O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão...

42
O Paul da Praia da Vitória Caracterização Hidrogeológica Elaborado por: Maria Celeste Miguel

Transcript of O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão...

Page 1: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

O Paul da Praia da Vitória

Caracterização Hidrogeológica

Elaborado por:

Maria Celeste Miguel

Page 2: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Introdução

O Paul da Praia da Vitória é uma zona húmida litoral situada

entre:

- o limite urbano norte da cidade da Praia – base da escarpa da falha de

Santiago;

- o limite nordeste do graben das Lajes;

- e uma escoada lávica a sudoeste (Cota Rodrigues, 2003).

Constituía, até há poucos anos, a única formação palustre

costeira com dimensão apreciável existente nos Açores.

Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987 - apresentar

uma fauna e flora únicas (HP, 1991).

Hidrologia - uma das principais condicionantes físicas impondo, actualmente,

o aparecimento de zonas húmidas e condicionando o tipo de vegetação.

Page 3: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Objectivos:

Caracterizar a zona abordando-se de forma particular os

aspectos hidrológicos subterrâneos.

Metodologias:

- Caracterização hidrológica do corpo hídrico subterrâneo:

- procedeu-se à medição periódica dos níveis hidrostáticos em cada um dos

pontos de controlo seguindo-se o tratamento dos dados e sua interpretação.

- Conhecer a variação piezométrica diária na massa aquífera:

- efectuaram-se vários ensaios de maré, que comportaram medições de

hora a hora do nível freático durante períodos consecutivos de doze horas e um de

seis horas.

Page 4: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Zonas húmidas

De acordo com o definido pela convenção de RAMSAR*,

as zonas húmidas são:

“áreas de pântano, charco, turfeira ou apenas água, que podem ter uma origem

natural ou artificial, permanente ou temporária, estagnada ou corrente, doce,

salobra ou salgada”.

Variam consideravelmente, a nível regional ou local, de

acordo com as características pedológicas, topográficas, climáticas,

hidrológicas, hidroquímicas, florísticas e antrópicas do terreno.

Destacando-se sempre o meio hídrico como elemento estruturante.

* Relativa às Zonas Húmidas de Importância Internacional Especialmente

como “habitat” de Aves Aquáticas de 02-02-1971

Page 5: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Consideradas terras inúteis têm sido drenadas ou

utilizadas como receptáculo de efluentes urbanos

industriais.

De estudos efectuados verificou-se que estas são

áreas de grande produtividade primária, estando a

sobrevivência de inúmeras espécies dependentes da sua

existência.

De um modo geral estes ecossistemas podem ser

considerados transitórios entre ambientes aquáticos e

terrestres, revelando uma série de funções e benefícios

insubstituíveis a nível global.

Page 6: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Tipo de zonas húmidas

Classificação - processo difícil e complexo, dada a multiplicidade de factores

que determinam o seu aparecimento, implicando um conhecimento detalhado do

terreno.

Aspectos a focar:

a) intervenção ou não da maré;

b) o tipo de vegetação existente;

c) a duração e frequência da área inundada (temporária ou permanente).

De acordo com Farinha et al., 2001:

Marinho; Estuarino; Lacustre; Fluvial e Palustres.

De acordo com USEPA*, 2003:

Pântanos (Marshes), Charcos (Swamps) e Turfeiras (Bogs e

Fens).

*U.S.Evironmental Protection Agency, 2003

Page 7: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Funções das Zonas Húmidas

-Importante papel no ciclo da água;

-Papel mediador do fluxo natural da água, contribuindo para:

a) o controlo de inundações;

b) manutenção de lençóis freáticos;

c) estabilização da linha de costa e protecção contra

tempestades;

d) retenção de sedimentos e nutrientes

e) purificação da água;

f) mitigação de alterações climáticas.

Page 8: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Aspectos benéficos das Zonas Húmidas

- Do ponto de vista turístico – locais apetecíveis para o desenvolvimento de

actividades de recreio e lazer;

- Do ponto de vista agrícola – permitem o cultivo de produtos alimentares

(fruta e arroz), a extracção de sal e a criação de peixe e moluscos;

- Do ponto de vista cultural – valor histórico, religioso ou arqueológico, com

importância local ou regional;

- Do ponto de vista económico – potencialidades para a agricultura e

aquacultura, turismo, produção hidroeléctrica, actividades tradicionais como a caça e a

pesca de espécies que vivem ou utilizam esses habitats podendo ainda ser utilizadas

como áreas de pastagem para o gado;

- Do ponto de vista ecológico - estabelecem habitats para peixes, aves e grande

variedade de plantas, sendo ainda viveiros de muitos peixes de água doce ou salgada e

mariscos. São também locais privilegiados para descanso, abrigo, reprodução e

invernada de várias espécies de aves residentes e migradoras.

Page 9: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Protecção das Zonas Húmidas

Por serem ecossistemas extremamente sensíveis estão actualmente

ameaçados. Ao longo dos anos tem-se verificado uma perda

significativa destes espaços (50% no século XX segundo USEPA, 2003)

relacionada com:

- actividades recreativas; reconversão para a agricultura ou

urbanização; alterações no regime hídrico; extracção de água para

consumo; desflorestação das margens e fenómenos de contaminação.

Actualmente ocupam um lugar central na política de

conservação da natureza, merecendo por isso atenção pelas

entidades competentes. Daí, o estabelecimento de uma série de leis e

convenções com o intuito de preservar as existentes e tentar

recuperar as degradadas.

Page 10: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Caracterização da área em estudo

Ocupava, na época das chuvas, uma área de grandes proporções :

- cerca de 350 metros de comprimento e 200 de largura e uma altura

considerável que permitia a deslocação de embarcações rudimentares de pequeno

porte, utilizadas desde o “rego do Paul” até ao “ilhéu” (pequena ilhota de terra firme).

Actualmente apresenta uma área de, aproximadamente, 44 000 m2 com

uma uma pequena lagoa.

Importante referência toponímica – Rua Conde Vila Flor - 1ª Rua do Paul e

Rua Dr. Rodrigues da Silva - 2ª Rua do Paul.

Sentido depreciativo – “vai atirar-te ao Paul”, “deita isso ao Paul”.

Elemento incomodativo – “pragas”, => empenhamento na drenagem da área,

entulhando-a (despejavam o “lixo” no “curral do concelho”), “aquelas terras engolem-te”.

Meio de subsistência – criação de porcos, pesca de enguias e tainhas, procura de

ovos de pata no “ilhéu”, no meio do canavial.

Page 11: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Aterro quase total deu-se nos anos 80 - depósito de terras.

Muitos têm sido os projectos elaborados com o intuito de

“Recuperar o Paul” no entanto, nada tem sido feito para

preservar/conservar a zona assim como as espécies que lá habitam

ou que, simplesmente, a utilizam para se alimentarem, descansarem

durante os seus voos de migração ou nidificarem.

Durante as últimas décadas o Paul tem sido alvo de diversas

utilizações, desde a instalação de uma praça de toiros a instalações

próprias para actuações de circo e teatro.

Ultimamente é utilizado como parque de estacionamento

aquando das festas da cidade.

Page 12: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

0 100 m

Condicionantes Hidrogeológicas

Formação traquibasálica dos Cinco PIcos

Formação basalica superior do Pico Celeiro

Depósitos piroclasticos de queda

Depósitos de vertente

Formações de praia

Zonas antrópicas

N

O Paul da Praia da Vitória é

constituído por:

Page 13: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Condicionantes Geomorfológicas

Na actualidade pode-se verificar que a área sofreu uma

série de modificações antrópicas relacionadas com o traçado urbano

recente da cidade e com deposição de entulhos, lixo e solos na zona

central.

Este processo levou ao confinamento da zona encharcada

para pequenas manchas marginais, localizadas nos sectores norte,

noroeste e oeste, nas épocas de maior pluviosidade.

Não existem elementos fiáveis que permitam caracterizar os

processos de circulação e armazenamento de água nas formações

que constituem o substrato geológico da zona (Cota Rodrigues, 2003).

Page 14: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

N

1

1

1

2

2

3

3

4

0 100 m

1

1

1

0 100 m

Características geomorfológicas actuais

Principais unidades geomorfológicas da zona do Paul da Praia da Vitória:

1 - Escarpa da falha de Santiago;

2 - Escarpa da falha de S. Lázaro-Estrada 25 de Abril;

3 - Bordo oriental da escoada basáltica superior do Pico Celeiro;

4 - Zona de Paul.

Page 15: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Paú

Serra

do

Facho

N

1

1

1

2

3

0 100 m

l

Tectónica

Do ponto de vista tectónico, localiza-se numa zona complexa

do graben das Lajes, marcada pela presença de três falhas:

1 - Falha de Santiago;

2 - Falha S. Lázaro-Estrada 25 de Abril;

3 - Falha Canada Joaquim Alves-Praia da Vitória.

Estas descontinuidades, bem vincadas no terreno, induziram

rupturas de declive, configurando a pequena depressão litoral do

Paul.

Page 16: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Materiais do solo

Os solos do Paul da Praia da Vitória não se enquadram na

tipologia geral dos solos vulcânicos uma vez que foram sujeitos a

diversas acções antropogénicas ao longo do tempo.

Durante as escavações (dias 24 e 25 de Julho de 2003) observou-se a

ocorrência de materiais com características muito distintas. Foram

colhidas, de acordo com critérios de observação visual, algumas

amostras:

- vala 5 (amostras A14 e A15 a respectivamente 1,65 e 3,09 m de

profundidade);

- vala 10 (amostra A16, a sensivelmente 2,23 m de profundidade);

- vala 11 (amostras A17 e A18 a respectivamente 1,85 e 1,94m de

profundidade);

- vala 12 (amostra A19, a sensivelmente 2,35 m de profundidade).

Page 17: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Na vala 5, a sensivelmente 1,65 m, observou-se uma faixa, com

aproximadamente 10 cm de largura, de cor negra e com forte cheiro

a matéria orgânica em estado de putrefacção.

Os parâmetros analisados foram o pH, o teor de matéria orgânica,

o teor de humidade, a conductividade eléctrica e a concentração de

alguns metais pesados (crómio, cádmio, níquel e chumbo).

Page 18: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Resultados Obtidos

pH

25 Jul. 2003

Vala 4

Amostras

4

5

6

7

8

9

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Mínimo – 5,4 Máximo – 8,5

Média – 7,8 D. Padrão – 0,7

Page 19: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

In Lab. - 21 Jan. 2004

Vala 5

Matéria orgânica

0

5

10

15

20

25

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

%

Mínimo – 0,7 % Máximo – 21,5 %

Média – 5,6 % D. Padrão – 6,0 %

Page 20: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Conductividade Eléctrica

0

5

10

15

20

25

30

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mS

/cm

Mínimo – 0,2 mS/cm Máximo – 30,0 mS/cm

Média – 4,7 mS/cm D. Padrão – 7,5 mS/cm25 Jul. 2003

Vala 11

Salino a extremamente salino

Jones, 2001

Page 21: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Metais Pesados (Portaria 176/96)

Crómio

0

50

100

150

200

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mg/k

g

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

Mínimo – 1,9 mg/kg Máximo – 62,8 mg/kg

Média – 13,4 mg/kg D. Padrão – 14,1 mg/kg

25 Jul. 2003

Vala 4

Page 22: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Cádmio

0

1

2

3

4

A1

A3

A5

A7

A9

A1

1

A1

3

A1

5

A1

7

A1

9

Amostras

mg

/kg

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

pH > 7,0

Mínimo – 0,4 mg/kg Máximo – 3,5 mg/kg

Média – 1,2 mg/kg D. Padrão – 0,7 mg/kg

25 Jul. 2003

Vala 10

Page 23: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Níquel

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mg

/kg

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

Mínimo – 1,6 mg/kg Máximo – 39,3 mg/kg

Média – 14,2 mg/kg D. Padrão – 10,2 mg/kg

25 Jul. 2003

Vala 5

Page 24: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Chumbo

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A1

0

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

Amostras

mg

/kg

pH < 5,5

5,5 < pH < 7,0

pH > 7,0

Mínimo – 2,6 mg/kg Máximo – 453,3 mg/kg

Média – 89,3 mg/kg D. Padrão – 108,6 mg/kg

25 jul. 2003

Vala 12

Page 25: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Clima

O clima da cidade da Praia da Vitória apresenta:

- características de temperado marítimo, com baixas amplitudes térmicas,

diárias e sazonais, e elevada precipitação com um máximo em Janeiro e um

mínimo em Junho;

- nevoeiros raros que podem ocorrer durante todo o ano predominando na

Primavera e no Verão;

- humidade relativa do ar em todo o arquipélago é no geral sempre elevada

(80%), podendo atingir os 90% no litoral;

- regime de ventos predominante na zona, caracteriza-se pela ocorrência de

frequentes ventos fortes, dominantes de noroeste e norte, com maior contribuição

na Primavera e no Verão.

Page 26: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Recursos biológicos e conservação da natureza (Dias, 1991)

Património Natural do Paul:

190 espécies, distribuídas por 23 biótopos

e habitats (algumas destas raras nos Açores,

incluindo espécies residentes e migratórias).

- 7 comunidades endémicas, uma da

zona e seis dos Açores.

- 14 espécies e subespécies protegidas

pelas Convenções Europeias a que

Portugal aderiu sendo quatro endémicas.

A elevada diversidade de biótopos

costeiros aproxima esta área dos

sistemas dunares de maior

diversidade a nível da Europa,

constituindo uma situação única nos

Açores.

Anas americana

Pato

Larus cachinnans

Gaivota

Page 27: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Furo Vala

Vala encamisada Poço

Caracterização Hidrogeológica

Para a caracterização hidrogeológica da franja aquífera costeira

subjacente à zona em estudo, estabeleceu-se uma rede de controlo

que comportou:

- Inicialmente 10 sondagens e 1 poço localizado em propriedade particular;

- Posteriormente, devido às descidas do nível freático - 12 sondagens, e o poço.

Page 28: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Durante as operações de escavação foi possível observar

depósitos de origem antrópica, fundamentalmente constituídos por

solos transportados e lixos, apresentando desenvolvimentos

variáveis. Em algumas valas presenciou-se grandes quantidades de

areia e calhaus rolados.

Page 29: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Resultados Obtidos

Níveis hidrostáticos

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

15-

30

Mar

01-

15

Ab

r

15-

30

Ab

r

01-

15

Mai

o

15-

30

Mai

o

01-

15

Jun

15-

30

Jun

01-

15

Jul

15-

30

Jul

01-

15

Ag

15-

30

Ag

01-

15

Set

15-

30

Set

01-

15

Out

15-

30

Out

01-

15

No

v

15-

30

No

v

Tempo (Quinzena)

Alt

itu

de

(m) Média

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

15-

30

Mar

01-

15

Ab

r

15-

30

Ab

r

01-

15

Mai

o

15-

30

Mai

o

01-

15

Jun

15-

30

Jun

01-

15

Jul

15-

30

Jul

01-

15

Ag

15-

30

Ag

01-

15

Set

15-

30

Set

01-

15

Out

15-

30

Out

01-

15

No

v

15-

30

No

v

Tempo (Quinzena)

Alt

itu

de

(m) Média

Mínimo – 0,39 m

D. Padrão – 0,35 mMédia – 1,19 m

Máximo – 1,09 m

0,00

0,20

0,40

0

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V1

1

V1

2

Po

ço

Pontos de AmostragemA

ltit

ud

e (m

)

Média

Níveis mais baixos – V1 e V3

Nível mais elevado - Poço

Page 30: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

V1 V3 V5 V7 V9 V11 Poço

Pontos de Amostragem

Amplitude (m)

< 0,45m - V5, V11, V12 e Poço

0,45m e 1m - V1, V2, V3, V6, V8 e V10

> 1m - V4, V7 e V9

Page 31: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Relação entre os níveis hidrostáticos e a pluviosidade

Verifica-se que:

- a altitude do nível freático não é directamente influenciada pela precipitação observada;

- nota-se um evidente retardamento, de determinação difícil com os dados disponíveis,

provavelmente associado aos processos de circulação superficial e subterrâneo.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

01-1

5 J

an

01-1

5 F

ev

01-1

5 M

ar

01-1

5 A

br

01-1

5 M

aio

01-1

5 J

un

01-1

5 J

ul

01-1

5 A

g

01-1

5 S

et

01-1

5 O

ut

01-1

5 N

ov

Tempo (Quinzena)

Alt

itu

de d

o n

ível

freáti

co (

mm

)

0

20

40

60

80

100

120

Precip

itação (

mm

)

Precipitação Nível Freático

Page 32: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Relação entre os níveis hidrostáticos e a variação das marés

Verifica-se que:

- as variações são pouco significativas, situando-se na casa dos milímetros.

Vala 4

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

9:0

0

10:0

0

11:0

0

12:0

0

13:0

0

14:0

0

15:0

0

16:0

0

17:0

0

18:0

0

19:0

0

20:0

0

Tempo (horas)

Alt

itu

de

(m)

Praia-mar Preia-mar

Horário da maré

Mínimo: 7:43 h - 0,4 m

Máximo: 14:00 h - 1,5 m

Novo mínimo: 20:16 h - 0,4 m

Page 33: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Uma vez que não

foi possível determinar, nas

valas a influência da maré

foi feita uma observação,

apenas visual, na lagoa

utilizando referências no

terreno.

Observou-se-se

uma evolução diária

significativa no nível das

águas, sensivelmente 10 cm

no fim da praia-mar

descendo gradualmente no

decorrer da preia-mar.

2

3 4

56

1

Page 34: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Para a caracterização

físico-química das águas

subterrâneas utilizou-se a rede

de controlo adoptada para os

estudos hidrodinâmicos,

acrescida de quatro pontos de

colheita de água, dispostos nos

limites noroeste (P2) e nordeste

(P3) da zona pantanosa, e dois

numa zona receptora de águas

pluviais localizados na lagoa

(P1 e P1 (conduta)).

P1(conduta)

Metodologia:

Temperatura e conductividade - “in situ”

pH – Método Potenciométrico

Teor de cloretos - Titulação em presença de

Nitrato de Prata (AgNO3)

Caracterização Físico-Química das Águas Subterrâneas

Page 35: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Resultados Obtidos

pH

6,0

7,0

8,0

9,0

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V1

1

V1

2

Po

ço P1

P1

(co

nd

uta

) P2

P3

Pontos de AmostragemCustodio, 1976

6,5 < pH < 8,0

Média

Mínimo – 6,6

Máximo – 8,3

Média – 7,4

D. Padrão – 0,4

Page 36: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Temperatura

0

5

10

15

20

25

30

15

-30

Mar

01

-15

Ab

r

15

-30

Ab

r

01

-15

Mai

o

15

-30

Mai

o

01

-15

Ju

n

15

-30

Ju

n

01

-15

Ju

l

15

-30

Ju

l

01

-15

Ag

15

-30

Ag

01

-15

Set

15

-30

Set

01

-15

Ou

t

15

-30

Ou

t

01

-15

No

v

15

-30

No

v

Tempo (Quinzena)

Temp. Média quinzenal Temp. Mín. atmosférica

Temp. Máx. atmosférica

Média

Mínimo – 7,8ºC Máximo – 27 ºC

Média – 20,1 ºC D. Padrão – 3,1 ºC

0

5

10

15

20

25

30

35

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V1

1

V1

2

Poço P1

P1

(co

nd

uta

)

P2

P3

Pontos de Amostragem

ºCMédia

Page 37: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Conductividade

1

10

100

1000

10000

100000V

1

V3

V5

V7

V9

V11

Poço

P1 (

conduta

)

P3

Pontos de amostragem

Co

nd

uct

ivid

ad

e ( m

S/c

m)

Água doce

Água do mar

Água doce - 2 000 mS/cm

Água do mar - 45 000 mS/cm

Custodio, 1976

Mínimo – 288,0 mS/cm

Máximo – 41 500,0 mS/cm

Média – 4 141,0 mS/cm

D. Padrão – 7 802,0 mS/cm

Page 38: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Teor de Cloretos

Mínimo – 21,3 mg/l

Máximo – 17 939,2 mg/l

Média – 1 358,2 mg/l

D. Padrão – 3 633,2mg/l

1

10

100

1000

10000

100000

1000000

V1

V2

V3

V4

V5

V6

V7

V8

V9

V1

0

V11

V1

2

Poço P

1

P1

(co

nduta

)

P2

P3

Pontos de Amostragem

Teo

r d

e C

lore

tos

(mg

/l)

Água doce – 250 mg/l

Água do mar - 21 000 mg/l

Água doce

Água do mar

Custodio, 1976

Page 39: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Teor de Cloretos / Coductividade

y = 0,3938x - 367,44

R2 = 0,9945

1

10

100

1000

10000

100000

0 5000 10000 15000 20000 25000 30000

Conductividade (mS/cm)

Teo

r d

e C

lore

tos

(mg

/l)

Page 40: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Conclusões

Zona Húmida:

- Pântano marinho – Farinha et al., 2001;

- Pântano com influência da maré (Tidal Marsh) – USEPA, 2003.

- Pelas suas características merece ser classificada de acordo com o estipulado

nos acordos aos quais Portugal aderiu.

Materiais do solo:

- Existência de heterogeneidades provavelmente associadas à actividade

antropogénica a que a zona foi sujeita;

- Características dos materiais do solo devem ser consideradas pontuais;

- Concentrações de cádmio na vala 5 e de chumbo na vala 12 não devem ser

consideradas como “preocupações alarmistas”, visto se encontrarem

associadas a valores de pH elevados.

Page 41: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Hidrogeologicamente:

- Existência de heterogeneidades na altitude dos níveis freáticos;

- Não foi possível concluir que a maré e a precipitação interferem directamente na altitude do nível

freático.

Hidroquimicamente:

- pH, conductividade e teor de cloretos indicam intrusão marinha na zona;

- Temperatura das águas subterrâneas acompanha a evolução da temperatura do ar;

- Cloretos são responsáveis pela mineralização das águas.

- Presença de pontos onde as águas são pouco mineralizadas, indiciando recargas subterrâneas e/ou

escorrência superficial.

Perspectivas futuras de investigação hidrológica:

- Origem das águas subterrâneas da zona por “Isótopos” ou “Detecção remota”;

- Origem das manchas de combustível encontradas a sobrenadar as águas;

- Destino final a dar aos materiais do solo que se pretenda retirar, no caso de intervenção.

Page 42: O Paul da Praia da Vitórialifecwr.com/ficheiros/docs/CelesteMiguel.pdf · costeira com dimensão apreciável existente nos Açores. Incluída na lista de biótopos CORINE em 1987

Fim deste trabalho