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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Valorização da identidade negra na escola através do filme
“Vista Minha Pele”.
Professor PDE: Osmar Bergamim1
Professor Orientador: Prof. Dr. Márcio Santos de Santana2
Resumo
Este trabalho trata da identidade negra na escola através do filme “Vista Minha Pele.” A discriminação
do negro tem sua origem na história da escravidão. Este tipo de intolerância ainda é realidade em
quase toda a sociedade brasileira. A escola é uma instituição estruturante de todo o corpo social. O
professor é fundamental na instrução do aluno sobre questões de relevo para o bem-estar e justiça
social. Daí a relevância de estudar o problema do preconceito racial na escola, bem como os modos de
preservação da identidade negra. A informação é o meio mais eficaz de combate à opressão das
diferenças, pois sempre vem da falta ou insuficiência de conhecimento. Objetiva-se o uso do cinema e
outras tecnologias como meio de incentivar o aluno a se interessar pelo tema. Os debates e as
reflexões consignadas nas atividades escolares resultaram numa visão inovada de alunos e
professores sobre as questões levantadas no filme.
Palavras-chave: Preconceito racial; Identidade; Cinema.
A história do preconceito em toda sua dimensão e diversidade, inclusive o
racismo, faz parte da própria história da humanidade. No Brasil, o problema racial se
liga à escravidão do negro desde o período colonial. Dados mostram que o negro
ainda sofre variados tipos de discriminação em todos os ambientes, até mesmo nas
escolas.
O preconceito, principalmente do tipo racial, faz-se realidade evidente não só
no Brasil, mas em grande parte do mundo. Daí a importância das ações que visam
diminuir gradativamente até eliminar todos os tipos de intolerância praticada no
corpo social, em todas as classes sociais, culturais e econômicas.
1 Professor PDE da Rede Estadual, lotado no Colégio Estadual Godoy Moreira, Godoy Moreira – PR.
E-mail: o.bergamim@bol.com.br 2 Professor Dr. Docente do Departamento de História da Universidade Estadual de Londrina – PR. E-
mail: marcio_santana@ig.com.br.
Conquanto a escola seja uma instituição fundamental e estruturante da
sociedade, é um espaço que se flagra preconceitos sociais variados. Não por outra
razão, é cada vez mais necessário discutir e problematizar temas que envolvam a
questão da intransigência com o diferente. Observa-se o papel importante dos
profissionais da educação como agentes transformadores desta lamentosa
realidade.
Para alcançar essa pretensão, optou-se por utilizar uma metodologia de
trabalho a partir do uso de som e imagem - o cinema - para apresentar aos alunos
em sala de aula. Com isso, o tema do preconceito racial, é abertamente discutido.
Reflete-se sobre os novos valores que deveriam integrar a sociedade brasileira,
presente e futura. Parece que o cinema, a linguagem áudio-visual, pode ser um
excelente instrumento de intervenção junto aos alunos. O documentário “Vista Minha
Pele” (2003), do diretor Joel Zito Araújo, cineasta, escritor, professor, diretor e
roteirista de filmes, vídeos educacionais e institucionais, programas e campanhas
eleitorais de TV, amparou-nos enormemente nessa tarefa.
O filme trata da questão do preconceito racial numa linha inversa, para dar
sentido ao título. O autor trabalhou o (negro e branco), como se uma fosse a outra.
Tem uma linguagem acessível, dialoga bem com a realidade escolar. Embora tenha
sua construção na inversão de situações, guarda certo conteúdo de humor, o que
mantém os alunos entretidos e atentos ao longo dos seus quase vinte e quatro
minutos de duração.
Seu enredo apresenta uma festa junina na qual seria eleita a miss da festa.
Nela, concorreram duas alunas, sendo a branca considerada de classe social inferior
e a negra superior. O fundo racista da disputa reflete não apenas nos alunos, mas
também nos professores, que deixam transparecer o preconceito.
Trava-se uma luta na disputa dos votos vendidos por cada candidata e sua
assessoria. Na apuração são dadas ideias de que haverá um empate, mas a
estratégia do autor foi de não mostrar qual das duas foi eleita miss. As
manifestações de preconceito foram muito intensas em relação aos negros, numa
demonstração realista no que acontece em nossa sociedade. Evidentemente, um
excelente filme para debater a questão em sala de aula.
Por meio da apresentação da referida obra cinematográfica, objetivou-se,
genericamente, levantar debates e reflexões sobre os malefícios da intolerância
racial, com a intenção de construir e estimular na escola um ambiente de maior paz
e harmonia social. Para tanto, visou-se problematizar o tema do preconceito em geral e
especificamente o racial, despertar a consciência e os sentimentos de respeito aos direitos
humanos, analisar o filme “Vista a minha Pele”, e trabalhar metodologicamente uma fonte
visual com os alunos, assim como explorar outros recursos tecnológicos como Internet e
TV Pendrive (TV com entrada USB).
Necessário primeiramente esclarecer que preconceito consiste em construir
um julgamento sobre determinada pessoa, ideia ou modo de ser, e defini-la como
bom ou ruim, sem antes conhecê-lo. A palavra expressa por si só “pré antes” e
“conceito = conhecimento”. Por sua vez, o racismo é caracterizado pelo conceito de raça.
Portanto, neste sentido, reflete na cor da pele e também a outras características físicas,
culturais e religiosas que persistem de forma errônea.
O dever da escola é se dedicar em promover a “alteridade”, a experiência de se
colocar no lugar do outro e experimentar seu modo de ver e sentir. Neste sentido, busca
vivenciar o que se passa com alguém que sofre preconceito, principalmente mostrando que
se não somos subjetivamente iguais, somos semelhantes e os nossos direitos são os
mesmos perante a lei e da justiça.
Verificou-se que o negro é discriminado em todas as dimensões da
sociedade, onde é sempre inferiorizado. O fato é facilmente encontrado nos livros
didáticos, nos programas de televisão, entre outros. No Brasil, após o fim da
escravização, as pessoas negras foram negligenciadas pelo Estado e foram
obrigados a construir suas vidas em morros, onde até hoje continuam vivendo, sem
terem, em regra, as mesmas oportunidades de grande parte das pessoas brancas.
Nas escolas, como já se mencionou, o preconceito racial é fato notório e
corriqueiro. Segundo Praxedes (2008), a reflexão sobre racismo e educação implica
em reconhecermos que ah manifestação do racismo acontece não apenas entre
alunos, mas, também, entre os próprios professores. O tema espinhoso a ser
debatido na escolar é a existência de regras de contato informais, tácitas, que definem o
lugar de cada um no espaço social e quando podem se relacionar. Consciente, ou
inconscientemente, os professores identificam os seus alunos como brancos ou negros, os
próprios alunos brancos e negros se identificam como tal e se relacionam levando em
consideração esta identificação prévia. Nesse relacionamento nós achamos “normal”, por
exemplo, o aluno negro evadir e se tornar trabalhador braçal, engraxate, camelô,
empregada doméstica, como também achamos normal que os alunos brancos tenham
sucesso na sua trajetória escolar.
O professor, evidentemente, é o grande responsável pelo delineamento
sentido dos conteúdos por ele ensinados. No caso do racismo ou qualquer outro
preconceito que ele pretenda debater e problematizar em aula, ele deve ser um
conhecedor do tema e adepto de um humanismo no sentido prático cotidiano. De
nada adianta falar uma coisa e vivenciar outra. É preciso que tenha coerência de
sentimentos, saber a importância, a responsabilidade, qual o seu papel na formação
de cidadãos do bem. Além de mediar conhecimentos, ele tem que conhecer as leis,
e colocá-las em prática no seu cotidiano escolar.
Vale mencionar, neste ponto, as Leis nº 10.639, que estabelece o ensino da
“História da África e da Cultura Afro-brasileria” nos sistemas de ensino e a nº 11.645,
que dá a mesma orientação quanto à temática indígena. Além do combate à
discriminação, também se voltam a reconhecer a escola como local de formação de
cidadãos. Demonstram a importância das culturas para a formação da sociedade,
destacando sempre o positivo e valorizando sua história.
O professor deve apontar quais os objetivos que se quer alcançar com
determinado filme, de forma que possa levar os alunos a entenderem a linguagem
do cinema como fonte histórica; compreender que a linguagem fílmica é uma
construção ficcional e não a “verdade histórica”, mostrando as diferenças entre a
abordagem do filme e a pesquisa histórica, apontando possíveis incompatibilidades
entre ambas, etc. No nosso caso, discutimos também as questões técnicas
produção do filme, os recursos cinematográficos e, sobretudo, o seu conteúdo, eixo
fundamental para a promoção das reflexões sobre o tema do preconceito racial.
A execução da pretensão nuclear do projeto é além da apresentação
cinematográfica em sala de aula como ferramenta facilitadora de interpretação e
aprendizagem, a realização de leituras sobre o tema, sob forma de pesquisa para o
referencial teórico, e o levantamento de discussões em sala de aula.
A Unidade Didática desenvolvida foi dividida em dezessete partes de
atividades, que somaram 32 aulas. Elas foram aplicadas no primeiro semestre de
2014 aos alunos do 9º ano do Colégio Estadual Godoy Moreira, município de Godoy
Moreira, Estado do Paraná. O objetivo, conforme mencionado a cima, foi levantar
reflexões acerca do preconceito racial presente na sociedade brasileira. Utilizou-se o
cinema em sala de aula como recurso para despertar o interesse dos alunos sobre o
assunto. Buscou-se construir e estimular na escola um ambiente de maior paz e
harmonia social.
A execução se iniciou com uma aula de exposição geral do projeto. Ajustou-
se que a utilização das redes sociais seria uma das ferramentas de comunicação e
debates entre professor e aluno. Informou-se que o projeto e as atividades estariam
na web site You Tube, exibindo seu endereço e forma de utilização.
Na primeira atividade, transmitiu-se o vídeo na íntegra. Realizou-se, em
seguida, um exercício de livre reflexão, oportunidade em que o aluno relatou sua
primeira impressão sobre o tema, sem explicação ou intervenção do professor.
Perceberam rapidamente, ainda que de maneira superficial, o problema do racismo.
Para cada um dos trechos do filme, foram realizada atividades postadas web
site You Tube. Os questionamentos guardaram pertinência temática com os
respectivos capítulos, que foram respondidos como tarefa de casa. Em sala de aula,
as problemáticas foram retomadas em forma de debates, conquanto a adversidade
de falta de acesso à internet na Escola Estadual de Godoy Moreira, Paraná.
Na décima sétima parte, o filme foi mostrado na íntegra novamente, desta vez
sendo realizadas reflexões mais profundas, com intervenções do professor sobre os
problemas que o filme na tratou e suas várias perspectivas.
Aluno ( A) relata que:
O filme é uma forma de tentar combater o racismo é muito legal quando se coloca um branco no lugar de um negro e ver como ele se sente, rejeitado, humilhado, desprezado, mostrando situações de muita desigualdade em
todos os aspectos no convívio social.As idéias trabalhadas no filme, trouxe para mim uma grande experiência ao observar como é diferente as situações encontradas pelos negros neste mundo onde os brancos tem mais privilégios. Fiquei impressionada com todas estas situações não imaginava como é ruim estar na pele de quem é tanto discriminado e aprendi muito a entender as diferenças dos outros e respeitá-las. A minha vida agora será bem diferente e já expliquei para os meus pais como existem leis que defendem os direitos das pessoas.
Aluno (B) também relata que:
O Vista Minha Pele quer mostrar como o racismo e a desigualdade faz parte da nossa realidade tornando muito difícil a vida dos negros e também de todos que são julgados como diferentes. Aprendi muito sobre os direitos de cada pessoa e que apesar de todos nós sermos diferentes, temos a liberdade de escolher o que melhor for para nós. Participei muito dos debates e a cada aula tive mais conhecimentos e aprendi a respeitar melhor as pessoas e achei muito legal tirar minhas dúvidas com o professor através do facebook e assistir e fazer as atividades através da internet.
Como resultado da aplicação didática, tem-se que boa parte dos alunos
desenvolveu a visão do preconceito social como uma mácula que envolve não
apenas a dignidade humana, mas o interesse de toda coletividade. O sucesso do
propósito apresentado no projeto foi alcançado, sobretudo, em razão dos
instrumentos utilizados para transmissão e debate da temática. Desta forma, notou-
se que as atitudes dos alunos mudaram em relação ao problema do racismo e à
quanto importância das diferenças. Passaram a entender, respeitar e prezar as
diversidades culturais, assim como vislumbrar os fundamentos das diversas ações
afirmativas realizadas pelo Estado para a promoção da igualdade real entre as
pessoas.
No GTR, grupo de trabalho em rede, dezesseis professores, todos os
professoras de rede pública de ensino do Estado Paraná, sendo que alguns deles já
concluíram o projeto de desenvolvimento educacional - PDE, posicionaram-se sobre
o conteúdo e a metodologia adotada neste projeto. Eles tomaram partido sobre a
necessidade inadiável de sua cuidar do problema da discriminação do negro, a qual
é esboçada nas mais diversas formas de menosprezo e violência.
Entenderam que a escola deve realizar seu papel social de integradora social,
abrindo espaço para não apenas demonstrar a existência da desigualdade histórica
que negro é vítima, mas também ensinar sobre sua cultura, a imprescindibilidade do
respeito para com a dignidade da pessoa como o valor nuclear de uma sociedade
sadia.
Além do mais, entendem que, embora se esteja tratando de um problema
evidentemente complexo e extremamente delicado, seu manejo deve se dar de
modo a despertar, realmente, o interesse do aluno. Por isso, o uso dos recursos de
som e imagem, bem como a valência das redes sociais para debates e
comunicação, são métodos deveras eficientes para envolvê-los na problemática e
permitir o desenvolvimento de sua capacidade crítica.
Destaca-se o posicionamento de um dos professores em relação à produção
didática, realizada no fórum 2, publicada no dia 6 de abril de 2014:
Essa Produção Didática Pedagógica apresentada pelo professor Osmar Bergamim foi muito bem elaborada, um material que virá a enriquecer nossa prática em sala de aula pois ela foi elaborada de uma maneira clara,objetiva e criativa, onde aborda o assunto do preconceito de uma forma a fazer nossos educandos repensarem atitudes, pois ela é de fácil compreensão e com certeza o conteúdo abordado está relacionado a realidade que nos cerca.Em minhas aulas procuro fazer uso dos Tic's para enriquecer meu trabalho e despertar o interesse dos meus alunos pela disciplina, faço uso de recortes de filmes e outros recursos que apresentam bons resultados. Na minha opinião todas as propostas foram muito bem elaboradas e ao serem aplicadas ,aluno e professor construirão juntos o conhecimento [sic].
Importante mencionar visão uma professora acerca do problema do
preconceito, exposta no fórum 2, em16 de abril do ano de 2014.
Tendo em vista a problemática levantada sobre o preconceito a partir da raça, e este ter sua origem numa questão biológica, sem base científica, que por muito tempo serviu para classificar seres humanos. O que podemos perceber é que tal situação é constrangedora. A produção didático- pedagógica permite que possamos pensar em diferentes possibilidades de uso do vídeo em sala de aula. O recorte de filmes traz um enriquecimento imenso a sala de aula, ao convidar o aluno ao estudo das condições sociais, políticas de seguimentos sociais desfavorecidos historicamente, o que de certa forma se constitui um recurso extremamente atrativo . A proposta de atividades 07, comentário “Vista Minha Pele parte – 7”, chamou muito a minha atenção uma vez que nele é demonstrada a questão da exclusão escolar vivenciada pelo aluno, um jovem sem futuro e sem perspectivas, que afirma que apenas a professora gostava dele. Ou seja, além dele não ser bem visto, restou-lhe um subemprego e uma autoestima baixa, fato que muitas vezes é o retrato nu e cru de nossas salas de aulas, exatamente como uma boa parcela dos nossos alunos.
Destaca-se, por último, o posicionamento de outro professor, expresso no
fórum 3, em 29 de abril da ano de 2014:
Realmente a questão tratada em seu trabalho é intrigante, e considero que interfere diretamente no processo educativo. Quando planejamos o uso das mídias, algumas vezes nos frustramos em plena aula. Mesmo testando previamente os equipamentos na hora "H" pode dar algo errado. Nisso nossas escolas ainda precisam melhores amparos, tanto materiais quanto de profissionais capacitados para auxílio nos laboratórios. O fato de ser ou parecer mais atraente o uso das mídias na metodologia utilizada não dispensa as teorias. É importante variarmos as metodologias, mas os próprios alunos precisam tomar consciência de que não se aprende determinadas disciplinas, certos conteúdos, sem debruçar-se sobre materiais e explorá-los. Faz parte do processo de produção do conhecimento. Seu projeto, professor, é muito legal para provocar o interesse dos alunos, e quando eles gostam do direcionamento dos trabalhos, tudo flui melhor.
Assim, verificou-se um forte interesse dos professores em entender sobre os
problemas levantados neste projeto, e também compartilhar seus conhecimentos
científicos e suas opiniões pessoais acerca deles. A metodologia foi considerada
bem elaborada pela maior parte dos participantes. Daí se percebe a importância do
GTR, grupo de trabalho em rede, para levar às escolas debates relevantes para a
sociedade como um todo, a construção de idéias capazes de transformar o discente
num profissional competente, mais ainda, num cidadão de verdade.
É desprovida de sentido a transmissão de conteúdo de sem a motivação para
aprender. A comunicação entre aluno e professor se torna mais efetiva quando é
feita de maneira criativa e simplificada. Tal foi o raciocínio que norteou a aplicação
didática deste projeto: o discente se enxergar no problema e buscar maneiras
sensatas de resolvê-lo. Não poderia ser de outro modo, a escola deve promover a
ciência e o sentido de comprometimento com a coletividade. A intolerância racial,
apenas um exemplo, é um sinal de ausência de conhecimento suficiente para
compreender as diferenças e respeitá-las.
É necessário compreender que
a educação é capaz de oferecer tanto aos jovens como aos adultos a possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e inferioridade entre grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura racista na qual foram socializados. Apesar da complexidade da luta contra o racismo, que consequentemente exige várias frentes de batalhas, não temos dúvida de que a transformação de nossas cabeças de professores é uma tarefa preliminar importantíssima (MUNANGA,1996)
Afirma-se, então, que o conhecimento é pressuposto basilar da erradicação
das intransigências sociais. Claro que no Brasil todos são iguais perante a lei,
segundo o art. 5º da nossa Constituição Federal do ano 1988, mas nem sempre esta
igualdade é verdadeira e nem sempre será conveniente. Por vezes, o Estado deverá
promover a igualdade, a exemplo das ações afirmativas e, por vezes, terá que
assegurar a própria diferença, protegendo as culturas diversas.
Segundo o MEC, Ministério da Educação:
O acolhimento da criança implica o respeito à sua cultura, corporeidade, estética e presença no mundo (...) Nessa perspectiva, a dimensão do cuidar e educar deve ser ampliada e incorporada nos processos de formação dos profissionais para os cuidados embasados em valores éticos, nos quais atitudes racistas e preconceituosas não poder ser admitidas. (Orientações e Ações para a Educação das Relações Etnicorraciais – Brasil; MEC).
O que se observa é que sem informação, o preconceito é indevidamente
absorvido como verdade. Assim
Partimos da convicção de que o preconceito pode ser uma máquina de guerra. Presente nas relações sociais cotidianas. O preconceito, usualmente incorporado e acreditado, é a mola central e o reprodutor mais eficaz da discriminação e de exclusão, portanto da violência [...] Para compreender algumas das manifestações empíricas do preconceito faz-se necessário entender como se constrói o outro-alteridade, nas dimensões sociológica e simbólica, que, embora específicas, interagem como processos fundamentais na construção e na dinâmica do preconceito. .A marcação simbólica é o meio pelo qual damos sentidos a práticas e a relações sociais, definindo, por exemplo, quem é excluído e quem é incluído. É por meio da diferenciação social que essas classificações das diferenças são vividas nas relações sociais. (BATISTA; BANDEIRA, 2002).
Por tudo isso, conclui-se pela imprescindibilidade do Programa de
Desenvolvimento Educacional para aperfeiçoar a transmissão do conhecimento e na
construção de uma sociedade mais transigente com as diferenças. As aulas,
oficinas, orientações, entre outras formas de receber a ciência, permitem que o
professor se torne cada vez mais forte na transformação positiva da qualidade da
educação no país e, consequentemente, na edificação da cidadania.
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