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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ESTUDO DO MEIO: O CASO DO LIXO ELETRÔNICO
Mazilda Aparecida Borges1 Marcos Clair Bovo2
RESUMO: O presente artigo visa apresentar os resultados obtidos com a implementação do projeto “Estudo do Meio: o caso do lixo eletrônico”. Este projeto teve por objetivo desenvolver o ensino/aprendizagem de forma significativa por intermédio do estudo do meio proporcionando aos alunos o desenvolvimento investigativo da consciência ambiental. Neste sentido foi enfatizado o uso e o descarte do lixo eletrônico produzido na cidade de Juranda (PR). Como metodologia adotou-se a metodologia do estudo do meio fundamentada em três pilares, o dialógico, o investigativo e o interdisciplinar. O dialógico diz respeito aos diálogos dos problemas e desafios encontrados de uma determinada sociedade, o investigativo por que professores e alunos embora com níveis de conhecimentos diferenciados sejam parceiros na verificação do conhecimento a ser pesquisado, e o interdisciplinar, por desvendar a complexidade de um determinado espaço dinâmico de saberes a serem adquiridos pelos educandos. O projeto foi desenvolvido por meio de debates, palestras, folders informativos, mural de atividades e explicações sobre o tema, coleta do lixo descartável ou reciclável. Dentre os resultados alcançados destacamos o esclarecimento sobre os descartes do lixo eletrônico, desenvolvendo novas atitudes nos educados e contribuídos para a formação de cidadãos conscientes e críticos na sociedade. Palavras-chave: Tecnologia. Lixo Eletrônico. Meio Ambiente. Conscientização. INTRODUÇÃO
Os resíduos tecnológicos são considerados um problema ambiental, pois o
descarte impróprio pode levar a contaminação das águas tanto na superfície como
também subterrânea, além da degradação do solo e a poluição do ar. É pensando
nesses aspectos, que este estudo teve por objetivo desenvolver a conscientização
ambiental dos educandos do 9º ano do Colégio Estadual João Maffei Rosa
destacando o lixo eletrônico.
Assim, teve também como objetivo desenvolver o ensino-aprendizagem,
promovendo o estudo do meio nos conteúdos escolares da disciplina de Geografia,
destacando o consumo e descarte do lixo eletrônico, buscando a conscientização da 1 Professora do PDE da área de Geografia da Secretaria de Educação do Estado do Estado do Paraná.
2Professor adjunto do colegiado de Geografia da Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão.
Orientador do PDE.
poluição ambiental e a implantação de hábitos saudáveis que podem contribuir com
atitudes conscientes para a preservação do meio ambiente.
É válido ressaltar que a consciência de determinadas atitudes partem do
princípio educacional, sendo um aporte para a busca de conhecimentos que
constroem os sujeitos, seres capazes de refletir sobre suas ações com bases
autônomas para o exercício da cidadania.
Portanto, este trabalho parte da metodologia do estudo sobre o meio,
proporcionando aos alunos o contato direto com a realidade, na exploração de
materiais que levam a perceber seus espaços e conhecer as diversas realidades.
Sua importância se faz pela exploração dos conteúdos que levam as ações dos
estudantes á um olhar crítico e investigativo sobre o caso do lixo eletrônico e a
poluição ambiental.
Segundo Lopes (2009), o estudo do meio, tem o propósito de produzir um
novo conhecimento, dando mais significado ao processo de ensino-aprendizagem,
desenvolvendo um olhar mais crítico e investigativo sobre a aparente naturalidade
do meio social.
[...] o estudo do meio permite maior aproximação com as preocupações atuais da ciência geográfica, que busca explicar o espaço geográfico não mais pela relação do homem com o meio físico, mas como resultado das relações sociais. O conhecimento de realidades diferentes, quando cotejados com as realidades de alunos e professores em lugares próximos ou distantes,auxilia no enriquecimento cultural e no posicionamento das pessoas no movimento das respectivas vidas (VESENTINI, 2004, p.262).
Desta forma a escola tem um papel fundamental na construção do
conhecimento, pois se é na escola que se aprende a ler e escrever, também é na
escola que se alfabetiza para ler o mundo, compreender o espaço no qual estamos
inseridos e ter consciência de que os seres humanos que transformam o espaço
geográfico.
Nos dias atuais torna-se visível nas mãos dos alunos, uma grande variedade
de produtos eletrônicos, tais como: ipod, not, net, tablet, celulares, máquinas digitais,
entre outros, sendo estes resultados do desenvolvimento tecnológico, originado do
processo de industrialização, e alicerçado pelo consumismo. Esses produtos
possuem uma vida curta, ou seja, são substituídos constantemente, desta forma
produzem uma quantidade gigantesca de lixo tecnológico. Havendo a necessidade
de desenvolver atividades que estimulem a mudança de comportamento, conciliando
a teoria com a prática do cotidiano, em defesa de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
O ESTUDO DO MEIO COMO METODOLOGIA PARA O ENSINO DE GEOGRAFIA: ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE O LIXO ELETRÔNICO
O desenvolvimento do trabalho docente está sempre em construção
explorando o contexto escolar, inserindo na prática condições para que os alunos
possam compreender as bases disciplinares e relacionar com suas vivências. O
estudo da Geografia, neste caso, buscou novas formas metodológicas de ensino a
fim de proporcionar aos educando o estabelecimento de relações próximas de suas
realidades. Desta forma, também procurou desenvolver a leitura subjetiva dos fatos
culturais, sociais e naturais dos diferentes espaços produzidos pelo homem.
Assim, Santos (2001) descreve que as empresas hegemônicas produzem o
consumidor antes mesmo de produzir o produto. Com a inserção das novas
tecnologias no mundo social, é visível uma constante inovação entre os produtos,
descaracterizando os mais desatualizados e tornando sem uso. As empresas
responsáveis pela inovação e implantação de novas tecnologias no mercado de
consumo, muitas vezes não fazem o papel de recolher os produtos em desuso,
deixando a mercê o consumidor que neste caso, acaba descartando em local
impróprio e provocando danos ao meio ambiente.
Por outro lado, Rodrigues (1998, p.34), complementa que “vivemos no mundo
em que podemos denominar de modo industrial de produzir novas e novas
necessidades satisfeitas no consumo de novas e novas mercadorias”. Para isso, é
importante a conscientização sobre as transformações que o material reciclado pode
proporcionar aos seres humanos. Quando o descarte é feito em local impróprio pode
causar muitos prejuízos a natureza. Já quando é feito a coleta seletiva, é possível
transformar as tecnologias inutilizadas em outras fontes utilizáveis, o que de certa
forma geram benefícios para toda a sociedade.
É neste contexto, que o estudo do meio, tem um papel significativo, por
compor uma metodologia interdisciplinar que auxilia no processo de construção de
um olhar crítico em relação os fatos da realidade, evidentemente instigando o aluno
a interagir e aprender sobre determinados fatores que interferem nas suas
realidades, e de certa forma, construindo seu próprio conhecimento como sujeito.
Para Lopes e Pontuschka (2010), o estudo do meio pode ser compreendido
como um método de ensino interdisciplinar que visa proporcionar para os alunos e
professores o contato direto com uma determinada realidade, um meio qualquer,
rural ou urbano, que se decida estudar. Essa atividade pedagógica concretiza pela
imersão orientada da complexidade de um determinado espaço geográfico, do
estabelecimento de um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de verificar e
de produzir conhecimentos. Neste caso, o estudo do meio é uma metodologia que
pressupõe o diálogo, a formação de um trabalho coletivo e o professor como
pesquisador de sua prática, de seu espaço, de sua história juntamente com a
história de seus alunos estabelecendo vínculos entre o aluno e si próprio.
Para tanto, o ensino de Geografia, se utiliza desta metodologia como forma
de dinamizar as aulas instrumentalizar os alunos tornando-os sujeitos da história e
agentes de transformação social. Para Cavalcanti (2002, p.18)
[...] o ensino de Geografia deve contribuir para a formação da cidadania através da prática de construção e reconstrução de conhecimento, habilidades, valores que ampliem a capacidade da criança e jovens compreenderem o mundo em que vivem e atuam, numa escola organizada e um espaço aberto e vivo de culturas.
É neste contexto, que as Diretrizes Curriculares de Geografia (2008) trazem
como proposta essa metodologia de ensino, pois permite que os alunos se
apropriem dos conceitos fundamentais da Geografia e compreendam o processo de
transformação do espaço geográfico. Entretanto, os conteúdos da Geografia devem
ser trabalhados de forma crítica e dinâmica, interligados com as realidades próxima
e distante dos alunos.
As Diretrizes Curriculares de Geografia (2008) apontam a aula de campo
como “um rico encaminhamento metodológico para analisar a área em estudo
(urbana ou rural), levando o aluno a diferenciar e analisar, paisagem de espaço
geográfico.
No entanto, uma proposta de ensino baseada no estudo do meio é uma
metodologia didática que favorece a integração entre o aluno e professor; ajuda na
reintegração da escola ao meio; possibilita ao aluno desenvolver a capacidade de
observar, descobrir, documentar, analisar, criticar e utilizar diferentes meios de
expressão. Desenvolvendo uma visão demasiadamente crítica em relação aos
elementos da natureza, levando o aluno a compreender e reconhecer a importância
dos processos e fatos históricos, conscientizando-se da responsabilidade ética de
sua participação.
Segundo Zerbini, Barciotte e Pistelli (2003) o consumo responsável e o
comércio ético, pautam-se na justiça social e na sustentabilidade, do poder político
adquirido pelos indivíduos, seja consumidores, cidadãos ou pequenos produtores.
Nestas premissas, a compreensão da responsabilidade implica na conscientização
do consumo em massa e das necessidades de consumo, além disso, também
implica nas relações justas e sustentáveis no processo de produção, venda e
recolhimento dos produtos inutilizados.
De acordo com Pontuschka et al (2007, p.173), o estudo do meio
[...] é uma metodologia de ensino interdisciplinar que pretende desvendar a complexidade de um espaço determinado extremamente dinâmico e em constante transformação, cuja totalidade dificilmente uma disciplina escolar isolada pode dar conta de compreender.
Para Lopes e Pontuschka (2010), o estudo do meio está fundamentado em
três pilares, dialógico, investigativo e interdisciplinar, pois para os autores o ponto de
partida é o diálogo a respeito dos problemas e desafios encontrados de uma
determinada sociedade, investigativos por que professores e alunos embora com
níveis de conhecimentos diferenciados sejam parceiros na verificação do
conhecimento consagrado e pesquisado, interdisciplinar, por desvendar a
complexidade de um determinado espaço dinâmico e em transformação
necessitando da colaboração de outros saberes.
Cortez (2009) enfatiza a responsabilidade de 170 países que apontaram um
série de medidas e estratégias para o manejo dos resíduos com a implantação dos 3
RS (reduzir, Reutilizar, Reciclar). Estas medidas estão contidas na Agenda 21, com
o intuito de amenizar os problemas ambientais e ampliar as condições sustentáveis
do planeta, deixando clara a preocupação com o impacto ambiental de diferentes
estilos de vida e padrões de consumo.
Mesmo com a Agenda 21 elaborada, sendo um documento acordado entre os
17 países, observa-se ainda a falta de implementação das políticas públicas, a falta
de empenho do setor público e do privado no resguardo da qualidade de vida das
populações atuais e das gerações futuras. Desta forma, o recolhimento do lixo
eletrônico faz parte da temática que envolve a coleta seletiva de lixo, com destino
necessário para os resíduos possam ser reutilizados ou até mesmo com descarte
correto do seu fim.
De acordo com Pontuschka et al (2007) é preciso definir os momentos e as
respectivas ações do estudo do meio. Para isso, é importante pensar no período de
tempo mais longo e estabelecer etapas de investigação. Para os autores que
defendem a metodologia do estudo do meio existem, alguns quesitos necessário
para a realização do mesmo, dentre eles destacam-se:
− Consolidação de um método de ensino interdisciplinar denominado estudo
do meio, no qual interagem a pesquisa e ensino;
− O reconhecimento do espaço social a ser estudado, no qual o arrolamento
das fontes (de natureza variadas-arquivos memórias e objetos matérias) de sua
história e imprescindível;
− Definição do problema a ser estudado;
− Levantamento dos sujeitos sociais a ser contatados para as entrevistas;
− Organização do roteiro a ser seguido, com a identificação de todas às
atividades, seja de coleta de material, seja de divisão de trabalho ou de seleção de
material e equipamento a serem usados;
− Emersão de conteúdos curriculares disciplinares e interdisciplinares a ser
contemplados na programação;
− Criação de recursos didáticos baseados nos registros;
− Divulgação dos processos e do resultado;
Para o ensino da Geografia que permita a compreensão da natureza e
interrelacionada com a sociedade, levando em consideração as ações do homem, o
professor deve fazer uso do estudo do meio como uma possibilidade de ensino
formativo, que possibilite ao aluno o domínio dos avanços técnico-científicos. No
intuito deformar novas atitudes e valores, ferramentas essenciais para a vida em
sociedade, pois reúne informação com vivência participativa possibilitando o
desenvolvimento da cidadania.
Neste sentido, Cavalcanti (2002) afirma que a Geografia escolar tem
procurado pensar o seu papel em uma sociedade com grandes mudanças,
indicando novos conteúdos, reafirmando outros, reatualizando alguns outros,
questionando métodos convencionais, postulando novos métodos.
Portanto, entre diversas metodologias, usadas nas aulas de Geografia estudo
do meio se coloca como um método que possibilita ao aluno desenvolver o espírito
de síntese, aprendendo a observar, descobrir, registrar, também utilizar-se de
diferentes meios de expressão, possibilitando uma aproximação do espaço de
vivência bem como a compreensão de espaços mais amplos, como o nacional e
mundial.
É neste contexto foi desenvolvido neste projeto de intervenção o estudo meio
enfatizando o descarte do lixo eletrônico, tendo em vista que nos dias atuais as
tecnologias estão presentes na maioria dos segmentos da sociedade, com um
consumo em massa desde uma grande indústria até uma pequena residência, nos
diferentes ambientes as pessoas dispõem de diversas tecnologias, que inclui
celulares, ipod, netebook, notebook, tablet, Xbox entre outros, todas essas
conquistas são decorrentes dos avanços ocorridos nas diferentes ciências nas
últimas décadas e necessitam urgentemente de políticas eficientes para seu destino
final quando não são mais utilizadas.
Para que o ser humano tenha hoje a seu dispor toda esta tecnologia as
ciências passaram por diferentes momentos, o reconhecimento se deu somente com
o início da Primeira Guerra Mundial, neste período a população necessitava de mais
alimentos, de medicamentos, novos equipamentos bélicos, transportes adequados
para os combates. Para suprir as necessidades emergentes do momento, as
pesquisas nas diferentes áreas do conhecimento, começaram a ser incentivadas,
surgiram grandes descobertas na área tecnológica. Hoje passado algum tempo
constata-se que essas descobertas contribuíram para a vida do homem, mas,
trouxeram consequências sérias principalmente ao meio ambiente. Porém, todas
essas inovações trazem consequências que devem ser (re) pensadas e a escola e
uma das portas que devem ser abertas a este processo.
Uma das principais consequências das descobertas tecnológicas e o lixo
eletrônico produzido a partir de equipamentos eletroeletrônicos que o ser humano
passa grande parte de sua vida em constante contato, tais como aparelhos
celulares, computadores, televisores, agendas eletrônicas, etc. Quando estes
aparelhos perdem suas utilidades, por danos, pelo tempo de vida útil, ou por
estarem obsoletos a novas tecnologias, se tornam resíduos, e estes contêm
substâncias que podem causar danos à saúde e ao meio ambiente. Para que isso
não aconteça devem ter o destino correto, no entanto grande parte do lixo eletrônico
gerado pela população, não são descartados corretamente, e esta ação está
crescendo cada vez mais, devido às pessoas não terem consciência do perigo que
estão causando e principalmente devido ao avanço contínuo da tecnologia, pois a
cada dia novos produtos descartáveis e com tecnologia superam os aparelhos
anteriores.
O lixo eletrônico é um problema de responsabilidade das empresas, do
governo, da sociedade e das instituições de ensino, considerando o papel exercido
pelas instituições educacionais na formação de cidadãos, de modo a perpetuar e
desenvolver a cultura, a personalidade individual e promover a socialização e por
sua natureza peculiar de envolverem-se com o futuro.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para o desenvolvimento desta pesquisa adotamos a proposta metodológica
pautada no estudo do meio, tendo por base a definição do problema a ser estudado,
neste caso o “o lixo eletrônico”. O reconhecimento do espaço social a ser estudado,
sendo estes constituídos de diferentes atores (alunos, professores e comunidade) e
os sujeitos sociais envolvidos na entrevistas. O estudo do meio foi organizado em
seis etapas: a) o contexto da delimitação geográfica do espaço; b) conscientização
sobre o uso e o consumo de equipamentos tecnológicos; c) o descarte indevido; d) a
problemática causada ao meio ambiente e a saúde; e) os procedimentos
sustentáveis e saudáveis e beneficio para a população; f) renda para as pessoas
envolvidas no processo de finalização desses produtos, além do uso consciente de
equipamentos eletrônicos.
Para desenvolver o estudo do meio, foram utilizadas pesquisas, articuladas
em diferentes fontes, como: livros, jornais, filmes, documentários, revistas, charges,
tirinhas fotografias, sites, poemas, letras de músicas entre outros, que contribuíram
para o desenvolvimento da pesquisa.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os resultados apresentados envolvem os dados obtidos com o estudo do
meio envolvendo diferentes atores, dentre eles, professores, alunos, comunidade. A
análise visa à conscientização sobre a produção do lixo eletrônico sendo este
causado pelo consumo de produtos tecnológicos.
A primeira atividade do estudo do meio se refere à conscientização dos
alunos abordando temas ligados a coleta seletiva do lixo eletrônico como forma de
explorar os conhecimentos dos alunos. Para tanto utilizamos o vídeo com o tema
“Lixo Digital”, proporcionado debate contextualizado sobre o assunto com
abordagens de questões sobre os lixos sólidos domésticos provenientes de
equipamentos eletro eletrônicos, tais como pilhas, baterias e outros componentes
eletrônicos e questionamentos a respeito do procedimento feito para descartados no
ambiente familiar.
Dentro dessa perspectivas envolvemos a família dos alunos pesquisadores
por meio de entrevistas seguida de questionário com seus familiares. Com a
participação da família, os alunos foram interados sobre o assunto, pois os pais
comentaram alguns aspectos relevantes sobre o consumo exagerado de produtos
eletrônicos e sobre a sobrecarga do lixo gerado pelo consumo impulsionador de
equipamentos tecnológicos.
Os alunos foram estimulados a desenvolver pesquisas bibliográficas, a
pesquisar coleta de vídeos informativos sobre lixo tecnológico, causas e
consequências, a interferência da mídia no consumo de produtos tecnológicos e a
responsabilidade das empresas públicas e privadas neste seguimento.
Para isso, houve orientação a respeito das leis que regulamentam no Brasil e
no Paraná o descarte do lixo eletrônico, com a Lei N° 12.305, de 2 de agosto de
2010, que institui a política nacional de resíduos sólidos com abordagem sobre a
prevenção e a precaução, bem como a visão sistêmica, na gestão dos resíduos
sólidos, que considera as variáveis ambiental, social, cultural, econômica,
tecnológica de saúde pública e o desenvolvimento sustentável, com argumentos que
contemplaram a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental, o uso
consciente de equipamentos eletrônicos, a redução, reutilização, reciclagem e
tratamento dos resíduos sólidos, e o tratamento necessário para o lixo eletrônico
gerado pela sociedade humana.
Os alunos tiveram interação com questionamentos sobre o assunto, que
também gerou uma curiosidade conhecer os problemas causados por pilhas,
baterias, monitores e outros elementos que além de danificar o meio, causa muitos
danos a saúde. O que foi respondido pela professora pesquisadora e também por
eles mesmos, em suas pesquisas sobre o assunto. Outro tema questionado foi à
degradação do meio ambiente, nas correntes freáticas e no solo, o que pode ser
percebido a capacidade de refletir sobre as necessidades de conscientização, o qual
os alunos ficaram perplexos sobre a contaminação da água e fizeram referências
sobre a escassez da água potável, a falta de chuvas e suas relações com o
desmatamento.
Para reforçar a contextualização do lixo eletrônico como estudo do meio e
inserir o conhecimento por meio dos conteúdos sitematizados, foram
contextualizados a Lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981 e o Decreto n o 99.274,
de 6 de junho de 1990, que considera os impactos causados ao meio ambiente pelo
descarte inadequado de pilhas e baterias usadas como um fator negativo ao meio
ambiente, sendo necessário disciplinar o descarte e o gerenciamento
ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas, no que tange à coleta,
reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final.
Para compreender melhor sobre o descarte, os alunos realizaram uma
pesquisa bibliográfica a respeito dos danos causados a saúde do homem e ao meio
ambiente o descarte incorreto do lixo eletrônico, bem como os materiais noviços que
contém as sucatas dos lixos eletrônicos, produziram um mural com informações para
a comunidade escolar.
Desta forma, o artigo 1º do Decreto Nº 99.274, procura explicar que as pilhas
e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus
compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos
ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletro-eletrônicos que as
contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu
esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que
as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas
indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem,
diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.
Tendo em vista as atribuições das leis trabalhadas, os alunos conseguiram
compreender o consumo acelerado dos equipamentos tecnológicos e suas vertentes
sobre a geração do lixo, que sendo descartado em locais inadequados podem
causar danos e prejuízos à saúde e ao meio ambiente na produção de recursos
naturais. Os alunos opinaram em relação ao consumo de celulares, computadores,
tablets e outros equipamentos tecnológicos, analisando que em alguns casos é
desnecessário quando a pessoa obtém mais de um celular ou equipamento, para
manter status ou porque surgiu um lançamento, mais moderno e mais atrativo, sem
a necessidade de uso, mas que de certa forma é um atrativo de consumo, por ser
moderno.
Com todo esse trabalho realizado e contextualizado, o envolvimento da
família faz parte da construção sobre o uso consciente e o descarte adequado do
lixo eletrônico, onde os alunos levaram questionários para suas casas, e em
conversa com seus familiares explicaram sobre os problemas gerados para toda a
população com o descarte indevido do lixo eletrônico. Assim, os alunos passaram
passa seus familiares o conhecimento adquirido na escola, possibilitando espalhar
as informações para outras pessoas da comunidade, como vizinhos e outros
familiares, que não residem na mesma moradia, além de ser uma estratégia de
conscientização que parte do princípio do conhecimento proporcionado pela escola.
Nesta abordagem, os alunos juntamente com seus familiares responderam
um questionário sobre o conhecimento do lixo eletrônico e a existência da coleta
seletiva para esses matérias, sendo ao todo entrevistadas 102 pessoas que compõe
o grupo familiar dos alunos entre outros membros da população. Após a aplicação
do questionário para o público selecionado, os dados foram analisados e tabulados
pelos alunos, os quais buscaram tabular de acordo com a porcentagem de
entrevistas e questionários aplicados, estando especificados no gráfico 1.
Gráfico 1 – Entrevista com a comunidade escolar sobre o lixo eletrônico.
Fonte: Resultado da Pesquisa.
O questionário aplicado pelos alunos, também contempla questionamentos
sobre a existência de coletas seletivas do lixo eletrônico no município de Juranda-
PR, onde os familiares apresentaram os resultados especificados no gráfico 2.
Gráfico 2 – Entrevista com a comunidade escolar sobre a existência da coleta
seletiva do Lixo Eletrônico.
Fonte: Resultado da Pesquisa.
Com a interação dos alunos sobre o tema abordando o lixo eletrônico e as
variáveis relacionadas nos textos e matérias sobre o assunto, pesquisando e
analisando o teor das informações, produziram textos sobre o assunto e desenhos a
partir das informações coletadas com as pesquisas bibliográficas e vídeos. Eles
utilizaram dessas informações para confeccionar o material de conscientização,
como cartazes (figuras 1 e 2), folders (figura 3) e textos explicativos sobre o tema.
Figura 1 e 2: Cartaz elaborado pelos alunos.
Foto: Mazilda Aparecida Borges.
Figura 03: Cartaz produzido para a coleta seletiva.
Org.: Mazilda Aparecida Borges.
A partir de então, foi realizado a coleta do lixo eletrônico, com o envolvimento
da Secretaria de Meio Ambiente de Juranda-PR, e empresas tais Master informática,
Magro Cel e Revenderora Tim, realizou um mutirão de recolhimento do lixo
eletrônico, disponibilizando a população Pontos de Entrega Voluntária de Sucatas
Eletrônicas, em diversos pontos tais como: no Colégio Estadual João Maffei Rosa,
sendo no total fixado nove pontos de recolhimento, além de uma programação de
coleta itinerante em distintas regiões da cidade e em áreas rurais.
Nos pontos, de referências indicados como fixos ou itinerantes, foram
descartados computadores, televisores e monitores, aparelhos de vídeo e som,
telefones celulares, baterias e pilhas, entre outros eletroeletrônicos diversos. Apenas
lâmpadas fluorescentes e cartuchos não foram coletados, por não ser de atividade
da empresa coletora. Para essa coleta, a comunidade teve mobilização para trazer
os materiais recicláveis até os pontos informados (figura 4 ).
Figura 04: Local da coleta seletiva. Foto: Mazilda Aparecida Borges.
Em dois dias de mutirão realizado na escola e em outros pontos da cidade foram
coletados aproximadamente 800 km de lixo eletrônicos de deixaram as casas e foram
destinados corretamente pela empresa “A Recicla Eletrônicos,” que seguiu para
descaracterização (desmontagem e separação por material) e após é reinserido na
indústria como matéria prima.
Esse processo de reciclagem estabelece a logística reversa para esses
materiais e atende às exigências da Lei Nacional nº 12.305/10, que institui a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e a Lei Estadual/PR n° 15851, que exige a
reciclagem desses resíduos sem causar poluição ambiental.
Após toda a coleta do lixo eletrônico, com o intuito de enfatizar a veracidade do
trabalho realizado pela professora e os alunos, além de gerar uma satisfação para a
comunidade do município de Juranda-PR, os alunos participaram da última etapa do
projeto, com a confecção de folders com resultados sobre a quantidade aproximada do
material coletado, com informações e sobre o destino desses produtos após sua
coleta. Os alunos demonstraram interação com a disciplina e foram motivados na
elaboração de cartazes e folders informativos sobre a importância da coleta seletiva de
forma a contribuir com o meio ambiente e a geração de fontes alternativas de renda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo desenvolver através do ensino escolar práticas
de aprendizagens, que visam promover o estudo do meio nos conteúdos escolares da
disciplina de Geografia. Desta forma, teve como destaque o uso em massa de
equipamentos eletrônicos e a geração de lixos, ocasionados com o consumo destes
produtos, sendo observado que, as pessoas pesquisadas na área urbana, reconhecem
o perigo que o lixo eletrônico pode causar, ainda assim, depositam nas lixeiras do lixo
comum ou guardam em armários ou caixas, e com isso, acabam correndo o risco de
agredir a própria saúde. Já na área rural, os habitantes costumam enterrar no solo ou
ate queimar, prática que acaba contaminando os lençóis freáticos, o ar e o solo,
colocando em risco a saúde de muitas pessoas que vivem nessa área.
Diante dessa problemática, foi necessária uma atuação frente a essa situação,
ou seja, monitorar e educar para o destino correto do lixo eletrônico, o mutirão para
este tipo de coleta foi à solução encontrada o que proporcionará uma melhoria na
qualidade de vida da população. Isso garantirá aos habitantes um ambiente livre do lixo
eletrônico e, por conseguinte, uma vida sem riscos de doenças.
Esta pesquisa serviu para criar uma consciência dos alunos do 9ºB a respeito do
perigo do descarte errado deste tipo de lixo, compreendendo que nosso município
também esta em uma situação de risco, justificando a necessidade de cobrar junto o
órgão responsável Secretária do Meio Ambiente, um medida que diminua este risco de
contaminação, assim foi realizado um Mutirão para o recolhimento do lixo eletrônico
dias 23 e 24 de maio do ano de 2014 com o compromisso firmado para a sua
realização a cada seis meses.
Contudo, concluímos que apesar de ser um processo cauteloso e que exige
muito esforço por parte de professores, alunos e comunidade, se faz necessário para a
conscientização e conhecimento sobre as problemáticas que o consumo excessivo de
componentes eletrônicos pode causar na vida das pessoas. Além disso, é uma forma
de conscientizar a população sobre a eficiência dos hábitos saudáveis que podem
contribuir com atitudes conscientes para a preservação do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
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