Porque é que as notícias são como são?

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Os critérios de noticiabilidade em análise. Apresentação de Dinis Manuel Alves, para suporte às aulas. Site oficial de Dinis Manuel Alves: www.mediatico.com.pt Encontre-nos no twitter (www.witter.com/dmpa) e no facebook (www.facebook.com/dinis.alves). Outros sítios de DMA: www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/camarafixa, http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2, http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/3 e em www.mogulus.com/otalcanal Ainda: www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , www.mediatico.com.pt/redor/ , www.mediatico.com.pt/fe/ , www.mediatico.com.pt/fitas/ , www.mediatico.com.pt/redor2/, www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm ,www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm , www.mediatico.com.pt/nimas/ www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , www.mediatico.com.pt/luanda/, www.slideshare.net/manchete/ , www.slideshare.net/dmpa , www.panoramio.com/user/765637, http://torgaemsms.blogspot.com

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Dinis Manuel AlvesDinis Manuel Alves

http://www.mediatico.com.pt

Porque é que as notícias Porque é que as notícias

são como são?são como são?

Apesar de todas as transformações que têm ocorrido no campo dos

media, as principais tarefas do jornalista ainda estão relacionadas com

as suas mais tradicionais funções: selecção e hierarquização de

acontecimentos susceptíveis de terem valor como notícia; transformação

desses acontecimentos em notícias; difusão das notícias.

A selecção é a pedra angular do processo, pois um jornal não pode ser

um amontoado não criterioso de todo o tipo de informações.

Retirado de : "Elementos de Jornalismo Impresso" (pdf), de Jorge Pedro Sousa, 2001, disponível online na BOCC

A escolha dos acontecimentos e demais assuntos a abordar por um

jornal (construção da agenda) é dos assuntos mais debatidos entre os

agentes interessados na cobertura noticiosa. Por isso, também é dos

mais estudados. A necessidade de se fazerem escolhas torna o

jornalismo permeável a críticas. Mas valorizar, hierarquizar e seleccionar

são actividades inerentes ao jornalismo.

A escolha dos assuntos a abordar por um jornal e a consolidação de

uma determinada linha editorial dependem de diversos mecanismos que

actuam em conjunto. É óbvio que um patrão poderoso dos media pode

dar ordens para que uma notícia seja publicada, mas esta situação é

rara. Um patrão também poderá mandar retirar uma notícia, mas esta

situação é ainda mais rara, pois, se não for cuidadosamente justificada

(por exemplo, argumentando com a entrada de publicidade), pode ser

vista como censura e cair nas malhas da ilegalidade. Nos casos

anteriores estaríamos perante mecanismos de selecção de notícias que

poderíamos denominar como sendo de "acção pessoal"e, portanto,

relativamente subjectivos.

A escolha dos assuntos a abordar por um jornal e a consolidação de

uma determinada linha editorial dependem de diversos mecanismos que

actuam em conjunto. É óbvio que um patrão poderoso dos media pode

dar ordens para que uma notícia seja publicada, mas esta situação é

rara. Um patrão também poderá mandar retirar uma notícia, mas esta

situação é ainda mais rara, pois, se não for cuidadosamente justificada

(por exemplo, argumentando com a entrada de publicidade), pode ser

vista como censura e cair nas malhas da ilegalidade. Nos casos

anteriores estaríamos perante mecanismos de selecção de notícias que

poderíamos denominar como sendo de "acção pessoal“ e, portanto,

relativamente subjectivos.

Mas, normalmente, a selecção de assuntos a noticiar não depende unicamente

de escolhas subjectivas. Há mecanismos que se sobrepõem à subjectividade

jornalística. Entre eles estão os critérios de noticiabilidade (ou de valor-notícia),

que são aplicados pelo jornalista, conscientemente ou não, no momento de

avaliar os assuntos que têm valor como notícia.

Os critérios de noticiabilidade não são rígidos nem universais. Por outro lado,

são, frequentemente, de natureza esquiva, opaca e, por vezes, contraditória.

Eles funcionam conjuntamente em todo o processo de fabrico e difusão das

notícias e dependem da forma de operar da organização noticiosa, da sua

hierarquia interna e da maneira como ela confere ordem ao aparente caos da

realidade.

Além disso, os critérios de valor-notícia mudam ao longo do tempo (assuntos que

há algum tempo não seriam notícia são-no hoje).

Há muitas listas de valores-notícia que tornam uma mensagem noticiável

(newsworthy attributes).

Galtung e Ruge (1965) foram dos primeiros autores a chamarem a atenção para

a existência de critérios de noticiabilidade dos acontecimentos que se

sobrepunham à acção pessoal do jornalista, embora sem a eliminar, e que

determinariam as possibilidades de uma mensagem passar pelos vários gates

numa organização noticiosa. :

República, 06.02.1950

O Século,

07.01.1970

Correio de Coimbra

8.02.1962

Da Lua, com faróis 

"Levarão faróis potentíssimos, para comunicarem com a Terra, desde a Lua" — anunciava a capa

da revista espanhola "Algo", de 16 de Agosto de 1930. A gravura da capa ilustrava a "comunicação", da

Lua para Espanha, e não para os EUA, país detentor da patente.

John Q. Stewart, da Universidade de Princeton, projectara um foguetão destinado a realizar viagens de

ida e volta à Lua. Consistia numa esfera metálica de grandes dimensões, e pesando 70 mil toneladas.

Levaria vários canhões, cujas bocas sobressairiam da superfície da esfera, e em todas as direcções.

O veículo seria lançado para o espaço através do "sistema foguete", a uma velocidade de 80 mil

quilómetros à hora. Quando a força deste primeiro impulso se perdesse, a velocidade manter-se-ia

disparando os canhões. Para conseguir tal desiderato, bastava girar a esfera de modo a deixar na parte

traseira o foguete a disparar. Se se quisesse mudar a direcção da "nave", apontava-se o foguete a

disparar para um dos lados.

A violência do impacto com a Lua seria amortecida através do disparo dos foguetes dianteiros.

A revista referia-se ainda às vestimentas dos astronautas, com escafandros especiais que lhes

permitissem "respirar a atmosfera do satélite, tão distinta da nossa".

O sistema de comunicações com a Terra far-se-ia através de faróis potentíssimos, inventados pelo

próprio Dr. Stewart. Sinaléctica telegráfica, com os traços a serem substituídos pela luz vermelha e os

pontos pela luz branca. Revista ALGO, 16 de Agosto de 1930

A Bamba embriagada 

Foram enviados para o poder judicial os seguintes individuos:

Maria da Conceição Dores, a Bamba, por embriaguês e distúrbios.

Emídio Leonardo, do Fundão, por explorar a caridade pública.

Manuel Carvalho, de Chelo, Penacova, por tentar agredir Maria Madalena, nesta

cidade.

Vitorino Henrique Barbas, por, na rua Direita, se intrometer no serviço da polícia.

Armando Matias, conhecido da polícia, por, no Arco do Ivo, agredir José Maria

Serico.

in "Gazeta de Coimbra", Agosto de 1914

Diário de Lisboa

02.11.1957

Commercio da Louzã

11.04.1909

Diário de Notícias n.º 1 – 29 de Dezembro de 1864

Suas Magestades e Altezas Suas Magestades e Altezas

passam sem novidade passam sem novidade

em suasem suas

importantes saudesimportantes saudes

No tempo das “não-notícias”

Mercúrio Lusitano, 23.08.1815

No tempo das “não-notícias”

Mercúrio Lusitano, 23.08.1815

No tempo das “não-notícias”

Correio do Vouga, 7.04.1934

29 de Dezembro de 1864 20 de Março de 2003

Entre os critérios apontados pelos autores contavam-se os seguintes:

• Proximidade (Quanto mais próximo ocorrer um acontecimento, mais

probabilidades tem de se tornar notícia. A proximidade pode assumir várias

formas: geográfica, afectiva, cultural, etc.).

• Proximidade afectiva

• Lisboa-Dili (14.397 kms)

• Proximidade afectiva

• Lisboa-Luanda (5.746 kms)

• Momento do acontecimento (Quanto mais recente for um acontecimento,

mais probabilidades tem de se tornar notícia.);

• Significância (Quanto mais intenso ou relevante for um acontecimento,

quantas mais pessoas estiverem envolvidas ou sofrerem consequências, quanto

maior for a sua dimensão, mais probabilidades tem de se tornar notícia.; além

disso, quanto menos ambíguo for um acontecimento, mais probabilidades tem de

se tornar notícia).

Correio do Vouga, n.º 1,

16.11.1930

Quanto maior o número de pessoas envolvidas maior a probabilidade de o

acontecimento ser noticiado. Mas há que contar com o factor da proximidade ou

o princípio do morto-quilómetro: 300 mortos em Mogadíscio valem menos do que

10 mortos nos arredores de Lisboa (exemplo adaptado à realidade portuguesa)..

Jornal de Notícias

8.03.2000

Jornal de Notícias

16.03.2000

• Proeminência social dos sujeitos envolvidos (Quanto mais proeminentes

forem as pessoas envolvidas num acontecimento, mais hipóteses ele tem de se

tornar notícia.).

Imprevisibilidade (Quanto mais surpreendente for um acontecimento, mais

hipóteses terá de se tornar notícia.)

Consonância (Quanto mais agendável for um acontecimento, quanto mais

corresponder às expectativas e quanto mais o seu relato se adaptar ao medium,

mais probabilidades tem de se tornar notícia.)

Porque é que as notícias Porque é que as notícias

estão onde estão?estão onde estão?

• Composição (Quanto mais um acontecimento se enquadrar num noticiário

tematicamente equilibrado, ou seja, num noticiário com espaço para diversos

temas, mais probabilidades tem de se tornar notícia);

Facebook,

23.05.2010

• Negatividade (Quanto mais um acontecimento se desvia para a negatividade,

mais probabilidades tem de se tornar notícia.)

Good news are no news

Continuidade (Os desenvolvimentos de acontecimentos já noticiados têm

grandes probabilidades de se tornar notícia.)

Proeminência das nações envolvidas nas notícias (Quanto mais

proeminentes forem as nações envolvidas num acontecimento internacional,

mais probabilidades ele tem de se tornar notícia.).

Tensão nas relações EUA/RússiaTensão nas relações EUA/Rússia

Tensão nas relações Tailândia/Indonésia

Obama de visita a LuandaObama de visita a Luanda

José Eduardo dos Santos de visita a Washington

Utilidade (news you can use)

Opções

Opções

Opções

16.05.2010

Opções

16.05.2010

Opções

16.05.2010

Opções 16.05.2010

Opções

17.05.2010

Opções

17.05.2010

Opções

17.05.2010

Opções 17.05.2010

Opções

16.05.2010

17.05.2010

A realidade

segmentada

Correio do Vouga,

24.02.1934

CONSTRANGIMENTOS ORGANIZACIONAIS

Relativos ao suporte

Ecos de Cacia 16-06-1934

Correio do Vouga, n.º 1,

16.11.1930

Correio do Vouga, n.º 1, 16.11.1930

O ACESSO AO CAMPO JORNALÍSTICO

Acesso habitual

Acesso disruptivo

Acesso directo

TRAQUINA, Nelson.

Jornalismo”, Quimera,

Lisboa, 2007 (2.ª edição).

Jornal de Letras, 24.10.2008

O contraste

O mau da fita

Regresso ao

passado

A fotografia

http://www.boston.com/bigpicture/

Edificação da Expo Shanghai 2010 em 31 fotos

O acaso

O acaso

Rabo de tufão em Coimbra

Fizemos estas fotos a 12 de Março de 2006, 6:48.

Foram publicadas na edição de Abril do Jornal da Universidade de Coimbra.

As fotos suscitaram reacções diversas, havendo mesmo quem as considerasse “fotomontagens”

(sic)

Na edição de Maio do mesmo jornal, o Prof. Doutor Fernando Rebelo, especialista reputado, tratou

de fazer luz sobre o que passara naquele amanhecer, nos céus de Coimbra.

Tratou-se de um mini-tornado, conhecido pelo povo como “rabo de tufão”. Alguns já mataram, em

Portugal. Importante ler a explicação de Fernando Rebelo.

O acaso

Rabo de tufão em Coimbra

REPORTAGEM DISPONÍVEL AQUI:

http://www.slideshare.net/dmpa/rabo-de-tufo-em-coimbra

Algumas destas fotos podem visualizar-se, individualmente, em

http://www.panoramio.com/user/765637    

A perspectiva

O fait divers

1. Rodagem de f ilme com Leonardo Di Caprio gera polémica 14. Festa de anos do maior crocodilo do mundo em cativeiro

2. Aumenta número de cegos profissionais de massagens 15. Um gato que é o melhor amigo de um rato

3. Tailandeses descobrem enormes potencialidades nos 16. Estragos provocados pelas monções

camarões 17. Explosão em fábrica de fruta

4. Rebentamento de tanque com crocodilos origina fuga de 18. Sequestro na embaixada da Birmânia

visitantes de um zoo 19. Habitantes de cidade tailandesa vivem em plena

5. Americanos efectuam teste de nova vacina contra a Sida harmonia com os macacos

6. Despiste de autocarro 20. Joalheira tailandesa descobre safira com 7 quilos

7. Brasil vence Taça do Rei (futebol sub-20) 21. Jorge Sampaio na Tailândia

8. Madeleine Albright na Tailândia 22. Explosão em refinaria de petróleo

9. Lançamento de cinto anti-violação 23. 500 páraquedistas batem record de salto em queda livre

10. Devorar gelados para entrar no Guiness Book 24. Encerramento da fronteira com a Birmânia

11. Concurso Miss Gorda 25. Filme Ana e o Rei proibido na Tailândia

12. Festa contra tabaco acaba mal 26. Receio do bug 2000 origina cancelamento de voos

13. Traficante de droga abatido pela polícia 27. Festejos de passagem do ano

Total: 27 assuntos - 62 notícias 01h 29' 05''

Quadro 1 SUL E SUDESTE ASIÁTICO Tailândia

 

Depois do estudo pioneiro de Galtung e Ruge, os autores que se dedicaram a

este tema geralmente apresentam os critérios de noticiabilidade de um

acontecimento sob a forma de uma lista. Dela fazem parte factores como a

oportunidade, a proximidade, a actualidade, o provável interesse do

público, a importância, o impacto, as consequências e repercussões, o

interesse, o conflito ou a controvérsia, a negatividade, a frequência, a

dramatização, a crise, o desvio, o sensacionalismo, a emoção, a

proeminência das pessoas envolvidas, a novidade, a excentricidade e a

singularidade (no sentido de pouco usual). (Shoemaker, 1991: 21-22).

 

Garbarino (1982) enfatiza o papel das constrições ligadas à organização do

trabalho (por exemplo, a rede geográfica de correspondentes e delegações e a

divisão temática nas redacções reflectem critérios de relevância e valoração

geográfica e temática das notícias) e das convenções profissionais criadas

nesse sistema enquanto elementos contributivos para a definição do que é

notícia, isto é, enquanto elementos da noticiabilidade. Esses elementos

ajudariam a legitimar o processo produtivo, desde a selecção das fontes à

selecção dos acontecimentos e aos modos de fabrico, contribuindo para

precaver os jornalistas e as organizações noticiosas das críticas do público.

 

Wolf (1987: 173-192), muito oportunamente, classifica os critérios de

valor-notícia em:

critérios relativos ao conteúdo (importância e interesse das notícias),

critérios relativos ao produto (que têm a ver com a disponibilidade das

informações e com as características do produto informativo),

critérios relativos ao medium,

critérios relativos ao público

e critérios relativos à concorrência.

 

Teun A. van Dijk (1990: 174) também oferece pistas para a sistematização dos

valores-notícia. Para este autor, existem valores jornalísticos formulados em

termos económicos (lucro, vendas, etc.), embora ele considere que as

limitações provenientes das condições económicas devem ser entendidas, antes

de mais, como factores materiais, ainda que sejam importantes na formação ou

conformação dos valores-notícia.

 

Uma segunda categoria de valores jornalísticos estaria relacionada com as

rotinas e a produção de notícias numa organização, no seio de uma atmosfera

competitiva. Por exemplo, a aspiração que os jornalistas denotam de obter a

notícia mais rápida e fidedignamente que os seus companheiros enquadra-se

nesta categoria. (Van Dijk, 1990: 174-175)

 

Porém, segundo o autor, a organização da produção jornalística privilegiaria

acontecimentos produzidos/ definidos por figuras públicas e sectores

preponderantes da vida social e política, reproduzindo uma estrutura social

favorável na essas elites (Van Dijk, 1990: 174), uma realidade bastante

referenciada nos cultural studies.

Para explicar a noticiabilidade, Van Dijk (1990: 175-181) põe o acento tónico nas

limitações cognitivas dos jornalistas.

 

A partilha de determinadas imagens do mundo pelos jornalistas seria uma

dessas limitações. As imagens do mundo e demais limitações cognitivas

definiriam os critérios de valor-notícia dos jornalistas:

1) novidade;

2) actualidade;

3) pressuposição (a avaliação da novidade e actualidade pressupõe

conhecimentos prévios; além disso, segundo o autor, os acontecimentos e os

discursos só seriam entendíveis mediante o recurso a informação passada);

4) consonância com normas, valores e atitudes compartilhadas;

5) relevância (para o destinatário da informação);

 

6) proximidade (geográfica, social, psico-afectiva); e

7) desvio e negatividade (psicanaliticamente, a atenção ao crime, aos

acidentes, à violência, etc., funcionaria como um sistema emocional de

autodefesa: ao contemplarem-se expressões dos nossos próprios temores, o

facto de serem outros a sofrer com as situações proporcionar-nos-ia tanto alívio

como tensão).

 

Num estudo de 1980, de Nisbett e Ross, encontra-se o carácter "vivo” (vivid)

de uma história como um dos factores que mais pode influenciar a sua

passagem pelos pontos de filtragem de informação, uma vez que conferiria força

à história. Embora, na minha opinião, tal possa remeter-se para o tantas vezes

referenciado "interesse humano", a informação vivid, segundo os autores, pode

descrever-se como “Informação (. . . ) que tanto procura atrair e reter a nossa

atenção e excitar a imaginação como é

(a) emocionalmente interessante,

(b) concreta e suscitadora de imagens e

(c) próxima num sentido temporal, espacial ou afectivo (. . . ).”

(Nisbett e Ross, 1980: 45)

 

Fraser Bond (1962) disse que “O que o público quer carrega o significado

económico de ser aquilo que ele compra. (. . . ) Ao repórter inteligente não

escapam nunca as tendências do mercado.” Assim, segundo esse professor

norte-americano, para o êxito comercial importaria privilegiar histórias

relacionadas com os interesses próprios da audiência e também as que

envolvessem dinheiro, sexo, crime, culto do herói e da fama, conflitos

(guerras, greves, homem contra a natureza, pessoa contra a sociedade, conflitos

entre grupos políticos e económicos, etc.), descobertas e invenções.

 

À luz da teoria dos usos e gratificações, poderia dizer-se que o ser humano

tende a interessar-se pela informação jornalística que lhe proporciona algum

proveito. Por isso, a relação evento-notícia será, necessariamente, baseada,

pelo menos em parte, numa lógica comercial: A valorização ou desvalorização

dos acontecimentos resultaria, portanto, parcialmente, da submissão da

ocorrência à lógica discursivo-comercial dos news media. As notícias necessitam

de seduzir para, num ambiente concorrencial, funcionarem como uma mais-valia

para um determinado órgão de comunicação social.

Dinis Manuel AlvesDinis Manuel Alves

http://www.mediatico.com.ptApresentação destinada exclusivamente às aulas

leccionadas pelo autor.A cedência aos alunos destina-se a uso exclusivo

destes, para melhor preparação da unidade curricular.Proibido o empréstimo, a cedência ou o visionamento a

terceiros.