Post on 22-Jan-2021
O CONHECIMENTO
Professor Ricardo da Cruz AssisFilosofia - Ensino Médio
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O que é conhecer?
É uma relação que se
estabelece entre o sujeito que
conhece (Cognoscente) e o
objeto ou fenômeno alvo da
pesquisa (Cognoscível).
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Os povos da antigüidade faziam “o conhecer” mediante a
catalogação de observações feitas.
o que é conhecer?
Foram os gregos que deram o próximo passo:
• Foram além da catalogação dos fatos;
• Chegaram no pensamento científico;
• Buscaram conhecer as causas
motivadoras dos efeitos anotados.
•Popular (Senso Comum) (Doxa)
•Científico
•Filosófico
•Religioso
Tipos de Conhecimento
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Características do Conhecimento Popular :
Superficial - De acordo com a aparência
Sensitivo - Depende da vivência, emoções
Subjetivo - conforme os sentimentos da pessoa
Assistemático - não há sistematização
Acrítico - não há discussão sobre eles
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A dor no calo do pé significa que vai chover
O céu vermelho ao entardecer significa que vai fazer frio
Tomar banho após a refeição causa morte
Os espelhos e tesouras atraem raios
Chuva no dia de São José significa chuva o ano todo
Colocar a bolsa no chão atrai a falta de dinheiro
Exemplos do Conhecimento Popular :
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1. Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode ser;
2. Empírico: sempre baseado na experiência, fenómenos e factos;
3. Racional: mais assente na razão e na lógica do que na intuição;
4. Replicável: as mesmas condições, em diferentes locais e com diferentes
experimentadores, devem replicar os resultados…
5. Sistemático: conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente nos seus
elementos, os quais constituem uma totalidade coerente e integrada num sistema mais
amplo;
6. Metódico: obtido através de procedimentos e estratégias fiáveis, mediante planos
metodologicamente rigorosos;
7. Comunicável: conhecimento claro e preciso, reconhecido e aceite na comunidade
científica;
8. Analítico: procura ir além das aparências, entrar na complexidade dos fenómenos;
9. Cumulativo: conhecimento que se ensaia, constrói estrutura com base em
conhecimentos anteriores.
10. Particularizante
Características do conhecimento científico (Almeida, L. & Freire, T., 2003)
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Classificação da Ciência
Ciências
Formais
Factuais
Lógica
Matemática
Naturais
Sociais
Física
Química
Biologia
AntropologiaDireitoSociologiaPsicologia
Metodologia Científica
Estudo de Idéias
Estudo de fatos
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Todo corpo em queda livre cai com a aceleração da
gravidade.
O ouvido humano consegue ouvir freqüências entre 20 e 20.000
Hz.
A chuva é causada pela condensação das nuvens.
O átomo é a menor partícula da matéria.
O átomo é a menor partícula da matéria.
O Universo foi gerado por uma grande explosão.
O Sol é uma estrela com 6 billhões de anos de vida.
Exemplos do Conhecimento Científico :
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Conhecimento Filosófico :
O Conhecimento Filosófico procura conhecer as causas reais dos fenômenos;
Não as causas próximas, como fazem as ciências particulares;
Mas as causas profundas e remotas de todas as coisas;
A origem das coisas;
Procurando respostas gerais.
Universalizante
Exemplos de Conhecimento Filosófico
• O Universo - início, criador, evolução e fim.
• A Vida - Início, evolução do homem, morte.
• Homem - Início, vida, descendência, morte.
• Sociedade - qual a melhor forma.
• Pensamento - conhecimento, evolução.
• Justiça - social, penal, econômica.
• Verdade - o que é ?
• Liberdade - o que é ?
• Moral e Ética - o que é ?10
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Revisando
Conhecimento Filosófico: conhecimento é uma conquista, uma apreensão espiritual de algo,
algo que buscamos por meios teóricos. Ele, ainda, complementa que todo e qualquer trabalho
cientifico, e está subordinado sempre ao esforço de apreensão do mundo real. Mais ligado à
construção de ideias e conceitos. Busca as verdades do mundo por meio da indagação e do
debate; do filosofar. Portanto, de certo modo assemelha-se ao conhecimento científico - por
valer-se de uma metodologia experimental -, mas dele distancia-se por tratar de questões
imensuráveis, metafísicas. A partir da razão do homem, o conhecimento filosófico prioriza seu
olhar sobre a condição humana.
Conhecimento Científico: Preza pela apuração e constatação. Busca por leis e sistemas, no
intuito de explicar de modo racional aquilo que se está observando. Não se contenta com
explicações sem provas concretas; seus alicerces estão na metodologia e na racionalidade.
Análises são fundamentais no processo de construção e síntese que o permeia, isso, aliado às
suas demais características, faz do conhecimento científico quase uma antítese do popular(utiliza
métodos, paradigmas, estudos, fontes científicas de experimentos reproduzíveis, etc... )
Conhecimento Religioso :
• O Conhecimento Religioso é um conjunto de verdades
que se chega mediante a aceitação da revelação
divina.
Exemplos conjuntos
“ O vento não é o sopro dos deuses (explicação
Religiosa), nem um fenômeno provocado pela chuva
(explicação popular). A movimentação do ar se dá
pela deslocação das camadas de alta pressão da
atmosfera para as camadas de baixa pressão
(explicação científica)”.
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TIPOS DE CONHECIMENTO
TRUJILLO (1974, p. 11)
Conhecimento Popular (Senso Comum)
Conhecimento científico Conhecimento Filosófico
Conhecimento Religioso(Teológico)
ValorativoReflexivoAssistemáticoVerificávelFalívelInexato
Real (Factual)ContingenteSistemáticoVerificávelFalívelAproximadoExatoParticularizanteObjetivoMetódicoComunicável Analítico Cumulativo
RacionalSistemáticoNão verificávelFalívelUniversalizanteMetódicoComunicável Analítico Cumulativo
ValorativoInpiracionalNão verificávelInfalível
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Conhecimento Mitológico
O conhecimento mitológico é aquele no qual é revelado algo sem
contestação. Isto porque trata-se de uma história construída para dar alguma
forma de razão aos acontecimentos históricos que se passam ou passaram,
levando em conta a limitação científica. Por isso, a existência de dezenas de
deuses, a intervenção de semi-deuses na Terra, atos heróicos etc. Por si só, o
conhecimento mitológico é uma narrativa, como qualquer história.
A credibilidade de uma narrativa mitológica se deve ao
escritor. Homero é um exemplo: com os livros Ilíada e
Odisseia, o poeta relatou a Guerra de Tróia (primeiro
livro) e sobre a volta de Ulisses à sua terra natal, Ítaca
(segundo livro do poeta épico).
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Na crença grega, o mito era um fato narrado pelo poeta-rapsodo,
um escolhido dos deuses, para quem era revelada a origem de todas
as coisas e seres, ficando ele incumbido de transmiti-la aos ouvintes.
A narrativa, mesmo sendo fabulosa, incompreensível ou
contraditória, tornava-se confiável e sagrada. Confiável devido à
autoridade religiosa do narrador. Sagrada porque tinha origem
divina.
“o mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode serabordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares....omito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar notempo primordial, o tempo fabuloso dos começos...o mito conta graças oufeitos dos seres sobrenaturais, uma realidade que passou a existir, quer sejauma realidade tetal, o Cosmos, quer apenas um fragmento, uma ilha, umaespécie vegetal, um comportamento humano, é sempre portanto umanarração de uma criação, descreve-se como uma coisa foi produzida, comocomeçou a existir...”
Mircea Eliade, Aspectos do Mito, pág 12/13
A Necessidade do MitoMuitas histórias mitológicas conservam-se na mente das pessoas, dando uma certa, perspectiva daquilo que acontecia em suas vidas.“Essas informações provenientes de tempos antigos têm a ver com os temas que sempre deram sustentação à vida humana, construíram, civilizações e formaram religiões através dos séculos, e têm a ver com os profundos problemas interiores, com os profundos mistérios, com os profundos limiares da nossa travessia pela vida...”
Joseph CampbellDédalo e Ícaro
“Os mitos estão perto do inconsciente coletivo e por isso são infinitos na sua
revelação”.
As Características do Mito
A narração mitológica envolve basicamente acontecimentos supostos,relativos a épocas primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens(história dos deuses) ou com os "primeiros" homens (história ancestral).
Narciso e a Ninfa Eco
O mito aparece e funciona
como mediação simbólica
entre o sagrado e o
profano – representa
ordem no mundo.
A mitologia é o estudo do mito, das suas origens e significados. Alguns dosmitos mais conhecidos fazem parte da mitologia grega, que exprime a maneirade pensar, conhecer e falar da cultura grega. Fazem parte da mitologia gregaos deuses do Olimpo, os Titãs, e outras figuras mitológicas, tais como:minotauro, ciclope, eros e centauros.
Os mitos têm caráter simbólico ou explicativo, são relacionados com algumadata ou uma religião, procuram dar explicações por meio de personagenssobrenaturais, elucidando a realidade através de suas historias sagradas, oumesmo fabulosas.
EROS & PSIQUÊ
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TIPOS DE MITOS
Mito Teogônico – relata o nascimento dos deuses, suas genealogias e parentescos;
Mito Cosmogônico – trata da criação e ordenamento do mundo e seus elementos;
Mito Antropogônico - narra a criação do homem;
Mito Épico ou Heroico – narra as atividades dos heróis que potenciam a condição
humana;
Mito Naturalista – justifica os fenómenos naturais, telúricos, astrais e atmosféricos
(Zeus, por exemplo, era o senhor do raio e do trovão);
Mito Moral – relata as lutas entre forças ou elementos contrários, procurando retirar
uma conclusão moral e esclarecedora;
Mito Escatológico – faz uma antevisão do futuro, do homem após a morte, o fim do
mundo;
A Filosofia, ao contrário do Mito, não aceita
fabulação, contradição ou
incompreensibilidade. Ela busca
respostas lógicas, coerentes e racionais.
Na Filosofia, a confiança não está
assentada na autoridade do filósofo,
mas na razão, que é a mesma em todas as
pessoas.
DOXA x EPISTEME
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Doxa (em grego: δόξα) habitualmente é traduzida como crença
comum ou opinião popular, não obstante, Doxa é mais que uma
simples opinião, na verdade contém a significação de uma certa
noção de julgamento e sentimento, no sentido de resolução e
decisão parcial, baseada unicamente nos dados presentes.
Isso implica que Doxa deva ser compreendida como um certo juízo
subjetivo que tem valor apenas momentâneo, um juízo que não
pode ser uma propriedade ética, pois tem presente a possibilidade
dos enganos e da falsidade das crenças que suportam a ação.
DOXA x EPISTEME
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Episteme, (do grego ἐπιστήμη) caracteriza-se como o conjunto do
conhecimento metodologicamente construído de determinados
assuntos em um determinado momento histórico, em oposição às
opiniões individuais.
Dessa forma, Episteme denota conhecimento verdadeiro, de
natureza científica, em oposição à opinião infundada ou irrefletida,
designa uma techné, ou seja, uma habilidade para fazer algo, um
tipo de saber que tem seu suporte no conhecimento especializado e
preciso, no conhecimento lógico, sistemático e rigoroso.
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Diferentes mitos explicam os mesmos fenômenos da natureza. Assim, para que os gregos Febo
Apolo com sua carruagem representativa o sol, enquanto que os índios brasileiros bacari
acreditavam que este astro era uma grande bola de penas de arara. Também o raio e o trovão foram
explicados por diferentes mitos. Para os nórdicos, tratava-se de Thor brandinho seu martelo, já para
os gregos Zeus os procurava lançando-os sobre a terra e, por fim, para os tupis, tupã seria
responsável pelo fenômeno.
Diante do exposto, analise as assertivas sobre a questão e faça o que se pese.
I. Cada povo tem uma mitologia própria, que se refere a natureza em que está inserida.
II. As mitologias procuram explicar o mundo em seus variados aspectos, incluindo fenômenos
naturais.
III. Apesar de fantasiosas, as narrativas míticas são repletas de beleza, persistindo na imaginação
das pessoas ainda hoje.
A respeito dessas assertivas, é possível afirmar:
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Todas estão corretas.
e) Todas estão incorretas.
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Diferentes mitos explicam os mesmos fenômenos da natureza. Assim, para que os gregos Febo
Apolo com sua carruagem representativa o sol, enquanto que os índios brasileiros bacari
acreditavam que este astro era uma grande bola de penas de arara. Também o raio e o trovão foram
explicados por diferentes mitos. Para os nórdicos, tratava-se de Thor brandinho seu martelo, já para
os gregos Zeus os procurava lançando-os sobre a terra e, por fim, para os tupis, tupã seria
responsável pelo fenômeno.
Diante do exposto, analise as assertivas sobre a questão e faça o que se pese.
I. Cada povo tem uma mitologia própria, que se refere a natureza em que está inserida.
II. As mitologias procuram explicar o mundo em seus variados aspectos, incluindo fenômenos
naturais.
III. Apesar de fantasiosas, as narrativas míticas são repletas de beleza, persistindo na imaginação
das pessoas ainda hoje.
A respeito dessas assertivas, é possível afirmar:
a) Apenas a I está correta.
b) Apenas II está correta.
c) Apenas III está correta.
d) Todas estão corretas.
e) Todas estão incorretas.
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O mito é a de apresenta-se como uma verdade que não precisa ser provada e que não admite contestação. A sua aceitação decorre da fé e
da crença. Não é uma aceitação racional, fundamentada em provas e raciocínios.
Sob essa perspectiva coletiva, a transgressão da norma, a não-obediência da regra afeta o transgressor e toda sua família ou comunidade.
Desse modo é criado o tabu - a proibição -, cuja desobediência é extremamente grave. Só os ritos de purificação podem restaurar o
equilíbrio da comunidade e evitar que o castigo dos deuses recaia sobre todos.
Mas e quanto aos nossos dias? Por acaso não existem mais mitos? O pensamento filosófico e científico, que tiveram início com os primeiros
filósofos, na Grécia do século 6 a.C., teriam ocupado todo o lugar do conhecimento e condenado à morte o modo mítico de nos situarmos
no mundo?
Essa é a posição defendida por Augusto Comte, , filósofo francês do século 19, fundador de uma corrente filosófica chamada positivismo. .
As ideias positivistas explicam a evolução da espécie humana em três fases: a mítica (religiosa), a filosófica (metafísica) e a científica. Esta
última seria o ápice do desenvolvimento humano e não só é considerada superior às outras, como também seria a única válida para se
chegar à verdade.
Porém, ao opor a razão ao mito, o positivismo empobrece a realidade humana. O homem moderno, tanto quanto o antigo, não é constituído
só de razão, mas também de afetividade e emoção. Se a ciência é importante e necessária à nossa construção de mundo, por outro lado
ela não oferece a única interpretação válida do real.
Negar o mito é negar uma das formas fundamentais da existência humana. O mito é a primeira forma de dar significado ao mundo:
fundamentada no anseio de segurança, a imaginação cria histórias que nos tranquilizam, que são exemplares e nos orientam no dia-a-dia.
Na verdade, independentemente de nosso desenvolvimento intelectual, o mito continua a nos acompanhar. Sua função de criar narrativas
mágicas subsiste, por exemplo, na arte e permeia a nossa vida diária.
Atualmente, os meios de comunicação de massa trabalham os desejos e anseios que existem na nossa natureza inconsciente e primitiva.
Os super-heróis dos desenhos animados e das histórias em quadrinhos, por exemplo, encarnam o Bem e a Justiça e assumem a nossa
proteção imaginária, exatamente por que o mundo moderno, com todos os seus problemas, especialmente nos grandes centros urbanos,
revela-se cada vez mais um lugar extremamente inseguro.
Da mesma maneira, no plano político, certas figuras procuram se transformar em heróis populares, dizendo lutar contra as injustiças sociais
e os privilégios. Também artistas e esportistas podem ser transformados em modelos de existência: são fortes, saudáveis, bem alimentados,
etc. Até as telenovelas, ao trabalhar a luta entre o Bem e o Mal, estão lidando com valores míticos, pré-reflexivos, que se encontram dentro
de todos nós.
Além de mitos, o mundo moderno também tem seus rituais. Afinal, as festas de formatura, de Ano Novo, os trotes dos calouros, os bailes de
quinze anos, não são em tudo semelhantes aos antigos rituais de passagem das velhas tribos e clãs?