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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMNETO E DESENVOLVIEMNTO
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL JUNTO
AO DIRETOR NA UNIDADE ESCOLAR
Nanci Rocha
NITERÓI 2007
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMNETO E DESENVOLVIEMNTO
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL JUNTO AO DIRETOR
NA UNIDADE ESCOLAR
Nanci Rocha
Este trabalho atende a complementação didática pedagógica do desenvolvimento da monografia, para o curso de pós-graduação em Orientação Educacional.
Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
NITERÓI 2007.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho monográfico a Deus, a minha mãe, pela força e compreensão.
Aos meus amigos e que direta ou indiretamente contribuíram para que este
trabalho se concretizasse.
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AGRADECIMENTOS
A minha mãe que diante dos problemas sempre esteve ajudando-me nesta trajetória e
todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
A meu querido e compreensível orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho pelos
conselhos sempre úteis e precisos com que, sabiamente, conduziu este trabalho.
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EPÍGRAFE
Atuar profissionalmente exige do professor não só o domínio dos conhecimentos específicos em torno dos quais deverá agir, mas
também a compreensão das questões envolvidas em seu trabalho, sua identificação e resolução, autonomia para tomar decisões,
responsabilidades pelas opções feitas. Requer ainda que o professor saiba avaliar criticamente a própria atuação e o contexto em que atua
e que saiba, também, interagir com a comunidade profissional a que pertence e com a sociedade.
Parecer CNE/CP nº 09/2001
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RESUMO
Durante muitos anos a educação sofreu grandes modificações e transformações no âmbito escolar e fora dele, principalmente quando o foco principal do processo ensino-aprendizagem é o aluno, a formação de sua personalidade. Essas mudanças também provocaram transformações importantes no perfil dos profissionais da educação principalmente o diretor e o orientador educacional. Uma formação profissional que desperta discussão em praticamente todo o segmento da Escola. O grande problema consiste de variedades de enfoques relacionados à administração escolar e junto com o orientador educacional que tem provocado principalmente em relação à sua função dentro da escola. Observa-se que ser um profissional competente para trabalhar na educação não é aquele que somente ensina, que utiliza como prática apenas a transmissão dos conhecimentos acumulados, sem significado para o aluno, mas aquele que educa, estimula e orienta as experiências vividas e trazidas pelas crianças de seu meio (currículo oculto), para que no seu dia-a-dia elas a partir da troca de experiências, possam construir seu próprio conhecimento. Além disso, o envolvimento das famílias é de fundamental importância, tanto no processo de ensino-aprendizagem como na busca de soluções para os problemas sociais urgentes com os quais a escola se depara (sexualidade, saúde mental, uso e abuso de drogas, violência e outros). Esse envolvimento precisa se estender ao entorno da escola, junto com o orientador educacional, integrados numa ação socializadora e coletiva: professor/aluno/escola/pais/comunidade. as experiências com esse objetivo são excelentes oportunidades de desenvolvimento pessoal e social para todos os participantes.É a partir dessa parceria família/escola e da relação professor/aluno; aluno/aluno; aluno/escola; aluno/comunidade que direta e indiretamente é que vai ser o diferencial na formação desses educandos. Portanto, é necessário que o orientador educacional e o diretor junto com todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, conheçam dispositivos legais, diretrizes, objetivo e metas educacionais, bem como algumas teorias pedagógicas da educação, colaborando assim para sua formação e a formação dos alunos. Entretanto, o esforço de um grupo interessado em promover uma formação de qualidade, necessita estar atualizado, disposto a mudar e transformar a escola num ensino de qualidade.
Palavras-chave: orientador educacional – aluno – família – escola
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SUMÁRIO
Introdução ........................................................................................................................... 07
Capítulo I – A participação do orientador educacional nas diferentes épocas da Nossa
História ................................................................................................................... 10
Capítulo II – A função do orientador educacional no contexto escolar .............................. 17
2.1 As relações interpessoais na escola ................................................................... 22
2.1.2 Como facilitar as relações interpessoais ......................................................... 26
2.1.3 As aptidões humanas definidas por Goleman ................................................ 29
Capítulo III – Sugestões para o trabalho do orientador educacional na comunidade
escolar ...................................................................................................................... 33
3.1 A preparação do diretor na atual LDB – Lei nº 9394/1996 ............................. 35
Conclusão ............................................................................................................................ 42
Bibliografias ....................................................................................................................... 45
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INTRODUÇÃO
A presente monografia pretende discutir o trabalho do orientador educacional junto ao
diretor na Unidade Escolar, através de uma pesquisa bibliográfica de autores que abordaram o
tema, e baseado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB – Lei nº 9 394/96,
buscando a excelência da sua formação e a técnica na sua atuação profissional.
Discutirá as várias problemáticas sociais, políticas e econômicas, envolvendo o
diretor e o orientador educacional como peças principais da escola, na busca de um caminho
viável, que possibilite fazer com que a escola em que atuam, como profissionais da educação,
obtenha melhores condições de aprendizagem, integração com a comunidade, os professores,
os funcionários e os alunos, na tomada de decisões próprias de um executivo, na resolução
dos problemas existentes na escola com absoluta eficácia.
Diante dos diversos problemas e conflitos vividos pela escola, o diretor deve ter
capacidade de administrar e cuidar da dinâmica desta instituição, a partir de uma ampla visão
da mesma, inserida em sua comunidade, a médio ou longo prazo, compartilhando do poder
realizado coletivamente e agindo de forma a permitir a gestão democrática da Unidade
Escolar.
Nesse processo, imbuído de um verdadeiro desejo de mudanças, a partir de um
trabalho coletivo o diretor junto com sua equipe passa a coordenar um processo de
transformação, que caminha no sentido de construção de uma escola competente e de
qualidade – uma Escola Cidadã!
Para entender a atual problemática escolar brasileira, incluídas as suas falhas e
deficiências, a monografia abordará as diversas atividades do orientador educacional e do
diretor, no contexto da administração do ensino, buscando retratar essas questões, nas diversas
épocas aos dias atuais, ajudando-nos a refletir melhor sobre as competências desse
profissional, vítimas de heranças históricas, e de formações profissionais inadequadas, que
raramente favoreceram o processo educacional brasileiro, tolhendo-o ou procrastinando as
soluções mais técnicas ou de caráter urgente.
Ao longo da História da Educação Brasileira, essas experiências de gestão e
orientação democrática escolar, são bastante diversificadas. Assim, a Constituição Brasileira
de 1988 e a atual LDB, consideram como fundamentos basilares, a autonomia da escola,
definindo princípios que estabelecem a gestão escolar, comprometida em revelar possíveis
caminhos para que em geral, o cidadão menos favorecido, como trabalhador que constrói a
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cidadania, possa atuar coletivamente e buscar sua integração aos sistemas de ensino, tendo o
orientador educacional da unidade educacional em que o seu filho estuda, como um líder
capaz de conduzir o dia-a-dia escolar com a necessária competência.
Em qualquer comunidade brasileira, grande ou pequena, citadina ou rural, podemos
constatar que a escola não pode deixar de ser apenas um espaço vazio, um local de acúmulo
de conhecimentos, mas um espaço aberto para a comunidade e todos os envolvidos no
processo ensino-aprendizagem, considerando como chave principal o Projeto Político
Pedagógico (PPP), que precisa ser elaborado contando com a participação da comunidade
escolar e a comunidade local formada pela: direção da escola, orientador, técnicos
educacionais, professores, funcionários, pais e/ou responsáveis de alunos, membros do
Conselho Escolar, representantes dos diversos setores da comunidade que praticarão, deste
modo, os pressupostos legais e científicos de uma direção escolar estruturada na ciência e nos
reclamos sociais, contribuindo, cada qual, com a prática dos novos tempos, com novas idéias
que contribuirão de forma integrada, alimentando novas práticas e novos conhecimentos para
que a formação do cidadão seja contemplada de forma eficaz, fazendo-o agir e pensar
criticamente, formando uma Escola Cidadã, voltada para a busca da felicidade de todos que a
compõem e o pleno desenvolvimento da Nação Brasileira.
No Capítulo I, abordaremos a participação do orientador educacional nas diferentes
épocas da nossa história, um fator importantíssimo de gestão que durante muito tempo foi
organizado e estruturamente articulado no âmbito de uma educação em que a Constituição a
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, destacam em seus artigos a importância de uma
gestão democrática cujo trabalho coletivo tenha a função socializadora, desenvolvida em prol
de uma escola verdadeiramente democrática.
Relataremos no Capítulo II, a função do orientador educacional no contexto escolar,
um trabalho consciente cujo profissional precisa estar ciente de tudo o que se passa dentro e
fora da instituição, diagnosticando e observando seus alunos, buscando por meio desses ter
um olhar amplo, respeitando as singularidades e integrado numa proposta de trabalho coletivo
visando integrar-se processo ensino e aprendizagem dos educandos, traçando nas relações
afetivas estabelecidas entre professor, educando, pais e comunidade.
No Capítulo II, abordaremos sugestões para o trabalho do orientador educacional na
comunidade escolar, um fazer competente em que a teoria e a prática caminham juntas. Nesta
perspectiva de trabalho o orientador busca refletir sobre sua ação e trabalhar de forma em que
ao alunos sintam confiantes de si mantendo uma relação segura consigo e com os outros por
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meio da troca de experiência, do convívio e o respeito entre todos os envolvidos no processo
ensino-aprendizagem.
Ser um orientador competente requer um trabalho coletivo em que o apoio da família e
da comunidade esteja alicerçado numa proposta de trabalho em que as decisões são tomadas
conscientemente, visando neutralizar e impedir confrontos intervindo quando necessário
integrado numa proposta de valorização do educando como pessoas, capazes de aprender e
ensinar juntos.
Este, portanto é um processo difícil, mas possível, basta que todos trabalhem
coletivamente na busca por uma escola democrática centrada nos interesses do educando e
pautada numa proposta educacional competente articulado na capacidade de todos os
envolvidos no processo ensino-aprendizagem (pais, alunos, educadores, supervisor,
coordenador, diretor, funcionários e comunidade de um modo geral) juntos tecerem as teias
do processo de transformação.
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CAPÍTULO I
A PARTICIPAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
E DO DIRETOR NAS DIFERENTES ÉPOCAS
DA NOSSA HISTÓRIA
Torna-se cada vez mais importante o avanço teórico a respeito da gestão educacional,
e do trabalho coletivo junto a profissionais em que diante das mudanças existentes muitos
problemas relacionados a educação estão sendo discutidos por muitos especialistas,
especialmente quando o enfoque maior está em torno de um momento em que se impõe
democratizar a escola, sem no entanto, desconsiderar a relevância do acompanhamento e
controle, permitindo a evolução do processo educacional para uma sociedade cada vez mais
exigente com a formação do cidadão.
Assim, baseados nos estudos realizados buscamos neste capítulo I aborda um pequeno
histórico sobre a atuação do diretor e o trabalho do orientador educacional, cujo ato
pedagógico nos faz refletir criticamente sobre seu próprio contexto, sobre os problemas
globais que estão mais perto de seus alunos e que os atingem diretamente.
Falar sobre a atuação do diretor e do orientador educacional, além de todas as ações de
melhoria da qualidade de vida de seus alunos, promoverem também ações que são dirigidas à
comunidade ao qual a escola está inserida e procurar multiplicar seu campo de atuação,
reforçar a importância de seus papéis sociais, é algumas das propostas que pretendemos
abordar, possibilitando uma melhor compreensão do assunto.
Sendo a educação o principal agente renovador das estruturas sociais, o Brasil hoje
possui milhares de escolas de todos os graus, e muitas se encontram com problemas
administrativos que precisam ser reformulados e repensados por ser uma das áreas mais
complexas do conhecimento.
Estudando-se o passado, percebe-se que, em muitos séculos, pouco ou nada foi
acrescentado à arte e à técnica que um diretor de escola precisa para exercer o seu trabalho.
Há uma grande necessidade de entender e constatar concretamente como este processo se
desenvolveu e como está sendo desenvolvido no Brasil, para que possamos, a partir daí,
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propor mudanças que possam vir a modificar esse estado de coisas e auxiliar a escola a
cumprir, plenamente, as suas funções.
Partindo desses pressupostos, constata-se que a tentativa de organização do ensino
começou com a chegada dos jesuítas ao Brasil. Os jesuítas foram os principais educadores de
quase todo o período colonial, atuando, aqui no Brasil, de 1549 a 1759 (NISKIER 1986, p.
247).
Nesta época a educação não chegará a ser escolarizada, pois as diretrizes dos jesuítas
eram voltadas para a formação cristã, espiritual e social da província. Não havia um interesse
na formação especial para o desempenho de funções, pois a educação não era meta prioritária,
tendo como principal meta converter o gentio e, impedir que os colonos se desviassem da fé
católica.
O plano de instrução era consubstanciado no Ratio Studiorum, cujo ideal era a
formação do homem universal, humanista e cristão. A educação se preocupava com o ensino
humanista de cultura geral, enciclopédico e alheio à realidade da vida da Colônia.
Muitas discussões no campo educacional surgiram durante o período de Pombal, D.
João VI, na época do Império, porém em todas essas épocas, não encontramos qualquer
referência à formação do gestor da escola. O ensino continuava como privilégio da elite, ou
seja, aqueles que tinham o poder. Também percebemos que durante esses períodos os
professores não tinham uma preparação específica para atuarem nas escolas, pois, não havia
amparo profissional, o que fazia da carreira algo desinteressante e desmotivado para um
aprimoramento ou para que se abraçasse uma carreira (RIBEIRO 1988, p. 101-102).
A escola busca disseminar uma visão burguesa de mundo e sociedade, a fim de
garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante.
Esses estudos levam Rocha (1851), a criticar o ensino brasileiro. Para ele:
A fome de emprego público do país, resultante da falta de conveniente preparo para as diversas profissões. […] os pais […] não pedem aos diretores de colégios que ensinem a seus filhos, mas simplesmente que os habilitem no menor prazo possível, e com o menor incômodo deles, pais, e de seus filhos, para os exames de preparatórios das aulas superiores. Sob essa condição, os estudos acanham-se e perdem-se (p. 38).
Percebe-se que as preocupações em relação a educação, fazem com que diante das
modificações existentes no âmbito social, político, industrial, econômico, cultural e
tecnológico, ela não pode permanecer alheia a essa questão dual, em que o ensino não é para
todos, apenas para a minoria (a elite).
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Segundo Nagle (1974):
[…] enquanto o tema da escolarização era proposto e analisado de acordo com um amplo programa desta ou daquela corrente ou movimento, ela servia a propósito extra-escolares ou extra-pedagógicos; era uma peça entre outras, peça importante sem dúvida, mas importante justamente pelas suas ligações com problemas de outra ordem, geralmente problemas de natureza política. […] apenas na década final da Primeira República a situação vai ser alterada, com o aparecimento do ‛técnico’ em escolarização, a nova categoria profissional […]. Justamente nesse momento, os temas da escolarização vão se restringindo as formulações meramente educacionais ou pedagógicas, com que vão perdendo ligações com os problemas de outra natureza (p. 101-102).
Nas propostas teóricas de muitos especialistas, durante a década de 20 e 30, em termo
de organização social e transformações, o país estava vivendo uma revolução industrial sendo
que, o ideal à educação ainda não estava se repercutindo.
Constatamos que a educação prevaleceu a idéia de que a qualidade do ensino não era
valorizada e os profissionais, como por exemplo os professores não tinham seu valor
profissional reconhecido, dedicando-se a outras atividades, para aumentar sua renda e
poderem levar um nível de vida que pudesse ser chamado de digno.
Evidencias comprovam que na realidade, havia uma discrepância, entre as
necessidades educacionais e os métodos utilizados, pois tentavam modelar o ensino brasileiro
fora da realidade, impondo modelos prontos, acabado, ampliando o analfabetismo e
dificultando o acesso à escola.
Foi a partir das modificações no âmbito industrial que começaram a surgir novas
idéias em relação a educação. Assim, surgiram como importantes processos de reformulação,
os projetos de reformas no ensino, dentre as quais, só tinha um emprego digno aquele
indivíduo que soubesse ler, escrever e calcular.
A escola era uma empresa que preparava o indivíduo para o mercado de trabalho.
Estas ações, ao contrário formavam pessoas “robôs”. Um processo mecânico de saberes onde
a máquina passou a ganhar um valor maior no país. Dessa forma os interesses das indústrias
visavam a mão-de-obra qualificada, indivíduos participativos no desenvolvimento econômico,
pelo progresso que adicionava com o seu trabalho educacional.
O Ministério da Educação e Saúde, criado em 1930, foi de suma importância para o planejamento das reformas em âmbito nacional e para a estruturação da universidade que tem como adepto a Escola Nova Francisco Campos, um dos orientadores para a autonomia didática e administrativa (NISKIER 1986, p. 257).
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Nesta década, começou na Inglaterra e Europa a existir o orientador educacional, sua
valorização teve maior ênfase nas indústrias, por conta da necessidade de preparar as pessoas
para o mercado de trabalho. Só tinha acesso a um emprego garantido, aquele que fosse
habilitado para exercê-lo. O orientador então era quem selecionava, classificava e
encaminhava as pessoas para profissionalização.
No Brasil, a idéia de educação democrática, passou estar em todas as discussões.
Dessa forma, analisando a situação do ensino no Brasil, considerando-a como um problema
nacional, um importante passo nesse sentido de reforma, aconteceu na década de 40 e 50. Os
reflexos educacionais estavam bem mais instaurados, as pessoas através do trabalho e
educação buscam melhorar de vida, se profissionalizando. Observamos que, desde 1942 as
leis brasileiras fazem obrigatória a orientação educacional nas escolas. Para Cobra (2002):
Na maior parte dos casos, os orientadores educacionais são consultores para a Direção e interlocutores entre os pais, o aluno e a escola. Disciplinam o estudante, reúnem-se, e discutem problemas didáticos e disciplinares com os professores e os pais do aluno, aplicam e interpretam testes padronizados, promovem eventos que estimulam o relacionamento interpessoal, e aconselham o encaminhamento a psicólogos e psiquiatras dos casos de desvios mais complexos. A idéia é que essa atividade se estendesse um pouco mais, ou se dividisse em duas especialidades atuando conjuntamente, para que houvesse espaço para a atividade educativa aqui proposta (p. 125).
O ensino passou a representar uma via de trabalho, uma formação específica para o
mercado de trabalho. Em geral para quem não trabalhava e uma educação profissionalizante
para os que precisavam trabalhar.
Na década de 60 e 70, a educação era vista como uma forma de mobilidade social, sua
reforma veio em forma de profissionalização, uma pressão social marcada por oportunidades
iguais para todos.
As leis foram elaboradas com intuito de manter e organizar os sistemas educacionais,
determinando as Diretrizes e Bases de um novo esquema educativo vigorado a partir da
década de 60. Várias discussões surgiram sobre a educação popular.
Registros demonstram que nesta época, com o surgimento dos Conselheiros Pioneiros
(Conselho Estadual de Pernambuco), destacando Paulo Freire como um dos integrantes desses
movimentos, foi escolhido pelo governador Miguel Arraes para a elaboração do Primeiro
Regimento do Conselho, que de acordo com a Lei nº 4024/61, artigo nº 10: as pessoas de
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notório saber e experiências em matéria de educação e cultura, do Estado de Pernambuco
poderiam tomar posse no mesmo.
Alencar, in Ribeiro (1969) afirma:
[…] aos valores e padrão internacionais da ciência e da cultura – mediante o qual se preocuparia corrigir a farsa dos graus e títulos universitários nacional e internacionalmente desprestigiados – e […] ao povo brasileiro e à sua nação expressando assim o compromisso de vincular a Universidade à busca de soluções para os problemas nacionais, à luta do povo brasileiro aos efetivos caminhos da independência e emancipação (p.219).
Os educadores, desde 1944, no “Primeiro Congresso” já vinham fazendo várias
reivindicações, como a descentralização administrativa e pedagógica, a variedade de cursos
(para permitir o atendimento de determinada formação seja de cultura geral ou profissional), a
flexibilidade do currículo (permitindo dentro do mesmo curso, o atendimento das diferenças
individuais, de aptidões e de vocações), exigências de uma política educacional que visa o
desenvolvimento dentro de uma dinâmica de uma sociedade democrática, formar bem o
professor para o exercício pleno e consciente das novas atribuições e dar-lhe uma
remuneração digna, o que não ocorre na prática.
Essas reivindicações tiveram acolhidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, a chamada LDB – Lei nº 4024/61, que quando passou a vigorar, já se encontrava
ultrapassada, pois que, em sua redação final, muitas discussões em defesa da escola pública e
particular, foram deixadas de lado.
“Foi em 1979, no I Congresso Mineiro de Educação que se deu a idéia de implantação de uma gestão democrática nas escolas, com a ação coletiva dos agentes internos e externos da comunidade, num processo de planejamento e implementação das atividades” (RIBEIRO 1988, P. 94).
O incentivo à flexibilidade do ensino, com o objetivo de torná-lo eficiente; a melhor
noção de equivalência dos cursos; a determinação de elevar o padrão universitário; a
flexibilidade curricular resultou na transformação da mentalidade educacional brasileira até
que sobreveio a reforma do ensino de 1º e 2º graus, em 1971.
A Lei nº 5692/71 tornou-se o principal instrumento de transformação da pedagogia, a
seguir veio a Lei nº 7044/82 que, alterou o aspecto obrigatório da profissionalização, em nível
de 2º grau. Obrigatoriedade do orientador educacional nas escolas; criou-se a especialização
dos profissionais de educação para melhor torná-la eficiente. Esta Lei pretendia estruturar
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uma escola com os avanços tecnológicos, aperfeiçoando as relações de troca entre educadores
e educandos.
Com a difusão das teorias no Brasil, diversos autores se empenharam em fazer a
releitura do fracasso escolar, cujos reflexos de todas as idéias estavam voltados a atender as
diferentes funções para aumentar a produtividade da instituição. A função da escola era
formar técnico.
Conforme o artigo 33 da Lei nº 5692/71, a formação de administradores,
planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e demais especialistas de educação será
feita em curso superior de graduação, com duração plena ou curta, ou de pós-graduação.
Em 5 de outubro de 1988 foi promulgada a nova constituição que, de forma muito
acirrada, era o resultado de pressões e confrontos das escolas particulares porque querem ter
participação nas verbas públicas.
No artigo 206, a constituição estabelece princípios básicos: o pluralismo de idéias e de
concepções pedagógicas e a gestão democrática do ensino público (PILETTI 2003, p. 143).
Respondendo a muitas dificuldades e problemas vividos nas escolas, aparecem pela
primeira vez nesta lei, em seu artigo 33, questões relacionadas à administração escolar em
que, a formação de administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores e
demais especialistas de educação será feita em curso superior de graduação, com duração
curta ou plena, ou de pós-graduação.
Constata-se, que a lei vem ressaltando a importância do diretor e seu grupo técnico-
administrativo na instituição escolar, tendo estes uma especialização específica, precisando
estar capacitado para assumir sua função, tendo consciência de sua ação técnica e
responsabilidade.
A partir da nova constituição houve mobilização para ser aprovada a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação, que veio a ser promulgada oito anos mais tarde.
Com a LDB 9394/96, os moldes que davam melhores condições começam a ser
questionados. As novas tecnologias estão se evoluindo. A ênfase, portanto está no domínio
desta tecnologia, precisando os indivíduos estar sempre atualizados acompanhando as
mudanças que estão acontecendo no país e no mundo não só para viver, mas para fazes uso
dos meios, para continuar galgando um melhor trabalho.
No ambiente escola, como função socializadora e democrática o gestor precisa estar
ciente de tudo o que se passa dentro e fora da instituição. O orientador educacional nesta
perspectiva busca-se integrar os aspectos físicos, sociais, morais, caminhando no
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desenvolvimento educativo, tendo a necessidade de olhar os educandos como um todo. Todas
as transformações estavam impregnadas as novas tecnologias, ao respeito às individualidades.
Veremos no próximo capítulo nos moldes da lei como o orientador educacional e sua
participação dentro da escola sofreram várias críticas aos movimentos de reformulação de sua
função. Uma nova perspectiva profissional em que o rendimento escolar e o ajustamento
social inadequados passaram a ser compreendidos como conseqüências de dificuldades do
educando e não como simples má vontade do mesmo. Assim, por estas inovaçãos a relação
teoria e prática educativa nos fazem repensar sobre seu papel profissional integrando-o no
processo ensino e aprendizagem dos alunos, traçando nas relações afetivas estabelecidas entre
professor, educando, pais e comunidade.
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CAPÍTULO II
A FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NO CONTEXTO
ESCOLAR E SOCIAL
Na pesquisa de muitos especialistas da área educacional, a orientação educacional
surgiu na Inglaterra e Europa, no Brasil este profissional ainda não tinha seu reconhecimento.
Assim, percebendo a necessidade para preparar as pessoas para o mercado, a servir à
indústria, esse profissional veio com intuito de classificar, encaminhar as pessoas capacitadas
para o mercado de trabalho.
Para Dalto (1998):
Tudo indica que a Orientação Educacional, na esfera profissional, surgiu em 1895, em São Francisco, e em 1898, em Boston, por obra de Frank Parson. Parson, também, em 1908, organizou o “Bureau of Vocational Guidance” e em 1909 escreveu Choosing a Vocation” – Houghton (p. 31).
Percebe-se que durante muitos séculos o orientador educacional no Brasil era um
especialista em área comportamental, pela qual na década de 20/30, em termos de organização
social e transformação do país devido a revolução industrial. A educação neste período não
estava se repercurtindo.
Constata-se que os primeiros serviços surgiram para cuidar dos indivíduos com
dificuldades de ajustamento escolar e profissional.
Foi portanto a partir dos avanços industriais que a educação passou a ter novas
perspectivas, inovando seu ensino, visando uma formação profissionalizante. Pois via-se a
necessidade de racionalização. A educação passou assim, a ser associada a pessoas que não
trabalhavam e as que necessitavam trabalhar.
Segundo Penteado (1976)
A orientação, até há pouco limitada aos antigos ginásios e colégios, além de precariamente desenvolvida entre nós, surge agora no contexto da atual Reforma, como um dos itens capitais da renovação da educação brasileira. Com efeito, ao integrar num só grau as faixas etárias correspondentes aos antigos cursos primário e ginásio, e ao realçar a importancia da Orientação Vocacional, a Lei nº 5692/71 impõe uma urgente revisão no conceito de Orientação e das funções desempenhadas pelos orientadores educacionais, aos quais caberão, certamente, responsabilidades muito mais amplas e profundas do que aquelas relativas a essa função, no passado. (p. 17-18)
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A ação do orientador educacional durante décadas só teve uma repercussão maior a
partir da Constituição de 1934. Visando uma educação democrática, as idéias de muitos
especialistas da área educacional, buscaram nas discussões formar indivíduos, sendo estes
selecionados pelo serviço de orientação educacional, que por não ter uma função específica
agia conforme a necessidade da sociedade. Dessa forma as pessoas selecionadas para a
profissionalização teriam seu emprego garantido nas indústrias. Assim, as especialidades
técnicas em educação foram criadas com o intuito de cientificizar a prática pedagógica, como
se a escola fosse uma empresa.
Foi, portanto, na década de 30 que começaram a perceber toda uma preparação para a
defesa de uma escola pública para todos.
A atuação educativa do orientador nas escolas, consistiria no que chamamos
Formação Comportamental. Para Cobra (2002):
Esta não seria propriamente uma disciplina a ser ensinada, mas uma atividade incluindo palestras, teatro pedagógico, visitas educativas, redação de textos, ou que outros instrumentos o Orientador descobrisse como úteis para passar ensinamentos de Psicologia Social, Psicofisiologia, Moral, responsabilidade social, e o mais que julgasse útil à saúde e felicidade pessoal do aluno, e à sua boa integração social. A atividade seria integrada ao Ensino Fundamental (antigo Primeiro Grau) e Ensino médio (antigo Segundo Grau) (p. 61).
É importante que a Formação Comportamental tenha caráter de atividade aberta, sem
o conteúdo programático fixo de uma disciplina. Assim se evitaria que despertassem
antagonismos e contestações, ou se alegasse ser limitadora da liberdade individual, ou
representar essa ou aquela corrente de pensamento, uma reação que seria semelhante à
oposição que despertou o ensino da disciplina Moral e Cívica no passado (FRANÇA apud
PENTEADO 1976, p. 206). Não portaria avaliações, pois o aluno mais velho não gostaria de
ser avaliado e receber menção em uma matéria que ele entenderia ser de sua livre aceitação,
porém a sua sistematização prática definiria seu caráter pedagógico de "orientação
educacional", e evitaria que fosse tomada como simples "aconselhamento".
Com os reflexos de toda idéia de democratizar o ensino, muitos obstáculos surgiram,
tornando o caminho do orientador educacional difícil. As preocupações da orientação
centravam-se no encaminhamento profissional dos indivíduos face às demandas da revolução
industrial.
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O fato é que as ações do orientador educacional acompanha a humanidade desde os
seus primórdios, mas é com a consolidação do capitalismo que as pessoas através do trabalho
e educação buscaram melhorar de vida. Portanto, a educação representou uma via de trabalho,
específica para o mercado. Uma formação geral para quem não trabalha e uma
profissionalizante para os que precisavam trabalhar.
Para tanto, uma formação voltada à reprodução da sociedade capitalista, cujos reflexos
baseavam-se na divisão do trabalho, da hierarquia estabelecida por esta, refletindo sobre as
relações de poder estabelecidas no interior das escolas. Diante deste contexto, Penteado
(1976, p. 33) diz que é: um processo de assistência profissional ao orientando para que ele
realize opções racionais de tal forma que aumente a probabilidade de um desenvolvimento
ulterior, individualmente satisfatório e socialmente desejável.
No entanto, as funções exercidas pelo orientador eram pré-estabelecidas de acordo
com a necessidade de aconselhamento e seleção. Um profissional que por muitos anos foi
negado suas especificidades do saber e do trabalho. Contudo, especificidade segundo Rangel,
(1997, p. 151): não significa, necessariamente, desarticulação, até porque os fatos (e atos)
específicos, inserem-se em circunstâncias e situações mais amplas; é o que se entende pelo
princípio da relação entre especificidade e totalidade.
Percebe-se que investir na educação como desenvolvimento no país, necessita de
vontades políticas e esforço constante de todos. Neste contexto, as pessoas letradas têm a
chance de produzir mais e melhor, tornando o trabalho mais potente para o desenvolvimento.
Baseado neste relato, a educação vista como forma de mobilidade social, veio em
forma de profissionalização, uma pressão social por oportunidades iguais.
A educação bem mais instaurada percebe-se que a instituição desse modo de
capitalização faz com que os serviços de orientação educacional sejam mais bem elaborados e
mais definidos suas intencionalidades, de acordo com as teorias, cujos princípios norteadores
giram em torno da produtividade, da eficiência, da eficácia, e do controle dos que
administram sobre aqueles que são executores, buscando, através da burocracia, garantir os
objetivos da organização escolar e industrial.
Esta burocracia chega também ao espaço escolar. Momento em que a administração prevalece sobre o aspecto pedagógico, que é o essencial da escola, caracterizando, dessa forma, a reprodução do sistema social na prática escolar. No Brasil, o Parecer CFE 252/69, que reformula o curso de Pedagogia, normatiza-o enquanto curso de graduação responsável pela formação dos profissionais para Administração Escolar, Supervisão Educacional e Orientação
20
Educacional para as unidades e sistemas escolares (PENTEADO 1993, p. 188).
Em termos legais, a Lei 5692/71 criou o ensino profissionalizante (2º grau), sendo
obrigatoriedade do orientador educacional nas escolas, por conta da violência, da indisciplina,
do fracasso e evasão escolar, a reprovação de muitas crianças, jovens e adultos.
As dificuldades de aprendizagem dos alunos são radicais, sendo na família que eles
estão sujeitos a toda sorte de problemas que podem proceder da condição de pobreza, da má
alimentação, do despreparo dos pais, da necessidade de trabalhar ainda com pouca idade, da
exploração que sofrem, da influência de companheiros de rua, etc. Falhando a educação
doméstica, é certo que dificilmente freqüentará uma igreja e receberá uma formação moral
religiosa. Sua última esperança e derradeira oportunidade pode ser algum socorro que
receba de sua escola (SILVA 1982, p. 130).
Para Ferretti (apud PENTEADO, 1976):
Desde l942 as leis brasileiras fazem obrigatória a orientação educacional nas escolas. Na maior parte dos casos, os orientadores educacionais são consultores para a Direção e interlocutores entre os pais, o aluno e a escola. Disciplinam o estudante, reúnem-se, e discutem problemas didáticos e disciplinares com os professores e os pais do aluno, aplicam e interpretam testes padronizados, promovem eventos que estimulam o relacionamento interpessoal, e aconselham o encaminhamento a psicólogos e psiquiatras (p. 8).
Com as mudanças e transformações sociais avançando rapidamente e os sistemas
educativos, diante de sua relativização do conceito de autoridade, estruturas sociais menos
rígidas, desenvolvimento das ciências humanas, favorecem uma mudança de enfoque na
orientação pela qual, a valorização e seleção de determinados modos de pensar, sentir e agir,
passaram a representar os valores mais altos e significativos da condição humana, vivida na
plenitude de sua dignidade.
Nos primórdios do século XX surge a Orientação que constitui, nesse momento, uma resposta mais às necessidades sociais do que individuais. As preocupações da Orientação centravam-se no encaminhamento profissional dos indivíduos face às demandas da revolução industrial. As transformações sociais - relativização do conceito de autoridade, estruturas sociais menos rígidas, desenvolvimento das ciências humanas - favoreceram uma mudança de enfoque na Orientação (FERREIRA, 1996, p. 107).
As transformações sociais rápidas e profundas atingiram a escola, gerando a ampliação
das funções que ela tradicionalmente desempenhava. Para atender a tais demandas, a
21
instituição tem procurado não só definir seu próprio papel como também criar serviços
necessários à consecução dos novos objetivos educacionais.
Diante dessa abordagem, surge a necessidade de uma educação que capacite o
individuo a aprender com mais eficácia e de maneira mais agradável, por isso o caminho a ser
percorrido é longo. Pode-se dizer que a formação do homem começa no ambiente escolar e
sua função é de prepará-lo para a vida.
O investimento na Educação de qualidade, mais que uma atitude justa e oportuna é um
pensamento inteligente, pois tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança, a
organização do trabalho escolar e o comprometimento com a transmissão, assimilação critica
do saber historicamente construído.
Entende-se que o grande desafio da educação atualmente, fundamenta-se na formação
de um cidadão crítico e competente. Por isso, no contexto escolar o papel do orientador
educacional, do gestor e de toda equipe técnica pedagógico e administrativa nesta etapa é de
fundamental importância nesse processo. Eles são quem irão mediar todo o processo ensino-
aprendizagem de modo a contribuir com suas experiências diagnosticando a realidade a qual
está inserido para melhor desenvolver atitudes necessárias e significativas para o
desenvolvimento do indivíduo, conhecendo primeiramente a si mesmo para depois conhecer
seus alunos.
A presente pesquisa segue o modelo bibliográfico com autores consagrados que
analisam a questão da organização escolar e a importância do serviço de orientação
educacional nesse processo, atuando junto com o diretor. Uma perspectiva significativa de
valores morais, étnico, tendo como fator primordial gerar relações, ações e impactos
efetivamente inclusivos, no que se refere à questão de uma escola verdadeiramente
democrática, transformando o indivíduo em pessoas capazes de compreender o mundo como
todas as outras.
Portanto, esse é um grande desafio, pois o diretor junto com o orientador educacional
tem a capacidade de contribuir positiva ou negativamente com seus saberes, seus valores, suas
experiências nessa complexa tarefa de melhorar a qualidade do ensino, formando cidadãos
capazes de reconhecer, respeitar e refletir sobre si mesmos e os outros, construindo sua
identidade.
É fundamental que o orientador educacional esteja habilitado para o trabalho,
compreendendo os mecanismos da aprendizagem e as implicações psicofísicas do
desenvolvimento dos alunos, de forma a vir estimular a manifestação das tendências e
habilidades das mesmas.
22
Dessa forma, o trabalho do gestor e do orientador exige uma compreensão do mundo,
trabalhando coletivamente junto com os pais, alunos, escola e comunidade, fornecendo os
instrumentos básicos para o exercício da cidadania, contextualizando e sistematizando todo o
processo, de modo a modificar sua maneira de agir e pensar, aprendendo e ensinando os
conteúdos significativos, para que a aprendizagem aconteça.
Propõe-se neste trabalho, uma reflexão significativa da Educação, enquanto espaço
livre e privilegiado para o tratamento inicial das relações humanas: aprender a viver juntos, a
viver com os outros e aprender a ser.
Diante de tantas discussões que se pretende produzir sobre as grandes problemáticas
sociais, políticas e econômicas, envolvendo o diretor como peça principal da escola, na busca
de um caminho viável, que possibilite fazer com que a instituição escolar em que atua, como
profissional da educação, obter melhores condições de aprendizagem, integração com a
comunidade, os professores, os funcionários e os alunos, na tomada de decisões próprias de
um executivo, na resolução dos problemas existentes na escola com absoluta eficácia. O
diretor precisa ter capacidade de administrar e cuidar da dinâmica desta instituição, a partir de
uma ampla visão da mesma, inserida em sua comunidade, a médio e longo prazo,
compartilhando do poder realizado coletivamente e agindo de forma a permitir a gestão
democrática da Unidade Escolar.
Assim, nesse processo, imbuído de um verdadeiro desejo de mudanças, é que
pretendemos com este trabalho refletir sobre as práticas do orientador educacional e do gestor,
ressignificando-os, como um marco referencial para esses profissionais, na expectativa de
que, eles possam assumir papéis significativos na instituição escolar, coordenando um
processo de transformação, almejando sempre a emancipação dos alunos enquanto sujeitos
históricos numa pedagogia fundamentada na ética, no respeito à dignidade e a própria
autonomia dos educandos.
Dessa forma, é a partir da reflexão, da integração e do trabalho coletivo que juntos
trabalharemos numa perspectiva ampla de relações, que caminham no sentido de construção
de uma escola competente e de qualidade – uma Escola cidadã!
2.1 As Relações Interpessoais na Escola
Vivemos num imenso universo cultural e não podemos fechar os olhos para as
mudanças e transformações que estão acontecendo, e que praticamente vão ocorrer nos
processos de ensinar e aprender.
23
O acesso aos conhecimentos torna-se crescente, e a necessidade de uma educação
permanente, surge em fornecer ao indivíduo a continuidade nos estudos, porém, a própria
sociedade exige cidadãos críticos, mas, nesse país onde a elite continua no poder a exclusão, o
preconceito e a desigualdade social continuam aumentando o índice populacional no Brasil e
também nas relações, cujos processos educacionais buscam por reformas para diminuir o
índice de reprovação, repetência e evasão escolar de muitas crianças, jovens e adultos no
ensino.
Sabemos que a desorganização social é um grande fator que interfere na relação
família/criança/escola, mas é preciso ter uma base firmada no amor para que haja um
aprendizado mais equilibrado e sem tantos conflitos, como também um processo avaliativo de
tais desajustes, para que diante da ação do orientador educacional, trabalhar cuidadosamente,
fazendo desta análise diagnóstica da realidade do aluno, uma atuação conjuntamente de
valores e condutas necessárias a construção de um espaço concreto de ensino-aprendizagem,
impulsionando a todos em direção aos seus respectivos objetivos, tendo em comum à
construção do conhecimento, inspirada na formação continuada dos professores.
Dessa forma, a aprendizagem de seus alunos irá depender de sua atuação, para que
estes valores possam ser construídos, desenvolvendo em cada um a responsabilidade e a
compreensão de que eles são pessoas e que para atuar na sociedade precisam preservar sua
vida, aprendendo a fazer as coisas, fazendo e vencendo os obstáculos que a própria sociedade
e a vida lhes oferecem.
Percebendo que o processo didático é uma relação que se estabelece entre alunos,
professores, orientador educacional, supervisor, diretor, família, enfim todos os responsáveis
que direta ou indiretamente contribuem para a educação da criança e o saber faz-se necessário
atentar para essas competências, quando se pretende formar um profissional capaz de perceber
a realidade, problematizá-la e propor soluções para os desafios inerentes ao processo
educativo.
Precisamos nos atualizar, inovar nossas relações aprendendo e ensinando valores e
condutas necessárias, porque ser cidadão numa sociedade tão injusta como essa. O que
buscamos neste processo é o respeito mútuo, a soma de forças para juntos buscar uma vida
melhor e mais digna para todos.
Diante deste enfoque, percebe-se que diante dos estudos realizados, as análises obtidas
sobre o serviço de orientação educacional tornam-se cada vez mais importante na educação
das crianças. Apesar de muitas críticas relacionadas à sua participação nas escolas, muitos
24
especialistas da educação buscaram por meio de suas discussões levarmos a repensar o papel
profissional desse especialista que durante muitas décadas não teve sua função estabelecida.
Todas as transformações, impregnadas as novas perspectivas educacionais visam à
orientação dos educandos no relacionamento com os colegas, em vencer a timidez, na escolha
da profissão, e no lidar com todo tipo dos problemas mais comuns da infância e da
adolescência.
Segundo Niskier (1986):
Logo no início do século XX deu-se uma ampliação natural no campo da Orientação, obedecendo a necessidade de assistir o educando no desenvolvimento de todas as suas estruturas - física, mental, moral, social, estética, científica, política e religiosa” (p. 110).
Dessa forma foi a partir dos anos 90, que os serviços de orientação educacional
buscaram em sua ação integrar os indivíduos em seus aspectos bio-psico-sociais no
desenvolvimento do processo educativo. Observa-se que a necessidade de mudança tanto
escolar como profissional, visou um olhar mais atencioso em relação aos alunos, pois o
desenvolvimento não se constrói separadamente, há a necessidade de olhá-lo como um todo.
Assim, a orientação educacional e sua prática vêm sendo feito numa busca de integrar o
indivíduo nos aspectos físicos, sociais, morais, caminhando numa perspectiva cultural,
respeitando-os, independente da classe social.
Nas abordagens do departamento de Psicologia e Orientação Educacional (apud
PENTEADO 1976):
[…] cabe ao orientador contribuir em grande parte para a individualização no processo educativo, uma vez que as demandas quantitativas resultantes da explosão demográfica e da democratização do ensino têm levado às escolas contingentes cada vez maiores de alunos de todas as áreas sócio-econômicas. Neste ponto, ela só não é coerente com os princípios que informam a atual Reforma – preservação e atendimento das diferenças individuais – como também passa a ser condições para a sua concretização, pois é sua função inerente (p. 22).
Portanto, a Orientação Educacional neste processo não visa somente a bons resultados
nos estudos, mas, também, à adequada integração do educando na escola, no lar, na sociedade
e no “mundo do trabalho”.
Ser um orientador educacional, enquanto intelectual comprometido com a
transformação social, pensar na qualidade do ensino, numa escola para todos é o ponto
estratégico, para partirmos a um novo movimento: o de buscar compreender o meio em que
ela está inserida, seus desafios, seus anseios, suas contradições e seus limites. Portanto, é
25
preciso analisar o mundo do aluno, diagnosticar, observar sua evolução para, a partir do
conhecimento de sua realidade, ajudá-lo a encontrar meios para mudar a correlação de forças
com a sociedade que o explora.
E a partir daí, procurar desenvolver a sua capacidade de organizar o pensamento e compartilhar suas idéias, de se constituir enquanto grupo, de compreender a força da ação coletiva, de liderar, de pensar criticamente a realidade social, de filtrar da história oficial a história de sua classe, de se capacitar a se tornar sujeito de sua própria história (VALE 1982, p. 35).
A Orientação Educacional, para o bom desempenho de suas funções, precisa relaciona-
se de maneira positiva e construtiva com diretor, professor, educando, família e comunidade.
Considerando que em nível de graduação, segundo a Nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional no 9394, de 20 de dezembro de 1996, Art. 64, é o Curso de Pedagogia
que forma os Especialistas em Educação, e que, na proposta de trabalho coletivo constante
nos documentos da ANFOPE,
A base de todo profissional da Educação é a docência, pois não há possibilidade de um especialista desenvolver um bom trabalho de orientação, supervisão e direção se não tiver embasamento teórico e experiência de docência, refletiremos, na seqüência, sobre a atuação do pedagogo na perspectiva do trabalho coletivo na organização escolar.
Pretendemos repensar o papel de cada Especialista na proposta de trabalho coletivo na
organização escolar, envolvendo todos as pessoas relacionadas com o processo de educação
do educando, para que juntos cooperem com a orientação nos sentido de ajudá-lo,
estabelecendo um clima de confiança e de respeito. Uma nova perspectiva de incentivar a
procura espontânea do serviço de orientação educacional, logo que uma dificuldade surja na
vida do aluno, antes que a mesma tome vulto e o desoriente.
Os resultados revelam a importância dos relacionamentos pessoais (aluno-família;
professor-aluno; aluno-escola; aluno-aluno; escola-comunidade; escola-família-aluno), da
realização de atividades e da participação mais ativa do educando no contexto escolar.
A Orientação Educacional assim, caracteriza-se como um processo devido sua inserção
na tarefa educativa de forma continua, constante, evolutiva, que supõe uma série de passos e
ações dirigidos à consecução de algum objetivo, envolvendo todos os responsáveis pela
educação dos alunos.
26
2.1.2 Como Facilitar as Relações Interpessoais
A convivência humana sempre foi um tema desafiante para escritores, psicólogo e
profissional das mais diversas áreas principalmente o orientador educacional. Falar de relação
interpessoal é muito complexo, o ser humano necessita adaptar-se para se relacionar, a
harmonia não é somente para com o exterior, mas inicia-se dentro de nós.
Um dos fatores que têm mais impacto no desenvolvimento e na eficácia de uma equipe
de trabalho é a relação interpessoal entre os indivíduos que a compõe.
As relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação
social envolvente, como sentimentos positivos de simpatia e atração, provocando o aumento
da interação e cooperação repercutindo nas atividades e ensejando maior produtividade no
âmbito escolar.
Desta forma, Jacques Delors (2002) nos esclarece:
A educação pode ser um fator de coesão, se procurar ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos, evitando tornar-se um fator de exclusão social. (...) Os sistemas educativos formais são, muitas vezes, acusados e com razão, de limitar a realização pessoal, impondo a todas as crianças o mesmo modelo cultural e intelectual, sem ter em conta a diversidade de talentos individuais (p. 54-55).
O que de acordo com Agostinho Minicucci (2000, p. 61): o grupo oferece apoio ao
indivíduo em suas atividades, dando-lhe a oportunidade de desenvolver a iniciativa e a
criatividade. Muitos trabalhos que se apresentam como desinteressantes, rotineiros e
desmotivantes levam os indivíduos a realizá-los pelo estímulo que recebe do grupo de
trabalho.
Atualmente, o orientador precisa oferecer e estimular a autonomia de seus alunos,
buscando soluções para os problemas, porque cada vez mais aumenta a violência na sociedade
em que as regras impostas por ela estimulam a criança e aos adolescentes a terem atitudes
individualistas, que passam bem longe da reflexão e da responsabilidade com o próximo.
Observa-se que o indivíduo modifica seu comportamento identificando suas relações positivas
ou negativas que tem com os pais e a sociedade.
O ser humano, como já observado, mantém interações permanentes com o seu
ambiente. As transformações das forças ambientais o afetam, e é em parte, em virtude delas
que ele mesmo, aos poucos, também se modifica.
O ensino não se dá como algo que se passa adiante, mas como uma influência, onde
aquele que influencia é também influenciado. O ensino, portanto, é uma interação, diálogo e
27
intercâmbio entre individualidade que mútua e reciprocamente se intercompletam,
intercambiando suas percepções, pontos de vista e experiências.
O processo de ensino-aprendizagem se viabiliza não só através de técnica e
metodologia adequadas, mas principalmente através das relações interpessoais saudáveis que
ocorrem no contexto onde tal processo se dá.
Neste sentido, as autoras Garcia & Alves (2002) explicam que:
Desta maneira, é preciso admitir que mais que alunos e professores, em sala de aula, somos colegas que podemos ensinar uns aos outros os tão variados saberes e conhecimentos que sabemos, vemos, trançando nossos conhecimentos em processos que são sempre transversais, mesmos que não o percebamos (p. 106).
A partir deste exercício, desta práxis, foi possível constatar o quanto uma experiência
como esta é válida no sentido de contribuir para a formação de crianças/pessoas mais ativas,
fortes e participantes da comunidade, da cultura, onde o orientador educacional junto com os
educandos e suas famílias trabalharam em busca de novas possibilidades de aprender e
ensinar os valores e atitudes essenciais para seu desenvolvimento.
(...) Com certeza, elas possibilitaram discussões e reflexões a respeito de “sonhos possíveis”, isto é, transformar a realidade que se tem, edificando uma escola para crianças, jovens e adultos, onde suas diferenças, suas histórias de vida, suas formas de interação com o mundo, seus mecanismos de construção de conhecimento, seus processos de desenvolvimento, nas relações e expectativas sociais sejam considerados e que nossas práticas pedagógicas tenham mais consistência com a complexidade respaldada no compromisso de uma educação para todos (BRASIL, SECRETARIA MUNICIPAL DE DUQUE DE CAXIAS, 2002, p. 27).
Um trabalho conscientizador, diagnóstico e de responsabilidade necessárias para o
desenvolvimento de atitudes e regras, em que diante das várias problemáticas da escola, a
participação do orientador educacional nesse processo é de fundamental importância, ele é
quem a partir da análise, da observação, do diagnóstico da realidade de cada aluno que
apresentam desvios mais complexos de comportamento, participa de reuniões, discute os
problemas didáticos, a pedagógico e disciplinar com os professores e os pais, avaliando e
interpretando os casos, tomando as medidas possíveis.
Este profissional vai trabalhar e agir conforme a necessidade de cada um, pois a escola
acolhe em seu ambiente, diferentes culturas, um pluralismo de identidades que devido à
vivência de cada um, apresentam casos que só a partir do diálogo com pais, filhos/alunos é
que se poderá diagnosticar o porquê deste mau comportamento, desta dificuldade de
28
relacionamento e aprendizagem, que muitas das vezes se chocam em confrontos reais como: a
ausência dos pais no lar, pois a necessidades em trabalhar o dia inteiro ficam afastados, e com
esta falta de tempo não conseguem acompanhar o desenvolvimento dos filhos, sendo
entregues a responsabilidade de educá-los às mãos de outras pessoas, como avós, vizinhos,
amigos, primos, tios, creches, o filho mais velho toma conta do mais novo, às vezes a própria
criança vive fechada em sua casa, pois os pais não têm com quem deixar aprendendo sozinha
a se virar até a sua chegada do trabalho, falta de alimentação, problemas conjugais e muitos
outros.
Daí a importância da escola estimular a todos, (alunos, professores, pais, funcionários,
a equipe técnico pedagógica, comunidade), trabalhar coletivamente na busca por uma
proposta educativa voltada para uma efetiva prática pedagógica, crítica e criativa, em que a
realidade social da criança seja trabalhada contextualmente em todas as áreas do processo
ensino-aprendizagem. Entendemos ser de responsabilidade do diretor repensar sua ação,
visando criar melhores condições de funcionamento da escola.
Neste contexto, evidenciamos a importância que devemos dar às relações entre a
família, escola e comunidade, na formação da personalidade das crianças, de sua identidade
cultural e comportamento. Um processo contínuo de reestruturação e organização de valores e
condutas que norteiam a educação do indivíduo e seu desenvolvimento. Cujo, papel do diretor
é democratizar o ensino, abrir seu espaço a família, a comunidade e a todos responsáveis pela
educação das crianças, num trabalho sistemático, flexível, buscando na criança o seu valor, a
sua identidade, numa troca de experiências, onde as opiniões são respeitadas, numa tomada de
decisão em prol de uma educação de qualidade, que visa uma ação global, que auxilie na
construção do aluno como sujeito de seu processo de aprendizagem (BRASIL,
SECRETARIA MUNICIPAL DE DUQUE DE CAXIAS, 2002, p. 38).
No entanto, é preciso que todos se esforcem, utilizando técnicas que tornem o ensino
mais próximo da realidade de cada um, de suas experiências reais e do meio em que vive,
orientando-o nos aspectos social, afetivo e comportamental, cooperando para o seu
desenvolvimento integral e atendendo os pais, quando necessário.
Características fundamentais de um ensino organizado após um longo processo de
discussões, leitura de realidade, pesquisa, reflexões, consciências das carências e crenças nas
possibilidades, e também da combinação de atividades realizadas pelo orientador educacional,
fazendo desta escola um intercâmbio de ligações entre a família, aluno e comunidade, tendo
estes o direito de interferir na prática pedagógica, como também no próprio Projeto Político
Pedagógico articulado ao currículo, junto com os professores, supervisor, o próprio Conselho
29
Escolar, nas reuniões e outros projetos elaborados pela escola, confrontando com todos os
envolvidos numa troca de experiências, fazendo com que todos aprendam juntos a tecer coisas
que trazem modificações em sala de aula, buscando o seu equilíbrio harmonioso, visando à
adequação e ao bom desempenho do mesmo integrado num todo organizado, procurando
manter a disciplina, a ordem e a segurança na escola. Levando-os a compreender que para
tudo se tem o momento, e por fim propiciar no convívio com o grupo, a formação plena do
indivíduo em todos os seus aspectos.
É importante nessa nova perspectiva que a ação do orientador educacional é
fundamental, pois sua atitude pode influenciar o aluno positiva ou negativamente de acordo
com sua competência. Assim, é por meio do reconhecimento dos alunos, e não apenas aqueles
que apresentam problemas, que necessitam de e têm direito à orientação educacional, para
superarem situações difíceis, para entenderem-se e entenderem melhor os outros, ou para
fazerem opções e pianos de ação para sua vida futura.
O trabalho do orientador educacional é atender a todos igualitariamente contribuindo
para o bem-estar dos educandos, indiretamente, por meio da atuação junto aos professores,
pais e demais adultos que se relacionem significativamente com o mesmo.
2.1.3 As Aptidões Humanas Definidas por Goleman
Para o psicólogo Daniel Goleman (apud FREITAS 2004, p. 267), existem cinco
habilidades que caracterizam a trajetória de pessoas consideradas emocionalmente
inteligentes. Essas capacidades estão ligadas à inteligência interpessoal e também a
intrapessoal, descritas pelo psicólogo norte-americano Howard Gardner em sua Teoria das
Inteligências Múltiplas.
Essas aptidões conforme Goleman é a autoconsciência, a capacidade de saber o que
está sentindo. As próprias emoções parecem óbvias para as pessoas, mas não é rara a confusão
de sentimentos diferentes, como raiva e frustração. Também comum é se deixar dominar por
estados de ânimo confusos: nutrir um mau humor, por exemplo, quando nem se lembra o que
levou à chateação. A noção precisa dos sentimentos permite a tomada correta de decisões.
Lidar com as emoções, é uma outra aptidão, que significa administrar o que se sente.
Esse autocontrole não significa negar as emoções, mas dar a elas sua devida dimensão,
procurando uma maneira positiva de superá-las ou de conviver com elas. É preciso
estabelecer uma estratégia para lidar com os sentimentos.
30
Já, a automotivação definida por Goleman, é a faculdade de colocar as emoções a
serviço de uma meta. Quando conseguimos estabelecer um objetivo, fica mais fácil conter a
ansiedade e controlar impulsos que poderiam colocá-lo em risco. O resultado é a persistência,
a capacidade de motivar-se está associada à crença de que se nos empenharmos, atingiremos
resultados.
Neste cenário, a empatia para ele é a sensibilidade para perceber as emoções do outro
e colocar-se no lugar dele. Esse sentimento, básico nas manifestações de solidariedade,
relaciona-se com comportamentos de fundo ético. A empatia deixa clara o quanto é doloroso
ser injustiçado ou agredido. Assim, as pessoas compreendem que os outros têm sentimentos
semelhantes ao seu e se esforçam para não cometer injustiças ou agressões.
E por fim, a capacidade de se relacionar, uma habilidade de lidar com as emoções dos
outros de maneira adequada. Em qualquer relacionamento, as pessoas enviam sinais verbais e
não verbais que afetam os demais. O controle adequado dessa sinalização permite elevar o
grau de bem-estar que se causa aos outros. Essa bagagem humana é básica nos líderes e nas
chamadas “estrelas sociais”, pessoas que todos consideram encantadoras.
Exemplificando melhor o que aqui foi explicado sobre as aptidões humanas, Jacques
Delors (2002) elucida que:
Um dos principais papéis reservados à educação consiste, antes de mais nada, em dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento. Ela deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e das comunidades (p. 82).
Nesta perspectiva, considera-se que o perfil do profissional da educação dos dias de
hoje, exige adquirir algumas competências primordiais, como o ato de comunicar-se, somado
ao autoconhecimento construído nas relações interpessoais com os seus alunos.
Podemos observar que atualmente a visão sobre o jovem e o adulto na educação
mudou, está totalmente mudada, daquele conhecido e velho tradicionalismo. De acordo com a
Secretaria Municipal de Duque de Caxias (2002):
Hoje, a visão sobre o jovem e o adulto refere-se ao sujeito, ser humano, ser afetivo, que tem sentimentos, emoções, uma cultura, uma realidade social, com potencialidades e experiências múltiplas e particulares, a serem consideradas na dinâmica das interações, do interior das escolas. Ou seja, procura-se recuperar a riqueza das relações sociais entre as diferentes gerações que compõem a realidade escolar, entendendo que é na troca de experiências, na expressão dos saberes de cada um que se dão as aprendizagens e os processos de mudança (p. 36).
31
Portanto, o educador que trabalha bem as relações interpessoais na escola, oferece a
oportunidade para que os seus alunos da Educação de Jovens e Adultos sejam levados a
adquirir uma plena cidadania, oferecendo-lhes assim, um ensino de qualidade,
proporcionando que convivam bem com o grupo, sabendo resolver os conflitos perante a
sociedade.
Dessa forma, a orientação educacional tanto dentro como fora da instituição de ensino
precisa ter muito cuidado ao formular juízo de valores a respeito do educando, não
esquecendo que este é um ser em evolução, em marcha para a maturidade e que uma série de
fatores pode estar influenciando-o para que ocorra o comportamento anormal que tem
apresentado.
É necessário que o orientador conheça o aluno, seus problemas e seus familiares, para
que diante das necessidades ele possa avaliar o grau de desenvolvimento do educando, suas
dificuldades e necessidades trabalhando primeiramente. À medida que isto ocorre, revela mais
um aspecto da ação coletiva, num contexto social abrangente, considerando que uma condição
para a realização do trabalho coletivo é a clareza que todos os envolvidos no processo ensino-
aprendizagem devem ter da realidade existente e da que se deseja construir.
Conforme esclarece Ferraço (2002) existe uma fundamental importância nessas
propostas sugeridas, a partir do momento em que:
O enfoque dado às ações das pessoas aí envolvidas deve, necessariamente, levar em conta as relações que elas estabelecem em suas redes como também determinantes de seus desempenhos. Os contextos se articulam e escrevem influências diferentes nas ações de cada uma dessas pessoas. (p. 121).
Assim, o orientador educacional em trabalho conjunto com as famílias, o diretor,
professores, pais e comunidade diante de suas ações estará comprometido com a construção
de uma sociedade democrática, visando à superação do trabalho fragmentado dentro da
estrutura educacional.
Este é grande o desafio dos profissionais da educação, efetivar seu trabalho no âmbito
da ação coletiva. Porém, além de ser uma questão de compromisso pessoal, é também uma
questão de formação, daí a necessidade de instituições de ensino superior que estejam
dispostas a formar profissionais capacitados para estarem rompendo com as teorias
fragmentadas do trabalho escolar, buscando o trabalho coletivo na execução das diversas
funções dentro da Escola. E, principalmente, enfatizando sempre que o projeto maior de todo
32
pedagogo, independentemente da sua área de atuação, é o processo de produção do
conhecimento.
Portanto é, explorando seus reflexos na organização e administração da educação que
o orientador educacional dentro e fora da escola trabalhará em prol do desenvolvimento
integral do aluno.
33
CAPÍTULO III
SUGESTÕES PARA O TRABALHO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA COMUNIDADE ESCOLAR
O papel que um orientador educacional deve exercer, no processo de construção de
uma escola cidadã e competente, inicia-se pela necessidade que o mesmo tem, de estar atento
às necessidades da comunidade, tendo como objetivo melhorar a unidade social e educativa,
formando cidadãos críticos, capazes de atuar na sociedade, assumindo seus papéis, tendo em
vista o seu futuro profissional.
Nesta perspectiva, o orientador precisa ter responsabilidades, em relação às questões
pedagógicas e educativas, organizando, planejando de forma consistente, contribuindo para
que diante das dificuldades, dos problemas e conflitos sejam revistas, a fim de garantir uma
aprendizagem global.
Muitas escolas enfrentam determinadas situações, em que o orientador não tem uma
formação especifica, foi indicado por alguém do poder e praticamente organiza suas ações
desvinculadas dos processos coletivos, apresentando uma forma autoritária, individualista e
tradicional em que o processo de regulamentação e a forma como este foi escolhido interfere
na etapa de eleição que precedem a participação das pessoas envolvidas no processo ensino-
aprendizagem de nossos alunos. No entanto ele possui um caráter centralizador,
desrespeitando as opiniões alheias, assumindo uma postura de autoridade que não lhes foi
delegadas, abusando do poder, impondo decisões (DALTO 1998, P. 204). Diante dessa
atitude este profissional não possui um perfil democrático, destruindo de vez o valor social da
escola.
Nos relatos de Ferreira (2000):
O educando não era levado em conta na execução do processo de ensino. Os sucessos escolares, quase sempre, corriam por conta da eficiência do professor, e os insucessos, por conta da inadequada aplicação do educando nos estudos.A vida social, também, não era levada em conta e a escola funcionava alienadamente, não visando, objetivamente, a meio social algum […] (p. 201-202).
Entretanto, orientador educacional não pode agir em função de seus objetivos, cabe a
ele organizar a escola, em torno dos problemas e dificuldades do dia-a-dia escolar,
trabalhando coletivamente para resolvê-los, direcionando inovações necessárias ao bom
desempenho de suas funções e procurar envolvida por todos os membros da unidade escolar e
fora dele.
34
Griffiths in Pillleti (2003) :
O educando começou a ser olhado com mais compreensão e com a intenção de ser apreendido em sua realidade sócio-humana e de serem caracterizadas as suas dificuldades de adaptação, para ser assistido e fortalecido em seus aspectos negativos e estimulado em seus aspectos positivos, tendo em vista melhor prepará-lo para integrar-se no meio social, como cidadão participante. É o advento da Orientação Educacional (p. 138).
Todo orientador deve adaptar seus objetivos, programas, técnicas e métodos,
trabalhando em conjunto, num processo de decisão, deliberação, de participação em diferentes
situações de vivências e aprendizagem. Um processo em que todos aprendem juntos, tendo
uma nova visão em suas ações, sabendo ouvir, construir, transformar a escola num espaço
aberto a discussões, promovendo articulação escola-comunidade, capaz de executar com
autonomia e liderança.
Segundo Pellegrini (1986):
A tomada de consciência da realidade do educando em si, de suas fases evolutivas com a sua problemática própria, bem como a tomada de consciência do educando como pessoa única, com seus aspectos positivos e negativos, representam um grande passo para a educação ajustada e eficiente, com o objetivo de formar cidadãos conscientes de suas possibilidades, de seus deveres e direitos e de suas aspirações”. Assim, a Orientação Educacional é o reconhecimento da realidade do educando como ser portador de possíveis dificuldades que precisam ser atendidas, para que ele possa dedicar-se aos estudos, com possibilidades de satisfatório rendimento. A Orientação Educacional não visa somente a bons resultados nos estudos, mas, também, à adequada integração do educando na escola, no lar, na sociedade e no “mundo do trabalho (p. 46-47).
Este orientador, no entanto, deve estar preparado profissionalmente para assumir sua
função, repensando os processos de ensino, integrados aos interesses e necessidades de todos
os envolvidos nas deliberações, desenvolvendo uma organização que separa a concepção da
execução fragmentada compreendendo que a escola precisa acompanhar as mudanças e
transformações tecnológica, científica, social, econômica e cultural, existentes na sociedade.
Pellegrini (1986, p. 127) ressalta uma das questões essenciais na questão de
construção de um trabalho coletivo, para ele: a grande riqueza da participação de todos está
na medida em que cada grupo as suas percepções sobre a realidade que o cerca quando os
objetivos definidos e os planos de ação estão impregnados dessas diferentes percepções.
É através da participação que cada pessoa é respeitada enquanto indivíduo e integrante
de um corpo maior e coletivo que é a escola.
35
3.1 A Preparação do Diretor na Atual LDB - Lei Nº 9 394/1996
A LDB, Lei nº 9 394/96, traz em seu artigo um fator decisivo para a construção de
uma escola competente e de qualidade, colocando em questão o princípio da gestão
democrática, como fundamental importância no processo, em que o diretor precisa estar
capacitado, para exercer sua função.
Portanto, encontram-se introduzidas em seu artigo 14, questões relativas, das quais:
“os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na
educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios”:
I – participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político
Pedagógico da escola;
II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes;
O artigo 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de
educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
administrativa e de gestão financeiro público;
O artigo21 – A educação escolar compõe-se de: Educação Básica, formada pela
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e Educação Superior;
O artigo 37:
§ 1º - Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não
puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas,
consideradas características do alunado seus interesses, condições de vida e de trabalho,
mediante cursos e exames.
O artigo 40: A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino
regular ou por diferentes estratégias de educação continuada em instituições especializadas ou
no ambiente de trabalho e;
O artigo 58 – A educação especial oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino.
Por fim, em seu artigo 64: A formação de profissionais de educação para a
administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação
básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou nível de pós-graduação de ensino,
garantida, nesta formação, a base comum nacional.
36
Assim, diante dessas questões burocráticas, o diretor precisa ter uma formação
especifica em educação, obtendo como instrumento básico o curso de graduação em
pedagogia ou, sendo pós-graduado nos programas das universidades.
Partindo dessa perspectiva, o sistema de ensino deverá estabelecer diretrizes, para que
diante de determinada situação, o diretor que tem sua formação plena, precisa cumprir em
exercício de sua função, coordenando, organizando, planejando em conjunto suas ações,
oferecendo ao público assessorias pedagógicas, articuladas ao processo político-pedagógico
da escola.
A direção de uma escola, muitas vezes não cumpre o que a lei estabelece, entrega o
cargo a pessoas que não tem uma formação específica e que por insistência de querer resolver
as coisas sozinhas decai o desenvolvimento da escola, baixando sua qualidade, esquecendo da
real identidade da escola, prejudicando sua atuação e a vida dos alunos. É preciso repensar o
processo de ensino, pois é no coletivo que um conhecimento global e verdadeiro é construído
nas escolas, e o diretor antes de exercer sua função precisa rever seus atos, olhar
primeiramente para dentro de si, para depois conhecer a sua escola e o local onde estará se
envolvendo.
Nesta nova perspectiva, a escola começa a evoluir, conquistando um papel
fundamental do desenvolvimento, em que o diretor passa a ter um diferente olhar em relação a
organização técnico, administrativo e pedagógico, mudando os sistemas de ensino, deixando
de ser um espaço fechado, um modelo tradicional e individualizado, em que todos os
envolvidos: professor, aluno, pais, funcionários, comunidade e responsáveis podem trabalhar
coletivamente nas tomadas de decisão, tornando a escola um espaço autônomo, dinâmico,
construtora de sua identidade, uma escola viva e aberta para todos, desvinculado daqueles
processos mecânicos de execução rígida e descontextualizada.
O diretor, portanto passa a assumir um papel na autonomia administrativa, pedagógica
da escola, repensando no tradicional autoritarismo, pensando na autonomia articulada do
processo de ensino, para que se possa identificar até onde vai o sistema, para que serve e o
que fazer um processo autônomo que assume diferentes funções educacionais, dinamizado e
coordenado no sentido de democratizar o processo de discussão do ensino e construir a
identidade real da unidade escolar, tornando-a adequada as necessidades onde está inserida.
Luck (1982, p. 17) relata o papel que o diretor assume, com uma série de funções,
tanto administrativas quanto pedagógicas, em que cada uma determina suas ações.
Compete à parte administrativa:
37
• Organização e articulação de todas as unidades competentes da escola;
• Controle dos aspectos materiais e financeiros da escola; • Articulação e controle dos recursos humanos. • Articulação escola-comunidade; • Articulação da escola com o nível superior de administração do
sistema educacional; • Formulação de normas, regulamentos e adoção de medidas
condizentes com os objetivos e princípios propostos; • Supervisão e orientação a todos aqueles a quem são delegadas
responsabilidades; Compete à parte pedagógica:
• Dinamização e assistência aos membros da escola para que promovam ações condizentes com os objetivos e princípios educacionais propostos;
• Liderança e inspiração no sentido de enriquecimento desses objetivos e princípios;
• Promoção de um sistema de ação integrada e cooperativa; • Manutenção de um processo de comunicação clara e aberta entre os
membros da escola e entre a escola e a comunidade; • Estimulação à inovação e melhoria do processo educacional.
Desse modo, quanto maior for a escola, maior se tornam os problemas para serem
resolvidos pelo diretor. Com isso, é de suma importância que a escola tenha uma equipe de
profissionais da educação que assumem diferentes áreas técnica-administrativa como:
supervisor, coordenador, orientador e inspetor da escola, que auxiliem o diretor, em seu
trabalho dentro de uma concepção educacional integrada, sistematizada aos processos dos
quais, estabelecem ações pedagógicas em conjunto com as questões democráticas,
compreendendo a postura, as atitudes dos membros em várias instâncias, sendo respeitadas as
opiniões concebidas, a fim de avançar, progredir, no seu desenvolvimento intelectual, como
também, sendo um papel integrador das ações administrativas, possibilitando desenvolver
atitudes coerentes, que cheguem a um objetivo comum, atribuídas a valores que venha
garantir a plena realização do indivíduo e do grupo.
Há, portanto, a necessidade do diretor preocupar-se em conhecer a personalidade dos
alunos, que estarão ou está sob sua responsabilidade e sondar, diagnosticar através da
observação a profundidade daqueles traços mais significativos, para atender as necessidades e
ajudá-los a suprir suas deficiências além de colaborar na eliminação dos obstáculos que geram
frustrações.
Dessa forma o gestor deve sempre estar atualizado, acompanhando o que está
acontecendo em sua volta, no campo da educação num todo coletivo.
38
À medida que as questões administrativas vão se evoluindo, uma das questões
fundamentais da escola é a observar a atuação do diretor e suas atribuições, do qual a forma
em que ele é escolhido, precisa estar de acordo com o tipo de gestão que ele vai programar,
apontando rumos, que tornam mais ricas a formação do indivíduo.
Portanto, entre os avanços e retrocessos do processo, a escolha do diretor precisa ser
analisada, para isso o Conselho Escolar torna-se um processo fundamental da gestão
democrática, ele é quem discute as deliberações coletivas, a dinâmica, promove a articulação
escola-comunidade e a identidade da escola, funcionando como um papel integrador nas
diversas instâncias, em que todos estão envolvidos nas deliberações e escolha do diretor,
numa relação direta do processo, definindo diretrizes e princípios inerentes à implementação,
como também a identificação de algumas atribuições fundamentais, designado através de
nomeação, concurso, eleição e esquemas mistos, baseados em provas que avaliam sua
competência técnicas e sua formação acadêmica, além de eleições que medem suas
experiências administrativas, sua capacidade de liderança, tendo a participação da
comunidade escolar em seus processos de seleção, pelo qual obtém maior vínculo e
compromisso com aqueles que o escolheu ou indicaram.
Gadotti & Romão (2002) ressaltam que:
O Conselho de Escola é o órgão mais importante de uma escola autônoma, base da democratização da gestão escolar. Mas para que os Conselhos de Escola sejam implantados de maneira eficaz, é necessário que a participação popular, dentro e fora da escola, constitua-se numa estratégia explícita da administração (p. 48).
A escolha do diretor é essencial para se fazer valer a importância entre os desafios e a
autonomia da escola. Partindo desse pressuposto, diretor é escolhido por todos um víeis social
de participação, utilizando o conselho escolar, como meio participativo em que os
professores, orientador educacional, alunos, pais, repensáveis, funcionários e comunidade, são
estimulados a interagir no processo de construção de um projeto escolar voltado aos interesses
da comunidade em que está inserida.
Dessa forma, a construção do Projeto Político Pedagógico e a consolidação do
Conselho Escolar, definem e acompanham o exercício da gestão democrática da escola, em
que as informações continuadas tornam-se elementos da construção dos segmentos,
observando a necessidade de estimular a comunidade para discutir a organização e situações
dentro da escola, com o objetivo de manter o contato permanente com todos os envolvidos,
respondendo às exigências dessa prática.
39
É a partir dessa escolha que o diretor busca com êxito, colaborar com seu aprendizado
na construção coletiva da democracia, organizando pedagogicamente suas ações,
reconhecendo que são necessárias para desfazermos dessa crença tão arraigada em que os
processos políticos as impõem. É importante repensar os diferentes processos de
transformação político-pedagógicos e os desejos da comunidade, dando o primeiro passo para
a conscientização de sua existência, deixando de impor arbitrariamente nossas vontades,
cedendo para a vontade dos outros, acreditando no potencial e na inteligência dos alunos,
considerando o contexto político, social e econômico em que todos estão inseridos,
trabalhando com competência e liderança para a realização de seus objetivos.
Partindo dessa abordagem, a gestão escolar atribui democraticamente idéias e
comportamentos em que o diretor deixa de se julgar “dono da verdade” abrindo mão de ter a
sua idéia realizada e admirada, acreditando em todos os componentes da comunidade escolar,
precisa estar sempre na busca do alcance de metas estabelecidas pelo Projeto Político
Pedagógico, necessário em todas as instituições, em busca de respostas de questões cruciais,
dificuldades e alternativas possíveis a sua qualidade, devendo ser global, dinâmico, flexivo e
coletivas, para que seus objetivos sejam alcançados eficazmente de acordo com sua
elaboração. Em caso de falhas, discuti-lo entre os grupos e (re)planejá-lo novamente.
Assim, como um diretor é escolhido através de sua competência e liderança, o Projeto
Político Pedagógico da escola. Essa escolha, também se dá como resultado de um processo de
desenvolvimento de suas próprias execuções, ambos inseridos num cenário marcado pela
diversidade cultural.
Na escola, não deve existir um padrão único para a escolha do Projeto Político
Pedagógico, este deve estabelecer uma autonomia e a gestão democrática deve fazer parte de
seu ato. Entretanto, para a sua execução e avaliação, é preciso repensar esta dicotomia, os
mecanismos e os processos, estando envolvido num processo de mudança de mentalidade de
todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, deixando de lado o preconceito de
uma escola burocrática e autoritária. Passo importante no aprendizado da democracia,
acreditando na escola como um todo. Baseada em um novo paradigma, uma gestão integrada
no contexto político, social e econômico, no qual está inserida a instituição escolar.
Respondendo a essas necessidades de mudanças, o diretor precisa ter domínio dos
conhecimentos que permite desempenhar com competência, suas funções profissionais
integradas e articuladas nos diferentes aspectos relativos à escola, observando-as e
coordenando-as, para melhor compreender as relações desse processo.
40
A formação do administrador e sua prática estão relacionadas aos processos de reflexão
e ação dos indivíduos, colocando no dia-a-dia, fundamentada numa conquista paradigmática
do sistema educacional. O diretor ao conseguir delegar e realizar sua liderança política,
cultural, pedagógica e técnica, conseguirá cumprir com a legislação vigente no país, para que
diante de determinadas situações, possa usar mecanismos essenciais, ligadas às ações,
facilitando a elaboração do Projeto Político Pedagógico, resultante de uma tomada de decisão
e na construção coletiva, integrado no processo.
Assim, o diretor deverá ter um perfil pedagógico, exercendo não só a sua função, mas
trabalhando interdisciplinarmente, tendo prazer para aprender e desenvolver novas práticas,
sentindo-se respeitado, e acima de tudo reconhecendo a importância dos exercícios de seu
direito precedido da participando global da escola-comunidade, possibilitando todos discutir e
criar novas maneiras da escola crescer o movimento de leis que a rege, com autoridade,
respeito, organização e estratégias coerentes na missão educativa.
Atribuem-se então, nessa administração, as três competências básicas para o bom
funcionamento de uma escola: a competência política, técnica e humana.
A competência política compreende a capacidade do diretor ver, a escola como um
todo organizado, transformando os diferentes processos político-pedagógicos, fazendo parte
da prioridade, portanto, precisa estar formado. Tornando-o capaz de atribuir valores, atitudes
e novas estratégias de ação, para melhor desempenhar suas funções, elaborando,
desenvolvendo e contextualizando atividades dentro e fora da instituição, em conjunto com
outros segmentos: o seu Projeto Político Pedagógico e o administrativo, levando em conta a
realidade política, social e econômica, desse processo.
A competência humana, pressupõe a capacidade do diretor, interagir e trabalhar eficaz
e eficientemente, tendo domínio de suas funções e do grupo, desenvolvendo um clima
amigável e organizado de acordo com as necessidades humanas, favoráveis ao desempenho e
atitudes de modo a favorecer o bom andamento do projeto educativo e suas atribuições.
Por fim, temos a competência técnica, em que a direção tem que ter prioridade
máxima, e não politicamente.
Nesta competência o diretor, deve ser um educador, preocupado com a qualidade da
escola, tendo como fator importante o comprometimento de conhecer a realidade e as
necessidades daquela comunidade escolar, ou seja, o conhecimento de técnicas e princípios,
utilizados na elaboração de planejamentos globais , bem como os processos de avaliação e
controle das atividades administrativas e pedagógicas que contribuem para a melhoria e o
41
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, diagnosticando e relatando o que deu
certo ou o que precisa ser revisto.
Para isso o diretor e seu grupo técnico-administrativo, precisam estar envolvidos no
sistema de ensino e anotar, isto é, fazer relatórios diariamente das situações vividas na
instituição.
Hoje, a escola pública no Brasil, precisa repensar a sua estrutura e funcionamento do
sistema de ensino, buscando adequá-las ás grandes transições de paradigmas, decorrente das
mudanças tecnológicas, econômicas, sociais, políticas e culturais que a cada dia estão se
transformando.
O diretor precisa acompanhar essas mudanças, estando envolvido com a família, a
comunidade, o poder público local, funcionários, pais e alunos, visando inserir a escola na
vida, de modo a potencializar instrumentos e energia positiva em função da melhoria da
qualidade do ensino, sabendo que o único caminho viável para isso, é fazer uma gestão
democrática participativa, que possibilite um conhecimento comum a todos os indivíduos,
enquanto integrantes da escola.
Todos numa luta constante, para que cumpra sua função de forma justa e consciente,
transformando um novo caminho para transformar a escola e o mundo.
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CONCLUSÃO
As experiências de gestão escolar são bastante diversificadas. Em vários lugares do
Brasil, encontram-se diferentes tipos de diretores que exercem funções administrativas
desvinculadas do processo coletivo de ensino-aprendizagem.
Em se tratando das necessidades dessas escolas, muitas passam por problemas,
dificuldades como a falta de merenda, professores, materiais didáticos, falta de infra-estrutura,
reclamações de pais, a indisciplinas dos alunos, entre outros.
Às formas apresentadas por esses problemas apresentam, cabem ao diretor não fechar
os olhos, revelando seu caráter individualista, autoritário, burocrático, achando que sozinho
ele pode e deve ser responsável para solucioná-los, excluindo todos os envolvidos no processo
ensino aprendizagem.
Uma escola, em que a gestão democrática revela essas necessidades, é encontrada, em
muitos lugares no Brasil, sendo o diretor o centralizador que toma as decisões, sozinho,
excluindo: pais, professores, funcionários, alunos e comunidades de participarem da tomada
de decisão e participação nas diversas situações vividas na escola.
É preciso mudar o sistema educacional e buscar romper com esse processo
centralizador de governos. É preciso que o diretor tenha um novo olhar em relação à escola,
consciente de seus atos, organizando melhor seu trabalho de forma coerente, integrado no
processo como meio participativo, sentindo-se respeitado, tendo prazer no que faz e
reconhecer a importância dos exercícios de seu direito em interagir com o todo da escola,
dentro ou fora da mesma.
Entretanto, uma das questões elementares de todo o segmento, são as informações
continuadas, o reconhecimento das necessidades de estimular todos da comunidade, para
discutir coletivamente a organização e os mecanismos estruturais da escola, observando o que
está em sua volta, partindo desse diagnóstico, anotar todas as situações vividas dentro e fora
da instituição, fazendo um relatório diário das informações obtidas no cotidiano, conhecendo
melhor o lugar em que vai atuar. Dessa forma é importante nesse meio a participação do
orientador educacional.
É de fundamental importância, que esse profissional junto com o diretor e toda sua
equipe tenham conhecimentos de suas técnicas e princípios, partindo da realidade cultural e
social dos alunos, permitindo repensar nos desejos da comunidade, compreendendo os
métodos, processos e procedimentos escolar, a fim de organizar um trabalho em conjunto com
43
o seu grupo, de acordo com as necessidades humanas, o desenvolvimento das pessoas e as
dificuldades da escola-comunidade, possibilitando se colocar no lugar dos outros, para
entender melhor suas reações.
Diante dessas questões, a dimensão política, técnica e humana da escola são
fundamentais para o trabalho do diretor quanto para a transformação de uma instituição
escolar de qualidade. No entanto ele precisa ter uma formação específica para atuar nessa área
administrativa,
Ser diretor é ser aquele que tem um bom relacionamento com todos os envolvidos, no
processo ensino-aprendizagem, abrindo o espaço escolar para a comunidade. Trabalhando no
coletivo, capaz de cuidar dos problemas administrativos e da relação com a comunidade
escolar objetivando um bom desempenho pedagógico, essencial para a construção de uma
escola cidadã.
Portanto, quando se depara com pessoas que não se identifica, não reconhece seu valor
vivendo excluído por conta de um interesse individual, é fundamental a presença do
orientador educacional nesse momento, ele que junto com todos que participam do processo
ensino-aprendizagem principalmente o diretor, juntos precisam agir de forma em que essas
necessidades sejam supridas, pois, muitas vezes podem prejudicar no desenvolvimento tanto
da escola quanto do aluno.
O diretor precisa estar sendo informado de tudo que acontece dentro e fora do
ambiente escolar, sabendo dividir os problemas e buscar compreender essas pessoas, não os
excluindo das atividades, pois, o que vale é fazer a diferença, trabalhando em prol de um
crescimento e construção de novas estratégias de ação capazes de tornar os fatos e as
situações valiosas para a escola e para a elaboração do Projeto Político Pedagógico.
Portanto, aderir ao coletivo não implica perda de alternativas pessoais de cada um,
mas engajamento no processo de construção de um perfil de cidadão que passa
necessariamente pela cidadania dos educadores, e à medida que isto ocorre, revela mais um
aspecto da ação coletiva, num contexto social abrangente, considerando que uma condição
para a realização do trabalho coletivo é a clareza que todos os envolvidos no processo ensino-
aprendizagem devem ter da realidade existente e da que se deseja construir.
Ser um orientador educacional, e um diretor competente enquanto intelectuais
comprometidos com a transformação social, pensar na qualidade do ensino, numa escola para
todos é o ponto estratégico, para partirmos a um novo movimento: o de buscar compreender o
meio em que a instituição está inserida, seus desafios, seus anseios, suas contradições e seus
limites. Portanto, é preciso analisar o mundo do aluno, diagnosticar, observar sua evolução
44
para, a partir do conhecimento de sua realidade, ajudá-lo a encontrar meios para mudar a
correlação de forças com a sociedade que o explora. E a partir daí, procurar desenvolver suas
capacidades de organizar o pensamento e compartilharem suas idéias, de se constituírem
enquanto grupo, de compreenderem a força da ação coletiva, de liderar, de pensarem
criticamente a realidade social, de filtrar da história oficial a história de sua classe, de se
capacitar a se tornar sujeito de sua própria história.
Assim, o pedagogo estará comprometido com a construção de uma sociedade
democrática. Um grande desafio para os Pedagogos em efetivar seus trabalhos no âmbito da
ação coletiva. Porém, além de ser uma questão de compromisso pessoal, é também uma
questão de formação, daí a necessidade das instituições de ensino estar dispostas a formar
profissionais capacitados para estarem rompendo com as teorias, reformulando a ação
fragmentada do trabalho escolar, e buscando o trabalho coletivo na execução das diversas
funções dentro da escola. E, principalmente, enfatizando sempre que o projeto maior de todo
pedagogo, independentemente da sua área de atuação, que é o processo de produção do
conhecimento.
45
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