O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão...

Post on 16-Jun-2020

2 views 0 download

Transcript of O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão...

O Paul da Praia da Vitória

Caracterização Hidrogeológica

Elaborado por:

Maria Celeste Miguel

Introdução

O Paul da Praia da Vitória é uma zona húmida litoral situada

entre:

- o limite urbano norte da cidade da Praia – base da escarpa da falha de

Santiago;

- o limite nordeste do graben das Lajes;

- e uma escoada lávica a sudoeste (Cota Rodrigues, 2003).

Constituía, até há poucos anos, a única formação palustre

costeira com dimensão apreciável existente nos Açores.

Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987 - apresentar

uma fauna e flora únicas (HP, 1991).

Hidrologia - uma das principais condicionantes físicas impondo, actualmente,

o aparecimento de zonas húmidas e condicionando o tipo de vegetação.

Objectivos:

Caracterizar a zona abordando-se de forma particular os

aspectos hidrológicos subterrâneos.

Metodologias:

- Caracterização hidrológica do corpo hídrico subterrâneo:

- procedeu-se à medição periódica dos níveis hidrostáticos em cada um dos

pontos de controlo seguindo-se o tratamento dos dados e sua interpretação.

- Conhecer a variação piezométrica diária na massa aquífera:

- efectuaram-se vários ensaios de maré, que comportaram medições de

hora a hora do nível freático durante períodos consecutivos de doze horas e um de

seis horas.

Zonas húmidas

De acordo com o definido pela convenção de RAMSAR*,

as zonas húmidas são:

“áreas de pântano, charco, turfeira ou apenas água, que podem ter uma origem

natural ou artificial, permanente ou temporária, estagnada ou corrente, doce,

salobra ou salgada”.

Variam consideravelmente, a nível regional ou local, de

acordo com as características pedológicas, topográficas, climáticas,

hidrológicas, hidroquímicas, florísticas e antrópicas do terreno.

Destacando-se sempre o meio hídrico como elemento estruturante.

* Relativa às Zonas Húmidas de Importância Internacional Especialmente

como “habitat” de Aves Aquáticas de 02-02-1971

Consideradas terras inúteis têm sido drenadas ou

utilizadas como receptáculo de efluentes urbanos

industriais.

De estudos efectuados verificou-se que estas são

áreas de grande produtividade primária, estando a

sobrevivência de inúmeras espécies dependentes da sua

existência.

De um modo geral estes ecossistemas podem ser

considerados transitórios entre ambientes aquáticos e

terrestres, revelando uma série de funções e benefícios

insubstituíveis a nível global.

Tipo de zonas húmidas

Classificação - processo difícil e complexo, dada a multiplicidade de factores

que determinam o seu aparecimento, implicando um conhecimento detalhado do

terreno.

Aspectos a focar:

a) intervenção ou não da maré;

b) o tipo de vegetação existente;

c) a duração e frequência da área inundada (temporária ou permanente).

De acordo com Farinha et al., 2001:

Marinho; Estuarino; Lacustre; Fluvial e Palustres.

De acordo com USEPA*, 2003:

Pântanos (Marshes), Charcos (Swamps) e Turfeiras (Bogs e

Fens).

*U.S.Evironmental Protection Agency, 2003

Funções das Zonas Húmidas

-Importante papel no ciclo da água;

-Papel mediador do fluxo natural da água, contribuindo para:

a) o controlo de inundações;

b) manutenção de lençóis freáticos;

c) estabilização da linha de costa e protecção contra

tempestades;

d) retenção de sedimentos e nutrientes

e) purificação da água;

f) mitigação de alterações climáticas.

Aspectos benéficos das Zonas Húmidas

- Do ponto de vista turístico – locais apetecíveis para o desenvolvimento de

actividades de recreio e lazer;

- Do ponto de vista agrícola – permitem o cultivo de produtos alimentares

(fruta e arroz), a extracção de sal e a criação de peixe e moluscos;

- Do ponto de vista cultural – valor histórico, religioso ou arqueológico, com

importância local ou regional;

- Do ponto de vista económico – potencialidades para a agricultura e

aquacultura, turismo, produção hidroeléctrica, actividades tradicionais como a caça e a

pesca de espécies que vivem ou utilizam esses habitats podendo ainda ser utilizadas

como áreas de pastagem para o gado;

- Do ponto de vista ecológico - estabelecem habitats para peixes, aves e grande

variedade de plantas, sendo ainda viveiros de muitos peixes de água doce ou salgada e

mariscos. São também locais privilegiados para descanso, abrigo, reprodução e

invernada de várias espécies de aves residentes e migradoras.

Protecção das Zonas Húmidas

Por serem ecossistemas extremamente sensíveis estão actualmente

ameaçados. Ao longo dos anos tem-se verificado uma perda

significativa destes espaços (50% no século XX segundo USEPA, 2003)

relacionada com:

- actividades recreativas; reconversão para a agricultura ou

urbanização; alterações no regime hídrico; extracção de água para

consumo; desflorestação das margens e fenómenos de contaminação.

Actualmente ocupam um lugar central na política de

conservação da natureza, merecendo por isso atenção pelas

entidades competentes. Daí, o estabelecimento de uma série de leis e

convenções com o intuito de preservar as existentes e tentar

recuperar as degradadas.

Caracterização da área em estudo

Ocupava, na época das chuvas, uma área de grandes proporções :

- cerca de 350 metros de comprimento e 200 de largura e uma altura

considerável que permitia a deslocação de embarcações rudimentares de pequeno

porte, utilizadas desde o “rego do Paul” até ao “ilhéu” (pequena ilhota de terra firme).

Actualmente apresenta uma área de, aproximadamente, 44 000 m2 com

uma uma pequena lagoa.

Importante referência toponímica – Rua Conde Vila Flor - 1ª Rua do Paul e

Rua Dr. Rodrigues da Silva - 2ª Rua do Paul.

Sentido depreciativo – “vai atirar-te ao Paul”, “deita isso ao Paul”.

Elemento incomodativo – “pragas”, => empenhamento na drenagem da área,

entulhando-a (despejavam o “lixo” no “curral do concelho”), “aquelas terras engolem-te”.

Meio de subsistência – criação de porcos, pesca de enguias e tainhas, procura de

ovos de pata no “ilhéu”, no meio do canavial.

Aterro quase total deu-se nos anos 80 - depósito de terras.

Muitos têm sido os projectos elaborados com o intuito de

“Recuperar o Paul” no entanto, nada tem sido feito para

preservar/conservar a zona assim como as espécies que lá habitam

ou que, simplesmente, a utilizam para se alimentarem, descansarem

durante os seus voos de migração ou nidificarem.

Durante as últimas décadas o Paul tem sido alvo de diversas

utilizações, desde a instalação de uma praça de toiros a instalações

próprias para actuações de circo e teatro.

Ultimamente é utilizado como parque de estacionamento

aquando das festas da cidade.

0 100 m

Condicionantes Hidrogeológicas

Formação traquibasálica dos Cinco PIcos

Formação basalica superior do Pico Celeiro

Depósitos piroclasticos de queda

Depósitos de vertente

Formações de praia

Zonas antrópicas

N

O Paul da Praia da Vitória é

constituído por:

Condicionantes Geomorfológicas

Na actualidade pode-se verificar que a área sofreu uma

série de modificações antrópicas relacionadas com o traçado urbano

recente da cidade e com deposição de entulhos, lixo e solos na zona

central.

Este processo levou ao confinamento da zona encharcada

para pequenas manchas marginais, localizadas nos sectores norte,

noroeste e oeste, nas épocas de maior pluviosidade.

Não existem elementos fiáveis que permitam caracterizar os

processos de circulação e armazenamento de água nas formações

que constituem o substrato geológico da zona (Cota Rodrigues, 2003).

N

1

1

1

2

2

3

3

4

0 100 m

1

1

1

0 100 m

Características geomorfológicas actuais

Principais unidades geomorfológicas da zona do Paul da Praia da Vitória:

1 - Escarpa da falha de Santiago;

2 - Escarpa da falha de S. Lázaro-Estrada 25 de Abril;

3 - Bordo oriental da escoada basáltica superior do Pico Celeiro;

4 - Zona de Paul.

Paú

Serra

do

Facho

N

1

1

1

2

3

0 100 m

l

Tectónica

Do ponto de vista tectónico, localiza-se numa zona complexa

do graben das Lajes, marcada pela presença de três falhas:

1 - Falha de Santiago;

2 - Falha S. Lázaro-Estrada 25 de Abril;

3 - Falha Canada Joaquim Alves-Praia da Vitória.

Estas descontinuidades, bem vincadas no terreno, induziram

rupturas de declive, configurando a pequena depressão litoral do

Paul.

Materiais do solo

Os solos do Paul da Praia da Vitória não se enquadram na

tipologia geral dos solos vulcânicos uma vez que foram sujeitos a

diversas acções antropogénicas ao longo do tempo.

Durante as escavações (dias 24 e 25 de Julho de 2003) observou-se a

ocorrência de materiais com características muito distintas. Foram

colhidas, de acordo com critérios de observação visual, algumas

amostras:

- vala 5 (amostras A14 e A15 a respectivamente 1,65 e 3,09 m de

profundidade);

- vala 10 (amostra A16, a sensivelmente 2,23 m de profundidade);

- vala 11 (amostras A17 e A18 a respectivamente 1,85 e 1,94m de

profundidade);

- vala 12 (amostra A19, a sensivelmente 2,35 m de profundidade).

Na vala 5, a sensivelmente 1,65 m, observou-se uma faixa, com

aproximadamente 10 cm de largura, de cor negra e com forte cheiro

a matéria orgânica em estado de putrefacção.

Os parâmetros analisados foram o pH, o teor de matéria orgânica,

o teor de humidade, a conductividade eléctrica e a concentração de

alguns metais pesados (crómio, cádmio, níquel e chumbo).

Resultados Obtidos

pH

25 Jul. 2003

Vala 4

Amostras

4

5

6

7

8

9

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Mínimo – 5,4 Máximo – 8,5

Média – 7,8 D. Padrão – 0,7

In Lab. - 21 Jan. 2004

Vala 5

Matéria orgânica

0

5

10

15

20

25

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

%

Mínimo – 0,7 % Máximo – 21,5 %

Média – 5,6 % D. Padrão – 6,0 %

Conductividade Eléctrica

0

5

10

15

20

25

30

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mS

/cm

Mínimo – 0,2 mS/cm Máximo – 30,0 mS/cm

Média – 4,7 mS/cm D. Padrão – 7,5 mS/cm25 Jul. 2003

Vala 11

Salino a extremamente salino

Jones, 2001

Metais Pesados (Portaria 176/96)

Crómio

0

50

100

150

200

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mg/k

g

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

Mínimo – 1,9 mg/kg Máximo – 62,8 mg/kg

Média – 13,4 mg/kg D. Padrão – 14,1 mg/kg

25 Jul. 2003

Vala 4

Cádmio

0

1

2

3

4

A1

A3

A5

A7

A9

A1

1

A1

3

A1

5

A1

7

A1

9

Amostras

mg

/kg

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

pH > 7,0

Mínimo – 0,4 mg/kg Máximo – 3,5 mg/kg

Média – 1,2 mg/kg D. Padrão – 0,7 mg/kg

25 Jul. 2003

Vala 10

Níquel

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mg

/kg

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

Mínimo – 1,6 mg/kg Máximo – 39,3 mg/kg

Média – 14,2 mg/kg D. Padrão – 10,2 mg/kg

25 Jul. 2003

Vala 5

Chumbo

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mg

/kg

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

pH > 7,0

Mínimo – 2,6 mg/kg Máximo – 453,3 mg/kg

Média – 89,3 mg/kg D. Padrão – 108,6 mg/kg

25 jul. 2003

Vala 12

Clima

O clima da cidade da Praia da Vitória apresenta:

- características de temperado marítimo, com baixas amplitudes térmicas,

diárias e sazonais, e elevada precipitação com um máximo em Janeiro e um

mínimo em Junho;

- nevoeiros raros que podem ocorrer durante todo o ano predominando na

Primavera e no Verão;

- humidade relativa do ar em todo o arquipélago é no geral sempre elevada

(80%), podendo atingir os 90% no litoral;

- regime de ventos predominante na zona, caracteriza-se pela ocorrência de

frequentes ventos fortes, dominantes de noroeste e norte, com maior contribuição

na Primavera e no Verão.

Recursos biológicos e conservação da natureza (Dias, 1991)

Património Natural do Paul:

190 espécies, distribuídas por 23 biótopos

e habitats (algumas destas raras nos Açores,

incluindo espécies residentes e migratórias).

- 7 comunidades endémicas, uma da

zona e seis dos Açores.

- 14 espécies e subespécies protegidas

pelas Convenções Europeias a que

Portugal aderiu sendo quatro endémicas.

A elevada diversidade de biótopos

costeiros aproxima esta área dos

sistemas dunares de maior

diversidade a nível da Europa,

constituindo uma situação única nos

Açores.

Anas americana

Pato

Larus cachinnans

Gaivota

Furo Vala

Vala encamisada Poço

Caracterização Hidrogeológica

Para a caracterização hidrogeológica da franja aquífera costeira

subjacente à zona em estudo, estabeleceu-se uma rede de controlo

que comportou:

- Inicialmente 10 sondagens e 1 poço localizado em propriedade particular;

- Posteriormente, devido às descidas do nível freático - 12 sondagens, e o poço.

Durante as operações de escavação foi possível observar

depósitos de origem antrópica, fundamentalmente constituídos por

solos transportados e lixos, apresentando desenvolvimentos

variáveis. Em algumas valas presenciou-se grandes quantidades de

areia e calhaus rolados.

Resultados Obtidos

Níveis hidrostáticos

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

15-

30

Mar

01-

15

Ab

r

15-

30

Ab

r

01-

15

Mai

o

15-

30

Mai

o

01-

15

Jun

15-

30

Jun

01-

15

Jul

15-

30

Jul

01-

15

Ag

15-

30

Ag

01-

15

Set

15-

30

Set

01-

15

Out

15-

30

Out

01-

15

No

v

15-

30

No

v

Tempo (Quinzena)

Alt

itu

de

(m) Média

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

15-

30

Mar

01-

15

Ab

r

15-

30

Ab

r

01-

15

Mai

o

15-

30

Mai

o

01-

15

Jun

15-

30

Jun

01-

15

Jul

15-

30

Jul

01-

15

Ag

15-

30

Ag

01-

15

Set

15-

30

Set

01-

15

Out

15-

30

Out

01-

15

No

v

15-

30

No

v

Tempo (Quinzena)

Alt

itu

de

(m) Média

Mínimo – 0,39 m

D. Padrão – 0,35 mMédia – 1,19 m

Máximo – 1,09 m

0,00

0,20

0,40

0

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V1

1

V1

2

Po

ço

Pontos de AmostragemA

ltit

ud

e (m

)

Média

Níveis mais baixos – V1 e V3

Nível mais elevado - Poço

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

V1 V3 V5 V7 V9 V11 Poço

Pontos de Amostragem

Amplitude (m)

< 0,45m - V5, V11, V12 e Poço

0,45m e 1m - V1, V2, V3, V6, V8 e V10

> 1m - V4, V7 e V9

Relação entre os níveis hidrostáticos e a pluviosidade

Verifica-se que:

- a altitude do nível freático não é directamente influenciada pela precipitação observada;

- nota-se um evidente retardamento, de determinação difícil com os dados disponíveis,

provavelmente associado aos processos de circulação superficial e subterrâneo.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

01-1

5 J

an

01-1

5 F

ev

01-1

5 M

ar

01-1

5 A

br

01-1

5 M

aio

01-1

5 J

un

01-1

5 J

ul

01-1

5 A

g

01-1

5 S

et

01-1

5 O

ut

01-1

5 N

ov

Tempo (Quinzena)

Alt

itu

de d

o n

ível

freáti

co (

mm

)

0

20

40

60

80

100

120

Precip

itação (

mm

)

Precipitação Nível Freático

Relação entre os níveis hidrostáticos e a variação das marés

Verifica-se que:

- as variações são pouco significativas, situando-se na casa dos milímetros.

Vala 4

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

9:0

0

10:0

0

11:0

0

12:0

0

13:0

0

14:0

0

15:0

0

16:0

0

17:0

0

18:0

0

19:0

0

20:0

0

Tempo (horas)

Alt

itu

de

(m)

Praia-mar Preia-mar

Horário da maré

Mínimo: 7:43 h - 0,4 m

Máximo: 14:00 h - 1,5 m

Novo mínimo: 20:16 h - 0,4 m

Uma vez que não

foi possível determinar, nas

valas a influência da maré

foi feita uma observação,

apenas visual, na lagoa

utilizando referências no

terreno.

Observou-se-se

uma evolução diária

significativa no nível das

águas, sensivelmente 10 cm

no fim da praia-mar

descendo gradualmente no

decorrer da preia-mar.

2

3 4

56

1

Para a caracterização

físico-química das águas

subterrâneas utilizou-se a rede

de controlo adoptada para os

estudos hidrodinâmicos,

acrescida de quatro pontos de

colheita de água, dispostos nos

limites noroeste (P2) e nordeste

(P3) da zona pantanosa, e dois

numa zona receptora de águas

pluviais localizados na lagoa

(P1 e P1 (conduta)).

P1(conduta)

Metodologia:

Temperatura e conductividade - “in situ”

pH – Método Potenciométrico

Teor de cloretos - Titulação em presença de

Nitrato de Prata (AgNO3)

Caracterização Físico-Química das Águas Subterrâneas

Resultados Obtidos

pH

6,0

7,0

8,0

9,0

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V1

1

V1

2

Po

ço P1

P1

(co

nd

uta

) P2

P3

Pontos de AmostragemCustodio, 1976

6,5 < pH < 8,0

Média

Mínimo – 6,6

Máximo – 8,3

Média – 7,4

D. Padrão – 0,4

Temperatura

0

5

10

15

20

25

30

15

-30

Mar

01

-15

Ab

r

15

-30

Ab

r

01

-15

Mai

o

15

-30

Mai

o

01

-15

Ju

n

15

-30

Ju

n

01

-15

Ju

l

15

-30

Ju

l

01

-15

Ag

15

-30

Ag

01

-15

Set

15

-30

Set

01

-15

Ou

t

15

-30

Ou

t

01

-15

No

v

15

-30

No

v

Tempo (Quinzena)

Temp. Média quinzenal Temp. Mín. atmosférica

Temp. Máx. atmosférica

Média

Mínimo – 7,8ºC Máximo – 27 ºC

Média – 20,1 ºC D. Padrão – 3,1 ºC

0

5

10

15

20

25

30

35

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V1

1

V1

2

Poço P1

P1

(co

nd

uta

)

P2

P3

Pontos de Amostragem

ºCMédia

Conductividade

1

10

100

1000

10000

100000V

1

V3

V5

V7

V9

V11

Poço

P1 (

conduta

)

P3

Pontos de amostragem

Co

nd

uct

ivid

ad

e ( m

S/c

m)

Água doce

Água do mar

Água doce - 2 000 mS/cm

Água do mar - 45 000 mS/cm

Custodio, 1976

Mínimo – 288,0 mS/cm

Máximo – 41 500,0 mS/cm

Média – 4 141,0 mS/cm

D. Padrão – 7 802,0 mS/cm

Teor de Cloretos

Mínimo – 21,3 mg/l

Máximo – 17 939,2 mg/l

Média – 1 358,2 mg/l

D. Padrão – 3 633,2mg/l

1

10

100

1000

10000

100000

1000000

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V11

V1

2

Poço P

1

P1

(co

nduta

)

P2

P3

Pontos de Amostragem

Teo

r d

e C

lore

tos

(mg

/l)

Água doce – 250 mg/l

Água do mar - 21 000 mg/l

Água doce

Água do mar

Custodio, 1976

Teor de Cloretos / Coductividade

y = 0,3938x - 367,44

R2 = 0,9945

1

10

100

1000

10000

100000

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000

Conductividade (mS/cm)

Teo

r d

e C

lore

tos

(mg

/l)

Conclusões

Zona Húmida:

- Pântano marinho – Farinha et al., 2001;

- Pântano com influência da maré (Tidal Marsh) – USEPA, 2003.

- Pelas suas características merece ser classificada de acordo com o estipulado

nos acordos aos quais Portugal aderiu.

Materiais do solo:

- Existência de heterogeneidades provavelmente associadas à actividade

antropogénica a que a zona foi sujeita;

- Características dos materiais do solo devem ser consideradas pontuais;

- Concentrações de cádmio na vala 5 e de chumbo na vala 12 não devem ser

consideradas como “preocupações alarmistas”, visto se encontrarem

associadas a valores de pH elevados.

Hidrogeologicamente:

- Existência de heterogeneidades na altitude dos níveis freáticos;

- Não foi possível concluir que a maré e a precipitação interferem directamente na altitude do nível

freático.

Hidroquimicamente:

- pH, conductividade e teor de cloretos indicam intrusão marinha na zona;

- Temperatura das águas subterrâneas acompanha a evolução da temperatura do ar;

- Cloretos são responsáveis pela mineralização das águas.

- Presença de pontos onde as águas são pouco mineralizadas, indiciando recargas subterrâneas e/ou

escorrência superficial.

Perspectivas futuras de investigação hidrológica:

- Origem das águas subterrâneas da zona por “Isótopos” ou “Detecção remota”;

- Origem das manchas de combustível encontradas a sobrenadar as águas;

- Destino final a dar aos materiais do solo que se pretenda retirar, no caso de intervenção.

Fim deste trabalho