Post on 17-Apr-2015
Outras Dicotomias de Saussure:(1) Sincronia e diacronia;(2) Sintagma e relações associativas.
Sincronia e Diacronia
É relativamente consensual, entre os linguistas, a ideia de que a intervenção do tempo cria, na Linguística, dificuldades particulares e situa esta ciência perante dois caminhos absolutamente diferentes:
(1) SINCRONIA; (2) DIACRONIA.
Sincronia e Diacronia (cont.)
Sincronia e Diacronia (cont.) AB – eixo das simultaneidades –
referente às relações entre fenómenos coexistentes, que formam sistema, e percebidos pela mesma consciência colectiva; excluída qualquer intervenção temporal;
CD – eixo das sucessividades – só se pode contemplar cada fenómeno de cada vez, onde estão todos os fenómenos do eixo AB com as suas respectivas alterações, que não formam sistema e que, por isso, não são apreendidos pela mesma consciência colectiva.
Sincronia e Diacronia (cont.) Impedimento de estudar
concomitantemente as relações temporais e horizontais da língua.
Evolução e Linguística Evolutiva
Estados da Língua ou Linguística Estática
Sincronia e Diacronia (cont.)
Para o sujeito falante, a sucessão no tempo é inexistente: pois está perante um estado sincrónico. O linguista, que queira compreender cada estado sincrónico, terá de fazer tábua rasa dos estados anteriores e subsequentes (se os houver), o. s., ignorar a diacronia.
Sincronia e Diacronia (cont.) Reflexões: (1) Um facto sincrónico é um
acontecimento que tem, em si mesmo, a sua razão de ser; as consequências sincrónicas particulares, que dele possam advir, são-lhe totalmente estranhas;
(2) os factos diacrónicos não conduzem a uma alteração do sistema: só certos elementos são alterados.
Sincronia e Diacronia (cont.) (3) Carácter sempre fortuito de um
estado da língua: a língua não é um mecanismo criado e ajustado em vista aos conceitos que deve exprimir.
(4) Os factos que pertencem à série diacrónica são diferentes dos da série sincrónica: um facto de sincronia é sempre significativo; num facto diacrónico é preciso que o antigo lhe ceda o seu lugar.
Sincronia e Diacronia (cont.) (5) As alterações que se produzem não
têm qualquer intenção;
(6) A língua é um mecanismo que continua a funcionar, apesar das deteriorações que sofre;
(7) A língua é um sistema em que as suas partes podem e devem ser consideradas na sua solidariedade sincrónica.
Língua e Partida de Xadrez - Comparação (1) Cada estado do jogo corresponde
precisamente a um estado da língua;
(2) O sistema é sempre momentâneo;
(3) Os valores dependem de uma convenção imutável;
(4) Para passar para um equilíbrio, basta a deslocação de uma peça: não há alteração geral;
Língua e Partida de Xadrez – Comparação (cont.) (5) Cada jogada do xadrez faz movimentar
uma peça; também na língua as alterações só incidem sobre elementos isolados;
(6) As ressonâncias podem ser nulas, muito graves ou de importância média;
(7) A deslocação de uma peça é um facto absolutamente distinto do equilíbrio precedente e do subsequente: só os estados importam.
Língua e Partida de Xadrez – Comparação (cont.)
Ponto divergente: O jogador de xadrez provoca as
deslocações e exerce intencionalmente uma acção sobre o sistema. A língua não premedita nada: é espontânea e é fortuitamente que as suas peças se deslocam.
Sincronia e Diacronia (cont.)
O aspecto sincrónico prevalece sobre o diacrónico, uma vez que, para a massa falante, é a única e verdadeira realidade.
Tudo o que é sincrónico na língua é-o por via da fala.
SINTAGMA E RELAÇÕES ASSOCIATIVAS – OS DOIS EIXOS DA LINGUAGEM
Como se estabelecem as relações que unem os termos linguísticos?
SINTAGMA – combinação de peças, que possui, como suporte, a extensão;
RELAÇÕES ASSOCIATIVAS – “as unidades que têm entre si qualquer coisa de comum associam-se na memória e formam assim grupos em que existem relações diversas”.
Relações Associativas -Exemplo
Ensinado: (1) ensinar; ensino; (2) abusado; assimilado; enjoado;
parado; (3) Chiado; fado; soldado; (4) aprendido; sabido; doutrinado;
instruído; leccionado.
Sintagma e Relações Associativas
SINTAGMA
A frase é o tipo, por excelência, do sintagma.
E O SINTAGMA PERTENCERÁ À FALA OU À LÍNGUA?À LÍNGUA!
Porque a fala só consente a liberdade de combinar mediante certas regras e recorre, por vezes, a estruturas sintagmáticas já concebidas.
SINTAGMA (cont.)
Porque encontramos na língua: (1) sintagmas congelados: “pois é!”;
“vá lá”; (2) expressões não improvisadas:
“perder a cabeça”; atirar-se de cabeça”; “no que toca a”;
(3) construção de sintagmas segundo formas regulares: irresponsável; destravar; habilmente; diabinho.