Post on 28-Dec-2015
Problema 12 SOF2 Neurologia
1)Quais as funções do SNA, nomeadamente na homeostasia corporal?
Tem, como função, manter a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do meio interno, controlando funções viscerais como pressão
arterial, motilidade do trato gastrointestinal, vesical e a sudorese, e funções involuntárias mediadas pela atividade de fibras
musculares, cardíacas e glandulas.
Simpático
Funções: prepara e mobiliza o corpo para uma emergência/ ação;
A estimulação simpática provoca: aumento da frequência cardíaca, dilatação brônquica, liberação de adrenalina e
noradrenalina, dilatação arteriolar ao nível do músculo-esquelético, aumento da sudação, dilatação pupilar,
contrição arteriolar cutânea e intestinal e inibição da micção e do peristaltismo;
Parassimpático
Funções: Regula o repouso e funções vegetativas, e promove a conservação e armazenamento de energia;
A estimulação parassimpática provoca: motilidade intestinal, da salivação e da absorção intestinal, há diminuição
da frequência cardíaca, constrição brônquica, início da micção e constrição pupilar;
2) Como está organizado funcionalmente o SNA?
Sistema Nervoso Autónomo
Encontra-se sob influência de múltiplos fatores, nomeadamente:
centros superiores como o hipotálamo e a amígdala,
tronco cerebral,
neurónios medulares (medula espinhal),
diversos estímulos provenientes de neurónios aferentes periféricos e viscerais.
Tem, como função, manter a homeostasia, ou seja, o equilíbrio do meio interno, controlando funções viscerais como pressão
arterial, motilidade do trato gastrointestinal, vesical e a sudorese, e funções involuntárias mediadas pela atividade de fibras
musculares, cardíacas e glêndulas.
Sistema Nervoso
Central
Periférico
Sensorial/ aferente
Motor/ eferente
Sistema nervoso autónomo/
vegetativo (SNA)
simpático
parassimpático
entérico
sistema nervoso somático (SNS)
SNS: potencial de ação do SNC »»» músculos esqueléticos.
SNA: potencial de ação do SNC »»» musculo liso, cardíaco e glândulas.
Simpático
Funções: prepara e mobiliza o corpo para uma emergência/ ação;
A estimulação simpática provoca: aumento da frequência cardíaca, dilatação brônquica, liberação de adrenalina e
noradrenalina, dilatação arteriolar ao nível do músculo-esquelético, aumento da sudação, dilatação pupilar,
contrição arteriolar cutânea e intestinal e inibição da micção e do peristaltismo;
A nível anatómico,
1 cadeia de gânglios simpáticos paravertebrais, situada bilateralmente ao longo da coluna vertebral, com
cerca de 22 a 23 gânglios que se estendem de C2 até ao cóccix.
Neurónios pré-ganglionares, que estabelecem a ligação entre a medula espinhal e o gânglio nervoso (curto,
eferindo do corno lateral do H medular), onde realizam sinapses num gânglio nervoso, libertando acetilcolina
(ACh) que irá atuar sobre os recetores nicotínicos; estendem-se dos núcleos das colunas inter-medio-laterais
dos segmentos T1 a L3 da medula espinhal, aos gânglios autonómicos para-vertebrais (cadeia simpática) e pré
vertebrais; saem da medula pela raiz anterior e comunicam com a cadeia ganglionar por meio de fibras
mielinizadas – ramos comunicantes brancos;
Fibras nervosas pós-ganglionares, que partem dos gânglios e são muito longas para que atinjam os órgãos-
alvo; realizam sinapses com os órgãos-alvo, libertando-se (nor)adrenalina que irá atuar sobre os recetores
adrenérgicos α ou β, dependendo do tecido envolvido; juntam-se aos respetivos nervos espinhais por meio de
fibras amielizadas – ramos comunicantes cinzentos.
Os gânglios pré-vertebrais situam-se anteriormente à coluna vertebral e circundam os ramos viscerais da
aorta (gânglio celíaco, mesentérico superior e mesentérico inferior).
Dos segmentos T1 a T3 partem fibras para a cabeça e pescoço, de T3 a T11 para os membros superiores e
vísceras torácicas e abdominais e de T12 a L2 para os membros inferiores vísceras pélvicas.
Exceções:
fibras que inervam as glândulas sudoríparas realizam sinapses ganglionares e terminais (nos órgãos-alvo)
mediadas por ACh.
inervação da glândula supra-renal, em que as fibras pré-ganglionares curtas, embora libertem igualmente Ach,
não realizam a sinapse ganglionar nervosa típica, uma vez que a própria glândula supra-renal atua como
gânglio nervoso, produzindo e libertando catecolaminas.
Parassimpático
Funções: Regula o repouso e funções vegetativas, e promove a conservação e armazenamento de energia;
A estimulação parassimpática provoca: motilidade intestinal, da salivação e da absorção intestinal, há diminuição
da frequência cardíaca, constrição brônquica, início da micção e constrição pupilar;
Anatomicamente,
situa-se na porção crânio- caudal da coluna vertebral;
Fibras pré-ganglionares são longas (contrário ao SNA Simpático) e mielinizadas, estendem-se dos núcleos do
tronco encefálico e dos segmentos sacros da medula espinhal (S2, S3, S4) até aos gânglios periféricos, onde
realizam sinapses;
Fibras pós-ganglionares são curtas e amielinizadas (porque os gânglios nervosos se situam próximos do tecido-
alvo) e partem dos neurónios ganglionares para os órgãos efetores;
Fibras parassimpáticas sacras têm origem nas células da coluna inter-medio-lateral de S2, S3, S4, realizam
sinapse em gânglios próximos das vísceras, de onde partem fibras pós ganglionares para suprir a bexiga, cólon
descendente, reto, ânus e órgãos genitais;
Células nervosas localizadas no tronco cerebral constituem os núcleos parassimpáticos dos seguintes pares
cranianos: oculomotor, III (núcleo de Edinger-Westphal), facial, VII (núcleo salivar superior, núcleo lacrimal),
glossofaríngeo, IX (núcleo salivar inferior) e, com 75% das fibras, o vago (núcleo dorsal do vago).
Os receptores ganglionares são colinérgicos nicotínicos enquanto que, nos órgãos-alvo, são muscarínicos.
NOTAS:
O núcleo de Edinger-Westphal, no mesencéfalo, envia fibras pré-ganglionares para o gânglio ciliar, de onde partem
fibras pós-ganglionares para o esfíncter da íris (contração pupilar) e para o músculo liso do corpo ciliar (acomodação do
cristalino).
O nervo facial envia fibras pré-ganglionares parassimpáticas para os gânglios ptérigo-palatino e submandibular, cujas
fibras pós-ganglionares suprem as glândulas lacrimais, as glândulas salivares submandibulares e sublinguais e a mucosa
no assoalho da boca.
O nervo glossofaríngeo, através do gânglio ótico, fornece inervação parassimpática para a glândula parótida.
O nervo vago supre praticamente todas as vísceras torácicas e abdominais até à flexura esplénica do colón.
As respostas simpáticas são generalizadas enquanto que as respostas parassimpáticas são mais localizadas. O controlo
superior dessas respostas é da responsabilidade do hipotálamo e do tronco cerebral.
Entérico
Consiste em plexos localizados na espessura da parede do
tubo digestivo
Os neurónios estão relacionados com a via gastrointestinal
para controlar muitas das suas funções
Intestino tem um extenso sistema de células na sua parede
que não se adequam na divisão parassimpática e simpática
do SNA
o Esses neurónios e os plexos entéricos funcionam de
forma mais ou menos independente, de acordo com os
seus próprios códigos reflexos
o Assim, muitas funções intestinais prosseguem bem sem
a supervisão simpática e parassimpática.
Os neurónios da parede do intestino incluem:
o neurónios sensoriais de projecção local e central:
monitoram condições mecânicas e químicas no
intestino, ou seja, detectam alterações na composição
química do conteúdo do tubo digestivo ou estiramento
das suas paredes.
o Neurónios de associação: ligam entre si os neurónios
entéricos sensoriais e os motores
o neurónios motores: controlam a actividade dos
músculos liso na parede do intestino (estimulando ou
inibindo a sua contracção) e secreções grandulares.
As células intrínsecas da parede do intestino é organizada
em:
o Plexo mientérico- dedicado a regular a musculatura do
intestino
o Plexo submucoso-localizado abaixo da membrana
mucosa do intestino; ocupa-se com o monitoramento químico e com a secreção glandular
Nos plexos mioentérico e submucoso, alguns neurónios são inervados por fibras nervosas simpáticas provenientes da
cadeia paravertebral e dos gânglios colaterais, como também, por fibras nervosas parassimpáticas dos nervos vago; os
restantes neurónios são independentes da regulação autónoma.
As fibras nervosas neuropeptidérgicas intrínsecas e pós-ganglionares autónomas suprem com inervação macrófagos,
linfócitos T, plasmócitos e outras células do sistema imunitário, o que proporciona uma rede reguladora das defesas do
trato gastrointestinal e da reação imunitária do tecido linfóide associado ao intestino (GALT).
Sistema Nervoso Autónomo Imunitário
é representado por circuitos envolvidos na modulação da intensidade do sistema imunitário;
participa tanto do sistema nervoso autónomo simpático como no parassimpático;
É hipotálamo que regula as funções neurovegetativas, incluindo a intensidade da resposta inflamatória.
Informação adicional:
Na medula óssea e no timo, as fibras simpáticas modulam a proliferação celular, a diferenciação e a mobilização.
No baço e nos linfónodos, as fibras simpáticas modulam a reação imunitária inata e o intervalo de tempo das respostas
imunológicas adquiridas, particularmente a escolha da resposta imunitária celular (Th1) ou a resposta imunitária
humoral (Th2).
As fibras autónomas regulam, também, as respostas inflamatórias no tecido linfóide associado à mucosa do intestino
(GALT – placas de peyer), dos brônquios (BALT) e da pele.
A ampla inervação neuropeptidérgica está presente no parênquima dos órgãos linfóides.
Os nervos simpáticos pós-ganglionares também suprem hepatócitos e adipócitos.
Controlo sensorial do sistema motor visceral
SNA requer retroalimentação (feedback) sensorial para controlar e modular as suas diversas funções
Fibras aferentes/ sensoriais viscerais localizam-se: nos gânglios das raízes dorsais ou nos gânglios associados aos nervos
cranianos (nervo vago, glossofaríngeo e facial)
Neurónios dos gânglios da raíz dorsal enviam:
Perifericamente um axónio que termina em especializações sensoriais receptoras
Centralmente um a axónio que termina numa parte do corno dorsal da medula espinhal- onde os neurónios pré
ganglionares das divisões simpática e parassimpática estão localizados
Adicionalmente ramos desses
neurónios viscerais sensoriais (n
apresentados na imagem) bem como
a entrada aferente dos nervos
cranianos relevantes à sensação
visceral, convergem para o núcleo do
trato solitário do bulbo
Integra um vasto espectro de informação
sensorial viscerais, transmitindo-a para o
hipotálamo e os núcleos relevantes do
tegmento do tronco encefálico.
Toda a informação visceral da qual não
estamos conscientes é essencial para o bom
funcionamento do reflexo vegetativos ( ex:
controle cardiovascular; controle da bexiga)
Resposta do sistema visceral
Regulação vegetativa da bexiga
3) Qual o papel dos receptores colinérgicos, nomeadamente os muscarínicos e nicotínicos, no SNA?
Os recetores para neurotransmissores originam sinais elétricos por abrirem ou fecharem canais iónicos na membrana pós-
sináptica. O tipo de canal iónico afetado pelo neurotransmissor e a concentração de iões dentro e fora da célula determinam se
a ação pós-sináptica é inibitória ou excitatória.Temos dois tipos de recetores:
Recetores para neurotransmissores
Ionotrópicos Metabotrópicos
São ativados por ligante e
originam respostas pós-
sinápticas rápidas.
Produzem efeitos pós-
sinápticos mais lentos e que
podem durar mais tempo.
recetores colinérgicos
nicotínicos para a Ach
recetores colinérgicos
muscarínicos para a Ach
São proteínas inseridas na membrana plasmática de células pós-sinápticas.
Os domínios da molécula recetora, que se estendem até à fenda sináptica, ligam os neurotransmissores libertados neste
espaço pelo neurónio pré-sináptico. A ligação de neurotransmissores, direta ou indiretamente, provoca a abertura ou fecho
dos canais iónicos na membrana pós-sináptica. O fluxo iónico resultante altera o potencial da membrana da célula pós-
sináptica, mediando assim a transferência de informação através da sinapse.
Recetores ionotrópicos/ Canais iónicos ativados por ligante
Estão diretamente ligados aos canais iónicos;
Contêm 2 domínios funcionais: 1 extracelular que liga o neurotransmissor + 1 que se estende através da
membrana formando um canal iónico;
Combinam as funções de ligante do neurotransmissor e de canal numa única entidade molecular;
São multímeros com pelo menos 4 ou 5 subunidades proteicas, cada uma contribuindo para a formação do
poro do canal iónico;
P.ex.: recetores colinérgicos nicotínicos para a Ach.
Recetores metabotrópicos/ acoplados à proteína G
O movimento resultante dos iões ao atravessarem o canal iónico depende de pelo menos 1 passo
metabólico;
Não têm canais iónicos a integrar a sua estrutura e só podem afetar canais vizinhos mediante a ativação de
moléculas intermediárias – proteínas G;
São proteínas monoméricas com um domínio extracelular que liga o neurotransmissor, e um domínio
intracelular que se liga à proteína G;
A ligação dos neurotransmissores aos recetores ativa proteínas G, que se dissociam do recetor e ou
interagem diretamente com os canais iónicos ou vão ligar-se a outras proteínas efetoras (como as enzimas)
para produzir mensageiros intracelulares que abrirão ou fecharão canais iónicos;
Tipicamente, a resposta produzida é mais lenta, por ser necessário que as várias proteínas G se liguem aos
respetivos locais;
O processamento bioquímico intracelular começa quando sinais químicos extracelulares (como neurotransmissores, hormonas e
fatores tróficos) se ligam a recetores específicos expressos em células-alvo. Esta ligação ativa os recetores e estimula cascatas de
reações intracelulares, envolvendo proteínas ligantes de GTP, moléculas de 2os
mensageiros, proteínas cinases, canais iónicos e
outras proteínas efetoras que alteram temporariamente o estado fisiológico da célula-alvo.
P.ex.: recetores colinérgicos muscarínicos para a Ach
Sinalização Molecular
A comunicação química coordena o comportamento das células nervosas e gliais individuais em processos fisiológicos, desde a
diferenciação celular até à aprendizagem e à memória. De facto é a sinalização molecular que coordena e possibilita a realização
de todas as funções do encéfalo.
A sinalização química não se resume só às sinapses. Podemos ter, ainda sinalização endócrina e parácrina.
Qualquer sinalização química requer 3 componentes:
1. Sinal molecular (transmite informação de uma célula para outra)
2. Molécula recetora (traduz a informação recebida pelo sinal)
3. Molécula-alvo (medeia a resposta celular, onde ocorre a transdução intracelular de sinal)
Exemplo de transdução intracelular de sinal
1. Sinal: neurotransmissores
2. Molécula recetora: recetores de neurotransmissores
3. Molécula-alvo: canais iónicos
Vantagem importante: amplificação do sinal!
Refere-se à secreção de hormonas na
circulação sanguínea, permitindo-lhes
chegar a qualquer célula-alvo do corpo.
Tem um maior alcance e envolve a
secreção de sinais químicos a um
grupo de células-alvo próximas.
A amplificação ocorre porque reações de sinalização individuais podem produzir um grande número de produtos e, também,
porque os processos de transdução de sinal são mediados normalmente por um conjunto de reações enzimáticas sequenciais,
cada qual com o seu próprio fator de amplificação – um pequeno número de células que pode ativar um número bastante
elevado de moléculas-alvo. Este processo garante que determinada resposta fisiológica acabe por ser estabelecida apesar de
influências potencialmente adversas.
Ativação de vias de sinalização
Os componentes moleculares das vias de transdução de sinal são sempre ativados por uma molécula sinalizadora que pertence
a 1 de 3 classes: impermeáveis à célula, permeáveis à célula e moléculas sinalizadoras associadas à célula.
São moléculas secretadas, podendo
atingir células-alvo distantes do
local de síntese/ libertação do sinal;
Ligam-se a recetores associados à
membrana celular;
Têm uma vida curta pois são
rapidamente metabolizadas;
p.ex.: neurotransmissores
São moléculas secretadas,
podendo atingir células-alvo
distantes do local de síntese/
libertação do sinal;
Podem passar através da
membrana plasmática para
atuar diretamente nos recetores
presentes no interior da célula.
Estão posicionadas na face
extracelular da membrana
plasmática.
Tipos de recetores
As respostas celulares são determinadas pelos recetores presentes na célula pós-sináptica, que se ligam às moléculas
sinalizadoras. Esta ligação causa uma alteração na conformação do recetor, disparando consequentemente a cascata de
sinalização. Uma vez que os sinais químicos podem atingir tanto a membrana plasmática como o citoplasma, existem recetores
de ambos os lados da membrana.
Os recetores para moléculas de sinalização impermeáveis (neurotransmissores, p.ex.), são proteínas que atravessam a
membrana e apresentam componentes quer na parte interna quer na parte externa da superfície celular.
O seu domínio extracelular inclui um sítio de ligação
O seu domínio intracelular ativa cascatas de sinalização, após a ligação da molécula de sinalização
Estes recetores agrupam-se em 3 famílias:
1. Recetores acoplados a canais
2. Recetores acoplados a enzimas
3. Recetores acoplados à proteína G
Temos, ainda, outro tipo de recetores – recetores intracelulares.
Proteínas G
2os
mensageiros
Atuam como sinais intracelulares, diferindo no mecanismo pelo qual são produzidos e removidos, bem como nos alvos e efeitos
na cascata de sinalização respetiva. São alguns exemplos:
Os organofosforados são um grupo de compostos químicos derivados do ácido fosfórico, amplamente utilizados em
agropecuária como inseticidas, podendo causar intoxicações acidentais em animais e humanos, e até mesmo ser utilizados em
tentativas de suicídio.
Nos últimos anos e à medida que a utilização de insecticidas e pesticidas se vai difundindo no trabalho agrícola, observou-se um aumento significativo das intoxicações provocadas por estes produtos. Os mais utilizados são os organofosforados, como o parathion, e os halogéneos, como o DDT. A toxicidade destes produtos é tão grande que, para além de conseguirem desencadear uma intoxicação caso sejam ingeridos acidentalmente por via digestiva, também o podem fazer quando são inalados e, até mesmo, através do contacto com a pele.
Estes compostos inibem as colinesterases, principalmente a acetilcolinesterase (AchE7), aumentando o nível de
acetilcolina nas sinapses.
A acumulação de acetilcolina nos locais muscarínicos é responsável pela maior parte dos sintomas. Aumento das secreções (broncorreia, salivação, lacrimejo e sudação), broncoconstrição, bradicardia, vómito e aumento do trânsito intestinal são comuns nesta fase.
A acumulação de acetilcolina nos locais nicotínicos (junção neuromuscular) levam a fasciculação muscular e paralisia flácida.
No cérebro os efeitos de inibição das acetilcolinesterases conduzem a dor de cabeça, insónia e confusão. Após exposição severa é possível a ocorrência de convulsões, discurso incoerente e intermitente, coma e depressão respiratória.
A morte pode ocorrer nesta fase devido aos efeitos cardíacos (bradicardia e outras arritmias), respiratórios (depressão respiratória) e no cérebro (depressão dos centros vitais). Esta fase prolonga-se usualmente por um período de 24-48 horas e constitui uma fase de emergência médica que requer assistência numa unidade de cuidados intensivos. Nesta fase existe uma sensibilidade aumentada a fármacos hidrolisados por estas enzimas.
Os organofosforados formam um éster com o grupo OH da
Serina que se encontra no centro activo da enzima,
Ocorre alteração conformacional da
mesma, induzida conjuntamente com
a histidina por um mecanismo de desacetilação.
A enzima colinesterase fica bloqueada e inactiva
A acetilcolinesterase
não pode mais decompor a acetilcolina
Acetilcolina acumula-se nos
receptores sinápticos e fica
sempre ligada a eles
Constantes transmissões
nervosas no sistema parassimpático
Nicotina e Muscarina
Quando administrado em doses baixas a moderadas, a nicotina atua como um agonista colinérgico, estimulando os receptores
nicotínicos da acetilcolina. A nicotina é absorvida na maioria das membranas do organismo. Posteriormente, é distribuída pela
corrente sanguínea até aos locais onde irá exercer a sua ação farmacológica. Os efeitos da nicotina podem ser rapidamente
observados, pois o seu tempo de semi-vida é de apenas oito minutos. A nicotina ativa encontra-se sob a forma de catião cuja
carga está localizada no nitrogénio do anel pirrol, apresentando uma estrutura muito semelhante à da acetilcolina (maior
neurotransmissor). A acetilcolina pode ligar-se a dois tipos diferentes de recetores: recetores nicotínicos (ativados pela nicotina)
e muscarínicos (ativados pela muscarina). A nicotina e a muscarina constituem os agonistas seletivos de determinados tipos de
recetores colinérgicos. A nicotina liga-se de forma competitiva aos recetores nicotínicos colinérgicos, alterando a conformação
destes recetores e permitindo a abertura do canal iónico por alguns milissegundos. Com a abertura do canal ocorre o efluxo de
potássio para o meio extracelular e ao mesmo tempo ocorre o influxo de sódio e cálcio para o interior da célula, ocorrendo a
despolarização da membrana celular iniciando-se um potencial de ação. Posteriormente o canal fecha, e o recetor fica
momentaneamente refractário aos agonistas: estado de dessensibilização. O recetor readquire a sua conformação inicial, ou
seja, fecha e torna-se sensível aos agonistas.
No caso de uma exposição contínua à nicotina ocorre um bloqueio devido à dessensibilização do recetor. Por causa deste
bloqueio são sintetizados mais recetores nicotínicos para suprir os que estão bloqueados, o que aumentará consideravelmente
o número de recetores (principalmente no cérebro) levando à tolerância. No entanto este bloqueio não é permanente sendo,
portanto, reversível
Constrição da pupila
Salivação excessiva
Bradicardia
Broncoconstrição; muita
tosse; sibilos
Cólicas; aumento do
trânsito intestinal;
diarreia
Incontinência urinária
4) Quais as acções da ACh no SN simpático e parassimpático?
Neurotransmissores
A acetilcolina é o neurotransmissor das fibras pré e pós ganglionares do sistema nervoso parassimpático e das fibras pré
ganglionares do sistema nervoso simpático.
A noradrenalina é o principal neurotransmissor das fibras pós ganglionares simpáticas, à exceção das glândulas sudoríparas,
cujo neurotransmissor é a Ach.
Os neurónios ganglionares têm 2 tipos de recetores para a acetilcolina:
Nicotínicos
Muscarínicos
recetores colinérgicos pós ganglionares (células efetoras)
Existem 2 tipos de principais recetores nas terminações adrenérgicas:
α
A sua estimulação está associada à maioria das funções
excitatórias do sistema nervoso simpático (contração do
músculo liso, vasoconstrição, dilatação pupilar, etc.)
β
Recetores β1 localizam-se no miocárdio e β2 principalmente
nos pulmões (cuja estimulação produz broncodilatação).
Secreção e Remoção de Neurotransmissores
Metabolismo da noradrenalina em neurónios dopaminérgicos
A sua síntese inicia-se no axoplasma, sendo completada nas vesículas presentes nas terminações sinápticas, onde participam
diversas enzimas:
tirosina hidroxilase (converte a tirosina em DOPA),
DOPA descarboxilase (converte DOPA em Dopamina),
dopamina beta-hidroxilase (converte dopamina em noradrenalina)
a feniletanolamina n-metil transferase (converte a noradrenalina em adrenalina – sendo esta conversão exclusiva da
medula da glândula supra-renal).
A remoção deste neurotransmissor da fenda ocorre também por difusão, recaptação pelas vesículas ou ainda pela ação das
enzimas MAO e COMT.
A ação da Ach cessa quando é hidrolisada pela AChE presente
na fenda sináptica em:
Acetato + Colina
Metabolismo da Acetilcolina nos terminais de neurónios colinérgicos
A acetilcolina é um mediador químico de sinapses no SNC, SNP e junções neuromusculares.
Sistema de neurotransmissão colinérgica: Ach + AChr + aparato enzimático
Acetil coA + Colina
Tipos de colinesterases
1. AChE: enzimas com muita afinidade para a acetilcolina. Estão ligadas à membrana neuronal e presentes em todas as
sinapses colinérgicas (esta é a enzima com maior eficiência catalítica).
2. BChE: enzimas com muita afinidade para a butirilcolina e estão presentes em todos os tecidos.
Glicerofosforilcolina
Fosforilcolina
fosfatilcolina
geram
Após a libertação de Ach inteiramente por exocitose, interage
especificamente com os recetores colinérgicos presentes nas
membranas pré e pós sinápticas
Ach é transportada e armazenada em
vesículas sinápticas
Transportada para o
SNC pela circulação
sanguínea
Entra para o terminal
pré-sináptico por
meio de canais
transportadores
dependentes de Na+
ACh
ChAT
VAChT
No axoplasma
- O aumento da permeabilidade aos íons cálcio permite difusão do
neurotransmissor para o interior do neurônio.
- Na fenda sináptica ocorrerá remoção do neurotransmissor por
difusão, por recaptação pelas vesículas ou pela degradação
enzimática (acetilcolinesterase – AChE).
Legenda:
Ach: acetilcolina
ChAT ou CAT: colina-o-acetil-transferase
VAChT: transportador vesicular de Ach
AChE: enzima acetilcolinesterase/ colinesterase específica/verdadeira
RCN: recetor colinérgico nicotínico
RCM: recetor colinérgico muscarínico
BChE/BuChE: butiril-acetil-colinesterase/ pseudocolinesterase/esterase sérica
IEBP: inibidor endogéneo de baixo peso molecular
Atividade Fisiológica dos Recetores Autónomos
α 1: vasoconstrição, midríase, glicogenólise hepática, relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal,
secreção salivar espessa, secreção de suor nas extremidades (suor frio).
α 2: inibem a liberação do neurotransmissor, atuando como um mecanismo de feedback negativo. Controlam a
liberação de insulina pelo pâncreas endócrino.
β 1: taquicardia, lipólise e relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal.
β 2: vasodilatação, broncodilatação, relaxamento da musculatura lisa do trato gastrointestinal e glicogenólise hepática.
β 3: lipólise.
A maioria das alterações clínicas do sistema nervoso autónomo resultam de atividade insuficiente ou exagerada provocando,
por exemplo:
A insuficiência simpática adrenérgica causa hipotensão ortostática e distúrbio ejaculatório;
A insuficiência simpática colinérgica causa anidrose;
A insuficiência parassimpática, causa: dilatação pupilar, frequência cardíaca inalterada, atonia do intestino grosso,
distúrbio eréctil, etc.
5) Quais as consequências da inibição da colinesterase no SNA?
Os compostos organofosforados são inibidores da colinesterase, impedindo a inativação da acetilcolina, permitindo assim, a
ação mais intensa e prolongada do mediador químico nas sinapses colinérgicas, a nível de membrana pós-sináptica. A
acetilcolina é sintetizada no neurónio a partir da acetilcoenzima A e da colina. É inativada por hidrólise sob ação da
acetilcolinesterase, com formação de colina e acido acético que, por sua vez, são reutilizados para formar acetilcolina. A
acetilcolina é o mediador químico necessário para transmissão do impulso nervoso em todas as fibras pré ganglionares do SNA,
todas as fibras parassimpáticas pós-ganglionares e algumas fibras simpáticas pós-ganglionares. Ainda é o transmissor neuro-
humoral do nervo motor do músculo estriado (placa mioneural) e algumas sinapses interneurais do SNC. Para que haja a
transmissão sináptica é necessário que a acetilcolina seja libertada na fenda sináptica e que se ligue a um recetor pós-sináptico.
De seguida, a Ach disponível é hidrolisada pela acetilcolinesterase. Quando há a inibição da acetilcolinesterase, há uma
acumulação de acetilcolina na fenda, levando a uma hiperestimulação colinérgica.
Suspeita-se de intoxicação por organofosforados quando o paciente provém de uma área rural, tem exposição ocupacional, ou
quando apresenta sintomatologia importante de acometimento do SNC (convulsões), ou quando a atropinização é feita
corretamente, sem melhora da sintomatologia muscarínica.
A intoxicação por inbidores da colinesterase tem um quadro clínico característico de hiperestimulação colinérgica.
O tratamento das intoxicações por organofosforados baseia-se principalmente no uso da atropina, antídoto sintomático e, com
menor frequência, das oximas, antídotos específicos que reativam as colinesterases.
Estes efeitos levam ao lacrimejar, salivação, sudorese, diarreia, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios. Estes últimos são
decorrentes de broncoconstrição, aumento das secreções brônquicas e bradicardia, bem como de depressão do sistema nervoso
central, sendo as principais causas de morbidade e mortalidade por tais produtos. Alterações estruturais e funcionais
observadas nos músculos esqueléticos estão relacionadas com as estruturas químicas dos produtos e com o tipo de músculo,
sendo o diafragma o mais afetado, observando-se por vezes necrose muscular. Os organofosforados levam, ainda, à
hiperglicemia transitória até 05 vezes superior aos valores normais, sendo contudo contra-indicado o uso de Insulina.
A toxicidade destes produtos provoca, sobretudo, insuficiência cardiorrespiratória por comprometimento do sistema nervoso
autónomo. Sabe-se que alguns destes compostos induzem uma miopatia caracterizada por degeneração de células musculares,
comprometendo sobretudo os músculos implicados na respiração.