Post on 24-Feb-2018
LEUCORRÉIA (CORRIMENTOS GENITAIS)
Faculdade de Medicina de Santo Amaro
Liga de Saúde da Mulher
André Augusto S. Dos Santos
Juliana da S. Milhomem
Renato César Monteiro
Maio/2011
LEUCORRÉIA • A leucorréia (ou corrimento vaginal) - também chamado
de vaginite ou vulvovaginite.
• São as alterações caracterizadas por um fluxo vaginal
anormal, geralmente com volume aumentado.
• Pode ter ou não cheiro desagradável, com edema, prurido
ou ardência na vagina ou na vulva e podendo ser
acompanhado por disúria.
• É um dos problemas ginecológicos mais comuns e uma
das causas mais freqüentes de consulta ao ginecologista.
Os Lactobacilus mantém o ecosistema vaginal por
pelo menos três mecanismos:
1. Produção de ácido láctico que mantém o pH normal de 4,0 (3,8-4,2). O
meio ácido é hostil a proliferação de espécies potencialmente
patogênicas
2. A produção de peróxido de hidrogênio é tóxica à microflora anaeróbica
3. Os micropilis dos lactobacilus (pequenas projeções da parede celular),
aderem aos receptores das células do epitélio vaginal, impedindo a
aderência de patógenos. A transição de normal para anormal,
particularmente no caso de vaginose bacteriana, vincula elevação do
pH e substituição da flora, predominantemente de lactobacilus, por
organismos patogênicos (na maioria das vezes cocóide)
Corrimentos Vaginal Classificação Etiológica:
Inespecíficos Exacerbação de bacilos de Doderlein
Atrofia do epitélio vaginal (pós-parto, pós-menopausa)
Mucorréia
Colpite actínica
Específicos Bacterianos
Fúngicos
Protozoários
Corrimentos Vaginais Tipos:
• Corrimento vaginal fisiológico
• Vulvovaginites infecciosas – Vaginose bacteriana
– Candidíase vulvovaginal
– Tricomoníase vaginal
– Vaginite inflamatória descamativa
• Vulvovaginites não-infecciosas – Irritativas
– Alérgicas
– Vaginose citolítica
• Cervicites – HPV
– Gonocócica
– Clamydia trachomatis
CORRIMENTO VAGINAL FISIOLÓGICO
• Composição complexa – Muco cervical
– Transudado da parede vaginal
– Células vaginais epiteliais descamadas
• Fatores que interferem na quantidade – Idade
– Excitação sexual
– Estresse
– Fase do ciclo menstrual
– Temperatura ambiente
– gravidez
CORRIMENTO VAGINAL FISIOLÓGICO
• Características
– Transparente ou branco
– Inodoro
– Aspecto mucóide, homogêneo ou pouco
grumoso
– À microscopia: lactobacilos, cels. epiteliais
descamativas e raros leucócitos
CORRIMENTOS VAGINAIS
ESPECÍFICOS
• Bacterianos – Gardnerella vaginallis
– Mobiluncus mulieris
– Neisseria gonorrheae
– Chlamydia trachomatis
– Actinomyces sp., Fusobacterium sp., Leptothrix vaginallis
– Cocos
– Coliformes (Escherichia coli, Klebsiella, Enterobacter)
– Bacilos difteróides
Corrimentos genitais específicos
• Fúngicos
– Candida albicans, tropicalis e glabrata
• Protozoários
– Trichomonas vaginallis
– Toxoplasma gondii
– Rizópodes (Entamoeba histolytica, coli e
gengivalis)
Vaginose bacteriana
• Doença infecciosa causada por flora patogênica complexa, primariamente anaeróbica
• Associada a odor fétido e aumento da secreção vaginal
• Sem ardor vulvar ou prurido
A denominação vaginose em lugar de vaginite, prende-se ao fato de
que esta infecção geralmente não produz lesões inflamatórias
(ausência ou raros leucócitos na secreção) nos tecidos da vagina
(GARDNER, 1983)
VAGINOSE BACTERIANA • Principal Agente etiológico:
Gardnerella vaginallis
É denominada de vaginite inespecífica. • CORRIMENTO BRANCO-AMARELADO
• SECREÇÃO HOMOGÊNEA (RAROS LEUCÓCITOS)
• NEM SEMPRE PROFUSO, QUE EXALA ODOR CARACTERÍSTICO:
“PEIXE PODRE”
• 50% DAS MULHERS ASSINTOMÁTICAS
• NO HOMEM É ASSINTOMÁTICA
• NA GESTAÇÃO PODE LEVAR A
AMNIOREXE PREMATURA
Aspecto Macroscópico
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VAGINOSE BACTERIANA
Aspecto Microscópico:
Vaginose bacteriana
Há um↑do pH > 4,5 vaginal as aminas se volatizam e são
liberadas:
• -trimetilaminas.
• -cadaverinas.
• -putrecinas.
Diagnóstico:
• Corrimento homogêneo com odor de peixe podre
• Tem pouco prurido que piora após a menstruação ou
relações sexuais.
• Teste das aminas (Whiff). (KOH a 10% positivo)
• Citologia Cervico Vaginal: Clue cells
TRATAMENTO
• Metronidazol - 500mg,VO, 12/12hs, 5 a 7 dias.
• Clindamicina - 300mg, VO, 12/12hs, 5 a 7 dias.
• Secnidazol - 2g, VO, dose única.
• Clindamicina (Dalacin®) - creme, por 3 dias.
• Estearato de eritromicina - 500mg, VO, de 6/6 hs, por
7 dias.
Fúngicos - Candida
• Organismo comensal
• Encontrada em pequena
densidade no ecossistema
vaginal,em 1/3 de pacientes
assintomáticas
• Sintomas aparecem quando
passa da forma de
colonização para a de franca
aderência e infecção
CANDIDÍASE
Fúngicos - Candida
• C. albicans ocorre em 2/3 dos casos
• C. tropicalis e glabrata ocorrem em 1/3 dos casos
• Maior freqüência:
após tratamento com antibióticos,
usuárias de A.C.H.O, gestação,
imunodepressão
Fúngicos - Candida
Contágio
1. reservatório do ap.
digestivo para a vagina
2. esporos ativos da pele do
períneo oriundos das fezes
3. coito
4. toalhas úmidas, assentos
sanitários
Candidíase
Clínica:
•Prurido vulvar (90%)
• Acentua-se no pré-
menstruo
• Dor em queimação
(irritação pela toxina
candidina)
•Disúria,polaciúria,
dispareunia
• Corrimento vaginal
leitoso, grumoso,
habitualmente sem
odor
Candidíase
Diagnóstico
• Eritema vulvar, escoriações
• Conteúdo vaginal com placas
brancas e homogêneas aderidas
a superfície hiperemiada da vagina
• pH geralmente normal (3,8 – 4,2)
• Brotos ramificados das hifas
e esporos à microscopia, com
adição de KOH a 10%
Candidíase vaginal de
repetição
•Pelo menos quatro episódios em um ano
•Difícil solução
•Pacientes sadias, sem fatores promotores
•Correlação com processos alérgicos
•Sêmem e menor lubrificação vaginal
TRATAMENTO
Profilático:
• Evitar roupas
justo.
• Evitar roupas
sintéticos.
• Evitar duchas
vaginais.
• Evitar
desodorantes
íntimas.
Medicamentoso:
•Fluconazol, 150mg,VO,
dose única.
•Cetoconazol, 400mg, 1x
ao dia, por 5 dias.
•Itraconazol,200mg, VO,
de 12/12hs, por 1 dia.
•Miconazol óvulo, 100mg,
1 aplicação intravaginal
de 1 óvulo, por 10 dias.
•Nistatina, creme: 1
aplicação vaginal por 14
dias.
Tricomoníase
Principal agente etiológico:
Trichomonas vaginallis ( DONNÉ, 1836 )
• Vulvovaginite sexualmente transmissível
• Protozoário flagelado, 5 por 16 micra
• Membrana ondulante que o percorre longitudinalmente
• 25% das vaginites, 50% assintomáticas
TRICHOMONAS
VAGINALLIS
CLÍNICA
• Disúria
• Vulvite difusa
• Corrimento copioso
• Fétido, amarelo ou verde
• Bolhoso e muco-purulento
•No homem é raramente sintomática
Diagnóstico • Corrimento amarelo esverdeado, fétido e bolhoso (35% dos
casos)
• pH vaginal > 4,5 ( 70% dos casos )
• Hiperemia e pequenas pápulas na cervix (aspecto de morango
ou framboesa 25% dos casos)
• Presença de Trichomonas móveis entre lâmina e lamínula ou
gota pendente com soro fisiológico ( 25% dos casos )
• Rastreamento através da técnica de Papanicolaou ( 70% dos
casos )
Trichomonas vaginallis
TRATAMENTO
• Abstinência sexual durante o tratamento.
• Nitroimidazólico-2g, VO dose única.
• Secnidazol: 2 cp de 1g, VO dose única.
• Metronidazol: 500mg, VO de 12/13hs por 7
dias.
• Tratar o parceiro.
• Evitar álcool durante o tratamento.
Corrimentos Vaginal
Exame Físico • Adequada fonte de luz e espéculo
• Inspecionar vulva, paredes vaginais e cervix para identificação de lesões, eritema, escoriações e ectopia
• Avaliar cor, consistência, odor e origem vaginal ou cervical
• Medir pH da parede lateral da vagina
• Colher o material em lâmina e adicionar hidróxido de potássio a 10% e solução salina, recobrindo-o com lamínula, à microscopia podemos observar a presença ou não de protozoários flagelados, hifas, esporos ou outros organismos