional, saúde, doença, a relação do clima organizacional com a saúde
ou doença do trabalhador, trabalho, qualidade de vida dentro de uma empresa
e qual a contribuição que um bom clima organizacional tem na vida de um
profissional?
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Atualmente, tem-se falado muito em clima organizacional e suas
conseqüências dentro do ambiente profissional. Um clima ruim dentro de uma
empresa pode influenciar o rendimento de seus colaboradores, enquanto que
um bom clima pode favorecer um bom desempenho dos mesmos.
O objetivo geral do trabalho de conclusão de curso é discutir o tema,
procurando explicar, de forma simples e objetiva qual a influência do clima
organizacional nas doenças relacionadas ao trabalho. Nos dias de hoje, é
comum cada vez mais trabalhadores apresentarem problemas de saúde
decorrentes de suas atividades profissionais.
Serão definidos e discutidos alguns conceitos pertinentes ao assunto
escolhido. O estudo não tentará dar nenhuma resposta para tal assunto,
apenas mostrará alguns estudos que ajudem a entender um pouco melhor a
questão abordada.
A hipótese que será trabalhada é de que quanto pior for o clima dentro
da organização mais predisposto estará o funcionário a adquirir algum tipo de
doença.
No Capítulo I será abordado e discutido o clima organizacional.
Conceito, definições acerca do assunto por diversos autores será analisado. De
uma forma sucinta o clima organizacional é o ambiente, a atmosfera da
empresa. É a junção de alguns fatores, tais como: cultura, crenças, valores de
cada funcionário, tipos de liderança. Todos eles ajudam a formar o clima de
uma organização.
No Capítulo II será abordado os conceitos de saúde e doença do
trabalhador. Qual é o conceito atualmente aceito pela Organização Mundial da
Saúde. Algumas diferenças sobre doença do trabalho serão comentadas nesse
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capítulo também. Exemplos de doenças relacionadas ao trabalho bastante
atuais serão discutidos. Saúde tanto física como mental será falada.
E para finalizar, o Capítulo III relacionará o clima organizacional com as
doenças/saúde do trabalhador. Irá confirmar ou não a hipótese abordada nessa
monografia. Alguns autores serão descritos nesse capítulo, qual a opinião que
cada um tem sobre essa relação.
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CAP I - Conceitos e definições de Clima Organizacional
Serão apresentados abaixo alguns conceitos, definições e explicações
de clima organizacional acerca do tema escolhido para a elaboração da
monografia. A grosso modo, podemos falar que o clima organizacional nada
mais é do que a atmosfera da empresa. Irá depender de alguns fatores que
serão exemplificados e explicados no decorrer do capítulo. Não se pode deixar
de levar em conta para se entender o clima de uma organização as pessoas
que estão envolvidas nessa empresa.
Pode-se entender que o clima organizacional de uma empresa está
ligado ao estado de espírito ou ao ânimo das pessoas que estão dentro de uma
organização, em um determinado período e com um determinado grupo de
pessoas. É a ligação da cultura das organizações e dos aspectos positivos e
negativos (conflitos) que ocorrem dentro e fora delas. É a atmosfera psicológica
que envolve a relação entre empresa e funcionários. Existem vários
indicadores do clima, alguns deles: o envolvimento das pessoas com seus
trabalhos; o tempo médio de permanência nas organizações; o absenteísmo;
as greves; a apatia; a integração; o turn-over (rotatividade de empregados); os
conflitos; o entusiasmo; a cooperação entre indivíduos ou grupos, etc. (LUZ,
1995, apud MOREIRA,2006, p.24).
O clima organizacional é o ambiente humano dentro do qual as pessoas
de uma organização fazem seu trabalho. Pode referir ao ambiente dentro de
um departamento, de uma fábrica ou de uma empresa inteira. Ele não pode ser
tocado ou visualizado, mas pode ser percebido psicologicamente. O termo
clima organizacional refere-se aos aspectos internos da organização que levam
à provocação de diferentes espécies de motivação nos seus participantes Ele
faz parte da qualidade do ambiente organizacional, sendo percebido pelos
participantes da empresa e que influencia o comportamento. Afeta a motivação,
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o desempenho humano e a satisfação no trabalho. Através dele as pessoas
esperam recompensas, satisfações e frustrações.
O clima afeta diretamente a vida do indivíduo dentro da empresa. Esse
está relacionado com a cultura na qual a empresa e seus funcionários estão
inseridos. Quando a relação de trabalho entre os colegas e superiores é
satisfatória, o clima se torna agradável e a probabilidade das pessoas ficarem
insatisfeitas dentro da organização acaba diminuindo.
O clima organizacional depende das condições econômicas da empresa,
da estrutura organizacional, da cultura organizacional, das oportunidades de
participação pessoal, do significado do trabalho, da escolha da equipe, do estilo
de liderança, da avaliação e remuneração da equipe, etc. É capaz de afetar o
comportamento organizacional e este afeta o desempenho.
Os níveis de satisfação no trabalho podem estar relacionados a um
conjunto de fatores que interferem na vida pessoal, familiar e profissional e
podem também indicar possíveis comprometimentos na dinâmica da saúde
biopsicossocial e na própria interação entre a organização, o ambiente de
trabalho e os comportamentos profissional e social dos colaboradores.
Um alto índice de turn-over dentro de uma organização pode ser indício
de um clima ruim, desagradável para os colaboradores, com isso a rotatividade
aumenta e o clima estará sempre mudando, já que a quantidade de
colaborador nova é grande. Esse tipo de ocorrência prejudica e muito o clima
organizacional, pois não há como fazer um clima estável e satisfatório.
Quanto maior for o ânimo dos colaboradores dentro de uma
organização, melhor será o clima, mais agradável. Os funcionários quando
estão totalmente envolvidos, entusiasmados com seu trabalho transformam a
empresa em um lugar bastante agradável, leve. Colaboradores motivados em
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seu setor, motivados com seu trabalho, são totalmente felizes dentro da
organização. Esse fator ajuda tanto a empresa, quanto o colaborador.
Segundo CHIAVENATO (2000), o clima organizacional está relacionado
ao grau de motivação das pessoas da organização, isso quer dizer que quanto
melhor for o nível de satisfação das pessoas numa organização, melhor será o
clima organizacional. Se quando o clima é favorável há uma satisfação dos
colaboradores dentro da empresa, quando o clima não está bom a tendência
dos colaboradores é a não satisfação das necessidades, podendo ocasionar
estados de depressão, apatia, desinteresse e insatisfação.
Ao longo dos anos, inúmeros estudos foram feitos para identificar o que
motivava os funcionários dentro de uma empresa. Alguns diziam que o salário
era de fundamental importância para que o funcionário ficasse motivado no seu
trabalho, mas com o passar dos anos, viram que motivar um colaborador era
bastante complexo, já que o que motiva um funcionário não motiva
necessariamente outro da mesma empresa.
O problema da motivação no trabalho situa-se, inevitavelmente, no
contexto da interação dos interesses da organização com os interesses do
empregado. As duas partes envolvem-se numa parceria, na qual cada uma
delas apresenta, explicita e/ou implicitamente, as suas exigências e demandas.
Da parte da organização, existem demandas explícitas e bastante precisas
relacionadas ao desempenho do empregado e às normas de comportamento
na empresa. Em relação ao desempenho, a empresa exige que os seus
membros executem tarefas bem delimitadas, em períodos determinados de
trabalho e com padrões de quantidade e qualidade previamente estabelecidos.
As demandas do empregado no ambiente organizacional referem-se,
fundamentalmente, a ser tratado e respeitado como ser humano e a encontrar
na organização oportunidades para satisfazer as suas necessidades e atingir
os seus objetivos e expectativas por meio da própria atividade do trabalho.
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Quando o ser humano entra numa organização para trabalhar, o seu
interesse básico não é aumentar o lucro dessa organização ou empresa, mas
satisfazer necessidades pessoais de ordens diversas. Se ele não encontrar no
trabalho meios de satisfazer as suas expectativas e de atingir as metas
principais da sua existência, ele não se sentirá numa relação de troca, mas de
exploração.
Quando todas as necessidades e expectativas dos colaboradores são
atendidas dentro da organização, esses, normalmente ficam motivados e
satisfeitos. O clima então fica favorável, a atmosfera dentro da empresa fica
leve e com toda certeza com o ambiente mais saudável.
Para Brescancini (2004, p. 1) o
“clima organizacional pode ser entendido como a
atmosfera do ambiente de trabalho. Refere-se a uma complexa rede de
expectativas e percepções individuais e de grupo, permeada por referências
estratégicas, organizacionais e por componentes estruturais do contexto do
trabalho, que orienta e determina o comportamento de seus integrantes,
criando um ambiente com características próprias.”
Um ambiente organizacional é uma mistura da cultura dessa
organização, das políticas da empresa, das estratégias que a mesma possui
dentro do mercado de trabalho e é claro dos seus funcionários, cada um com
suas crenças, valores e atitudes. Não se pode deixar de lado o indivíduo dentro
de um grupo, como ele se comporta. Todas essas características fazem com o
que o clima organizacional forme um ambiente único, sejam eles bom ou não.
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Nos dias atuais, as empresas perceberam que para que haja um
crescimento é preciso saber o que seus funcionários estão sentindo em relação
a ela. Não basta analisar os números e esquecer seus colaboradores. Algumas
empresas entendem que um colaborador satisfeito e motivado faz com que os
números cresçam muito mais. As estratégias não são só financeiras, mas
também envolvem o ser humano dentro da organização.
É fato que as empresas precisam cobrar, determinar prazos para seus
colaboradores, mas é de extrema importância que o trabalho seja totalmente
coerente e que os funcionários possam dar conta. Não adianta a empresa criar
prazos inalcançáveis, pois faz com que o colaborador fique totalmente
desesperado com medo de não conseguir e com isso seu rendimento cai ainda
mais
Nas estratégias de crescimento de grandes empresas, hoje em dia, está
também trabalhar junto com seu colaborador, ouvindo, sabendo quais são suas
expectativas, seus interesses dentro da organização. O colaborador se sente
assim parte da empresa, ajudando a mesma a se desenvolver e é claro se
desenvolvendo também.
Quando o colaborador se sente parte da empresa, quando ele é
escutado, seu trabalho tende a ser cada vez melhor. Sua produtividade tende a
aumentar gerando, com toda certeza, lucros para a empresa, satisfação para
ele e é claro um ambiente totalmente adequado e confortável para se trabalhar.
Pode-se dizer que responsabilidade, estrutura organizacional,
comprometimento, políticas e práticas organizacionais, confiança,
reconhecimento e afeto, liderança, conflito, clareza na comunicação são alguns
componentes que constroem o clima organizacional dentro de uma empresa.
Os mesmos não são universais, pois o clima de uma organização é específico.
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Mesmo sendo o clima específico não existe uma exclusão de uma
estrutura comum, que pode ser do tipo motivacional, essa expressaria os
interesses do empregado e da organização, encontrando-se nessa interação as
raízes mais profundas do clima. A avaliação do clima organizacional é muito
importante, pois é nela que os empresários conseguem obter de seus
funcionários informações de como os mesmos percebem o ambiente em que
eles trabalham. A percepção de cada funcionário em particular é um elemento
crítico quando se fala de clima, não podendo ser levado como a definição do
clima propriamente dito dentro daquela organização. No entanto, quando há
um compartilhamento na percepção dos empregados sobre seu ambiente de
trabalho, faz sentido definir clima com um construto coletivo ou agregado.
(TAMAYO, 1996, apud MOREIRA, 2006, p.25).
O clima dentro de uma organização é percebido de formas diferentes por
cada colaborador dependendo de como o mesmo é tratado ou de como ele se
vê dentro da empresa. Não se pode dizer que o clima de uma empresa está
ruim porque um ou dois funcionários não estão satisfeitos. Os seres humanos
avaliam uma mesma situação de formas diferentes.
É importante destacar que os funcionários, individualmente
considerados, nem sempre compartilham da mesma opinião ou percepção
sobre a organização e seus atributos. A análise do clima dentro de uma
empresa não está preocupada com as percepções individualizadas e sim em
apurar a percepção da coletividade, ou seja, conhecer o conjunto das
percepções dos funcionários em geral.
A relação entre subordinados e seus gerentes está também muito
relacionada com o ambiente da organização. Um gerenciamento que não seja
autoritário, onde o gerente está disposto a ouvir e a trocar experiências com
seus subordinados faz com que muitas vezes o clima seja agradável. Por isso
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que numa mesma empresa, em alguns casos, os setores avaliam o clima de
formas diferentes.
O comportamento dos funcionários dentro de uma organização tem forte
vínculo com o estilo de liderança, pois estes influenciam decididamente no
clima organizacional. A liderança satisfatória contribui para a motivação da
equipe, para o comprometimento dos colaboradores, para a confiança na
empresa, segurança e o sentimento de valorização do funcionário.
Aspectos como percepção, atitudes, valores, diversidades, assédio
moral, estruturas e processos de grupos tornam-se essenciais para um modelo
de gestão que ultrapasse as maiores expectativas dos colaboradores. Preparar
as pessoas e a organização para os desafios atuais do mercado exige um
contínuo repensar e aprender as novas formas de comportamento de todos os
funcionários dentro da organização.
É de grande importância para uma organização que seus gestores
conheçam as pessoas, processos de grupos, cultura organizacional e o modo
como esses processos interagem entre si, para que o sucesso nos negócios
seja ótimo.
Os estudos sobre clima organizacional tornam-se instrumentos capazes
de detectar deficiências na estrutura e anomalias no ambiente de trabalho.
Lembrando sempre que esses estudos precisam ser feitos de forma
correta e não se pode apenas analisar alguns funcionários e sim a empresa
inteira. Considerando também um conjunto de características, as quais
descrevem uma organização, apresentando fatores, valores ou atitudes que
afetam o relacionamento das pessoas e abrem uma nova dimensão na busca
de explicações sobre o comportamento organizacional.
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Conclui-se que o clima organizacional está ligado a vários aspectos
importantes dos funcionários e da organização. É a interação dos mesmos que
forma o clima, que depende de aspectos individuais e coletivos dos
colaboradores juntamente com o ambiente que eles trabalham. A liderança
também tem uma responsabilidade grande em relação ao ambiente da
empresa, dependendo de como for essa, o clima poderá ser ou não agradável.
A eficácia ou não do clima se deve de a relação entre a organização e as
pessoas que estão inseridas no contexto de trabalho.
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CAPII – Saúde e doença do trabalhador
Atualmente há uma preocupação em definir doenças relacionadas ao
trabalho e saúde do trabalhador. É exatamente o que esse capítulo falará.
Definições atuais de doença/saúde do trabalhador, na visão da Organização
Mundial da Saúde e de outros autores. As leis que estão em vigor sobre as
doenças do trabalho, o que é e o que não pode ser considerado como tal.
Abordará um pouco sobre o estresse nas organizações, explicará como ocorre.
Os fatores de risco que os trabalhadores podem se deparar em suas
empresas. Todas essas situações serão comentadas ao longo desse capítulo.
Na concepção do Ministério da Saúde do Brasil trabalhadores são todos
os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou seus
dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de
trabalho, nos setores formais de informais da economia.
No contexto contemporâneo, vemos que o homem responde às
ameaças simbólicas decorrentes da interação social tanto quanto às ameaças
concretas (químicas e biológicas). Assim, obstáculos à realização profissional e
perdas de diferentes níveis são potencialmente nocivos à pessoa. Nesse
sentido, é significativo compreender que a situação de conflito, seja do
indivíduo consigo, seja o indivíduo com a situação de trabalho na qual está
inserido, é suficiente para gerar transtornos funcionais e estes, se repetidos e
persistentes, alteram a vida celular, acarretando o leão orgânico e suas
complicações. (COELHO, 2004).
As mudanças atuais no mundo do trabalho provocam um impacto na
vida dos indivíduos que são obrigados a conviver com lógicas de mercado
extremamente mutantes, criando uma situação de constante instabilidade e
ameaça que é vivenciada como um mal inevitável dos tempos modernos.
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Assim, o significado do trabalho se constrói, muitas vezes associados à dor,
punição e sofrimento.
Nos últimos anos percebe-se que as organizações vêm preocupando-se
com a saúde das pessoas, na busca de maior produtividade e eficiência na sua
atuação. Empresas públicas e privadas desenvolvem ações que visam diminuir
a ocorrência do absenteísmo; da rotatividade; do abuso de substâncias
químicas, como o álcool; do baixo desempenho; da falta de motivação das
pessoas; entre outros fatores, enfocando fatores vistos como preditores de
adoecimento, como pressão, estresse, estilo gerencial. A organização do
trabalho, o sistema hierárquico, as relações de poder e de comando, os
objetivos e metas da organização, o aumento do ritmo de trabalho, entre outras
variáveis existentes nas organizações podem vir a ser causas de algum tipo de
sofrimento e/ou adoecimento no trabalho.
Segundo o conceito legal, o Art.19 da Lei n.8213/91 e Decreto n.
3048/99 estabelecem:
“Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício
do trabalho a serviço da empresa, com o segurado empregado, que provoca
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.”
É necessário que haja uma ligação direta entre o resultado (acidente
com lesão) e o trabalho realizado pelo acidentado a serviço da empresa,
chamado nexo causal. Também são considerados como acidente do trabalho:
a) doença profissional, produzida pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade;
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b) doença do trabalho, adquirida em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente;
c) a doença do trabalho adquirida na vigência do contrato de trabalho, ainda
que posterior a este contrato, desde que comprovada através de avaliação
médico-pericial.
Não são consideradas como doença do trabalho:
- doença degenerativa
- inerente a grupo etário
-que não produz incapacidade laborativa
-doença endêmica, em regiões onde ela se desenvolve.
Doenças profissionais são aquelas causadas pelo exercício da profissão
e deverão ser notificadas pela lei que regula a Medicina do Trabalho. As
doenças Profissionais devem estar incluídas na lista de Doenças profissionais,
onde afeta um trabalhador que se tenha exposto ao respectivo risco no
ambiente, condições e técnicas do trabalho que exerce. Elas decorrem da
exposição a agentes físicos, químicos e biológicos que prejudicam o Ser
Humano (http://www.scribd.com/doc/2373413/Acidentes-e-Doencas-
Profissionais).
Abaixo estão alguns exemplos de Doenças Profissionais:
As lesões por esforço repetitivo (LER) – são o conjunto de doenças que
atingem os músculos, tendões e nervos superiores, devido ás exigências do
trabalho e ao ambiente físico do mesmo. São inflamações provocadas pelas
atividades de trabalho que exigem movimentos manuais repetitivos durante
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muito tempo. Há diversas doenças provocadas pelos esforços repetitivos
(tenossinovite, tendinite, síndrome do túnel do carpo).
A perda auditiva – é a Doença Profissional mais freqüente desde a
Revolução Industrial, sendo provocada, na maioria das vezes, pelos altos
níveis de ruído.
Doenças devidas á inalação de vapores (vapores tóxicos como a
benzina, tetra cloreto de carbono, bissulfito de carbono e alguns alcoóis) e
poeiras (causam doenças como as silicoses, doenças pulmonares, infecções).
Existem inúmeras Doenças Profissionais que se caracterizam de acordo
com os vários riscos que corre, podendo causar vários problemas ao
organismo do Ser humano ou mesmo a morte. As Doenças Profissionais
podem ser prevenidas se houver respeito pelos limites de tolerância de cada
fator de risco, utilizando-se adequadamente os equipamentos de proteção
individual e atuar de forma adequada sobre as causas e origem das várias
doenças Profissionais.
No Brasil, os DORTs foram inicialmente denominados Lesões por
Esforços Repetitivos (LER) por apresentarem um fator causal relacionado à
maior velocidade e a repetição dos movimentos executados durante a jornada
do trabalho. O termo DORT tem sido preferido por evitar o diagnóstico prévio e
ser mais abrangente, exigindo a relação com o trabalho e não o mecanismo de
acontecimento, sendo adotada no Brasil pelo INSS desde 1997 em
substituição a LER.
Os fatores de risco biomecânicos ligados ao desenvolvimento de
distúrbios osteomusculares, são ocasionados por forças excessivas sobre as
estruturas corporais, colocando estas sobre uma elevada carga de exposição.
Podendo citar, por exemplo, a variação do tipo de atividade, o espaço físico em
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que o trabalhador deverá realizar sua atividade e a postura adotada durante a
jornada de trabalho.
Deve-se especial atenção às manifestações dolorosas, pois grande
parte das doenças ocupacionais freqüentemente origina-se num quadro de
dor, o que pode agravar com o uso do membro, com o frio, alterações bruscas
(reais ou subjetivas) de temperatura, estresse emocional, limitações de
movimento e rigidez matinal, dentre outros.
No ambiente organizacional a cultura, o clima, seus valores e ritos, a
rigidez das normas, a divisão do trabalho, o excesso de hierarquização, a falta
de autonomia, a crescente competição, a exigência para o desenvolvimento de
novas competências, a necessidade de trazer maiores resultados e lucros
para a organização levam as pessoas, muitas vezes, ao limite de suas
resistências físicas e psicológicas. Dessa forma, quando a demanda do
trabalho excede as habilidades da pessoa e ela não consegue mais superar
ou se adaptar às exigências da organização, percebidas como insuperáveis,
pode surgir um desgaste anormal ou uma diminuição da capacidade da
pessoa para o trabalho.
A literatura aponta como estressores organizacionais aqueles de
natureza física: barulho, iluminação, ou de natureza psicossocial:
relacionamento entre as pessoas, autonomia no trabalho, fatores relacionados
ao desenvolvimento de carreira, entre outros. As respostas a estes estressores
são variadas como, por exemplo, ansiedade, irritabilidade, raiva, depressão,
insatisfação no trabalho, desinteresse, falta de motivação, entre outros.
As Doenças do Trabalho são resultantes das condições especiais de
trabalho, não relacionadas com esta, e para as quais se torna necessária a
comprovação de que foram adquiridas em decorrência do trabalho. Portanto,
as doenças do trabalho, como nos demais fatores de interferência da saúde, o
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trabalhador deve ser consciencializado sobre a importância de preservar a sua
saúde. É preciso que ele esteja preparado ou predisposto a receber
orientações, a utilizar os equipamentos de proteção individual e obedecer ás
sinalizações e ás normas que têm como principal objetivo proteger a saúde.
Atualmente, estas doenças são verificadas com maior intensidade nas
instituições de pequeno e médio porte, pois há certa negligência nas condições
dos ambientes de trabalho, levando os trabalhadores a desenvolver Doenças
do Trabalho com maior freqüência. Exemplos de doenças relacionadas ao
trabalho: alergias respiratórias e estresse
(http://www.scribd.com/doc/2373413/Acidentes-e-Doencas-Profissionais).
Segundo Jacques (2007), há uma associação entre a ausência e
insuficiência de controle do trabalhador sobre seu contexto de trabalho aos
riscos para problemas osteoarticulares, distúrbios gastrointestinais, alterações
cardiovasculares, distúrbios de saúde mental e também a ocorrência de
acidentes de trabalho.
A abordagem do ser humano como sendo biopsicossocial influenciou no
conceito de saúde que atualmente é adotado pela Organização Mundial da
Saúde. Saúde é o ser humano estar em completa harmonia biologicamente,
psicologicamente e socialmente e não apenas a ausência de doenças. Neste
conceito a esfera biológica diz respeito às características físicas herdadas ou
adquiridas durante a vida, incluindo o metabolismo, as resistências e as
vulnerabilidades dos órgãos ou sistemas.
Segundo o Ministério da Saúde entre os determinantes da saúde do
trabalhador estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos,
tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os
fatores de risco ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, mecânicos e
aqueles determinantes da organização laboral- presentes no processos de
trabalho. Assim as ações de saúde do trabalhador têm como foco as mudanças
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nos processos de trabalho que contemplem as relações saúde –trabalho em
toda sua complexidade, por meio de uma atuação multiprofissional,
interdisciplinar e intersetorial.
O social refere-se a vida social do sujeito com sua família, no seu
trabalho e em seus grupos, claro que com todos seus valores e crenças. O
meio ambiente e a localização geográfica também formam a dimensão social,
não podendo esquecer que é nesse contexto que está inserido o ambiente de
trabalho e suas características. O psicológico são os processos afetivos,
emocionais e de raciocínio, conscientes, que formam a personalidade de cada
pessoa.
Diferentes perspectivas buscam apreender a complexidade e as
inúmeras relações envolvidas na discussão sobre a saúde. Ela pode ser vista
tanto como ausência de doença, como completo bem estar físico-psico-social,
ou capacidade de superação de dificuldades físicas, psíquicas, sociais,
culturais e simbólicas ou ainda como um padrão normal de comportamento,
que se oporia àquele definido como patológico.
A preocupação com o bem estar mental do indivíduo se faz presente na
discussão sobre saúde, deve ser considerada na análise desse assunto. Crises
decorrentes do sentimento de perda, de frustração, despersonalização,
alienação, são elementos fundamentais no processo de construção da saúde.
“Saúde é resultante de um estado de equilíbrio, no qual os múltiplos e
diversos fatores que tem influência sobre ela estão igualados. É a relação
equilibrada entre as condições biológicas e o meio físico e social, isto é o meio
ambiente” (NOGUEIRA, 2005, p. 4).
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No Brasil a saúde do trabalhador constitui uma área da Saúde Pública
que tem como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador por
meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos
ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a
organização e prestação da assistência aos trabalhadores compreendendo
procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no
SUS (Ministério da Saúde do Brasil, 2001).
Artigo. 196 da Constituição Federal diz:
“A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
Em 1986 aconteceu a 8ª Conferência Nacional de Saúde que elaborou
uma definição de saúde: “A saúde é a resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego,
lazer, liberdade, acesso e posse de terra e acesso a serviços de saúde”(Curso
Atitude Saúde – Políticas de Saúde para o Jovem - Julho – Outubro/2006 -
Ministério da Saúde/MS). Nesta definição, percebe-se a ênfase nas condições
sociais, e é claro que nessas condições sociais está incluído o ambiente de
trabalho para uma vida digna como condição para a saúde. É claro que saúde
também resulta da responsabilidade que cada pessoa precisa ter com o seu
próprio bem-estar. É o que chamamos de auto-cuidado: saber se prevenir,
evitar as situações que colocam a saúde em risco, prestar atenção à sua
alimentação e higiene, pensar na vida a longo prazo.
Pode-se concluir com tudo que foi exposto neste capítulo que conceituar
saúde e doença do trabalhador é algo complexo. Existem tanto a saúde física
como a saúde mental, ambas são estudadas no âmbito das organizações.
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Diferenças dentre doenças do trabalho e doenças profissionais foram
conceituadas nesse capítulo. Alguns exemplos de doenças bastante
significativas foram ditas e definidas.
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CAP III – Relação entre as doenças organizacionais e o clima organizacional
Nesse capítulo a relação entre clima organizacional e as doenças do
trabalho será entendida de forma clara e objetiva. Atualmente, essa relação é
bastante trabalhada nas grandes empresas, pois as mesmas perceberam que
com um clima organizacional bom, o qualidade e produtividade dos
funcionários tendem a aumentar, gerando assim maiores rendimentos para a
organização. A liderança também será comentada nesse capítulo, pois ela um
papel importante no ambiente organizacional.
Pode-se observar que na atualidade a maioria das pessoas trabalha por
necessidade, muitas vezes fazendo o que não gostam e em ambientes sem
condições adequadas de trabalho, levando assim o trabalhador ao
adoecimento pelo sofrimento causado nesse ambiente.
Segundo Matos alguns fatos podem colaborar para a formação do
estresse no trabalho: o clima organizacional, a função desempenhada, as
relações pessoais, o tipo de trabalho realizado, além da falta ou excesso do
mesmo. O que determina o nível de estresse das pessoas dentro de uma
organização é a forma como essa se relaciona com seu trabalho e como ela
interage nesse ambiente.
Dependendo da forma como a trabalho se encontra organizado, isto
é, como as tarefas são distribuídas, como ocorre o planejamento das
atividades, pode descaracterizar as capacidades cognitivas humanas e o
próprio trabalho.
O prazer é um ponto fundamental analisado no contexto saúde e
trabalho, pois cria a identidade social e pessoal do ser humano na sua relação
com o trabalho. O indivíduo como trabalhador se sente produtivo quando sua
identidade é criada dentro da empresa no qual ele está inserido, sendo assim o
trabalho se torna prazeroso. Isso tudo que dá estrutura como pessoa,
29
atendendo assim suas necessidades e sua auto-realização (JACQUES, 2007).
Existem alguns fatores que prejudicam a saúde do trabalhador. Entre
esses, pode ser citado como exemplo: os procedimentos rígidos de trabalho,
com pouca autonomia do trabalhador no desenvolvimento de tarefas; posturas
rígidas; ritmos acelerados de trabalho, muitas vezes impostos pelas máquinas,
exigindo esforços exagerados; pressão do tempo; tensão entre as chefias e os
subordinados; pressão para manter a produtividade; excesso de trabalho
inadequado (muito frio muito calor, ruídos excessivos, pouca luz, pouco espaço
etc); monotonia e fragmentação do trabalho (cada trabalhador faz apenas uma
pequena parte, sem ter a visão do conjunto do processo produtivo); ausência
de pautas em tarefas que exigem descansos periódicos, já definidos em
normas ou leis (MATOS, 2007).
É saudável lembrar que as pressões que os gerentes dão aos
funcionários precisam ser construtivas. É preciso que ajam num nível de
pressão apropriado de modo que o profissional não fique tenso ao extremo.
Um dos fatores que determinam as doenças é o desgaste a que as pessoas
são submetidas nos ambientes e nas relações com o trabalho. Conforme a
maneira das pessoas serem preparadas para receber uma notícia dolorosa ou
viver uma situação aversiva no trabalho, suas respostas ao estresse
certamente serão menos intensas, impactantes. Já quando não são
preparadas, a situação estressante tende a ser mais intensa. Os gestores
devem se preocupar quando os problemas, as reações e os sentimentos dos
funcionários estão afetando o desempenho do profissional.
Quando há elevada motivação entre os membros, o clima motivacional
se eleva e ocorrem relações de satisfação, de animação, interesse,
colaboração etc. Quando há baixa motivação o clima organizacional tende a
abaixar-se, caracterizando-se por estados de depressão, desinteresse, apatia,
insatisfação etc. Quando o clima é bom predominam as atitudes positivas
como: alegria, entusiasmo, participação, dedicação, satisfação e motivação.
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No clima ruim ocorrem as tensões, discórdias, desuniões, rivalidades,
animosidades, desinteresses para realizaras funções, resistência às ordens e
ruído nas comunicações. O clima é percebido nos atos e expressões dos
funcionários e na realização ou omissão de um trabalho.
No contexto contemporâneo, pode ser observado que o ser humano
responde às ameaças simbólicas que são decorrentes de sua relação social
tanto quanto às ameaças concretas. Pode-se dizer assim, que quando há um
obstáculo profissional, que atrapalhe o trabalhador na sua realização na
organização, esse é potencialmente nocivo a saúde da pessoa. Nesse sentido,
é de extrema importância compreender que a situação de conflito a qual o
sujeito está vivenciando na organização é suficiente para gerar transtornos
funcionais, que se repetidos e persistentes podem alterar a vida celular,
acarretando a lesão orgânica e suas complicações (COELHO, 2004).
O indivíduo dentro de uma empresa não está lá apenas como
profissional, operando sua máquina ou fazendo o seu trabalho, ele é antes de
tudo um ser humano com todas as características que lhe são peculiares.
Quando o mesmo se sente ameaçado na organização por algum motivo
qualquer e não consegue solucionar o que está acontecendo, essa ameaça
pode ser extremamente prejudicial, ocasionando alguma doença física ou
psicológica.
A sociedade tecnológica promove uma integração do homem com a
máquina; os apelos do mercado por novos produtos criaram valores marcados
por uma profunda desvitalização, o que atrai o não – vivo, o inanimado. Não
seria diferente nas empresas, onde o homem, muitas vezes, é substituído
pelas máquinas, ou então comparados a elas. A reverência pela vida fica em
segundo plano. Decisões autopunitiva, falta de cuidado com a saúde e com o
corpo são alguns sintomas desse fenômeno que ocorre na vida pessoal e
profissional do ser humano.
31
Estudos perceberam a importância das necessidades sociais no local
de trabalho e a forma pela qual os grupos de trabalho podem satisfazer a
essas necessidades. Essas necessidades satisfeitas ajudam os trabalhadores
a levarem uma vida plena e sadia, bem como a desempenharem eficazmente
suas tarefas. Para isso, devem se sentir motivado e recompensado pelas
tarefas que desempenham (MORGAN, 1996 apud Moreira, 2006. p. 17).
Análises e reflexões sobre clima permitem avaliar como funcionários
avaliam o equilíbrio entre as contrapartidas que estão recebendo em troca da
dedicação e do trabalho que realizam. Quando o grau de insatisfação supera
com certa freqüência o de satisfação, o compromisso do profissional com a
empresa vai sofrendo um desgaste que pode culminar na ruptura do contrato
psicológico de trabalho e em alguns casos da própria relação formal.
A fragilidade do compromisso que o empregador tem com o seu
empregado coloca o funcionário numa posição de indiferença em relação a
organização, na qual ele ainda pode ter suas expectativas em relação ao
contrato formal atendidas, mas começa a ter experiências negativas em
termos de sua realização profissional. Com este quadro torna-se difícil para a
organização envolver o funcionário e obter o máximo de sua dedicação e
qualidade profissional. O resultado dessa insatisfação é o agravamento tanto
do ponto de vista pessoal, com a incidência de doenças psicossomáticas,
quanto organizacional, com elevados índices de absenteísmo, aumento de
despesas médicas, contaminação de equipes inteiras de trabalho e
comprometimento da produtividade.
Os prejuízos gerados por uma má gestão do clima organizacional são
catastróficos. Alguns impactos: baixa produtividade; gastos com rescisões,
gastos com seleção e treinamento. Todos esses impactos são mensuráveis, as
empresas precisam ficar atentas quando se tem esse tipo de sinal dado pelos
colaboradores.
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As organizações também são co-responsáveis pela qualidade de vida de
seus empregados. Para isso, é imprescindível cuidado com ambiente de
trabalho, tanto físico como psicossocial, bem como com estilo de liderança,
política social, condições de trabalho, clima organizacional, oportunidades de
crescimento e reconhecimento, desafios, estímulos, metas a serem cumpridas
e índices de produtividade exigidos (MOSCOVICI, 2001 apud Moreira, 2006, p.
18).
Os colaboradores não estão só preocupados dentro da organização em
conseguir aumento, promoções, mas estão também preocupados com sua
qualidade de vida dentro da empresa. Não adianta o salário ser bom e as
condições ambientais serem precárias, ruins. Tanto o ambiente físico, como o
clima dentro do seu setor é de extrema importância para que seu desempenho
seja bom.
É notório quando o clima organizacional de uma empresa não é bom,
pois a qualidade de trabalho dos colaboradores cai consideravelmente. Esses
mesmos colaboradores em suas vidas particulares, pessoais também não
estão satisfeitos, afetando diretamente a qualidade de vida pessoal dos
mesmos. Por isso que as empresas precisam estra bastante atentas ao clima,
pois com todas certeza a qualidade de vida dentro da organização dependerá
do ambiente de trabalho dos funcionários. Ou seja, qualidade de vida também
está relacionada com o ambiente organizacional.
A busca pela Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e a implementação
de ações visando melhorias para as pessoas, não pode ser considerada como
um custo nas planilhas das organizações, uma vez que os custos com
afastamentos e ações trabalhistas são maiores do que uma medida
preventiva. Zelar pelo bem-estar e segurança dos indivíduos é de suma
importância para assegurar uma maior produtividade e qualidade no trabalho e
maior satisfação na vida familiar, pessoal e profissional do indivíduo.
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Pode-se concluir com toda certeza com o que foi dito nesse capítulo
que a hipótese dessa monografia foi confirmada. Existe uma relação entre as
doenças organizacionais e o clima organizacional. É fato que o clima, o
ambiente dentro de uma organização afeta diretamente a qualidade de vida
dos funcionários e sua saúde. Quanto pior é o clima organizacional maiores
são as chances dos colaboradores terem algum tipo de doença.
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CONCLUSÃO
Os conceitos de saúde e de saúde do trabalhador são determinantes
para o planejamento e implantação das políticas de saúde e de saúde do
trabalhador tanto público como privado. Este fato demonstra a grande
importância de um conceito bem elaborado dentro dos preceitos éticos da
humanidade. Desta forma torna-se necessário uma constante reavaliação e
aprimoramento destes conceitos para a adoção de políticas de saúde
juntamente com empresas privadas e públicas cada vez mais abrangentes e
satisfatórias para a humanidade. Com toda essa preocupação para a saúde do
trabalhador, as empresas, atualmente estão atentas e interessadas nesse
conceito.
Pesquisas de clima organizacional trazem a percepção das pessoas
sobre aspectos relevantes numa organização, porém o clima não é
necessariamente percebido da mesma forma por todos, em razão das
diferenças do setor, de cargo exercido, do gênero, do tempo de serviço, da
natureza das atividades, das formas de organização do trabalho; perfil da
liderança; oportunidades; entre outros fatores. Por este motivo, é fundamental
que a organização desenvolva outros mecanismos que possam trazer dados
mais precisos sobre alguns fenômenos organizacionais que interferem nos
resultados da instituição, como, por exemplo, o desenvolvimento de ações de
promoção de saúde e qualidade de vida, programas de desenvolvimento de
competências necessárias para execução das atividades inerentes ao
trabalhador, abertura de canal de comunicação entre a alta liderança e os
servidores, estudos ergonômicos, entre outros.
As grandes empresas já perceberam que quanto mais benefícios, mais
atenção elas derem aos seus colaboradores, maiores serão os resultados
alcançados.
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O clima organizacional é a junção entre a cultura da empresa, os
valores, as crenças, valores e atitudes de seus funcionários, sendo assim é
algo complexo de ser estudado e entendido. O que pode ser um clima ruim
para um funcionário não será para outro. É preciso ter muito cuidado para
definir o clima de uma empresa por todas essas características.
É grande a influência da cultura, do clima organizacional e da satisfação
no trabalho no processo de adoecimento/sofrimento no trabalho. O sofrimento
no trabalho advém quando o trabalhador não consegue dar significado a suas
atividades para si mesmo e para a sociedade, vindo daí o desgaste nas
relações da organização com o indivíduo. Como conseqüência percebe-se no
clima da organização desânimo e descontentamento, o que pode, a médio e
longo prazo, provocar processos de adoecimento significativos para as
pessoas, que afeta de forma contundente toda a organização.
No que se refere ao processo de adoecimento no trabalho a atuação
interdisciplinar, focada numa visão biopsicossocial do ser humano, que é a
atualmente aceita pela OMS (Organização Mundial da Saúde), é fundamental
para a identificação e o entendimento de nuances que possibilitem a criação de
estratégias de ação visando a promoção de saúde nas organizações, de forma
a suscitar formas de compreensão, significação e enfrentamento mais propícios
e adequados para cada pessoa. É importante frisar que o entendimento do
sentido que cada pessoa dá ao trabalho, bem como suas reações individuais a
variáveis consideradas como estressores é fundamental para se entender o
processo de adoecimento e sofrimento no trabalho.
O tipo de liderança que cada gestor terá com sua equipe também tem
um papel importante no clima desse setor. Quanto mais flexível, mais
comunicativa, mais transparente for essa liderança mais fácil será para seus
funcionários se adaptarem e perceberem o quanto eles fazem parte da
empresa. Com isso a tendência desse ambiente é se tornar agradável para
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todos. Vale ressaltar ainda que numa mesma empresa, pode-se encontrar
diferentes climas, já que pode acontecer de cada setor ter um tipo de liderança.
Pode-se dizer também que o clima de uma empresa não só afeta os
funcionários na doença ou saúde, mas também afeta a qualidade de vida dos
mesmos na organização. Um funcionário que não está satisfeito dentro da
empresa, sua qualidade de trabalho não será boa. Aliás, afetará diretamente a
sua vida pessoal. Um clima organizacional bom é um ótimo resultado para o
ser humano nas suas relações sociais.
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Material da WEB
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