Post on 09-Nov-2018
O Surgimento do Fascismo
A Europa, durante a Primeira Guerra Mundial,
viveu uma conjuntura de destruição material,
perdas humanas e mutilações, obscuridade
cultural, desemprego e inflação. Essa situação
gerou greves, revoltas e mobilizações que
contestaram a ordem capitalista. A crise, que
parecia estar preparando o terreno para uma
revolução socialista semelhante a que havia
ocorrido alguns anos antes no Império Russo,
acabou contribuindo para o desenvolvimento de
movimentos pró-ditatoriais e totalitários de
extrema direita.
O que significa FASCISMO?
A palavra "fascismo" deriva de fascio,
nome de grupos políticos ou de
militância que surgiram na Itália entre
fins do século XIX e começo do século
XX; mas também de fasces, que nos
tempos do Império Romano era um
símbolo dos magistrados: um machado
cujo cabo era rodeado de varas,
simbolizando o poder do Estado e a
unidade do povo. (Wikipédia)
O Fascismo na Itália A Itália estava insatisfeita com o que recebera pelas
contribuições na I Guerra Mundial. O prejuízo da guerra
foi enorme, além de fome, desemprego e inflação.
Em 1919, Benito Mussolini criou o Squadri de
Combattimento e o Fasci de Combattimento, grupos
paramilitares de combate à esquerda e ao movimento
operário italiano.
1921- É fundado o Partido Nacional Fascista .
1922- Os socialistas organizam uma greve geral para
agosto. Em 27 de outubro os fascistas promovem a
Marcha Sobre Roma, ocupando ruas, praças e edifícios
públicos. Desejavam o “restabelecimento da ordem”.
Assim o rei Vitor Emanuel III entregou o ministério a
Mussolini.
O Fascismo na Itália
Mussolini não implementou uma ditadura de imediato.
Aceitou em certa parte os opositores.
Em 1924 ocorreram eleições, que foram manipuladas. Os
fascistas foram a maioria.
Mas aos poucos o regime endurecia: foi imposta a
censura e jornais foram fechados; partidos políticos
foram proibidos; deputados opositores foram cassados,
presos ou exilados.
Desta forma, Mussolini implementou o Estado
Totalitário e se tornou o guia supremo da Itália, o Duce.
O Fascismo na Itália Em 1927 foi criada a Carta Del Lavoro, documento que
expunha os princípios fundamentais da doutrina
corporativista italiana. Nele havia concessões aos
trabalhadores, mas também havia alguns impedimentos
como o direito de greve. Vejamos os principais pontos
deste documento:
Jornada de trabalho de 8 horas diárias;
Seguro contra acidentes;
Proibição de greves;
Os sindicatos foram transformados em corporações de
representantes de operários, patrões e representantes
do governo.
O Fascismo na Itália
Em 1929 Mussolini obteve definitivamente o apoio da
Igreja Católica com o Tratado de Latrão: Durante a
Unificação Italiana surgiu um conflito entre a Igreja e o
Estado italiano. Através deste tratado foi criado o
Estado do Vaticano, a Igreja recebeu indenização pelas
terras perdidas durante a unificação, o catolicismo se
tornou a religião oficial da Itália e o ensino religioso
passou a ser obrigatória nas escolas.
Fascismo na Alemanha, o Nazismo
A Alemanha sofria o peso do tratado de Versalhes
(1919). Ela foi considerada culpada pela I Guerra
Mundial, por isso foi obrigada a pagar pesadas
indenizações de guerra aos vencedores, que ainda
impuseram o desarmamento e reduziu seu território.
Em 1919 a Liga Espartaquista (socialistas alemães),
tentou dar um golpe de Estado. Mas o golpe falhou e seus
líderes foram presos e assassinados.
A Direita ficou preocupada com o Movimento operário
de Esquerda e se aliou ao Partido Nacional-Socialista
Alemão, mais conhecido como Partido Nazista.
Desde de 1920 Adolf Hitler já era a principal figura do
partido e tentou neste ano dar um golpe de estado, mas
foi preso. No cárcere escreveu o livro Mein Kampt.
Fascismo na Alemanha, o Nazismo
Mein Kampt, que expunha as a ideologia máxima do
nazismo dizia que:
Superioridade da raça Ariana;
A expansão militar para conquistar o “espaço vital” por
direito dos alemães (imperialismo alemão);
A Crise de 1929 piorou a situação econômica e social da
Alemanha. Havia o medo de uma revolução social, pois
fome, desemprego e miséria tomavam conta do país;
Fascismo na Alemanha, o Nazismo
Os Nazistas se destacaram nas eleições de 1932. Neste ano
Hitler concorreu para o cargo de presidente, mas perdeu.
Porém o presidente eleito, Hindemburg, precisava de
apoio político e para isso nomeou Hitler como Chanceler
da Alemanha.
Ao chegar à Chancelaria, Hitler mandou incendiar o
Reichstag, o Parlamento Alemão, e acusou os
comunistas, logo depois o Partido Comunista Alemão é
fechado.
Em 1934 o presidente Hindemburg morreu. Hitler passou
a acumular as funções de Chefe de Governo e Chefe de
Estado. Ele se torna o Füher da Alemanha.
O Holocausto A ideologia nazista se baseava na luta racial, no culto à
força e ao poder, na submissão do indivíduo ao Estado,
na primazia do emocional sobre o racional. O que dava
coerência às teorias nazistas, contudo, era um outro
aspecto de sua ideologia, talvez o mais conhecido: o anti-
semitismo.
O nazismo tinha, de fato, uma concepção delirante: se os
arianos representavam a luz do mundo, os judeus
simbolizavam o mal. Difícil de ser comprovada, essa
visão animava Hitler e seus adeptos: todo o mal do
mundo se originaria dos judeus. Eles seriam
responsáveis pelas ideologias antiarianas, como o
liberalismo e o comunismo, além de haver causado a
derrota alemã na Primeira Guerra e contaminado a raça
branca. A sobrevivência dessa raça dependeria da
derrota dos judeus. Esse anti-semitismo foi levado a
extremos horripilantes, como o massacre programado
dos campos de extermínio.
Holocausto: Prisioneiros libertados por força aliadas em 7/maio/1945 - seriam
utilizados para experimentos e autópsia.
O Fascismo no Brasil, aspectos
Diferentemente da Itália e da Alemanha, não
tivemos um regime fascista, mas aspectos desta
ideologia estavam presentes dentro dos círculos
intelectuais, políticos e militares da época.
Estudaremos esses aspectos fascistas no Brasil
durante o chamado Período Vargas (1930-1945).
O Fascismo no Brasil: O Integralismo
No Brasil, surgiram algumas pequenas organizações
fascistas na década de 1920.
Em 1932, após a Revolução Constitucionalista, Plínio
Salgado e outros intelectuais fundaram em São Paulo a
Ação Integralista Brasileira, a AIB.
O integralismo se definiu como uma doutrina
nacionalista.
Considerava como seus inimigos o liberalismo, o
socialismo e o capitalismo financeiro, em mãos de
judeus. Negava a pluralidade de partidos políticos e a
representação individual dos cidadãos.
O Estado Integralista seria constituído pelo chefe da
nação, abrigando em seu interior órgãos
representativos das profissões e entidades culturais.
“Deus, Pátria e Família”, era o lema do movimento.
O Fascismo no Brasil: O Integralismo
O integralismo foi muito eficaz na utilização de
rituais e símbolos: o culto da personalidade do
chefe nacional, as cerimônias de adesão, os
desfiles dos “Camisas-Verdes”, ostentando
braçadeiras com a letra grega sigma ∑.
Os principais integrantes do integralismo
vinham das classes médias urbanas. O número de
militares era reduzido.
O integralismo conseguiu um número
considerável de aderentes. Estima-se que chegou
a ter entre 100 mil a 200 mil integrantes no
período do auge (fins de 1937), o que não é
pouco, considerando-se o baixo grau de
mobilização política existente no país.
Símbolos e propagandas do Integralismo
Cartaz de propaganda
Integralista. A palavra
Anauê é um vocábulo de
origem tupi, que servia
como saudação entre os
indígenas e de brado. É uma
palavra com conteúdo
afetivo que significa: “Você é
meu irmão”.
Com o Movimento
Integralista foi incorporada
como saudação oficial entre
seus integrantes e foi a
consagrada em louvor do
Sigma. Servia ainda para
exaltar, afirmar, consagrar e
manifestar alegria.
O Fascismo no Brasil: O Integralismo
Integralistas e comunistas se enfrentaram
mortalmente ao longo dos anos de 1930. os dois
movimentos tinham entretanto pontos em comum: a
crítica ao Estado liberal, a valorização do partido
único, o culto da personalidade do líder.
Os integralistas combatiam principalmente a Aliança
Nacional Libertadora, a ANL, que tinha como
principal líder Luís Carlos Prestes.
Em 1935 Vargas colocou a ANL na ilegalidade. Meses
depois em um quartel de Natal iniciou-se um levante
de comunistas. Este movimento ficou conhecido como
a Intentona Comunista. O levante falhou. Membros da
AIB ajudaram na repressão.
O Fascismo no Brasil: O Integralismo
A Intentona Comunista foi um bom motivo para Vargas
agitar o medo da população com relação ao comunismo.
Em 1937 foi elaborado junto com integrantes da AIB o
Plano Cohen, que dizia que o Brasil sofreria uma
insurreição comunista que provocaria massacres,
saques e depredações, desrespeito aos lares, incêndios
de igrejas. O plano era falso e serviu para Vargas
instalar o Estado Novo, ou seja, a ditadura de Vargas.
Com o Estado Novo todos os partidos políticos foram
fechados, inclusive a AIB.
O Fascismo no Brasil: O Integralismo
Devido à dissolução da AIB, com a instauração do
Estado Novo em novembro de 1937, alguns integralistas
insurgiram-se tentando dar um contra-golpe à ditadura
de Vargas, em 1938.
Severo Fournier, liderando os integralistas, atacou, em
11 de maio de 1938, o Palácio Guanabara. Eram 80 ao
todo, dentre eles um membro da família imperial
brasileira. Em resposta, muitos foram fuzilados, outros
tantos feridos. Cerca de 1500 integralistas acabaram
presos e ficaram sob a responsabilidade de Filinto
Müller para interrogá-los. Plínio Salgado, ao final, foi
exilado em Portugal.
E assim chega ao fim esta fase do integralismo
brasileiro, que nunca deixou de existir.
O Fascismo no Brasil, aspectos
O governo Vargas (1930-1945) apresentou aspectos da
doutrina fascista como centralização política, extinção dos
partidos políticos, leis que protegiam a indústria nacional e os
trabalhadores.
A Política trabalhista:
A Política Trabalhista de Vargas tinha por objetivo reprimir
os esforços organizatórios da classe trabalhadora urbana fora
do controle do Estado e atraí-la para o lado do governo.
Em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, com a criação de leis trabalhistas de proteção ao
trabalhador, regulamentavam o trabalho das mulheres e dos
menores, a concessão de férias, o limite de oito horas de
jornada; enquadramento dos sindicatos pelo Estado.
Os sindicatos estariam ligados ao Ministério do Trabalho, sua
legalidade dependia deste. Só era permitido um sindicato
único por classe.
Criou-se as Juntas de Conciliação e Julgamento, para julgar
conflitos entre patrões e empregados.
O Fascismo no Brasil, aspectos
A Política Trabalhista de Vargas foi um nítido exemplo
de uma ampla iniciativa que não veio de uma classe
social (principalmente trabalhadores), e sim da ação do
Estado.
Com a sua Política Trabalhista, Vargas desejava afastar
das classes operárias o desejo de uma revolução social,
ou seja, da possível derrubado do governo e a instalação
de um regime comunista, como na Rússia. A concessão
de direitos aos trabalhadores esfriavam as disputas
destes com os patrões, não ocorrendo um conflito entre
classes.
O Fascismo no Brasil, aspectos
O Estado Novo
O período conhecido como Estado Novo vai de 1937 a
1945. É a ditadura de Vargas. O Congresso foi fechado
em 10 de novembro de 1937, assim Vargas se o único
dirigente da Nação.
Ao contrário da Alemanha e da Itália, nas quais havia
um partido único que governava o país, no Brasil não
havia nenhum partido, todas as decisões eram tomadas
por Vargas.
No mesmo ano foi outorgada (imposta) uma nova
Constituição que dava ao presidente grandes poderes
para governar.
O Fascismo no Brasil, aspectos
A Centralização
A Centralização política foi marcante durante o Estado Novo.
Os governadores dos estados passaram a ser indicados por
Vargas. Esses governadores indicados eram chamados de
Interventores.
Havia o interesse de “apagar” as disputas entre os estados
brasileiros, para que todos se voltassem para os objetivos da
Nação.
Uma demonstração da centralização foi a extinção das
bandeiras estaduais, incineradas em praça pública, em
cerimônia simbólica, em frente à Bandeira do Brasil. A
cerimônia da incineração das bandeiras dos vinte Estados
brasileiros foi realizada durante a grande cerimônia cívica do
dia 27 de novembro de 1937, na praia do Russel, perante o altar
da Pátria, onde se estampava gigantesca, bela e majestosa
Bandeira Nacional. Presentes o Presidente Getúlio Vargas e
todos os ministros de Estado, altas autoridades civis e
militares e incalculável multidão, foram os símbolos estaduais
representantes do sentimento regionalista, queimados.
O Fascismo no Brasil, aspectos
O controle da opinião pública
Assim como os regimes fascistas da Europa, Vargas
procurou assegurar o controle de sua imagem e do Brasil
durante seu governo.
O presidente tarou de formar uma ampla opinião pública
a seu favor, pela censura aos meios de comunicação e pela
elaboração de sua própria versão da fase histórica que o
país viva.
Em 1939 foi criado o Departamento de imprensa e
Propaganda, DIP. O DIP controlava o cinema, o rádio, o
teatro, a literatura, proibia da entrada de notícia
“nocivas aos interesses brasileiros”, buscava evitar que
fossem publicadas no exterior “informações nocivas ao
crédito e à cultura do país”.
Como DIP foi criada a “Hora do Brasil”, programa
radiofônico de propaganda e divulgação das obras do
governo.
Exaltação de Getulio em Cartaz produzido pela DIP convocando
trabalhadores para comemorar o 1 de maio.
O anúncio da CLT foi mostrado de forma propagandística, dando a conotação de uma
lei fruto da iniciativa e generosidade de uma só pessoa. 1943.
O Fascismo no Brasil, aspectos
A Política Trabalhista no Estado Novo
As políticas trabalhistas não se alteraram muito durante o
período do Estado Novo.
Em 1940 foi criado o Imposto Sindical, que financiava os
sindicatos e subordinava estes ao Estado. Este imposto é
uma contribuição anual obrigatória, correspondente a um
dia de trabalho, pago pelo empregado.
Em 1939 foi criada a Justiça do Trabalho, cuja origem eram
as Juntas de Conciliação e Julgamento.
As leis trabalhistas foram reunidas e em 1943 surgiu a
Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, que também
existe nos dias atuais.
Foi durante o Estado Novo que o Salário Mínimo foi
aplicado, apesar de existir desde a Constituição de 1934.
segundo a lei o salário mínimo de ser capaz de satisfazer às
necessidades do trabalhador. Cada estado tinha um salário
mínimo, conforme os custos de vida.
O Fascismo no Brasil, aspectos
A Política Trabalhista no Estado Novo
Construiu-se a imagem de Vargas como o protetor dos
trabalhadores, o “pai dos pobres”. Essa imagem era
reforçada pro meios de programas de rádio como a Hora
do Brasil e por cerimônias comemorativas, como as de
Primeiro de maio, o Dia do Trabalhador, realizadas a
partir de 1939 no estádio do Vasco da Gama, em São
Januário – o maior estádio brasileiro na época. Somente
em 1944 as comemorações se deslocaram para o
Pacaembu, em São Paulo.
Vargas era o guia e o pai dos trabalhadores brasileiros.
Ele beneficiava a sua gente e dela esperava apoio e
fidelidade. Seu grande sucesso político se deve a fatores
sociais e à eficácia da construção simbólica.
O Fascismo no Brasil, aspectos
O fim da Era Vargas
Devido a um acordo com os Estados Unidos, no qual
Vargas conseguia empréstimos para a construção de
uma siderúrgica (para a produção de aço), o Brasil
entrou na II Guerra Mundial ao lado dos Aliados
(França, Inglaterra e Estados Unidos).
O governo Vargas tinha características fascistas, haviam
políticos e militares que apoiavam Vargas que eram
fascistas, e, no entanto, ele se aliou às democracias
contra os fascistas. Uma contradição, não é?
Com isso Vargas passou a sofrer pressão de vários
setores da sociedade brasileira, até ser deposto em 1945.