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Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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O LIVRO
DE DANIEL
E SUA
ÉPOCA
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Apocalíptica: Busca de um Tempo sem Fronteiras
1. Filha e Herdeira da Profecia
O verbo grego kalýpto significa "cobrir", "esconder", "ocultar", "velar". Neste sentido
ele é usado, por exemplo, em Lc 23,30 ou 2Cor 4,3. Aqui, Paulo diz: "Por
conseguinte, se o nosso evangelho permanece velado (kekalymménon) está velado
(kekalymménon) para aqueles que se perdem...".
Na LXX, kalypto é usado no mesmo sentido em Ex 24,15;27,2; Nm 9,15; 1Rs 19,13 e
em muitos outros lugares. Ex 24,14 diz: "Depois, Moisés e Josué subiram à
montanha. A nuvem cobriu (ekálypsen) a montanha". Nm 9,15 diz: "No dia em que
foi levantada a Habitação, a Nuvem cobriu (ekálypsen) a Habitação, ou seja, a
Tenda da Reunião...". O verbo hebraico assim traduzido é khâsah, "cobrir",
"ocultar"[1].
A preposição grega apó indica um movimento de afastamento ou retirada de algo
que está na parte externa de um objeto. Assim é usada em Mt 5,29: "Caso o teu olho
direito te leve a pecar, arranca-o e lança-o para longe de ti (apó sou)".
Em hebraico, o verbo gâlâh é usado com o significado de "despir", "descobrir",
"revelar", "desvelar". Ex 20,26 diz: "Nem subirás o degrau do meu altar, para que
não se descubra (thigâleh) a tua nudez". E 1Sm 2,27: "Um homem de Deus veio a Eli
e lhe disse: 'Assim diz Iahweh. Eis que me revelei (nighlêthî) à casa de teu pai...'".
Dn 2,29 usa o verbo gâlâh para a revelação do que deve acontecer: "Enquanto
estavas sobre o teu leito, ó rei, acorriam-te os pensamentos sobre o que deveria
acontecer no futuro, e aquele que revela (weghâlê') os mistérios te deu a conhecer o
que deve acontecer".
LXX traduz o verbo gâlâh pelo grego apokalýptô, que significa "descobrir",
"revelar", "desvelar", "retirar o véu".
O NT usa o mesmo verbo neste sentido. Mt 10,26, por exemplo: "Não tenhais medo
deles, portanto. Pois nada há de encoberto que não venha a ser descoberto
[1]. Kalýpto vem do indo-europeu *kelu, de *kel, resultando em celo (= esconder, ocultar) no latim, helan no Alto Alemão Antigo, Höhle (= caverna) e Hölle (= inferno) no alemão moderno, hell (= inferno) no inglês. O termo vem para a koiné através do jônico. É muito usado por Homero e pelos poetas líricos e trágicos gregos. Cf. KITTEL, G. (ed.), Theological Dictionary of the New Testament, vol. , Grand Rapids, Eerdmans, 1981, verbete kalýpto.
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(apokalyfthêsetai)". Ou Lc 10,22: "Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém
conhece quem é o Filho senão o Pai, e quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o
Filho o quiser revelar (apokalýpsai)".
Deste verbo deriva o substantivo feminino grego apokálypsis, "revelação",
"apocalipse". Em Gl 2,2 Paulo diz a propósito de sua ida a Jerusalém: "Subi em
virtude de uma revelação (apokálypsin)...". E o livro do Apocalipse começa assim:
"Revelação (apokálypsis) de Jesus Cristo...".
De "apocalipse" deriva "apocalíptica" e é exatamente com esse nome que
designamos uma corrente de pensamento e uma literatura surgidas em Israel entre
os anos 200 a.C. e 100 d.C., mais ou menos.
Os israelitas sempre haviam considerado fundamental para a comunicação com
Iahweh a existência dos profetas. Dt 18,18 diz que a Moisés Iahweh garantira: "Vou
suscitar para eles um profeta como tu, do meio dos seus irmãos. Colocarei as
minhas palavras em sua boca e ele lhes comunicará tudo o que eu lhes ordenar".
Sem Iahweh não existe Israel e sem profecia não se pode saber a vontade de Iahweh.
Ezequiel, falando da crise que se aproxima no confronto com a Babilônia, no século
V a.C., já alerta: "Os desastres se sucederão; haverá boato sobre boato. Buscar-se-á
uma visão de profeta, mas a lei fará falta ao sacerdote, e o conselho aos anciãos"
(Ez 7,26).
O Sl 74,9, lamentando a destruição do Templo de Jerusalém pelos babilônios em 586
a.C., diz: "Já não vemos nossos sinais, não existem mais profetas. E dentre nós
ninguém sabe até quando".
Também Lm 2,9, descrevendo o desastre de 586 a.C., diz de Jerusalém:"Por terra
derrubou suas portas, destruiu e quebrou seus ferrolhos, seu rei e seus príncipes
estão entre os gentios: não há Lei! E seus profetas já não recebem visão de Iahweh".
Já na difícil volta do exílio babilônico, o Sl 77,9-10 joga a seguinte pergunta: "Seu
amor esgotou-se para sempre?Terminou a Palavra para gerações de gerações? Deus
esqueceu-se de ter piedade ou fechou as entranhas com ira?".
1 Macabeus, obra escrita entre 90 e 70 a.C., e que relata a crise desencadeada, na
Judéia, pela helenização forçada, no século II a.C., faz repetidas alusões ao fim da
profecia.
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Quando, em dezembro de 164 a.C., Judas Macabeu recupera o controle do Templo -
que estava nas mãos do partido helenizante - e o purifica, há o problema do altar
dos holocaustos que fora profanado e precisa ser demolido. "Demoliram-no, pois, e
puseram as pedras no monte da Morada, em lugar conveniente, à espera de que
viesse algum profeta e se pronunciasse a esse respeito", diz 1Mc 4,46.
Após a morte de Judas Macabeu, o partido helenizante assume novamente o
controle da Judéia, enquanto Jônatas, irmão de Judas e seu sucessor na luta, se
refugia no deserto de Técua. 1Mc 9,27 avalia a situação com as seguintes palavras:
"Foi esta uma grande tribulação parra Israel, qual não tinha havido desde o dia em
que não mais aparecera um profeta no meio deles".
Alguns anos mais tarde, quando o rei selêucida Demétrio confirma o macabeu
Simão no sumo sacerdócio, diz 1Mc 14,41 que "os judeus e seus sacerdotes haviam
achado por bem que Simão fosse o seu chefe e sumo sacerdote para sempre, até que
surgisse um profeta fiel".
Pode-se perceber que, para os judeus desta época, a profecia silenciara. Após Ageu,
Zacarias e Malaquias não surgiam mais profetas. Na linguagem da época se diz que
"os céus estão fechados" e o Espírito de Iahweh não mais se manifesta. Os judeus
esperam, portanto, a chegada da era messiânica, pois só com o Messias os céus se
abrirão e ele poderá receber o Espírito de Iahweh.
Na obra conhecida como Testamentos dos Doze Patriarcas, escrita entre 130 e 63 a.C., o
tema da abertura dos céus e da presença do Espírito na era messiânica é freqüente,
especialmente nos Testamentos de Levi e de Judá.
Diz o Testamento de Levi em 2,3.6: "Quando pastoreávamos nossos rebanhos em
Abelmaul, veio sobre mim o espírito da sabedoria do Senhor (...) Então os céus se
abriram e..."
E em 18,6 há um texto muito interessante, se comparado com a cena do batismo de
Jesus nos evangelhos: "Os céus se abrirão e do templo glorioso descerá sobre ele a
santificação com a voz do Pai, como a de Abraão a Isaac".
No Testamento de Judá 24,1-3 se lê: "Depois disto se levantará em paz um astro da
linhagem de Jacó e surgirá um homem de minha semente como sol justo,
caminhando junto com os filhos dos homens em humildade e justiça e não se
encontrará nele nenhum pecado. Os céus se abrirão sobre ele para derramar as
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bênçãos do Espírito do Pai Santo. Ele mesmo derramará também o espírito de graça
sobre vós. Sereis seus filhos na verdade e caminhareis pelo caminho de seus
preceitos, os primeiros e os últimos"[2].
Nos Manuscritos do Mar Morto, encontrados nas vizinhanças de Qumran, e
supostamente escritos pelos essênios entre os séculos II a.C. e I d.C., há várias
referências ao Messias e à era messiânica.
Explicando Is 11,1-5 diz 4QpIsa III,11-22, um comentário de Isaías encontrado na
gruta 4 de Qumran: "[Sairá um broto do to]co de Jessé e brotará de sua ra[iz um
rebento. Pousará] sobre ele o espí[rito] [do Senhor: espírito] de prudência e
sabedoria, espírito de con[selho e valentia], espírito de conhecimento [e temor do
Senhor, e seu prazer estará no temor do] Senhor. [Não julgará] pelas aparências
[nem sentenciará só por escutas]; julgará [com justiça os pobres e decidirá] [com
retidão para os mansos da terra. Destruirá com o bastão de sua boca e com o alento
de seus lábios] [executará o malvado. A justiça será o cinturão de] seus lombos e a
fi[delidade o cinturão de suas costas]. [...][A interpretação da citação se refere ao
rebento] de Davi que brotará [nos dias futuros, posto que] [com o alento de seus
lábios executará os] seus inimigos e Deus sustentará com [o espírito de] valentia
[...] trono de glória, coroa [santa] e vestes bordadas [...] em sua mão. Dominará
sobre todos os povos e Magog [...] sua espada julgará todos os povos".
Já o manuscrito classificado como 4Q521, espécie de apocalipse messiânico, diz em
II, 1-6: "[Pois os cé]us e a terra escutarão o seu Messias, [e tudo] o que há neles não
se apartará dos preceitos santos. Alentai-vos, os que buscais ao Senhor em seu
serviço. Acaso não encontrareis nisso o Senhor, (vós) todos os que esperam em seu
coração? Porque o Senhor observará os piedosos, e chamará pelo nome os justos, e
sobre os pobres pousará seu espírito, e aos fiéis os renovará com sua força".
O que se verifica é a esperança de que a situação de calamidade que se prolonga
desde o exílio, possa ter um fim com a chegada do Messias que vem libertar aquele
Israel que permanece fiel a Iahweh. Este tema parece generalizado nos últimos dois
séculos antes de Cristo e no século I d. C.[3].
[2]. Cf. DIEZ MACHO, A., Apócrifos del Antiguo Testamento V, Madrid, Cristiandad, 1987, pp. 11-158. É possível, entretanto, que este último texto seja uma reelaboração cristã de um conjunto de textos messiânicos judaicos. "Mas se a passagem não é uma reelaboração cristã, demonstraria que tal profecia sobre o Messias tinha ampla circulação antes de Cristo", comenta a obra citada, p. 86, na nota a 24,2.
[3]. O Livro Etiópico de Henoc, obra apocalíptica escrita nos séculos II-I a.C., talvez proveniente de um ambiente farisaico, diz, por exemplo, em 52,1-9 que o Eleito (o Messias),
quando chegar derrubará seis reinos que dominam o mundo e acolherá os justos e santos.
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Alguns profetas pós-exílicos comprometem-se com a reconstrução do Templo e de
Jerusalém, como Ageu e Zacarias. Outros procuram manter a comunidade judaica
na observância das normas do javismo e esperam a libertação do país através de
uma ação divina. Mas o próprio Templo, depois de reconstruído, acaba se
transformando em instrumento de manutenção do domínio persa, depois grego,
traindo os planos proféticos. Além do que, a instituição de uma Lei escrita, a partir
de Esdras, marginaliza o profeta, que é um "carismático" e, portanto, sempre
perigoso para leis estabelecidas.
G. von Rad já apontava algumas das causas da falência da profecia na sua "Teologia
do Antigo Testamento":
após Alexandre Magno nenhum grande acontecimento histórico mundial
significativo afeta a Palestina. E é à sombra destes acontecimentos que
surgem os grandes profetas
Ageu e Zacarias ainda vêem a reconstrução do Templo como um
acontecimento escatológico, que possibilitaria a mudança da situação. mas
vem o escrito sacerdotal (P), talvez trazido pelos sacerdotes que voltam do
exílio, e sua teologia do culto, nada escatológica, abafa as expectativas
proféticas de uma reviravolta
a consolidação da comunidade pós-exílica, baseada na aristocracia
sacerdotal - embora seja uma comunidade modesta - marginaliza as idéias
de uma mudança necessária defendida pelos profetas
e, por último, a Lei vai se transformando em valor absoluto, acabando com
o espaço profético[4].
R. R. Wilson acredita que o conceito de profecia presente na teologia
deuteronomista seja um dos responsáveis pelo descrédito da profecia pós-exílica.
Pois diz Dt 18,22: "Se o profeta fala em nome de Iahweh, mas a palavra não se
cumpre, não se realiza, trata-se então de uma palavra que Iahweh não disse. Tal
profeta falou com presunção. Não o temas!".
Palavras como as de Jeremias e outros profetas que diziam ser inevitável a catástrofe
do exílio se cumpriram. Mas, e as promessas de restauração que tantos fizeram? E a
invencibilidade de Jerusalém defendida por muitos? E a era de grande prosperidade
que não chegava?
[4]. Cf. VON RAD, G., Teologia del Antiguo Testamento II, Salamanca, Sígueme, 1972, pp. 372-373. Cf. também VON RAD, G., Teologia dell'Antico Testamento I, Brescia, Paideia,
1972, pp. 117-127. Aqui Von Rad trabalha o elemento carismático como característico da religião israelita, pois se acredita então na presença do espírito de Iahweh no meio do povo.
Este espírito está presente em diversas pessoas e em variadas circunstâncias, como nos juízes e suas ações militares. Mesmo a monarquia israelita tem de si uma visão carismática. Mas
a instituição que mais se caracteriza neste sentido é a profética. Só que no pós-exílio o profetismo cederá seu lugar para os sacerdotes e os sábios.
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"Para a população em geral a demora em se cumprirem as promessas proféticas pré-
exílicas e exílicas simplesmente levantou dúvidas sobre a autoridade dos próprios
profetas, dúvidas que foram reforçadas pelo fato de os oráculos dos profetas
jerosolimitanos não se terem cumprido. Por esta razão, ao povo pode ter diminuído
constantemente a vontade de reconhecer a autoridade de profetas de qualquer tipo,
e, faltando o necessário apoio social, os profetas deixaram de existir"[5].
Mas a falência da profecia deixa um vazio que precisa ser preenchido, pois os
problemas continuam. É aí que surge a apocalíptica. Neste sentido, a apocalíptica é
filha e herdeira da profecia. Parece que grupos proféticos marginalizados pelo
crescente poder sacerdotal vão sendo empurrados na direção da apocalíptica[6].
"Com a apocalíptica - e é aí que se situa a grande diferença - operava-se, portanto, a
passagem do profeta que fala para o profeta que escreve, da era do oráculo para a
era do livro", observa A. Paul[7]. O Apocalipse do NT se diz um livro apocalíptico
(1,1: "Revelação...") e, ao mesmo tempo, um livro profético (1,3: "Feliz o leitor e os
ouvintes das palavras desta profecia...").
G. von Rad tenta demonstrar, em hipótese de pouco sucesso, que seria da corrente
de pensamento sapiencial que nasce a apocalíptica. Acredita Von Rad que "a
apocalíptica parece estar enraizada de maneira particular nas tradições da
sabedoria"[8].
As razões para tal afirmação:
de Daniel se diz, em seu livro (Dn 1,3ss), que é formado com os sábios da
corte, tornando-se, mais tarde, "chefe supremo de todos os sábios de
Babilônia" (Dn 2,48)
Henoc é considerado um "escriba", "um escriba justo" (1Hen 12,3-
4;15,1;92,1), cuja sabedoria supera a de todos os homens (1Hen 37,4)
Esdras é considerado um escriba da ciência do Altíssimo (4Esd 14)
estes personagens ocupam-se com problemas astronômicos e cosmológicos
e com a ordem dos eventos históricos e dão grande importância aos livros
(1Hen 14,1;33,4;72,1 etc; 4Esd 14,24.44)
1Hen 37-71 se define como um discurso de sabedoria (37,2)
[5]. WILSON, R. R., Profecia e sociedade no antigo Israel, São Paulo, Paulus, 1993, p. 277.
[6]. Cf. ROWLEY, H. H., A importância da literatura apocalíptica, São Paulo, Paulus, 1980, pp. 11-53. WILSON, R. R., o. c., p. 278, assinala que "em termos de estrutura sociológica,
grupos periféricos de sustentação profética e grupos apocalípticos são estreitamente relacionados entre si, e, sendo assim, não é difícil entender como um tenha podido desenvolver-se
rumo ao outro".
[7]. PAUL, A., O que é o Intertestamento, São Paulo, Paulus, 1981, p. 64.
[8]. VON RAD, G., Teologia del Antiguo Testamento II, p. 383. Cf. os seus argumentos nas pp. 381-390.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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a busca de conhecimento é uma constante nos livros apocalípticos,
característica da sabedoria
a concepção de história dos livros apocalípticos - tudo já está definido desde
o começo dos tempos - é inconciliável com a concepção profética de que isto
depende do comportamento de Israel
Kalýpto vem do indo-europeu *kelu, de *kel, resultando em celo (= esconder, ocultar)
no latim, helan no Alto Alemão Antigo, Höhle (= caverna) e Hölle (= inferno) no
alemão moderno, hell (= inferno) no inglês. O termo vem para a koiné através do
jônico. É muito usado por Homero e pelos poetas líricos e trágicos gregos. Cf.
KITTEL, G. (ed.), Theological Dictionary of the New Testament, vol. , Grand Rapids,
Eerdmans, 1981, verbete kalýpto.
DANIEL E A APOCALIPTICA
P. D. Hanson, entretanto, recusa esta hipótese - e também a de uma influência
iraniana imediata - e diz que o método de comparação direta entre a profecia e a
apocalíptica fatalmente leva à conclusão de descontinuidade entre um pensamento
do século sétimo e outro do século segundo. Segundo Hanson, as raízes da
apocalíptica podem ser claramente detectadas no pensamento profético, havendo, é
claro, uma evolução na sua forma.
"As origens da apocalíptica não podem ser explicadas por um método que justapõe
textos do sétimo e do segundo séculos e, em seguida, procura as características dos
últimos na relação com seu contexto imediato. A literatura apocalíptica do século
segundo e posteriores é o resultado de um longo desenvolvimento que começa no
pré-exílio, e não um recém-nascido filho de pais estrangeiros do século segundo.
Não somente suas origens, mas também a própria natureza das obras apocalípticas
mais recentes só podem ser compreendidas através da reconstrução de seu longo
desenvolvimento através dos séculos, no qual a escatologia apocalíptica nasce da
profecia e até mesmo de outras raízes mais arcaicas"[9].
2. Literatura de Resistência
Mas é a partir do século II a.C., no momento das grandes crises nacionais, quando
Israel, agredido por outros povos, corre o risco de desaparecer como nação, que a
apocalíptica floresce com grande força.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Poderíamos dizer que há, assim, três fases marcantes na história da apocalíptica:
a época da guerra dos Macabeus contra Antíoco IV Epífanes e o partido
helenizante, no séc. II a.C.
a partir do domínio romano, que se inicia com Pompeu em 63 a.C.
durante as guerras judaicas contra os romanos em 66-73 d.C. e 131-135 d.C.
Deste modo, a literatura apocalíptica funciona como uma literatura de resistência:
através da escrita, Israel se manifesta vivo e atuante. Os céus estão fechados? A
história, porém, é ainda possível: através do livro, manifesta-se o Espírito, que
garante a identidade do povo de Israel.
Provavelmente a mais antiga obra da apocalíptica judaica, o livro de Daniel é uma
peça literária de resistência escrita na época da luta dos Macabeus contra a
helenização no século II a.C.[10].
Daniel não é o autor do livro. Estamos frente a um texto apocalíptico, escrito em 164
a.C., cujo autor se esconde por trás de um pseudônimo. Daniel talvez jamais tenha
existido, embora haja pistas de um certo Danel em Ez 14,14.20;28,3 e um Dnil que
aparece no poema de Aqhat encontrado em Ugarit, e que podem ter inspirado o
legendário personagem bíblico[11].
Ez 14,14.20 cita Danel ao lado de Noé e Jó: três homens justos, três heróis populares.
Eles são lembrados aqui para dizer que nem estes três justos conseguiriam salvar do
castigo uma sociedade que abandonasse Iahweh. Ez 28,3
qualifica-o como sábio, em um oráculo contra o rei de Tiro, quando diz: "Certo, és
mais sábio do que Danel, nenhum sábio há que se iguale a ti".
Entretanto, o sábio Daniel (= Deus julga), um jovem judeu de Jerusalém, é o
protagonista desta narrativa que estrategicamente é situada na época dos reis
babilônicos e persas, no tempo do exílio.
No capítulo 1 o texto conta como, após a deportação dos judeus de Jerusalém para a
Babilônia, alguns jovens judeus de famílias nobres são escolhidos e educados
durante três anos para, em seguida, servirem ao rei. Entre eles - terão os nomes
[9]. HANSON, P. D., The Dawn of Apocalyptic, Philadelphia, Fortress Press, 1983, p. 6. Cf. também a crítica de Peter von der Osten-Sacken a Von Rad em AA. VV., Apocalipsismo, São
Leopoldo, Sinodal, 1983, pp. 121-170.
[10]. Sobre Daniel, cf. SCHÖKEL, L. A./SICRE DIAZ, J. L., Profetas II, São Paulo, Paulus, 1991, pp. 1259-1349; MARCONCINI, B., Daniel, São Paulo, Paulus, 1984; STORNIOLO, I.
Como ler o livro de Daniel. Reino de Deus x Imperialismo, São Paulo, Paulus, 1994; GRELOT, P., O livro de Daniel, São Paulo, Paulus, 1995.
[11]. Cf. DEL OLMO LETE, G., Mitos y leyendas de Canaan según la tradición de Ugarit, Madrid, Cristiandad, 1981, pp. 325-401. Comenta o autor na p. 356: "Talvez o núcleo
histórico possa se radicar na lembrança e exaltação de um príncipe lendário estrangeiro, hábil caçador, morto em idade prematura, filho do não menos lendário rei Dnil".
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trocados - estão Daniel (Baltassar), Ananias (Sidrac), Misael (Misac) e Azarias
(Abdênego). Só que a descrição do período babilônico feita pelo livro é imprecisa e
seu conhecimento das cortes babilônica e persa superficiais.
Não houve, como o livro afirma, uma deportação em 605 a.C.; Baltasar é filho de
Nabônides e não de Nabucodonosor; Dario, que é persa e não medo, é um dos
sucessores de Ciro e não seu predecessor... Além do que, a doutrina sobre os anjos, o
costume de evitar o nome de Iahweh e outros elementos não são daquele tempo, do
exílico, mas bem posteriores.
Enfim, uma série de dados que acabam mostrando que a finalidade do livro e seu
gênero literário não são históricos. É um escrito da resistência judaica, no duro
período da perseguição selêucida. Daniel quer mostrar que, apesar de tudo, é
preciso ter uma fé inabalável em Iahweh, porque mais cedo ou mais tarde os judeus
sairão vitoriosos e engrandecidos.
2.1. Conteúdo de Daniel
Dn 1,1-21: Nabucodonosor + Daniel, Ananias, Misael e Azarias
Corte de Nabucodonosor: jovens judeus escolhidos por Nabucodonosor para
servirem na corte - destacam-se Daniel (Baltassar), Ananias (Sidrac), Misael (Misac)
e Azarias (Abdênego).
Dn 2,1-49: Nabucodonosor + Daniel
Corte de Nabucodonosor: Nabucodonosor sonha com uma estátua de quatro metais,
simbolizando os impérios - Daniel interpreta o sonho.
Dn 3,1-30: Nabucodonosor + Sidrac, Misac e Abdênego
Corte de Nabucodonosor: Nabucodonosor manda fazer enorme estátua de ouro que
todos os dignitários devem adorar na cerimônia de inauguração - Sidrac, Misac e
Abdênego se recusam, são lançados em uma fornalha acesa, mas nada sofrem,
protegidos por Deus.
Dn 3,31-4,34: Nabucodonosor + Daniel
Corte de Nabucodonosor: Nabucodonosor comunica aos súditos o sonho
premonitório de sua loucura, a interpretação de Daniel, a realidade da loucura e sua
cura ao reconhecer a soberania de Deus.
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Dn 5,1-6,1: Baltazar + Daniel
Corte de Baltazar, na Babilônia, “filho de Nabucodonosor”: o rei, no meio de uma
festa em que usa os utensílios do Templo de Jerusalém, tem a visão de sua queda -
Daniel interpreta a visão e é recompensado - o rei é assassinado na mesma noite.
Dn 6,2-29: Dario + Daniel
Corte de Dario: os inimigos de Daniel conseguem uma proibição de se adorar
qualquer deus durante 30 dias. Daniel, o principal ministro, desobedece, é preso e
jogado para os leões, que nada lhe fazem - Dario exige de todos que se respeite o
deus de Daniel.
Dn 7,1-29: governo de Baltazar + Daniel
Babilônia, governo de Baltazar: Daniel sonha com quatro animais terríveis que saem
do mar, com a intervenção do Ancião e o poder do Filho do Homem, que é o povo
santo que afinal vencerá.
Dn 8,1-27: governo de Baltazar + Daniel
Susa, no Elam, governo de Baltazar: Daniel tem a visão do carneiro e do bode - o
anjo Gabriel explica-lhe a visão.
Dn 9,1-27: governo de Dario + Daniel
Governo de Dario, “filho de Xerxes”, o medo: Daniel procura o significado dos 70
anos até a restauração de Jerusalém, segundo Jeremias - o anjo Gabriel explica o
significado a Daniel.
Dn 10,1-12,13: governo de Ciro + Daniel
Governo de Ciro, rei da Pérsia: Daniel vê um homem vestido de linho etc, conversa
com um anjo e ouve as explicações do que está escrito no “Livro da Verdade” sobre
o governo dos Ptolomeus e Selêucidas (com grandes detalhes), sobre Antíoco IV
Epífanes e sobre o destino do povo judeu...
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2.2. Dn 2, 1-49: A Estátua de Quatro Metais
Um bom exemplo do modo apocalíptico de pensar é Dn 2, 1-49, texto que narra o
sonho de Nabucodonosor com a estátua de quatro metais, sonho que é interpretado
por Daniel.
O texto pode ser lido em seis seqüências. Nelas tentarei mostrar as relações e
oposições básicas entre personagens, circunstâncias e valores.
a) 2,1-13
Cenário: corte de Nabucodonosor. O texto conta que Nabucodonosor, ainda no
segundo ano de reinado, tem sonhos tão perturbadores que lhe provocam insônia.
Convoca então o rei magos e adivinhos e exige deles que lhe contem o sonho e o
interpretem para não serem mortos com suas famílias e possam ser magnificamente
recompensados. Os especialistas, entretanto, querem primeiro ouvir o sonho, como
é natural, para que possam interpretá-lo. Dizem: "O problema que o rei propõe é
difícil e ninguém pode resolvê-lo diante do rei senão os deuses, cuja morada não se
encontra entre os seres de carne" (v. 11). Então, o rei promulga o decreto de
extermínio de todos os sábios da Babilônia, inclusive Daniel e seus companheiros.
Observamos aqui algumas oposições básicas: o poder absoluto e despótico do rei se
contrapõe ao servilismo e à impotência dos sábios babilônicos, que são seus servos.
Contrapõe-se igualmente o poder dos deuses, que tudo podem e sabem, à limitação
dos homens, que não podem saber os pensamentos do rei. Ainda: o despotismo real
aparece fortemente no poder do rei de fazer alguém viver em grande honra ou
morrer em grande desgraça.
b) 2,14-19a
O texto continua dizendo que, ao se informar com o chefe da guarda encarregado da
execução dos sábios, Daniel vai ao rei e lhe pede um prazo, no fim do qual ele
mesmo interpretará o sonho para o rei. Adiada a execução, "Daniel voltou para sua
casa e comunicou o fato a Ananias, Misael e Azarias, seus companheiros, pedindo-
lhes que implorassem a misericórdia do Deus do céu sobre esse mistério..." (vv. 17-
18). Então, o mistério é revelado a Daniel numa visão noturna.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Aqui, três atitudes se diferenciam nitidamente: a atitude de força do rei, usando o
seu poder militar para punir, o imobilismo dos sábios que nada fazem e a iniciativa
de Daniel, que, sabiamente, negocia uma saída para a crise. E se os sábios babilônios
nada fazem, é porque não têm a quem recorrer. Daniel e seus companheiros,
entretanto, recorrem ao Deus do céu - expressão muito usada no AT para designar
Iahweh em ambiente não judaico. Há ainda a oposição entre o "mistério", o enigma,
o segredo (o sonho do rei) que ninguém consegue desvendar e a revelação em visão.
O que desequilibra, de fato, as coisas em favor de Daniel e companheiros é "a
misericórdia do Deus do céu".
c) 2,19b-23
Agora Daniel agradece ao Deus do céu, usando a típica fórmula judaica para a
"bênção": uma invocação ao nome de Deus, seguida de uma comemoração de seus
benefícios, terminando com a repetição da invocação e breve menção do benefício
particular: "Tu me fazes conhecer agora o que de ti havíamos implorado, e o enigma
do rei no-lo dás a conhecer" (v. 23b), conclui Daniel.
O ponto central da oração de Daniel encontra-se na convicção de que a sabedoria, a
ciência e a força vêm do Deus do céu, que as concedem aos homens, e não de reis
(força) e sábios (sabedoria). É Deus quem concede estes dons e ao homem que os
recebe compete agradecer: "A Ti, Deus de meus pais, dou graças e te louvo por me
teres concedido a sabedoria e a força" (v. 23a), diz Daniel.
d) 2,24-28
Daniel comparece, finalmente, diante do rei e se diz capaz de dar ao rei a
interpretação de seu sonho. Como o rei quer, além da interpretação, também o
sonho, Daniel lhe diz que este mistério, "nem os sábios nem os adivinhos nem os
magos nem os astrólogos podem dá-lo a conhecer ao rei. Mas há um Deus no céu
que revela os mistérios, e que dá a conhecer ao rei Nabucodonosor o que deve
acontecer no fim dos dias" (vv. 27b-28a).
O contraste principal deste quadro é entre a impotência - mais uma vez - dos sábios,
adivinhos, magos e astrólogos e o Deus do céu que vela os acontecimentos e os dá a
conhecer a Daniel que lhe é fiel. E isto é ainda mais significativo se lembrarmos que
a Babilônia é a terra dos maiores adivinhos e astrólogos da antigüidade. A
adivinhação é a maior das ciências nesta época.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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e) 2,29-45
Daniel, prossegue o texto, expõe ao rei o seu sonho. Nabucodonosor sonhara com
enorme estátua composta de quatro metais: a cabeça, de ouro; o peito e os braços de
prata; o ventre e as coxas, de bronze; as pernas, de ferro; e os pés, parte de ferro e
parte de argila. Entretanto, uma pedra, não lançada por mão humana, bate na
estátua que é pulverizada e levada pelo vento. A pedra torna-se uma grande
montanha que enche toda a terra. Em seguida, Daniel explica ao rei que ele,
Nabucodonosor, é a cabeça de ouro da estátua; a prata representa um reino inferior
ao dele, que será substituído por outro representado pelo bronze, e que, por sua vez,
terá como sucessor um reino forte como o ferro que tritura tudo. Os pés de
ferro/argila simbolizam um reino parcialmente forte como o ferro e parcialmente
fraco como a argila. A pedra que destrói os reinos é um reino suscitado pelo Deus
do céu, "um reino que jamais será destruído, um reino que jamais passará a outro
povo. Esmagará e aniquilará todos os outros reinos, enquanto ele mesmo subsistirá
para sempre" (v. 44).
De maneira alegórica, o livro de Daniel, usando antigos mitos sobre a idade do
mundo, descreve a sucessão dos grandes impérios históricos numa relação de valor
decrescente: ouro, prata, bronze, ferro/argila. Segundo a visão da época, os impérios
são os seguintes:
cabeça de ouro: império neobabilônico
peito e braços de prata: reino medo
ventre e coxas de bronze: império persa
pernas de ferro e pés de ferro/argila: império grego de Alexandre (ferro),
depois dividido entre Ptolomeus e Selêucidas
A pedra simboliza o reino messiânico, o reino divino de Iahweh, definitivo, que
destrói os poderes humanos. Esta é a pedra que esmaga o império selêucida que
oprime Israel.
f) 2,46-49
O texto termina com Nabucodonosor prostrando-se diante de Daniel e até mesmo
oferecendo-lhe sacrifícios, pois reconhece, enfim, que "o vosso Deus é o Deus dos
deuses e o senhor dos reis e o revelador dos mistérios, pois tu pudeste revelar este
mistério" (v.47b). Daniel é nomeado governador e chefe dos sábios, enquanto seus
três companheiros administram os negócios da província de Babilônia.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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O gesto de Nabucodonosor diante de Daniel (prostrar-se, inclinar-se e oferecer
sacrifícios) é de extrema exaltação do Deus de Israel sobre os outros deuses e sobre o
poder real.
Podemos concluir com algumas observações gerais:
O rei, que tem poder absoluto, que pode mandar os homens viverem com
honra ou morrerem na desgraça, não tem poder para conhecer o seu destino,
ou melhor, o destino de seu poder e o de seus pares. Então, diante de sua
impotência, o rei age pela força.
Por outro lado, o Deus do céu é quem dá a força e a sabedoria, é quem dá o
poder e retira o poder, e só quem lhe é fiel, como Daniel, pode conhecer,
através da revelação, este mistério.
Finalmente, o texto insiste em que os grandes impérios cairão, os poderes
passarão e só restará o poder e o reino dados por Deus. Quem permanecer
com Deus, como Daniel e seus três companheiros, será honrado.
Situe-se esta mensagem no contexto da luta dos Macabeus contra Antíoco IV
Epífanes e o partido helenizante de Jerusalém no século II a.C. e começaremos
a entender os métodos da apocalíptica...
2.3. Salmos de Salomão
Apenas para exemplificar como reagem os grupos de tendência apocalíptica à
chegada de Roma na região em 63 a.C., vale a pena dar uma olhada num escrito
chamado de "Salmos de Salomão", que é desta época.
Salmos de Salomão é o nome de uma obra de origem palestina, de um autor
possivelmente ligado ao grupo farisaico, escrita em hebraico entre 63 e 40 a.C., mas
só preservada em grego e siríaco. É uma coletânea de 18 hinos, semelhantes aos
Salmos, nos quais o autor insiste no louvor a Deus, na justiça do homem como
resultado da observância da Lei, no castigo dos pecados e na esperança de uma era
melhor, presidida pelo Rei-Messias. É interessante observar que o autor usa a
expressão "Filho de Davi" como título messiânico no Salmo 17.
Os Salmos 2 e 17 tratam da tomada da Palestina pelos romanos no ano 63 a.C. e o
Salmo 2 alude à morte de Pompeu": "Cheio de orgulho, o pecador destruiu com seu
aríete as sólidas muralhas, e Tu não o impedistes. Povos estrangeiros subiram ao
teu altar, pisotearam-no orgulhosamente com suas sandálias. Porque os filhos de
Jerusalém mancharam o culto do senhor profanaram com suas impurezas as
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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oferendas à divindade. Por isso disse Deus: afastai-as de mim; nelas não me
comprazo. A beleza de sua glória nada significou diante de Deus, Ele as desprezou
totalmente. Seus filhos e filhas sofrem rigorosa escravidão, seu pescoço está
marcado, marcado entre os gentios. Deus os tratou de acordo com seus pecados, por
isso os entregou nas mãos dos vencedores" (2,1-7).
Os vv. 24-29 falam do orgulho e da morte de Pompeu, assassinado no Mons
Cassium, próximo a Pelusium, no Egito, em 48 a.C., após a sua derrota para Júlio
César em Farsália: "Porque não obraram por zelo, mas por paixão; para derramar
sua ira contra nós, espoliando-nos. Não demore, ó Deus, em devolver o mal sobre
suas cabeças, para mudar em desonra o orgulho do dragão. Não esperei muito
tempo para que Deus fizesse aparecer sua insolência degolada nas colinas do Egito,
desprezada como a mais fútil do mar e da terra. Seu cadáver era jogado pelas ondas
com grande ignomínia, não havia quem o enterrasse, porque Ele o aniquilou
vergonhosamente. Não refletiu que era apenas um homem, não tinha pensado no
fim. Falou assim: Sou o dono do mar e da terra; porém não percebeu que Deus é o
Grande, o Forte, por seu tremendo poder"[12] .
O Salmo 17,5-13 critica os partidários saduceus do macabeu Aristóbulo II que
destronou seu irmão Hircano II da realeza e do pontificado e, em seguida, fala da
chegada dos romanos com Pompeu: "Por causa de nossas transgressões
levantaram-se contra nós os pecadores; aqueles a quem nada prometestes nos
assaltaram e expulsaram, nos despojaram pela força e não glorificaram teu honroso
Nome. Organizaram sua casa real com um luxo equivalente a sua excelência,
deixaram deserto o trono de Davi com a soberba de mudá-lo. Porém, tu, ó Deus, os
derrubas e apagas sua posteridade sobre a terra, suscitando contra eles um estranho
à nossa raça. Segundo seus pecados os retribuis, ó Deus, encontram-se com o que
suas obras merecem. Deus não teve piedade deles; procurou sua descendência e não
deixou um sequer. Justo é o Senhor nas sentenças que dita sobra a terra. Deserta de
habitantes deixou o ímpio nossa terra; fizeram desaparecer o jovem, o ancião, as
crianças. No calor de sua ira os enviou para o Ocidente, aos grandes da terra os
entregou para engano e não os perdoou. O inimigo agiu orgulhosamente em sua
barbárie, pois seu coração está distante de nosso Deus"[13].
[13]. Idem, ibidem, pp. 50-51
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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3. O Fim dos Tempos
Para o pensamento apocalíptico, a história não é uma série de acontecimentos
isolados, mas um todo unificado, um processo contínuo de Adão ao fim do mundo.
Seu tempo é mítico: início e fim (do mundo) encontram-se em um lugar teórico -
mítico -, onde tudo começa enquanto tudo termina. O mundo está sempre nascendo
como novo. A morte deste mundo, para o surgimento de um mundo novo, assegura
a existência do mundo. A oposição, ou melhor, a continuidade entre "este mundo" e
o "mundo que virá", a passagem de um mundo para o outro é típico da
apocalíptica[14]
M. Hengel observa que marcante característica da apocalíptica dos assideus - judeus
fiéis que lutam ao lado dos Macabeus no século II a.C. - é sua visão da história
mundial como uma unidade, cujo centro é Israel.
A base epistemológica da apocalíptica, pensa M. Hengel, é a revelação de uma
"sabedoria" divina especial acerca da história, do cosmos e do destino dos homens,
ocultada à razão humana. É uma típica reação contra o racionalismo grego, inclusive
usando a astrologia como meio válido para atingir um conhecimento superior
através da revelação[15].
S. B. Frost diz: "Foi a fusão do mito e da escatologia que produziu o que chamamos
de apocalíptica. Na realidade podemos definir a apocalíptica como a mitologização
da escatologia"[16].
P. D. Hanson, falando da apocalíptica como filha e sucessora da profecia, diz que
enquanto a profecia consegue integrar uma visão dos eventos cósmicos com os
acontecimentos históricos, a apocalíptica perde este tensão dialética e se refugia no
mito, procurando saídas numa ordem cósmica supratemporal.
"A escatologia profética se transforma em apocalíptica no momento em que se
renuncia à tarefa de traduzir a visão cósmica para as categorias da realidade do
mundo (...) Pois em sua forma não traduzida, o mito falava de uma salvação que
alçava as pessoas humanas acima do fluxo da esfera mundana, uma salvação
adquirida a nível atemporal, cósmico, que oferecia um escape desta ordem caída
para uma nova criação que fazia a pessoa voltar para a segurança do estado
primevo da natureza antes de sua queda na corrupção e mudança. Gradualmente os
[15]. Cf. HENGEL, M., Judaism and Hellenism I, pp. 250.
[16]. FROST, S. B., Old Testament Apocalyptic. Its Origins and Growth, London 1952, p. 33, citado em PAUL, A., O que é o Intertestamento, p. 67.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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descendentes pós-exílicos dos profetas cederam a essa tentação e assim abdicaram
do seu ofício político de integrar a mensagem ao âmbito político histórico"[17].
Éschaton, em grego, significa "último", éschata "as últimas coisas". O termo hebraico
correspondente é aharît: "fim", "conclusão", "resultado", "desfecho". Éschaton como
"fim do tempo do mundo", "destruição total do mundo" é um conceito que o AT
ignora. É que para o pensamento hebraico, mesmo um acontecimento intra-histórico
tem o valor de definitivo, é aharît. A escatologia é, no AT, a transformação do mundo
e da história, atingindo um "novo estado de coisas", sem um encerramento
definitivo das coisas. A escatologia está, assim, ligada à história, vista como um
processo de intervenções de Iahweh em favor de Israel[18].
Podemos dizer, neste sentido, que a apocalíptica é a radicalização da escatologia. Is
65,17;66,22 fala que Iahweh vai criar "novos céus e nova terra", tema que é retomado
em o NT, em textos com forte coloração apocalíptica.
Mt 19,28, por exemplo, diz que Jesus promete recompensar os discípulos que o
seguem "quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu
trono de glória". Paulo, em Rm 8,19.22, diz que "a criação em expectativa anseia
pela revelação dos filhos de Deus", pois "a criação inteira geme e sofre as dores de
parto até o presente". 2Pd 3,13 fala dos novos céus e da nova terra: "O que nós
esperamos, conforme a sua promessa, são novos céus e nova terra, onde habitará a
justiça", enquanto Ap 21,1 escreve: "Vi então um céu novo e uma nova terra..."
A apocalíptica costuma dividir a história em períodos, especialmente em uma
sucessão de 4 impérios (cf. Dn 2), na convicção de que o homem não é eterno (o
número 4 simboliza as coisas do mundo e, portanto, a caducidade do poder) e de
que Deus dirige a história e toma iniciativas a seu respeito.
Em Dn 7,1-28, o nosso herói sonha com quatro animais terríveis que saem do mar e
que representam 4 impérios:
10: semelhante a um leão: império babilônico
20: semelhante a um urso: império medo
30: semelhante a um leopardo: império persa
[17]. HANSON, P. D., Apocalíptica no Antigo Testamento: um reexame, em AA.VV., Apocalipsismo, pp. 50-51. [18]. Cf. DINGERMANN, F., Origem e desenvolvimento da escatologia no AT, em SCHREINER, J. (org.), Palavra e Mensagem, São Paulo, Paulus,1978, pp. 430-443.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
19
40: um animal diferente, com 10 chifres e mais um 110 chifre pequeno que derruba
três dos outros : império grego
Este quarto animal é o reino de Alexandre Magno. Os 10 chifres são os reis
selêucidas. O chifre menor - que tem boca e olhos - é Antíoco IV Epífanes, que
derruba três dos outros, provavelmente três reis vencidos por ele: Ptolomeu IV
Filometor, Ptolomeu VII Evergetes e Artaxes, rei da Armênia.
Mas aí acontece a reviravolta a partir do v. 9: assenta-se a corte celeste em sessão
solene de um tribunal. Os v. 11-12 dizem que o 40 animal é morto e que, embora os
três primeiros ainda sobrevivam, são agora inofensivos: "Eu continuava olhando,
então, por causa do ruído das palavras arrogantes que proferia aquele chifre, quando vi que o
animal fora morto, e seu cadáver destruído e entregue no abrasamento do fogo. Dos outros
animais também foi retirado o poder, mas eles receberam um prolongamento de vida, até uma
data e um tempo determinados".
Os vv. 13-14 descrevem o reino do Filho do Homem - em aramaico bar nasha' = "ser
humano", "homem" -, assim como descreveu os reinos anteriores. O Filho do
Homem não é, no contexto de Dn 7, um indivíduo, mas uma figura de linguagem
para um coletivo. O que o livro de Daniel faz é opor uma figura da raça humana às
quatro feras anteriores. Esta figura simboliza o reino dos "santos" (= povo santo) que
se concretiza como eterno.
Diz Dn 7,13-14: "Eu continuava contemplando, nas minhas visões noturnas, quando
notei, vindo sobre as nuvens do céu, um como Filho de Homem. Ele adiantou-se até
o Ancião e foi introduzido à sua presença. A ele foi outorgado o império a honra e o
reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu império é um império
eterno que jamais passará e seu reino jamais será destruído".
No livro etiópico de Henoc já se fala de um "Filho do Homem" como indivíduo e
personificação do Messias. Em 46,1-8 é descrito o Filho do Homem: "Este é o Filho
do Homem, de quem era a justiça e a justiça morava com ele. Ele revelará todos os
tesouros do oculto, pois, o Senhor dos espíritos o escolheu, e é aquele cujo destino é
superior a todos para sempre por sua retidão frente ao Senhor dos espíritos. Este
Filho do Homem que vistes tirará os reis e poderosos de seus leitos e os fortes de
seus assentos, afrouxará os freios dos poderosos e despedaçará os dentes dos
pecadores. Arrancará os reis de seus tronos e reinos, porque não o exaltam nem o
louvam, nem dão graças porque lhes foi dado o reino" (46,3-5).
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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"Parece claro que o autor das Parábolas [seção do Livro Etiópico de Henoc, capítulos
37-41] representa uma linha de tradição que evolui para além das concepções de Dn
7, unindo em uma só pessoa as figuras, primitivamente separadas, do Messias - Rei
Eleito - Servo de Iahweh - Juiz Justo (+ 'Filho do Homem')", comenta A. Diez
Macho[19].
Esta figura é o precedente imediato do uso neotestamentário, onde freqüentemente
Jesus se refere a si mesmo como o Filho do Homem (cf. Mt 8,20; 11,19; 20,28; 24,30;
Jo 3,14).
A apocalíptica, por outro lado, acredita que o "fim do mundo" será precedido por
um período de grande sofrimento e domínio do mal, que se concretiza através de
anjos decaídos, na esfera divina, e chefes poderosos, na esfera humana. Além do
que, o escritor apocalíptico vê o sofrimento de sua época com sentido cósmico e
universal, donde decorre que os que sofrem perseguições estão fazendo algo além
de sua própria vida, estão conduzindo os acontecimentos globais do homem.
Mt 24-25 descreve a queda de Jerusalém em 70 d.C. combinada com a idéia de fim
do mundo. Diz Mt 24,21: "Pois naquele tempo haverá uma grande tribulação, tal
como não houve desde o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver
jamais".
E Mt 24,29-31 completa:"Logo após a tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a
lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do céu e os poderes do céu serão
abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem e todas as tribos da
terra baterão no peito e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com
poder e grande glória. Ele enviará os seus anjos que, ao som da grande trombeta,
reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma extremidade até a outra
extremidade do céu".
A Regra da Comunidade de Qumran, escrita no século II a.C., diz que "Deus, nos
mistérios de seu conhecimento e na sabedoria de sua glória, fixou um fim para a
existência da injustiça, e no tempo de sua visita a destruirá para sempre. Então a
verdade se levantará para sempre no mundo que se contaminou em caminhos de
maldade durante o domínio da injustiça até o momento decretado para o juízo"
(1QSIV 18-20).
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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O tema do mal como conseqüência da união de anjos com mulheres, já presente em
Gn 6,1-4, é bem desenvolvido no Livro Etiópico de Henoc. Em 6,1-2 se lê: "Naqueles
dias, quando se multiplicaram os filhos dos homens, aconteceu que lhes nasceram
filhas belas e formosas. Viram-nas os anjos, os filhos dos céus, desejaram-nas e
disseram: 'Vamos, escolhamos entre os humanos e geremos filhos'".
Em 7,1-6, o Livro Etiópico de Henoc diz: "E tomaram mulheres; cada um escolheu a
sua e começaram a conviver e a unir-se a elas, ensinando-lhes ensalmos e
esconjuros e treinando-as na coleta de raízes e plantas. Ficaram grávidas e geraram
enormes gigantes de três mil côvados de altura cada um. Consumiam todo o
produto dos homens, até que foi impossível para estes alimentá-los. Então os
gigantes voltaram-se contra eles e comiam os homens. Começaram a pecar com
aves, feras, répteis e peixes, consumindo sua carne e bebendo o seu sangue. Então a
terra se queixou dos iníquos".
Outro elemento: na visão apocalíptica da história há um sentido de urgência, pois é
para já o estabelecimento do Reino de Deus. Todos nós conhecemos Mc 1,14-15:
"Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galiléia proclamando o Evangelho de
Deus: 'Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede
no Evangelho".
Se já está da hora da virada, é necessário que se mantenha uma rigorosa conduta
pessoal. É uma ética sem concessões. Em Qumran, onde se exige máximo rigor no
comportamento dos membros da comunidade, as punições por desobediência às
normas estabelecidas são severíssimas (cf. 1QS VI, 24-VII,27). Só um exemplo:
"Aquele cujo espírito se aparta do fundamento da comunidade para trair a verdade
e caminhar na obstinação de seu coração, se voltar, será castigado dois anos;
durante o primeiro ano não se aproximará do alimento puro dos Numerosos. E
durante o segundo não se aproximará da bebida dos Numerosos, e sentar-se-á atrás
de todos os homens da comunidade" (1QSVII, 20-22).
Na apocalíptica a esperança no futuro é expressa através do tema da ressurreição.
As definições de como e quando, entretanto, variam de livro para livro. Também se
faz necessário, segundo o pensamento apocalíptico, um grande julgamento no
término da história, quando os ímpios serão condenados e os justos salvos e
recompensados na era messiânica que se estabelece definitivamente.
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Mt 25,31-32.34.41 diz que "Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os
anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. E serão reunidos em sua
presença todas as nações e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor
separa as ovelhas dos cabritos (...) Então dirá o rei aos que estiverem à sua direita:
'Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde
a fundação do mundo' (...) Em seguida, dirá aos que estiverem à sua esquerda:
'Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os
seus anjos'".
No Livro Etiópico de Henoc 91,7-8 se diz que "Quando crescer a iniqüidade, o
pecado, a blasfêmia e a violência em todas as nações, e aumentar a perversidade, a
culpa e a impureza, virá o castigo do céu contra todos eles, e sairá o Santo Senhor
com cólera e castigo para julgar a terra. Nestes dias será cortada a violência pela
raiz, e as raízes da iniqüidade com as da mentira serão aniquiladas sob o céu".
E em 47,3-4: "Nestes dias vi o 'Princípio dos dias' sentar-se no trono de glória e os
livros dos vivos foram abertos diante dele. E toda a coorte do céu superior e seu
cortejo estava de pé diante dele. O coração dos santos encheu-se de alegria, pois se
cumprira o cômputo da justiça, tinha sido ouvida a oração dos justos e o sangue
dos inocentes era reclamado diante do Senhor dos espíritos"
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
23
Bibliografia:
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DEL OLMO LETE, G., Mitos y leyendas de Canaan según la tradición de Ugarit, Madrid, Cristiandad,
1981.
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GRELOT, P., O livro de Daniel, São Paulo, Paulus, 1995.
HANSON, P. D., The Dawn of Apocalyptic, Philadelphia, Fortress Press, 1983.
HENGEL, M., Judaism and Hellenism. Studies in their Encounter in Palestine during the Early Hellenist
Period I-II, London, SCM Press, 1981.
HESÍODO, Os trabalhos e os dias, São Paulo, Iluminuras,1991.
KITTEL, G. (ed.), Theological Dictionary of the New Testament, vol. III, Grand Rapids, Eerdmans, 1981.
MARCONCINI, B., Daniel, São Paulo, Paulus, 1984.
PAUL, A., O que é o Intertestamento, São Paulo, Paulus, 1981.
ROWLEY, H. H., A importância da literatura apocalíptica, São Paulo, Paulus, 1980.
SCHÖKEL, L. A./SICRE DIAZ, J. L., Profetas II, São Paulo, Paulus, 1991.
SCHREINER, J. (org.), Palavra e Mensagem, São Paulo, Paulus,1978.
STORNIOLO, I. Como ler o livro de Daniel. Reino de Deus x Imperialismo, São Paulo, Paulus, 1994.
VON RAD, G., Teologia dell'Antico Testamento I, Brescia, Paideia, 1972.
VON RAD, G., Teologia del Antiguo Testamento II, Salamanca, Sígueme, 1972.
WILSON, R. R., Profecia e sociedade no antigo Israel, São Paulo, Paulus, 1993.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
24
Pontos importantes do livro de Daniel
A idade de Daniel
No capitulo 1:1 Daniel é deportado na 2ª deportação quando Nabucodonozor sitiou
Jerusalém e a destruiu. Este acontecimento ocorreu no ano 598 a.C., vamos supor
que por esta época Daniel tivesse aproximadamnete 20 anos de idade, pois o texto
diz que os jovens escolhidos para servirem na corte de Nabucodonozor eram :
Daniel 1: 3 Disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de
Israel, tanto da linhagem real como dos nobres, 4 jovens sem nenhum defeito, de boa
aparência, instruídos em toda a sabedoria, doutos em ciência, versados no
conhecimento e que fossem competentes para assistirem no palácio do rei e lhes
ensinasse a cultura e a língua dos caldeus.
Portanto os jovens eram muito bem instruídos de acordo com os padrões da época,
assim sendo não é de todo improvável supor a faixa de mais ou menos 20 anos de
idade.
No capitulo 2:21 diz que Daniel seguiu até ao ano ...
Daniel 1:21 21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.
O primeiro ano de Ciro o rei da Pérsia ocorreu no ano 538/539 a.C., a conta seria esta
: 598-538 = 60 + 20 anos que Daniel já tinha na época da deportação e exílio na
Babilônia, portanto nesta época Daniel estaria com 80 anos de idade.
A duração do exercício de Daniel na coorte da Babilônia
Capitulo 1:21 – diz que Daniel seguiu até ao 1º ano de Ciro, ou seja, 538 a.C.
Daniel 1:21 21 Daniel continuou até ao primeiro ano do rei Ciro.
Capitulo 10:1 – diz que Daniel seguiu até ao 3º ano de Ciro, ou seja, 536 a. C.
Daniel 10: 1 No terceiro ano de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel,
Até que ano durou o exercício de Daniel na corte de Ciro o Persa? No capitulo 1 foi
no 1º ano, já no capitulo 10 foi no 3º ano. Qual data é a correta?
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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O rei conhecia Daniel
Daniel 1: 18 Vencido o tempo determinado pelo rei para que os trouxessem, o chefe dos
eunucos os trouxe à presença de Nabucodonosor. 19 Então, o rei falou com eles; e, entre
todos, não foram achados outros como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso,
passaram a assistir diante do rei. 20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que
o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e
encantadores que havia em todo o seu reino.
O rei não conhecia Daniel
Daniel 2: 24 Por isso, Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para
exterminar os sábios da Babilônia; entrou e lhe disse: Não mates os sábios da Babilônia;
introduze-me na presença do rei, e revelarei ao rei a interpretação. 25 Então, Arioque
depressa introduziu Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos
cativos de Judá, o qual revelará ao rei a interpretação. 26 Respondeu o rei e disse a Daniel,
cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o que vi no sonho e a sua interpretação?
Como pode o rei Nabucodonozor ter se esquecido de Daniel e dos seus três amigos
sendo que eles humilharam todos os magos, astrólogos e adivinhos da Babilônia;
segue texto:
Daniel 1: 20 Em toda matéria de sabedoria e de inteligência sobre que o rei lhes fez
perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia
em todo o seu reino.
3 anos de preparação para servir na presença do rei
Daniel 1: 5 Determinou-lhes o rei a ração diária, das finas iguarias da mesa real e do vinho
que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, ao cabo dos quais assistiriam diante
do rei.
2 anos de preparação para servir na presença do rei
Daniel 2:1 1 No segundo ano do reinado de Nabucodonosor, teve este um sonho; o seu
espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono. ... 25 Então, Arioque depressa introduziu
Daniel na presença do rei e lhe disse: Achei um dentre os filhos dos cativos de Judá, o qual
revelará ao rei a interpretação.
Na verdade estes detalhes pouco importam para o autor do livro que nãos e propôs
a compor uma obra histórica. O objetivo do autor é passar uma mensagem, porém
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
26
esta mensagem que é a intenção original do autor está velada, ou seja, esta
mensagem está escrita em símbolos em visões que precisam ser decifrados.
AS VISÕES DE DANIEL
CAPITULOS 2, 7, 8, 9, 11, 12
ESTUDOS – COMENTÁRIOS
DANIEL 2: 27 Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem
encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei; 28 mas há um Deus no
céu, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser
nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu
leito, são estas: 29 Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do
que há de ser depois disto. Aquele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser. 30 E
a mim me foi revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos
os viventes, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses as
cogitações da tua mente. 31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta, que
era imensa e de extraordinário esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era
terrível. 32 A cabeça era de fino ouro, o peito e os braços, de prata, o ventre e os quadris, de
bronze; 33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de ferro, em parte, de barro. 34 Quando
estavas olhando, uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos
pés de ferro e de barro e os esmiuçou. 35 Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o
barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento
os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra que feriu a estátua se tornou em
grande montanha, que encheu toda a terra. 36 Este é o sonho; e também a sua interpretação
diremos ao rei. 37 Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder,
a força e a glória; 38 a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer
que eles habitem, e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses
sobre todos eles, tu és a cabeça de ouro. 39 Depois de ti, se levantará outro reino,
inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra. 40 O
quarto reino será forte como ferro; pois o ferro a tudo quebra e esmiúça; como o ferro quebra
todas as coisas, assim ele fará em pedaços e esmiuçará. 41 Quanto ao que viste dos pés e dos
artelhos, em parte, de barro de oleiro e, em parte, de ferro, será esse um reino dividido;
contudo, haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com
barro de lodo. 42 Como os artelhos dos pés eram, em parte, de ferro e, em parte, de barro,
assim, por uma parte, o reino será forte e, por outra, será frágil. 43 Quanto ao que viste do
ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mediante casamento, mas não se ligarão
um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. 44 Mas, nos dias destes reis, o
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
27
Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; este reino não passará a outro
povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, 45
como viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o
bronze, o barro, a prata e o ouro. O Grande Deus fez saber ao rei o que há de ser futuramente.
Certo é o sonho, e fiel, a sua interpretação.
Chave de leitura para decifrarmos os impérios
Daniel 2:28 37 Tu, ó rei, rei de reis, a quem o Deus do céu conferiu o reino, o poder, a força
e a glória; 38 a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem,
e os animais do campo e as aves do céu, para que dominasses sobre todos eles, tu és a cabeça
de ouro.
Nabucodonozor é a cabeça de ouro, ou seja, a Babilonia era a cabeça de ouro.
Vemos portanto que o autor usa o artifício da antedatação, situando-se no tempo de
Nabucodonozor e do império babilônico para falar da história como se estivesse
fazendo uma previsão profética. Por que o autor não começou falando dos impérios
do Egito ou da Assíria? Detalhe estes impérios foram muito maiores do que o
império babilônico. Porque, de fato, foi com o império babilônico que Israel deixou
de ser uma nação independente. Com Nabucodonozor começou para os judeus um
período político e econômico de trevas. Além disso, o número 4 é simbólico: indica
totalidade e não quantidade. O autor está se referindo a todos os imperialismos.
Por que a pedra que foi cortada sem auxilio de mãos humanas caiu nos pés de
ferro e barro da estátua? Quem era a pedra que caiu nos pés da estátua?
Porventura seria uma referencia aos Macabeus que se traduz por martelo?
2-37-38 - BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO
OS QUATRO METAIS DA ESTÁTUA, ASSIM COMO OS QUATRO ANIMAIS DE
DANIEL 7, REPRESENTAM QUATRO GRANDES IMPÉRIOS. O PRIMEIRO É
INDICADO EXPRESSAMENTE POR DANIEL: “ TU ÉS A CABEÇA DE OURO”,
COMO O IMPÉRIO NEOBABILÔNICO DE NABUCODONOSOR E DOS SEUS
SUCESSORES. A IDENTIFICAÇÃO DOS TRÊS IMPÉRIOS RESTANTES SERIA
ESTA: O SEGUNDO IMPÉRIO É O DOS MEDOS, O TERCEIRO IMPÉRIO É O DOS
PERSAS, E O QUARTO IMPÉRIO É O GREGO, FUNDADO POR ALEXANDRE O
GRANDE REI DA MACEDÔNIA (GRÉCIA).
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
28
2-43 – BÍBLIA DE JERUSALÉM
ALUSÃO PROVÁVEL AOS CASAMENTOS ENTRE SELÊUCIDAS E
PTOLOMEUS, QUE PRATICAMENTE NÃO CONSEGUIRAM CONSOLIDAR A
UNIDADE ENTRE OS SUCESSORES DE ALEXANDRE O GRANDE.
2:43 – BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDOS
A REFERÊNCIA É AO IMPÉRIO GREGO, SE TRATA DAS ALIANÇAS
MATRIMÔNIAIS ENTRE AS DINASTIAS DA SIRIA E DO EGITO, OU SEJA,
ENTRE OS PTOLOMEUS E SELÊUCIDAS QUE NÃO CONSEGUIRAM ÊXITO EM
UNIR AS DUAS GRANDES FAMILIAS E UNIFICAR OS REINO DE ALEXANDRE,
ASSIM COMO O FERRO NÃO SE MISTURA COM O BARRO.
2:28-38 – BÍBLIA DE JERUSALÉM
É ANUNCIO DA PRIMEIRA DAS ALEGORIAS DE DANIEL, QUE DESCREVEM
MISTERIOSAMENTE A SUCESSÃO DOS GRANDES IMPÉRIOS HISTÓRICO.
VEMOS AQUI QUE O AUTOR DO LIVRO DE DANIEL USA O ARTIFICIO DA
ANTEDATAÇÃO, SITUANDO-SE NO TEMPO DE NABUCODONOSOR E DO
IMPÉRIO BABILÔNICO PARA FALAR DA HISTÓRIA COMO SE ESTIVESSE
FAZENDO UMA PREVISÃO PROFÉTICA. POR QUE O AUTOR NÃO COMEÇOU
FALANDO DO IMPÉRIO EGIPICIO OU COM A ASSIRIA QUE FORAM
IMPÉRIOS MUITO MAIRORES E MAIS PODEROSOS DO QUE O DA
BABILÔNIA? SEM FALAR DOS IMPÉRIOS HITITAS, SUMERIOS E ETC. PORQUE
DE FATO, FOI COM O IMPÉRIO BABILÔNICO QUE ISRAEL DEIXOU DE SER
UMA NAÇÃO INDEPENDENTE E MESMO APÓS O EXILIO BABILÔNICO
CONTINUOU VASSAL DOS IMPERIOS MEDOS, PERSAS E GREGOS. COM
NABUCODONOSOSR COMEÇOU PARA OS JUDEUS UM PERIODO POLITICO E
ECONOMICO DE TREVAS. ALÉM DISSO O NÚMERO 4 É SIMBÓLICO: INDICA
TOTALIDADE. O AUTOR DE FATO SE REFERINDO A TODOS OS
IMPERIALISMOS OPRESSORES. NO CASO AQUI O AUTOR SE REFERE AOS
IMPÉRIOS QUE LHE INTERESSA, OU SEJA, O IMPÉRIO NEOBABILÔNICO DE
NABUCODONOSOR, O IMPÉRIO MEDO, O IMPÉRIO PERSA , O IMPÉRIO
GREGO E OS HERDEIROS DO IMPÉRIO ASIÁTICO DE ALEXANDRE, OU SEJA,
A DINASTIA DOS PTOLOMEUS LÁGIDAS E A DINASTIA DOS SELÊUCIDAS,
AQUI REPRESENTADAS POR METAIS DE VALOR DECRESCENTE, SEGUNDO
AS ANTIGAS ESPECULAÇÕES SOBRE AS IDADES DO MUNDO.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
29
COMENTÁRIO
O CAPITULO 2 DE DANIEL É EXPANDIDO E DETALHADO NOS CAPITULOS 7,
8, 9, 11 E 12. OS TEMAS DESTES CAPITULOS SÃO OS MESMOS, OU SEJA, OS 4
IMPÉRIOS MUNDIAIS QUE SÃO REPRESENTADOS PELOS 4 METAIS DO
CAPITULO 2 É A MESMA COISA QUE OS 4 ANIMAIS DO CAPITULO 7, E O
FERRO QUE NÃO SE MISTURA COM O BARRO DOS PÉS E ARTELHOS, OU
SEJA, DEZ DEDOS, SÃO OS HERDEIROS DO QUARTO IMPÉRIO DE FERRO
QUE É A MESMA COISA QUE OS DEZ CHIFRES DO QUARTO ANIMAL DE
DANIEL 7 QUE SÃO OS HERDEIROS DO IMPÉRIO GREGO, OU SEJA SÃO 10
REIS E NÃO DEZ REINOS, E O 11º CHIFRE É ANTIOCO EPIFANÊS QUE SEU
NOME SIGNIFICA DEUS MANIFESTO, ENTÃO O FERRO QUE NÃO SE
MISTURA COM O BARRO SÃO OS CASAMENTOS QUE A DINASTIA DOS
PTOLOMEUS LÁGIDAS E OS SELÊUCIDAS DE ANTIOCO EPÍFANES
TENTARAM PARA UNIR OS DOIS REINOS, OU SEJA, O EGITO E A SIRIA.
ENTÃO OS DEZ DEDOS DOS PÉS DA ESTÁTUA QUE ERAM DE FERRO E
BARRO REPRESENTAM ESTAS UNIÕES QUE NÃO DERAM CERTO. E O 11º
CHIFRE É ANTIOCO EPIFANÊS POIS O MESMO TINHA OLHOS COMO DE
HOMEM E UMA BOCA QUE FALAVA ARROGÂNCIA E INSOLÊNCIA. ESTE 11º
CHIFRE FAZIA GUERRA CONTRA O POVO SANTO, OU SEJA, OS JUDEUS E
PREVALECIA. ESTE MESMO CHIFRE MAGOARIA OS SANTOS E CUIDARIA EM
MUDAR OS TEMPOS E A LEI E OS SANTOS SERIAM ENTREGUES NAS SUAS
MÃOS POR UM TEMPO, DOIS TEMPOS E METADE DE UM TEMPO, OU SEJA,
TRÊS ANOS E MEIO. ESTES TEMAS SÃO COMUNS NESTES CAPITULOS.
DANIEL 7: 3 Quatro animais, grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. 4 O
primeiro era como leão e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe
arrancadas as asas, foi levantado da terra e posto em dois pés, como homem; e lhe
foi dada mente de homem. 5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante
a um urso, o qual se levantou sobre um dos seus lados; na boca, entre os dentes, trazia três
costelas; e lhe diziam: Levanta-te, devora muita carne. 6 Depois disto, continuei olhando, e
eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha
também este animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. 7 Depois disto, eu continuava
olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e sobremodo forte,
o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que
sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez chifres. 8
Estando eu a observar os chifres, eis que entre eles subiu outro pequeno, diante do qual três
dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem,
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
30
e uma boca que falava com insolência. 9 Continuei olhando, até que foram postos uns
tronos, e o Ancião de Dias se assentou; sua veste era branca como a neve, e os
cabelos da cabeça, como a pura lã; o seu trono eram chamas de fogo, e suas rodas
eram fogo ardente. 10 Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de
milhares o serviam, e miríades de miríades estavam diante dele; assentou-se o
tribunal, e se abriram os livros. 11 Então, estive olhando, por causa da voz das
insolentes palavras que o chifre proferia; estive olhando e vi que o animal foi
morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado. 12 Quanto aos outros
animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia, foi-lhes dada prolongação de vida por um prazo e
um tempo. 13 Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens
do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele.
14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as
línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais
será destruído. 15 Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi alarmado dentro de mim, e as
visões da minha cabeça me perturbaram. 16 Cheguei-me a um dos que estavam perto e lhe
pedi a verdade acerca de tudo isto. Assim, ele me disse e me fez saber a interpretação das
coisas: 17 Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis que se levantarão da terra.
18 Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, de
eternidade em eternidade. 19 Então, tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto
animal, que era diferente de todos os outros, muito terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas
unhas eram de bronze, que devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava; 20 e
também a respeito dos dez chifres que tinha na cabeça e do outro que subiu, diante do qual
caíram três, daquele chifre que tinha olhos e uma boca que falava com insolência e parecia
mais robusto do que os seus companheiros. 21 Eu olhava e eis que este chifre fazia guerra
contra os santos e prevalecia contra eles, 22 até que veio o Ancião de Dias e fez justiça aos
santos do Altíssimo; e veio o tempo em que os santos possuíram o reino. 23 Então, ele disse:
O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; e
devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços. 24 Os dez chifres correspondem
a dez reis que se levantarão daquele mesmo reino; e, depois deles, se levantará outro, o qual
será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis. 25 Proferirá palavras contra o Altíssimo,
magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão
entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo. 26 Mas, depois, se
assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim 27 O
reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos
santos do Altíssimo; o seu reino será reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
31
7: 20-21- BIBLIA ALMEIDA DE ESTUDO
O CHIFRE QUE LUTA CONTRA O POVO DE DEUS E O VENCE SE REFERE A
ANTIOCO IV EPÍFANES, REI DA SÍRIA ANO 175-164, QUE SE FEZ CHAMAR DE
EPÍFANES, ISTO É, DEUS MANIFESTO CONFORME DANIEL 11:36-37. A
ARROGÂNCIA DESSE REI FOI TANTA, QUE O LEVOU A SE CONSIDERAR
SUPERIOR AOS SEUS PRÓPRIOS DEUSES E AO DES DE ISRAEL.
7 : 23-24 – BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO
ESTE QUARTO ANIMAL É O IMPÉRIO GREGO DE ALEXANDRE MAGNO O
GRANDE VER DANIEL 8:7 E 8:21. EM TAL CASO OS DEZ CHIFRES
REPRESENTAM OS REIS DA DINASTIA SELÊUCIDA, QUE FORAM OS
HERDEIROS DIRETOS NO DOMINIO DA SÍRIA E DAS REGIÔES ADJACENTES
VER DANIEL 2:41 E 8:8.
7 : 25 – BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO
ALUSÃO ÀS MEDIDAS DE PERSEGUIÇÃO IMPOSTAS POR ANTIOCO IV
EPÍFANES. ANTIOCO IV EPÍFANES DE FATO INTRODUZIU NÃO SÓ
PRÁTICAS IDOLÁTRICAS NO TEMPLO DE JERUSALÉM VER DANIEL 9:27,
COMO TAMBÉM QUIS OBRIGAR O POVO JUDEU A ABANDONAR A
OBSERVÂNCIA DO SÁBADO, COMER CARNE DE PORCO, NÃO
CIRCUNCIDAREM MAIS OS SEUS FILHOS, ACABAR COM AS FESTAS
RELIGIOSAS E ETC. O CONFLITO ENTRE O REI ANTIOCO IV EPÍFANES E O
POVO DE ISRAEL SE LOCALIZA EM UM DRAMA MUITO MAIS AMPLO, QUE
AFETA O POVO DE DEUS AO LONGO DE TODA A SUA HISTÓRIA TERRENA.
ANTIOCO IV EPÍFANES QUIS ACABAR COM O CULTO JUDAICO, A RELIGIÃO
JUDAICA, OU SEJA, ACABANDO COM O CULTO E ADORAÇÃO JUDAICA
ESTARIA ASSIM ACABANDO COM OS JUDEUS, ESTA FOI TALVES A PIOR
FASE E PERIGO DE EXTINÇÃO QUE O POVO JUDEU SOFREU AO LONGO DA
SUA HISTÓRIA. PARA ESTAR À ALTURA DA SUA VOCAÇÃO E MISSÃO, O
POVO JUDEU DEVERIA PASSAR PELA PROVAÇÃO QUE DEUS LHE IMPÔS
PARA PURIFICÁ-LOS E APERFEIÇOA-LOS. A PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV
EPÍFANES DUROU DE FATO, DESDE O ANO DE 168 ATÉ 165 A . C., ISTO É ,
TRÊS ANOS E MEIO.
7: 1 - 28 – BÍBLIA DE JERUSALÉM
A VISAÕ DESTE CAPITULO É PARALELA AO SONHO DE NABUCODONOSOR
NO CAPITULO 2. OS QUATRO REINOS QUE DESAPARECERÃO DIANTE DO
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
32
FILHO DO HOMEM EXPRESSÃO ESTA QUE QUER DIZER “POVO DE DEUS”
CORRESPONDEM AOS QUATRO METAIS DA ESTÁTUA DERRUBADA PELA
MISTERIOSA PEDRA. OS QUATRO IMPÉRIOS SÃO: O IMPÉRIO BABILÔNICO,
O IMPÉRIO MEDO, O IMPÉRIO PERSA E O IMPÉRIO GREGO E SEUS HERDEIRO
E SUCESSORES. OS DEZ CHIFRES SÃO OS REIS DA DINASTIA SELÊUCIDA. O
CHIFRE PEQUENO QUE É O 11º CHIFRE É ANTIOCO IV EPIFANES. O VERSO 8
SE REFERE AOS TRAÇOS QUE INDICAM A ELOQUENCIA E HABILIDADE E A
ARROGÂNCIA BLASFEMATÓRIA DE ANTIOCO IV EPÍFANES CONFORME
VERSO 25. O TERMO FILHO DO HOMEM ERA USADO PARA INDICAR OS
SANTOS DO ALTISSIMO, OU SEJA, OS JUDEUS. O VERSO 25 FAZ ALUSÃO
CLARA À POLITICA DE HELENIZAÇÃO DE ANTIOCO IV EPÍFANES,
NOTADAMENTE À SUA INTERDIÇÃO DO SÁBADO E DAS FESTAS
CONFORME 1 MACABEUS 1:41-52. É PRECISO ENTENDER AQUI POR
“TEMPO” UM ANO. SÃO TRÊS ANOS E MEIO, A MEIA SEMANA DE ANOS DE
DANIEL 9:27, CORRESPONDENTE MAIS OU MENOS À DURAÇÃO DA
PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV EPÍFANES. ESTE NÚMERO EXPRESSO
EQUIVALE À 42 MESES DE TRINTA DIAS OU 1260 DIAS. EXPRIME UM
PERIODO DE CALAMIDADES PERMITIDAS POR DEUS, MAS CUJA DURAÇÃO,
PARA CONSOLO DOS AFLITOS, SERÁ LIMITADA.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
33
LIVRO COMO LER DANIEL – IVO STORNIOLO
O capitulo 7 é o auge do conjunto formado por Daniel cap. 2 ao cap. 7. Também é o
centro decisivo de toso o livro, pois dos capítulos 8 ao 12 serão como que a extensão
e explicação deste capitulo.
A HISTÓRIA SUPERVERSIVA (MUITOMALVADA) DO IMPERIALISMO
Na seqüência do livro o “primeiro ano de Baltazar” se refere ao passado, ou então
mostra a despreocupação cronológica do autor. Mais do que contar a história, ele
está interessado em analisar a história. É claro que o sonho é um recurso literário:
primeiro o autor já possuía o conteúdo. O sonho é construído artificialmente para
transmitir esse conteúdo. Mas podemos dizer que este é o sonho de todas as vitimas
do imperialismo.
O grande mar no versículo 2, agitado pelos quatro ventos, recorda imediatamente o
cenário da criação em Gênesis 1. É uma lembrança do caos primordial que,
fecundado pelo vento de Deus, ou seja, fecundado pelo Espírito de Deus produz
toda a realidade, “quatro ventos do céu” lembra também os quatro pontos cardeais,
ou seja, todo o globo terrestre, quatro = totalidade, plenitude, completude. Ao autor
interessa sobremodo o aspecto histórico, que ecoa no Salmo 65:8, “Salmo 65: 7 que
aplacas o rugir dos mares, o ruído das suas ondas e o tumulto das gentes.” O verdadeiro
caos que ameaça Israel é o mar das nações, que pode invadir e destruir a Palestina. É
esse mar que o autor vai contemplar.
Quatro feras se levantam do mar. Podemos adiantar que simbolizam quatro
impérios e, ao mesmo tempo, todos os impérios, visto que o numero quatro quer
dizer aqui completude. A descrição é inclusiva e não exclusiva, constituindo, na
verdade, uma analise da história superversiva do imperialismo. A inspiração é sem
dúvida emblemática: tribos e nações, com seus chefes, reis ou imperadores, podem
ser simbolizados por figuras de feras. Ao mesmo tempo há uma alusão à
desumanidade feroz e devoradora, característica de todo e qualquer imperialismo.
A visão do autor é a mesma que todo oprimido e explorado tem do imperialismo
opressor e explorador.
A primeira fera (7:4) é um leão alado e representa Nabucodonozor e o império
babilônico. A metamorfose do animal para ser humano é uma clara alusão ao
episódio do capitulo 4, ou seja, no capitulo 4 Nabucodonozor se transforma em
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
34
animal ao perder o entendimento, já no capitulo 7 o animal é posto sobe dosi pés e
se transforma em homem e lhe é dado mente de homem, ou seja, justamente o
oposto do capitulo 4.
A segunda fera (7:5) é um urso e simboliza o império medo. A posição mostra que se
mantém sempre pronto para atacar, e o pormenor de três costelas entre os dentes de
uma vez, alude à sua voracidade.
A terceira fera (7:6) é um leopardo ou pantera, representando o império persa. O
pormenor das quatro asas e quatro cabeças refere-se à universalidade desse império,
sempre atento às quatro direções e pronto para mover-se rapidamente.
A quarta fera (7:7-8) não é identificável a principio. A descrição é mais longa e
desequilibra o conjunto. Representa o império Macedônio ou Grego de Alexandre o
Grande, dividido após a sua morte entre seus quatro generais, com a proeminência
dos Lágidas do Egito e dos Selêucidas da Síria. Sua destrutividade alude à
experiência judaica sofrida através deste império por meio da dominação Selêucida.
Conforme 7:24 os dez chifres são dez reis da dinastia Selêucida, e o chifre pequeno é
Antíoco IV Epífanes que, para chegar ao poder, eliminou 3 concorrentes. O olhar e a
boca arrogante aludem ao orgulho de Antíoco, que se atreveu contra Deus ao
pretender destruir a identidade religiosa e cultural do povo judeu veja Salmo 75:5-6
e 101:5:
Salmo 75: 5 Não levanteis altivamente a vossa força, nem faleis com insolência contra a
Rocha. 6 Porque não é do Oriente, não é do Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio.
Salmo 101: 5 Ao que às ocultas calunia o próximo, a esse destruirei; o que tem olhar altivo e
coração soberbo, não o suportarei.
Dessa forma o autor resume toda a história política do Oriente Médio desde o exílio
babilônico, ou seja, do século VII ao século II a.C., quando os judeus perderam sua
pátria e seu Templo e mesmo depois de repatriados continuaram sem liberdade
política sendo vassalos dos sucessivos imperialismos que só mudavam de nome e
endereço. E a história de impérios ferozes e devoradores que em nada contribuíram,
ao contrario, só foram piorando tudo, numa escala sucessiva e crescente de
hostilidade e destrutividade. Tal é a história superversiva, em que a autoridade
política é uma besta fera que só produz a animalização dos povos. O imperialismo
gera desumanidade.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
35
O JULGAMENTO DE DEUS - DEUS GOVERNA E JULGA A HISTÓRIA
IMPERIALISTA (7:9-14)
O autor mostra agora o que vai acontecer com a história imperialista. Retomando
temas proféticos ele apresenta o julgamento do imperialismo e, em seu lugar, a
instauração do Reino de Deus. O trono (7:9) evoca o assento do rei, e ao mesmo
tempo, o do juiz, já que na antiguidade as duas funções era prerrogativa do rei.
Deus é portanto apresentado como aquele que está acima da tempestade terrestre
dos impérios (Salmo 29). É ele a última instância de governo e de julgamento da
história.
O rio de fogo que sai do trono simboliza a ordem do rei e a sentença do juiz, visto
que logo a seguir se assenta o tribunal (7:10) e se abrem os livros, ou seja, é hora de
julgar o imperialismo. Logo a seguir em 7:11 vem o julgamento e a sentença contra o
chifre pequeno que se levantou dos dez chifres, o animal foi morto e seu corpo
entregue para ser queimado, aqui faz uma clara alusão a morte de Antíoco IV
Epífanes conf. I Macabeus 6:1-15 e II Macabeus 9:1-9. Como rio flexível, as ordens e
sentenças de Deus atingem o seu destino. Os servidores incontáveis não são apenas
seres celestes, mas todos os seres que reconhecem a Deus e servem ao seu projeto.
Talvez por isso se fale de Tronos: os que servem a Deus e ao seu projeto participam
da sua função de governar e de julgar. Os livros são abertos, eles são registros das
ações humanas: tudo está escrito para ser examinado e julgado por Deus o justo juiz.
Daniel = Deus é meu juiz.
A sessão do julgamento começa, mas não assistimos ao processo. O autor vai logo à
execução da sentença. Supõe-se que os quatro impérios estejam presentes, mas o
que vai ser julgado e eliminado é o império grego que chegou ao máximo de
perversidade na pessoa do pequeno chifre arrogante, isto é, Antíoco IV Epífanes. É
cortado em pedaços e atirado ao fogo, para ser completamente destruído. Em
poucas palavras: Deus julga, condena e destrói o imperialismo.
O TRIUNFO DO POVO DE DEUS (7:15-28)
O sonho-visão é o artifício do autor para introduzir a explicação, embora de forma
velada e alusiva. A interpretação é rápida 7:17-18. As quatro feras são quatro reinos
ou impérios: O babilônico, o medo, o persa e o macedônio ou grego de Alexandre o
Grande. Depois disso “os santos do Altíssimo receberão o reino para sempre”. Notemos
bem que a expressão “santos do Altíssimo” substitui aqui a expressão “filho do
homem”, confirmando que a figura humana se refere a uma coletividade, e não a
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
36
um individuo. Quem são os santos do Altíssimo? Sem duvida a comunidade de
Israel, representada pelos judeus fiéis que não aderiram à política de helenização de
Antíoco IV Epífanes. É esse o povo que vai herdar o poder, não para simplesmente
se vingar do imperialismo, e sim para construir um mundo novo, voltado para a
pratica da justiça com vida para todos.
A explicação está completa. Mas o autor insiste sobre a quarta fera 7:19-27. É que se
trata da época do autor, ou seja, o seu tempo presente histórico, a dominação Greco-
selêucida. Ele retoma o sonho-visão e insiste na sua interpretação, acrescentando
que via o chifre pequeno guerreando contra os santos do Altíssimo, até que chegou
o Ancião para fazer justiça e entregar o reino aos santos 7:21-22.
A interpretação diz o que já sabemos. A quarta fera é o império grego. Os dez
chifres são dez reis daquele mesmo reino, ou seja, a dinastia que surge dos quatro
generais de Alexandre o Grande e se prolonga no lado selêucida da Síria. O
pequeno chifre é o outro rei que derruba três reis, ou seja, Antíoco IV Epífanes, que
eliminou seus concorrentes e opositores.
7:25 chega ao centro da questão: “Blasfemará contra o Altíssimo e perseguirá seus
santos; pretenderá modificar o calendário e a Torah de Deus. Os fiéis serão
entregues em suas mãos por três anos e meio.” Basta ler I Macabeus 1:41-63 para ver
que foi exatamente o que Antíoco fez, seguindo seu programa de helenização
forçada. Para os judeus, tanto YAHU como o calendário e a Torah, são realidades
sagradas. Entronizando a estátua de Zeus-Jupiter no Templo e exigindo a sua
adoração, mudando o calendário das festas e comemorações bíblicas, proibindo a
circuncisão, proibindo a guarda do sábado, proibindo a Torah e mandando que a
mesma fosse queimada e introduzindo os costumes gregos, Antíoco estava na
verdade destruindo a identidade última, a alma do povo judeu.
Os três anos e meio se referem à duração do tempo de perseguição e, ao mesmo
tempo, da resistência e luta dos judeus chefiados pelos Macabeus, entre 167 e 164 a.
C.
DANIEL 8: 1 No ano terceiro do reinado do rei Belsazar, eu, Daniel, tive uma visão depois
daquela que eu tivera a princípio. 2 Quando a visão me veio, pareceu-me estar eu na cidadela
de Susã, que é província de Elão, e vi que estava junto ao rio Ulai. 3 Então, levantei os olhos
e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual tinha dois chifres, e os dois chifres
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto subiu por último. 4 Vi que o
carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e para o sul; e nenhum dos animais
lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia segundo a
sua vontade e, assim, se engrandecia. 5 Estando eu observando, eis que um bode vinha do
ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão; este bode tinha um chifre notável entre os
olhos; 6 dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, o qual eu tinha visto diante do rio; e
correu contra ele com todo o seu furioso poder. 7 Vi-o chegar perto do carneiro, e, enfurecido
contra ele, o feriu e lhe quebrou os dois chifres, pois não havia força no carneiro para lhe
resistir; e o bode o lançou por terra e o pisou aos pés, e não houve quem pudesse livrar o
carneiro do poder dele. 8 O bode se engrandeceu sobremaneira; e, na sua força, quebrou-se-
lhe o grande chifre, e em seu lugar saíram quatro chifres notáveis, para os quatro ventos do
céu. 9 De um dos chifres saiu um chifre pequeno e se tornou muito forte para o sul, para o
oriente e para a terra gloriosa. 10 Cresceu até atingir o exército dos céus; a alguns do
exército e das estrelas lançou por terra e os pisou. 11 Sim, engrandeceu-se até ao príncipe do
exército; dele tirou o sacrifício diário e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. 12 O
exército lhe foi entregue, com o sacrifício diário, por causa das transgressões; e deitou por
terra a verdade; e o que fez prosperou. 13 Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro
santo àquele que falava: Até quando durará a visão do sacrifício diário e da transgressão
assoladora, visão na qual é entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados? 14 Ele
me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado. 15
Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou diante uma
como aparência de homem. 16 E ouvi uma voz de homem de entre as margens do Ulai, a
qual gritou e disse: Gabriel, dá a entender a este a visão. 17 Veio, pois, para perto donde eu
estava; ao chegar ele, fiquei amedrontado e prostrei-me com o rosto em terra; mas ele me
disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim. 18 Falava ele
comigo quando caí sem sentidos, rosto em terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no
lugar onde eu me achava; 19 e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último
tempo da ira, porque esta visão se refere ao tempo determinado do fim. 20 Aquele carneiro
com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia; 21 mas o bode peludo é o rei da
Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei; 22 o ter sido quebrado, levantando-se
quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão deste povo, mas não com força
igual à que ele tinha. 23 Mas, no fim do seu reinado, quando os prevaricadores acabarem,
levantar-se-á um rei de feroz catadura e especialista em intrigas. 24 Grande é o seu poder,
mas não por sua própria força; causará estupendas destruições, prosperará e fará o que lhe
aprouver; destruirá os poderosos e o povo santo. 25 Por sua astúcia nos seus
empreendimentos, fará prosperar o engano, no seu coração se engrandecerá e destruirá a
muitos que vivem despreocupadamente; levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes, mas
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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será quebrado sem esforço de mãos humanas. 26 A visão da tarde e da manhã, que foi dita, é
verdadeira; tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes 27 Eu,
Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias; então, me levantei e tratei dos negócios do
rei. Espantava-me com a visão, e não havia quem a entendesse.
8:1-27 – COMENTÁRIOS DAS BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO E BÍBLIA DE
JERUSALÉM E PROGRAMA BÍBLIA ON LINE
A VISÃO CONTIDA NESTE CAPITULO TAMBÉM SE REFERE A FATOS
HISTÓRICOS, MAS AQUI AS REFERÊNCIAS SÃO MUITO CLARAS. O
CARNEIRO COM DOIS CHIFRES DESIGUAL REPRESENTA OS REINOS DOS
MEDOS E O REINO DOS PERSAS, QUE ACABARAM SE UNINDO PARA
VENCER A BABILÔNIA, PORÉM NÃO SE TORNARAM UM REINO SÓ DE
INICIO. O BODE QUE LANÇA O CARNEIRO POR TERRA É O IMPÉRIO
MACEDÔNIO, OU SEJA, A GRÉCIA. O CHIFRE NOTÁVEL ENTRE OS OLHOS
DO BODE ERA ALEXANDRE O GRANDE, O PRIMEIRO REI DA MACEDÔNIA. E
OS CHIFRES QUE VÃO APARECENDO DEPOIS NO LUGAR DO CHIFRE
NOTÁVEL SÃO OS REINOS FUNDADOS PELOS SEUS QUATRO GENERAIS:
PTOLOMEU LAGIDA RECEBEU O EGITO E PARTES DA ÁSIA MENOR.
CASSANDRO RECEBEU TERRITÓRIOS NA MACEDÔNIA E NA GRÉCIA.
LISÍMACO RECEBEU A TRÁCIA E PARTES OCIDENTAIS DA ÁSIA
MENOR.
SELEUCO RECEBEU A SÍRIA, A MESOPOTÂMIA E ISRAEL.
EM ESPECIAL A DINASTIA SELÊUCIDA QUE VEM DO NOME SELEUCO QUE
RECEBEU A SÍRIA, A MESOPOTÂMIA E ISRAEL QUE DESENVOLVEU UM
PROJETO DE HELENIZAÇÃO DA PALESTINA DA QUAL SURGIU O
PERSEGUIDOR DO POVO JUDEU, OU SEJA, ANTIOCO IV EPÍFANES QUE FOI
O 11º DA DESCENDENCIA DE SELEUCO, OU SEJA, DEZ REIS, QUE DANIEL
VIU COMO DEZ DEDOS NO CAPITULO 2, E DEZ CHIFRES NO CAPITULO 7,
PORÉM NO CAPITULO 8 DANIEL EXPANDE E DETALHA O CAPITULO 7,
AGORA DANIEL FALA DA ÉPOCA DE ANTIOCO EPIFANES, QUE PARA SER
BEM SUCEDIDO SE VOLTA CONTRA TRÊS REIS, OU TRÊS CHIFRES NA VISÃO
DE DANIEL, QUE SÃO :
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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HILIODORO,
PTOLOMEU,
FILOMÉTOR
ISTO É HISTÓRIA PURA, OU SEJA, É PRECISO ESTUDAR AS VISÕES E
CONJUGÁ-LAS À LUZ DOS ACONTECIMENTOS HITÓRICOS. NO FINAL
DAS VISÕES HÁ SEMPRE UMA MENSAGEM DE ESPERANÇA, JÁ QUE
CULMINA COM O ANÚNCIO DA DESTRUIÇÃO DO PERSEGUIDOR.
8:1-27 – COMENTÁRIOS DAS BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO E BÍBLIA DE
JERUSALÉM E PROGRAMA BÍBLIA ON LINE
O MAIS ALTO DOS CHIFRES É O PODERIO PERSA, QUE PREVALECE SOBRE A
POTÊNCIA DOS MEDOS, UNINDO-A A SI MESMO ANTES DE SUCEDER-LHE.
AS MARRADAS DO CARNEIRO SIMBOLIZAM AS RÁPIDAS CONQUISTAS DOS
REIS DA PERSIA. O BODE É O IMPÉRIO MACEDÔNIO E O CHIFRE ENTRE OS
OLHOS É ALEXANDRE O GRANDE. CONFORME DANIEL 11:2, A PERSIA
HAVIA ATACADO A GRÉCIA E TOMADO DUAS CIDADES GREGAS
PRÓXIMAS DE ATENAS NAS BATALHAS DE MARATONA E SALAMIS. COM A
MORTE DE ALEXANDRE COM 32 ANOS E A PARTILHA DE SEU REINO EM
QUATRO. OS QUATRO CHIFRES QUE SE LEVANTAM EM SEU LUGAR SÃO OS
QUATRO REINOS NOS QUAIS FOI DIVIDIDO O IMPÉRIO DE ALEXANDRE O
GRANDE, A SABER, A MACEDÔNIA, A TRÁCIA, A SÍRIA E O EGITO. O
CHIFRE PEQUENO É ANTIOCO IV EPÍFANES. A TERRA GLORIOSA É A TERRA
SANTA, OU SEJA, ISRAEL. O EXÉRCITO DAS ESTRELAS É O POVO DE DEUS,
OS SANTOS DO ALTISSIMO. O PRINCIPE DO EXÉRCITO PODE SER O SUMO
SACERDOTE QUE ACUMULAVA AS DUAS FUNÇÕES NA ÉPOCA, OU SEJA,
TANTO DE REI E DE SUMO SACERDOTE, OU SEJA, DE GOVERNANTE DO
PAÍS. ANTIOCO IV EPÍFANES QUE ERA O REI DO NORTE AO REGRESSAR DE
UMA DAS SUAS CAMPANHAS CONTRA O EGITO AO SUL, SE VOLTOU
CONTRA A TERRA GLORIOSA, ISRAEL.
8 : 11-12 – ESTES VERSOS SE REFEREM À PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE
JERUSALÉM POR PARTE DO REI ANTIOCO IV EPÍFANES E ÀS SUAS MEDIDAS
TOMADAS PARA A PERSEGUIÇÃO CONTRA A RELIGIÃO JUDAICA.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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8 : 14 – AS DUAS MIL E TREZENTAS TARDES E MANHÃS SÃO LITERAIS E
COMPREENDE O PERIODO TOTAL DAS ABOMINAÇÕES DE ANTIOCO IV
EPÍFANES QUE SE ESTENDEU DE 171 ATÉ 165 A .C , OU SEJA , SEIS ANOS E
QUATRO MESES. NÃO É NECESSÁRIO FAZER CONFUSÃO AQUI NESTE
NÍMERO DE 2300 SACRIFICIOS DA TARDE E DA MANHÃ QUE SÃO 2300 DIAS
QUE SE REFERE AO PERIODO TOTAL DE AÇÃO DE ANTIOCO IV EPÍFANES,
NÃO CONFUNDIR COM TRÊS ANOS E MEIO QUE É O PERIODO DE
PROFANAÇÃO DO TEMPLO.
8 : 19 - TEMPO DETERMINADO DO FIM NÃO QUER DIZER FIM DO MUNDO E
SIM FIM DO PERIODO DE CALAMIDADES E PERSEGUIÇÃO, OU SEJA, OS TRÊS
ANOS E MEIO, O TEMPO DA TRIBULAÇÃO E PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE
JERUSALÉM E A PERSEGUIÇÃO POR PARTE DE ANTIOCO IV EPÍFANES.
8:7 – O TRIUNFO DO BODE SOBRE O CARNEIRO REPRESENTA A VITÓRIA
COM A QUAL ALEXANDRE O GRANDE PÔS FIM À DOMINAÇÃO DO
IMPÉRIO PERSA NO ANO 333 A . C..
8: 8 – ISTO É, OS QUATRO GENERAIS DE ALEXANDRE O GRANDE QUE
REPARTIRAM ENTRE SI O IMENSO TERRITÓRIO QUE ESTE HAVIA
CONQUISTADO.
LIVRO COMO LER DANIEL – IVO STORNIOLO
Com o capitulo 8 começa a segunda parte do livro, encerrando-se a parte em
aramaico. Na prática tudo já foi dito. Mas o autor quer esmiuçar mais a análise do
seu tempo, criticando o imperialismo de Antíoco IV Epífanes. O recurso
fundamental é a visão que, como sabemos bem, num livro apocalíptico é sempre
artificial, um modo velado de se referir a assunto delicado, como a crítica política
direta.
O IMPERIALISMO MEDO, O PERSA E O GREGO (DN 8:1-14)
Na ficção criada pelo autor, Daniel continua na Babilônica, mas, através da visão,
dará um salto para i império medo-persa e depois para o império grego, até chegar
em Antíoco IV. A visão junto ao rio relembra Ezequiel 1. Susã é a capital invernal do
império medo-persa. O carneiro de 8:3-4 personifica o império medo-persa, e o
chifre mais alto se refere à parte persa, maior e mais importante. Esse império se
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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expandiu em três direções (marradas ou chifradas): do leste para o oeste, tanto no
norte como no sul, chegando até o mar Mediterrâneo. Os reinos menores não
puderam resistir, e assim formou-se um dos maiores impérios do Oriente Médio.
Daniel 8: 3 Então, levantei os olhos e vi, e eis que, diante do rio, estava um carneiro, o qual
tinha dois chifres, e os dois chifres eram altos, mas um, mais alto do que o outro; e o mais alto
subiu por último. 4 Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte, e
para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu
poder; ele, porém, fazia segundo a sua vontade e, assim, se engrandecia.
Para entendermos as marradas que o carneiro dava para o Ocidente e preciso ter em
mente que o carneiro é império Persa e o Ocidente é a Grécia. Leia o estudo abaixo
sobre as guerras travadas entre esses dois reinos.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Guerras Médicas
Chamam-se Guerras Médicas ou Guerras Greco-Persas[1] aos conflitos bélicos entre
os antigos gregos e o Império Persa durante o século V a.C..
As Guerras Médicas ocorreram entre os povos gregos (aqueus, jônios, dórios e
eólios) e os medo-persas, pela disputa sobre a Jônia na Ásia Menor, quando as
colônias gregas da região, principalmente Mileto, tentaram livrar-se do domínio
persa.
Esta região da Jônia era colonizada pela Grécia, mas durante a expansão persa em
direção ao Ocidente, este poderoso império conquistou estas diversas colônias
gregas da Ásia Menor, entre elas Mileto. As colônias lideradas por Mileto e
contando com a ajuda de Atenas, tentaram sem sucesso libertar-se do domínio
persa, promovendo uma revolta.
Estas revoltas levaram o imperador persa Dario I a lançar seu poderoso exército
sobre a Grécia continental, dando início às Guerras Médicas. O que estava em jogo
era o controle marítimo-comercial na região.
Após a derrota da Lídia frente aos persas (em 546 a.C., provavelmente), as cidades
gregas da Jônia passaram ao domínio persa. Em 499 a.C., com o apoio de Atenas e
Erétria revoltaram-se, mas foram vencidas entre 497 e 494 a.C.. Em 490 a.C., Dario
(522/486 a.C.) decidiu enviar à Grécia continental uma expedição punitiva. Erétria
foi arrasada e saqueada, mas os atenienses e platenses, chefiados por Milcíades
(550/489 a.C.), conseguiram rechaçar os persas na planície de Maratona.
Xerxes (486/465 a.C.), filho de Dario, comandou dez anos depois (480 a.C.) uma
invasão à Grécia em grande escala. Algumas cidades gregas, lideradas por Atenas e
Esparta, formaram uma coalização para enfrentar o invasor. Outras, como Tebas,
submeteram-se aos persas.
Inicialmente, os persas venceram os gregos no desfiladeiro das Termópilas e em
Artemision; a seguir, invadiram e saquearam Atenas. A frota ateniense, porém,
comandada por Temístocles (524 a.C./459 a.C.), conseguiu destruir a frota persa em
Salamina e mudou o rumo da guerra. Meses depois, comandada pelo espartano
Pausânias (510/467 a.C.), o exército da coalização grega venceu o exército persa em
Platéia e pôs fim à invasão.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Os gregos conseguiram, certamente, impedir a presença dos persas em seu
território. Eles continuaram, porém, influindo no relacionamento entre as cidades
gregas durante todo o Período Clássico.
Nesse primeiro confronto (a primeira guerra médica), surpreendentemente, cerca de
dez mil gregos, liderados pelo ateniense Milcíades, conseguiram impedir o
desembarque de mais de vinte mil persas (alguns autores falam em 50 mil, outros
em 250 mil, não se sabe precisamente o efetivo persa), vencendo-os na batalha de
Maratona em 490 a.C.
Para se defenderem dos persas, algumas cidades-estado gregas organizaram a liga
de Delos[2], da qual se aproveitou Atenas para se sobrepor no mundo grego, pois era
responsável pelo dinheiro da Confederação e passou a usá-lo em benefício próprio.
Com isso, impulsionou sua indústria, seu comércio e modernizou-se, ingressando
numa era de grande prosperidade, e impondo sua hegemonia ao mundo grego. O
auge dessa época ocorreu entre 461 e 431 a.C., durante o governo de Péricles, por
isto o século V a.C.. é também chamado o "Século de Péricles".
Os persas, entretanto, não desistiram. Dez anos depois, voltaram a atacar as cidades
gregas (segunda guerra médica). Estas, por sua vez, esqueceram as disputas
internas que existiam entre elas e uniram-se, vencendo os persas na Batalha de
Salamina (480 a.C.) e na de Platéias (479 a.C.)
Após as guerras médicas, os gregos voltaram a enfrentar-se internamente e, de 431 a
404 a.C., decorreu a Guerra do Peloponeso, entre a Confederação de Delos (liderada
por Atenas) e a Liga do Peloponeso (liderada por Esparta).
Após tantas guerras, as cidades gregas ficaram debilitadas e foram conquistadas por
Felipe II da Macedônia, em 338 a.C. na batalha de Queroneia. Filipe II foi sucedido
por seu filho Alexandre, que ampliou consideravelmente o domínio macedônico
conquistando a Síria, a Fenícia, a Palestina, o Egito, a Pérsia e parte da Índia.
Antecedentes
Nas costas ocidentais da Ásia Menor, colônias gregas se dedicavam ao comércio,
desejando substituir os fenícios. A independência destas cidades jônicas terminou
quando elas caíram uma após a outra nas mãos do rei Creso, da Lídia, obrigadas a
pagar tributos, a situação ficou ainda pior quando o reino de Lídia caiu nas mãos do
rei persa Ciro II em 546 a.C., tendo as cidades gregas o mesmo destino.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Posteriormente, o rei persa Dario I governou as cidades gregas com tato,
procurando ser tolerante, seguindo a estratégia de dividir e vencer, apoiando o
desenvolvimento comercial dos fenícios, que tinham sido anteriormente submetidos
a seu império, e que eram rivais tradicionais dos gregos.
Além disto, os jônios sofreram mais golpes, como a conquista de seu florescente
subúrbio de Naucratis no Egito, a conquista de Bizâncio, chave do Mar Negro e a
queda de Sibaris, um de seus maiores mercados de tecidos e ponto de apoio vital
para o comércio.
Destas acções, surgiu um ressentimento contra o opressor persa, sentimento que foi
aproveitado pelo ambicioso tirano de Mileto, Aristágoras, para mobilizar as cidades
jônicas contra o Império Persa, em 499 a.C.
Aristágoras pediu ajuda às metrópoles de Hélade, mas somente Atenas (que enviou
vinte barcos – provavelmente a metade de sua frota) e Erétria (na ilha de Eubeia –
que aportou cinco navios), acudiram o pedido. Esparta não ofereceu nenhuma
ajuda. O exército grego dirigiu-se a Sardes, capital da satrapia persa da Lídia, e
reduziu-a a cinzas, enquanto que a frota recuperava Bizâncio. Dario I, enfurecido,
mandou seu exército, que destruiu o exército grego em Éfeso, e afundou a frota
helénica na batalha naval de Lade.
Tentando sufocar a rebelião, os persas reconquistaram, uma após outra, as cidades
jônias e, depois de um longo assédio, arrasaram Mileto, matando a maior parte da
população na batalha e escravizando os sobreviventes, que foram deportados para a
Mesopotâmia.
A Primeira Guerra Médica
Após o duro golpe dado às cidades jônicas, Dario I decidiu castigar aqueles que
haviam auxiliado os rebeldes, encarregando a represália a seu sobrinho Artafernes e
a um nobre chamado Datis.
Em Atenas, alguns homens já viam os sinais do iminente perigo. O primeiro deles
foi Temístocles, eleito arconte em 493 a.C. Temístocles acreditava que em Hélade
não teria salvação em caso de um ataque persa, se Atenas não desenvolvesse antes
uma poderosa marinha.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Dessa forma, fortificou o porto de Pireu, convertendo-o em uma poderosa base
naval, mas logo surgiria um rival político que impediria o resto de suas reformas.
Era Milcíades, membro de uma grande família ateniense das costas da Ásia Menor.
Opunha-se a Temístocles, porque considerava que os gregos deviam defender-se
primeiro por terra, acreditando na supremacia das largas lanças gregas contra os
arqueiros persas. Os atenienses decidiram por em suas mãos a situação, enfrentando
assim a invasão persa.
A frota persa chegou por mar no verão de 490 a.C., dirigidos por Artafernes,
conquistando as ilhas Cíclades e posteriormente Eubeia, como represália por sua
intervenção na revolta jônica. Posteriormente, o exército persa, comandado por
Datis, desembarcou na costa oriental da Ática, em Maratona, lugar recomendado
por Hípias (anterior tirano de Atenas) por ser considerada o melhor lugar.
Batalha de Maratona- A Segunda Guerra Médica- Temístocles retoma o mando
em Atenas
Soldados gregos do tempo das Guerras Médicas: um fundeiro (esquerda) e dois
hoplitas. O hoplita do meio possui um cortinado em seu escudo para proteção
contra flechas.
O vitorioso Milcíades quis aproveitar o momento de glória para expandir o poder
de Atenas no Mar Egeu, e logo depois da batalha em Maratona enviou uma parte da
frota contra as Cíclades, submetidas pelos persas.
Atacou a ilha de Paros, exigindo aos seus habitantes um tributo de 100 talentos, que
foram negados, então a cidade foi ocupada, mas a defesa foi tão árdua que os gregos
tiveram que contentar-se com uns poucos saques. Este pobre resultado começou a
desiludi-los com relação a Milcíades, chegando inclusive a vê-lo como um tirano
que depreciava as leis.
Os inimigos de Milcíades o acusaram de ter enganado o povo e o submeteram a um
processo, o qual não pode se defender por ter sido ferido em um acidente e estar
prostrado em uma cama. Ele foi declarado culpado, sendo salvo da pena capital
comum nestes casos pelos serviços prestados anteriormente à pátria, mas foi
condenado a pagar a elevada soma de 50 talentos. Pouco depois morreu por causa
de suas feridas. Seria agora Temístocles quem tomaria o comando de Atenas.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Em 481 a.C., os representantes de diferentes polis, liderados por Atenas e Esparta,
firmaram um pacto militar (simmaquia) para protegerem-se de um possível ataque
do Império Persa. Segundo este pacto, em caso de invasão, corresponderia a Esparta
a tarefa de comandar o exército helênico, em uma trégua geral, que inclusive
propiciou o retorno de alguns exilados.
"Terão toda a terra e a água que quiserem"
Após a morte de Dario I, seu filho Xerxes I subiu ao poder na Pérsia, ocupando-se
nos primeiros anos de seu reinado de reprimir revoltas no Egito e na Babilônia e
continuando a preparação para atacar os gregos. Antes, havia enviado à Grécia
embaixadores a todas as cidades para pedir-lhes terra e água, símbolos de
submissão. Muitas ilhas e cidades aceitaram, mas Atenas e Esparta não.[3] Conta-se
que os espartanos responderam aos embaixadores "Terão toda a terra e água que
quiserem" e os jogaram em um poço. Era uma declaração de intenções definitiva.
Em Esparta, começaram a ocorrer problemas nefastos, que seriam causados pela ira
dos deuses devido a este ato de insolência. Os cidadãos espartanos foram chamados
para solicitar se algum deles seria capaz de se sacrificar para satisfazer os deuses e
aplacar sua ira. Dois ricos espartanos ofereceram-se para se entregar ao rei persa, e
se dirigiram para Susa, onde Xerxes os recebeu. Os emissários espartanos lhe
disseram: "Rei dos Medos, fomos enviados para que possas vingar a morte dada a
vossos embaixadores em Esparta". Xerxes lhes respondeu que não ia cometer o
mesmo crime e que nem com sua morte os libertaria da desonra.
As Termópilas
O poderoso exército de Xerxes I, estimado em uns sessenta a setenta mil homens (a
tradição grega diz que marchavam com milhões de homens), e melhor equipados
que os anteriores, partiu em 480 a.C. "Levavam na cabeça uma espécie de sombreiro
chamado tiara, de feltro de lã; ao redor do corpo, túnica; cobriam suas pernas com
uma espécie de calças largas; em vez de escudos de metal levavam escudos de vime;
lanças curtas, arcos grandes, flechas e punhais na cintura" (Homero).
Cruzaram o Helesponto e seguindo a rota da costa entraram na península. As tropas
helênicas, que conheciam estes movimentos, decidiram detê-los ao máximo no
desfiladeiro das Termópilas (que significa Portas Quentes).
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Neste lugar, o rei espartano Leônidas colocou cerca de trezentos soldados
espartanos e mais mil de outras regiões. Xerxes enviou uma mensagem de aviso:
"Entregue-se, espartano, minhas flechas serão tão numerosas que cobrirão o sol."
Leônidas então respondeu: "Ótimo, então lutaremos na sombra". Após cinco dias de
espera e vendo que sua superioridade numérica não intimidava o inimigo, os persas
atacaram.
Naquele desfiladeiro tão estreito os persas não podiam usar sua famosa cavalaria, e
sua superioridade numérica estava bloqueada, visto que suas lanças eram mais
curtas que as gregas. O estreito fazia com que o combate fosse com similaridade
numérica de combatentes, e não lhes coube senão regressar depois de dois dias de
batalha.
Mas ocorreu que os gregos foram traídos por Efíaltes, que conduziu Xerxes através
dos bosques para chegar pela retaguarda à saída das Termópilas. A proteção do
caminho havia sido encomendada a mil foceus, que tinham excelentes posições
defensivas, mas se acovardaram ante o avanço persa e fugiram. Ao saber da notícia,
alguns gregos viram o inútil de sua situação e para evitar uma matança, Leônidas
decidiu então deixar partir quem quisesse, ficando ele e seus espartanos firmes em
seus postos.
Atacados, os espartanos sucumbiram depois de derramar muito sangue persa.
Posteriormente se levantaria nesse lugar a inscrição: "Viajante, vê e diz a Esparta
que morremos por cumprir com suas sagradas leis".
A Batalha de Salamina
Soldados gregos no tempo das Guerras Médicas. Um cavaleiro tessálio e soldado
com dardo e bolsa com pedras.
Com o passo das Termópilas liberado, toda a Grécia central estava aos pés do rei
persa. Após a derrota de Leônidas, a frota grega abandonou suas posições em Eubea
e evacuou Atenas, buscando refúgio para as mulheres e os filhos nos arredores da
ilha de Salamina. Desse lugar presenciaram o saque e incêndio da Acrópole pelas
tropas dirigidas por Mardônio. Apesar disto, Temístocles tinha um plano: atrair a
frota persa e forçar o combate (a batalha da Salamina), o que foi uma estratégia que
sairia vitoriosa. Conta a lenda que Temístocles se fez passar por traidor ante o rei da
Persa, incitando-o a uma vitória segura em Salamina, mas esta história é
provavelmente falsa.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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A batalha naval deu-se no estreito que separa Salamina da Ática, no mês de
setembro de 480 a.C. Após as vitórias na Tessália e em Termópilas, a devastação da
Beócia e da Ática, o rei persa Xerxes entrou em Atenas, destruindo inclusive os
monumentos da Acrópole, desenvolvendo aquela que ficou conhecida pela Segunda
Guerra Médica.
Enquanto os coríntios e os espartanos defendiam uma aglomeração militar no Istmo,
Temístocles concentrou a frota de 200 embarcações (trirremes) na baía de Salamina,
enfrentando a frota persa, que, apesar do seu maior número, tinha dificuldades
evidentes de maneabilidade no espaço exíguo do estreito, pelo que é completamente
derrotada pelos gregos. Xerxes foi obrigado a regressar à Ásia Menor, deixando o
comando das tropas restantes ao seu lugar-tenente Mardónio.
Temístocles
O certo é que Xerxes I decidiu entravar o combate naval, utilizando um grande
número de barcos, muitos deles de seus súditos fenícios. A frota persa não tinha
coordenação ao atacar, enquanto que os gregos tinham mostrado sua estratégia:
suas alas envolveriam os navios persas e os empurrariam uns contra os outros para
privá-los de movimento. Seu plano resultou em um caos entre a frota persa, com
terrível resultado: seus barcos se chocaram entre si, indo a pique muitos deles e
contando ainda que os persas não eram bons nadadores, enquanto os gregos ao cair
ao mar podiam nadar até a praia. A noite pôs fim ao combate, do qual se retirou
destruída a outrora poderosa armada persa. Xerxes presenciou impotente a batalha,
do alto de uma colina.
"Os helenos sabiam que quando chega a hora do combate, nem o número nem a
majestade dos barcos nem os gritos de guerra dos bárbaros podem atemorizar os
homens que sabem se defender corpo a corpo, e têm o valor de atacar o inimigo"
(Plutarco)
Fim das Guerras Médicas – as Batalhas de Platéias e Mícale
Temístocles quis levar a guerra à Ásia Menor, enviar ali a frota e sublevar as
colônias jônicas contra o rei da Pérsia, mas Esparta se opôs, por temor de deixar
desprotegido o Peloponeso.
Por estas razões, a guerra continuou na Europa, voltando o exército persa a invadir
a Ática em 479 a.C.. Mardônio ofereceu a liberdade aos gregos se firmassem a paz,
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
49
mas Licidas, o único membro do conselho de Atenas que votou por essa causa, foi
apedrejado até a morte por seus companheiros.[4] Desta forma, os atenienses
souberam buscar refúgio novamente em Salamina, sendo incendiada sua cidade
pela segunda vez.
Ao saber que o exército espartano (ameaçado pelos atenienses para que lhes dessem
ajuda) se dirigia contra eles, os persas se retiraram até o Oeste, em Platéias.
Dirigidos por seu regente Pausânias, conhecido por seu sangue frio, os espartanos
conseguiram em 479 a.C. outra estrondosa vitória sobre os persas, capturando de
uma vez um grande barco que estava esperando no acampamento persa.
Provavelmente no mesmo dia da vitória em Plateia, ocorreu a vitória grega na
batalha naval de Mícale[5], que foi também um sinal para o levantamento dos jônios
contra seus opressores. Os persas se retiraram da Hélade, pondo assim fim aos
sonhos de Xerxes I de conquistar o mundo helênico. Desta forma as Guerras
Médicas, em que se enfrentaram pela primeira vez o Oriente e o Ocidente, chegaram
ao fim.
Após a vitória grega
Diante da necessidade de organizar a defesa e de equipar o exército, Atenas liderou
a formação da Confederação de Delos, uma aliança entre várias cidades-estados
gregas que deveriam contribuir com navios ou dinheiro nos gastos da guerra.
GUERRAS PERSAS CONTRA OS GREGOS
O CARNEIRO QUE DAVA MARRADAS PARA O OCIDENTE... DN 8:4.
Os exércitos gregos se uniram militarmente para conter a investida do temível
Império Persa.
Por volta dos séculos VI e V a.C., o Império Persa estabeleceu um processo de
expansão territorial que abrangeu um amplo número de regiões dos mundos
Oriental e Ocidental. Esta seqüência de conquistas militares atingiu o litoral da Ásia
Menor, lugar onde existiam algumas colônias de origem grega. Inicialmente, a
dominação dos persas sobre os povos daquela localidade aconteceu sem maiores
rumores. Contudo, essa coexistência harmoniosa logo ruiu.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
50
As revoltas das cidades gregas foram duramente reprimidas pelos opulentos
exércitos da Pérsia. Após conterem os levantes ocorridos em Mileto, o poderio
militar persa aproveitou do incidente para controlar as cidades da Trácia e da
Macedônia. Logo em seguida, o rei Dario exigiu a rendição das demais cidades-
Estado que se situavam na Península Balcânica. Muitas delas, sem condições de
defesa, se renderam imediatamente.
No ano de 490 a.C., navios persas aportaram na Planície de Maratona e rumaram
seus exércitos contra a cidade de Atenas, localizada a 40 quilômetros do litoral.
Apesar de menos numerosos, os exércitos atenienses comandados por Milcíades
conseguiram abater a investida persa e retardar a invasão à Grécia Continental.
Após a vitória, Atenas saiu militarmente prestigiada e passou a tomar ações que
pudessem reforçar seu aparato bélico disponível.
Os persas, inconsolados com a derrota, preparavam um novo plano militar que
garantir a dominação de seu império contra os gregos. Em 480 a.C., o Império Persa
colocou seu plano em ação promovendo a conquista de várias regiões gregas.
Contudo, vale destacar a resistência dos espartanos, que, com apenas 6 mil
soldados, conseguiu retardar a incursão persa na Batalha das Termópilas. Nesse
meio tempo, os atenienses se retiravam de sua polis com o uso de várias
embarcações.
A manobra utilizada pelos atenienses fez com que os persas fossem atraídos para as
imediações do Canal de Salamina. Nessa estreita região, os ágeis e pequenos barcos
gregos puderam subjugar eficazmente as grandes e pesadas embarcações que
formavam as esquadras de guerra da Pérsia. Dessa forma, o numeroso exército
persa que permaneceu na região da Tessália não conseguiu suportar a investida
grega sem o suporte bélico e alimentar de seus navios.
Após conseguir superar os persas na Península Balcânica, os gregos passaram a
travar novas batalhas na Ásia Menor. Nesse meio tempo, a cidade-Estado de Atenas
teve força política suficiente para liderar uma frente militar envolvendo várias
cidades-Estado. Com isso, dava-se origem à Liga de Delos, acordo em que várias
cidades gregas cediam armamentos e recursos financeiros para conter outras
possíveis ações militares dos exércitos persas.
Depois de amealhar tropas, armas e embarcações suficientes, a Liga de Delos passou
a empreender novas lutas com o objetivo de recuperar suas colônias na região da
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
51
Ásia Menor. Comandados por Címon, os gregos conseguiram dar um fim à ação dos
persas na região do rio Eurimedonte, em 468 a.C.. No ano de 448 a.C., os persas
assinaram o Tratado de Susa, em que se comprometiam a não mais tentar invadir a
Grécia.
Após o estudo acima sobre as guerras dos persas contra os gregos continuemos com
o livro de Daniel.
Depois vem o bode com um chifre entre os olhos, uma espécie de unicórnio.
Simboliza o império Greco - macedônico, e o chifre é Alexandre o Grande Dn 8:5.
Rapidamente (sobrevoando) Alexandre espalhou as suas conquistas e atacou o
império medo-persa (carneiro), subjugando-o (quebrou os dois chifres do carneiro)
Dn 8:6-7. Alude-se aqui à conquista de Persépolis em 3331 a.C. e de Ecbátana em 330
a. C. Veja a descrição em 1 Macabeus 1:1-3.
Alexandre o Grande continuou suas conquistas (progrediu muito), mas morreu logo
(seu grande chifre quebrou). Seu grande império foi então dividido entre seus
quatro generais (quatro chifres): Cassandro ficou com a Grécia; Lisímaco com a
Trácia e a Ásia Menor; Seleuco ficou com a Síria, Babilônia e a Pérsia; Ptolomeu com
o Egito e a Palestina conforme Dn 8:8 e 1 Macabeus 1:4-9. Dividido, o império
perdeu a sua universalidade, e a unidade passou a ser garantida apenas pela cultura
grega, comum aos quatro impérios. Por outro lado, para a Bíblia interessou
principalmente a polarização Lágida do Egito e selêucida da Síria, pois a Palestina
ficava no meio, Espremida e disputada entre as duas partes, ou seja, o império
Lagida do Egito e selêucida da Síria.
Através de Dn 7:8, já sabemos que o chifre pequeno é Antíoco IV Epífanes, que
lutou contra o Egito (sul), a Pérsia (nascer do sol) e a Judéia 9terradeliciosa ou,
literalmente, a pérola, veja Jeremias 3:19. Antíoco é descrito em toda a sua
arrogância. Crescer até o céu e derrubar algumas estrelas é o auge da sua pretensão,
pois na Bíblia as estrelas são o exército de Deus, seu Comandante. II Macabeus 9:10
diz, referindo-se a Antíoco: “aquele que pouco antes parecia capaz de tocar as estrelas do
céu.” Podemos historicizar a passagem pois, segundo o livro de Números 3-4 e 26, o
sacerdócio levítico é visto como um exército a serviço de YHWH. Com efeito,
Antíoco demitiu todos os que serviam no culto e que a ele se opuseram ver II
Macabeus 4.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
52
De que modo Antíoco enfrentou o Comandante do exército, isto é, o próprio Deus?
Interferindo diretamente na religião judaica da época: aboliu o sacrifício perpétuo,
que era oferecido pela manhã e pela tarde conf. Êxodo 29:38-42. Também abalou as
bases do Santuário, entronizando no Templo uma estátua de Zeus-Jupiter, o que
significava destronizar YHWH para entronizar uma divindade estrangeira:
I Macabeus 1: 37. Derramaram sangue inocente ao redor do Templo e profanaram o lugar
santo. 38. Por causa deles, os moradores de Jerusalém fugiram, e Jerusalém se transformou
em morada de estrangeiros. A cidade tornou-se estranha à sua própria gente, e seus filhos a
abandonaram. 39. Seu santuário se tornou como deserto, suas festas se transformaram em
luto, seus sábados em vergonha e sua honra em humilhação. 40. Foi tão grande a sua
humilhação quanto o seu antigo prestígio, e seu esplendor se transformou em luto. 41. O rei
baixou um decreto, determinando que o reino inteiro formasse um povo só, 42. e cada qual
deixasse de lado seus costumes particulares. Todas as nações obedeceram ao decreto do rei.
43. Entre os israelitas, muitos gostaram da religião do rei e passaram a oferecer sacrifícios aos
ídolos e a profanar o sábado. 44. Além disso, através de mensageiros, o rei mandou a
Jerusalém e às cidades de Judá um documento com várias ordens: Tinham que adotar a
legislação estrangeira; 45. proibia oferecer holocaustos, sacrifícios e libações no Templo e
também guardar os sábados e festas; 46. mandava contaminar o santuário e objetos sagrados,
47. construindo altares, templos e oratórios para os ídolos, e imolar porcos e outros animais
impuros; 48. ordenava que não circuncidassem os filhos e que profanassem a si próprios com
todo o tipo de impurezas e abominações, 49. esquecendo a Lei e mudando todos os costumes.
50. Quem não obedecia à ordem do rei, incorria em pena de morte. 51. O rei mandou
documentos escritos que continham as ordens para todo o seu reino. Nomeou fiscais sobre
todo o povo e determinou que as cidades de Judá, uma após outra, deveriam oferecer
sacrifícios. 52. Muita gente do povo passou para o lado deles, todos traidores da Lei.
Começaram a praticar o mal no país, 53. e os israelitas tiveram que se esconder em qualquer
refúgio disponível. 54. No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e cinco,
Antíoco colocou sobre o altar dos holocaustos a Abominação da Desolação. Pelas
cidades de Judá em derredor, construíram-se também outros altares. 55. Passaram a queimar
incenso até nas portas das casas e pelas praças. 56. Rasgavam e queimavam os livros da Lei
que encontravam. 57. Quando encontravam um livro da Aliança em poder de alguém, ou se
alguém concordasse em seguir a Lei, o decreto do rei condenava essa pessoa à morte. 58.
Como tivessem o poder, cada mês, faziam isso com todos os israelitas que encontravam pelas
cidades. 59. No dia vinte e cinco de cada mês, ofereciam-se sacrifícios no altar colocado sobre
o altar dos holocaustos. 60. De acordo com o decreto, matavam as mulheres que tinham
circuncidado seus filhos, 61. juntamente com os filhos que elas carregavam no colo, com os
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
53
familiares e com as pessoas que tinham feito a circuncisão nas crianças. 62. Muitos israelitas,
porém, permaneceram firmes, e não havia quem os fizesse comer coisa nenhuma que fosse
impura. 63. Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos e profanar a santa
Aliança. E muitos morreram. 64. Assim, desencadeou-se uma grande ira sobre Israel.
No verso 54 acima a abominação desoladora se refere a estátua de Zeus-Jupiter.
Jogar por terra a verdade significa desprezar a religião verdadeira, consignada nos
livros sagrados. E Antíoco prosperou, ou seja, conseguiu tudo o que quis. O inicio
do versículo 12 também poderia ser traduzido por: “um exército foi encarregado do
sacrifício perpétuo sacrílego...” . Dando maior sentido no contexto: com o Templo
dedicado a Zeus, os sacrifícios se tornaram sacrílegos.
O episódio dos dois santos Dn 8:13-14 deve ser corretamente entendido. Os judeus
fiéis eram chamados de “Santos do Altíssimo” conforme Dn 7:18,22,27. A conversa
exprime a perplexidade dos judeus fiéis: Até quando vai durar a perseguição
desencadeada por Antíoco? Até quando o Templo permanecerá profanado? A
resposta é enigmática: 2300 tardes e manhãs, certamente uma alusão ao sacrifício
permanente ou perpétuo. Mas como entender a cifra? Significa 1150 dias, mais ou
menos os três anos e meio Dn 7:25, tempo que duraram a perseguição e a resistência
judaica na época de Antíoco. A justiça ao santuário se refere à nova consagração,
descrita em I Macabeus 4:43-59.
A DERROTA DO OPRESSOR DN 8:15-27
A interpretação da visão é obrigatória num apocalipse. Com efeito, Daniel,
literariamente vivendo na Babilônia, não pode entender a visão porque ela se refere
ao futuro. Ficção do autor, como sabemos. Aparece então a figura de um homem,
retomando o contraste feras / filho do homem do capitulo anterior. Trata-se, na
verdade, de um anjo intérprete, clichê típico do gênero. Gabriel significa “Deus é
forte”. A reação diante da personagem transcendente é outro clichê obrigatório, e
lembra a reação de Ezequiel 1:28-2:2.
O anjo esclarece que se trata de uma visão sobre o tempo final, mais precisamente o
tempo final da ira conf. Dn 8:17-19. Não se trata do fim do mundo, como muitos
interpretam, mas sim do fim da história dos impérios, da fase imperialista da
história veja Isaias 26.
Isaias 26: 20 Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos e fecha as tuas portas sobre ti;
esconde-te só por um momento, até que passe a ira. 21 Pois eis que o SENHOR sai do seu
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
54
lugar, para castigar a iniqüidade dos moradores da terra; a terra descobrirá o sangue que
embebeu e já não encobrirá aqueles que foram mortos.
Depois virá o Reino de Deus. Esse tempo da ira havia começado com a queda de
Jerusalém nas mãos da Babilônia, prolongou-se com os impérios sucessivos e o
tempo final é o imperialismo de Antíoco IV Epífanes. A expressão ocorre muitas
vezes nos livros dos Macabeus veja:
I Macabeus 1: 64. Assim, desencadeou-se uma grande ira sobre Israel.
I Macabeus 2: 49. Quando foi chegando perto da morte, Matatias disse aos seus filhos:
"Agora a insolência e o ultraje estão tendo muita força; é um tempo de destruição e ira
violenta.
I Macabeus 3: 8. Percorreu as cidades de Judá, exterminando os injustos, e afastou de Israel
a ira divina.
II Macabeus 5: 20. Por isso, é que o lugar santo, havendo participado das desgraças que
ocorreram ao povo, depois participou também da felicidade dele. Ficou abandonado no
momento de ira do Todo-poderoso, mas foi restaurado em toda a sua glória, quando o
Senhor novamente se reconciliou:
II Macabeus 7: 33. Por um pouco de tempo, o Senhor vivo está irado conosco e nos castiga e
nos corrige, mas ele voltará a se reconciliar com os seus servos.
II Macabeus 8: 5. Quando conseguiu organizar o pessoal, o Macabeu tornou-se invencível
para os pagãos. Dessa forma, a ira do Senhor transformou-se em misericórdia.
Mas a fase imperialista tem seus dias contados, e isso traz esperança para o povo.
Algo novo vai acontecer no mundo: virá o Reino de Deus, que derrotará
completamente o imperialismo.
Dn 8:20-22 explica o que já antecipamos. A interpretação se detém no chifre
pequeno, aqui chamado de rei ousado, claramente Antíoco IV Epífanes de Dn 8:23-
25. Ele é caracterizado como esperto, forte, destruidor e bem sucedido em I
Macabeus 1:16-19:
I Macabeus 1:16. Tendo consolidado seu reino, Antíoco projetou também tornar-se rei do
Egito, para dominar os dois reinos. 17. Entrou no Egito com um exército imponente, carros
de guerra e elefantes, cavalaria e muitos navios. 18. Entrou em combate contra Ptolomeu, rei
do Egito, que recuou e fugiu, ficando pelo chão muitos feridos. 19. As cidades fortificadas do
Egito
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
55
O povo dos santos e o povo judeu fiel conforme abaixo Dt.
Deuterônomio 26: 19 Para, assim, te exaltar em louvor, renome e glória sobre todas as
nações que fez e para que sejas povo santo ao SENHOR, teu Deus, como tem dito.
A fraude alude à “falsa proposta de paz” de I Macabeus 1:30. Mas o maior crime de
Antíoco foi contra YHWH, na linha do Salmo 2: “Os reis da terra se revoltam e, unidos,
os príncipes conspiram contra YHWH”. Tal crime foi sem dúvida o de destronizar
YHWH do Templo de Jerusalém, dedicando o santuário a Zeus-Jupiter.
Mas Antíoco tem os dias contados: “sem ninguém fazer nada, ele será destruído”.
Exatamente o que se dizia sobre a pedra em Dn 2:34-45. Isso quer dizer que Antíoco
será destruído pelo próprio Deus. De que modo? Há duas versões sobre a sua
morte. Conforme I Macabeus 6 Antíoco teria morrido de depressão, que o
consumiu. Já de acordo com II Macabeus 9 ele teria tido uma infecção interna fatal,
talvez apendicite supurada. Os judeus viram nisso a mão de Deus derrotando o
pretensioso rei e, dessa forma, acabando com o imperialismo.
O episódio se encerra com a ordem de guardar em segredo a visão Dn 8:26. Por que?
Por causa do expediente da antedatação: Daniel está literariamente vivendo séculos
antes dos acontecimentos. Só os contemporâneos do autor poderão entender a visão.
A doença é decorrência da visão: os acontecimentos são tão graves que a pessoa fica
prostrada. É um recurso dos apocalípticos para sublinhar a importância do que
escrevem.
Pouco a pouco vamos percebendo que os apocalipses são livros de intensa crítica
política. Visam promover a resistência e a luta contra o imperialismo, com sua
dominação política e exploração econômica. É nesses livros que fica bem clara a
alternativa que a Bíblia opõe ao imperialismo, ou seja, o Reino de Deus, cujo projeto
é para ser concretizado neste mundo concreto, através de uma formulação política e
econômica que dê a todos chance de vida digna. Fazer uma leitura espiritualizante
desses livros é rejeitar pela base a sua força de transformação, traindo o seu
verdadeiro propósito.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
56
DANIEL 9: 19 Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te
retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados
pelo teu nome. 20 Falava eu ainda, e orava, e confessava o meu pecado e o pecado do meu
povo de Israel, e lançava a minha súplica perante a face do SENHOR, meu Deus, pelo monte
santo do meu Deus. 21 Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel,
que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à
hora do sacrifício da tarde. 22 Ele queria instruir-me, falou comigo e disse: Daniel, agora, saí
para fazer-te entender o sentido. 23 No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim,
para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a coisa e entende a visão. 24 Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a
transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna,
para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos. 25 Sabe e entende: desde a
saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete
semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em
tempos angustiosos. 26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não
estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será
num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas 27 Ele fará firme
aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta
de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está
determinada, se derrame sobre ele.
BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO – DANIEL 9:1-27
A PRÓXIMA REVELAÇÃO TOMA COMO BASE E PONTO DE PARTIDA UM
CÉLEBRE ANÚNCIO DE JEREMIAS, QUE SITUAVA A QUEDA DA BABILÔNIA
(JR.25:12) E A LIBERTAÇÃO DE ISRAEL ( JR. 29:10) AO FINAL DE UM TEMPO DE
70 ANOS. VER JR. 25:11.
9:2 – ... “ AS ASSOLAÇÕES DE JERUSALÉM”... A PERSEGUIÇÃO INICIADA
CONTRA O POVO DE DEUS POR ANTIOCO IV EPÍFANES CONVIDAVA A
RELER ESTA PROFECIA, COM A FINALIDADE DE REINTERPRETA-LA À LUZ
DOS ACONTECIMENTOS PRESENTE.
9:24 – “ E PARA UNGIR O SANTO DOS SANTOS” : ALGUNS ENTENDEM QUE
AQUI TEMOS UMA ALUSÃO A UM ACONTECIMENTO QUE SUCEDERÁ NO
FINAL DOS TEMPOS, MAS À LUZ DO VERSÍCULO 27 É MUITO PROVÁVEL
QUE SE REFIRA À PURIFICAÇÃO E NOVA DEDICAÇÃO DO TEMPLO DE
JERUSALÉM NOS TEMPOS DOS MACABEUS EM 165 A . C . PARA
COMEMORAR ESSE GRANDE ACONTECIMENTO, JUDAS MACABEU
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
57
INSTITUIU A FESTA DA DEDICAÇÃO OU HANUKÁ A FESTA DAS LUZES,
QUE OS JUDEUS COMEMORAM A CADA ANO, DURANTE UMA SEMANA.
9:26 – ESTE UNGIDO PODERIA SER O SUMO SACERDOTE JUDEU ONIAS III,
ASSASSINADO NO ANO 170 A . C.
9:26 – UM PRINCIPE QUE HÁ DE VIR : O MONARCA HELENICO ANTIOCO IV
EPÍFANES, QUE REINOU ENTRE OS ANOS DE 175 E 163 A . C. E PERSEGUIU O
POVO E A RELIGIÃO JUDAICA.
9:27 – SOBRE AS ASAS DAS ABOMINAÇÕES OU ABOMINAÇÃO
DESOLADORA : SERIA ESTA ABOMINAÇÃO UM TERRÍVEL SACRILÉGIO. EM
PRIMEIRO LUGAR PODE SE REFERIR À PROFANAÇÃO DO SANTUÁRIO PELO
REI ANTIOCO IV EPÍFANES NO ANO 168 A . C. .
BÍBLIA DE JERUSALÉM - DANIEL 9:1-27
9:26 – PODEMOS IDENTIFICAR ESTE UNGIDO COMO O SUMO SACERDOTE
ONIAS III , DEPOSTO E ASSASSINADO POR VOLTA DO ANO DE 175 A. C. POR
HOMENS DE ANTIOCO IV EPÍFANES, ESTE UNGIDO SERIA O “PRINCIPE DA
ALIANÇA DO CAPITULO 11:22.
9:27 – ESTA PASSAGEM SE ESCLARECE À LUZ DO CAPITULO 11:30-32: A
“ALIANÇA” DESIGNARIA AQUI A REUNIÃO DOS IMPIOS EM TORNO DO
TIRANO ANTIOCO IV EPIFANES, QUE OS ATRAIU PARA VIOLARAM A
ALIANÇA SAGRADA CONFORME 1 MACABEUS 1:21,43,52 E 2 MACABEUS 4:10
SS.
9:27 – A ALIANÇA AQUI NÃO SE REFERE À NOVA ALIANÇA PELO
SACRIFICIO DE JESUS, AS PASSAGENS PARALELAS E O CONTEXTO
MOSTRAM QUE SE TRATA DE OBRAS DE IMPIOS E NÃO DE YESHUA.
9:27 – A ABOMINAÇÃO DESOLADORA OU HORRIPILANTE = SHIQQUÇIM
MESHOMEM: ESTA EXPRESSÃO DA QUAL CONSERVAMOS A TRADUÇÃO
CONSAGRADA PELO USO, DEVE EVOCAR, DE UMLADO, OS ANTIGOS BAAIS,
OBJETOS DA IDOLATRIA OUTRORA REPROVADA A ISRAEL POR SEUS
PROFETAS. DE FATO SHIQQUÇ, A EXPRESSÃO ERA UM EQUIVALENTE
DESDENHOSO DE BAAL; E SHOMEM FAZIA TROCADILHO COM O TITULO
DESSES BAAIS FENICIOS “REIS DOS CÉUS”, BAAL SHAMEM. DE OUTRO
LADO, A EXPRESSÃO EVOCAVA O ZEUS OLIMPICO, AO QUAL ANTIOCO IV
EPIFANES DEDICOU O TEMPLO DE JERUSALÉM CONFORME 2 MACABEUS
6:2.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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DETALHES:
O PRINCIPE DE UM POVO = ANTIOCO EPIFANES DOS SELEUCIDAS-
GREGOS
O UNGIDO = O SUMO SACERDOTE ONIAS III ASSASSINADO POR ANTIOCO
EPIFANES
A ALIANÇA = SE TRATA DE UMA ALIANÇA COM JUDEUS DO PARTIDO DOS
HELENIZANTES
UMA SEMANA = SETE ANOS QUE DUROU AS DESOLAÇÕES
METADE DA SEMANA = 3 ANOS E MEIO = DUROU 3 ANOS E MEIO A
PROFANAÇÃO DO TEMPLO E O FIM DO SACRIFICIO DIARIO.
ABOMINAÇÃO DESOLADORA = PROFANAÇÃO DO TEMPLO DE SALOMÃO
COLOCANDO UMA ESTÁTUA DO DEUS ZEUS OLIMPICO ONDE FOI
OFERECIDO SACRIFICIO DE CARNE PORCOS E REALIZADA UMA SURRUBA
NO SANTUÁRIO CHAMADO SANTO DOS SANTOS...
DANIEL 11: 1 Mas eu, no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei para o fortalecer e
animar. 2 Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e
o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte por suas
riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia. 3 Depois, se levantará um rei poderoso,
que reinará com grande domínio e fará o que lhe aprouver. 4 Mas, no auge, o seu reino será
quebrado e repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem
tampouco segundo o poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e passará a
outros fora de seus descendentes. 5 O rei do Sul será forte, como também um de seus
príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará, e será grande o seu domínio. 6 Mas, ao
cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do Norte,
para estabelecer a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço, e ele não
permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e bem assim os que a trouxeram, e
seu pai, e o que a tomou por sua naqueles tempos. 7 Mas, de um renovo da linhagem dela,
um se levantará em seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte, e entrará na sua
fortaleza, e agirá contra eles, e prevalecerá. 8 Também aos seus deuses com a multidão das
suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro levará como despojo
para o Egito; por alguns anos, ele deixará em paz o rei do Norte. 9 Mas, depois, este
avançará contra o reino do rei do Sul e tornará para a sua terra. 10 Os seus filhos farão
guerra e reunirão numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará
adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul. 11 Então, este se
exasperará, sairá e pelejará contra ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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multidão, mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele. 12 A multidão será levada, e
o coração dele se exaltará; ele derribará miríades, porém não prevalecerá. 13 Porque o rei do
Norte tornará, e porá em campo multidão maior do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto
é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões. 14 Naqueles tempos, se
levantarão muitos contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu povo se
levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão. 15 O rei do Norte virá, levantará
baluartes e tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo
escolhido, pois não haverá força para resistir. 16 O que, pois, vier contra ele fará o que bem
quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos.
17 Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma
jovem em casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a sua
vantagem. 18 Depois, se voltará para as terras do mar e tomará muitas; mas um príncipe
fará cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre aquele. 19 Então, voltará
para as fortalezas da sua própria terra; mas tropeçará, e cairá, e não será achado. 20
Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um exator pela terra mais gloriosa
do seu reino; mas, em poucos dias, será destruído, e isto sem ira nem batalha. 21 Depois, se
levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele
virá caladamente e tomará o reino, com intrigas. 22 As forças inundantes serão arrasadas de
diante dele; serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança. 23 Apesar da aliança
com ele, usará de engano; subirá e se tornará forte com pouca gente. 24 Virá também
caladamente aos lugares mais férteis da província e fará o que nunca fizeram seus pais, nem
os pais de seus pais: repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus
projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo. 25 Suscitará a sua força e o seu ânimo
contra o rei do Sul, à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com grande e mui
poderoso exército, mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele. 26 Os que
comerem os seus manjares o destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão
traspassados. 27 Também estes dois reis se empenharão em fazer o mal e a uma só mesa
falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque o fim virá no tempo determinado. 28
Então, o homem vil tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra
a santa aliança; ele fará o que lhe aprouver e tornará para a sua terra. 29 No tempo
determinado, tornará a avançar contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na
primeira, 30 porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; voltará, e
se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos
que tiverem desamparado a santa aliança. 31 Dele sairão forças que profanarão o santuário,
a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora. 32 Aos
violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se
tornará forte e ativo. 33 Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela
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espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo. 34 Ao caírem eles, serão
ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas. 35 Alguns dos
sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque
se dará ainda no tempo determinado. 36 Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará,
e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será
próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito. 37
Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus,
porque sobre tudo se engrandecerá. 38 Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das
fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com
pedras preciosas e coisas agradáveis. 39 Com o auxílio de um deus estranho, agirá contra as
poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar
sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio. 40 No tempo do fim, o rei do Sul lutará
com ele, e o rei do Norte arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e
entrará nas suas terras, e as inundará, e passará. 41 Entrará também na terra gloriosa, e
muitos sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos
filhos de Amom. 42 Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não
escapará. 43 Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do
Egito; os líbios e os etíopes o seguirão. 44 Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será
perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos.
DANIEL 11 – COMENTÁRIO E ESTUDO
A evidência mais convincente de que Daniel 8 está falando de Antíoco Epífanes é o
fato de que Daniel 11 explica Daniel 8 com grandes detalhes, e que o chifre pequeno
é interpretado desde o versículo 21 em diante. Somente Antíoco se ajusta a suas
especificações.
Durante uma Conferência Bíblica de 1919 dos dirigentes adventistas, houve uma
prolongada discussão sobre Daniel 11:
WIRTH: Parece-me que Antíoco Epífanes era realmente a grande figura neste
capítulo.
W. C. LACEY: Paráfrases de Daniel 11 vrs. 21.
“E em seu tempo (o de Seleuco Filopáter) se levantará (reinará) uma pessoa
desprezível (Antíoco Epífanes 176-164) ao qual não darão (não oferecerão) a honra
do reino (a soberania, porque Teliostarnes fazia um complô para obtê-lo; também
Demétrio; outro partido favorecia a Ptolomeu Filométor) mas tomou o reino
(acendeu ao trono da Síria por cima dos outros) com adulações (Euménides, rei de
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Pérgamo, e Átalo, os sírios, os romanos): assim, ele (Antíoco Epífanes) chegou sem
aviso, e se apoderou do reino mediante adulações. Versículos 22, 23. E como uma
inundação, as forças inimigas (Hiliodoro, Ptolomeu, Filométor) serão varridas
diante dele (Antíoco Epífanes) e serão destruídos (derrotados) junto com o príncipe
do pacto (Onías III, deposto do sumo sacerdócio no ano 176 AC, e mais tarde
assassinado). E depois do pacto com ele (entre Antíoco Epífanes e Jasón, o novo
sumo sacerdote) (Jasón) ele (Antíoco) enganará (depondo a Jasón e elevando a seu
irmão Menelau a posição de sumo sacerdote), e ele (Antíoco) subirá (acenderá a
soberania) e sairá vencedor com pouca gente (seus poucos colaboradores) versículo
24. Estando a província (as regiões altas, também Sele-Síria e Palestina) em paz e
abundância, ele (Antíoco Epífanes) entrará e fará o que não fizeram seus pais, nem
os pais de seus pais (despojar altares e templos); despojos e riquezas (dos altares,
templos, amigos e inimigos etc.) repartirá a seus soldados. Versículo 25. E ele
(Antíoco Epífanes) despertará suas forças (171 AC) e seu ardor contra o rei do sul
(Ptolomeu Filométor) com grande exército (“uma grande multidão”); e o rei do sul
(Ptolomeu Filométor) se empenhará na guerra com exército grande e muito forte
(“muitos, e extremamente fortes” Newton) mas ele (Ptolomeu Filométor) não
prevalecerá (“teve medo e fugiu”): porque lhe trairão (Eulaco, seu ministro, Macrón,
um premier). Versículo 26. Ainda os que comam de seus manjares (os de Ptolomeu)
(seus ministros, Eulaco, Macrón) lhe quebrantariam (por meio da traição), e seu
exército (o de Ptolomeu) será destruído, e cairão muitos mortos.
H. C. LACEY: Dispersaram-se e foram derrotados. Esta é a linguagem em I
Macabeus 1:16-19. (Lê). A linguagem em Daniel e em Macabeus se parecem muito.
(Continua lendo em Daniel): Versículo 27: O coração destes dois reis será para fazer
mal, e em uma mesma mesa falarão mentira; mas não servirá de nada, porque o
prazo ainda não haverá chegado.
Chegando a Memphis, Antíoco Epífanes e Ptolomeu Filopátor comeram e
conversaram juntos “em uma mesma mesa”, fazendo ver Antíoco que favoreceria a
causa de Ptolomeu contra a usurpação de seu irmão Fisón. Assim, Antíoco simula
aderir à causa de seu sobrinho mais velho contra seu irmão, Ptolomeu culpa pela
campanha inteira a Eulaso – que lhe havia traído – e professa uma grande obrigação
a seu tio Antíoco. Mas estas demonstrações de amizade eram “mentiras”. Tão logo
Antíoco se retirou, os dois irmãos, Ptolomeu e Fisón, fizeram as pazes e se puseram
de acordo para reinar conjuntamente.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Agora leiamos nas Escrituras os nomes destes reis: O coração destes dois reis
(Antíoco Epífanes e Ptolomeu Filopátor) será para fazer mal (cada um deles
esperando enganar um ao outro), e em uma mesma mesa falaram mentira (em
aparente amizade), mas (essa paz sobrecarregada entre eles) não servirá de nada .
Versículo 28: E voltará a sua terra com grande riqueza, e seu coração será contra o
pacto santo; fará sua vontade, e voltará a sua terra. Essa é a profecia.
Antíoco, esperando que os irmãos egípcios se destruíssem mutuamente em uma
guerra civil, regressou para a Síria. Levou com ele imensos tesouros dos povos
egípcios capturados. Daniel diz: “voltará . . . com grande riqueza”. A história diz
que se apoderou de todos os despojos dos povos egípcios capturados. Em I
Macabeus 1:19, 20 é dito: “Capturaram as cidades fortes na terra do Egito, e tomou
os despojos deles”. Isso é história.
Note-se que Daniel diz que “seu coração será contra o pacto santo”. O versículo
seguinte em Macabeus diz: “E depois de que Antíoco havia esmagado o Egito,
voltou no ano 143 (que é o ano 169 AC) e subiu contra Israel e Jerusalém com grande
multidão, e se apoderou do altar de ouro, e do candelabro, e de todos os copos, e da
mesa dos pães da proposição, e das taças das libações, e dos utensílios, e dos
incensários de ouro, e o véu, e as coroas, e os ornamentos de ouro que estavam
diante do templo, todos os quais arrancou. Tomou também a prata e o ouro e as
taças preciosas; também tomou os tesouros escondidos que encontrou. E quando os
levou, entrou em sua própria terra, havendo feito um grande massacre e falou com
muito orgulho”.
Esta é a história. A profecia diz: “E seu coração será contra o pacto santo”. Enquanto
estava no Egito, circulou um falso rumor sobre sua morte. Imediatamente depois,
Jasón, o ex-sumo sacerdote - ao qual Antíoco havia deposto - regressou a Jerusalém
e expulsou seu irmão Menelau do posto.
Antíoco, crendo que a nação se havia rebelado, e ouvindo que se regozijavam pela
notícia de sua morte, tomou Jerusalém com um grande exército, tomou por assalto a
cidade e descarregou sua ira contra os judeus. Matou 40.000 deles, e vendeu 40.000
mais, profanou o templo, ofereceu carne de porco sobre o altar de Deus, restaurou
Menelau ao sacerdócio e nomeou governador a Felipe, um bárbaro. “Fará sua
vontade, e voltará a sua terra”, tal como se havia predito.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Que versículo é citado quando fala da profanação do templo, como diz a história?
No capítulo 11. O versículo 30 fala da profanação do templo. Mas chegaremos a isso
um pouco mais adiante. A carreira de Antíoco Epífanes é muito semelhante ao que
se predisse do chifre pequeno. Somente para ilustrar: As coisas ditas do chifre
pequeno podem aplicar-se a Antíoco Epífanes. Ele é o undécimo da linhagem, três
foram arrancados (Hiliodoro, Ptolomeu, Filométor), matou os santos do Santíssimo,
mudou a lei do Altíssimo; lhe foram entregues coisas em sua mão por um tempo, e
tempos, e metade de um tempo, que são três anos e meio. Assim que, suponhamos
que o senhor e eu houvéssemos vivido nesse tempo, haveríamos pensado que a
profecia se estava cumprindo. . . . Mais tarde, Antíoco descarregou seu desprezo
sobre os desafortunados judeus, despachando a Apolônio com 20.000 homens a
Jerusalém, os quais mataram grandes multidões, saquearam a cidade, derrubaram
casas e muros, assassinaram aos que atendiam aos serviços no templo, e profanaram
o Lugar Santo, de maneira que o serviço inteiro se interrompeu, a cidade ficou vazia
de judeus, e somente ficaram estrangeiros. À sua chegada em Antióquia, publicou
um decreto obrigando todos a conformar-se com a religião grega, sob pena de
morte. Assim foi abolida a lei judaica, e no templo mesmo se estabeleceu o culto
pagão.
Em que data foi isso?
No ano 168 AC.
Puseram sobre o altar a abominação desoladora. Ofereceram sacrifícios sobre o altar
dos ídolos, que estava sobre o altar de Deus”. I Macabeus 1:54, 59. Os senhores
notem que eles puseram a abominação desoladora no Lugar Santo. A mesma
linguagem da Bíblia diz: “A abominação desoladora” é posta no templo; e isto é
história.
DANIEL 8 E DANIEL 11
Algumas vezes esquecemos que Daniel escreveu para o povo judeu. Daniel
escreveu para advertir os judeus da maior crise que haveria de sobrevir ao povo de
Daniel entre o tempo do cativeiro na Babilônia e a destruição de Jerusalém no ano
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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70 DC: o ataque homicida de Antíoco Epífanes contra os judeus. Deus nunca deixou
Seu povo sem aviso quanto a futuras situações de urgência. O livro de Daniel,
prediz que as calamidades teriam lugar sob o tirano sírio.
Sabendo que os capítulos 11 e 12 transcorrem sobre o mesmo terreno que o capítulo
8, podemos nos perguntar que equivalências proporcionam estes capítulos para
8:10-14. Ajuda-nos o paralelismo entre o 8 e o 11 a entender melhor a passagem em
8:14? Comparemos a profecia do templo de Daniel 8 com a profecia do templo em
Daniel 11. O tema de cada passagem é o mesmo. Daniel 8 está expandido em Daniel
11. Em cada um deles um poder blasfemo e conquistador vem contra o povo do
pacto santo. Em ambos, o Príncipe do pacto, seu santuário, e os adoradores são
derrubados. Em ambos se promete que essa iniqüidade não prevalecerá para
sempre, porquanto Deus decidiu vindicar a Seu povo e à verdade, e derramar sua
indignação sobre o opressor idólatra e perseguidor. Esta vindicação, sem demora,
não há de ter lugar senão até “o tempo do fim” (Daniel 8:17; 11:35, 36) depois de
2300 dias, ou seja, 6 anos e pouco.
A purificação do santuário desde a profanação em Daniel 8:14 corresponde à
profanação do santuário mencionada em Daniel 11:31. Um exame da palavra
hebraica equivalente a “profanar”, e um estudo de seus sinônimos e seus
antônimos, fornece muita luz sobre o significado da palavra traduzida como
“purificado” em Daniel 8:14. É impossível exagerar o fato de que Daniel 11:31 está
dizendo, em diferentes palavras o mesmo que Daniel 8:9-13, e que, portanto, pode-
se ter uma compreensão mais ampla de Daniel 8:14 por meio da segunda descrição
expandida da situação que torna necessária a “purificação”.
Assim, temos que buscar outra evidência. O chifre representa um poder real, e seria
inusitado encontrar um poder real não associado com um corpo (um reino).
Pareceria estranho que a um profeta fosse dada uma visão mostrando uma
seqüência de eventos que têm que ver com Alexandre, o Grande, a seguir o
desmembramento do império grego em quatro partes, e então o surgimento do
chifre pequeno. O chifre pequeno surge dos herdeiros e sucessores do império
grego. Aparentemente o império grego proporciona o pano de fundo para o
surgimento do chifre pequeno, ou do contrário, por que iria ser mencionado?
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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Note-se a seqüência da visão:
1- O bode aparece com um grande chifre entre os olhos.
2- O chifre do bode é quebrado.
3- Em seu lugar surgem quatro chifres.
4- De um destes quatro chifres sai outro chifre pequeno.
5- Todos os chifres estão ainda unidos ao corpo do bode (Grécia).
BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO – DANIEL 11
11:2-45 – MESMO QUE NOMES CONCRETOS NÃO SEJAM DADOS, ESTES
VERSICULOS FALAM DE LUTAS ENTRE OS REIS DAS DINASTIAS PTOLOME
LÁGIDAS DO EGITO, OU SEJA DO SUL, E OS SELÊUCIDAS DA SÍRIA
CONFORME DANIEL 2:41. ESTES REIS SÃO CHAMADOS RESPECTIVAMENTE
DE REIS DO NORTE E DO SUL . ASSIM É FEITO UM RESUMO DOS
ACONTECIMENTOS QUE AFETARAM O POVO JUDEU DESDE A QUEDA DO
IMPÉRIO PERSA NO ANO 333 A . C. ATÉ A PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV
EPIFANES NO ANO DE 171 À 164 A . C. A REREFENCIA À RUINA DESTE REI
NO VERSO 45 PREPARA O ANÚNCIO DA LIBERTAÇÃO DO POVO DE DEUS,
QUE IRÁ SER DESCRITA NO CAPITULO 12.
11: 31 – O TERMO “ABOMINAÇÃO DESOLADORA “ DE DANIEL 9:27, 11:31 E
12:11 TAMBÉM APARECEM NO LIVRO DE MACABEUS COFORME ABAIXO:
I MACABEUS 1:
54. No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e cinco, Antíoco colocou sobre o
altar dos holocaustos a Abominação da Desolação. Pelas cidades de Judá em derredor,
construíram-se também outros altares. 55. Passaram a queimar incenso até nas portas das
casas e pelas praças.
56. Rasgavam e queimavam os livros da Lei que encontravam. 57. Quando encontravam um
livro da Aliança em poder de alguém, ou se alguém concordasse em seguir a Lei, o decreto do
rei condenava essa pessoa à morte. 58. Como tivessem o poder, cada mês, faziam isso com
todos os israelitas que encontravam pelas cidades. 59. No dia vinte e cinco de cada mês,
ofereciam-se sacrifícios no altar colocado sobre o altar dos holocaustos.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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II MACABEUS
1. Não muito tempo depois, o rei mandou um ancião ateniense convencer os judeus a que
abandonassem as leis dos antepassados e deixassem de se governar segundo as leis de Deus.
2. Mandou também profanar o Templo de Jerusalém e dedicá-lo a Júpiter Olímpico,
e também a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo do monte Garizim, conforme o
desejo dos moradores do lugar. 3. Até para a massa do povo, era difícil e insuportável o
crescimento dessa maldade. 4. De fato, o Templo ficou cheio de libertinagem e orgias de
pagãos, que aí se divertiam com prostitutas e mantinham relações com mulheres no recinto
sagrado do Templo, além de levarem para dentro objetos proibidos. 5. O próprio altar estava
repleto de ofertas proibidas pela Lei. 6. Não se podia celebrar o sábado, nem as festas
tradicionais, nem mesmo se declarar judeu. 7. Todo mês eram forçados a participar do
banquete sacrifical, que se realizava no dia do aniversário do rei. Quando chegavam as festas
de Dionísio, eram obrigados a participar da procissão em honra a Dionísio, com ramos de
hera na cabeça.
HISTÓRIA DO IMPERIALISMO DANIEL CAPITULO 11
O ANJO COMEÇA A CONTAR A VERDADE CONTIDA NO LIVRO, OU SEJA,
NAS ESCRITURAS. TRATA-SE DE UMA VISÃO ESQUEMÁTICA DA HISTÓRIA
DOS IMPÉRIOS DESDE CIRO REI DA PERSA NO ANO 539, ATÉ ANTIOCO IV
EPIFANES, REI DA SIRIA E DA DINASTIA SELEUCIDA, REINO DO NORTE NO
ANO 164 A . C., OS PASSOS SÃO OS SEGUINTES:
IMPÉRIO PERSA DANIEL 11:2 – É REDUZIDO A QUATRO REIS, CIFRA
SIMBÓLICA QUE SIGNIFICA TODOS. INTERESSA AO AUTOR O ÚLTIMO REI,
DARIO III CODOMANO, QUE ALEXANDRE O GRANDE DERROTOU,
FORMANDO O IMPÉRIO GREGO. A RIQUEZA DOS IMPÉRIOS PROVOCA
SEMPRE A COBIÇA E A AUTO DESTRUIÇÃO, OU SEJA, ELE VÃO SE
SUCEDENDO E SE AUTODESTRUINDO PELA COBIÇA E GANANCIA.
IMPÉRIO GREGO E ALEXANDRE O GRANDE E A DIVISÃO DO SEU IMPÉRIO
DANIEL 11:3-4 – ALEXANDRE O GRANDE FOI O GUERREIRO QUE
CONQUISTOU UM GRANDE IMPÉRIO, E ISSO LHE GARANTIU O PODER
ABSOLUTO NO ORIENTE MÉDIO. ELE MORREU LOGO, PORÉM, E O SEU
IMPÉRIO NÃO FICOU PARA SEUS DESCENDENTES, MAS FOI DIVIDIDO
ENTRE SEUS QUATRO GENERAIS:
CASSANDRO FICOU COM A GRÉCIA.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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LISÍMACO FICOU COM A TRÁCIA E ASIA MENOR.
SELEUCO FICOU COM A SÍRIOA, BABILÔNIA E PERSIA. REI DO NORTE.
PTOLOMEU FICOU COM O EGITO E PALESTINA. REI DO SUL.
PTOLOMEU I E SELEUCO I DANIEL 11:5 – PTOLOMEU I DÁ ORIGEM À
DINASTIA LÁGIDA NO EGITO (REINO DO SUL) E SELEUCO DÁ ORIGEM À
DINASTIA SELÊUCIDA NA SÍRIA (REINO DO NORTE). DE INICIO O EGITO
REINO DO SUL É MAIS FORTE E SELEUCO I FICA COMO UMA ESPÉCIE DE
GENERAL DE PTOLOMEU I. DEPOIS A SÍRIA SE TORNA MAIS PODEROSA E
INDEPENDENTE. COMEÇAM ENTÃO A RIVALIDADE E OS CONFLITOS
ENTRE O REINO DO SUL O EGITO EO REINO DA NORTE A SÍRIA. A JUDÉIA
FICA ESPREMIDA BEM NO MEIO, OU SEJA, NO CENTRO DAS DUAS
POTÊNCIAS E ASSIM DOS CONFLITOS.
LÁGIDAS E SELÊUCIDAS DANIEL 11:6-9 –ANTIOCO II TEOS, DA SIRIA, FAZ AS
PAZES COM PTOLOMEU II FILADELFO, DO EGITO; REPUDIA A PRÓPRIA
ESPOSA, LAODICE E CASA-SE COM BERENICE A FILHA DE PTOLOMEU II
FILADELFO. TAIS CASAMENTOS ERAM, NA VERDADE ALIANÇAS
POLITICAS CONFORME DANIEL 2: 43 E DANIEL 11:6 E DANIEL 11:17.
LAODICE, PORÉM, MATA ANTIOCO II MATA BERENICE A ESPOSA DELE E O
FILHO DELES, COLOCANDO NO TRONO SEU PRÓPRIO FILHO SELEUCO II
CALINICOS DANIEL 11:6. SÃO OS CASAMENTOS-ALIANÇAS QUE NÃO
DARÃO CERTO SEGUNDO DANIEL 2:43. PTOLOMEU III EVERGETES, FILHO
DE PTOLOMEU II, VINGA SEU PAI E SUA IRMÃ, INVADINDO A SÍRIA,
DERROTANDO SELEUCO II CALÍNICOS E CONQUISTANDO MAIS DESPOJOS
CONFORME DANIEL 11:7-8. SELEUCO III CERAUNOS, SUCESSOR DE
SELEUCO II CALÍNICOS, CONTRA-ATACA PTOLOMEU III, CONSEGUINDO
PEQUENA VITÓRIA CONFORME DANIEL 11:9.
ANTIOCO III O GRANDE DANIEL 11:10-19 – “OS FILHOS DO REI DP NORTE”
OU “OS SEUS FILHOS” SÃO SELEUCO III E ANTIOCO III. ESTE ÚLTIMO
EXPANDESUAS CONQUISTAS NA ÁSIA E ATACA O EGITO DANIEL 11:10.
PTOLOMEU IV, “DESPEITADO”, RESISTE E SAI VITORIOSO, MAS NÃO TIRA
PROVEITO DA SUA VITÓRIA DANIEL 11:10-12. ANTIOCO III SE FORTIFICA NA
ÁSIA EE PREPARA A DESFORRA DANIEL 11:13. NESSE TEMPO ATÉ ALGUNS
JUDEUS (“POVO DE VOCÊS OU DENTRE O TEU POVO”) PENSAM EM SE
REBELAR CONTRA O EGITO, QUE ATÉ ENTÃO DOMINA A JUDÉIA DANIEL
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
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11:14. TRATA-SE TALVEZ DO GRUPO COLABORACIONISTA DOS SELEUCIDAS
CONFORME I MACABEUS 1:11-15. ANTIOCO III AVANÇA, TOMA GAZA,
PORTA DE ENTRADA PARA O EGITO DANIEL 11:15, E TAMBÉM TOMA JUDÁ,
A TERRA GLORIOSA OU LITERALMENTE A PEROLA DANIEL 11:16.
FORTALECIDO, ANTIOCO III FAZ AS PAZES COM O EGITO, SELANDO
ACORDO POLÍTICO ATRAVÉS DA ENTREGA DE SUA FILHA CLEÓ PATRA
PARA PTOLOMEU DANIEL 11:17. OUTRO CASAMENTO POLITICO. A SEGUIR
TENTA EXPANDIR-SE PARA O OCIDENTE (“TERRAS DO MAR”), MAS ROMA
(“UM PRINCIPE”) O IMPEDE DANIEL 11:18. ANTIOCO III VOLTA PARA SEU
TERRITÓRIO, MAS MORRE AO SAQUEAR UM TEMPLO DANIEL 11:19.
A INVESTIDA DE ANTIOCO IV EPIFANES DANIEL 11:20-39
EM 187 A . C. O FILHO MAIS VELHO DE ANTIOCO III, SELEUCO IV
FILOPÁTOR, SUCEDE O PAI, MAS MORRE EM 175 A . C. , TALVEZ
ENVENENADO POR SEU MINISTRO HELIODORO DANIEL 11:20. FOI ELE QUE
ENVIOU HELIODORO PARA DESPOJAR O TEMPLO EM JERUSALÉM,
EMPREENDIMENTO QUE MALOGROU CONFORME IIMACABEUS 3.
FINALMENTE CHEGA ANTIOCO IV EPIFANES, QUE CONCENTRA O
INTERESSE DO AUTOR DO LIVRO DE DANIEL. SELEUCO IV DEVIA SER
SUCEDIDO POR SEU FILHO DEMÉTRIO. TODAVIA, ANTIOCO IV EPIFANES,
IRMÃO DE SELEUCO IV, VOLTAVA DE ROMA, ONDE ESTEVE COMO REFÉM
CONFORME I MACABEUS 8:6-7. APOIADO POR EUMENES DE PÉRGAMO, ELE
SE ADIANTA E TOMA O PODER, ASSUMINDO O NOME DE ANTIOCO IV
EPIFANES, QUE SIGNIFICA “DEUS MANIFESTO” CABE DIZER QUE ANTES
DISTO ELE SÓ SE CHAMAVA ANTIOCO IV, NÓS SEMPRE USAMOS O NOME
INTEIRO PELA FORÇA DO HÁBITO. O AUTOR DO LIVRO DE DANIEL, PORÉM,
O CHAMA DE “MISERAVEL, DESPREZÍVEL OU VIL “ SORRATEIRO E
INTRIGUENTO, PELA FORMA COMO HAVIA CHEGADO À REALEZA DANIEL
11:21. ALIÁS, A ESPERTEZA E O TATO PARA AS INTRIGAS SÃO
CARACTERISTICAS BÁSICAS DA POLÍTICA DE ANTIOCO IV EPIFANES
CONFORME DANIEL 8:23.
A GRANDE AMBIÇÃO DE ANTIOCO IV EPIFANES ERA REINAR TAMBÉM
SOBRE O EGITO. O “PRINCIPE DA ALIANÇA” É O SUMO SACERDOTE ONIAS
III, QUE FOI MORTO TRAIÇOEIRAMENTE EM DAFNE EM 171 A . C. DANIEL
11:22 E DANIEL 9:26. POUCO À POUCO ANTIOCO IV EPIFANES AVANÇA
PARA O SUL, FAZENDO NUMEROSAS CONQUISTAS DANIEL 11:23-24.
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NA PRIMEIRA INVESTIDA CONTRA O EGITO CONFORME DANIEL 11:25-28 E I
MACABEUS 1:16-19, ANTIOCO SE APROVEITA DA RIVALIDADE EXISTENTE
ENTRE PTOLOMEU FILOMÉTOR E SEU IRMÃO PTOLOMEU FISCON.
APRISIONA FILOMÉTOR, QUE FORA MAL ASSESSORADO POR SEUS
MINISTROS, TRATA-O BEM, FINGINDO APOIÁ-LO CONTRA SEU IRMÃO
FISCON. O BANQUETE AMIGÁVEL TORNA-SE O BANQUETE DAS
“MENTIRAS” “ E A UMA SÓ MESA FALRÃO MENTIRAS” DANIEL 11:27.
ANTIOCO É BEM SUCEDIDO E VOLTA PARA A SUA TERRA COM MUITAS
RIQUEZAS CONFORME DANIEL 11:28. AO VOLTAR, CONTUDO, FICA
SABENDO QUE EM JERUSALÉM SE ESPALHARA O BOATO DE QUE ELE
HAVIA MORRIDO. ENTÃO SUBMETE JERUSALÉM, MATANDO E
SAQUEANDO CONFORME I MACABEUS 1:20-64.
NA SEGUNDA INVESTIDA CONTRA O EGITO CONFORME DANIEL 11:29-30,
ANTIOCO PROCURA SE APOSSAR DE CHIPRE E DE OUTRAS ILHAS E CHEGA
ATÉ ALEXANDRIA E MÊNFIS CONFORME II MACABEUS 10:13. É PORÉM
HUMILHADO POR POPÍLIO LENAS, O LEGADO ROMANO QUE O FORÇA A
SE RETIRAR. AO VOLTAR PARA SUA TERRA EM 168 A . C. ELE DESCARREGA
A SUA IRA CONTRA OIS JUDEUS CONFORME DANIEL 11:31 E II MACABEUS 5.
JERUSALÉM SE DIVIDE EM DOIS PARTIDOS POLÍTICOS DANIEL 11:32-35, O
DOS COLABORACIONISTAS (“OS QUE VIOLAM A ALIANÇA”) E OS DA
RESISTÊNCIA (“ OS QUE RECONHECEM O SEU DEUS”). É O TEMPO DOS
MARTIRES, QUE TENTAM CONSCIENTIZAR O POVO E ACABAM MOTOS
DANIEL 11:33-34. TAL SOFRIMENTO É VISTO COMO PURIFICAÇÃO DO POVO
DANIEL 11:35, CONCEPÇÃO BASEADA EM ISAIÁS 53 E QUE TORNA A CHAVE
TEOLÓGICA DE TODO O LIVRO DE II MACABEUS.
DANIEL 11:36-39 DESCREVE O AUGE DE ANTIOCO IV , QUE SE EXALTA
COMO “EPIFANES” O DEUS MANIFESTO, FATO DOCUMENTADO EM SUAS
MOEDAS, QUE CELEBRAVAM A SUPRESSÃO DO CULTO DE APLO E DE
TAMUZ DEUS DO SOL EM FAVOR DO DE ZEUS O DEUS DO OLIMPO, OU SEJA
O DEUS OLIMPICO. DANIEL 11:39 ALUDE AO ESTABELECIMENTO DA
FORATLEZA ACRA, A CIDADE GREGA NO CORAÇÃO DE JERUSALEM.
OS ULTIMOS DIAS - DANIEL 11:40-45...
ATÉ ESTA ALTURA O AUTOR DO LIVRO DE DANIEL RELATOU MAIS OU
MENOS CIFRADAMENTE OS ACONTECIMENTOS. DAQUI PARA FRENTE ELE
PROJETA ESPERANÇOSA E CONFIADAMENTE O FIM DO OPRESSOR E O
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
70
DESTINO DOS FIÉIS E INFIÉIS. DANIEL 11:40-45. O TRECHO E UMA
RETOMADA GLOBAL DAS CONQUISTAS DE ANTIOCO IV EPIFANES. A
HISTÓRIA DESSE REI É VISTA SEGUNDO O CLICHÊ TÍPICO DO INVASOR
ESTRANGEIRO QUE É FIANLMENTE DERROTADO DE FORMA MISTERIOSA,
TAL COMO HAVIA ACONTECIDO COM O GENERAL ASSIRIO SENAQUERIBE,
QUANDO ESTE CERCAVA JERUSALÉM IASAIAS 39.O INVASOR IMPIO SERÁ
DERROTADO E DESTRUIDO. COMO NO CAPITULO 8:25 QUE DIZ : “ MAS
SERÁ QUEBRADO SEM ESFORÇAO DE MÃOS HUMANAS.” E COMO EM
DANIEL 2:34 E 45 QUE DIZ : UMA PEDRA FOI CORTADA SEM AUXILIO DE
MÃOS, FERIU A ESTÁTUA NOS PÉS DE FERRO E BARRO E OS ESMIUÇOU”, OU
SEJA , ESTES PÉS DE FERROE BARRO SÃO AS DINASTIAS LÁGIDAS E
SELEUCIDAS SE MISTURARAM ATRAVES DE CASAMENTOS MAS NÃO SE
UNIRAM E ERA ANTIOCO IV EPIFANES, É O MESMO TEMA NESTAS TRÊS
PASSAGENS, SEM AUXILIO DE MÃOS HUMANAS, OU SEJA DEUS
VINDICARIA SEU POVO. MAS ANTIOCO TEM OS DIAS CONTADOS DANIEL
11:45: “ CHEGARÁ AO SEU FIM, E NÃO HAVERÁ QUEM O SOCORRA.” ,
EXATAMENTE O QUE DIZIA SOBRE A PEDRA NO CAPITULO 2:34 E 45. ISSO
QUER DIZER QUE ANTIOCO SERÁ DESTRUIDO PELO PRÓPRIO DEUS. DE
QUE MODO? HÁ DUAS VERSÕES SOBRE A SUA MORTE. CONFORME I
MACABEUS 6 ANTIOCO TERIA MORRIDO DE DEPRESSÃO E TRISTEZA QUE O
CONSUMIU. JÁ SEGUNDO II MACABEUS 9 ELE TERIA TIDO UMA INFECÇÃO
INTERNA FATAL, TALVEZ APENDICITE SUPURADA. OS JUDEUS VIRAM
NISSO A MÃO DE DEUS DERROTANDO O PRETENSIOSO REI E , DESSA
FORMA, ACABANDO COM O IMPERIALISMO DELE.
DANIEL 12: 1 Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do
teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele
tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no
livro. 2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e
outros para vergonha e horror eterno. 3 Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o
fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e
eternamente. 4 Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim;
muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará. 5 Então, eu, Daniel, olhei, e eis que
estavam em pé outros dois, um, de um lado do rio, o outro, do outro lado. 6 Um deles disse
ao homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio: Quando se cumprirão estas
maravilhas? 7 Ouvi o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
71
levantou a mão direita e a esquerda ao céu e jurou, por aquele que vive eternamente, que isso
seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E, quando se acabar a
destruição do poder do povo santo, estas coisas todas se cumprirão. 8 Eu ouvi, porém não
entendi; então, eu disse: meu senhor, qual será o fim destas coisas? 9 Ele respondeu: Vai,
Daniel, porque estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo do fim. 10 Muitos
serão purificados, embranquecidos e provados; mas os perversos procederão perversamente, e
nenhum deles entenderá, mas os sábios entenderão. 11 Depois do tempo em que o sacrifício
diário for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.
12 Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias 13 Tu,
porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para
receber a tua herança.
COMENTÁRIO BÍBLIA ALMEIDA DE ESTUDO
12:1-13 – O ANUNCIO DA FUTURA RESSURREIÇÃO CONSTITUIU O PONTO
CULMINANTE DA REVELAÇÃO CONTIDA NESTE LIVRO. DEUS CONCEDE A
VITÓRIA FINAL AO SEU POVO E FAZ QUE DELA PARTICIPEM NÃO SÓ OS
VIVOS, COMO OS MORTOS TAMBÉM. DESSE MODO, A JUSTIÇA DE DEUS
TRIUNFA ALÉM DA MORTE E RESOLVE O ENIGMA COLOCADO PELO
SOFRIMENTO DOS JUSTOS DURANTE A PERSEGUIÇÃO DE ANTIOCO IV
EPIFANES E A APARENTE PROSPERIDADE DOS IMPIOS.
12:1- MIGUEL = QUEM É COMO DEUS? É O PRINCIPE DE ISRAEL QUE
LUTARÁ NAS REGIÕES CELESTIAIS COM OS ANJOS DAS OUTRAS NAÇÕES E
DEFENDERÁ ISRAEL, É UMA ESPÉCIE DE GUERRA PARALELA, ENQUANTO
SE GUERREIA NA TERRA OS REINOS DOS HOMENS OS ANJOS DAS
NAÇÃOES GUERREIAM NAS REGIÕES CELSTES E ESPIRITUAIS.
12:2 – A EXPRESSÃO “ MUITOS DOS QUE DORMEM”. O EMPREGO DA
PALAVRA MUITOS EM OPOSIÇÃO A TODO DO VERSICULO ANTERIOR,
PODE INDICAR QUE ESSA PASSAGEM NÃO SE REFIRA À RESSURREIÇÃO
UNIVERSAL, MAS ENCERRA UMA PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA OS
ISRAELITAS FIÉIS QUE FORAM MORTOS NA PERSEGUIÇÃO IMPOSTA POR
ANTIOCO IV EPIFANES NO TEMPO DOS MACABEUS. E TAMBÉM
CONDENAÇÃO PARA OS QUE NEGARAM A ALINAÇA CONFORME DANIEL
11:30-32. “NO PÓ DA TERRA” : NOTAR A VIBCULAÇÃO DESTA PROMESSA
COM O DESTINO DOS QUE FORAM VITIMAS DA PERSEGUIÇÃO RELIGIOSA
DE ANTIOCO IV EPIFANES CONFORME VERSOS 10 E 11. A JUSTIÇA DE DEUS
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
72
NÃO PODIA DEIXAR SEM RECOMPENSA OS QUE PREFERIRAM ENFRENTAR
O MARTIRIO AO INVÉS DE SEREM INFIÉIS AO SEU DEUS.
12:7 - “que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo” ,
É O TEMPO DA PROFANAÇÃO DO TEMPLO E DA PERSEGUIÇÃO IMPOSTA
POR ANTIOCO IV EPIFANES QUE FOI DO ANO 167 A . C. ATÉ O ANO 164 A .
C., OU SEJA, TRÊS ANOS E MEIO.
12:11 - O VERSICULO É MUITO CLARO E ESPECIFICO E NÃO DEIXA
MARGEM PRA OUTRA INTERPRETAÇÃO A NÃO SER NO QUE SE REFERE À
PROFANAÇÃO DO TEMPLO E A DEDICAÇÃO DO MESMO AO DEUS ZEUS DO
OLIMPO POR ANTIOCO IV EPIFANES.
COMENTÁRIO FINAL
A ÚLTIMA VISÃO FOI DETALHADA E IMPORTANTE. ESTES VERSICULOS
FINAIS FAZEM UMA ESPÉCIE DE COMENTÁRIO. OS DOSI HOMENS
CERTAMENTE PERSONIFICAM O POVO JUDEU FIÉL, COMO OS DOSI SANTOS
DO CAPITULO 8:13. ELES QUEREM SABER “ QUANDO ACONTECERÃO ESSAS
COISAS MARAVILHOSAS”, ISTO É, PRINCIPALMENTE O CONTEUDO DOS “
ÚLTIMOS DIAS”. JÁ SABEMOS QUE ESSE TEMPO SE REFERE À PERSEGUIÇÃO
DE ANTIOCO IV EPIFANES E À RESISTÊNCIA E LUTA DOS JUDEUS. O ANJO
RESPONDE: “ UM TEMPO, DOIS TEMPOS E METADE DE UM TEMPO” , OS
CÉLEBRES TRÊS ANOS E MEIO, TEMPO QUE TRANSCORREU ENTRE 167 À 164
A. C. A “ OPRESSÃO DO POVO SANTO” SE REFERE À POLITICA
IMPERIALISTA DE ANTIOCO.DANIEL VIVE MUITO TEMPO ANTES DOS
ACONTECIMENTOS, E NÃO PODE COMPREENDER. TAMBÉM ELE
PERGUNTA SOBRE O FIM. A MENSAGEM QUE FICA “ GUARDADA E
LACRADA ATÉ O TEMPO FINAL” É O CONTEUDO DO LIVRO, QUE SÓ PODE
SER COMPREENDIDO PELOS QUE VIVEM NO TEMPO DOS
ACONTECIMENTOS. E O AUTOR DEIXA BEM CLARA A CARACTERISTICA DE
UM LIVRO APOCALPTICO : “OS IMPIOS NÃO ENTENDERÃO ESSAS COISAS,
MAS OS SÁBIOS COMPREENDERÃO”. DITO DE OUTRA FORMA, OS
PERSEGUIDORES PENSARÃO TRATAR DE UM LIVRO MUITO ANTIGO E NÃO
ENTENDERÃO, PORÉM , OS JUDEUS ILUMINADOS PELA TORÁ E AS
ESCRITURAS E SEUS NIVEIS DE INTERPRETAÇAO COMPREENDERÃO A
MENSAGEM CIFRADA E VELADA DO LIVRO E SERÃO ESTIMULADOS POR
ELE À RESISTIR E LUTAR.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
73
SÃO FORNECIDAS DUAS VARIAVEIS NA DATAÇÃO : 1290 DIAS OU 1335 DIAS
A PARTIR DO MOMENTO EM QUE O TEMPLO DE JERUSALÉM FORM
PROFANADO POR ANTIOCO IV EPIFANES, AO ABOLIR O SACRIFICIO
DIARIO E ENTRONIZAR A ESTÁTUA DE ZEUS OLIMPICO O ABOMINÁVEL
DA DESOLAÇÃO, SOBRE O ALTAR DOS HOLOCAUSTOS COINFORME I
MACABEUS 1:54. SEM DUVIDA ESSAS VARIANTES QUEREM DIZER O MESMO:
MAIS OU MENOS TRÊS ANOS E MEIO, PERIODO QUE A PARTIR DESSE
TEMPO FICOU SENDO O SIMBOLO DAS PERSEGUIÇÕES.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
74
QUADRO COMPARATIVO DAS PROFECIAS DO LIVRO DE DANIEL
DANIEL 2
31 Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma
grande estátua; esta, que era imensa e
de extraordinário esplendor, estava em
pé diante de ti; e a sua aparência era
terrível.
32 A cabeça era de fino ouro, o peito e os
braços, de prata, o ventre e os quadris,
de bronze;
33 as pernas, de ferro, os pés, em parte, de
ferro, em parte, de barro.
DANIEL 7
3 Quatro animais, grandes, diferentes uns
dos outros, subiam do mar.
4 O primeiro era como leão e tinha asas de
águia; enquanto eu olhava, foram-lhe
arrancadas as asas, foi levantado da terra
e posto em dois pés, como homem; e lhe
foi dada mente de homem.
5 Continuei olhando, e eis aqui o segundo
animal, semelhante a um urso, o qual se
levantou sobre um dos seus lados; na
boca, entre os dentes, trazia três costelas;
e lhe diziam: Levanta-te, devora muita
carne.
6 Depois disto, continuei olhando, e eis aqui
outro, semelhante a um leopardo, e tinha
nas costas quatro asas de ave; tinha
também este animal quatro cabeças, e foi-
lhe dado domínio.
7 Depois disto, eu continuava olhando nas
visões da noite, e eis aqui o quarto
animal, terrível, espantoso e sobremodo
forte, o qual tinha grandes dentes de
ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e
pisava aos pés o que sobejava; era
diferente de todos os animais que
apareceram antes dele e tinha dez chifres.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
75
OS QUATRO IMPÉRIOS
QUATRO METAIS EM ORDEM
DESCRECENTE, OU SEJA, UM
IMPÉRIO PIOR QUE O OUTRO ;
OURO, PRATA, BRONZE E FERRO.
DO ÚLTIMO IMPÉRIO QUE É O DE
FERRO HAVIA DEZ DEDOS DOS
PÉS. O FERRO E O BARRO DOS PÉS
NÃO SE MISTURAVAM.
34 Quando estavas olhando, uma pedra
foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a
estátua nos pés de ferro e de barro e os
esmiuçou.
35 Então, foi juntamente esmiuçado o
ferro, o barro, o bronze, a prata e o
ouro, os quais se fizeram como a palha
das eiras no estio, e o vento os levou, e
deles não se viram mais vestígios. Mas
a pedra que feriu a estátua se tornou em
grande montanha, que encheu toda a
terra.
AÇÃO DIVINA
O ASSUNTO É O MESMO, A PEDRA
DESTRUIU A ESTÁTUA SEM
AUXILIO DE MÃOS HUMANAS,
AÇÃO DIVINA.
O QUARTO REINO
40 O quarto reino será forte como
ferro; pois o ferro a tudo quebra e
esmiúça; como o ferro quebra todas
as coisas, assim ele fará em pedaços
e esmiuçará.
41 Quanto ao que viste dos pés e dos
OS QUATRO IMPÉRIOS
QUATRO ANIMAIS EM ORDEM
CRESCENTE DE FERROCIDADE E
BRUTALIDADE. E O QUARTO
ANIMAL TINHA DEZ CHIFRES. ATÉ
AQUI A MESMA COISA, OU SEJA:
QUATRO METAIS = QUATRO
ANIMAIS
DEZ DEDOS = DEZ CHIFRES
8 Estando eu a observar os chifres, eis que
entre eles subiu outro pequeno, diante do
qual três dos primeiros chifres foram
arrancados; e eis que neste chifre havia
olhos, como os de homem, e uma boca que
falava com insolência.
11 Então, estive olhando, por causa da voz
das insolentes palavras que o chifre
proferia; estive olhando e vi que o animal
foi morto, e o seu corpo desfeito e
entregue para ser queimado.
AÇÃO DIVINA
O ASSUNTO É O MESMO, O ANIMAL
FOI MORTO PELA AÇÃO DO
JULGAMENTO DIVINO, OU SEJA,
NÃO POR MÃOS HUMANAS.
O QUARTO REINO
19 Então, tive desejo de conhecer a verdade
a respeito do quarto animal, que era
diferente de todos os outros, muito
terrível, cujos dentes eram de ferro, cujas
unhas eram de bronze, que devorava,
fazia em pedaços e pisava aos pés o que
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
76
artelhos, em parte, de barro de
oleiro e, em parte, de ferro, será esse
um reino dividido; contudo, haverá
nele alguma coisa da firmeza do
ferro, pois que viste o ferro
misturado com barro de lodo.
O REINO DOS SANTOS DO
ALTISSIMO
44 Mas, nos dias destes reis, o Deus do
céu suscitará um reino que não será
jamais destruído; este reino não passará
a outro povo; esmiuçará e consumirá
todos estes reinos, mas ele mesmo
subsistirá para sempre,
O MESMO ASSUNTO, ESTE REINO É
O REINO DOS SANTOS DO
ALTISSIMO, OU SEJA, O REINO DO
POVO JUDEU, O POVO DE DEUS.
sobejava;
20 e também a respeito dos dez chifres
que tinha na cabeça e do outro que
subiu, diante do qual caíram três,
daquele chifre que tinha olhos e uma
boca que falava com insolência e
parecia mais robusto do que os seus
companheiros.
21 Eu olhava e eis que este chifre fazia
guerra contra os santos e prevalecia
contra eles,
22 até que veio o Ancião de Dias e fez
justiça aos santos do Altíssimo; e veio
o tempo em que os santos possuíram
o reino.
O REINO DOS SANTOS DO
ALTISSIMO
13 Eu estava olhando nas minhas visões da
noite, e eis que vinha com as nuvens do
céu um como o Filho do Homem, e
dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram
chegar até ele.
14 Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino,
para que os povos, nações e homens de
todas as línguas o servissem; o seu
domínio é domínio eterno, que não
passará, e o seu reino jamais será
destruído.
O MESMO ASSUNTO, OS SANTOS DO
ALTISSIMO RECEBERÃO O REINO,
SÃO O POVO JUDEU, O POVO DA
ALIANÇA, O POVO DE DEUS.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
77
DEZ DEDOS = DEZ REIS
42 Como os artelhos dos pés eram, em
parte, de ferro e, em parte, de barro,
assim, por uma parte, o reino será
forte e, por outra, será frágil.
43 Quanto ao que viste do ferro
misturado com barro de lodo,
misturar-se-ão mediante casamento,
mas não se ligarão um ao outro,
assim como o ferro não se mistura
com o barro.
DEZ CHIFRES = DEZ REIS
24 Os dez chifres correspondem a dez
reis que se levantarão daquele
mesmo reino; e, depois deles, se
levantará outro, o qual será diferente
dos primeiros, e abaterá a três reis.
25 Proferirá palavras contra o
Altíssimo, magoará os santos do
Altíssimo e cuidará em mudar os
tempos e a lei; e os santos lhe serão
entregues nas mãos, por um tempo,
dois tempos e metade de um tempo.
O LIVRO DE DANIEL COMEÇA COM AS VISÕES PROFÉTICAS NO CAPITULO 2
E SEGUE DESENVOLVENDO O MESMO TEMA ATÉ AO FIM DO LIVRO,
PORÉM, DETALHANDO-AS E ESMIUÇANDO-AS. O LIVRO É COMO SE FOSSE
UM DESENHO TECNICO, O CAPITULO 2 É O PROJETO MONTADO,
FINALIZADO, OU SEJA, É A VISÃO GENERALIZADA DO TOTAL. O
CAPITULO 7 COMEÇA A DESENHAR E MONTAR OS PRIMEIROS
SUBCONJUNTOS DO PROJETO TOTAL. O CAPITULO 8, 9 E 11 SÃO OS
DESENHOS DETALHADOS, OU SEJA, SÃO OS DETALHES DESTA HISTÓRIA
QUE INICIOU NO CAPITULO 2 COM A VISÃO DA ESTÁTUA, A VISÃO DOS
IMPÉRIOS OU DO IMPERIALISMO. AS VISÕES SÃO ENTÃO PROGRESSIVAS E
CONTINUAS RETRATANDO SEMPRE OS MESMOS TEMAS:
OS 4 GRANDES IMPÉRIOS.
OS SUCESSORES DO QUARTO IMPÉRIO QUE TAMBÉM FOI DIVIDIDO
EM QUATRO.
OS DEZ REIS OU DEZ CHIFRES DO QUARTO ANIMAL.
OS CASAMENTOS QUE ESTES REINOS DO NORTE E DO SUL FIZERAM
PARA TENTAR UNIFICAR E APAZIGUAR AS GUERRAS.
O CHIFRE PEQUENO QUE É UM REI ASTUTO E TERRÍVEL QUE SE
VOLTA CONTRA A TERRA GLORIOSA, JERUSALÉM É OBVIO.
DESTRUIÇÃO DA CIDADE SANTA E MORTE DE MUITOS JUDEUS FIÉIS
QUE SERIAM PROVADOS E PURIFICADOS NO FOGO DA PROVA E
TRIBULAÇÃO.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
78
A ALIANÇA QUE ESSE REI FEZ COM PARTE DO POVO DA ALIANÇA,
OU SEJA, UMA ALIANÇA COM JUDEUS COLABORACIONISTAS QUE
QUERIAM HELENIZAR JERUSALÉM, EM OUTRAS PALAVRAS OS
JUDEUS INFIÉIS.
A PROFANAÇÃO DO SANTUARIO, DO LUGAR SANTO DOS SANTOS,
OU SANTISSIMO, OU SEJA, O TEMPLO EM JERUSALÉM.
A MORTE DO UNGIDO, OU SEJA, O SUMO SACERDOTE, ONIAS.
A MUDANÇA DOS TEMPOS E DA LEI, OU SEJA, A PROIBIÇÃO DA TORÁ,
DA LEI MOSAICA: SABADOS, CIRCUNCISÃO, FESTAS JUDAICAS,
QUEIMA DOS LIVROS SAGRADOS E PROIBIÇÃO DA LEITURA DOS
MESMOS, COMER COISAS IMPURAS E SACRIFICAR COISAS IMPURAS
NO TEMPLO.
TEMPO DA ASSOLAÇÃO ABOMINÁVEL = UM TEMPO, DOIS TEMPOS E
METADE DE UM TEMPO, OU SEJA, 3 ANOS E MEIO.
TEMPO DA RESISTÊNCIA, 2300 TARDES E MANHÃS, 2300 DIAS, OU SEJA,
6 ANOS E QUATRO MESES.
TEMPO DE GUERRA, OU SEJA, A ÉPOCA DA DINASTIA LÁGIDA E
SELEUCIDA QUE CHEGOU A TER 200 COMBATES ENTRE OS REIS DO
NORTE E DO SUL E ISRAEL NO MEIO SENDO ALVO DA DISPUTA.
A MORTE SUBITA DO ULTIMO REI O CHIFRE PEQUENO, MORTE ESTA
SEM INTERFERENCIA DE MÃOS HUMANAS.
A VITÓRIA E O REINO ETERNO DO POVO DE DEUS.
COMO VOCÊ DEVE TER VISTO OS TEMAS SÃO OS MESMOS O LIVRO TODO,
PORÉM A CADA CAPITULO E A CADA NOVA VISÃO VAI SE
DESCORTINANDO OS DETALHES DOS ACONTECIMENTOS.
HÁ DE SE TOMAR MUITO CUIDADO AO LER E INTERPRETAR AS PROFECIAS
DE DANIEL, POIS TANTAS FÁBULAS E INTERPRETAÇÕES MIRABOLANTES
JÁ SE FIZERAM, E TANTAS ADAPTAÇÕES TAMBÉM, PRINCIPALMENTE
ADAPTANDO AS PROFECIAS PARA A ÉPOCA DE JESUS E A JESUS. PORÉM É
PRECISO OLHAR PARA A HISTÓRIA, POIS A MESMA NOS MOSTRA O
CUMPRIMENTO LITERAL DAS VISÕES E PROFECIAS DE DANIEL. É PRECISO
MUITO TRABALHO PARA ENTENDER O LIVRO DE DANIEL, E NEM TODOS
TÊM TAMANHA FORÇA DE VONTADE DE CONHECER A HISTÓRIA NOS
MINIMOS DETALHES E PESQUISAR VÁRIAS FONTES HISTÓRICAS E
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
79
CONJUGAR COM O LIVRO DE DANIEL, PORÉM, HOJE EXISTE MUITOS
LIVROS E ESTUDOS SÉRIOS A RESPEITO DO ASSUNTO.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
80
PARALELOS ENTRE DANIEL E MACABEUS I E II
LISTA DE PARALELOS ENTRE DANIEL E MACABEUS A ACRESCENTAR
NESTE ESTUDO
1. SETE ANOS DE TRIBULAÇÃO E PERSEGUIÇÃO
2. MORTE DO UNGIDO / REI E SACERDOTE ONIAS III
3. O REBENTO IMPIO / A ARVORE DE DANIEL
4. GERAÇÃO DE IMPIOS EM ISRAEL /
I Macabeus 1:1. O macedônio Alexandre, filho de Filipe, já era senhor da Élade. Ele saiu do
país de Cetim, venceu Dario, rei dos persas e medos, e se tornou rei em seu lugar. 2. Fez
numerosas guerras, apoderou-se de fortalezas e exterminou os reis da terra. 3. Chegou até os
confins do mundo, tomando posse das riquezas de numerosas nações. O mundo calou-se
diante dele. Depois disso, ele se exaltou e se encheu de orgulho. 4. Formou um exército
poderosíssimo, subjugou países, nações e ditadores, obrigando-os a pagar tributos. 5. Depois,
ficou doente e percebeu que ia morrer. 6. Então convocou os seus oficiais, aqueles nobres que
tinham sido seus companheiros desde a mocidade, e ainda vivo repartiu o seu império com
eles. 7. Alexandre reinou doze anos, e morreu. 8. Seus oficiais assumiram o poder, cada um
na própria região. 9. Todos eles se fizeram coroar como reis, e depois passaram a coroa para
os filhos por muitos anos. E os males se multiplicaram no mundo. 10. Deles brotou um
ramo perverso, chamado Antíoco Epífanes, filho do rei Antíoco. Ele estivera em Roma
como refém, mas, no ano cento e trinta e sete da dominação grega, tornou-se rei. 11. Nessa
época, brotou em Israel uma geração de ímpios, que persuadiram muitas pessoas, dizendo:
"Vamos fazer aliança com as nações vizinhas, porque, depois que nos afastamos delas, muitos
males nos aconteceram". 12. Essa proposta agradou a muita gente. 13. Alguns do povo
tomaram a iniciativa e foram até o rei, que lhes deu permissão para introduzir os costumes
pagãos. 14. Foi assim que construíram em Jerusalém uma praça de esportes de acordo com os
usos pagãos. 15. Disfarçaram a circuncisão e renegaram a aliança sagrada. Associaram-se às
nações pagãs e se venderam para praticar o mal. 16. Tendo consolidado seu reino, Antíoco
projetou também tornar-se rei do Egito, para dominar os dois reinos. 17. Entrou no Egito
com um exército imponente, carros de guerra e elefantes, cavalaria e muitos navios. 18.
Entrou em combate contra Ptolomeu, rei do Egito, que recuou e fugiu, ficando pelo chão
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
81
muitos feridos. 19. As cidades fortificadas do Egito foram tomadas, e Antíoco saqueou as
riquezas do país. 20. Voltando no ano cento e quarenta e três, após ter vencido o Egito,
Antíoco atacou Israel e Jerusalém com um possante exército. 21. Depois de entrar no
Templo com toda a arrogância, Antíoco levou embora o altar de ouro, o candelabro com
todos os acessórios, 22. a mesa dos pães oferecidos a Deus, as vasilhas para libações, as taças,
os incensórios de ouro, a cortina, as coroas e as placas de ouro que ornavam a fachada do
Templo. Saqueou tudo.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
82
LIVRO DE DANIEL LIVRO DOS MACABEUS
A PROFANAÇÃO DO TEMPLO
DURANTE 3 ANOS E 1/2
Daniel 1: 1 No ano terceiro do reinado de
Jeoaquim, rei de Judá, veio
Nabucodonosor, rei da Babilônia, a
Jerusalém e a sitiou. 2 O Senhor lhe
entregou nas mãos a Jeoaquim, rei de
Judá, e alguns dos utensílios da Casa de
Deus; a estes, levou-os para a terra de
Sinar, para a casa do seu deus, e os pôs
na casa do tesouro do seu deus.
Daniel 7:25 Proferirá palavras contra o
Altíssimo, magoará os santos do
Altíssimo e cuidará em mudar os tempos
e a lei; e os santos lhe serão entregues nas
mãos, por um tempo, dois tempos e metade de
um tempo.
Daniel 12:7 Ouvi o homem vestido de
linho, que estava sobre as águas do rio,
quando levantou a mão direita e a
esquerda ao céu e jurou, por aquele que
vive eternamente, que isso seria depois de
um tempo, dois tempos e metade de um
tempo. E, quando se acabar a destruição
do poder do povo santo, estas coisas
todas se cumprirão.
Daniel 12:11 Depois do tempo em que o
sacrifício diário for tirado, e posta a
abominação desoladora, haverá ainda mil
duzentos e noventa dias. 12 Bem-
aventurado o que espera e chega até mil
trezentos e trinta e cinco dias.
A PROFANAÇÃO DO TEMPLO
DURANTE 3 ANOS E 1/2
I Macabeus 1: 19. As cidades fortificadas
do Egito foram tomadas, e Antíoco
saqueou as riquezas do país. 20.
Voltando no ano cento e quarenta e três,
após ter vencido o Egito, Antíoco atacou
Israel e Jerusalém com um possante
exército. 21. Depois de entrar no Templo
com toda a arrogância, Antíoco levou
embora o altar de ouro, o candelabro
com todos os acessórios, 22. a mesa dos
pães oferecidos a Deus, as vasilhas para
libações, as taças, os incensórios de ouro,
a cortina, as coroas e as placas de ouro
que ornavam a fachada do Templo.
Saqueou tudo. 23. Levou também a
prata, o ouro, os objetos de valor e até as
riquezas escondidas que conseguiu
encontrar. 24. Pegou tudo e foi para a
sua terra, depois de provocar muitas
mortes e falar palavras de extrema
arrogância.
II Macabeus 6: 1. Não muito tempo
depois, o rei mandou um ancião
ateniense convencer os judeus a que
abandonassem as leis dos antepassados
e deixassem de se governar segundo as
leis de Deus. 2. Mandou também
profanar o Templo de Jerusalém e
dedicá-lo a Júpiter Olímpico, e também
a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo
do monte Garizim, conforme o desejo
dos moradores do lugar. 3. Até para a
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
83
Daniel 8:14 Ele me disse: Até duas mil e
trezentas tardes e manhãs; e o santuário
será purificado.
Daniel 9: 27 Ele fará firme aliança com
muitos, por uma semana; na metade da
semana, fará cessar o sacrifício e a oferta
de manjares; sobre a asa das abominações
virá o assolador, até que a destruição, que
está determinada, se derrame sobre ele.
A MUDANÇA DOS NOMES
I Daniel 1: 6 Entre eles, se achavam, dos
filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e
Azarias. 7 O chefe dos eunucos lhes pôs
outros nomes, a saber: a Daniel, o de
Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a
Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de
Abede-Nego.
massa do povo, era difícil e insuportável
o crescimento dessa maldade.
A MUDANÇA DOS NOMES
I Macabeus 7: 5. Alguns indivíduos
apóstatas e ímpios do povo de Israel,
conduzidos por Alcimo, que aspirava ao
cargo de sumo sacerdote, se
apresentaram 9. E o mandou com o
ímpio Alcimo, confirmado no cargo de
sumo sacerdote, dando-lhe ordem para
castigar os israelitas.
II Macabeus 4: 7. Depois que Seleuco
morreu, subiu ao trono o rei Antíoco,
chamado Epífanes. Foi quando Jasão,
irmão de Onias, conseguiu, com
suborno, o cargo de sumo sacerdote. 8.
Numa audiência com o rei, Jasão lhe
prometeu treze toneladas de prata, mais
três toneladas de outros rendimentos
13. Era o auge do helenismo, a exaltação do
modo de viver dos estrangeiros. Tudo por
causa da corrupção do ímpio e falso sumo
sacerdote Jasão.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
84
II Macabeus 4: 23. Três anos depois,
Jasão mandou Menelau, irmão do já
mencionado Simão, levar o dinheiro
para o rei e apresentar o relatório sobre
alguns assuntos importantes. 24.
Menelau, porém, apresentou-se ao rei
dando mostra de ser homem poderoso e,
com adulações, conseguiu para si o
posto de sumo sacerdote, oferecendo
dez toneladas de prata a mais do que
Jasão.
25. Depois de receber a nomeação do rei,
ele voltou, sem levar consigo coisa
alguma que fosse digna de sumo
sacerdote. Pelo contrário, levava em si o
furor de um tirano cruel e a fúria de
animal selvagem. 26. E Jasão, que tinha
suplantado seu próprio irmão, foi por
sua vez suplantado por outro, e teve que
fugir para a região dos amonitas. 27.
Menelau assumiu o poder, mas não
tomou qualquer providência com
relação ao dinheiro que tinha prometido
ao rei,
29. Menelau deixou seu irmão Lisímaco
como substituto no sumo sacerdócio,
enquanto Sóstrato deixou em seu lugar
Crates, comandante dos soldados
cipriotas.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
85
NÃO SE CONTAMINAR COM OS
MANJARES DO REI
Daniel 1: 8 E Daniel assentou no seu
coração não se contaminar com a porção
do manjar do rei, nem com o vinho que
ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe concedesse não se
contaminar. 9 Ora, deu Deus a Daniel
graça e misericórdia diante do chefe dos
eunucos. 10 E disse o chefe dos eunucos
a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o
rei, que determinou a vossa comida e a
vossa bebida; por que veria ele os vossos
rostos mais tristes do que os dos jovens
que são vossos iguais? Assim, arriscareis
a minha cabeça para com o rei. 11 Então,
disse Daniel ao despenseiro a quem o
chefe dos eunucos havia constituído
sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
12 Experimenta, peço-te, os teus servos
dez dias, fazendo que se nos dêem
legumes a comer e água a beber. 13
Então, se veja diante de ti a nossa
aparência e a aparência dos jovens que
comem a porção do manjar do rei, e,
conforme vires, te hajas com os teus
servos. 14 E ele conveio nisso e os
experimentou dez dias. 15 E, ao fim dos
dez dias, pareceram os seus semblantes
melhores; eles estavam mais gordos do
que todos os jovens que comiam porção
do manjar do rei. 16 Desta sorte, o
despenseiro tirou a porção do manjar
deles e o vinho que deviam beber e lhes
dava legumes. 17 Ora, a esses quatro
jovens Deus deu o conhecimento e a
NÃO SE CONTAMINAR COM OS
MANJARES DO REI
II Macabeus 6: 18. Eleazar era um dos
principais doutores da Lei, homem de
idade avançada, mas com rosto de
traços ainda belos. Queriam obrigá-lo a
comer carne de porco, enfiando-a boca
adentro. 19. Ele, porém, que preferia
morte honrada a viver envergonhado,
dirigiu-se espontaneamente para a
tortura do tímpano,
II Macabeus 7: 1. Aconteceu também
que sete irmãos foram presos junto com
sua mãe. Espancando-os com relhos e
chicotes, o rei pretendia obrigá-los a
comer carne de porco, que era proibida.
2. Um deles, falando em nome dos
outros, disse: "O que você quer
perguntar ou saber de nós? Estamos
prontos a morrer, antes que desobedecer
às leis de nossos antepassados". 3.
Enfurecido, o rei mandou esquentar
assadeiras e caldeirões. 4. Logo que
ficaram quentes, mandou cortar a
língua, arrancar o couro cabeludo e
decepar as extremidades daquele que
tinha falado pelos outros, e tudo diante
dos irmãos e da mãe. 5. Já mutilado de
todos os membros e enquanto ainda
vivia, o rei mandou que o pusessem no
fogo para assar. Da assadeira subia
grande volume de fumaça. E os seus
irmãos com a mãe se animavam entre si
para enfrentarem corajosamente a
morte, dizendo: 6. "O Senhor Deus nos
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
86
inteligência em todas as letras e
sabedoria; mas a Daniel deu
entendimento em toda visão e sonhos. 18
E, ao fim dos dias em que o rei tinha dito
que os trouxessem, o chefe dos eunucos
os trouxe diante de Nabucodonosor. 19 E
o rei falou com eles; e entre todos eles não
foram achados outros tais como Daniel,
Hananias, Misael e Azarias; por isso,
permaneceram diante do rei. 20 E em
toda matéria de sabedoria e de
inteligência, sobre que o rei lhes fez
perguntas, os achou dez vezes mais
doutos do que todos os magos ou
astrólogos que havia em todo o seu reino.
21 E Daniel esteve até ao primeiro ano
do rei Ciro.
observa e certamente terá compaixão de
nós, conforme afirmou claramente
Moisés no seu cântico: 'Ele terá
compaixão de seus servos' ". 7. Depois
que o primeiro morreu, levaram o
segundo para a tortura. Após lhe
arrancarem o couro cabeludo,
perguntaram: "Você gostaria de comer,
antes que seu corpo seja torturado
membro por membro?" 8. Ele, porém,
respondeu na sua língua materna:
"Não". Por isso, foi submetido às
mesmas torturas do primeiro. 9. Antes
de dar o último suspiro, ainda falou:
"Você, bandido, nos tira desta vida
presente, mas o rei do mundo nos fará
ressuscitar para uma ressurreição eterna
de vida, a nós que agora morremos
pelas leis dele". 10. Depois desse,
também o terceiro foi levado para a
tortura. Intimado, colocou
imediatamente a língua para fora e
apresentou corajosamente as mãos, 11.
dizendo com dignidade: "De Deus eu
recebi esses membros, e agora, por causa
das leis dele, eu os desprezo, pois espero
que ele os devolva para mim". 12. O rei e
aqueles que o rodeavam ficaram
admirados da coragem com que o rapaz
enfrentava os sofrimentos, como se nada
fossem. 13. Logo que esse morreu,
começaram a torturar da mesma forma o
quarto irmão. 14. Estando para morrer,
ele falou: "Vale a pena morrer pela mão
dos homens, quando se espera que o
próprio Deus nos ressuscite. Para você,
porém, não haverá ressurreição para a
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
87
vida". 15. Imediatamente apresentaram
o quinto e passaram a torturá-lo. 16.
Olhando bem para o rei, ele afirmou:
"Mesmo sendo simples mortal, você faz
o que quer, porque tem poder sobre os
homens. Mas não pense que o nosso
povo foi abandonado por Deus. 17.
Espere um pouco, e verá como o grande
poder dele vai torturar você e sua
descendência". 18. Depois desse,
trouxeram também o sexto. Quando
estava morrendo, ele ainda falou: "Não
se iluda! Nós estamos sofrendo tudo isso
por nossa culpa, porque pecamos contra
o nosso Deus. Por isso nos acontecem
essas coisas espantosas. 19. Quanto a
você, que se atreveu a lutar contra Deus,
não pense que ficará sem castigo". 20.
Extraordinariamente admirável, porém,
e digna da mais respeitável lembrança,
foi a mãe. Ela, vendo morrer seus sete
filhos num só dia, suportou tudo
corajosamente, esperando no Senhor. 21.
Ela encorajava cada um dos filhos, na
língua dos seus antepassados. Com
atitude nobre, e animando sua ternura
feminina com força viril, assim falava
com os filhos: 22. "Não sei como vocês
apareceram no meu ventre. Não fui eu
que dei a vocês o espírito e a vida, nem
fui eu que dei forma aos membros de
cada um de vocês. 23. Foi o Criador do
mundo, que modela a humanidade e
determina a origem de tudo. Ele, na sua
misericórdia, lhes devolverá o espírito e
a vida, se vocês agora se sacrificarem
pelas leis dele".
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
88
ADORAR A ESTÁTUA DE
NABUCODONOZOR
Daniel 3: 13 Então, Nabucodonosor,
irado e furioso, mandou chamar
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E
trouxeram a estes homens perante o rei.
14 Falou Nabucodonosor e lhes disse: É
verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-
Nego, que vós não servis a meus deuses,
nem adorais a imagem de ouro que
levantei? 15 Agora, pois, estai dispostos
e, quando ouvirdes o som da trombeta,
do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério,
da gaita de foles, prostrai-vos e adorai a
imagem que fiz; porém, se não a
adorardes, sereis, no mesmo instante,
lançados na fornalha de fogo ardente. E
quem é o deus que vos poderá livrar das
minhas mãos? 16 Responderam
Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei:
Ó Nabucodonosor, quanto a isto não
necessitamos de te responder. 17 Se o
nosso Deus, a quem servimos, quer
livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de
fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. 18 Se
não, fica sabendo, ó rei, que não
serviremos a teus deuses, nem
adoraremos a imagem de ouro que
levantaste.19 Então, Nabucodonosor se
encheu de fúria e, transtornado o aspecto
do seu rosto contra Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego, ordenou que se acendesse a
fornalha sete vezes mais do que se
costumava.
ADORAR A ESTÁTUA DE ZEUS
OLIMPICO
I Macabeus 1: 43. Entre os israelitas,
muitos gostaram da religião do rei e
passaram a oferecer sacrifícios aos
ídolos e a profanar o sábado. 44. Além
disso, através de mensageiros, o rei
mandou a Jerusalém e às cidades de
Judá um documento com várias ordens:
Tinham que adotar a legislação
estrangeira; 45. proibia oferecer
holocaustos, sacrifícios e libações no
Templo e também guardar os sábados e
festas; 46. mandava contaminar o
santuário e objetos sagrados, 47.
construindo altares, templos e oratórios
para os ídolos, e imolar porcos e outros
animais impuros; 48. ordenava que não
circuncidassem os filhos e que
profanassem a si próprios com todo o
tipo de impurezas e abominações, 49.
esquecendo a Lei e mudando todos os
costumes. 50. Quem não obedecia à
ordem do rei, incorria em pena de
morte. 51. O rei mandou documentos
escritos que continham as ordens para
todo o seu reino. Nomeou fiscais sobre
todo o povo e determinou que as
cidades de Judá, uma após outra,
deveriam oferecer sacrifícios. 52. Muita
gente do povo passou para o lado deles,
todos traidores da Lei. Começaram a
praticar o mal no país, 53. e os israelitas
tiveram que se esconder em qualquer
refúgio disponível. 54. No dia quinze do
mês de Casleu do ano cento e quarenta e
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
89
cinco, Antíoco colocou sobre o altar dos
holocaustos a Abominação da
Desolação. Pelas cidades de Judá em
derredor, construíram-se também outros
altares.
II Macabeus 6: 1. Não muito tempo
depois, o rei mandou um ancião
ateniense convencer os judeus a que
abandonassem as leis dos antepassados
e deixassem de se governar segundo as
leis de Deus. 2. Mandou também
profanar o Templo de Jerusalém e
dedicá-lo a Júpiter Olímpico, e também
a Júpiter Hospitaleiro, dedicar o templo
do monte Garizim, conforme o desejo
dos moradores do lugar. 3. Até para a
massa do povo, era difícil e insuportável
o crescimento dessa maldade. 4. De fato,
o Templo ficou cheio de libertinagem e
orgias de pagãos, que aí se divertiam
com prostitutas e mantinham relações
com mulheres no recinto sagrado do
Templo, além de levarem para dentro
objetos proibidos. 5. O próprio altar
estava repleto de ofertas proibidas pela
Lei. 6. Não se podia celebrar o sábado,
nem as festas tradicionais, nem mesmo
se declarar judeu. 7. Todo mês eram
forçados a participar do banquete
sacrifical, que se realizava no dia do
aniversário do rei. Quando chegavam as
festas de Dionísio, eram obrigados a
participar da procissão em honra a
Dionísio, com ramos de hera na cabeça.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
90
A ARROGÂNCIA DO IMPIO
INVASOR
Daniel 7:8 Estando eu a observar os
chifres, eis que entre eles subiu outro
pequeno, diante do qual três dos
primeiros chifres foram arrancados; e eis
que neste chifre havia olhos, como os de
homem, e uma boca que falava com
arrogância.
Daniel 7:11 Então, estive olhando, por
causa da voz das arrogantes palavras que
o chifre proferia; estive olhando e vi que o
animal foi morto, e o seu corpo desfeito e
entregue para ser queimado.
Como era a cerimônia ou funeral dos gregos?
Cremação!
Daniel 7:20 e também a respeito dos dez
chifres que tinha na cabeça e do outro
que subiu, diante do qual caíram três,
daquele chifre que tinha olhos e uma boca
que falava com arrogância e parecia mais
robusto do que os seus companheiros. 21
Eu olhava e eis que este chifre fazia
guerra contra os santos e prevalecia
contra eles, 22 até que veio o Ancião de
Dias e fez justiça aos santos do Altíssimo;
e veio o tempo em que os santos
possuíram o reino. 23 Então, ele disse: O
quarto animal será um quarto reino na
terra, o qual será diferente de todos os
reinos; e devorará toda a terra, e a pisará
aos pés, e a fará em pedaços. 24 Os dez
chifres correspondem a dez reis que se
levantarão daquele mesmo reino; e,
depois deles, se levantará outro, o qual
A ARROGÂNCIA DO IMPIO
INVASOR
I Macabeus 1:21. Depois de entrar no
Templo com toda a arrogância, Antíoco
levou embora o altar de ouro, o
candelabro com todos os acessórios,
I Macabeus 1:24. Pegou tudo e foi para a
sua terra, depois de provocar muitas
mortes e falar palavras de extrema
arrogância.
II Macabeus 9: 7. Nem assim diminuiu a
sua arrogância. Ao contrário, ficou ainda
mais exaltado e, furioso de raiva contra
os judeus, mandou tocar mais depressa.
II Macabeus 9: 8. Aquele que, pouco antes,
com arrogância até desumana, se achava
com poderes de dar ordens para as
ondas do mar, e que se imaginava
pesando em balança as altas montanhas,
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
91
será diferente dos primeiros, e abaterá a
três reis. 25 Proferirá palavras contra o
Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo
e cuidará em mudar os tempos e a lei; e
os santos lhe serão entregues nas mãos,
por um tempo, dois tempos e metade de
um tempo.
Daniel 8:23 E no fim desses reinos,
quando chegarem ao cúmulo os seus
pecados, levantar-se-á um rei de olhar
arrogante, capaz de penetrar os enigmas.
24 Grande é o seu poder, mas não por
sua própria força; causará estupendas
destruições, prosperará e fará o que lhe
aprouver; destruirá os poderosos e o
povo santo. 25 Por sua astúcia nos seus
empreendimentos, fará prosperar o
engano, no seu coração se engrandecerá e
destruirá a muitos que vivem
despreocupadamente; levantar-se-á
contra o Príncipe dos príncipes, mas será
quebrado sem esforço de mãos humanas.
Daniel 11: 36 Este rei fará segundo a sua
vontade, e se levantará, e se engrandecerá
sobre todo deus; contra o Deus dos deuses
falará coisas terriveis e será próspero, até que
se cumpra a indignação; porque aquilo
que está determinado será feito.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
92
O FIM DO 11º CHIFRE
Daniel 11: 41 E penetrará no país
Esplendor, onde muitos cairão. Estes,
porém, hão de escapar de suas mãos:
Edom, Moab e os sobreviventes dos
filhos de Amon. 42 Ele continuará a
estender a mão sobre outras terras, e a
terra do Egito não lhe escapará. 43
Tornar-se-á dono dos tesouros de ouro e
prata e de todas as preciosidades do
Egito, e os Líbios e Cuchitas por-se-ão aos
seus pés. Mas virão perturbá-lo noticias
provindas do Oriente e do Norte, e ele partirá
com grande furor para destruir e exterminar a
muitos. Armará as Tendas do seu palácio
entre o mar e a montanha do santo
Esplendor. E chegará a seu termo (fim), sem
que ninguém lhe venha em auxilio.
O FIM DO 11º CHIFRE
II Macabeus 9: 1. Por essa mesma
ocasião, Antíoco foi forçado a voltar
desordenadamente das regiões da
Pérsia. 2. Entrou em Persépolis, tentou
despojar o templo e tomar a cidade.
Diante disso, o povo se revoltou e
recorreu às armas. Foi quando Antíoco,
derrotado e perseguido pelos habitantes,
teve que bater em vergonhosa retirada.
3. Quando estava perto de Ecbátana,
chegou-lhe a notícia do que tinha
acontecido a Nicanor e ao pessoal de
Timóteo. 4. Então, furioso, pensava em
cobrar dos judeus a injúria sofrida
diante daqueles que o tinham posto em
fuga. Por isso, mandou seu cocheiro
tocar a carruagem, seguindo em frente
sem parar. Entretanto, o julgamento do
céu já o estava alcançando. De fato, na
sua arrogância, ele tinha dito: "Vou
transformar Jerusalém num cemitério de
judeus. Basta eu chegar lá!" 5. O Senhor
Deus de Israel, porém, que tudo vê,
mandou-lhe uma doença incurável e
invisível. Pois logo que acabou de dizer
essas palavras, lhe veio uma forte dor de
barriga, uma terrível cólica de intestinos.
6. Era uma coisa justa, porque ele havia
torturado as entranhas de outros com
muitas e refinadas torturas. 7. Nem assim
diminuiu a sua arrogância. Ao contrário,
ficou ainda mais exaltado e, furioso de
raiva contra os judeus, mandou tocar
mais depressa. Aconteceu então cair da
carruagem que corria precipitadamente
e, por causa da queda violenta, todos os
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
93
seus membros se quebraram. 8. Aquele
que, pouco antes, com arrogância até
desumana, se achava com poderes de dar
ordens para as ondas do mar, e que se
imaginava pesando em balança as altas
montanhas, ficou estendido no chão, e
teve de ser carregado numa padiola.
Assim, para todos ele dava mostras
evidentes do poder de Deus. 9. A coisa
foi tal, que do corpo desse renegado
brotavam vermes. Ainda vivo, em meio
a sofrimentos e dores, suas carnes se
soltavam do corpo. Por todo o
acampamento não se agüentava o mau
cheiro da sua podridão.
I Macabeus 6: 1. Quando percorria as
províncias do planalto, o rei Antíoco
ouviu falar que havia na Pérsia uma
cidade chamada Elimaida, famosa pela
sua riqueza em prata e ouro. 2. Diziam
que o templo dessa cidade era muito
rico e que havia nele cortinas tecidas de
ouro, couraças e armas aí deixadas pelo
rei Alexandre, o macedônio, filho de
Filipe, que foi o primeiro rei do império
grego. 3. Antíoco dirigiu-se para o local,
pretendendo tomar e saquear a cidade.
Mas não conseguiu, porque o pessoal da
cidade, sabendo da sua pretensão, 4.
preparou-se para a guerra e o enfrentou.
Antíoco teve de fugir, e foi com grande
tristeza que deixou o lugar, a fim de
voltar para a Babilônia. 5. Ele ainda
estava na Pérsia, quando recebeu a
notícia de que as tropas enviadas contra
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
94
a Judéia tinham sido derrotadas 6. e que
Lísias tinha tomado a iniciativa de
enfrentar os judeus com poderoso
exército, mas teve de recuar. Soube
também que os judeus ficavam mais
perigosos por causa da quantidade de
armas, além de outros recursos e
despojos que tomavam dos exércitos
que iam derrotando. 7. Contaram
também que os judeus tinham tirado a
abominação que ele colocara sobre o
altar de Jerusalém, e que tinham cercado
o Templo com muralhas altas como
antigamente, fazendo o mesmo em
Betsur, cidade que pertencia ao rei. 8. Ao
ouvir essas notícias, o rei ficou
apavorado e totalmente atordoado, e
caiu de cama, doente de tristeza, pois
nada estava acontecendo como ele
queria. 9. Ficou aí muito tempo, cada
vez mais deprimido. Percebendo que ia
morrer, 10. chamou todos os grandes e
lhes disse: "O sono sumiu dos meus
olhos, meu coração está abatido de tanta
aflição. 11. Eu disse a mim mesmo: 'A
que grau de aflição me vejo reduzido!
Como é grande a onda em que estou me
debatendo. Eu que era feliz e estimado
quando estava no poder! 12. Agora,
porém, estou lembrando os males que
fiz a Jerusalém, de onde tirei todos os
objetos de prata e ouro que nela havia.
Lembro-me dos habitantes de Judá que
mandei matar sem motivo. 13.
Reconheço que é por causa de tudo isso
que hoje me acontecem essas desgraças.
Agora estou morrendo, cheio de tristeza
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
95
A ABOMINAÇÃO DESOLADORA
Daniel 9:26 Depois das sessenta e duas
semanas, será morto o Ungido e já não
estará; e o povo de um príncipe que há de
vir destruirá a cidade e o santuário, e o
seu fim será num dilúvio, e até ao fim
haverá guerra; desolações são
determinadas. 27 Ele fará firme aliança
com muitos, por uma semana; na metade
da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre o lugar mais alto do
Templo será colocada a abominação da
desolação, até que a destruição, que está
determinada, se derrame sobre ele.
Daniel 11:29 No tempo determinado,
tornará a avançar contra o Sul; mas não
será nesta última vez como foi na
primeira, 30 porque virão contra ele
navios de Quitim, que lhe causarão
tristeza; voltará, e se indignará contra a
santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e,
tendo voltado, atenderá aos que tiverem
desamparado a santa aliança. 31 Dele
e em terra estrangeira' ". 14. Chamou
Filipe, um dos seus amigos, e passou-lhe
a autoridade sobre todo o seu reino. 15.
Entregou-lhe a coroa, o manto e o anel, a
fim de que levasse esses objetos para o
seu filho Antíoco, a quem deveria
educar e preparar para ser o rei. 16. E aí
mesmo o rei Antíoco morreu, no ano
cento e quarenta e nove.
A ABOMINAÇÃO DA DESOLAÇÃO
I Macabeus 1: 54. No dia quinze do mês
de Casleu do ano cento e quarenta e
cinco, Antíoco colocou sobre o altar dos
holocaustos a Abominação da Desolação.
Pelas cidades de Judá em derredor,
construíram-se também outros altares.
I Macabeus 6: 7. Contaram também que
os judeus tinham tirado a abominação
que ele colocara sobre o altar de
Jerusalém, e que tinham cercado o
Templo com muralhas altas como
antigamente, fazendo o mesmo em
Betsur, cidade que pertencia ao rei.
II Macabeus 5: 15. Não satisfeito com
isso tudo, Antíoco ainda teve a ousadia
de entrar no Templo mais sagrado do
mundo, tendo por guia Menelau, traidor
das leis e da pátria. 16. Com suas mãos
impuras, Antíoco pegou as vasilhas
sagradas e, com suas mãos sacrílegas,
levou embora os donativos aí
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
96
sairão forças que profanarão o santuário,
a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício
diário, estabelecendo a abominação da
desolação.
Daniel 12:11 Depois do tempo em que o
sacrifício diário for tirado, e posta a
abominação da desolação, haverá ainda mil
duzentos e noventa dias.
depositados por outros reis para
engrandecimento, glória e honra do
lugar santo. 17. Antíoco foi arrogante, sem
perceber que o Senhor se havia irritado
durante breve tempo, por causa dos
pecados dos habitantes da cidade. Era
por isso que o Senhor se descuidava do
lugar santo. 18. De fato, se eles não se
tivessem envolvido em tantos pecados,
Antíoco seria imediatamente barrado no
seu atrevimento a poder de chicotadas,
logo que chegasse, como aconteceu com
Heliodoro, enviado pelo rei Seleuco para
fiscalizar o tesouro. 19. Contudo, o
Senhor não escolheu o povo para o lugar
santo, mas o lugar santo para o povo. 20.
Por isso, é que o lugar santo, havendo
participado das desgraças que
ocorreram ao povo, depois participou
também da felicidade dele. Ficou
abandonado no momento de ira do
Todo-poderoso, mas foi restaurado em
toda a sua glória, quando o Senhor
novamente se reconciliou. 21. Depois de
ter roubado sessenta e duas toneladas de
ouro do Templo, Antíoco voltou
imediatamente para Antioquia. Em seu
orgulho e insolência, ele acreditava que
poderia navegar em terra firme e andar
a pé dentro do mar.
Daniel e a Apocalíptica Elaborado e organizado por Eliezer Lucena
97
AS ALIANÇAS ATRÁVES DE
CASAMENTOS
Daniel 2:43 Quanto ao que viste do ferro
misturado com barro de lodo, misturar-
se-ão mediante casamento, mas não se
ligarão um ao outro, assim como o ferro
não se mistura com o barro.
Daniel 11: 6 Depois de alguns anos, os
dois farão aliança e a filha do rei do sul
se casará com o rei do norte, para
confirmar acordos. Mas ela não será
capaz de sustentar a própria força nem a
do seu filho, e acabará derrotada com a
sua comitiva, com o seu filho e com o
marido que ia dar-lhe força. A seu tempo,
porém, 7 surgirá das mesmas raízes dela
um broto que ficará no lugar do seu
marido. Ele irá com o exército até o
esconderijo do rei do norte, e aí vai tratá-
lo com dureza. 8 Até os deuses deles, suas
estátuas com seus objetos preciosos de
ouro e prata, ele os levará como troféu
para o Egito. Depois, por alguns anos,
deixará em paz o rei do norte. 9 Este
tentará invadir o reino do rei do sul, mas
será obrigado a voltar para a sua terra.
AS ALIANÇAS ATRÁVES DE
CASAMENTOS
I Macabeus 10: 57. Ptolomeu partiu do
Egito, levando consigo a filha Cleópatra,
e foi até Ptolemaida, no ano cento e
sessenta e dois. 58. O rei Alexandre foi
ao seu encontro. Ptolomeu entregou-lhe
sua filha Cleópatra e celebrou o
casamento em Ptolemaida, com grandes
solenidades, como os reis costumam
fazer.
Daniel 2: Alusão aos casamentos entre as dinastias Selêucidas e Lágidas dos reinos do do norte e sul, ou seja, entre a Síria e Egito, que
praticamente não conseguiram consolidar a unidade entre os sucessores de Alexandre o Grande.
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Daniel 11:17 Resolverá vir com a força de
todo o seu reino, e entrará em acordo
com ele, e lhe dará uma jovem em
casamento, para destruir o seu reino; isto,
porém, não vingará, nem será para a sua
vantagem.
II Macabeus 9: 1. Por essa mesma ocasião, Antíoco foi forçado a voltar desordenadamente
das regiões da Pérsia. 2. Entrou em Persépolis, tentou despojar o templo e tomar a cidade.
Diante disso, o povo se revoltou e recorreu às armas. Foi quando Antíoco, derrotado e
perseguido pelos habitantes, teve que bater em vergonhosa retirada. 3. Quando estava perto
Daniel cap. 11: Pressentindo a intervenção romana, Antíoco resolve entender-se com Ptolomeu dando-lhe em casamento sua filha
Cleópatra. O casamento realizou-se na cidade de Ráfia no ano de 194 a. C.
Macabeus 10: No outono do ano 150 a. C., Cleópatra Téia, filha de Ptolomeu VI Filométor, desposará sucessivamente Alexandre Balas de
quem dará à luz Antíoco VI, e depois Demétrio II e o irmão deste, Antíoco VII
Daniel 11:6- Por volta do ano 252 a.C., Antíoco II Teós, tendo feito uma aliança com Ptolomeu II Filadelfo, desposou a filha deste,
Berenice. Sua primeira mulher Laodice, começou por retirar-se. Mas depois, recebida de volta por seu marido, envenenou-o; e depois
envenenou também Berenice, o filho que esta tivera com Antioco e os membros da sua comitiva.
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de Ecbátana, chegou-lhe a notícia do que tinha acontecido a Nicanor e ao pessoal de Timóteo.
4. Então, furioso, pensava em cobrar dos judeus a injúria sofrida diante daqueles que o
tinham posto em fuga. Por isso, mandou seu cocheiro tocar a carruagem, seguindo em frente
sem parar. Entretanto, o julgamento do céu já o estava alcançando. De fato, na sua
arrogância, ele tinha dito: "Vou transformar Jerusalém num cemitério de judeus. Basta eu
chegar lá!" 5. O Senhor Deus de Israel, porém, que tudo vê, mandou-lhe uma doença
incurável e invisível. Pois logo que acabou de dizer essas palavras, lhe veio uma forte dor de
barriga, uma terrível cólica de intestinos. 6. Era uma coisa justa, porque ele havia torturado
as entranhas de outros com muitas e refinadas torturas. 7. Nem assim diminuiu a sua
arrogância. Ao contrário, ficou ainda mais exaltado e, furioso de raiva contra os judeus,
mandou tocar mais depressa. Aconteceu então cair da carruagem que corria precipitadamente
e, por causa da queda violenta, todos os seus membros se quebraram. 8. Aquele que, pouco
antes, com arrogância até desumana, se achava com poderes de dar ordens para as ondas do
mar, e que se imaginava pesando em balança as altas montanhas, ficou estendido no chão, e
teve de ser carregado numa padiola. Assim, para todos ele dava mostras evidentes do poder
de Deus. 9. A coisa foi tal, que do corpo desse renegado brotavam vermes. Ainda vivo, em
meio a sofrimentos e dores, suas carnes se soltavam do corpo. Por todo o acampamento não se
agüentava o mau cheiro da sua podridão. 10. Aquele que pouco antes parecia capaz de tocar
as estrelas do céu, agora ninguém era capaz de o carregar, por causa do mau cheiro
insuportável. 11. Em tal situação, prostrado por sua doença, Antíoco começou a ceder em sua
arrogância. Atormentado cada vez mais pelas dores, chegou a reconhecer o castigo divino, 12.
e já não podendo suportar seu próprio cheiro, disse: "É justo que o mortal se submeta a Deus
e não queira igualar-se à divindade". 13. Mas esse criminoso rezava ao Soberano, que já não
se compadecia dele. Então jurou 14. que proclamaria livre a cidade santa, contra a qual antes
caminhava apressadamente, a fim de arrasá-la e transformá-la em cemitério. 15. Jurou que
daria os mesmos direitos dos atenienses a todos os judeus, sobre quem havia decretado que
não mereciam sepultura, mas que fossem jogados com seus filhos para servir de comida às
feras e aves de rapina. 16. Jurou que enfeitaria, com os mais belos donativos, o Templo santo,
que ele mesmo tinha despojado. Jurou que devolveria, em número maior, todos os objetos
sagrados. Jurou que manteria, com suas rendas pessoais, todas as despesas necessárias para
os sacrifícios. 17. Além de tudo isso, jurou que se tornaria judeu e percorreria todos os
lugares habitados do mundo, anunciando o poder de Deus. 18. Como as dores não passassem,
pois a justa condenação de Deus o tinha atingido, e perdendo as esperanças de cura, Antíoco
escreveu aos judeus, em tom de súplica, a seguinte carta: 19. "Aos ilustríssimos cidadãos
judeus. O rei e governador Antíoco lhes manda muitas saudações e deseja saúde e bem-estar.
20. Espero, graças ao Céu, que vocês e seus filhos estejam bem, e seus negócios corram
segundo seus desejos. 21. Lembro com carinho o respeito e os bons sentimentos de vocês. Ao
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voltar da Pérsia, contraí uma grave doença e julguei necessário pensar na segurança pública.
22. No meu caso, não perdi a esperança. Ao contrário, espero escapar dessa doença. 23. Eu
me lembro que meu pai, toda vez que partia em campanha para a região do planalto, indicava
o seu futuro sucessor. 24. Desse modo, se acontecesse algo inesperado ou se chegasse alguma
notícia má, o pessoal que estava no país não iria agitar-se, pois já saberia a quem fora
confiado o governo. 25. Além disso, considerando que os soberanos próximos e vizinhos do
nosso reino estão à espera de uma oportunidade e observando o que acontece, nomeio como rei
o meu filho Antíoco. É ele que tantas vezes tenho recomendado a muitos de vocês, ao me
ausentar para as províncias do norte. A ele escrevi a carta que segue abaixo. 26. Assim, pois,
eu os exorto e lhes peço que conservem para com o meu filho a mesma boa vontade
demonstrada para comigo, lembrados de tudo de bom que fiz por vocês, seja em comum para
todos, seja em particular para cada um. 27. Estou plenamente convencido de que meu filho,
seguindo a minha decisão, os tratará com muita compreensão e cordialidade". 28. E assim,
esse assassino e blasfemo, entre dores atrozes, morreu nas montanhas, em terra estrangeira.
Seu final foi desastroso, da mesma forma como ele havia tratado a outros. 29. Filipe, seu
companheiro de infância, transportou seus restos. Mas, com medo do filho de Antíoco, Filipe
foi para o Egito, para junto de Ptolomeu Filométor.