Para quem quiser ler

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Para quem quiser lerTexto e formataçãoLeila Marinho Lage

Palavras... Elas chegam capciosas através de meu computador. Umas chegam quase silenciosas, num sussurro, para me lembrar que existe gente lá do outro lado pensando em mim. Ao menos, acreditando em mim, lendo minhas coisas.Algumas vêm elogiosas, no entanto, maliciosas, querendo ceifar minhas energias.

Ora... Como se eu tivesse nascido ontem... Não sou criança e não tenho medo do escuro.

O mundo real é tão ou mais importante que o virtual e neste mundo-selva eu sobrevivi, tendo que enfrentar feras olho a olho. São dois mundos, não paralelos, mas que fazem parte da mesma sociedade - e do meu dia-a-dia.

Escolhas são feitas. Eu decidi por esta: não me esconder e até me expor muitas vezes a maledicências e más interpretações. Conquisto admiradores, que comigo se compatibilizam, e cultivo invejas, indignações, inimigos escondidos nas sombras.

Quanta bobagem, meu Deus! O mundo é tão mais difícil. Pra que fazê-lo pior?

Ah, quantas estradas caminhei para estar aqui...Quantos nãos me foram oferecidos; quantos sins foram negados; quanto ódio acumulado que consegui extravasar através de letras à minha frente...

E tantas lágrimas, ao reviver situações que tentei em vão enterrar. Mas quanta alegria, quantas amizades lindas eu descobri neste mundo, que para mim é tão novo. Gente que sabe do que falo, simplesmente gente.

As letras me ensinaram e ensinam a me compreender e a me valorizar. Elas me devolveram a vida, ou a sua qualidade, que eu já pensava perdida. Elas cuidam de mim da mesma forma que eu cuido de as escrever devidamente. Estudo; procuro a forma certa de me expressar; penso, pondero frases; omito o que poderá ferir sem propósito; eu as uso como arma para protestar ou contestar; eu a elas recorro para aliviar minhas tristezas... e brinco... Solto uma gargalhada, sozinha na madrugada; viajo enquanto a maioria dorme.

Lá do outro lado, em algum momento, uma lágrima vai se encontrar com as minhas; alguém também vai subitamente rir como criança. Meu sorriso, nem sempre de situações reais, mas que vem da minha alma feliz, soube dizer ao outro o quanto se pode ser alegre, nem que por instantes.

Um som, uma imagem, a mensagem transmite um conjunto de sentidos que até pode fazer a diferença na vida de alguém. Mentes em comunhão, o conviver cordial, que encontram abrigo no pensamento bom, em contraposição à maldade e à pobreza de espírito. Não tão diferente do nosso cotidiano, onde nos deparamos com os olhos da negatividade.

Por que continuar? Pra quê? Onde vou parar?Não, não é possível parar. Não se para o fluxo dos rios tão facilmente. Constroem-se barreiras para conter as águas, mas elas transbordam. E a minha natureza é tão forte quanto a correnteza - a mesma corrente que me carregou pra cá.

Por mais que digam “Não há sentido”, digo que eu sou única, que ninguém poderá ser como eu. Todos somos únicos neste mundo. Indivíduos que se relacionam, mas são diferentes. Ninguém pode ser como eu se não viveu e não sentiu como eu. Não podem criticar o que não são capazes de abranger.

Não me espelho em ninguém; não procuro parecer com ninguém; nada almejo além de poder escrever, assim sobrevivendo a mim mesma. Talvez a maior razão para escrever seja a procura constante da minha identidade.

Não se pode encaixar peças idênticas. Para isso é preciso unir lados opostos. A gente joga nossa energia aleatoriamente e esta é alcançada por muita gente. Não se contém a repercussão dos nossos atos, da mesma forma que não posso conter meu espírito, e este quer perpetuar sua existência.Da Leilahttp://www.clubedadonameno.com

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Música: NocturneCom Andre Gagnon