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Projeto de produção integrada da batata na região sul do Estado de Minas
Coordenador: Laércio Zambolim – Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa
Atividades desenvolvidas no primeiro ano do projeto
Comitê gestor da batata Componentes: Prof. Laércio Zambolim - UFV Dr. José Daniel Rodrigues Ribeiro (ABASMIG) Dr. Orlando Palocci Neto (ABASMIG) Prof. Marcelo C. Picanço (UFV) Prof. Everardo C. Mantovani (UFV) Prof. Antonio T. Matos (UFV) Engo. Agro. Raul Maria Cássia (EMATER) Engo. Agro. Antonio Garcia Brandão (ABASMIG) Engº. Agrº. Joaquim Gonçalves de Pádua (EPAMIG) Engo. Agro. Hugo (EPAMIG) Enga. Agra. Miralda (EPAMIG) Engo. Agro Adauto IMA Dr. Carlos Alberto Lopes – EMBRAPA – CNPH - consultor Engo. Agro Márcio de Assis - Multiplanta
O Sistema de Produção Integrada surgiu na Europa, nos anos 70, como uma
resposta à necessidade de reduzir o uso de defensivos e maior atenção e respeito ao
meio ambiente. A Produção Integrada da batata visa elevar os padrões de qualidade e
competitividade da cultura ao patamar de excelência, por meio de processos definidos e
sustentáveis de Manejo Integrado de Pragas, para que a batata produzida atenda aos
consumidores exigentes ofertando um produto seguro, produzido de acordo com
parâmetros e sistemas de produção sustentável. Para isso, esta se trabalhando na
caracterização e validação de um conjunto tecnológico alternativo com formulação de
normas que constituirão o sistema de Produção Integrada da cultura. Os incentivos
ao aumento de produtividade e qualidade da batata, de competitividade e de lucro
exercem pressão sobre a exploração do ambiente natural e do uso de tecnologias que se
usadas de forma incorreta, elevarão a degradação dos ecossistemas e a diminuição da
qualidade do ambiente. Portanto, torna-se importante associar a essas tendências uma
tomada de consciência para uma definição do padrão de qualidade incluindo respeito
aos LMR de defensivos e período de carência, uso somente de produtos registrados,
emprego de batata semente livres de viroses e produção dentro das normas e padrões de
conservação do solo. Por fim, torna-se necessário incluir os componentes ambientais e
de qualidade de vida para o produtor e para a sociedade. A Produção Integrada
constituí a opção técnica, ambiental e socialmente vantajosa para sanar os principais
problemas que afetam a cultura. Torna-se importante, portanto, à utilização de ações
integradas, envolvendo os agentes da cadeia produtiva visando dar sustentabilidade a
cultura nas diferentes regiões. Na Produção Integrada o produtor deverá seguir um
conjunto de normas pré-estabelecidas, abrangendo a toda cadeia produtiva da batata,
desde a escolha do local de plantio passando pela escolha da variedade, táticas culturais
racionais de condução da cultura até a colheita, pós-colheita, classificação e
comercialização. Além disso, na Produção Integrada o produtor deverá seguir as
normas de conservação do solo e do tratamento das águas residuárias, os aspectos
sociais e ecológicos da produção com rastreamento de todo o sistema de produção. Os
campos de Produção Integrada foram conduzidos na região Sul do Estado de Minas
Gerais, empregando-se variedades comerciais em áreas de 2 ha. As áreas da Produção
Integrada foram monitoradas em relação as principais práticas de manejo da planta e
solo, fitossanidade, economicidade resíduos de defensivos e qualidade da batata
produzida. Paralelamente, estão sendo conduzidos experimentos com o objetivo de se
conhecer quais as tecnologias da cadeia produtiva devam ser incorporadas ao processo
produtivo. Com isto, espera-se que o ambiente, o solo, a água nas áreas da cultura não
sejam tão poluídas e, que o produto final tenha qualidade, que a produtividade seja
aumentada e que a bataticultura tenha sustentabilidade econômica, ecológica e
ambiental. Os resultados de um ciclo de plantio permitiram concluir que (Tabela 1, 2 e
3): 1- Quando a cultura da batata for cultivada em solo, onde não tenha sido cultivado
com essa cultura por pelo menos quatro anos, em rotação com pastagem, milho, sorgo,
cereais de inverno e arroz não se recomenda o tratamento do sulco de plantio com
inseticidas, para o controle da larva arame e larva alfinete e fungicidas para o controle
da sarna comum e Rhizoctoniose; 2-O thiamethoxan substituiu os inseticidas
tradicionais (granutox e clorpirifós) com eficiência, no tratamento de sulco de plantio,
para o controle de insetos-pragas; 3-Foram encontrados resíduos de inseticidas
tradicionais (granutox e clorpirifós) nos tubérculos comerciais; 4- O número de
pulverizações com inseticidas, para o controle de insetos-pragas da parte aérea, não
variou, devido os produtores terem incorporados em seus campos de cultivo o nível de
ação preconizado para os campos da produção integrada. Entretanto, em alguns campos
de produtores convencionais na região, o número de pulverizações variou de 6 a 12; 5-
O número de pulverizações com fungicidas, para o controle de doenças, também não
variou, devido o clima não ter favorecido o surgimento da pinta-preta e requeima em
níveis epidêmicos; 6- O custo dos defensivos para produção de batata no campo
convencional (produtor) foi 23 % maior do que o custo do sistema de produção no
campo de produção integrada, sem aplicação de defensivos no sulco de plantio; 7- O
custo dos defensivos para produção de batata no campo, sem a aplicação de defensivos
no sulco de plantio, foi 14 % menor do que o custo no sistema de produção integrada de
batata, com aplicação de defensivos no sulco de plantio; 8- O custo da fertilização do
campo convencional foi 16% maior, do que no sistema de produção integrada da batata;
9-O lucro (% de rentabilidade) na produção da batata, foi de 12, 27 e 30 % no sistema
convencional, produção integrada sem o emprego de defensivos no sulco de plantio e
produção integrada com aplicação de defensivos no sulco de plantio, respectivamente;
10- Em termos de produção comercial, a produção integrada sem a aplicação de
defensivos no sulco de plantio produziu 13 % e a produção integrada com a aplicação
de defensivos no sulco de plantio, produziu 24 % a mais do que a produção
convencional; 11- Em termos de fertilização no plantio, a produção integrada sem e com
a aplicação de defensivos no sulco, empregou 25 % de fertilizantes a menos do que o
sistema de produção convencional; 12- A porcentagem de germinação dos tubérculos no
campo foi uniforme, com 100 % de emergência, ao passo que no sistema sem a
aplicação de defensivos no sulco de plantio a germinação foi desuniforme.
Tabela 1-Comparação da produção de batata empregando-se a produção
integrada (PIB) versus a produção convencional (PC).
Parâmetro PIB sem defensivos no sulco de plantio
PIB com thiamethoxan no sulco de plantio
Produção convencional
Inseticida - Thiamethoxan* (Actara)
Cloropirifós* (Astro)
Fungicida - - Amistar* (Pulsor)
Pulverizações 6 6 6
com inseticidas
Pulverizações com fungicidas
12 12 12
Dessecação Gramoxone* Gramoxone Gramoxone
Custo dos defensivos
R $ 1.659,73 (23% < PC) (14% < PIB com Actara)
R $ 1.887,73 (8,5% < PC)
R $ 2.043,73
Custo para fertilização
R $ 1.616,00 (16% < PC)
R $ 1.616,00 (16% < PC)
R $ 1.878,00
* Defensivos empregados em doses recomendadas pelos fabricantes.
Tabela 2 - Custo de produção de batata no sistema convencional comparado com o
sistema da produção integrada.
Itens Produção convecional (Cloropirifos* e Pulsor* no sulco de plantio (R $)
PIB sem inseticidas no sulco de plantio (R $)
PIB com Thiamethoxan* e a Amistar* no sulco de plantio (R $)
Tubérculo(semente) 2.200,00 2.200,00 2.200,00 Custo de defensivos 2.043,00 1.659,73 1.887,73 Custo da
fertilização 1.878,00 1.616,00 1.616,00
Outros custos 3.182,50 3.200,00 3.400,00 Custo total 9.304,23 8.695,73 9.103,73 Produção total (Sc/ha 50 kg)
725 750 870
Produção comercial (Sc/ha 50 kg)
585 662 725
Custo /Sc. 50 kg 15,90 13,13 12,56 Preço de venda R$/Sc. 50 kg
18,00 18,00 18,00
Lucro R$/Sc 50 kg 2,10 4,90 5,45 Lucro (% rentabilidade)
12 27 30
* Defensivos empregados em doses recomendadas pelos fabricantes.
Tabela 3 - Comparação da produção de batata no sistema convencional (PC) com o
sistema da produção integrada (PIB) em relação a várias características.
Característica Produção
convencional (com Clorpirifos* e Pulsor*)
PIB sem defensivos no sulco de plantio
PIB com inseticida e fungicida no sulco de plantio
Produtividade total (Sc/alqueire)
1.754 1.815 (4% maior PC)
2.105 (16% maior PC)
Produção comercial (Peneira 40 mm)
1.416 1.603 (13% maior PC)
1.755 (24% maior PC)
Descarte (%) 19 11 16 Fertilização no plantio
3.600 kg/há (900 kg/ha >PIB sem / com defensivos)
2.700 kg/ha 25 % < PC
2.700 kg/ha 25 % < PC
Emergência (%) 100 Desuniforme 100
* Defensivos empregados em doses recomendadas pelos fabricantes.
Figura – Campo de produção integrada de batata no município de Bom Repouso no sul de Minas Gerais.
Figura – Campo de produção integrada de batata no município de Bom Repouso no sul de Minas Gerais.
Figura – Curso de manejo integrado de pragas e doenças da batata, para técnicos multiplicadores e produtores, visando a identificação e amostragem de insetos pragas e insetos benéficos realizado em Bom Repouso, sul de Minas Gerais. Na foto os participantes que receberam bandejas, pranchetas, máquina de calcular, lápis, borracha, uma prancha contendo o desenho dos insetos pragas e benéficos e folha para anotação de campo.
Figura – Curso de manejo integrado de pragas e doenças da batata, para técnicos multiplicadores e produtores, visando a identificação e amostragem de insetos pragas e insetos benéficos realizado em Bom Repouso, sul de Minas Gerais.
Figura – Anotação de campo de amostragem de insetos pragas e insetos benéficos para técnicos multiplicadores e produtores realizado em Bom Repouso, sul de Minas Gerais.
Figura – Técnico da EMATER após o treinamento de reconhecimento dos insetos, realizando amostragem em campo de batata de produtor, visando determinar se a praga atingiu o nível de ação para recomendação do controle químico. Senador Amaral, sul de Minas Gerais.
Figura – Técnico da EMATER contando o número de insetos pragas e insetos benéficos em campo de batata em Senador Amaral no sul de Minas Gerais.
Figura – Curso de manejo integrado de pragas e doenças da batata, para técnicos multiplicadores e produtores, visando a identificação e amostragem de insetos pragas e insetos benéficos realizado em Congonhal , sul de Minas Gerais.Na foto o professor Marcelo Picanço da Universidade Federal de Viçosa ensinando o técnico da EMATER Raul Maria Cássia, o produtor e o trabalhador rural.
Figura – Produtor após o treinamento sobre amostragem de praga realizando a contagem em seu campo de produção no município de Congonhal , sul de Minas Gerais.
Figura – Treinamento do trabalhador rural para realizar amostragem de pragas pelo técnico da EMATER Raul Maria Cássia em Congonhal , sul de Minas Gerais.
Figura – Na foto o técnico da EMATER, professor Marcelo Picanço, o presidente da ABASMIG Antonio Garcia Brandão e o técnico da EMATER Raul Maria Cássia, no campo de treinamento de reconhecimento das pragas benéficas e insetos pragas da batata. Bom Repouso , sul de Minas Gerais.
Figura – Reconhecimento dos insetos-pragas na bandeja ministrado pelo professor Marcelo Picanço da UFV, realizado no sul de Minas Gerais.
Figura – Amostragem de insetos-pragas e insetos benéficos na bandeja, pelo professor Marcelo Picanço da UFV, realizado no sul de Minas Gerais.
Figura – Reconhecimento dos insetos-pragas na bandeja ministrado pelo professor Marcelo Picanço da UFV aos técnicos da EMATER, realizado no sul de Minas Gerais.
Figura – Ficha de avaliação e reconhecimento de insetos-pragas da batata, para serem utilizados por técnicos multiplicadores e produtores, visando determinar a necessidade de aplicação de inseticidas.
Figura – Palestra no dia de campo sobre variedades de batata destinada ao plantio, para técnicos multiplicadores e produtores realizado em Bom Repouso, sul de Minas Gerais.
Figura – Dia de campo em Senador Amaral no sul de Minas Gerais visando capacitar técnicos multiplicadores em amostragem de pragas e doenças.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa, Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa, Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa, Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa, Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa, Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Estudante de mestrado da Universidade Federal de Viçosa, Flávio Gonçalves explicando aos participantes o método de amostragem de pragas em Senador Amaral, no sul de Minas Gerais.
Figura – Plantio da batata no sul de Minas Gerais em propriedades de pequenos produtores. Na foto animais sendo preparados para o sulcamento do campo visando o plantio dos tubérculos.
Figura – Plantio da batata no sul de Minas Gerais em propriedade de pequenos produtores. Na foto um trabalhador rural sulcando o solo com arado de aiveca visando o plantio dos tubérculos.
Figura – Plantio da batata no sul de Minas Gerais em propriedade de pequenos produtores. Na foto um trabalhador rural sulcando o solo com arado de aiveca visando o plantio dos tubérculos.
Figura – Erosão em área de pequeno produtor de batata no sul de Minas Gerais, demonstrando a necessidade de conscientização sobre o manejo e conservação do solo.
Figura – Sulco em campo de produção de batata, na propriedade de Antonio Garcia Brandão, sul de Minas Gerais, visando a conter a erosão dentro da cultura e facilidade de movimentação dos aplicadores de defensivos agrícolas.
Figura – Lavoura de batata no sul de Minas Gerais, conduzida dentro da legislação de proteção e respeito de nascentes. Observe que o plantio da batata segue um padrão de curvas de nível desfavorecendo a erosão.
Figura – Lavoura de batata no sul de Minas Gerais, conduzida dentro da legislação de proteção e respeito de nascentes. Observe que o plantio da batata segue um padrão de curvas de nível desfavorecendo a erosão.
Figura x – Lavoura de batata no sul de Minas Gerais, conduzida dentro da legislação de proteção e respeito de nascentes. Observe que o plantio da batata segue um padrão de curvas de nível desfavorecendo a erosão.
Figura – Campo de produção de batata no município de Bom Repouso, sul de Minas Gerais onde o produtor Antonio Garcia Brandão vem procurando colocar em prática os ensinamentos da produção integrada da batata.
Figura – Área de produção de batata no sul de Minas Gerais, onde o produtor vem adotando a rotação de culturas com pastagem, visando a minimização da incidência de pragas do solo e consequentemente a redução e até eliminação de inseticidas no plantio.
Figura – Área de produção de batata na região do Alto Paranaíba em Minas Gerais, onde o produtor vem adotando a rotação de culturas com pastagem, visando a minimização da incidência de pragas do solo e consequentemente a redução e até eliminação de inseticidas no plantio.
Tabela – Método de irrigação por aspersão convencional na cultura da batata, muito comum na região do sul de Minas Gerais.
Tabela – Método de irrigação via pivô central na cultura da batata, muito comum na região do Alto Paranaíba em Minas Gerais.
Tabela – Método de irrigação via pivô central na cultura da batata, muito comum na região do Alto Paranaíba em Minas Gerais. .
Tabela – Método de irrigação via gotejamento na cultura da batata, em fase de estudo no sul de Minas Gerais por professores da Universidade Federal de Viçosa.
Tabela – Reunião do comitê gestor da batata no município de Pouso Alegre no sul de Minas Gerais visando a avaliação dos campos de produção integrada colhidos na época das secas.
Tabela x – Reunião do comitê gestor da batata no município de Pouso Alegre no sul de Minas Gerais visando a avaliação dos campos de produção integrada colhidos na época das secas.
Figura – Simpósio de produção integrada da batata, realizado em Poços de Caldas. Na foto a mesa que fez a abertura do evento.
Figura – Seminário sobre a NR 31 realizado em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais para o comitê gestor da produção integrada da batata e técnicos da EMATER.
Figura – Seminário sobre a NR 31 realizado em Pouso Alegre, no sul de Minas Gerais para o comitê gestor da produção integrada da batata e técnicos da EMATER.