Post on 08-Jul-2015
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PARQUE NACIONAL DA SERRA DO GANDARELA
criado no dia 13/10/2014.
COMEMORAR? NÃO DÁ!
Entenda os motivos
O Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado no dia 13/10/2014,
através de decreto da Presidente Dilma Rousseff.
A parte verde é o Parque Nacional da Serra do Gandarela criado.
Seus limites têm várias situações graves!
Ficaram de fora do Parque Nacional as áreas de interesse da mineração.
Empresa Vale: área pretendida
para a Mina Apolo
Empresa Ferro Puro Mineração
É justamente onde fica a maior parte da Serra do Gandarela e seus
mananciais.
Assim, ficou de fora o trecho mais significativo da Serra do Gandarela, onde está o maior número de atributos que justificam a criação do Parque Nacional.
Como as paisagens:
Maquiné
Bacia do Ribeirão da Prata com a Serra do Gandarela ao fundo
Paulo Baptista
Paulo Baptista
Observe no mapa a
quantidade de atributos que ficaram
fora do Parque
Nacional da Serra do
Gandarela para atender à Vale e seu
projeto Mina Apolo.
Entre estes atributos estão, pelo menos, duas áreas de Mata Atlântica primária, ou seja, que nunca sofreu corte. Este tipo de mata é protegida por lei pela sua raridade e importância.
Ficaram fora do Parque Nacional criado:
Uma paleotoca (toca de tatus gigantes extintos na
terra há 10.000 anos)
Quatro Cavidades de Máxima Relevância
Tom Alves
Cachoeira do Mergulho
Juliana Silva Juliana Silva
Cachoeira do Sol
Também ficaram de fora do Parque Nacional:
Cachoeira do Chuvisco
Alice Okawara
Não garantiram a preservação das últimas grandes áreas contínuas remanescentes do geossistema de cangas ferruginosas da Região Central de Minas Gerais.
Marília Bergamo
Cangas
1.984 hectares de cangas ferruginosas
ficaram fora do parque, sem proteção
(mais da metade do total)
As cangas protegem e alimentam os aquíferos mais importantes para o abastecimento dos municípios do entorno da Serra do Gandarela (Caeté, Santa Bárbara, Barão de Cocais, Raposos e Rio Acima) e de Belo Horizonte e sua Região Metropolitana.
Não protegeram completamente a bacia do Ribeirão da Prata, deixando de fora algumas de suas mais importantes nascentes, o que compromete o principal curso de água da região da Serra do Gandarela, estratégico para o futuro abastecimento de água de Belo Horizonte e sua região metropolitana.
Robson de Oliveira Ribeirão da Prata
Compromete também o Balneário de Raposos, que é patrimônio daquele município e sua população, e a Cachoeira de Santo Antônio, no distrito de Morro Vermelho em Caeté. Estes lugares já recebem centenas de visitantes nos finais de semana.
Cachoeira de Santo Antônio
Balneário de Raposos
Robson de Oliveira
Danilo Siqueira
Para favorecer a mineração não foi criado, junto com o Parque Nacional, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) pedida pelas comunidades.
Vale Mina Baú
Vale Serra Piaco
Assim, ficaram sem proteção as comunidades de André do Mato Dentro, Cruz dos Peixotos e Socorro, que são as mais próximas dos projetos pretendidos pela empresa Vale: Apolo, Piaco e Baú.
Serra do Piaco (Direitos minerários)
Vale Mina Baú
Vale Piaco
Vale Mina Apolo
As águas de classe especial que passam nessas comunidades, única fonte de abastecimento, nascem na Serra do Gandarela, na área onde a Vale quer minerar.
Cachoeira do Engenho
Alice Okawara
Pedro de Filippis
Mata de André do Mato Dentro
Ficaram também sem proteção lagoas de altitude, em canga, formações muito raras.
Lagoa das Antas
Lagoa dos Coutos
Alice Okawara
Manno França
Colocaram o Parque Nacional em áreas que as
comunidades pediram que fosse
uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS),
que não será criada.
Isso significa que:
• As comunidades que ali vivem há gerações não poderão mais desenvolver atividades tradicionais como a apicultura, o manejo de flora e coleta de musgos, inviabilizando o seu modo de vida e geração de renda, que justificaram o pedido da Reserva de Desenvolvimento Sustentável.
• Elas não tiveram seus direitos assegurados como parte do processo de criação do Parque Nacional e serão atingidas pela Unidade de Conservação que foi criada para atender a mineração e não para atender os objetivos a ela atribuídos pela sociedade e pela relevância da Serra do Gandarela.
O Parque Nacional avançou em áreas que os técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) avaliaram que podiam ficar fora, como resultado das demandas de proprietários recebidas durante as consultas públicas realizadas em maio/2012.
Exemplos
Isso significa que:
• Os proprietários que fizeram as demandas ao ICMBio no processo das consultas públicas, acreditando na sua legitimidade legal, serão surpreendidos por não terem sido atendidos sem uma justificativa para tal, ainda mais que na proposta de limites de 29/12/2012 tinham sido contemplados com ajustes para não serem desapropriados, já que suas áreas estavam na divisa do Parque Nacional.
O Parque Nacional também avançou em
áreas que não estavam nem na proposta técnica
inicial do ICMBio (outubro/2010) e nem na proposta levada às
consultas públicas realizadas em maio/2012.
Exemplos
Isso significa que:
• Os proprietários dessas áreas, que estavam fora dos limites apresentados nas consultas públicas de maio de 2012, não tiveram o direito de participar do processo de criação do Parque Nacional e se manifestar a respeito.
• Se existirem moradores nessas áreas, terão que sair, porque as propriedades serão desapropriadas. Isso foi cuidadosamente verificado na época da proposta inicial do ICMBio (outubro/2010) e da proposta levada às consultas públicas (maio/2012).
Perdas ambientais no decreto de criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela
CONCLUSÃO
Os limites do Parque Nacional da Serra do Gandarela, decretado no dia 13/10/1014, não são o resultado do seu processo de criação. Foram profundamente alterados e não atendem adequadamente aos objetivos desta Unidade de Conservação e às demandas da sociedade e das comunidades locais.
A partir dos primeiros dias de 2013, quando o processo foi
para o Ministério do Meio Ambiente, nem os técnicos do ICMBio, que o conheciam detalhadamente, e nem o nosso Movimento, que o solicitou e acompanhou desde setembro de 2009, participaram mais do processo.
As negociações, principalmente com a empresa Vale, e a definição dos limites do decreto conduzida pelo Ministério do Meio Ambiente, aconteceram sem a participação de todos os demais interessados.
A mineração conseguiu garantir seus empreendimentos. Mas a Serra do Gandarela, com suas águas, paisagens e biodiversidade, não.
Em tempos de graves situações de abastecimento de água e
conflitos de uso, não faz sentido um Parque Nacional com limites que permitem a exploração mineral na região. Porque isso compromete irremediavelmente a última reserva estratégica de água para o abastecimento dos municípios do seu entorno (Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara, Raposos e Rio Acima) e de Belo Horizonte e sua Região Metropolitana.
Esperamos que o governo federal reverta este fato!
Convocamos a todos a multiplicar estas informações para garantir a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela e da Reserva de Desenvolvimento Sustentável com os limites adequados.
www.aguasdogandarela.org
movimentogandarela@gmail.com