ÔMEGA 3

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Introdução

O alimento com propriedades funcionais é aquele que além das funções nutricionais básicas, pode produzir efeitos metabólicos e ou fisiológicos benéficos à saúde. Isso se deve à presença de componentes bioativos que, baseado em comprovações científicas e validação de órgãos como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), produz efeitos positivos à saúde e reduz o risco de certas doenças (ANVISA, 2011).

O ômega 3 é um ácido graxo poliinsaturado essencial, cuja denominação é PUFA (Poliunsaturated Fatty Acid). A família Ômega 3 é representada pelo ácido linolênico, que pela característica de essencialidade, deve ser obtido pela dieta, possibilitando que o organismo sintetize os demais AG de sua família, como os ácidos eicosapentaenóico – EPA e docosahexaenóico –DHA (RAPOSO, 2010).

Objetivos

- Identificar os compostos do ômega 3 e seu papel como alimento funcional;

- Estudar os mecanismos de ação, assim com os efeitos provocados na saúde humana;

- Informar atualidades relacionadas ao tema.

Composto Ativo

Os PUFA n-3 são encontrados em grande concentração nos óleos de peixes e em peixes de águas frias e profundas, principalmente cavala, sardinha, salmão, truta, savelha, atum e anchova. O ácido alfa-linolênico tem como principal fonte a semente de linhaça, cujo óleo contém 53% de ácido alinolênico. Entretanto, a conversão desse AG em EPA e DHA, principais responsáveis pelos efeitos terapêuticos dos AG n-3, é modesta (cerca de 6%). Os PUFA n-3 são precursores de prostanóides série-3 e leucotrienos série-5, que estão associados às propriedades antiinflamatórias e antitrombóticas (RAPOSO, 2010).

Mecanismo de Ação

Os ácidos graxos n-3 tem mostrado influenciar uma série de eventos e mecanismos celulares durante o processo de inflamação, desde a transdução de sinal ate a síntese protéica (ANDRADE E CARMO, 2006).

Como conseqüência destes mecanismos, desencadeados pelos compostos ativos, temos:

- Forte atuação no processo inflamatório;

- Os ácidos n-3 mostram-se como fortes sinalizadores intracelulares;

- Envolvidos na oxidação lipídica e termogênese e,

- Atuam como Imunossupressores.

Grande parte dos estudos sobre ácidos graxos essenciais poliinsaturados refere-se às doenças cardiovasculares, porém, outras correlações vêm sendo estabelecidas:

“O consumo de peixe de águas profundas ou a ingestão de cápsulas de óleo de peixe que contenham ácidos graxos poliinsaturados (PUFAS) ômega 3 (n–3), como o eicosapentaenóico (EPA, 20:5 n–3) e docosahexaenóico(DHA, 22:6 n–3), têm demonstrado causar alterações no perfil lipídico, diminuindo os triacilgliceróis e aumentando o HDL, alem de melhorar outros fatores de risco para doenças cardiovasculares, como a diminuição da hipertensão arterial e do processo inflamatório.” (SIMÃO, GODENY, LOZOVOY, DICHI e DICHI; 2010).

Estudos recentes

Estudos recentes

“Em uma meta-análise foi verificado que o consumo de peixe ou óleo de peixe reduziu o risco de morte por doenças cardiovasculares e morte súbita. A ingestão modesta de cerca de 250-500mg/dia de EPA e DHA (quantidade encontrada em 25g de salmon ou 50g de atum) reduz em 25% ou mais o risco relativo de mortalidade, enquanto que ingestões maiores não promovem reduções adicionais no risco de mortalidade.” (RAPOSO, 2010)

Estudos recentes

“Estudos realizados em animais mostraram que os prematuros alimentados com uma fórmula suplementada com n-3 LCPUFA, principalmente em DHA, melhorou a sensibilidade da retina e acuidade visual em comparação com recém-nascidos prematuros alimentados com fórmulas padronizadas sem suplementação que tiveram baixas concentrações de ácidos n-3 e altas em ácidos n-6.” (MAKRIDES, COLLINS e GIBSON, 2011).

Estudos recentes

“Recém-nascidos prematuros são bem reconhecidos como estando em risco de insuficiência alimentar de LCPUFA*. Eles têm menores concentrações plasmáticas e células vermelhas do LCPUFA comparados com recém-nascidos a termo (SMITHERS et al. 2008), e seus regimes alimentares muitas vezes com complexas intolerâncias alimentares limitam a ingestão de uma oferta consistente de LCPUFA seja por meio de leite humano ou fórmula infantil .” (MAKRIDES, COLLINS e GIBSON, 2011).

* LCPUFA: Cadeia Longa de Ácidos Graxos Poliinsaturados

O que faz na saúde humana?

Diminui a prevalência de doenças cardiovasculares em populações que consomem abundantemente peixes e frutos do mar;É efetivo no tratamento de dislipidemias, DCV, diabetes melitos tipo 2, resistência à insulina e hipertensão (RAPOSO, 2010);Desempenha papel importante na prevenção de doenças inflamatórias crônicas, inibição da vasoconstrição e agregação plaquetária, no crescimento fetal e desenvolvimento neural, ação anti-inflamatória e antitrombótica, ação sobre a prevenção do câncer, e participação nas funções imunomoduladoras;As baixas concentrações ou ausência desse componente aceleram o processo de envelhecimento e aumentam a probabilidade de desenvolvimento de várias doenças degenerativas e cardiovasculares

(PERINI; STEVANATO; SARGI; VISENTAINER; DALALIO; MATSHUSHITA; SOUZA; VISENTAINER, 2010).

Resolução da ANVISA sobre o papel funcional do Ômega 3

Alegação“O consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Requisitos específicosEsta alegação somente deve ser utilizada para os ácidos graxos Omega 3 de cadeia longa provenientes de óleos de peixe (EPA - ácido eicosapentaenóico e DHA – ácido docosahexaenóico).

O produto deve apresentar no mínimo 0,1g de EPA e ou DHA na porção ou em 100g ou 100ml do produto pronto para o consumo, caso a porção seja superior a 100g ou 100ml.

Resolução da ANVISA sobre o papel funcional do Ômega 3

Os processos devem apresentar laudo de análise, utilizando metodologia reconhecida, com o teor dos contaminantes inorgânicos em ppm: Mercúrio, Chumbo, Cádmio e Arsênio. Utilizar como referência o Decreto nº 55871/65, categoria de outros alimentos.

No caso de produtos nas formas de cápsulas, tabletes, comprimidos e similares, os requisitos acima devem ser atendidos na recomendação diária do produto pronto para o consumo, conforme indicação do fabricante.

A tabela de informação nutricional deve conter os três tipos de gorduras: saturadas, monoinsaturadas e poliinsaturadas, discriminando abaixo das poliinsaturadas o conteúdo de ômega 3 (EPA e DHA).

No rótulo do produto deve ser incluída a advertência em destaque e em negrito: “Pessoas que apresentem doenças ou alterações fisiológicas, mulheres grávidas ou amamentando (nutrizes) deverão consultar o médico antes de usar o produto”.

Observações Importantes

A razão entre a ingestão de AG n-6 e AG n-3 é importante já que são metabolicamente e fisiologicamente diferentes e apresentam funções fisiológicas opostas. As dietas ocidentais são exemplos deste desequilíbrio dos ácidos graxos, pois são ricas em ácidos graxos n-6 e baixas em ácidos graxos n-3, o que pode alterar a síntese dos eicosanóides (responsáveis pelo processo inflamatório).

Vale ressaltar que os ácidos graxos saturados e trans presentes nos alimentos industrializados influenciam no processo inflamatório, levando ao aparecimento das doenças crônicas não-transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, diabetes e o câncer

(PERINI; STEVANATO; SARGI; VISENTAINER; DALALIO; MATSHUSHITA; SOUZA; VISENTAINER, 2010).

Considerações Finais

A inclusão de alimentos funcionais na dieta deve ser orientada e acompanhada por um profissional nutricionista que avaliará cada caso. O que pode ser adequado para um indivíduo pode ser prejudicial para outro. Conforme verificado nos estudos o ideal é que ocorra o equilíbrio na ingestão destes alimentos, a fim de favorecer o metabolismo, a absorção, assim como promover sua ação eficaz nos sistemas do organismo, sobretudo o imunológico. Sendo assim, seu uso deve ser conduzido com base no consumo recomendado, na finalidade, nas condições de uso, no valor nutricional e nas evidências científicas.

Componentes

227560 - Angélica dos Santos Pontes

222144 - Carolina Falaci

222063 - Elisa Cristina Guarnieri

226163 - Gabriel da Trindade de Lima

222363 - Priscila Gomes Vieira

Referências

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientes, Substâncias

Bioativas e Probióticos. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/alimentos/comissoes/tecno_lista_alega.htm. Acesso em: 07/04/2011

ANDRADE, Priscila de Mattos Machado, CARMO, Maria das Graças Tavares do. Ácidos Graxos n-3: um link entre Eicosanóides, Inflamação e Imunidade. Rio de

Janeiro: 2006. Disponível em:

http://www.nutricaoedesenvolvimento.com.br/images/Priscila%20de%20Mattos%20Machado%20Andrade%20MN%20Metab%C3%B3lica%20v8n3.pdf. Acesso em:

18/05/2011

CARMO, Maria Carmen Neves Souza, CORREIA, Maria Isabel Toulson Davisson. A Importância dos Ácidos Graxos Ômega-3 no Câncer. Minas Gerais: 2009.

Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_55/v03/pdf/83_revisao_literatura3.pdf. Acesso em: 21/05/2011

MAKRIDES, Maria, COLLINS, Carmel T., GIBSON, Robert A. Impact of fatty acid status on growth and neurobehavioral development in humans. (Impacto do

estado de ácidos graxos no crescimento e no desenvolvimento neurocomportamental de seres humanos). Maternal & Child Nutrition, Volume 7. Abril, 2011.

Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1740-8709.2011.00304.x/pdf. Acesso em: 15/05/2011

PERINI, Ângelo de Lima; STEVANATO, Flávia Braidotti; SARGI, Sheisa Cyléia; VISENTAINER, Jeane Eliete Laguila; DALALIO, Márcia Machado De Oliveira;

MATSHUSHITA, Makoto; SOUZA, Nilson Evelázio de; VISENTAINER, Jesuí Vergílio. Ácidos graxos poli-insaturados n-3 e n-6: metabolismo em mamíferos e

resposta imune. Revista de Nutrição. Vol.23 nº. 6 Campinas Nov./Dez. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-

52732010000600013. Acesso em: 23/05/2011

RAPOSO, Helena Fonseca. Efeito dos ácidos graxos n-3 e n-6 na expressão de genes do metabolismo de lipídeos e risco de aterosclerose. Revista de

Nutrição. Vol.23 nº. 5 Campinas Set./Out. 2010

SIMÃO, Andrea Name Colado, GODENY, Paula, LOZOVY, Marcell Alysson Batisti, DICHI, Jane Bandeira, DICHI, Isaias. Efeito dos ácidos graxos n–3 no perfil

glicêmico e lipídico, no estresse oxidativo e na capacidade antioxidante total de pacientes com síndrome metabólica. Londrina, Paraná. 2010. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/abem/v54n5/06.pdf. Acesso em: 02/04/2011.