Post on 21-Jul-2020
Percepção de competência física no Futebol
feminino e masculino: Um estudo com
jovens jogadores e seus pais
Ana Luísa Tomé Mateus
Porto, 2009
II
I
PERCEPÇÃO DE COMPETÊNCIA FÍSICA NO FUTEBOL
FEMININO E MASCULINO: UM ESTUDO COM JOVENS
JOGADORES E SEUS PAIS
Monografia realizada no âmbito da disciplina de
Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto
e Educação Física, na área de Desporto de Alto
Rendimento – Futebol, da Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto
Orientadora: Prof. Doutora Cláudia Dias
Co-orientador: Prof. Doutor Júlio Garganta
Ana Luísa Tomé Mateus
Porto, 2009
II
Provas de Licenciatura
Mateus, A. (2009). Percepção de competência física no Futebol feminino e
masculino: Um estudo com jovens jogadores e seus pais. Porto: A. Mateus.
Dissertação de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVES: PERCEPÇÃO DE COMPETÊNCIA FÍSICA,
JOVENS, FUTEBOL, FEMININO, MASCULINO.
III
Dedicatória
A vocês, que me deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade,
não bastaria um obrigado. A vocês, que me iluminaram os caminhos obscuros
com afecto e dedicação para que os trilhasse sem medo e cheia de
esperanças, não bastaria um muito obrigado. A vocês, que se doaram inteiros
e renunciaram aos seus sonhos, para que, muitas vezes, pudesse realizar os
meus e, pela longa espera e compreensão durante as nossas longas viagens,
não bastaria um muitíssimo obrigado. A vocês, pais por natureza, por opção e
amor, não bastaria dizer, que não tenho palavras para agradecer tudo isso.
Mas é o que me acontece agora, quando procuro arduamente uma forma
verbal de exprimir uma emoção ímpar. Uma emoção que jamais seria traduzida
por palavras.
(Anónimo)
Pais, dedico-vos esta dissertação, que apenas graças a vocês consegui
chegar onde estou hoje e ser o que sou. Tudo do que fiz, foi para vos honrar e
vos deixar orgulhosos de mim… Um muito obrigado Pais!
IV
V
Agradecimentos
Terminando agora mais um capítulo da minha vida, com a realização
deste trabalho aproveito, desta forma, para agradecer a todos aqueles que,
de forma directa ou indirecta, colaboraram e apoiaram esta realização,
ajudando a ultrapassar as dificuldades existentes nas diferentes fases e
momentos de construção.
À Prof. Doutora Cláudia Dias, que como orientadora de todo este
processo exerceu a sua função de forma dedicada e empenhada,
auxiliando-me nos momentos precisos.
Ao Prof. Doutor Júlio Garganta pelo seu profissionalismo, interesse e
conselhos dados na fase inicial da elaboração deste trabalho.
A todos os atletas e pais que participaram nesta investigação,
expresso a minha gratidão pela disponibilidade e interesse demonstrados.
Sem eles não seria possível a realização deste trabalho. De igual forma,
estou grata a todos os que colaboraram no processo de recolha de dados e
que tornaram possível o acesso aos jogadores e seus pais.
A todos aqueles que me ajudaram a compreender a minha maior
dificuldade encontrada neste trabalho: “o inglês”.
À minha família…
Aos meus pais, pessoas fundamentais nesta minha longa caminhada,
obrigada por tudo o que me deram e por tornarem possível ser quem sou.
Agradeço a formação pessoal, o apoio e carinho que me deram ao longo da
vida. Sem eles, que muitas vezes confiavam e acreditavam mais em mim
que eu própria, nada disto seria possível. OBRIGADA
À minha irmã, agradeço a amizade, compreensão e todos os
momentos que passamos juntas.
Ao meu avô, que mesmo não pertencendo directamente nesta parte
da minha formação, sempre esteve presente. Obrigada pelas tuas
características deixadas em mim.
VI
A todos vocês avós, tios, primos e “madrinha” que sempre me
acompanharam e apoiaram ao longo de toda a vida, preocupando-se
sempre comigo e torcendo pelo meu sucesso.
A ti, que mesmo tendo-te encontrado tarde já fazes parte da minha
vida….
Aos meus amigos…
Ao meu maninho Pedro Rosário pela amizade especial criada há
alguns anos, que mesmo estando longe consegue estar tão perto. Obrigada
por todo o apoio que me dás, principalmente nos momentos mais difíceis, e
pelo ensinamento que me deste desde cedo.
À Andreia Carrinho, pela amizade, compreensão e especialmente por
todos os momentos que partilhamos ao longo destes cinco anos e por todas
as vezes que me aturava “com mau feitio” e me “dava na cabeça”,
auxiliando apenas no meu desenvolvimento e crescimento.
À Prof. Andreia Canedo, que inicialmente como professora
orientadora do estágio e agora como amiga, lhe agradeço toda a ajuda,
amizade e conhecimento transmitido neste ano para mim tão difícil e
trabalhoso.
À minha “família erasmus” pelo ano fantástico que me
proporcionaram e pelas amizades que se geraram e, ao grupo “nikecamp”
pela coesão que se criou em torno dele e pelos bons momentos que passei
com todos os que a esse pertencem.
A todos os outros amigos, Ana Filipa, Ana Isabel, Chu, Jorge
Andrade, José Maia e, os que aqui não estão enunciados, pelo apoio e
carinho dado ao longo da minha vida.
Aos funcionários…
Ao Sr. Marinho, ao Nuno e funcionários da biblioteca pela
disponibilidade e boa disposição sempre ajudando no que lhes pedíamos.
Um muito obrigada!
VII
Índice Geral
Agradecimentos .......................................................................................... V
Índice Geral .............................................................................................. VII
Índice de Quadros ..................................................................................... IX
Índice de Anexos ....................................................................................... XI
Resumo ............................................................................................................ XII
Abstract ............................................................................................................XV
Résumé ..........................................................................................................XVII
Abreviaturas ....................................................................................................XIX
CAPITULO I ....................................................................................................... 1
Introdução .................................................................................................. 3
CAPITULO II ..................................................................................................... 5
2.1. Revisão da Literatura ............................................................................ 7
CAPITULO III ........................................................................................... 19
3.1. Material e Métodos ....................................................................... 21
3.1.1. Participantes ........................................................................... 21
3.1.2. Instrumentos ........................................................................... 22
3.1.3. Procedimentos ........................................................................ 22
CAPITULO IV .................................................................................................. 25
4.1. Apresentação dos Resultados ...................................................... 27
4.2. Discussão e Conclusões .............................................................. 31
CAPITULO V ................................................................................................... 37
5.1. Principais conclusões .................................................................. 39
5.2. Sugestões para futuros estudos ................................................... 41
Referências Bibliográficas ......................................................................... 43
Anexos .................................................................................................... XXI
VIII
IX
Índice de Quadros
Quadro 1. Características demográficas e desportivas dos jogadores e dos pais
......................................................................................................................... 21
Quadro 2. Percepção de competência física dos jogadores na amostra total, em
função do sexo ................................................................................................. 27
Quadro 3. Relação entre a percepção de competência física e a idade dos
jogadores.......................................................................................................... 27
Quadro 4. Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus
filhos na amostra global e em fnção do sexo dos pais ..................................... 28
Quadro 5. Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus
filhos, em função do sexo dos filhos ................................................................. 28
Quadro 6. Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus
filhos, em função do sexo de ambos ................................................................ 29
Quadro 7. Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus
filhos e autopercepção de competência física dos jogadores na amostra total ....
......................................................................................................................... 29
Quadro 8. Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus
filhos e autopercepção de competência física dos jogadores, em função do
sexo de ambos ................................................................................................. 30
X
XI
Índice de Anexos
Anexo 1. Autorização para os coordenadores/directores dos clubes ........... XXIII
Anexo 2. Autorização para os encarregados de educação ......................... XXVII
XII
XIII
Resumo
O tema da autopercepção de competência física e da sua relação com o
modo como os pais percebem fisicamente os seus filhos foi objecto de diversas
investigações a nível mundial. Contudo, são escassos os estudos que liguem
esta temática ao Futebol e desconhecidos por nós os que a ligam ao Futebol
feminino. Assim, o presente estudo teve como propósito investigar as
percepções de competência física dos jogadores de Futebol, analisando a sua
relação com o sexo e a idade dos atletas e com a percepção que os seus pais
relevam a propósito da respectiva competência física.
No presente estudo participaram 119 jogadores de Futebol de diversos
clubes (63% sexo masculino e 37% sexo feminino), com idades compreendidas
entre os 13 e os 17 anos (15,45 ± 1,24). Participaram também 213 pais (51%
pais e 49% mães), com idades entre os 29 e os 69 anos (44,84 ± 5,99). A
percepção de competência das crianças e o modo como os pais as
percepcionavam fisicamente no Futebol foram avaliadas através de escalas de
percepção de competência baseadas em instrumentos desenvolvidos
originalmente por Fredricks e Eccles (2005).
A análise dos resultados mostrou que os rapazes se percepcionavam
fisicamente como mais competentes do que as raparigas, e que apenas nos
rapazes se constatou uma relação significativa positiva entre a idade e a
percepção de competência. Adicionalmente, verificou-se que ambos os pais
tinham uma percepção elevada da competência física dos seus filhos, mas que
os pais das raparigas apresentavam valores mais elevados do que os pais dos
rapazes a este nível. Por último, a comparação da percepção dos pais com a
autopercepção dos filhos revelou que os pais percepcionavam os seus filhos
como mais competentes do que eles próprios o faziam.
PALAVRAS-CHAVES: PERCEPÇÃO DE COMPETÊNCIA FÍSICA,
JOVENS, FUTEBOL, FEMININO, MASCULINO.
XIV
XV
Abstract
The topic of self-perception about physical competence and its relation
with the way the parents perceive physically their children was subject of
diverse worldwide enquiries. However, the studies that connect this thematic to
soccer are few and unknown for us the ones that bind it to feminine soccer.
Thus, this study reveals an investigation regarding the perceptions of physical
competence of the football players, analyzing its relationship with sex and age
of the athletes and with the perception that their parents had of their physical
competence.
In the present study have participated 119 football players of various
teams (63% male and 37% female), with ages understood between 13 and 17
years old (15,45 ± 1,24). Also participated 213 parents (51% fathers; 49%
mothers), with ages between 29 and 69 years old (44,84 ± 5,99). The
perception of competence of children and how parents perceive physically their
children in soccer were evaluated through a scale of perception of competence,
based on tools of developed originally by Fredricks and Eccles (2005).
The results showed that boys had higher self-perceived physical
competence than girls, and that only the boys had a significant positive relation
between the age and the perception of competence. Additionally, it was found
that both parents had a high perception of physical competence of their
children, but parents of girls had higher values than the parents of boys at this
level. Finally, the comparison of the perception of parents with self-perception of
children revealed that parents perceiving their children as more competent than
themselves.
KEY-WORDS: PERCEPTIONS OF PHYSICAL COMPETENCE,
TEENAGERS, SOCCER, FEMALE, MALE.
XVI
XVII
Résumé
Le thème de l'auto-perception de compétence physique et son lien avec
la façon dont les parents perçoivent physiquement leurs enfants a été l'objet de
différentes études au niveau mondial. Mais rares sont les études qui liant ce
thème avec celui du football, et pour nous inconnues celles qui le connectent au
football féminin. Ainsi, cette étude eut pour objectif de faire des recherches sur
la perception de compétence physique des joueurs de football, analyser ses
relations avec le sexe et l'âge des athlètes et avec la vision que leurs parents
avaient de leur compétence physique.
Dans la présente étudie ont participé119 joueurs de football de différents
clubs (63% de sexe masculin, 37% de sexe féminin), âgés entre 13 et 17 ans.
Également, on participé 213 parents, âges entre 29 et 69 ans.
La perception de compétence des enfants et la façon dont les parents
percevaient le physique dans le football a été évaluée par grâce a une échelle
de perception de compétence basé sur des instruments à l’origine développée
par Fredricks et Eccles (2005).
Les résultats ont montré que les garçons se percevaient physiquement
plus compétents que les filles, et que seuls le garçon avaient une relation
positive significative entre l'âge et la perception des compétences. En outre, il a
été constaté que les deux parents avaient une perception élevée de
compétence physique de leurs enfants, mais les parents des filles avaient des
valeurs plus élevées que les parents de garçons à ce niveau. Enfin, la
comparaison de la perception des parents avec l’auto-perception des enfants a
révélé que les parents percevaient comme plus compétents leurs enfants que
eux-mêmes.
MOTS-CLÉS: PERCEPTION DE COMPÉTENCE PHYSIQUE, JEUNES,
FOOTBALL, MASCULIN, FEMININ.
XVIII
XIX
Abreviaturas
dp – Desvio Padrão
e.g. – por exemplo
et al. – E outros
i.e. – isto é
N – Frequência absoluta
p – Nível de significância
S.P.S.S. – Statistical Package for the Social Sciences
t – Valor do teste t
% - Percentagem relativa
XX
1
CAPITULO I
2
3
Introdução
A influência que os pais exercem na prática desportiva das crianças e
jovens tem sido um tema amplamente debatido e de forte interesse para os
investigadores. É notório, através do comportamento, acções e palavras da
criança, a intervenção que os seus pais ou figuras parentais têm no seu
desenvolvimento e envolvimento na prática desportiva (Bois, Sarrazin,
Brustad, Trouilloud, & Cury, 2002, 2005; Brustad & Partridge, 2002;
Brustad, 1992; Haywood, 2005; Horn & Horn, 2007). A natureza e extensão
desta influência varia em função da idade e do estado de desenvolvimento
da criança, sendo que, à medida que esta cresce, essa influência tende a
diminuir ou mesmo a desaparecer, passando a ser o grupo de pares a
assumir esse papel (Brustad & Partridge, 2002; Gallahue & Ozmun, 2005;
Greendorfer, 2002; Weiss, 2000). Porém, pode considerar-se que essa
diminuição de influência se refere à tomada de decisão em nome dos filhos
e não ao apoio e auxílio que os pais asseguram, uma vez que estes
continuam a assistir aos seus treinos e ao seu desempenho nas actividades
desportivas (Côté, 1999).
Uma vez que, como anteriormente referido, os pais influenciam o
envolvimento do filho na prática desportiva, é de esperar que também
influenciem a sua percepção de competência, já que as crianças tendem a
viver de acordo com as expectativas dos pais ou de acordo com aquilo que
consideram serem as suas expectativas. Desta forma, as palavras e
expressões que os adultos significativos emitem condicionam a forma como a
criança avalia aquilo que os outros pensam a seu respeito (Gallahue & Ozmun,
2005). Assim, verifica-se a importância dos adultos significativos na
socialização da criança no desporto e na formação e desenvolvimento da sua
autopercepção de competência (Bois et al., 2002; Brustad, Babkes, & Smith,
2001; Gomes, 1997; Villwock & Valentini, 2007; Weiss, 2000), já que grande
parte das diferenças encontradas ao nível afectivo e emocional entre os jovens
que gostam do desporto e se sentem bem nele e aqueles que experienciam
4
emoções negativas são explicadas pelas diferentes atitudes dos pais (Gomes,
1997).
Nesta perspectiva, a pertinência desta investigação prende-se com o
facto de a percepção de competência física ser especialmente importante na
manutenção e/ou aumento da motivação para a prática desportiva, pois o modo
como a criança se autopercepciona fisicamente influência a continuidade e
persistência em determinada tarefa (Valentini, 2002b). Adicionalmente, a forma
como a criança se avalia fisicamente também desempenha um papel
importante na avaliação que efectua dos acontecimentos em que esteve
envolvida (Fonseca, 1993).
Assim, o presente estudo foi conduzido com o intuito de investigar as
autopercepções de competência física de jogadores de Futebol de ambos os
sexos, bem como a percepção que os pais destes jogadores tinham das
competências físicas dos seus filhos. Num primeiro momento, foi analisada a
relação entre as autopercepções de competência física e o sexo e idade dos
jogadores. Posteriormente, procurou-se investigar as percepções que os pais
tinham relativamente à competência física dos seus filhos no Futebol e analisar
a relação entre estas percepções e as autopercepções dos jogadores.
5
CAPITULO II
6
7
2.1. Revisão da Literatura
Durante o processo de desenvolvimento da criança, o seu comportamento
é, em parte, influenciado pela motivação que esta demonstra ao envolver-se
numa actividade, um aspecto que está intimamente ligado à autopercepção de
competência na realização dessa actividade (Valentini, 2002a). Desta forma,
uma vez que a motivação pode ser contextualizada, as experiências realizadas
em contextos de aprendizagem influenciam a competência das crianças e
ainda podem condicionar a sua motivação para futuras experiências (Valentini,
2002a). Assim, é necessário que o fortalecimento das competências seja feito
no contexto onde a criança se insere, pois se esse contexto for de
aprendizagem (onde é valorizada a conquista pessoal, a autoridade, o esforço,
a auto-superação, os critérios de auto-avaliação, o trabalho de grupo e a
maestria de habilidades), a sua competência e percepção serão fortalecidas
(Ames, 1992; Meece, Anderman, & Anderman, 2006; Valentini, Rudisill, &
Goodway, 1999a, 1999b).
Harter (1978) propôs um modelo multidimensional de competência onde
esta é considerada em diversos domínios (cognitivos, social e físico) que se
diferenciam desde a infância. É perante estes mesmos domínios que a criança
irá desenvolver uma auto-avaliação de competência em determinado domínio e
adoptar um juízo que a levará a uma orientação motivacional específica
(intrínseca ou extrínseca). No entanto, o modo como a criança estrutura a sua
orientação (ego ou maestria) e a sua percepção de competência é influenciada
por vários factores, tais como as suas experiências anteriores (Gallahue &
Ozmun, 2005; Harter, 1978; Piffero, 2007), os resultados obtidos nas tarefas
(sucesso ou fracasso) (Gallahue & Ozmun, 2005; Harter, 1978), o papel dos
outros significativos (Faria, 2003; Gomes, 1997; Harter, 1978; Harter, 1982;
Piffero, 2007), o recurso a autocomparações e informações internas (Gomes,
1997); as dificuldades ou desafios associados ao resultado da tarefa e a sua
motivação intrínseca para a aprendizagem (Harter, 1978).
Uma vez que são vários os factores que influenciam a percepção de
competência da criança, é natural que muitas vezes ela não seja precisa sobre
8
o julgamento que faz do seu desempenho (Valentini, 2002b). Em todo o caso,
se uma criança vivenciar experiências enriquecedoras e positivas a nível
motivacional, irá sentir-se motivada intrinsecamente (e assim procurar tarefas
mais difíceis de modo a desenvolver a maestria para evoluir e ser mais
competente), superando os seus próprios limites e resolvendo os seus
problemas de forma mais autónoma, tendo também condições para
desenvolver a sua competência e se auto-avaliar correctamente (Harter, 1978;
Harter, 1982; Roberts, 2001; Roberts, Treasure, & Conroy, 2007; Valentini,
2002a). Deste modo, quando a criança se sente competente, envolve-se em
actividades mais desafiadoras, divertidas e repetidas, realizando-as e
ultrapassando as suas limitações com esforço e empenho, o que resulta num
aumento do sentimento de eficácia, na melhoria do desempenho e habilidade e
na aquisição de um padrão de comportamento positivo (Faria, 2005; Harter,
1978; Roberts et al., 2007; Valentini, 2002a; Valentini et al., 1999a, 1999b).
Contrariamente, se a criança obtiver maus resultados nas actividades e estas
forem entendidas como algo imutável, terá de ser motivada extrinsecamente
(i.e., necessitará da aprovação de outros significativos para persistir e/ou se
aperfeiçoar na realização de determinada tarefa). De facto, ao encarar essas
actividades como algo negativo, para além de procurar as mais fáceis para
prevenir baixos desempenhos, fracassos e, consequentemente, frustrações, a
criança apresentará maior probabilidade de desistência e abandono, como
forma de não colocar em causa o seu sentimento de competência física e de
proteger a sua auto-estima (Faria, 2005; Gallahue & Ozmun, 2005; Harter,
1978; Roberts et al., 2007; Valentini, 2002a).
Nesta perspectiva, a percepção de competência pode ser extremamente
importante na interacção da criança com o contexto de aprendizagem, já que
se esta se percebe competente adoptará um comportamento participativo e
persistente e procurará situações que desafiem as suas capacidades (Fonseca,
1999; Roberts et al., 2007). Pelo contrário, se se sente pouco competente e
desmotivada tenderá a evitar os desafios, pois não quer mostrar aos seus
pares níveis de desempenho inferiores (Roberts et al., 2007; Valentini, 2002a).
9
No caso específico do desporto, existem evidências de que quando as
crianças e jovens se encontram neste contexto de realização procuram
demonstrar as suas competências e estruturar a sua percepção com base na
forma como alcançam os objectivos a que se propõem (Ames, 1992; Fonseca,
1999; Guzmán, Garcia, & Cervelló, 2005; Meece et al., 2006), sendo
particularmente relevante o modo como os atletas se percebem no domínio
físico (i.e., a sua percepção de competência física). No entanto, também é
verdade que o nível de autopercepção física é muito variável e incerto (Soares,
2004), pois o “modo como é configurada a competência não é uniforme de
indivíduo para indivíduo, porquanto decorre, por exemplo, do tipo de
envolvimento que é estabelecido por eles com a sua actividade” (Fonseca,
1999, p. 178). Por outras palavras, o modo como os indivíduos se
percepcionam é específico de pessoa para pessoa, já que estas apresentam
diferentes emoções, expectativas e motivações (Brandão, Morgado, Machado,
& Almeida, 2008).
Nesta medida, alguns investigadores têm procurado analisar a existência de
diferenças sexuais na percepção de competência física no desporto. Em
investigações separadas, Ducharne (2000) e Piffero (2007), por exemplo,
concluíram que as raparigas percepcionavam valores de competência física
mais elevados que os rapazes, tendo Ducharne apontado como justificação
para tais resultados o facto de existir a mesma diferença ao nível da percepção
da mãe e do pai sobre a competência dos seus filhos. Em outros estudos (e.g.,
Fonseca, 1993; Valentini, 2002b), os rapazes e as raparigas apresentavam
valores similares de percepção de competência. Porém, a maior parte dos
estudos encontrados, realizados quer a nível nacional (e.g., Albuquerque,
2004; Bernardo & Matos, 2003; Cardoso, 2002; Costa & Faria, 2002; Faria &
Fontaine, 1995; Ferreira, Fernandes, & Vasconcelos-Raposo, 2007; Maia,
2003; Oliveira, 2000), quer a nível internacional (e.g., Bois et al., 2002, 2005;
Brustad, 1993; Hellín Goméz, Moreno Murcia, & Rodrígues García, 2006;
Villamarín, Maurí, & Sanz, 1998; Villwock & Valentini, 2007), concluíram que os
rapazes se autopercepcionavam de modo superior às raparigas. Alguns destes
resultados são explicados pelo facto de os pais dos rapazes mostrarem níveis
10
mais elevados de actividade física que os pais das raparigas (Bois et al., 2005),
pelo maior encorajamento por parte dos pais para com os filhos (Brustad,
1993), pelo facto de os rapazes serem mais encorajados e valorizados para a
prática de desportos que a raparigas (Costa & Faria, 2002), pela maior
influência dos pais nos rapazes do que nas raparigas (Brustad, 1993; Cardoso,
2002; Greendorfer, Lewko, & Rosengren, 2002; Sousa, 2005), pela tendência
que as crianças têm para responder aos estereótipos sociais em relação ao
desporto (Hellín Goméz et al., 2006), pelas maiores expectativas associadas às
capacidades dos homens (Oliveira, 2000) e pelo facto de os rapazes
tradicionalmente apresentarem valores superiores de competência atlética que
as raparigas (Faria & Fontaine, 1995).
A propósito destes resultados e interpretações, poderíamos contrapor que
apesar de os rapazes serem geralmente apontados como estando mais ligados
ao desporto do que as raparigas, actualmente, com a crescente visibilidade da
mulher e com o aumento da sua participação desportiva nas sociedades
ocidentais, o desporto têm-se tornado cada vez menos estereotipado e
preconceituoso. Todavia, o facto é que ainda há desportos onde estas
características se vão identificando, principalmente naqueles considerados
“masculinos”, como é o caso do Futebol (Bois et al., 2002; Chaves, 2007;
Júnior & Darido, 2002). Por esta razão, a inserção feminina no Futebol traduziu
uma “atitude transgressora, porque as mulheres fizeram valer suas aspirações,
desejos e necessidades, enfrentando um universo caracterizado como próprio
do homem” (Goellner, 2005, p. 147). Mesmo não tendo as mesmas
oportunidades que os homens, e ainda que sendo frequentemente vistas como
tendo perdido a imagem feminina (Ayber, 2008; Bourdieu, 1999; Chaves, 2007;
Júnior & Darido, 2002), muitas mulheres, transcendendo as barreiras do género
(Oliveira, Junior, Mansano, & Simões, 2006), não puseram de parte os seus
gostos e mantiveram o seu interesse pelo Futebol, sendo o início da prática da
modalidade cada vez mais cedo (Santos & Bandeira, 2009).
A este propósito, importa salientar que, porque entraram no “mundo
considerado masculino” e começaram a praticar Futebol por questões
relacionadas com a saúde e a amizade ou o lazer (Paim, 2001), ou como forma
11
de se expressar e libertar as suas emoções (Magalhães, 2008), as mulheres
envolvidas na prática do Futebol não dão tanta importância à competência
desportiva como os homens (Paim, 2001)
Neste contexto, diversos autores sustentam que, para que o Futebol
feminino se desenvolva, é necessário criar um ambiente psicológico
característico onde este desporto ganhe uma nova cultura (através da criação
do seu próprio estilo, valores e regras), onde consiga desenvolver os seus
parâmetros técnicos, tácticos e físicos, e, onde seja considerado não como um
desporto por si só, mas um desporto com significado (Lovisolo, Soares, &
Batholo, 2006; Magalhães, 2008; Oliveira et al., 2006; Santos & Bandeira,
2009). Comparar o Futebol feminino com o masculino é errado, uma vez que,
sendo praticado por pessoas com diferentes fisiologias, não faz sentido que as
normas de qualidade se igualem (Janson, 2008; Lovisolo et al., 2006;
Magalhães, 2008), principalmente porque os atletas dos diferentes sexos
apresentam diferentes níveis de capacidade (Ayber, 2008; Santos & Bandeira,
2009). Seria interessante que se começasse a ver o Futebol feminino como
algo que se gostasse, valorizando-o tal como ele é (Magalhães, 2008).
Por outro lado, para além do sexo, a percepção de competência física
também parece estar intimamente relacionada com a idade das crianças e
jovens, pois por volta dos 11-12 anos, com o desenvolvimento do
pensamento das operações formais e das novas habilidades cognitivas, as
autodescrições concretas, centradas em aspectos externos do
comportamento, são substituídas por autodescrições mais abstractas,
centradas em aspectos internos e psicológicos (Atienza, Balaguer, &
Moreno, 2002; Harter, 1982). Estas autodescrições estão mais sujeitas a
distorções e enviesamentos cognitivos, promovendo autopercepções mais
irrealistas e comportamentos desajustados (Atienza et al., 2002; Harter,
1982), o que se pode constituir como uma justificação para os resultados
encontrados por Bernardo e Matos (2003), Costa e Faria (2002), Faria e
Fontaine (1995), Fontaine (1991), Oliveira (2000), Sollerhed et al. (2008), e
Villamarín et al. (1998), os quais concluíram que, com o aumento da idade,
a autopercepção de competência diminuía. Outra razão apontada por
12
diversos autores para uma diminuição da percepção de competência com a
idade prende-se com o desenvolvimento maturacional, pois com este
advém um crescente realismo do conceito de si próprio, fazendo com que
haja redução dos níveis anteriores de competência (Costa & Faria, 2002;
Craft, Pfeiffer, & Pivarnik, 2003; Fontaine, 1991; Monsma, Malina, & Feltz,
2006; Niven, Fawkner, Knowles, & Stephenson, 2007).
Porém, também existem estudos que contrariam estes dados.
Albuquerque (2004), Matos (1999) e Piffero (2007), por exemplo,
concluíram que as crianças mais velhas apresentavam níveis mais elevados
de percepção de competência, o que pode ser justificado pelo facto de, com
a idade, haver uma consciência mais correcta das crianças e jovens
relativamente às suas capacidades (Matos, 1999). Por outro lado, algumas
investigações, não encontraram diferenças significativas na percepção de
competência em função da idade (Fonseca, 1993; Valentini, 2002b; Villwock
& Valentini, 2007).
Assim, parece ainda haver espaço e necessidade para a realização de
mais investigações que procurem estudar a percepção de competência dos
atletas e a sua relação com o sexo e idade, no contexto desportivo. Esta
necessidade pode ser especialmente premente em modalidades como o
Futebol, a qual, por ser, como referimos anteriormente, um domínio
tradicionalmente masculino, pode ser especialmente susceptível à
influência de estereótipos sexuais, os quais poderão, naturalmente,
influenciar a forma como os rapazes e raparigas de diferentes idades se
percebem fisicamente.
Finalmente, para além de estar relacionada com o sexo e idade dos
atletas, a percepção de competência parece ainda sofrer influência dos pais
ou figuras parentais (avós, tios, outros), pois são eles que influenciam
maioritariamente as experiências que as crianças e jovens vivenciam e que
lhes incutem o grau de envolvimento no desporto (Bois et al., 2002; Brustad &
Partridge, 2002; Horn & Horn, 2007). Mais concretamente, o grau de
envolvimento das crianças e jovens no contexto desportivo irá depender, em
parte, do sistema de crenças e valores que os pais possuem, já que se estes
13
avaliarem positivamente um desporto irão estimular os interesses desportivos
dos seus filhos, podendo mesmo construir um modelo que estes pretendam
imitar (Brustad, 1992; Haywood, 2005; Horn & Horn, 2007). A natureza e
extensão dessa influência varia em função da idade e do estado de
desenvolvimento da criança, pois à medida que esta cresce e passa da infância
para a adolescência, as suas estruturas de referência modificam-se,
aumentando o número de outros significativos que condicionam o seu “eu”: o
poder influente dos pais começa a diminuir, podendo mesmo desaparecer, para
o seu espaço ser ocupado pelo grupo de pares (Brustad & Partridge, 2002;
Côté, 1999; Gallahue & Ozmun, 2005; Greendorfer, 2002; Weiss, 2000).
Todavia, pode considerar-se que essa diminuição de influência se circunscreve
à tomada de decisão em nome dos filhos e não ao apoio e auxílio que os pais
lhes asseguram, já que continuam a assistir ao seu desempenho desportivo,
proporcionando-lhes as melhores condições de treino possíveis (Côté, 1999).
A este propósito, importa salientar que, uma vez que os pais assumem tal
importância no envolvimento dos seus filhos no desporto, é necessário
consciencializá-los da necessidade de uma influência positiva e, ao mesmo
tempo, do modo como a podem e devem levar a cabo, já que eles são também
responsáveis pelos efeitos que as experiências desportivas têm no mundo
emocional dos filhos (Brustad & Partridge, 2002; Smoll, 2000). Assim, os pais
devem assumir uma atitude positiva perante o seu descendente, respeitando
as suas decisões e aconselhando o jogo honesto, de modo a manter um
comportamento digno e correcto, não o pressionando, intimidando ou
subornando a praticar desporto, nem projectando nele os seus sonhos
inconcretizáveis ou idealizando a sua própria imagem (Smoll, 2000). Os
sucessos e fracassos que se tem na infância podem parecer remotos e pouco
significativos para nós actualmente, mas, foram resultados importantes que
influenciam o que somos hoje (Gallahue & Ozmun, 2005). Desta forma, é
necessário que os pais e professores forneçam às crianças um ambiente
propício para a sua aprendizagem e desenvolvimento e consigam fazer com
que estas se tornem adultos educados fisicamente, ensinando-as a aprender e
como aprender (Valentini et al., 1999a). Para que tal aconteça, é
14
imprescindível, por um lado, ter em atenção cada criança individualmente, dado
que a percepção varia de criança para criança (Gallahue & Ozmun, 2005); por
outro lado, é necessário criar actividades desportivas desenvolvimentalistas,
orientadas para o indivíduo e para o êxito. Por último, também é importante o
encorajamento por parte dos adultos significativos para o desenvolvimento das
capacidades motoras das crianças, já que são estes que auxiliam
maioritariamente no desenvolvimento de autoconceitos estáveis e positivos,
promovendo uma melhor e mais positiva percepção de competência física
(Gallahue, 1996; Gallahue & Ozmun, 2005; Weiss, 2000).
No que respeita concretamente à percepção de competência física,
saliente-se que, segundo Corredeira, Silva e Fonseca (2008), quando se
observa uma criança num contexto desportivo, imediatamente realizamos um
julgamento sobre a sua competência nesse mesmo contexto. No entanto, os
autores também referem que os níveis que atribuímos a essa competência não
são necessariamente iguais aos que ela atribui a si mesma, nem aos que os
outros (pais, irmãos, treinadores, etc.) lhe atribuem. Ora, considerando que as
crianças tendem a viver de acordo com as expectativas dos pais ou de acordo
com aquilo que ela pensa serem essas expectativas (Gallahue & Ozmun,
2005), facilmente se percebe que os pais podem ter um papel fundamental no
envolvimento e desenvolvimento do filho nas experiências desportivas (Brustad
& Partridge, 2002). As palavras e expressões negativas que os adultos
significativos emitem relativamente aos comportamentos e atitudes das
crianças condicionam o modo como estas percepcionam as opiniões dos
outros a seu respeito, pois, ao ouvirem palavras e expressões negativas,
imediatamente adoptam um comportamento negativo face às actividades. A
longo prazo, este comportamento é difícil de modificar, dado que a criança
entenderá o êxito como algo temporário ou como fruto da sorte e acredita
que em situações posteriores tudo voltará a correr mal (Gallahue & Ozmun,
2005).
Deste modo, considerando que grande parte das diferenças encontradas ao
nível afectivo e emocional entre os jovens que gostam do desporto e se sentem
bem nele e aqueles que experienciam emoções negativas são explicadas pelas
15
atitudes dos pais (Gomes, 1997), compreende-se a importância que estes têm
na socialização das crianças no desporto e na formação e desenvolvimento da
sua autopercepção de competência (Bois et al., 2002; Brustad et al., 2001;
Gomes, 1997; Villwock & Valentini, 2007; Weiss, 2000). A percepção de
competência física, parece assim ser também formada através da interacção
dos filhos com os pais, pois estes, ao entenderem favorável e positivamente
um desporto, irão transmitir aos seus filhos influências positivas e de
encorajamento, que condicionarão de forma positiva a percepção de
competência física, bem como a atracção e envolvimento na actividade
(Brustad & Partridge, 2002; Brustad, 1993; Greendorfer et al., 2002). Neste
contexto, Bois et al. (2002) e Brustad (1993) indicam que as práticas de
socialização parental podem ser fundamentais na formação da competência,
uma vez que esta é mais consistente com as expectativas dos pais do que com
o desempenho do jovem. Sendo os pais fortes modeladores das crenças sobre
a competência pessoal dos seus filhos e fortes influenciadores motivacionais,
se apoiarem positivamente os esforços dos seus filhos, estes tenderão a
perceber-se competentes e, como tal, desenvolverão uma orientação
motivacional intrínseca (Brustad, 1992). Mas, se esse apoio for negativo (de
desaprovação), a criança desenvolverá um sentimento de competência
diminuído (Brustad, 1992).
Num estudo realizado no âmbito do Futebol por Babkes e Weiss (1999),
verificou-se que os jovens que demonstraram maior satisfação, competência
percebida e motivação foram aqueles que sentiram maior envolvimento dos
pais sobre a forma e instrução e assistência aos jogos e menor pressão para
jogarem bem. O elevado apoio dos pais parece assim estar associado a uma
elevada percepção de competência física dos seus filhos, pois as crianças, ao
verem nos seus pais comportamentos e atitudes de apoio face ao desporto que
praticam, têm maiores percepções de competência, motivação intrínseca e
divertimento (Brustad, 1993; Greendorfer et al., 2002). Estas afirmações foram
corroboradas num estudo realizado em Portugal por Oliveira (2000), no qual se
verificou que as crianças desenvolviam a sua percepção de competência com
base naquilo que os pais lhes transmitiam (crenças ou convicções pessoais)
16
acerca do que elas conseguiam fazer. A percepção de competência física pode
assim ter um papel crucial no comportamento da criança na actividade
desportiva, sendo importante que os pais promovam percepções de
competência física positivas e reais (Gomes, 1997)
Concluindo, é importante que os pais tenham noção do modo como podem
influenciar os seus filhos na construção e desenvolvimento da sua percepção
de competência, já que são os intérpretes e avaliadores das realizações e
competências da criança e são os transmissores do que pensam e esperam
para elas (Faria, 2002). Quanto mais favorável for a percepção que possuem
relativamente à competência física dos seus filhos, mais positivo é o modo
como a criança se avalia (Bois et al., 2002; Brustad, 1993). Por outro lado, se
os feedbacks e encorajamento dos pais não condizerem com o desempenho
real da criança (Villwock & Valentini, 2007) podem desenvolver nela uma
avaliação irrealista das suas capacidades (Faria, 2005).
Não obstante, a influência parental apresenta padrões distintos quando
especificamos o papel dos pais e das mães no envolvimento dos filhos no
desporto e na sua percepção de competência, já que os dois progenitores
podem não partilhar das mesmas apreciações relativamente à aptidão e
habilidade dos seus filhos. Este facto foi já constatado em diversos estudos
internacionais como os de Bois et al. (2002, 2005), Gutiérrez e Escartí (2006) e
Moraes, Rabelo e Salmela (2004), assim como em estudos realizados em
Portugal por Matos (1999) e Cardoso (2002).
Bois et al. (2002), por exemplo, encontraram uma relação significativa entre
mãe-filha no que respeita à percepção de competência física das últimas. Tal
resultado podia, segundo os autores, ser explicado pelos diferentes
comportamentos das mães relativamente aos seus filhos, pela maior
sensibilidade das filhas para o comportamento das mães, pela diminuta
sensibilidade dos filhos relativamente às percepções e comportamento das
suas mães e, ainda, pelo facto de os filhos não considerarem as mães fontes
fiáveis de informação sobre a sua competência física quando comparados com
os pais (principalmente quando se tratava de desportos tipicamente
masculinos). Numa investigação posterior, os mesmos autores verificaram que
17
existindo padrões distintos de influência das mães e dos pais na prática
desportiva dos seus filhos, isso não se relacionava com o sexo da criança, mas
sim com o do progenitor (Bois et al., 2005). Paralelamente, investigações
realizadas por Cardoso (2002), Brustad (1993), Gutiérrez e Escartí (2006), e
Moraes et al. (2004) concluíram que a mãe era o agente menos influente,
tantos nos rapazes como nas raparigas. A razão apontada para tal resultado no
estudo de Moraes et al., o qual foi desenvolvido no Futebol, foi o facto de as
mães não praticarem esta modalidade, levando a que provavelmente não a
conhecessem bem e, como tal, não participassem activamente no
envolvimento do seu filho, deixando para os pais (que jogavam e conheciam o
Futebol) esse papel. Finalmente, outros estudos (e.g., Brustad, 1993; Cardoso,
2002; Greendorfer et al., 2002; Sousa, 2005) mostraram que os rapazes eram
mais influenciados que as raparigas por ambos os pais, o que pode justificar o
facto de eles se apresentarem geralmente mais competentes do que elas.
Em suma, não parece existir um consenso na literatura no que respeita à
influência parental na percepção de competência física dos filhos, sendo
necessárias mais investigações que analisem a relação entre a percepção de
competência dos jovens e o modo como os seus pais os percepcionam,
analisando padrões diferenciados de interacção em função do sexo dos pais e
dos filhos.
Neste contexto, considerando, por um lado, a escassez de investigações do
domínio da percepção de competência física em Portugal, designadamente na
modalidade de Futebol, e, procurando, por outro lado, ir ao encontro de
algumas lacunas existentes no estudo da relação entre a percepção de
competência física dos atletas e a percepção que os seus pais têm sobre essa
competência física, o presente estudo procurou primeiramente estudar a
percepção de competência física de jogadores de Futebol portugueses de
ambos os sexos, analisando a sua relação com o sexo e idade dos mesmos.
Num segundo momento, analisámos a percepção que os pais tinham da
competência física dos jogadores de Futebol, analisando os resultados em
função do sexo dos pais e dos filhos. Por último, comparámos a autopercepção
18
de competência física dos jogadores de Futebol com a percepção que os seus
pais tinham da competência física destes.
19
CAPITULO III
20
21
3.1. Material e métodos
3.1.1. Participantes
No Quadro 1 apresentam-se as características demográficas e desportivas
dos participantes neste estudo. Como se pode verificar, participaram no
presente estudo 119 jogadores de Futebol (63% sexo masculino e 37% sexo
feminino), com idades compreendidas entre os 13 e os 17 anos (15,45 ± 1,24).
Participaram também 213 pais (51% pais e 49% mães), com idades entre os 29
e os 69 anos (44,84 ± 5,99).
Quadro 1 – Características demográficas e desportivas dos jogadores e dos seus pais
Jogadores de Futebol Pais
n % dp n % dp
Idade 15,45 ±1,24 44,84 ±5,99
Sexo Masc. 75 63,0 109 51,2
Fem. 44 37,0 104 48,8
Total 119 100,0 213 100,0
Pratica
desporto
actualmente
Sim 119 100,0 46 21,6
Não 167 78,4
Anos de
prática 5,67 ± 2,78 15,57 ±13,24
Praticou
desporto no
passado
Sim 86 40,4
Não 81 38,0
Anos de
prática 9,71 ± 9,38
Como limite inferior de idade para os atletas deste estudo definimos os 13
anos, pois o número de jogadoras de Futebol feminino com idade abaixo desse
limite é quase inexistente; como limite superior possuímos os 17 anos, uma vez
que quanto mais se avança na idade menor é a influência dos pais sobre os
seus filhos (Brustad & Partridge, 2002; Gallahue & Ozmun, 2005) e, a partir
dessa idade, o jovem começa a entrar na idade adulta.
22
Relativamente aos pais, saliente-se o facto de 62% terem praticado
desporto. Destes, 22% ainda se encontravam em actividade, enquanto 78% já
estavam inactivos. Quanto aos anos de prática, os pais que praticavam
desporto actualmente faziam-no aproximadamente há 16 (±13) anos, e os que
já não praticavam, mas o tinham feito no passado, fizeram-no durante
aproximadamente 10(±9) anos.
3.1.2. Instrumentos
Os questionários administrados aos atletas e aos seus pais incluíam, para
além de secções destinadas a recolher dados demográficos (e.g., sexo e
idade) e desportivos (e.g., anos de prática) dos participantes no estudo,
escalas que visavam avaliar a autopercepção de competência dos jogadores
(aplicado aos atletas) e a percepção de competência que os pais tinham dos
seus filhos (aplicado aos pais). Estas escalas de avaliação da percepção de
competência basearam-se em escalas desenvolvidas originalmente por
Fredricks e Eccles (2005), e incluíam, em ambos os casos, cinco itens (e.g.,
atletas – “Como avalias a tua competência para praticar Futebol?”; e.g., pais
“Como avalia a competência do(a) seu(sua) filho(a) para praticar Futebol?”)
respondidos numa escala tipo Likert de 1 (muito fraca) a 5 (muito boa). Os
valores mais elevados correspondiam a níveis de percepção de competência
mais elevados e os valores mais baixos a níveis de percepção de competência
mais baixos.
3.1.3. Procedimentos
A recolha dos dados efectuou-se entre os meses de Fevereiro e Junho de
2009, através da administração de dois questionários de autopreenchimento
(um para os jogadores e um para os pais [pai e mãe separadamente]).
23
Inicialmente, foi realizado um pedido de autorização aos coordenadores ou
directores dos clubes, para a administração dos questionários nos mesmos (ver
anexo 1). Após uma resposta positiva por parte destes, foi pedida permissão
aos encarregados de educação para o preenchimento dos questionários por
parte dos seus educandos, dando-lhes conhecimento do objectivo do estudo,
explicando em que consistia o referido questionário e garantindo o anonimato
no preenchimento e tratamento de dados (ver anexo 2).
Com a devida autorização, foram distribuídos os questionários aos
jogadores (anexo 3) explicando-lhes previamente como o tinham de preencher
e qual o objectivo do estudo. No entanto, por diversas razões (e.g., os
treinadores não abdicavam do tempo do seu treino, não havia tempo nem
disponibilidade por parte dos jogadores e pais para tal), alguns jogadores
tiveram que preencher os questionários fora do alcance da investigadora.
Mesmo assim, estes jogadores tiveram uma explicação prévia sobre o
preenchimento e objectivos do questionário. A estes jogadores foi pedido que,
após o preenchimento, colocassem o questionário num envelope fornecido
para o efeito, o qual deveria ser posteriormente fechado e devolvido à
investigadora.
Depois do preenchimento e recolha dos questionários dos jogadores, foi-
lhes entregue um envelope com os questionários que tinham de entregar aos
seus pais (anexo 4), os quais, após serem preenchidos, também deveriam ser
colocados num envelope, a devolver fechado à investigadora.
Para a análise estatística das variáveis em estudo foi utilizado o programa
estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences), versão 17.0.
Os procedimentos estatísticos usados incluíram a estatística descritiva, a
correlacional e a inferencial
O nível de significância foi estabelecido em 5%.
24
25
CAPITULO IV
26
27
4.1. Apresentação dos Resultados
No Quadro 2, são apresentados os valores médios correspondentes à
percepção de competência física dos jogadores de Futebol quando
considerada a amostra total, assim como a comparação da percepção de
competência dos jogadores dos dois sexos. Como se pode verificar, de uma
forma geral, os atletas participantes neste estudo apresentavam valores
relativamente elevados de percepção de competência física, mas os jogadores
do sexo masculino pareciam perceber-se de forma significativamente superior
às jogadoras do sexo feminino.
Quadro 2 – Percepção de competência física dos jogadores na amostra total, em função do sexo
N Média ± Desvio padrão Teste t para amostras
independentes
Total 119 3,86 ± 0,54 -
Masculino 75 3,95 ± 0, 48 t = 2,45; p = 0,02
Feminino 44 3,70 ±0, 61
No que respeita à relação da percepção de competência dos jogadores
com a idade, não foi encontrada uma relação significativa na amostra total, mas
quando considerada a relação entre as duas variáveis nos jogadores dos dois
sexos, separadamente, constatámos a existência de uma relação positiva
significativa entre a idade e a percepção de competência nos rapazes. (Quadro
3).
Quadro 3 – Relação entre a percepção de competência física e a idade dos jogadores
Idade
Total Masculino Feminino
Percepção de
Competência Física 0,06 0,25* -0,19
* p < 0,05
28
No que respeita às percepções que os pais possuíam relativamente à
competência dos seus filhos, verificámos que estas pareciam ser
substancialmente elevadas na amostra global (i.e., considerando ambos os
progenitores), sendo mais elevada nas mães do que nos pais, ainda que esta
diferença fosse marginalmente significativa (Quadro 4).
Quadro 4 – Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus filhos na amostra
global e em função do sexo dos pais.
Média ± Desvio padrão Teste t para amostras
independentes
Pais (pai e mãe) 4,13 ± 0,55 -
Mães 4,16 ± 0,57 t = - 0,72; p = - 0,05
Pais 4,10 ± 0,53
Com o objectivo de verificar se as percepções dos pais eram distintas no
caso de o filho ser rapaz ou rapariga, foi analisada a percepção que os pais
tinham sobre a competência física dos seus filhos em função do sexo dos
segundos. Os resultados mostraram que os pais das raparigas possuíam
percepções de competência significativamente mais elevadas relativamente à
competência física das filhas do que os pais dos rapazes (Quadro 5).
Quadro 5 - Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus filhos, em função do
sexo dos filhos.
Média ± Desvio padrão Teste t para amostras
independentes
Pais (pai e mãe) de jogadores
do sexo masculino 4,07 ± 0,56
t = -2,02; p = 0,04
Pais (pai e mãe) de jogadoras do sexo feminino
4,23 ±0,52
Por outro lado, quando fomos ver se existiam diferenças na forma como os
jogadores dos dois sexos eram avaliados ao nível da competência física pelo
pai e pela mãe, separadamente, não foram encontradas diferenças
29
significativas. No entanto, parecia existir uma tendência para as jogadoras
serem vistas como mais competentes que os jogadores, quer pelos pais, quer
pelas mães (Quadro 6).
Quadro 6 - Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus filhos em função do
sexo de ambos
Média ± Desvio padrão Teste t para amostras
independentes
Pai de jogadores do sexo masculino Pai de jogadores do sexo feminino
4,04 ± 0,53
4,22 ± 0,52 t = -1,77; p = 0,08
Mãe de jogadoras do sexo masculino
Mãe de jogadoras do sexo feminino 4,11 ± 0,60
4, 23 ± 0, 52 t = -1,08; p = 0,28
Posteriormente, procurámos analisar a relação entre a autopercepção de
competência física dos jogadores e o modo como os pais os percepcionavam
fisicamente, tendo sido verificado que os pais, quando considerados na sua
totalidade, apresentavam, no que respeita à competência física dos filhos,
valores de competência física significativamente mais elevados que estes
(Quadro 7).
Quadro 7 - Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus filhos e autopercepção
de competência física dos jogadores, na amostra global
Média ± Desvio padrão Teste t para amostras
independentes
Pais (pai e mãe) 4,13 ±0,55 t = -4,36; p = 0,00
Filhos 3,86 ± 0,54
Por último, para obter dados mais precisos sobre a relação entre a
percepção que pais tinham sobre a competência dos filhos e a autopercepção
de competência física dos jogadores de Futebol, os dados foram comparados
em função do sexo de ambos (i.e., dos filhos e dos pais). Os resultados
30
mostraram a existência de diferenças significativas entre a autopercepção de
competência das jogadoras de Futebol e as percepções de ambos os
progenitores (i.e., pai e mãe separadamente); em ambos os casos, os pais
tinham percepções mais elevadas que as filhas. Os filhos também pareciam
possuir autopercepções de competência física menos elevadas que as
percepções dos pais e das mães, mas estas diferenças não eram significativas
(Quadro 8).
Quadro 8 - Percepção dos pais relativamente à competência física dos seus filhos e autopercepção
de competência física dos jogadores, em função do sexo de ambos
Média ± Desvio padrão Teste t para amostras
independentes
Pai Filho
4,04 ± 0,53
3,95 ± 0,48 t = -0,99; p = 0,32
Mãe
Filho
4,11 ± 0,60
3,95 ± 0,48 t = -1,74; p = 0,09
Pai
Filha
4,22 ± 0,52
3,70 ±0, 61 t = -0,42; p = 0,00
Mãe
Filha 4,23 ±0,52
3,70 ±0, 61 t = -4,32; p = 0,00
31
4.2. Discussão e Conclusões
Com o presente trabalho, pretendeu-se estudar as autopercepções de
competência física de jogadores de Futebol de ambos os sexos, a percepção
que os seus pais tinham da competência física dos seus filhos e a relação entre
ambas as percepções.
Em primeiro lugar é necessário referir que a população estudada tinha
“características especiais”, uma vez que se tratou de uma investigação
realizada num desporto tradicionalmente masculino, o Futebol (Bois et al.,
2002; Chaves, 2007; Júnior & Darido, 2002), onde também se incluíram
jogadoras do sexo feminino. Ainda assim, relativamente à amostra total de
jogadores, refira-se que de um modo geral, atletas participantes no presente
estudo possuíam percepções de competência física relativamente elevadas.
Todavia, os atletas do sexo masculino apresentaram níveis significativamente
mais elevados de percepção de competência física, que os atletas do sexo
feminino, resultados que estão em sintonia com diversos estudos nacionais
(e.g., Albuquerque, 2004; Bernardo & Matos, 2003; Cardoso, 2002; Costa &
Faria, 2002; Faria & Fontaine, 1995; Ferreira et al., 2007; Maia, 2003; Oliveira,
2000) e internacionais (e.g., Bois et al., 2002, 2005; Brustad, 1993; Hellín
Goméz et al., 2006; Villamarín et al., 1998; Villwock & Valentini, 2007).
Algumas explicações para estas diferenças podem estar relacionadas com a
atitude dos pais face ao desporto (Bois et al., 2005), com o seu envolvimento
no desporto do filho (Brustad, 1993; Cardoso, 2002; Greendorfer et al., 2002;
Sousa, 2005) e, ainda, com os estereótipos sociais face ao desporto feminino e
masculino (Costa & Faria, 2002; Faria & Fontaine, 1995; Hellín Goméz et al.,
2006; Oliveira, 2000), aspectos que são particularmente salientes na
modalidade em questão, o Futebol. Com efeito, devido à visibilidade mediática
do Futebol e porque se vê na prática desta modalidade um trampolim para um
futuro melhor, é frequente o pai investir particularmente na formação do seu
filho na modalidade, não existindo, de uma forma geral, o mesmo interesse
pela filha quando é esta que pratica Futebol.
32
No que concerne à relação entre a idade dos jogadores e a percepção de
competência, não encontrámos uma relação significativa entre estas variáveis
na amostra total. A este respeito saliente-se que, apesar de estes resultados
corroborarem investigações de Fonseca (1993), Valentini (2002b) e Villwock e
Valentini (2007), na literatura não existe um consenso no que respeita à
relação entre estas duas variáveis. Enquanto uns autores afirmam que com
o aumento da idade a percepção de competência aumenta (e.g.,
Albuquerque, 2004; Matos, 1999; Piffero, 2007), outros afirmam que esta
diminui (e.g., Atienza et al., 2002; Bernardo & Matos, 2003; Costa & Faria,
2002; Craft et al., 2003; Faria & Fontaine, 1995; Fontaine, 1991; Harter,
1982; Monsma et al., 2006; Niven et al., 2007; Oliveira, 2000; Sollerhed et
al., 2008; Villamarín et al., 1998). Por outro lado, quando se especificou o
sexo dos jogadores, verificou-se, a existência de uma correlação positiva
significativa entre a idade e a percepção de competência nos rapazes, um dado
que pode ser justificado pelo facto de, com a idade, os jovens adquirirem uma
consciência mais correcta relativamente às suas capacidades (Matos, 1999).
No entanto, considerando os dados equívocos na relação entre as duas
variáveis em questão, seria importante alargar este estudo a uma amostra
maior e, se possível, abranger escalões etários mais baixos
Como referido inicialmente, é mais que notória a influência dos pais no
envolvimento dos filhos no desporto (ver Bois et al., 2002, 2005; Brustad &
Partridge, 2002; Horn & Horn, 2007), estendendo-se essa influência à formação
de uma percepção de competência positiva e realista (Brustad et al., 2001;
Gallahue, 1996; Gallahue & Ozmun, 2005; Gomes, 1997; Villwock & Valentini,
2007; Weiss, 2000).
Na presente investigação, verificou-se que, de uma forma geral, os pais
apresentavam, relativamente à competência física dos seus filhos, percepções
substancialmente elevadas, sendo mais elevadas, ainda que de forma
marginalmente significativa, nas mães que nos pais. No entanto, quando
considerámos o sexo dos filhos, verificámos que a amostra global dos pais (pai
e mãe) das raparigas apresentavam percepções mais elevadas em relação à
competência das suas filhas do que os pais dos rapazes. Estes dados foram de
33
certa forma corroborados quando analisámos os dados relativamente à forma
como os jogadores dos diferentes sexos eram percebidos pelos pais e pelas
mães separadamente, na medida em que, embora as diferenças não fossem
significativas, encontrámos uma tendência para as jogadoras serem vistas
como mais competentes que os jogadores, quer pelos pais, quer pelas mães.
Estes dados, não eram esperados, muito menos tratando-se de um
desporto tipicamente masculino. Além disso, na literatura não encontrámos
resultados similares, nesta ou em outras modalidades, mas sim dados que
mostram que os rapazes são mais influenciados, encorajados e valorizados
que as raparigas (Brustad, 1993; Cardoso, 2002; Costa & Faria, 2002;
Greendorfer et al., 2002; Sousa, 2005), e que as expectativas para com estes
são superiores (Oliveira, 2000). Assim, estes resultados podem sugerir a
contínua evolução do Futebol feminino, e mostrar que as raparigas
transcenderam as barreiras do género no que respeita á prática desta
modalidade (Oliveira et al., 2006; Santos & Bandeira, 2009). Provavelmente
podem ser apontadas algumas interpretações que justificam este resultado,
dado que, tal como referido inicialmente, estudamos uma “população especial”.
Primeiro, como os participantes eram estudo eram menores de idade, para
jogarem Futebol competitivo necessitaram da autorização dos seus pais. Se
estes autorizaram, parte-se do princípio que aceitaram o envolvimento do(a)
seu(sua) filho(a) no Futebol e, consequentemente, pode-se supor que
começaram a aceitar a introdução das raparigas nesta modalidade. Como
estamos a falar de crianças e jovens que necessitam do auxílio dos pais para o
transporte e financiamento da sua prática, é também razoável supor que estes
começam a assistir aos treinos, não só dos seus filhos, mas agora também das
filhas. Ao assistirem aos treinos, é natural que os pais também se comecem a
aperceber da competência das suas filhas no Futebol. Por último, como
presumivelmente o Futebol feminino ainda é comparado com o Futebol
masculino e ainda não é visto, por todos, como um desporto com a sua própria
cultura, estilo e valores, é normal que os pais exijam, para a mesma tarefa,
mais dos rapazes que das raparigas. Como tal, poderá ser natural que os pais
percepcionem as suas filhas como mais competentes quando comparadas com
34
os seus filhos, já que o nível de exigência que lhes é imposto é menor. Por esta
razão pensamos que, futuramente, seria importante aprofundar as razões que
estão na génese da formação das percepções dos pais relativamente à
competência dos seus filhos e filhas, designadamente nesta modalidade tão
particular.
Finalmente, fomos analisar a relação entre a autopercepção de
competência física dos jogadores e o modo como os seus pais os
percepcionavam fisicamente, tendo verificado que quer os pais quer os filhos
apresentavam percepções de competência elevadas, ainda que as percepções
dos primeiros fossem significativamente mais elevadas. Quando estudámos
mais aprofundadamente esta relação, cruzando o sexo dos progenitores com o
sexo dos filhos, verificámos que apesar de, em todos os casos os pais terem,
relativamente aos seus filhos, percepções de competência mais elevadas que
eles próprios, as diferenças só eram significativas quando envolviam as
jogadoras do sexo feminino. Ou seja, a percepção que os rapazes tinham da
sua competência pareciam estar mais próximas da percepção dos pais do que
a percepção das raparigas.
Bois et al. (2002) e Brustad (1993) afirmam que os pais são importantes na
formação da percepção de competência dos filhos, sendo esta mais
consistente com as expectativas dos pais do que com o próprio desempenho
do jovem. Na mesma linha, Gallahue e Ozmun (2005) e Gomes (1997) afirmam
que as crianças tendiam a viver de acordo com as expectativas dos pais ou de
acordo com aquilo que elas pensam que são as suas expectativas. No entanto,
na presente investigação parecia existir uma certa disparidade no que respeita
à forma como os jogadores de Futebol, designadamente os do sexo feminino,
se percebiam fisicamente e a forma como os seus pais os percebiam. A
questão que se pode colocar reporta-se então à forma como os pais
transmitem aos filhos a forma como os percebem fisicamente (e.g., feedbacks,
encorajamento, envolvimento), e se estabelecem, a este nível, padrões de
interacção diferenciados quando se trata de rapazes ou raparigas. Mediante
estes dados, seria interessante, no futuro, aprofundar os mecanismos
subjacentes à transmissão de expectativas relativamente ao desporto de pais
35
para filhos, não só em modalidades tipicamente masculinas como o Futebol,
mas também em domínios tradicionalmente femininos (e.g., ginástica rítmica,
dança).
.
.
36
37
CAPITULO V
38
39
5.1. Principais conclusões
Tendo como referência os objectivos formulados para o presente estudo,
afigura-se plausível enfatizar as seguintes conclusões:
Os jogadores de Futebol que compõem a amostra apresentam
valores elevados de autopercepção de competência física.
Os rapazes percepcionam-se como sendo mais competentes do que
as raparigas.
Apenas nos rapazes se constata uma relação positiva entre a idade
e a percepção de competência.
A percepção que os pais (pai e mãe) revelam quanto à competência
física dos seus filhos é elevada.
Os pais (pai e mãe) das raparigas apresentam percepções de
competência sobre as suas filhas mais elevadas do que os pais (pai
e mãe) dos jogadores do sexo masculino.
Os pais (pai e mãe) mostram valores mais elevados a propósito da
percepção de competência dos seus filhos, do que estes em relação
a eles próprios.
Os pais e as mães das raparigas apresentam valores mais elevados
sobre a percepção de competência das suas filhas, do que elas
próprias.
40
41
5.2. Sugestões para futuros estudos
Depois da realização deste estudo, levantaram-se algumas questões que
julgamos ser pertinentes na realização de futuros trabalhos e,
consequentemente para o desenvolvimento desta área de conhecimento.
Assim, face ao estudo, inicialmente pensamos ser importante aprofundar as
razões que estão na génese da formação das percepções dos pais
relativamente à competência dos seus filhos e filhas, designadamente nesta
modalidade tão particular.
Seria ainda importante aplicar o questionário a um maior número de
indivíduos, se possível em escalões etários mais baixos, para verificar com
maior consistência a relação que os pais têm com a percepção de competência
dos seus filhos.
Dado que ainda existem poucos dados da literatura que diferenciam género
e idade, seria importante continuar a avaliar as diferenças de percepção de
competência nos rapazes e nas raparigas, em função da respectiva idade.
Uma vez que, no presente estudo, parece existir uma disparidade entre
a forma como os jogadores se percebiam fisicamente e a forma como os seus
pais os percebiam, seria importante, no futuro, aprofundar os mecanismos
subjacentes à transmissão de expectativas de pais para filhos, face ao
desporto, não só em modalidades tipicamente masculinas, como o Futebol,
mas também em domínios tradicionalmente femininos (e.g. ginástica rítmica e
dança)
Finalmente pensamos que à medida que surjam resultados efectivos e
significativos, é necessário fazer chegar as conclusões desses resultados aos
responsáveis pelo processo de desenvolvimento desportivo dos nossos jovens,
nomeadamente pais e treinadores, possibilitando-lhes assim um conhecimento
consentâneo com as necessidades de transformação das práticas,
considerando as representações/percepções dos praticantes.
42
43
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XXI
ANEXOS
XXII
XXIII
Anexo 1
- Autorização para os
coordenadores/directores dos clubes
XXIV
XXVI
Exmº Senhor Coordenador da Formação do ______________________,
Atendendo à importância de que se reveste a prática de uma actividade física ou
desportiva continuada para o desenvolvimento harmonioso dos jovens, estamos neste
momento, no âmbito das actividades do Laboratório de Psicologia do Desporto da
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a desenvolver diversos estudos sobre
alguns aspectos relacionados com o modo como os jovens as percepcionam e/ ou as
realizam.
Concomitantemente, estamos a procurar investigar o padrão de relações existente entre o
modo como os jovens se situam face à actividade desportiva e o papel desempenhado
pelos pais e outros significativos na participação das crianças e jovens em actividades
desportivas, fundamentalmente porque entendemos que a partir da compreensão da
dinâmica destas relações poderemos identificar as formas precisas com que os pais
podem influenciar positivamente a experiência das crianças e jovens e encorajá-los a
utilizarem essas práticas; simultaneamente, poderão ser identificadas acções negativas e
facilitar os esforços para eliminá-las.
Nesse sentido, gostaríamos de solicitar-lhe a autorização necessária para pedir às/aos
jovens atletas de formação do _______________________ e respectivos pais, para
preencherem um conjunto de questionários sobre a temática anteriormente referida, os
quais seriam aplicados pela investigadora Ana Mateus, no âmbito da elaboração da sua
dissertação de Licenciatura.
O preenchimento dos questionários é, naturalmente, voluntário e anónimo, não sendo
portanto solicitada, em local nenhum, a indicação do nome das atletas ou dos seus pais.
Para além disso, todas as suas respostas são estritamente confidenciais: ninguém terá
acesso a elas, exceptuando os investigadores responsáveis.
Sem mais, de momento, desde já agradecemos a atenção dispensada.
Porto, 26 de Fevereiro de 2009
Cláudia Dias
Professora Auxiliar
XXVII
Anexo 2
- Autorização para os
encarregados de educação
XXVIII
XXVII
Atendendo à importância de que se reveste a prática de uma actividade desportiva para o desenvolvimento harmonioso dos jovens, estamos neste momento, no âmbito das actividades do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a desenvolver diversos estudos sobre alguns aspectos relacionados com o modo como os jovens as percepcionam e/ ou as realizam. Mais especificamente, estamos a procurar investigar o padrão de relações existente entre o modo como os jovens se situam face à actividade desportiva e o papel desempenhado pelos pais e outros significativos na participação das crianças e jovens em actividades desportivas. Com base na compreensão da dinâmica destas relações poderemos identificar as formas precisas com que os pais podem influenciar positivamente a experiência das crianças e jovens e encorajá-los a utilizarem essas práticas.
A recolha de dados para esta investigação consiste na aplicação de dois questionários distintos sobre a temática anteriormente referida, os quais seriam aplicados pela investigadora Ana Mateus, no âmbito da elaboração da sua dissertação de Licenciatura. Um dos questionários deverá ser preenchido pela criança ou jovem e o outro pelo pai e pela mãe de cada um dos educandos, individualmente.
O preenchimento dos questionários é, naturalmente, voluntário e anónimo, não sendo portanto solicitada, em local nenhum, a indicação do nome dos estudantes ou dos seus pais. Para além disso, todas as suas respostas são estritamente confidenciais: ninguém terá acesso a elas, exceptuando os investigadores responsáveis.
Assim, gostaríamos de saber se está interessado em cooperar na presente investigação e de solicitar-lhe a autorização necessária para a participação do seu educando na mesma. Nesse sentido, pedimos para devolver o destacável assinado (por intermédio dos seus educandos), assinalando a opção que mais se adequar à sua opção.
Sem mais, de momento, desde já agradecemos a atenção dispensada.
✂
Sim, aceito participar e autorizo a participação do meu educando no presente trabalho de investigação, desenvolvido no âmbito das actividades de
investigação do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Não aceito participar e não autorizo a participação do meu educando no presente trabalho de investigação, desenvolvido no âmbito das
actividades de investigação do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Assinatura do Encarregado de Educação: ________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
Atendendo à importância de que se reveste a prática de uma actividade desportiva para o desenvolvimento harmonioso dos jovens, estamos neste momento, no âmbito das actividades do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, a desenvolver diversos estudos sobre alguns aspectos relacionados com o modo como os jovens as percepcionam e/ ou as realizam. Mais especificamente, estamos a procurar investigar o padrão de relações existente entre o modo como os jovens se situam face à actividade desportiva e o papel desempenhado pelos pais e outros significativos na participação das crianças e jovens em actividades desportivas. Com base na compreensão da dinâmica destas relações poderemos identificar as formas precisas com que os pais podem influenciar positivamente a experiência das crianças e jovens e encorajá-los a utilizarem essas práticas.
A recolha de dados para esta investigação consiste na aplicação de dois questionários distintos sobre a temática anteriormente referida, os quais seriam aplicados pela investigadora Ana Mateus, no âmbito da elaboração da sua dissertação de Licenciatura. Um dos questionários deverá ser preenchido pela criança ou jovem e o outro pelo pai e pela mãe de cada um dos educandos, individualmente.
O preenchimento dos questionários é, naturalmente, voluntário e anónimo, não sendo portanto solicitada, em local nenhum, a indicação do nome dos estudantes ou dos seus pais. Para além disso, todas as suas respostas são estritamente confidenciais: ninguém terá acesso a elas, exceptuando os investigadores responsáveis.
Assim, gostaríamos de saber se está interessado em cooperar na presente investigação e de solicitar-lhe a autorização necessária para a participação do seu educando na mesma. Nesse sentido, pedimos para devolver o destacável assinado (por intermédio dos seus educandos), assinalando a opção que mais se adequar à sua opção.
Sem mais, de momento, desde já agradecemos a atenção dispensada.
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Sim, aceito participar e autorizo a participação do meu educando no presente trabalho de investigação, desenvolvido no âmbito das actividades de investigação do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Não aceito participar e não autorizo a participação do meu educando no presente trabalho de investigação, desenvolvido no âmbito das actividades de investigação do Laboratório de Psicologia do Desporto da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
Assinatura do Encarregado de Educação: ___________________________________________________________________________
SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO
SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO DOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO