Património cultural aula 39 - igreja de S. Domingos - sé de vila real e torre de quintela

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Cadeira de

PATRIMÓNIO CULTURAL E PAISAGÍSTICO PORTUGUÊS

Coleção de Manuais da Universidade Sénior Contemporânea

Professor Doutor

Artur Filipe dos Santos

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Património Cultural e Paisagístico Português

• Distrito e Concelho de Vila REal Professor Doutor Artur Filipe dos Santos

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Sé de Vila Real

• A Sé de Vila Real ou Igreja de São Domingos localiza-se em Vila Real, Portugal. Construída no século XV, é considerada o melhor exemplo de arquitetura gótica na região de Trás-os-Montes.

• É sede da Diocese de Vila Real desde 1924.

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• A Igreja de São Domingos, actual Sé, foi mandada erguer, juntamente com o convento com o mesmo nome, no séc. XV, a mando dos religiosos de São Domingos, de Guimarães. A nível arquitectónico recebe influências de dois estilos: o Românico, que é o mais visível, bem patente na robustez e austeridade das suas linhas, e o Gótico.

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• Na sua fachada podem ver-se imagens de S. Domingos, e S. Francisco de Assis. Em 1837 sofreu um grande incêndio que dizimou a maior parte do património que detinha no seu interior. A torre foi acrescentada no séc. XVIII, e os vitrais foram colocados durante as últimas obras de intervenção (2001-2005). Está aberta diariamente ao culto.

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• A igreja de São Domingos, sede de um convento dessa ordem fundado por monges vimaranenses em tempo de D. João I (O de Boa Memória) (1421) e erigido a partir de 1424, constitui o melhor exemplo transmontano da arquitectura gótica.

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• Como o próprio nome indica, a atual Sé tem origem num convento dominicano fundado por monges vindos de Guimarães no século XV na zona extra-muros de Vila Real, no campo do Tavolado.

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• O rei D. João I doou terrenos para o convento em 1421 e 1422, e as obras se iniciaram em 1424. A construção do convento também foi apadrinhada pelos marqueses de Vila Real, cuja residência se localizava nas cercanias.

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• A igreja foi reformada no século XVI e, especialmente, no século XVIII, cuando se construiu a atual capela-mor e a torre sineira de feição barroca. As dependências conventuais também passaram por uma grande reforma nessa época.

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• À semelhança do que se passou em outras regiões do Norte do País, onde o Gótico teve grandes dificuldades para se impôr como linguagem artística dominante, também a Igreja de São Domingos possui características ainda vincadamente românicas, não obstante a cronologia avançada da obra.

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• A extrema robustez dos seus muros ou a escassa iluminação do interior são elementos conotados com o Românico que se prolongaram ao longo de toda a Baixa Idade Média no Norte do reino, formando um grupo artístico bem diferente do que então se alcançou no Centro e no Sul do território nacional.

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• Muito tempo passou antes que o templo dominicano albergasse a sede da Diocese, só muito recentemente criada (1992).

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• No século XVI, no reinado de D. Manuel (O Venturoso), procedeu-se a uma primeira remodelação do convento, como o prova uma porta encimada pela esfera armilar.

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• Bastante mais vastas foram as obras do século XVIII, altura em que se substituíu a primitiva cabeceira gótica, em benefício de uma mais ampla, mais profunda, e mais moderna estrutura, profusamente iluminada (através de janelões nas paredes laterais). Deste mesmo período barroco é a torre sineira (1742).

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• A extinção das Ordens Religiosas, em 1834, significou a decadência do convento. a igreja passa a ser sede da paróquia de São Dinis e o convento foi reutilizado como quartel do Batalhão de Caçadores.

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Joaquim António de Aguiar “O Mata Frades”

“declaro extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares"

• Alvo de um violento incêndio em 1837, que destruíu grande parte do recheio, só viria a ser restaurado nas décadas de 30 a 50 do século XX, altura em que foi colocado o actual retábulo-mor, obra maneirista do Convento de Odivelas.

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• Em 1922, o Papa Pio XI criou a diocese de Vila Real, e a antiga igreja do dominicanos da cidade foi sagrada catedral em 1924.

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• Passou por grandes obras de restauro nas décadas de 1930 e 1940 coordenadas pela DGEMN. O atual retábulo-mor, de estilo maneirista, foi trazido em 1938 do Mosteiro de Odivelas.

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• Mais recentemente, o

IPPAR promoveu um projecto inovador, convidando o pintor João Vieira a efectuar um conjunto de vitrais para o edifício.

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• O resultado foi uma composição inspirada no prólogo do «Evangelho Segundo São João», actualmente integrada na estrutura medieval do edifício.

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• A Igreja de S. Domingos/Sé de Vila Real, está classificada como Monumento Nacional desde 1926.

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• É propriedade do Estado, em afectação permanente ao culto, regime resultante da Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa em 2004.

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• Tem uma Zona Especial de Protecção (ZEP DG, II Série, n.º 133, de 05-06-1956). Situada em pleno centro urbano da cidade de Vila Real, foi sede de um antigo convento dominicano, fundado no séc XV, e constitui o melhor exemplo transmontano da arquitectura gótica.

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• Edifício de três naves, a robustez das suas paredes e as suas contidas aberturas são elementos de tradição românica que perduraram para além da Idade Média.

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• O seu característico terreiro é também uma marca dessa época que chegou até aos nossos dias.

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• Do século XV, época da fundação do convento, sobrevive a igreja em um estilo gótico despojado e funcional, ligada ao gótico mendicante.

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• A planta é em cruz latina com três naves com cobertura de madeira, sendo a nave central mais alta que as laterais.

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• O transepto é saliente e iluminado por rosáceas nas paredes dos braços e sobre o arco da capela-mor. A atual capela-mor é de planta quadrada e foi realizada no século XVIII.

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• A fachada principal revela a disposição em três naves do interior. Possui um portal com arquivoltas apontadas inserido num alfiz e flaqueado por grandes contrafortes.

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• Alfiz é um termo de origem árabe (al-ifriz) que designa um ornamento arquitectónico. Consta de uma moldura, geralmente rectangular (ainda que se admitam outras formas), que demarca exteriormente um ou mais arcos concêntricos ou não, em elementos como portais ou janelas . É frequente na arte islâmica ibérica e na arte moçárabe, aparecendo muitas vezes associado aos arcos em ferradura.

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• A fachada inclui ainda nichos com santos da Ordem e é sobrepojada por uma rosácea.

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• No interior, as naves são escassamente iluminadas por janelas localizadas na parte superior da nave central (clerestório).

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• Galeria superior ao

trifório, nas igrejas

ogivais.

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• A pouca iluminação e a robustez das paredes é reminiscente da arquitetura românica, que muito influenciou o gótico no norte de Portugal.

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• Em meados do século XVIII foi contruída uma torre sineira ao lado da capela-mor, na parte traseira da igreja. Trata-se de uma torre de quatro andares, rematada por uma balaustrada e cúpula com um fogaréu no topo.

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• fogaréu é um ornato escultural terminando em forma de chama.

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• O interior encontra-se deprovido de decoração desde a reforma dos anos 1930, mas possui vários arcossólios tumulares medievais.

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• Arcassólio:Túmulo disposto na espessura de uma parede

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• O atual retábulo maneirista da capela-mor é proveniente do Mosteiro de Odivelas. Em 2003 foram colocados vitrais modernos do artista João Rodrigues Vieira (1934-2009) numa reforma realizada pelo IPPAR.

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Torre de Quintela

• A Torre de Quintela localiza-se na aldeia de Quintela, Freguesia de Vila Marim, Concelho e Distrito de Vila Real, em Portugal.

• Foi erguida em posição dominante sobre um maciço rochoso no sopé da serra do Alvão.

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• Situada junto à Ribeira da Marinheira, a ocidente de Vila Real, a Torre de Quintela é um dos poucos exemplos de arquitectura civil-militar que comprovam o avanço da senhorialização, tipicamente baixo-medieval, por terras transmontanas.

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• A história deste local é antiga, recuando, pelo menos, até aos meados do século XI.

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• Tudo indica que esta torre medieval, tenha sido edificada no reinado de D. Afonso III (1248-1279), por ordem de D. Alda Vasques, que a utilizou como residência senhorial.

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• Posteriormente, após um curto período na posse da Ordem dos Templários, parece ter passado para os domínios dos condes de Vimioso.

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• Camilo Castelo Branco cita-a, com liberdade literária, como um dos cenários do romance “Anátema".

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(latim eclesiástico anathema, -atis, do grego anáthema, -atos, oferenda, coisa maldita, maldição) adjectivo de dois géneros 1. Maldito, excomungado. substantivo masculino 2. Excomunhão com execração. 3. Pessoa anatematizada.

• A propriedade aparece como uma das principais unidades agrárias das actuais terras de Vila Real, intimamente ligada aos condes que tutelavam o território de Chaves, uma vez que estava na posse de D. Gotronde Nunes, mulher do conde D. Vasco

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• A torre senhorial que hoje vemos, contudo, nada tem que ver com esse recuado passado condal.

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• Ela é o produto dos séculos XIII-XIV, período que corresponde a um maior desenvolvimento agrícola e demográfico da região. Na viragem para o século XIV, aqui se instalou D. Alda Vasques, a quem se atribui a construção da torre, para sua própria residência.

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• No entanto, o facto de a propriedade vir referida nas Inquirições de D. Afonso III (1258) pode retardar a sua construção em cerca de meio século, circunstância que a colocaria numa fase ainda tardo-românica da nossa arquitectura. Outros autores apontam uma construção já tardia, em pleno século XV

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• Na actualidade, o edifício apresenta algumas reformas posteriores, mas a sua estrutura deve corresponder ao plano fundacional do século XIII: uma planta quadrangular (com cerca de 12 metros de largura) define um alçado bastante elevado (mais de vinte metros de altura), organizado interiormente em 4 pisos.

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• O acesso faz-se através de uma porta de entrada, de volta perfeita (mas originalmente em arco quebrado), com lintel recto e arco de descarga, elevado em relação à cota do terreno, na origem ligando-se com esta através de uma escadaria de madeira.

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• Os elementos decorativos que aqui vemos empregues, como os balcões ameados, os matacães, as frestas de iluminação ou a linha de merlões que coroa toda a estrutura, são característicos da arquitectura gótica, embora algumas opiniões apontem para a sua posterior integração na torre já pelos séculos XV ou XVI, hipótese que não está, até ao momento, integralmente confirmada.

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• O merlão (do francês "merlon"), em arquitectura militar, é a parte saliente do parapeito de uma fortificação, entre duas seteiras ou ameias. Refere-se a cada um dos intervalos dentados das ameias de uma fortaleza

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• Por disposição testamentária, D. Alda legou a Torre de Quintela à Ordem dos Hospitalários, instituição que ficou na posse da propriedade durante os século seguintes. Em 1695, numa altura em que a torre se encontrava na posse do Morgadio dos Conde de Vimioso (de que era titular D. Francisco de Portugal), deu-se uma reforma importante do morgado.

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• A Torre é então descrita como tendo "52 fiadas da base ao coroamento das ameias, (...) quatro guaritas e varanda em cada uma das faces"

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• Para além disso, a grande reserva agrícola que lhe estava adstrita possuía uma capela, dedicada a Santa Maria Madalena, e uma ampla área de cultivo, assim como numerosas dependências.

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• Para além disso, a grande reserva agrícola que lhe estava adstrita possuía uma capela, dedicada a Santa Maria Madalena, e uma ampla área de cultivo, assim como numerosas dependências.

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• A extinção das Ordens Religiosas, em 1834, veio abrir um novo e desastroso período na história deste monumento. Vendida a privados, e tendo estado prestes a ser destruída, ela viria a ser poupada da ruína por condicionantes económicas.

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• Mais recentemente, foi projectada a sua reconversão em pólo museológico, tendo, para isso, sido submetida a um restauro integral, nos primeiros anos da década de 80 do século XX.

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• Particularmente importante, neste processo, foi a total reformulação do interior e consequente divisão em quatro andares, organização que poderá não corresponder à primitiva definição espacial, uma vez que, em alguns pontos, ainda se observam consolas de apoio a pavimentos.

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• A Câmara Municipal de Vila Real, que actualmente detém a gestão do edifício, tem em projecto a instalação de um Museu de Heráldica.

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• Encontra-se classificada como Monumento Nacional, por Decreto de 23 de Junho de 1910

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Biliografia

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_S%C3%A3o_Domingos_(Vila_Real) http://www.diocese-vilareal.pt/se.html http://www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/69794/ http://www.culturanorte.pt/pagina,59,67.aspx http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfiz http://www.priberam.pt/dlpo/clerest%C3%B3rio http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70323/