Post on 18-Jul-2020
O JOGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Autor: Arlete Maria Arcego Martins1
Orientador: Melissa Rodrigues da Silva 2
RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar metodologias para o ensino da matemática, a serem trabalhadas com os alunos do segundo ano do Curso de Formação de Docentes do Colégio Estadual de Pato Branco, e, analisar os jogos matemáticos que possibilitem o desenvolvimento dessas atividades através de oficinas. Tem-se como problemática: Como propor uma metodologia que promova a aprendizagem por meio de jogos, e o ensino diferenciado aos alunos do curso de Formação de Docentes? Visto que o ensino da matemática de forma abstrata leva os alunos a encontrarem dificuldades de aprendizagem quando esta é trabalhada desta forma apenas. Assim os jogos são ferramentas diferenciadas que propiciam uma absorção dos conteúdos desta disciplina de forma lúdica e prazerosa. Para realização deste estudo utilizou-se de pesquisa bibliográfica e estudo de campo por meio de oficinas aplicadas às alunas do curso citado. Este trabalho seguiu as determinações do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sendo que no primeiro momento foi aplicado o Projeto de Intervenção Pedagógica e da Unidade Didática e por fim chegou-se as considerações finais sobre o tema abordado, descritas por meio deste artigo. Palavras chaves: Matemática; jogo; lúdico; brinquedo; aprendizagem.
1. Introdução
O presente artigo vem registrar o resultado da aplicação da Unidade Didática,
que tem como título: O jogo e o processo de ensino e aprendizagem da matemática,
que foi aplicada no Colégio Estadual de Pato Branco, cujo público alvo foram os
alunos do 2º Ano do Curso de Formação de Docentes. O tema de estudo proposto
neste artigo foi: O Ensino da Matemática: produção e utilização de jogos didático-
pedagógicos como recurso de aprendizagem.
Através de experiências vivenciadas como docente no curso de Formação de
Docentes, foi possível observar que os alunos apresentam dificuldades na aplicação
1 Aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – UNICENTRO. Professora Pedagoga
do Estado do Paraná – Pedagoga e aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE.
2 Orientadora. Mestre em Educação, Pedagoga, Professora do Departamento de Pedagogia da
UNICENTRO.
dos conteúdos de matemática, nas séries iniciais. E essas dificuldades nos instigam
e a partir disso levantou-se o seguinte questionamento: Como propor uma
metodologia que promova a aprendizagem da matemática por meio de jogos, para
ser desenvolvida com os alunos do curso de Formação de Docentes?
Historicamente a matemática passou a fazer parte da vida dos seres
humanos quando a necessidade de contar surgiu. Isto ocorreu a partir de quando o
homem começou a produzir mais do que necessitava como: alimentos, construir
suas casas, fortificações e a domesticar animais, trazendo transformações para o
ser humano e o tipo de vida que passaram a levar, por conta dessas
transformações. Os pastores usavam pedras para contar suas ovelhas, tal forma,
deu origem à palavra derivada do latim calculus, que significa pedrinha. Também
foram utilizados nós em corda (cada espaço entre os nós, era a medida usada),
marcas em paredes, talhes em ossos, desenhos nas cavernas
Com o advento da agricultura, o homem teve a necessidade de medir o
tempo, prever as estações do ano e conhecer as fases da Lua, e dessa necessidade
e observação no decorrer das décadas, surgindo assim o calendário. A partir dessas
descobertas, o homem começou a produzir mais do que necessitava para seu
consumo, e pode passar a organizar estas sobras, originando desta forma os
negócios.
Pode-se observar que os números não surgiram simplesmente como atributo
de contar, mas através de uma relação mental e física com o ser humano e de sua
necessidade de organização. Por conta desta evolução, o ser humano foi evoluindo
e criando situações cada vez mais complexas e com maiores necessidades. Para
resolver estas situações, o ser humano foi criando operações matemáticas que
foram evoluindo em complexidade conforme a necessidade.
Nesta evolução histórica, nota-se que a matemática se faz presente e cada
vez mais necessária. O desafio é constante na aprendizagem da matemática, por
isso, a necessidade de propor e criar situações estratégicas, inovar métodos e
mostrar que todos esses conteúdos fazem parte de nosso dia a dia, e que não são
tão difíceis de absorvê-los quando trabalhados por meio de jogos matemáticos.
O ensino da matemática ainda é mistificado, como sendo uma disciplina difícil
e complicada. Ao ensinar a matemática o professor deve facilitar sua compreensão,
de modo que seus alunos construam o conhecimento lógico matemático, a partir de
suas vivências e ao inserir o conhecimento matemático científico levá-lo a refletir, e
descobrir que a matemática não está longe dele, mas que está ligada a todos os
fatos e acontecimentos de seu cotidiano.
Assim D’Ambrósio (1991) propõe: “uma matemática viva, uma matemática
que vai nascendo com o aluno enquanto ele mesmo vai desenvolvendo os meios de
trabalhar a realidade na qual ele está agindo.” (D’AMBRÓSIO, 1991, p. 2) Ao
concordar com o autor, podemos levantar a seguinte problemática: Que matemática
ensinar? E como ensiná-la?
Propõem-se como tema de nosso artigo a importância do jogo que aproxima
a matemática de nossa realidade, que através do lúdico contribui para o ensino-
aprendizagem. Acreditamos que ensinar matemática por meio do jogo, é estimular o
raciocínio lógico, desenvolver a criatividade e estimular a capacidade na resolução
de problemas.
Dessa forma, o professor tem um importante papel como mediador nesse
processo, pois cabe a ele transmitir os conteúdos, e tão logo criar novos
conhecimentos, propor atividades que reforcem o conhecimento tornando-o mais
ativo e determinado em sua prática matemática.
Sendo assim, este estudo tem como objetivo geral, contribuir no ensino da
matemática por meio da construção de jogos, de forma que se apresente uma
metodologia que medie, entre a abstração e o concreto. E como objetivos
específicos seguem: propor metodologias para o ensino da matemática no Curso de
Formação de Docentes do Paraná, que propiciem a aprendizagem e também
analisar e construir os jogos matemáticos que possibilitem ações na construção do
raciocínio lógico.
Portanto, esta pesquisa tem como intuito, fazer com que os alunos
participem e encarem este desafio do ensino e aprendizagem da matemática,
tornando-a interessante, instigante, e que seus conteúdos façam parte de vida dos
educandos, usando o jogo como instrumento de ensino e que gerem momentos de
alegria, satisfação, prazer e aprendizagem. Além de proporcionar aos alunos do
curso de formação de docentes, um ensino que seja assegurado uma formação
básica de qualidade e ao mesmo tempo uma formação pertinente à função docente.
A escolha da temática, não foi aleatória, mas sim de um conhecimento pré
estabelecido, percebeu-se que os alunos do curso, apresentam dificuldades no que
diz respeito à prática docente para os conteúdos de matemática nas séries iniciais. É
preciso que os futuros docentes resolvam as suas próprias dúvidas para depois
poder trabalhar com o educando da forma como se propôs esse trabalho.
Acredita-se que este artigo é de grande relevância para os professores que
atuam ou atuarão no ensino da matemática para as séries iniciais do ensino
fundamental, que ao abordarem conteúdos, busquem utilizar-se de jogos suas
práticas pedagógicas, isso de forma concreta, torna o ensino mais prazeroso e
facilita a aprendizagem dos educandos.
Acredita-se que este estudo contribuirá com os professores, em especial aos
da rede pública estadual, pois relata a importância da utilização dos jogos
matemáticos como prática pedagógica, para melhoria do ensino ofertado.
2. Fundamentação teórica
Muitos são os estudos sobre a importância e a finalidade dos jogos como
metodologia do ensino da matemática, Kishimoto (1994) afirma que “o jogo é
importante para o desenvolvimento infantil, porque propicia a descentralização, a
aquisição de regras, à expressão do imaginário e apropriação do conhecimento.”
(KISHIMOTO, 1994, apud SMOLE, 2000, p. 137).
Nessa perspectiva, buscamos junto aos autores alicerces para apresentar
novos recursos e possibilidades de utilização de jogos em sala de aula.
Em congruência com este raciocínio, o jogo vem explorar a livre expressão na
resolução de problemas por ser atividade natural que está presente no
desenvolvimento do ser humano, bem como na construção do conhecimento
matemático.
Para Santin (2001)
[...] o brinquedo é apresentado como um fator de desenvolvimento humano, o cérebro da criança se desenvolve graças às brincadeiras; literalmente dito, o cérebro cresce. Na área pedagógica cresce também a importância do lúdico, da criatividade e do desenvolvimento imaginário. (SANTIN 2001, p. 16)
Sendo assim, fica claro que este conhecimento, é complexo e se desenvolve
de forma gradativa e processual. Para isso, faz-se necessário partir da premissa de
que o aluno já vem com uma bagagem de conhecimentos, para então a partir destes
conceitos e concepções construir a aprendizagem.
Diante disso, nos valemos dos estudos feitos por Oliveira (1992) quando
afirma que:
[...] o funcionamento do cérebro humano fundamenta-se em sua ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria formas de ação que o distinguem de outros animais. (OLIVEIRA, 1992, p. 24)
Entretanto Piaget, busca compreender o ser humano através de seu
desenvolvimento biológico e de acordo com o seu estágio de desenvolvimento. “O
ser social de mais alto nível é justamente aquele que consegue relacionar-se com
seus semelhantes de forma equilibrada.” (PIAGET apud LA TAILLE, 1992, p. 14)
Ainda afirma:
[...] o homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Em outras palavras, o homem não social, o homem considerado como molécula isolada do resto de seus semelhantes, o homem visto como independente das influências dos diversos grupos que frequenta, o homem visto como imune aos legados da história e da tradição, este homem não existe. (PIAGET apud LA TAILLE, 1992, p. 11)
De acordo com este pensamento, o ser humano é essencialmente social, e
este relacionamento é visto como um processo biológico, intelectual, emocional e
social, que se adapta à medida que ele interage e aprende com seus iguais. Neste
sentido é de suma importância o ensino da matemática por meio de jogos, pois a
partir da visualização ele constrói a abstração, levando-o a elaboração do
pensamento lógico.
É no espaço da sala de aula que o aprendizado acontece, não como produto
pronto e acabado, mas, como algo novo passível de transformação, fazendo com
que o aluno sinta-se agente transformador, capaz de interferir no meio em que está
inserido como também construir sua própria história.
3. Metodologia da pesquisa
Conforme a problematização apresentada neste artigo, e mediante as
dificuldades na aplicação dos conteúdos de matemática pelos alunos do Curso de
Formação de Docentes, surge a necessidade do objeto do nosso estudo, abordar,
através de oficinas o ensino da matemática, que venha a contribuir na melhoria da
prática docente.
O estudo delineia-se com a prática pedagógica, realizada em sala de aula
com alunos do Curso de Formação de Docentes, com o objetivo de propor uma
metodologia que promova a aprendizagem da matemática, por meio de jogos, um
ensino diferenciado, onde o professor tem um importante papel como mediador
neste processo, pois cabe a ele transmitir os conteúdos, e tão logo criar novos
conhecimentos, tornando o aluno mais ativo e determinado em suas práticas
matemáticas.
Para a realização deste estudo, optou-se pela pesquisa bibliográfica, que é o
primeiro passo de todo o trabalho científico. Para os autores, este tipo de pesquisa
tem por finalidade, oferece maiores informações sobre determinado assunto, facilitar
a delimitação de uma temática de estudo, definir os objetivos ou formular as
hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que
se pretende realizar.
Para o desenvolvimento deste trabalho, foi utilizada a pesquisa descritiva e
exploratória, que conforme Tomasi e Yamamoto (1999), a pesquisa descritiva deve
ter como objetivo principal registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem
manipulá-los, sendo estes do mundo físico e/ou humano, sem a interferência do
pesquisador.
Conforme orienta as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008), o
Curso de Formação de Docentes, objetiva formar docentes para atuarem na
educação infantil e nas cinco primeiras séries do ensino fundamental, (ensino de
nove anos) assegurando-lhes uma formação básica nacional comum de qualidade e
também as inerentes à função docente.
O Curso pretende formar profissionais reflexivos, investigativos,
pesquisadores que sejam comprometidos com o ensino e a aprendizagem, com um
conhecimento satisfatório e em contínuo processo de autoformação, além de
autônomos e competentes para desenvolver o trabalho interdisciplinar,
especialmente neste caso, com metodologias diferenciadas para o ensino da
matemática, pois estão se preparando para um trabalho com características
especiais – a educação de crianças.
O Curso Normal, em Nível Médio divide-se em três partes: a Formação
Básica, onde se contempla a Base Nacional Comum, a Formação Específica, onde
se contempla os Fundamentos da Educação, a Gestão Escolar, e as Metodologias,
e a Prática de Formação que especifica o Estágio Supervisionado.
Em relação a esta conjectura, aponta-se que a Metodologia do Ensino de
Matemática deverá contribuir para o aprimoramento do pensamento reflexivo, ou
ainda, concebê-lo como elemento constitutivo da consciência, para que se possa de
maneira cada vez mais elaborada, pensar e interferir na realidade na vida em
sociedade (Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática, 2008).
Cabe aos professores trabalhar a Metodologia do Ensino da Matemática,
destacando os conteúdos, as formas, os métodos e as técnicas, de modo a superar
a polaridade entre a teoria e a prática, sujeito e objeto, concreto e abstrato,
promovendo unidade dialética através da tonalidade entre ambas. (Diretrizes
Curriculares da Educação Básica de Matemática, 2008).
Desta forma, ao apresentar-se o estudo ao Programa PDE, pensou-se em
aproveitar esta produção lúdica, por meio de uma Unidade Didática que foi aplicada
aos alunos do segundo ano do Curso de Formação de Docentes para relatar os
resultados em relação ao uso de jogos em suas práticas pedagógicas no ensino da
matemática. O resultado coletado servirá de ferramenta para os alunos do curso de
formação de docentes e para os professores, podendo através dos relatos estarem
refletindo e analisando a metodologia utilizada atualmente por eles.
4. Implementação didático pedagógica
A implementação aconteceu entre os meses de agosto e setembro de 2011,
na turma do segundo ano do Curso de formação de docentes, no Colégio Estadual
de Pato Branco Ensino Fundamental, Médio e Profissional, como parte das
atividades do PDE.
A apresentação desta atividade aconteceu na semana pedagógica do colégio
no segundo semestre de 2011. No momento da exposição foram abordados os
seguintes itens: título, tema, objetivos, conteúdos, metodologia e instrumentos que
seriam utilizados para despertar o interesse e motivar os alunos.
Também foi um momento para referenciar os autores que deram suporte
teórico-metodológico na realização deste trabalho, despertando novos olhares para
esta metodologia.
Após a exposição alguns alunos relataram sobre a importância de trabalhar a
matemática desta forma, pois segundo eles, se em suas séries iniciais tivessem sido
ensinados desta forma, com certeza teriam absorvido melhor os conteúdos
matemáticos. Na seqüência informamos sobre o objetivo do projeto e a razão desta
prática pedagógica.
Iniciamos a prática da Unidade Didática intitulada: O jogo e o processo de
ensino e aprendizagem da Matemática, através da apresentação de slides
detalhando os objetivos e atividades que seriam realizadas. Em seguida foi
trabalhado o texto: O desafio de explicar como as crianças aprendem matemática3,
com o objetivo de observar que a forma como as crianças aprendem matemática é
um desafio a ser considerado pelo professor na sua prática. Após a leitura foi
realizado questionamentos e discussão sobre os conteúdos abordados. E finalmente
apresentamos os jogos matemáticos que seriam construídos no decorrer da
aplicação da Unidade Didática. O objetivo dessa atividade foi provocar uma reflexão
e discussão a respeito das diversas situações de nossa vida, onde se percebe a
presença da matemática e a utilização de materiais lúdicos e brincadeiras que
facilitam a aprendizagem.
O brincar é, portanto uma atividade natural, espontânea e necessária para a criança, constituindo-se para isso, em peça importantíssima na sua formação. Seu papel transcende o mero controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua importância é notável, já que através dessas atividades a criança constrói seu próprio mundo. (SANTOS, 1995, p. 4)
Diante do entusiasmo dos alunos, verificamos e confirmamos que as
proposições das aulas de matemática podem e devem ser mais agradáveis,
objetivas e de fácil compreensão.
O interesse e a participação aconteceram em todos os momentos das
oficinas. E assim a maneira de ensinar matemática, através do lúdico foi
comprovada, como a melhor. A pesquisa comprovou os autores e o questionamento
proposto.
A fim de subsidiar mais um instrumento de analise de dados para esse
artigo, aplicou-se também um questionário aos alunos do segundo ano do curso de
formação de docentes, onde responderam questões pertinentes à importância da
construção do raciocínio lógico matemático através de jogos , brinquedos e
3 GOLBERT, Clarissa S. Matemática nas Séries Iniciais – O Sistema Decimal da Numeração. Porto
Alegre: Mediação, 1999
brincadeiras. Vale lembrar que a aplicação do questionário preservou a ética do
consentimento livre esclarecido antes e assinado pelos alunos.
O resultado obtido através dos questionários, após a participação nas
oficinas, destacamos que:
a) Em relação a terem tido aulas de matemática com materiais concretos:
observou-se que 78% dos alunos responderam que tiveram aulas com material
lúdico e que esses materiais contribuíram para ter noção do que se quer trabalhar e
para um maior entendimento dos conteúdos; despertou a curiosidade; trabalhou os
conteúdos de forma diferente e interessante, proporcionando uma aprendizagem
facilitada.
Enquanto que 12% dos alunos responderam que nunca tiveram aulas com
material lúdico, muitas vezes por que a escola não disponibilizava, ou os professores
eram despreparados para utilizar este tipo de material; faltavam recursos financeiros
e materiais, e a maioria dos professores não tinha noção da importância desses
materiais.
Conforme as constatações, certificamos que o jogo é importante e
necessário na aprendizagem, pois muda a rotina da classe e desperta o interesse
dos envolvidos. De acordo com os índices apresentados podemos perceber que o
jogo contribui e ajuda na prática dos professores em sala de aula.
Em relação à porcentagem levantada dos alunos que não tiveram aulas com
materiais lúdicos, deve-se ao fato de que muitas escolas ainda não estão
preparadas para a utilização desses materiais, portanto o professor necessita de
uma capacitação continuada que lhe de suporte para aplicação desta prática.
“Os jogos e brinquedos, embora sendo um elemento sempre presente na
humanidade desde seu início, não tinham a conotação que tem hoje eram vistos
como fúteis e tinham como objeto a distração, o recreio”. (SANTA, 2004, p. 5)
b) Ao levantar sobre a necessidade do uso de materiais lúdicos para o
ensino da matemática nas séries iniciais registramos as seguintes considerações:
acelera o raciocínio, e por esta razão se aprende mais; incentiva os alunos a gostar
da matemática; maior compreensão dos conteúdos; forma diferente de ensinar;
maior atenção e interação; aprende brincando; aulas mais prazerosas e associa a
realidade com as brincadeiras e os jogos.
Estas afirmações vêm comprovar quando D’Ambrósio (2003) nos coloca:
Pensar em números é abstrato, diferente de pensar em balas. O ensino da matemática assumiu a postura de se encaminhar para o abstrato e se libertar do espontâneo. É daí que vem o distanciamento entre as crianças e a matemática. (D’AMBRÓSIO 2003, p 17)
Em seguida questionamos: c) Qual a sua preocupação quando você (aluno
do curso de formação de docentes) se encontra diante de uma turma para explicar
um conteúdo de matemática?
Pudemos constatar que as limitações se apresentaram: em saber lidar com
a turma; coerência e relevância dos conteúdos; planejamento; respeito às
individualidades; facilitar o desempenho e a aprendizagem dos alunos de maneira
correta para que obtenham melhor entendimento dos conteúdos e relacioná-los com
o seu dia-a-dia.
Com referência a esta questão nota-se que existe uma preocupação em
saber o que fazer, bem como estar preparado para trabalhar os conteúdos
matemáticos.
Dessa forma questionamos: d) Para ser um bom professor nas séries iniciais
é necessário? Ser estimulador (35%), por que os alunos necessitam de estímulos
para desenvolver o conhecimento; ajudando no entendimento de novos conteúdos;
chama a atenção dos alunos para se interessar e estudar mais. Enquanto 32%,
responderam que deve ser crítico e criativo, chamar a atenção para novos
conhecimentos; criar novas maneiras de ensinar e desenvolver o pensamento e o
raciocínio. Já 33%, destacaram que é necessário ser mediador, instigador,
questionador, problematizador, estimulador, ser crítico e criativo, pois quando o
professor usa destas características em suas práticas, os alunos se interessam mais
pelas aulas e pelos conteúdos e isso torna as aulas mais atrativas.
e) Em relação ao erro dos alunos, percebemos variadas formas de se
trabalhar com a correção: 2% responderam que devem apresentar a forma certa ao
aluno e estimulá-lo para que ele perceba por si só onde errou. Enquanto 20%
responderam que se deve relacionar o erro ao acerto, partindo dos princípios:
explicar o correto; relacionar o correto para perceber seu erro; partindo do erro para
o acerto. 78% responderam que se deve partir do erro para o acerto, por que
mostrar o erro e explicar o certo é de extrema relevância para que o aluno observe
por si próprio onde errou e porque errou e assim procure respostas para a
construção do conhecimento de forma correta e a utilização de materiais concretos
na reconstrução da atividade facilita a aprendizagem.
f) No que se refere ao sistema de avaliação utilizada constatou-se que: 3%
responderam que as avaliações devem ser periódicas, 5% responderam que as
avaliações dever ser orais e escritas e 92% responderam que o aluno deve ser
acompanhado em suas ações durante todo o processo. Dessa forma consideramos
que as aferições são sempre necessárias e constantes, de acordo com o sistema de
avaliação, destacamos que o sistema de ensino estadual faz-se dessa prática, a
avaliação diagnóstica e formativa.
g) Quando questionados sobre os materiais lúdicos, 70% indicaram que não
encontram dificuldades, e destacam: os materiais ajudam na atenção e instigam o
aluno em aprender e tornam as aulas mais atraentes. Permite ao professor maior
domínio e segurança, simplifica as explicações e permite maior apropriação do
conteúdo. É mais simples para explicar aos alunos. Desperta maior interesse por
que eles gostam dos jogos e se entregam totalmente a essa prática, além do que os
alunos se divertem aprendendo, através das brincadeiras, das músicas e jogos.
Entretanto, 30% dos alunos questionados relataram que encontram
dificuldades na prática com o material lúdico: Falta ao professor o conhecimento de
como trabalhar ludicamente, dificuldade em aprender os conteúdos de matemática,
relacionando-os com sua prática diária, a matemática parece muito abstrata.
Materiais desconhecidos e falta condições da escola em proporcionar os materiais.
Em consonância com as respostas acima, percebe-se que o material lúdico
é importante por isso é necessário respeitar a individualidade da criança, nesse
processo tão significativo da construção do seu conhecimento. Sendo assim, é
necessário sempre capacitar os futuros professores, para que os mesmos possam
conciliar a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar.
Os 30% das respostas que encontram dificuldades em trabalhar com material
lúdico vem afirmar nossa pesquisa, que o professor precisa de capacitação para
manusear e trabalhar com segurança, melhorando assim a aprendizagem e o prazer
em aprender matemática.
Mediante análise das respostas percebemos que uma grande maioria
conhece o material (jogos e brinquedos) e que esses contribuem para aumentar a
motivação da aprendizagem e desenvolver a autoconfiança, organização,
concentração, estimulando interação e socialização.
Segundo D`Ambrósio (2003) “ o natural seria a matemática ser tratada como
um conhecimento presente em todas as coisas do cotidiano das pessoas com um
instrumento que trouxe de sua vida.” (D`AMBRÓSIO , 2003, p. 15).
Numa análise geral de todas as respostas percebemos que a maioria dos
alunos questionados tem um conhecimento sobre os materiais lúdicos, mas com
finalidades diferentes ao que foi proposto neste trabalho. Os materiais chamam
atenção pelas cores ou simplesmente pelo brinquedo ou jogo em si, sem uma
análise ou questionamento. Percebe-se também que estes materiais não são
explorados pelos professores em sala de aula, mesmo estando disponível na escola.
Outro item importante foi sobre a aplicação de jogos, levantando a questão do
ganhar e perder, do jogo como competição, assinalando as diferenças e
semelhanças entre eles, dos alunos que só perdem e os que só ganham e do fato
de que é necessário aprender a ganhar e a perder.
Percebeu-se também durante as oficinas a dificuldade de certas alunas em
manipular a confecção e produzir seu material, mas mesmo na dificuldade houve um
grande comprometimento na tentativa de sua produção. No decorrer do trabalho e à
medida que se desenvolviam as oficinas, surgiam novos jogos, melhorando os já
produzidos e apresentados.
5. Considerações Finais
Este estudo contemplou os objetivos propostos no projeto inicial, e pudemos
observar ao final das oficinas e da aplicação do questionário que os alunos do
segundo ano do Curso de Formação de Docentes, ainda não estavam aptos a usar
os jogos e brinquedos como estratégia metodológica em sua prática docente, não
conseguindo mediar o real e o imaginário, deixando assim de compreender a
importância do lúdico na vida social e na aprendizagem da criança.
A partir das estratégias utilizadas para a coleta de dados, contatamos que as
alunas compreenderam a importância da utilização dos jogos na prática pedagógica
para o ensino da matemática, para a absorção dos conteúdos de forma prazerosa e
com maior interesse por parte dos educandos.
Observou-se também que a escola além de abordar os conteúdos, deve ser
um espaço que proporcione a criatividade, imaginação, comunicação e a expressão
na construção do conhecimento.
Neste sentido, destacamos que o lúdico deve facilitar a compreensão das
abstrações matemáticas, sem desestimular a seriedade do trabalho de ensinar e
aprender. É preciso que o educando saiba que estudar requer seriedade e atenção,
mesmo quando é por meio de jogos e ou brincadeiras, pois estes são um meio para
que o cérebro alcance mais rapidamente as conclusões desejadas.
Podemos considerar que diante dos questionários e das oficinas, foi possível
perceber que as respostas apresentadas pelos alunos do segundo ano do curso de
formação de docentes, estão acordando com os autores utilizados para fundamentar
esse trabalho, percebemos claramente que as dificuldades na aprendizagem da
matemática deve-se a forma abstrata de ensinar, o que retira as operações
matemáticas do cotidiano dos alunos e os leva a crer que ninguém consegue
entender a ciência matemática. Ao transpor a forma de ensinar para uma forma
lúdica e concreta, inserindo a matemática em suas vidas, em operações desde as
mais simples até as mais complexas, o educando passa apropriar-se do
conhecimento e então ele mesmo pode abstrair as conclusões
6. Referencias
ALMEIDA, Teodorico Pinheiro de Almeida. Brincando com Palitos. Petrópolis, Vozes, 2007.
AMARAL, Arleandra Cristina do. Ensino Fundamental dos Nove Anos. Curitiba-Pr-SEED, 2010. Distribuição Gratúita
D’AMBROSIO. Beatriz S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM. Ano II. n. 2. Brasília. p 15 a 19, 2003.
DECEs......PARANÁ.Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemáticas – Curitiba: SEED, 2008.ir Curriculares
GOLBERT, Clarissa S. Matemática nas Séries Iniciais – O Sistema Decimal da Numeração. Porto Alegre: Mediação, 1999.
KISHIMOTO, Tizuk Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a educação. São
Paulo: Cortez, 2000.
MEC, Secretaria de Ed. Básica. Pró-Letramento: Programa de Formação
Continuada de professores dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental:
Matemática. ed. rev. ampl. Incluindo SAEB/Prova Brasil. Brasília: SEB, 2007. p 308
OLIVEIRA, João Batista Araujo. A Escola Vista Por Dentro. Alfa Educativa. Belo Horizonte, 1992.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Diretrizes
Curriculares da Educação Básica de Matemática. Curitiba: SEED, 2008.
PIAGET, Vygostki e Wallon. Psicogenéticas em Discussão. Summos. São Paulo,
1992.
SANTIN, Silvino. Da Alegria do Lúdico à Opressão do Rendimento. Porto
Alegre.Est Edições, 2001.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. Sucata de Brinquedos. Porto Alegre: Artmed,
1995.
SEED, Ensino Fundamental dos nove anos.Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, Curitiba-Pr.
TOMASE, Yamamotto. Metodologia da Pesquisa em Saúde: Fundamentos
Essenciais. Est Edições. Curitiba. 1999