PATOLOGIA [004] - Inflamação Aguda e Crônica

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Autor: Prof. M.Sc. Hugo Hoffmann

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PATOLOGIAM.Sc. Hugo Hoffmann

VISÃO GERAL DA INFLAMAÇÃO

Essencial para a sobrevivência dos

organismos é sua habilidade para ficar

livre dos tecidos danificados ou necróticos

invasores estranhos, tais como micro-

organismos. A resposta do hospedeiro

que executa esses objetivos é chamada

de inflamação.

A resposta inflamatória, portanto, é uma

fundamentalmente protetora, destinada a

livrar os organismos tanto da causa inicial

da injúria celular (micro-organismos,

toxinas) quanto das consequências de tal

injúria (célula ou tecido necrótico).

Sem as inflamações:

• As infecções poderiam passar desapercebidas;

• Ferimentos poderiam nunca cicatrizar; e

• Os tecidos injuriados poderiam ficar com permanentes

feridas infeccionadas.

A inflamação é uma reação complexa em tecidos que

consiste principalmente nas respostas dos vasos

sanguíneos e leucócitos.

As principais defesas do organismo contra invasores

estranhos são as proteínas plasmáticas e os leucócitos

circulantes (células brancas sanguíneas), assim como os

fagócitos teciduais, que são derivados de células

circulantes.

A presença desses componentes no sangue permite-lhes

a habilidade estratégica de alcançarem qualquer local

onde eles possam ser necessários.

Devido aos invasores estarem tipicamente presentes

nos tecidos, fora da circulação, isso resulta no fato de

que as células circulantes e as proteínas tem de ser

rapidamente recrutadas para estes locais

extravasculares.

A resposta inflamatória coordena as reações dos vasos,

leucócitos e proteínas plasmáticas para alcançar esse

objetivo.

As reações vasculares e celulares da inflamação são

disparadas por fatores solúveis que são produzidos por

várias células ou derivadas de proteínas do plasma ou

são geradas ou ativadas em resposta a estímulos

inflamatórios.

Micro-organismos, células necróticas (qualquer que seja

a causa da morte celular) e mesmo a hipóxia podem

disparar a produção de mediadores inflamatórios e

então provocar a inflamação.

Tais mediadores iniciam e amplificam a resposta

inflamatória e determinam seu padrão, severidade e

manifestações clínicas e patológicas.

A inflamação pode ser aguda ou

crônica, dependendo da natureza

do estímulo e da efetividade da

reação inicial em eliminar o

estímulo ou os tecidos

danificados.

INFLAMAÇÃO AGUDA

• INÍCIO RÁPIDO• DURAÇÃO CURTA• PERSISTE HORAS OU

POUCOS DIAS• EXSUDAÇÃO DE FLUÍDO E

PROTEÍNAS DO PLASMA (EDEMA).

• MIGRAÇÃO DE LEUCÓCITOS POLIMORFONUCLEARES

INFLAMAÇÃO CRÔNICA

• INÍCIO SECUNDÁRIO• DURAÇÃO LONGA• ESTÁ ASSOCIADA À

PRESENÇA DOS LINFÓCITOS E MACRÓFAGOS, PROLIFERAÇÃO DE VASOS SANGUÍNEOS, FIBROSE E DESTRUIÇÃO TECIDUAL.

A inflamação é terminada quando o agente agressor

é eliminado. A reação se resolve rapidamente,

porque os mediadores são esgotados e dissipados e

os leucócitos tem curtas meias-vidas nos tecidos.

Em adição, os mecanismos anti-inflamatórios são

ativados e servem para controlar a resposta e

preveni-la de causar dano excessivo ao hospedeiro.

É um importante mediador das respostas alérgicas

na pele, no nariz e nos olhos, e causa vasodilatação,

aumento da permeabilidade vascular (edema) e

contração da musculatura lisa (brônquica e

gastrointestinal). Tem papel importante na

inflamação de locais e tecidos lesionados, que surge

em resposta à excitação do sistema imunológico

associada.

MEDIADOR INFLAMATÓRIO: HISTAMINA

Um antagonista de histamina é uma droga

farmacêutica que inibe a ação da histamina,

bloqueando a sua ligação aos receptores de

histamina.

É normalmente utilizado para o alívio de

alergias. Inibem a síntese e liberação de

proteínas inflamatórias, como a citocina. Devem

ser usados por um curto período.

FÁRMACO ANTI-HISTAMÍNICO

A RESPOSTA INFLAMATÓRIA É UMA SEGUNDA LINHA DE DEFESA DO CORPO CONTRA A INVASÃO E PATÓGENOS PELE

FERIDA

Tecidos danificados liberam histamina, aumentando o

fluxo sanguíneo para a área.1

BACTÉRIA

HISTAMINAFAGÓCITO

As histaminas causam extravasamento capilar, que

liberam os fagócitos e fatores de coagulação na

ferida.

2

PLAQUETAS

Fagócitos engolir bactérias, células mortas

e detritos celulares.3

As plaquetas saem do capilar para vedar a área

ferida.4

A resposta inflamatória é intimamente

entrelaçada com o processo de reparo. Ao

mesmo tempo em que a inflamação

destrói, dilui e retira os agentes

injuriantes, ela põe em movimento uma

série de eventos que tentam curar o

tecido danificado.

O reparo se inicia durante a inflamação, mas

alcança a conclusão usualmente depois que a

influência injuriante tenha sido neutralizada. Nesse

processo, o tecido injuriado é substituído através:

1. Da regeneração das células parenquimatosas nativas

2. Pelo preenchimento do defeito com tecido fribroso (cicatrização); ou

3. Pela combinação desses dois processos (mais comum).

Em algumas situações, a inflamação pode

ser prejudicial. Mecanismos designados

para destruir os agentes invasores e

tecidos necróticos tem uma habilidade

intrínseca para danificar os tecidos

normais.

Quando a inflamação é

inapropriadamente direcionada contra os

tecidos próprios ou não é adequadamente

controlada, ela se torna a causa da injúria

da doença.

As reações inflamatórias são subjacentes

às doenças crônicas comuns, tais como

artrite reumatoide, arterosclerose e

fibrose pulmonar, assim como reações de

hipersensibilidade a picadas de insetos,

fármacos e toxinas que põem em risco a

vida.

Por essa razão, nossas farmácias estão

cheias de fármacos anti-inflamatórios, que

idealmente deveriam controlar as

sequelas nocivas da inflamação sem

interferir com seus efeitos benéficos.

A inflamação pode contribuir para uma

variedade de doenças que não são

primariamente devidas as respostas

anormais do hospedeiro. Por exemplo, a

inflamação crônica pode ter um papel na

arterosclerose, diabetes tipo 2, desordens

degenerativas tipo a doença de

Alzheimer, e câncer.

SINAIS DA INFLAMAÇÃO

INJÚRIA

CALOR E VERMELHID

ÃOINCHAÇO DOR

PERDA DE FUNÇÃO

Os quatro sinais (calor, vermelhidão,

inchaço e dor) foram identificados no

Século I d.C. e são mais proeminentes na

inflamação aguda do que na crônica. Um

quinto sinal foi incluído no Século XIX:

perda de função.

INFLAMAÇÃO

AGUDA

É uma rápida resposta do hospedeiro que

serve para levar leucócitos e proteínas do

plasma, tais como anticorpos, para os

locais de infecção ou tecido injuriado. A

inflamação aguda tem três principais

componentes:

INFLAMAÇÃO AGUDA

COMPONENTES DA INFLAMAÇÃO AGUDA

Alterações no calibre vascular que levam a um aumento no fluxo sanguíneo.1

Mudanças estruturais na microvasculatura que permitem que as proteínas do plasma e os leucócitos saiam da circulação.2

Emigração de leucócitos da microcirculação, seu acúmulo no foco da injúria e sua ativação para eliminar o agente agressor.3

MANIFESTAÇÕES LOCAIS DA INFLAMAÇÃO AGUDA COMPARADAS AO

NORMAL

ESTÍMULOS PARA A INFLAMAÇÃO AGUDA

Infecções (bacteriana, viral, fúngica e parasítica) e toxinas microbianas estão entre a causa clinicamente importantes mais comuns de inflamação.1

A necrose tecidual de qualquer causa, incluindo isquemia (como em infarto do miocárdio), trauma e injúria física e química (queimadura, irradiação).2

Corpos estranhos (lascas de madeira, sujeira) excitam a inflamação porque causam injúria tecidual traumática ou transportam micróbios.3

Reações imunes (ou hipersensibilidade) são reações nas quais o sistema imune normalmente protetor causa um dano nos próprios tecidos.4

Todas as reações inflamatórias

compartilham as mesmas características

básicas, embora diferentes estímulos

possam induzir reações com algumas

características distintas.

INFLAMAÇÃO AGUDA

Na inflamação, os vasos sanguíneos passam

por uma série de mudanças que são

destinadas a maximizar o movimento de

proteínas plasmáticas e células circulantes

para fora da circulação e para dentro do local

da infecção ou injúria.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

O escape de fluídos,

proteínas e células

sanguíneas do sistema

vascular para dentro do

tecido intersticial ou

cavidades corporais é

conhecido como exsudação.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

ÚLCERA EM PÉ DIABÉTICO

EXSUDAÇÃO

O exsudato é um fluido extravascular que tem uma

alta concentração proteica, contém restos celulares

e tem uma alta gravidade específica.

Sua presença indica um aumento na

permeabilidade normal dos pequenos vasos

sanguíneos em uma área de injúria e, portanto,

uma reação inflamatória.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

FORMAÇÃO DE EXSUDATO

NORMAL

EXSUDATO

Em contraste, o transudato é um fluido

com baixo conteúdo proteico (a maior

parte do qual é albumina), pouco ou

nenhum material celular e baixa

gravidade específica.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

O transudato é, em sua essência, um

ultrafiltrado de plasma sanguíneo que

resulta de desbalanço osmótico ou

hidrostático ao longo da parede do vaso

sem um aumento na permeabilidade

vascular.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

FORMAÇÃO DE TRANSUDATO

NORMAL

TRANSUDATO

O edema denota um excesso

de fluido no tecido intersticial

ou cavidades serosas; ele

pode ser ou um exsudato ou

um transudato.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

PÉ NORMAL

PÉ COM EDEMA

O pus, um exsudato purulento, é

um exsudato inflamatório rico em

leucócitos (principalmente

neutrófilos), restos de células

mortas e, em muitos casos,

micróbios.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

PUS

FERIDA INFLAMADA COM EXSUDAÇÃO DE PUS

As reações vasculares da inflamação aguda

consistem em mudanças no fluxo de

sangue e na permeabilidade dos vasos. A

proliferação de vasos sanguíneos

(angiogênese) é proeminente durante o

reparo e na inflamação crônica.

REAÇÕES DOS VASOS SANGUÍNEOS NA INFLAMAÇÃO AGUDA

É uma das manifestações mais iniciais da

inflamação aguda. Primeiro envolve as arteríolas e

então leva à abertura de novos leitos capilares na

área. O resultado é o fluxo sanguíneo aumentado,

que é a causa do calor e vermelhidão (eritema) no

local da inflamação.

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

É induzida pela ação de vários mediadores,

notavelmente a histamina e o óxido nítrico (NO), no

músculo liso vascular. A vasodilatação é

rapidamente seguida pela permeabilidade

aumentada da microvasculatura, com

extravasamento de fluido rico em proteína para os

tecidos extravasculares.

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

A perda de fluido e o diâmetro aumentado do vaso

levam à lentificação no fluxo sanguíneo,

concentração de hemácias em pequenos vasos e

viscosidade aumentada do sangue.

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

Essas mudanças resultam em dilatação dos

pequenos vasos que são cheios com hemácias se

movimentando lentamente, uma condição

denominada estase, que é vista congestão vascular

(produzindo vermelhidão localizada) no exame do

tecido envolvido.

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

À medida que a estase se desenvolve, os leucócitos

sanguíneos, principalmente os neutrófilos, se

acumulam ao longo do endotélio vascular. Ao

mesmo tempo, os células endoteliais são ativadas

por mediadores produzidos nos locais da infecção e

tecidos danificados e expressam níveis

aumentados de moléculas de adesão.

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

Os leucócitos então aderem ao endotélio e logo

depois eles migram através da parede vascular

para dentro do tecido intersticial.

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

MUDANÇAS NO FLUXO E NO CALIBRE VASCULAR

VASODILATAÇÃO1

Uma marca da inflamação agora é a

permeabilidade vascular aumentada levando ao

escape de exsudato rico em proteína para dentro

do tecido extravascular, causando edema. Várias

mecanismos são responsáveis pela permeabilidade

vascular aumentada:

PERMEABILIDADE VASCULAR AUMENTADA OU EXTRAVASAMENTO CELULAR