Post on 14-Sep-2020
ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM RELAÇÕES
PÚBLICAS
DAYANE ZULIANELO
RELAÇÕES PÚBLICAS E ESPELHAMENTO DE CELEBRIDADES:
Um estudo sobre o trabalho do profissional de Relações Públicas na
comunicação entre artista e fã, considerando o processo de espelhamento em
relação à imagem de uma celebridade
CAXIAS DO SUL
2018
DAYANE ZULIANELO
RELAÇÕES PÚBLICAS E ESPELHAMENTO DE CELEBRIDADES:
Um estudo sobre o trabalho do profissional de Relações Públicas na
comunicação entre artista e fã, considerando o processo de espelhamento em
relação à imagem de uma celebridade
Monografia apresentada à Universidade de Caxias do Sul, como requisito para aprovação na disciplina de Monografia II. Orientador (a): Profª Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista.
CAXIAS DO SUL
2018
DAYANE ZULIANELO
RELAÇÕES PÚBLICAS E ESPELHAMENTO DE CELEBRIDADES:
Um estudo sobre o trabalho do profissional de Relações Públicas na
comunicação entre artista e fã, considerando o processo de espelhamento em
relação à imagem de uma celebridade
Monografia apresentado à Universidade de Caxias do Sul, como requisito para aprovação na disciplina de Monografia II. Aprovado em: ____ / ____ / _________.
Banca Examinadora:
___________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Luiza Cardinale Baptista
Universidade de Caxias do Sul – UCS
____________________________________
Prof.ª Ma. Anaize Spada
Universidade de Caxias do Sul - UCS
____________________________________
Prof.ª Ma. Silvana Padilha Flores
Universidade de Caxias do Sul - UCS
.
Dedico este trabalho a todas as pessoas que acreditam no poder de realização dos seus sonhos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pela sua presença de luz nos momentos
de dificuldade, por me permitir viver momentos mágicos e conhecer pessoas
encantadoras.
À minha mãe Ivete e meu pai Dayr, pelo apoio nessa trajetória de estudos,
pelas palavras de incentivo e por sempre acreditarem em meu potencial e na
realização dos meus sonhos.
Ao meu namorado Alexsandro, pelo seu companheirismo ao dividir comigo
longas horas de estudo, agradeço pela sua paciência e calma em ouvir minhas
ideias e preocupações.
Aos meus amigos, que zelam pelas minhas conquistas e que entenderam
meus momentos de ausência, estando sempre dispostos a me ouvir nos momentos
de angústia e de alegrias.
Agradeço também à minha orientadora, a Prof. Dra. Maria Luiza Cardinale
Baptista, por trilhar comigo essa jornada de inúmeras descobertas, pelos conselhos
de pesquisa e de vida, foste uma excelente guia.
Por fim, agradeço a todos aqueles que contribuíram com a realização desta
monografia, indicando textos, leituras ou compartilhando comigo um pouco de suas
experiências, tornando a caminhada mais leve e alegre.
A felicidade se encontra nas coisas mais simples da Terra, às vezes a paz de um sorriso pode desarmar uma guerra.
Armandinho
RESUMO
A presente pesquisa possui como tema Relações Públicas e espelhamento de celebridades, sendo um estudo sobre o trabalho do profissional de Relações Públicas na comunicação entre artista e fã, considerando o processo de espelhamento, em relação à imagem de uma celebridade. Busca-se entender as contribuições da atuação do profissional de Relações Públicas no cenário artístico, bem como aspectos sobre os fãs e celebridades aliados ao processo de espelhamento. Em termos teóricos, trata-se de um estudo transdisciplinar, com textos de autores como Manoel Marcondes Neto, Margarida Kunsch, Chris Rojek, Fred Inglis, Eric Hoffer, Guy Debord e Muniz Sodré. A metodologia utilizada foi a Cartografia dos Saberes, já que a pesquisa foi realizada com orientação qualitativa exploratória, com o desenvolvimento de um estudo de caso com os fãs e profissionais que atuaram junto do cantor Armandinho. Desse modo, analisa-se a forma como a imagem é percebida pelos sujeitos e a forma como a comunicação está inserida neste processo. Posteriormente foi feita a análise dos dados coletados, comparando-os com os objetivos propostos nesta pesquisa.
Palavras-chave: Relações Públicas. Imagem. Espelhamento. Celebridades. Fãs.
ABSTRACT
This quest has as subject the Public Relations and celebrity mirroring, being a study about the work of the Public Relations professional in the communication between artist and fan, considering the process of mirroring, in relation to the image of a celebrity. It seeks to understand the contributions of the Public Relations professional in the artistic scene, as well as aspects about the fans and celebrities allied to the process of mirroring. In theoretical terms, this is a transdisciplinary study, with texts by authors like Manoel Marcondes Neto, Margarida Kunsch, Chris Rojek, Fred Inglis, Eric Hoffer, Guy Debord and Muniz Sodré. The methodology used was "Cartografia dos Saberes", since the research was conducted with an exploratory qualitative orientation, with the development of a case study with the fans and professionals who worked with the singer Armandinho. In this way, the way in which the image is perceived by the subjects and the way in which communication is inserted in this process is analyzed. Subsequently, the collected data are analyzed, comparing them with the objectives proposed in this research.
Keywords: Public Relations. Image. Mirroring. Celebrities. Fans.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Social Media da Netflix em ação .................................................. 26
Figura 2 - Madonna e o arquétipo de rebeldia .............................................. 33
Figura 3 - Rainha Elisabeth I, com seu público ........................................... 37
Figura 4 - John F. Kennedy e Jackie Kennedy em cerimônias oficias .......... 38
Figura 5 - Gisele Bündchen como embaixadora internacional da Pantene .. 40
Figura 6 - Fã sobe ao palco e tira foto com Katy Perry ................................. 41
Figura 7 - Fã de Raul Seixas prestando sua homenagem ao ídolo .............. 42
Figura 8 - Sylvio na casa de Raul em São Paulo ......................................... 43
Figura 9 - Carteirinha do fã-clube do Teixeirinha .......................................... 44
Figura 10 - Revistas como forma de relacionamento ................................... 45
Figura 11 - Bruna Marquezine responde fã em seu Instagram ..................... 46
Figura 12 - Armandinho ................................................................................ 52
Figura 13 - Armandinho ao Vivo ................................................................... 53
Figura 14 - Conteúdo da página oficial do Armandinho, no facebook .......... 54
Figura 15 - Site oficial do cantor ................................................................... 55
Figura 16 - Canal do cantor no youtube ....................................................... 55
Figura 17 - Conta do Armandinho no Instagram ........................................... 56
Figura 18 - Postagem de Armandinho no Instagram .................................... 57
Figura 19 - Fã-clube idealizado por Isadora ................................................. 64
Figura 20 - Isadora e Armandinho ................................................................ 64
Figura 21 - Maria Eduarda e Armandinho ..................................................... 67
Figura 22 - Tatuagem em homenagem ao artista ......................................... 69
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Perguntas aos profissionais ..................................................................... 18
Quadro 2 - Perguntas aos fãs ................................................................................... 18
Quadro 3 - Os fãs e a imagem e espelhamento ........................................................ 72
Quadro 4 - Os fãs e a comunicação .......................................................................... 73
Quadro 5 - Os profissionais e a imagem e espelhamento ......................................... 74
Quadro 6 - Os profissionais e a comunicação ........................................................... 75
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA ...................................................................... 13
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 15
3 RELAÇÕES PÚBLICAS ................................................................................... 20
3.1 COMUNICAÇÃO E GESTÃO DA IMAGEM ...................................................... 22
3.2 RELAÇÕES PÚBLICAS COMO MEDIADOR DOS RELACIONAMENTOS ...... 24
4 CONCEITO DE IMAGEM ................................................................................. 28
4.1 RELAÇÕES ENTRE IMAGEM E OPINIÃO PÚBLICA ...................................... 30
4.2 REPRESENTAÇÕES MENTAIS ....................................................................... 31
4.3 ARQUÉTIPOS .................................................................................................. 32
5 FÃS E CELEBRIDADES .................................................................................. 35
5.1 CULTURA DA CELEBRIDADE ......................................................................... 35
5.2 CELEBRIDADES: IMAGEM E INFLUÊNCIA .................................................... 39
5.3 FÃS ENQUANTO PÚBLICOS ........................................................................... 40
5.4 EVOLUÇÃO NO RELACIONAMENTO ENTRE ARTSTA E FÃ ........................ 44
6 PROCESSOS DE ESPELHAMENTO............................................................... 48
7 ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 51
7.1 BIOGRAFIA DO ARTISTA ESCOLHIDO: ARMANDINHO ............................... 51
7.2 ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO VIRTUAL ........................................................ 54
7.3 ENTREVISTA COM PROFISSIONAIS ............................................................. 58
7.4 ENTREVISTA COM FÃS .................................................................................. 63
8 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ....................................................... 72
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 79
APÊNDICE A - PROJETO DE MONOGRAFIA ....................................................... 87
11
1 INTRODUÇÃO
A presente monografia trata de um estudo sobre o trabalho do profissional
de Relações Públicas, na comunicação entre artista e fã, considerando o processo
de espelhamento em relação à imagem de uma celebridade, ou seja, a forma
subjetiva como o fã é sensibilizado pela representação imagética de determinado
artista.
O meio artístico é responsável por grandes transações financeiras. Turnês
milionárias, patrocínios e presença VIP em eventos são alguns exemplos. A imagem
das celebridades resulta em números significativos para a economia. É comum
encontrar no mercado, marcas conceituadas que contratam determinada celebridade
para vincular sua imagem à um produto, conferindo à ele, a credibilidade que o
artista possui com a sociedade.
Em um mercado em ascensão, que movimenta grandes cifras e de tamanha
relevância na atualidade, pouco se fala das contribuições do profissional de
Relações Públicas neste cenário. Entre os conteúdos que analisam as estratégias
de comunicação com os públicos, encontra-se produções textuais referentes à
comunicação nas organizações e no meio empresarial. Contudo, a profissão de
Relações Públicas engloba diversas áreas de atuação, sendo de extrema
importância para a gestão da imagem e a reputação de uma figura pública.
A celebridade, ou figura pública, para obter sucesso profissional, necessita
do apoio e da aprovação de seu público, ou seja, de seus fãs. Conquistar esse
reconhecimento público não é tarefa fácil, requer tempo, paciência e principalmente
planejamento. Segundo Neto (2015), o profissional de Relações Públicas é o mais
capacitado para promover este planejamento estratégico, além de estar apto a
desenvolver, com eficiência, a assessoria de imprensa, pesquisa de opinião pública,
mapeamento de públicos, gestão de relacionamentos entre outras atividades
pertinentes à comunicação.
Para compreender o sucesso de uma celebridade e entender os aspectos de
sua aprovação perante o público, considera-se importante a análise do
comportamento dos fãs, sendo eles o público-alvo do planejamento estratégico. O
que leva o indivíduo a seguir e a idolatrar uma pessoa que ele pouco conhece, ou
conhece apenas de forma virtual? Para tanto, será analisado o processo de
12
espelhamento do fã, em relação à imagem da celebridade, ou seja, a projeção
imagética pela qual o indivíduo se sensibilizou exerce uma força subjetiva de
admiração e desejo, em seu íntimo, e faz com que o fã passe a se espelhar naquela
personalidade.
Este desejo despertado de forma subjetiva no inconsciente do fã, faz com
que ele projete em seu ídolo suas ambições. O fã é sensibilizado pela imagem e
pelas representações mentais que foram realizadas em seu íntimo. A natureza
subjetiva da forma como o ser humano percebe a imagem é algo a ser estudado e
envolve muito mais do que fatos teóricos, envolve sensibilidade, comoção, intuição e
sentimentos inconscientes (MARTINS, 1999).
Segundo De Toni (2005), a imagem como forma de representação mental é
a consequência do processamento de informações que o indivíduo guarda para si
próprio, em relação a um objeto, como características ou uma experiência vivida.
Cada ser é único e percebe as imagens ao seu redor de acordo com a ótica que
adquiriu ao longo dos anos. Logo, pode-se considerar que, mesmo em um ambiente
coletivo, onde existem pessoas com interesses semelhantes, uma mesma imagem é
percebida de forma singular por cada um dos sujeitos.
Visto que atualmente são poucos os estudos acerca desta reflexão, o
presente trabalho visa possibilitar ao profissional da comunicação um melhor
diagnóstico do comportamento dos públicos, para oportunizar a realização de
estratégias assertivas no posicionamento da imagem das celebridades, e ampliar as
perspectivas de atuação das Relações Públicas no meio artístico-cultural.
Em síntese, a questão problema busca compreender de que forma o
profissional de Relações Públicas pode contribuir na comunicação entre artista e fã,
considerando o processo de espelhamento em relação à imagem da celebridade.
Para aprofundar os conhecimentos acerca desta questão, os métodos
utilizados partem da Cartografia dos Saberes, proposta por Baptista (2014) que une
saberes pessoais, saberes teóricos, laboratório de pesquisa e pensamentos picados
(insights). Aliado à Cartografia, foi utilizado o método de pesquisa qualitativa
exploratória, onde se busca compreender a forma como as pessoas se relacionam
com o fenômeno estudado e quais atribuições simbólicas são conferidas a ele
(GODOY, 1995).
13
Na sequência do desenvolvimento dos aspectos metodológicos, a pesquisa
apresenta os itens que compõem o referencial teórico, que possui aspectos da
profissão de Relações Públicas, conceitos de imagem, fãs, celebridades e a
caracterização de um fator-chave para a conexão entre os termos anteriores: o
processo de espelhamento. Apresentado aqui, como um fenômeno que contribui
para a conexão de uma pessoa com determinada celebridade.
Realizada a trama teórica, apresenta-se o objeto de estudo desta
monografia, no caso, o cantor Armandinho. Além de aprofundar os conhecimentos a
respeito de sua trajetória, são relatadas características observadas em suas
músicas, em sua fala para programas de entrevistas e nos conteúdos postados em
redes sociais. Na sequência, fãs e profissionais que tiveram contato mais próximo
com o artista em questão, responderam a um questionário elaborado para
compreender os objetivos deste trabalho.
1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA
Acredito que somos movidos por paixões, pela arte e pela capacidade de
transformar nossos sonhos em realidade. A escolha do tema da monografia,
inicialmente, não foi tarefa fácil. Desde que iniciei a graduação, queria trazer um
tema ao qual pudesse direcionar todo meu afeto e dedicação. Queria envolver estes
três grandes fatores que me movem: paixão, arte e sonhos. Tão distintos e, ao
mesmo tempo, tão dependentes um do outro. Então, me lembrei dos sonhos de
infância, do desejo que tínhamos (algumas amigas e eu) de nos tornarmos
celebridades. Muitas das vezes que nos encontrávamos, escolhíamos personagens
da música para interpretar, cantar e dançar as coreografias. Teatros e encenações
faziam parte das brincadeiras.
Vivíamos tais personagens ao ponto de nos chamarmos pelos nomes dos
mesmos. Mas por que tal anseio? O que nos fazia gostar tanto daquelas pessoas ao
ponto de querermos viver a vida delas? Qual a magia e o encanto que existe nas
celebridades, a ponto de arrastar multidões, dia após dia, em turnês, onde fãs viajam
longas distâncias para encontrar seus ídolos, passam horas, até dias em uma longa
fila de espera, apenas para conseguir um lugar mais próximo do palco e poder olhar
14
de perto essa figura que tanto admira. Se conseguir uma fotografia junto dela ou um
autógrafo, é um sonho realizado.
Portanto, defini o tema da monografia confiante em conhecer melhor , sob o
olhar das Relações Públicas, este universo misterioso de significação, de
sentimentos e de sonhos que envolve celebridades, fãs e espelhamento de imagem.
15
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS
O ato de pesquisar se refere a um conjunto de ações que possibilitam a
descoberta de novos conhecimentos. Uma pesquisa é fruto de um questionamento
ou dúvida sobre determinado assunto. O objetivo da pesquisa é aprofundar os
conhecimentos do pesquisador a respeito de determinado tema, aproximando-o de
um desfecho para a questão problema. Toda descoberta se dá em resposta a
alguma pergunta, que gerou um questionamento e, sucessivamente, uma análise,
que pode ser conclusiva ou não (DUARTE, 2005; SÓLIO, 2010).
Destaca-se o objetivo geral desta pesquisa, estudar o espelhamento dos fãs
na imagem construída da celebridade e a contribuição do profissional de Relações
Públicas, no sentido de facilitar o encontro de interesses entre os sujeitos
envolvidos. Os objetivos específicos propostos são: caracterizar e definir o que é
imagem, e como é percebida pelo indivíduo; caracterizar e definir os conceitos de fã
e celebridade; compreender as possibilidades do profissional de Relações Públicas
enquanto construtor de imagem e mediador de relacionamentos; descrever o
processo de espelhamento que ocorre em relação à imagem e entender de que
forma o fã contribui para o fortalecimento de uma celebridade.
Iniciar uma monografia é um processo de constante aprendizado.
Descobertas pessoais e profissionais se unem nos caminhos da escrita,
transformando-nos de uma maneira surpreendente. Para auxiliar neste processo, foi
utilizada a Cartografia dos Saberes, proposta por Baptista (2014) que retrata um
modelo de mapa a ser seguido, uma trilha a ser percorrida.
Na perspectiva da Cartografia dos Saberes, os métodos de estudo são mais
flexíveis, passíveis a mudanças de roteiro ao longo do percurso da pesquisa e
considera as quatro dimensões: epistemológica, teórica, metódica e técnica.
A primeira trilha aborda os saberes pessoais, ou seja, propõe uma reflexão
interior, uma viagem no consciente e no inconsciente, que estimula a captação da
intuição e a escrita livre sobre o que se sabe a respeito do tema pesquisado, sendo
uma espécie de sondagem de si próprio. A segunda trilha, são os saberes teóricos.
Nela, se busca os saberes dos outros, são informações que se unem aos saberes
pessoais, para agregar conhecimento.
16
Já a terceira trilha propõe o laboratório de pesquisa, que são conversas
informais que possibilitam uma maior aproximação com o objeto a ser estudado.
Para fins de pesquisa posterior, a orientação é registrar todas as informações
coletadas em um diário de campo. Finalizada a Cartografia, encontra-se os
"pensamentos picados" também chamados "insights", que são aqueles momentos
em que pensamentos surgem do nada, e que contribuem para amarrar a teia de
ideias. O que está envolvido aqui, é o que a autora chama de dimensão intuitiva de
pesquisa.
Ao passo que cada uma das trilhas é preenchida, uma trama de informações
e conteúdos começa a fazer sentido, evidenciando a relevância do objeto de estudo
e sua contribuição para com a sociedade.
A pesquisa é desenvolvida a partir de um questionamento ou dúvida,
referente a um determinado tema e ao analisar a primeira etapa da trilha, a dos
saberes pessoais, foi concretizado o desejo por estudar a imagem das celebridades
unindo às teorias do curso de Relações Públicas. Na sequência, foram listados os
principais itens, os quais seriam estudados em conjunto aos saberes pessoais e aos
saberes teóricos, buscando compreender os conceitos de Relações Públicas,
imagem, celebridades, fãs e o processo de espelhamento.
Galvão (2010) ressalta a importância do levantamento bibliográfico ao
destacar a potencialidade de unir estudos e agregar valor às áreas de
conhecimento.
Pode-se afirmar, então, que realizar um levantamento bibliográfico é se potencializar intelectualmente com o conhecimento coletivo, para se ir além. É munir-se com condições cognitivas melhores, a fim de: evitar a duplicação de pesquisas, ou quando for de interesse, reaproveitar e replicar pesquisas em diferentes escalas e contextos; observar possíveis falhas nos estudos realizados; conhecer os recursos necessários para a construção de um estudo com características específicas; desenvolver estudos que cubram lacunas na literatura trazendo real contribuição para a área de conhecimento; propor temas, problemas, hipóteses e metodologias inovadores de pesquisa; otimizar recursos disponíveis em prol da sociedade, do campo científico, das instituições e dos governos que subsidiam a ciência (GALVÃO, 2010, p.377).
Após a definição do problema a ser estudado neste trabalho, foram
propostos os objetivos a serem alcançados. Para a melhor compreensão do objeto
de estudo foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, a qual:
17
[...] compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Tem por objetivo traduzir e expressar os fenômenos do mundo social. [...] Em certa medida, os métodos qualitativos se assemelham a procedimentos de interpretação dos fenômenos que empregamos no nosso dia a dia, que tem a mesma natureza dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Tanto em um como em outro caso, trata-se de dados simbólicos, situados em determinado contexto [...] (NEVES, 1996, p.1).
De acordo com Sólio (2010), a pesquisa qualitativa reflete a respeito da
qualidade de compreensão dos entrevistados sobre o questionamento feito.
Diferente da pesquisa quantitativa, neste modelo, não se busca o entendimento
através da contabilização de resultados numéricos, mas sim, com o valor e a
importância das informações obtidas.
Ao analisar as diferentes possibilidades de se aproximar dos resultados,
definiu-se que a melhor maneira seria a pesquisa correspondente à abordagem
qualitativa, de cunho exploratório, que tem por objetivo aproximar-se e familiarizar-se
com o caso estudado.
O trabalho para a definição do objeto de estudo foi longo e minucioso. O
desejo inicial era estudar uma personalidade a qual tivesse afeto, para tornar o ato
de pesquisar mais gratificante e amoroso. Foram listados potenciais artistas a serem
analisados. A escolha ficou com o primeiro nome citado na lista: Armandinho.
Ao definir o objeto empírico do estudo, foram levantados dados de sua
biografia, além de uma análise de sua imagem em buscas na internet e nos
conteúdos em redes sociais, para observar características de seu comportamento e
da fala utilizada.
As entrevistas foram realizadas com profissionais que atuaram nos
bastidores do artista (assessora e produtor musical) para compreender a forma
como a comunicação está presente no dia a dia de um artista; com os fãs, para
entender como eles se sentem à respeito da imagem projetada do artista.
Sabe-se que, são muitos os que se consideram fãs, porém neste caso, seria
necessário um perfil de fã mais intenso e ousado, pessoas realmente obstinadas
pelo cantor.
As perguntas foram elaboradas para atender aos objetivos específicos e
foram selecionados cinco fãs e dois profissionais para respondê-las. Para os dois
18
públicos presentes na pesquisa (profissionais e fãs) foram propostas perguntas
diferentes, para explorar cada um destes universos. Nos dois casos as perguntas
foram divididas em duas tramas. A primeira trama é referente à imagem e
espelhamento e a segunda trama, refere-se à comunicação, conforme Quadros 1 e
2 apresentados abaixo.
Quadro 1- Perguntas aos profissionais
TRAMAS PROFISSIONAIS
1ª Trama - Imagem e espelhamento
Como você caracteriza a
imagem desse artista?
Como você acha que essa imagem se relaciona com o
grupo de fãs?
Como você acredita que foi
criado um vínculo do artista com os
fãs?
2ª Trama - Comunicação
Como a comunicação
contribuiu para fortalecer a imagem
do artista?
Quais os meios de comunicação foram
utilizados para construir o vínculo
com os fãs?
Detalhamento das práticas de
comunicação.
Fonte: O autor (2018).
Quadro 2 - Perguntas aos fãs
TRAMAS FÃS
1ª Trama - Imagem e espelhamento
Como você descreve esse
artista?
Em contato com as composições do
artista, quais sensações tem?
Qual característica dessa celebridade
mais chama a atenção em você?
2ª Trama - Comunicação
Como você se mantém atualizado
sobre a rotina dessa celebridade?
Quais tipos de postagem tem mais
relevância para você?
Já teve contato com esse artista? Se sim, como foi esse encontro?
Fonte: O autor (2018).
19
Muitas pessoas participaram deste caminho de descobertas e de dedicação
à pesquisa. Ao comentar com amigos sobre o tema estudado, alguns lembraram-se
de pessoas ou conhecidos que poderiam fornecer conteúdos muito relevantes à
pesquisa. Os fãs foram muito receptivos em responder às perguntas e relataram
sua felicidade em contribuir com uma pesquisa que possui como objeto de estudo o
seu grande ídolo.
A comunicação com a assessora e com o produtor musical foi bem diferente,
pois ambos moram em outro estado e estavam com suas agendas lotadas, fator que
dificultou um contato mais próximo. A persistência gerou resultados positivos, pois o
relato dos profissionais forneceu um novo olhar para a pesquisa.
20
3 RELAÇÕES PÚBLICAS
O presente capítulo busca reunir contribuições de estudiosos das Relações
Públicas, com aspectos sobre o início da profissão, juntamente à uma abordagem
das práticas da área.
As Relações Públicas possuem inúmeros campos de trabalho a serem
explorados. A era digital faz com que tudo mude muito rápido, propondo constantes
adaptações. Isso tudo é reflexo de um mundo globalizado, onde além da economia,
os padrões e o comportamento vivem frequentes ressignificações.
Durante muito tempo, o trabalho do profissional de Relações Públicas foi
visto de forma restrita ao âmbito organizacional. Isso é compreensível, considerando
que este foi o início das práticas da profissão, em um cenário de instabilidade
econômica, com grandes empresários preocupados com sua imagem e reputação. A
questão é que o trabalho do Relações Públicas possui uma ampla área de atuação,
tão ampla, que, muitas vezes, parece difícil de se definir. Para que se possa ter uma
definição mais coerente, pode-se atribuir à esta ciência, a competência de criar
estratégias dos mais diversos níveis: mapeamento de públicos, relacionamento com
o público-alvo; gestão e cuidado da imagem e reputação; criação de conteúdos para
a comunicação, tendências de mercado entre outros.
Seja no meio organizacional ou artístico, pode-se utilizar das práticas de
Relações Públicas para a obtenção dos resultados almejados, fazendo uso de um
conjunto de ações que engajam e buscam conectar sujeitos. Kunsch (1997, p.4)
encoraja a categoria a ver além do habitual, a conquistar novos territórios.
As coisas mudaram. Diante de um mundo em transformações, é hora de a categoria assumir corajosamente a sua profissão e tentar traçar-lhe seus novos caminhos, mais amplos e conscientes de que as relações públicas é uma atividade de liberdade, de liderança e da atualidade. Conquistar um novo paradigma democrático de ação é o desafio que exige dos profissionais o conhecimento do que vem sucedendo nas estruturas da maioria das organizações (KUNSH, 1997, p.4).
Não existe um marco específico do início das atividades de Relações
Públicas na sociedade. São diversas as opiniões e teorias sobre o surgimento da
profissão. É possível considerar os feitos de Ivy Lee, também chamado pai das
21
Relações Públicas, como o começo do exercício das técnicas da profissão, no ano
de 1904, quando fundou uma pequena empresa de consultoria de RP, a Parker &
Lee. Alguns anos se passaram e Lee foi contratado pelo empresário John D.
Rickfellerem, para trabalhar sua imagem pessoal, até então, denegrida pelo modo
como tratou os funcionários e grevistas de suas empresas (MOURA, 2008).
Pinho (2008) afirma que as ações de Relações Públicas iniciaram com a
preocupação de empresários e governos com suas imagens e reputações, dando
início à assessoria de comunicação, durante o século XX, período em que
aconteceram grandes movimentos de massa, como as greves trabalhistas e
paralisações sindicais, reflexos da Revolução Industrial.
Pode-se observar que o aparecimento das Relações Públicas está
associado a um período temporal de intensa perturbação política, alinhado aos
fluxos e contra-fluxos das marchas e reivindicações sindicais americanas. Segundo
Moura (2008) a união da classe trabalhadora despertou a atenção de patrões e
empresários que, logo, preocuparam-se em criar maneiras de persuadir a massa e
de gerar uma opinião pública favorável aos seus interesses patronais. Vale salientar,
neste contexto político-empresarial, que a relevância do exercício das Relações
Públicas foi mencionada por Abraham Lincoln, ao citar que, ter a opinião do público
favorável a ele, foi um fator fundamental para a sua vitória na disputa pela
presidência dos Estados Unidos, em março de 1861.
A transformação conceitual e histórica das Relações Públicas elevou a
profissão de uma função técnica-operacional a uma função estratégica, fundamental
às organizações na atualidade (KUNSCH, 2003).
De acordo com E-life (2013), as Relações Públicas evidenciam suas
atividades na construção e manutenção de reputações positivas, Pinho (2003)
complementa que, as ações do profissional de RP devem se concentrar na criação
de uma reputação favorável, que sustente a maneira como a marca quer ser
percebida pelo seu público.
Ao analisar a comunicação como meio de gerir o relacionamento entre
marca e público, nota-se a constante presença das marcas em diversas mídias de
interação, principalmente nas redes sociais, responsáveis por aproximar pessoas,
produtos e interesses.
22
A comunicação é um importante meio de interação e de alcance de públicos,
não somente na esfera artístico-cultural, que é tema de estudo desta monografia,
mas também em empresas, instituições e organizações de diversos níveis.
Antigamente, pouco se falava de estratégias de comunicação, e para um
artista manter-se na mídia, bastava alguns convites de entrevista em rádios e
participações em programas de auditório da TV, para renovar a popularidade com os
fãs. Atualmente, as redes sociais ocupam um papel importante de veiculação de
imagem e divulgação de marcas, conteúdos e pessoas. Estar atento às mudanças
culturais e de comportamento dos públicos é fundamental para a excelência e
obtenção dos resultados almejados em um planejamento estratégico.
Spíndola (2008) afirma que, no Brasil, os primeiros relatos da atuação de
profissionais de Relação Públicas no meio artístico-cultural, estão relacionados à
duas talentosas mulheres. Edy Silva, que, no ano de 1963, assumiu a direção de
Relações Públicas da gravadora CBS, que posteriormente veio a cuidar da imagem
e comunicação do cantor Roberto Carlos; e Ivone Kassu, que trabalhou na gestão
da imagem dos cantores: Chico Buarque, Paulinho da Viola e Wilson Simonal.
Kassu foi a pioneira a exercer funções de assessoria de imprensa, no cenário
musical brasileiro, ao criar pautas de seus artistas e entregando a imprensa.
Para comunicar de maneira eficaz, é importante ter planejamento. Neste
caso, para que uma celebridade capte a atenção do maior número de indivíduos, é
necessário um estudo acerca do público que a celebridade pretende alcançar e
traçar um perfil de linguagem para facilitar o entendimento das informações que
serão emitidas. É fundamental ter um panorama geral do cenário, compreender
quem é o emissor, o receptor, qual o tom de voz da mensagem e qual o meio que
será utilizado para enviá-la, tornando assim o processo de comunicar mais preciso e
assertivo.
3.1 COMUNICAÇÃO E GESTÃO DA IMAGEM
A comunicação, como mecanismo complexo de interação de sujeitos, é
essencial no processo de construção e manutenção da imagem, visto que, ela não
acontece de forma isolada. Para este processo acontecer e ganhar sentido, é
23
essencial considerar a interação e o fluxo de informações entre sujeitos. A
comunicação como um encontro de ideias, nem sempre lineares, muitas vezes
emaranhadas ou em sentidos opostos, como em um debate, nunca diminui pontos
aos envolvidos, ao contrário, agrega novos saberes mesmo em situações de ideias
contrárias (BAPTISTA, 1996).
É importante destacar, no complexo conceito de comunicação, a disputa
pelo prêmio, no caso, a atenção do receptor.
O emissor escolhe, entre todo um "arsenal" de conteúdos possíveis, o que parece mais adequado para imprimir a sua marca (seja a sua opinião na comunicação pessoal; a marca do seu produto na publicidade; as ideias do sindicato, na comunicação dessa entidade). Está claro, então, que a comunicação é uma relação de poder. É uma espécie de jogo de poder - onde está implícita uma disputa entre emissores, e entre emissores e receptores (BAPTISTA, 1996, p. 34).
Salienta-se aqui, a disputa e a mudança constante de mercado. Diariamente,
inúmeros conteúdos são comunicados nas diferentes redes sociais. Novos produtos,
novas personalidades e novas concorrências. A comunicação como meio de
divulgação, fornece inúmeras possibilidades de conquista de mercado e diferentes
maneiras de captar a atenção do receptor, para tanto, é necessário estar atento aos
interesses do público certo.
Conforme relata Torquato (2002), a comunicação auxilia no transporte de
ideias, conceitos e informações, tendo como principal objetivo o diálogo entre a
organização e seus públicos.
Para um melhor entendimento da frase "processo de construção de imagem"
é interessante diferenciar os conceitos de imagem e identidade. Torquato (1986,
p.12), explica que “[...] por identidade queremos dizer a natureza verdadeira, própria,
dos negócios, o perfil técnico e cultural da empresa. Por imagem, deve-se entender
aquilo que se transfere simbolicamente para a opinião pública [...]”.
Construir e zelar pela percepção positiva da imagem de uma marca,
personalidade ou produto, em tempos de redes sociais, exige cuidado e
perseverança. A exposição e a rapidez com que a notícia se propaga, requer
cuidados redobrados com atitudes e comportamentos.
24
Mesmo após estar consolidada no mercado, pequenos deslizes na forma
como uma marca se comunica podem dar margem a diferentes interpretações e
causar um grave dano à imagem. Portanto, salienta-se a importância do profissional
de Relações Públicas como peça fundamental na elaboração de uma estratégia de
comunicação eficaz e duradoura. Por meio de suas qualidades estratégicas, o
profissional monitora o comportamento e a opinião dos públicos, buscando a melhor
estratégia de comunicação para encontrar o público-alvo e evitando deslizes ao
longo do percurso.
Barros (2015), em seu estudo sobre assessoria de artistas, afirma que para
a obtenção de resultados favoráveis na estratégia de comunicação, alguns itens são
de extrema importância: diagnóstico profundo do artista e do mercado pretendido;
mapeamento dos públicos; análise e histórico da imagem percebida; estudo da
comunicação e da postura do artista em aparições públicas, bem como seu
comportamento offline. Após feito esse levantamento, é traçado o plano de ação
correspondente ao diagnóstico.
3.2 RELAÇÕES PÚBLICAS COMO MEDIADOR DOS RELACIONAMENTOS
Mediar relacionamentos é uma necessidade relativamente nova no mercado,
mas crucial para uma marca manter-se viva na memória do consumidor. A forte
concorrência e a disputa, cada vez mais acirrada pela atenção do consumidor, fez
com que algumas formas de comunicação mais tradicionais abrissem espaço a um
modelo de comunicação que preza pelo relacionamento e pelo diálogo aberto com
os públicos.
O consumidor, cada vez mais exigente, procura no mercado mais do que a
funcionalidade de determinado produto ou serviço. Ele busca uma experiência
satisfatória. Para contemplar esta necessidade, é importante realizar um estudo
acerca do comportamento e dos desejos do consumidor e assim, criar estratégias
que fomentem os vínculos afetivos.
25
[...] – Criar laços? – Exatamente. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo (SAINT-EXUPERY, 2009, p.66).
No livro Pequeno Príncipe, de Saint-Exupery (2009) a raposa dialoga com o
Pequeno Príncipe e fala sobre a importância de cativar e de criar laços. Cultivar os
relacionamentos e cativar o público-alvo é algo que difere uma marca da outra e o
que torna a marca única, aos olhos do consumidor.
Vergili (2014) afirma que mapear o público-alvo, priorizando a solidificação
do relacionamento é uma das especialidade das Relações Públicas. Saber se
relacionar é crucial para a permanência no mercado e isto vale para todos: pessoas,
empresas e marcas. Grunig (2011) entende o papel das Relações Públicas como
responsável pela manutenção do relacionamento, gerenciando-o de maneira
estratégica para que sua existência seja benéfica a todos os envolvidos. A
reciprocidade é a lei do relacionamento saudável.
A gestão dos relacionamentos está inserida em nosso cotidiano, mais do
que se pode perceber. Preza-se pelo bom relacionamento entre colegas, amigos e
familiares. Ter bons relacionamentos traz benefícios e muitas vantagens. Sob o
olhar da comunicação, é exatamente assim que funciona: para ter uma gestão de
relacionamento plena e eficiente, é necessário naturalidade, diálogo e conquista.
Investir em relacionamento significa não ter apenas seu público ao seu lado, mas os
formadores de opinião também.
Ao avaliar o caso da Netflix, por exemplo, pode-se constatar o
relacionamento com seus públicos, como uma importante forma de fidelização dos
mesmos, visto que, a estratégia comunicacional da empresa permite um diálogo
virtual direto com os usuários, por meio de mensagens nas redes sociais, como
pode ser observado na Figura 1.
26
Figura 1 - Social Media da Netflix em ação
Fonte: Site Aziume (2018)
A Netflix ganhou o coração dos usuários não somente por oferecer
qualidade em seus serviços, mas também por estreitar o relacionamento com os
públicos. Ao utilizar as redes sociais e uma linguagem extrovertida, a empresa
comunica-se com os usuários e propõe conteúdos de interação e de aproximação,
conquistando a atenção dos mesmos.
Sabe-se que, para a obtenção do sucesso, o artista necessita sensibilizar e
engajar seu público. Mas o que o público, no caso o fã, absorve desta interação? A
resposta é: o sentimento de pertença. As redes sociais permitem criar um universo
em que possibilitam a inserção em diversos grupos sociais e esses vão, aos poucos,
definindo a identidade dos integrantes.
As pessoas possuem necessidade de se sentirem parte de algo maior.
Pertencer a um grupo de interesses comuns, como no caso de um fã-clube e ser
prestigiado por este pertencimento é uma condição instintiva do ser humano.
Existem diversas maneiras de se identificar em sociedade. Quando é indagado:
"Quem é você?" geralmente as respostas estão associadas aos grupos sociais que o
indivíduo pertence: "sou aluna do 7º semestre do curso de Relações Públicas, gosto
de praia, de yoga e de assistir séries." No exemplo, o interlocutor menciona grupos
sociais aos quais pertence, favorecendo a conexão com outras pessoas
apreciadoras dos mesmos interesses.
27
Cabe aqui, associar estas características aos conceitos de persona,
segundo Jung, esta palavra tem sua origem no teatro grego e significa máscara.
Jung (2008) afirma que, os indivíduos pertencentes aos mais diversos grupos
sociais, agem de maneira diferente em cada um deles, moldando suas
características para sentirem-se aceitos.
O avanço das tecnologias e o crescente número de redes sociais encurtou
espaços geográficos. Onde antes o contato era distante, agora através de um click,
pode-se fazer contato com pessoas de diferentes regiões do mundo, de diferentes
culturas e posições sociais. Esta aproximação de "mundos" favoreceu a conexão do
fã com seu ídolo, deixando-o a par de sua rotina, fazendo com que se sinta tão
próximo como se fossem amigos.
Salienta-se aqui a importância de mapear públicos. Saber como se
comportam e por quais meios se expressam é importante para escolher os meios de
comunicação que serão utilizados e qual a linguagem favorável para esta interação.
Ao perceber que determinado artista possui um perfil de fã mais jovem, que se
manifesta e cria conteúdos por meio do Instagram, por exemplo, é essa a rede que
será utilizada para projetar o artista, bem como, para estreitar laços, buscando
utilizar todos os recursos que a rede oferece. Os stories, recurso de criação de
conteúdo perecível, isto é, que fica exposto pelo tempo de 24 horas, é uma forma
interessante de registrar as pequenas ações do dia a dia, fomentando o sentimento
de aproximação com o usuário.
Segundo Baym (2013), há trinta anos os fãs dos artistas musicais migraram
para a internet, buscando relacionar-se com seus ídolos. Esta tendência não foi
prontamente percebida pelos profissionais da música, que só se deram conta da
relevante plataforma que estava sendo desperdiçada em meados de 2010, tornando
as atividades online o centro das estratégias de comunicação.
Quase todo profissional de música parece convencido de que mídias sociais – e em particular o uso pelos músicos para se conectar com sua audiência – são vitais para sua sobrevivência. Entretanto, apesar das mídias sociais terem se tornado integradas às indústrias de mídia, e com toda a presença das celebridades que antigamente permaneciam distantes dessa era online, pouca ou nenhuma pesquisa examinou, pela perspectiva dos artistas, aquilo que os fãs discutem e as indústrias vendem (BAYN, 2013, p. 14).
28
4 CONCEITO DE IMAGEM
De acordo com o senso comum, imagem é uma representação da forma
particular como um ser ou um objeto é reconhecido. Todavia, as imagens
visualizadas e interpretadas estão carregadas de representações e simbologias,
onde seus significados vão muito além do tátil e do que é visto.
A teoria que contempla o verdadeiro conceito de imagem é objeto de estudo
desde os tempos remotos, onde filósofos, sociólogos e pensadores refletem e
escrevem seus saberes sobre a complexa definição do elo que une imagem e
realidade.
A imagem é construída a partir de múltiplas relações que os indivíduos
estabelecem entre suas próprias experiências, sentimentos, posições, crenças e
valores unindo às informações que lhes são comunicadas, intencionalmente ou não.
Kunsch (2002) diferencia imagem de identidade, sendo o primeiro item algo
idealizado, abstrato na mente dos públicos, enquanto identidade refere-se à real
essência, são atitudes, é o que de fato o indivíduo faz e diz.
Para compreender melhor as definições sobre imagem e percepção, pode-
se pensar a forma como uma pessoa constrói uma imagem sobre a outra. É através
dos hábitos, da maneira de se expressar, de agir e de se vestir que o outro vai
construindo em seu consciente a sua percepção sobre a imagem do indivíduo.
O artista tem ainda maior preocupação com essa formação de percepções.
Estar na mídia requer cuidado, envolve aspectos minuciosos. Portanto, é
fundamental preocupar-se com a imagem que está se formando no consciente de
seu público, buscar inovações, atrair, agradar, estar na pauta da mídia e virar notícia
constante (de forma positiva), auxilia o artista a estar presente na memória do
público. É importante também, que a imagem do artista esteja engajada com causas
nobres e de relevância social, para manter-se competitivo no mercado "business".
Sob o olhar analítico, a preocupação com a imagem torna-se a peça-chave
para a obtenção e manutenção do sucesso. Com base nesta percepção, pode-se
dizer que ela é um conjunto de valores e atributos que funcionam como um modelo
que acaba determinando as atitudes e opiniões dos públicos (ECKERT, 2016).
29
Carrieri, Almeida e Fonseca (2004) afirmam que a construção da imagem se
estabelece no momento em que o indivíduo se sensibiliza com a emissão de uma
mensagem, desencadeando um processo de interpretação desta imagem, criando
para si um significado único. Portanto, a composição da imagem é um processo
particular, alusivo à experiência de cada pessoa, e resulta em um conjunto de
sensações, percepções e inter-relações.
Esta composição está sempre em constante modificação e sujeita à novas
informações. Uma pessoa pode ter contato com as produções de determinado
artista e não sentir absolutamente nada. Porém, pode acontecer que, passado
algum tempo, a mesma pessoa retorne a este contato e aconteça uma
ressignificação de valores em seu inconsciente, e a partir daí, cria-se um laço afetivo
com os novos estímulos recebidos. Pode-se interpretar que neste período houve a
interferência de um profissional apto a desenhar uma nova significação para a
imagem daquele artista.
Santaella e Nöth (2001) analisam a imagem sob dois conceitos-chave. O
primeiro é a imagem visual, caracterizada por formas e nuances possíveis de serem
captadas pelo olho humano. O segundo conceito envolve a imagem mental, cuja
formação é resultado de um processo intelectual único, onde o indivíduo define uma
forma através de representações mentais. Os autores complementam que ambos os
conceitos de imagem estão interligados, dependendo um do outro para existirem.
Se ela parece é porque ela não é a própria coisa: sua função é, portanto, evocar, querer dizer outra coisa que não ela própria, utilizando o processo da semelhança. Se a imagem é percebida como representação, isso quer dizer que a imagem é percebida como signo (JOLY, 2002, p. 39).
Portanto, a representação imagética de determinada pessoa ou figura está
carregada de simbologias e são percebidas de forma única por cada indivíduo.
“Imagem tem a ver com o imaginário das pessoas, com as percepções. É uma visão
intangível, abstrata das coisas, uma visão subjetiva de determinada realidade”
(KUNSCH, 2003, p. 170).
Segundo Villafañe (2002), para analisar a imagem é necessário identificar os
pontos positivos e negativos e posteriormente levantar as melhores estratégias para
fortalecer a imagem pública. Quando há percepção negativa de uma imagem e esse
30
fator gera repercussão pública, é inevitável que a organização sofra uma crise de
imagem (ROSA, 2001).
A imagem pública do artista deve ser protegida para preservar a construção
de sua carreira, mantendo-o ativo no mercado artístico (BARROS, 2015). Baldissera
(2004) enriquece este estudo, conceituando imagem como sendo:
[...] compreendida/explicada como um construto simbólico, complexo e sintetizante, de caráter judicativo/caracterizante e provisório, realizada pela alteridade (recepção) mediante permanentes tensões dialógicas, dialéticas e recursivas, intra e entre uma diversidade de elementos-força, tais como as informações e as percepções sobre a entidade (algo/alguém), o repertório individual/social, as competências, a cultura, o imaginário, o paradigma, a psique, a história e o contexto estruturado (BALDISSERA, 2004, p. 278).
Portanto, pode-se verificar que a cultura da sociedade é um fator de
influência na percepção de uma imagem. Logo, no momento da aplicação de uma
pesquisa de opinião pública, para levantar informações a respeito da percepção da
imagem de uma instituição e/ou personalidade, é necessário considerar a cultura do
local onde a pesquisa está sendo aplicada.
4.1 RELAÇÕES ENTRE IMAGEM E OPINIÃO PÚBLICA
Estes dois itens, imagem e opinião pública, possuem um vínculo muito forte.
Ambos estão relacionados à reputação e a forma como o artista é reconhecido.
Sabe-se que a opinião pública sofre constantes mudanças, seja por meio de
influenciadores digitais ou da própria mídia.
[...] a reputação é construída ao longo dos anos e tem como base as ações e comportamentos da organização. Imagem é definida como reflexo da identidade se traduz em como os outros veem a organização, respondendo à indagação de como somos vistos. É uma percepção holística, sustentada por um determinado grupo em relação a uma organização, como resultado de um processo de criação de sentidos, em grande parte derivado do que a organização comunica sobre si mesma, de informações de diversas e distintas fontes e de experiências com seus produtos e serviços [...] (FOMBRUN E RINDOVA et.al., 1998, apud ALMEIDA, NUNES, 2007, p. 267).
A partir da afirmação dos autores, entende-se as particularidades dos
conceitos de imagem e reputação. A imagem desdobra-se a partir das mensagens
31
emitidas pela identidade, é a forma como tal organização se comporta, é visual e
rapidamente percebida pelo indivíduo. Já a reputação, também resulta dos
comportamentos e experiências proporcionadas pela organização, porém sua
construção se dá a longo prazo, a partir de estratégias de relacionamento.
As estratégias de construção da imagem e identidade são essenciais para o
reconhecimento e a construção de uma boa reputação. Reforça-se aqui, a
importância de um profissional qualificado e com competências técnicas para a
elaboração de um planejamento de comunicação de excelência.
4.2 REPRESENTAÇÕES MENTAIS
As representações mentais são estruturas cognitivas profundas que
orientam o indivíduo a organizar as informações que recebeu em sua mente, a partir
daí, conectando-as com fatores externos, ou seja, as "informações de mundo" (DE
TONI, 2005). O seu estudo favorece a interpretação dos sentidos e significações que
estão ligados à construção da imagem e dos modelos mentais, reforçando a ideia de
que uma mesma imagem sofre interpretações diferentes, sendo percebida de forma
única por cada indivíduo.
A formulação das representações mentais é parte de um mecanismo muito
complexo, onde o sujeito, através de associações com elementos já concretos em
seu inconsciente, atribui sensações, características e sentidos a um novo objeto com
o qual teve contato.
Representações internas, ou representações mentais, são maneiras de representar internamente o mundo externo. As pessoas não captam o mundo exterior diretamente, elas constroem representações mentais (quer dizer, internas) dele (MOREIRA, 1996, p.193).
Boulding (1961) diz que as imagens, percebidas enquanto representações
mentais, não podem ser tachadas de reais ou falsas, visto que elas são processadas
de diferentes maneiras por diferentes pessoas. Neste sentido, é mais importante
entender os atributos mentais anexados a percepção da imagem.
As representações mentais podem ser relacionadas aos sonhos, que
carregam simbologias e sentidos pertencentes àquilo que foi visto ou sentido (JOLY,
32
2002). É um processo oriundo do pensamento e da memória que interfere nas ações
do ser humano, pois afeta a interpretação daquilo que ele vê (SANTAELLA; NÖTH,
2001; DE TONI, 2005).
4.3 ARQUÉTIPOS
Na presente pesquisa, não se tem a pretensão de aprofundar os
conhecimentos acerca dos arquétipos, mas seu breve estudo é importante para a
pesquisa, visto que, os arquétipos estão presentes na criação do imaginário e
também na construção do espelho.
A utilização dos arquétipos na publicidade culmina em um maior
envolvimento do indivíduo com determinada imagem, facilitando a criação de laços
afetivos com a mesma.
Os arquétipos são mitos que fazem parte da consciência coletiva, fortemente
inseridos em nossa cultura. A imagem materna, o divino, o mocinho e o bandido são
exemplos de arquétipos que acompanham a esfera do inconsciente humano.
Segundo Jung (1969), no homem primitivo já existia a necessidade de
relacionar conteúdos externos (acontecimentos da natureza) a algo sensorial, íntimo
e próprio de sua alma. O autor cita como exemplo, o nascer do sol, onde o homem
primitivo não estaria interessado em conhecer a geografia do acontecimento, mas
inconscientemente, ele associa o sol a um nascimento interno, como um Deus que
desperta para cumprir sua trajetória.
Todos os acontecimentos mitologizados da natureza, tais como o verão e o inverno, as fases da lua, as estações chuvosas etc., não são de modo algum alegorias destas experiências objetivas, mas sim, expressões simbólicas do drama interno e inconsciente da alma, que a consciência humana consegue apreender através de projeção – isto é, espelhadas nos fenômenos da natureza (JUNG, 1969, p.14).
Mark e Pearson (2003) caracterizam o uso do arquétipo em um cenário
atual, afirmando que, para atribuir significados valorosos a uma marca, é preciso
estudar a fundo a linguagem visual e verbal dos arquétipos. "Madonna vive mudando
seu estilo de vida e seu corte de cabelo, mas continua sempre a rebelde
extravagante" (MARK; PEARSON, 2003, p.16).
33
Pode-se verificar a afirmação das autoras ao analisar as imagens da cantora
Madonna. Abaixo na Figura 2, a cantora aparece em momentos distintos de sua
carreira, com algumas mudanças de visual, porém em ambas as imagens, podem
ser percebidos os arquétipos de rebeldia, atitude e sensualidade.
Figura 2 - Madonna e o arquétipo de rebeldia
Fonte: Site Madonna-glam (2018).
Outro exemplo interessante de história arquetípica responsável por um
apreço popular gigantesco é o caso da princesa Diana. Uma moça bela e simples
que em determinado momento de sua vida, conquistou um príncipe. Desde então,
passa a frequentar os âmbitos da realeza, desafiando as convenções sociais, quase
como na fábula da Cinderela. Diana se transformou em um símbolo de mulher forte,
que demonstra seu afeto e humanidade às pessoas, mobilizando-as a fazerem o
mesmo por ela. Por ter uma história digna de um conto de fadas, que gira em torno
da unidade arquetípica princesa-amante, a vida e a morte de Diana capturaram a
atenção da humanidade (MARK; PEARSON, 2003).
Sabe-se que, para motivar e engajar um cliente com uma marca, produto, ou
personalidade, é preciso compreender as motivações humanas. Quais sentimentos
34
os movem? O que causa emoção, enche os olhos de lágrimas e arrepia a pele? As
imagens arquetípicas recomendam uma viagem ao íntimo, onde acontece a
realização dos desejos básicos da motivação humana.
Um produto com identidade arquetípica fala diretamente à matriz psíquica
profunda do consumidor, ativando um senso de reconhecimento e significado
(MARK;PEARSON, 2003, p. 27).
Por que a marca Apple desperta tanto interesse no consumidor? O que
motiva as pessoas a fazerem longas filas de espera, para comprar ainda em fase de
lançamento o novo Iphone? Pode-se considerar a Apple um exemplo de marca, em
contato com a matriz psíquica do consumidor, que desperta nele algo muito além do
desejo de comprar um smartphone. À começar pelo logotipo: o que uma maçã
mordida lhe faz lembrar? A ligação do logo com a maçã mordida dos jardins do Éden
remete à aventura, ao perigo, mistério, ao instinto de violar as regras, ser diferente.
Emoções que despertam interesses inconscientes e causam efeitos. Possivelmente,
o público fiel da Apple compra seu produto esperando ter um smartphone de alta
performance, mas, além disso, subjetivamente ele está impactado por algum desses
atributos.
As lovemarks ou seja, as marcas "queridinhas" do consumidor, vendem
estilos de vida e maneiras de sentir e de pensar. Roberts (2004), afirma que três
fatores são essenciais para aproximar o consumidor de uma marca: mistério,
sensualidade e intimidade. “As Lovemarks não são propriedade dos fabricantes, dos
produtores, das empresas. São das pessoas que as amam” (ROBERTS, 2004,
p.74).
As motocicletas Harley Deividson, fabricadas pela empresa americana
Harley-Davidson Motor Company, destacaram-se ao longo dos anos e tornaram-se
objeto de admiração e desejo. A junção de uma performance de qualidade, aliada a
um design único, robusto e selvagem conquistou a admiração do público e
solidificou a marca no mercado. Pode-se relacionar a marca ao arquétipo "fora-da-
lei", que simboliza a quebra das regras (MARK E PEARSON, 2003).
35
5 FÃS E CELEBRIDADES
Para auxiliar no entendimento da questão problema desta pesquisa, é
importante compreender os conceitos-chave: fãs e celebridades. Neste capítulo, há
um histórico de como aconteceu o fenômeno "cultura da celebridade" e seus reflexos
na sociedade e na decisão de consumo.
Há também, conceitos que buscam compreender o significado e as
ideologias que cercam o fanatismo, visto que, os fãs estão ligados ao sucesso de
um artista. Para entender melhor, serão explanados exemplos de celebridades e
marcas que reúnem um legado de fãs ao longo dos tempos, além de conteúdos
acerca da história deste fenômeno, e suas contribuições para o cenário artístico-
cultural.
5.1 CULTURA DA CELEBRIDADE
Ao perguntar a qualquer indivíduo o que ele entende por celebridade,
provavelmente ele já estará idealizando, em sua mente, o seu ídolo. Conforme visto
nos conceitos de imagem, o fã se conecta com o ídolo por meio de estímulos visuais
interpretados pelo seu inconsciente, de forma a gerar a identificação e o afeto com
determinada figura.
A palavra celebridade tem sua origem do latim celebritas. Este termo é
associado à pessoa popular, famosa. Neste sentido, Boorstin (2006) afirma que, a
celebridade é a tautologia da experiência contemporânea, onde há cada vez mais
fabricação de imagens. Este pensamento se assemelha ao de Deborn (1997),
quando diz:
O caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato de seus meios serem, ao mesmo tempo, seu fim. É o sol que nunca se põe no império da passividade moderna. Recore toda a superfície do mundo e está indefinidamente impregnado de sua própria glória (DEBORN, 1997, p.17).
O espetáculo como um fenômeno de superficialidades, não se preocupa
com o fim, mas sim, com os holofotes do agora. Segundo Rojek (2008), o termo
36
Cultura da Celebridade significa que as celebridades transformam suas imagens em
mercadorias para despertar em seus consumidores (fãs) o desejo de possuí-las.
Rojek atribui esse fenômeno ao surgimento do desejo abstrato, resultante do
capitalismo, onde os indivíduos substituem bens de consumo a todo momento, por
bens mais modernos, que satisfaçam seus desejos. De acordo com o autor, essa
tendência foi estimulada pela força da mídia impressa no século XVIII, que
disseminava o desejo de consumo na sociedade.
Contribui com os ideais de Rojek, Mole (2007), quando afirma que as
celebridades intensificam a cultura do consumo de forma intensa. Isso acontece pois
a celebridade trabalha como produtora de bens, onde simultaneamente ela mesma,
se revela como um bem a ser consumido.
Debord (1997), em sua relevante obra Sociedade do Espetáculo, trata de um
paradigma onde as celebridades, nominadas por ele de “vedetes do espetáculo”,
atribuem a si, as mais admiráveis qualidades humanas. Neste contexto, pode-se
afirmar que as celebridades são percebidas pelos públicos como um modelo a ser
venerado, por serem dotadas de características adoráveis.
A celebridade (oferecendo-se para agir como projeção ampliada de nós mesmos e de nossos significados e sentimentos dominantes e mais prezados) vem sendo apontada pelos filmes, pela televisão, pela imprensa e por qualquer espetáculo da vida moderna como aquela que dramatiza o melhor e o pior da nossa perplexidade apaixonada (INGLIS, 2012, p. 45).
Para Boorstin (2006), as qualidades das celebridades seriam reflexos das
próprias necessidades humanas. Ou seja, as características percebidas nelas
seriam fabricadas para satisfazer as expectativas exageradas do indivíduo em
relação a grandeza humana.
Sendo assim, as celebridades são construções da indústria cultural, e
também resultado dos desejos das massas.
Inglis (2012) afirma que o comércio da fama surgiu ao longo de dois séculos
e meio. Em sua obra, Breve Historia da Celebridade, ele distingue os conceitos de
renome e celebridade, onde renome diz respeito ao indivíduo cujo reconhecimento
nas ruas é fruto de suas conquistas e da importância de suas ações para com a
sociedade. Já a celebridade, com referência à palavra "celebração" direciona a fama
37
e o bônus ao sujeito em si, unicamente por "ser o que é" e não exatamente pelo que
foi feito por ele.
Cunha (1986) conceitua ídolo, como sendo uma figura representativa de
uma divindade e a que se presta culto. Inglis (2012) diz que a sensibilização da
sociedade moderna, juntamente da elevação da democracia e do avanço da era
digital, aumentaram os níveis de idolatro entre o público e sua referência, o que
transformou o sentimento dos públicos que antes era de devoção, para o sentimento
de celebração. No qual, cita como exemplo, as aparições de Rainha Elisabeth I,
dotada de fama e poder, associada à palavra espetacular, que o autor diz se tratar
de algo a encher os olhos, algo imponente e ambicioso. A Figura 3, da Rainha,
transparece os valores morais e absolutos, unindo sabedoria, paz e religião.
Figura 3 - Rainha Elisabeth I, com seu público
Fonte: Site CNN (2017).
A televisão assumiu o poder sobre as demais mídias, nos anos de 1945 a
1975, passando a dominar os lares e tornando-se parte do cotidiano das famílias. As
figuras célebres que souberam se apropriar do poder da audiência televisiva, como a
exemplo do político e também presidente John F. Kennedy, que deu início à fabula
moral que une políticos e celebridade. Kennedy utilizou o meio para promover sua
imagem de galã, dotado de um charme rústico, afável e despretensioso, transmitindo
ao expectador valores essenciais à auto-imagem da sociedade (INGLIS, 2012).
A Figura 4 mostra uma fotografia de Kennedy, em uma de suas cerimônias
oficiais. Torres (2014) afirma que as noções de celebridade relacionadas ao poder
38
político e econômico se exibem na sociedade há mais de dois milênios por meio da
figura de reis, rainhas, escritores, pintores e artistas do cinema, da música e da
televisão.
Figura 4 - John F. Kennedy e Jackie Kennedy em cerimônias oficias
Fonte: Site RTP (2017).
De acordo com Inglis (2012) cada segmento da indústria cultural possui um
perfil de celebridade. Por exemplo, na indústria cinematográfica, as celebridades
possuem características glamourosas, com um ar de intocáveis. Na indústria
televisiva, a celebridade é construída com características mais próximas da
audiência, onde o telespectador consegue associá-la à sua realidade, alcançando
assim uma parcela de admiração pela maior parte das massas, ao contrário do
alcance do cinema, que possui um público mais segmentado.
A celebridade atribui à sua imagem, valores embutidos pela indústria de
entretenimento ao qual está associada, personificando-os e articulando-os em sua
subjetividade. Entretanto, a formação desta subjetividade não é completa e depende
da expressão de aprovação ou desaprovação da audiência; depende da percepção
que o público possui deste indivíduo (INGLIS, 2012).
As novas mídias possuem um papel fundamental para a aproximação e
idolatro de celebridades. Facebook, twitter, snapchat e principalmente o instagram
39
transmitem quase que em tempo real a vida das celebridades, estreitando os laços
com os públicos, mesmo que virtualmente, o que proporciona ao fã a sensação de
proximidade e intimidade. "[...] a comunicação mediada por computador apresentou
às pessoas formas de manter laços sociais fortes mesmo separadas a grandes
distâncias” (RECUERO, 2009, p. 44).
Pode-se observar que, ao longo dos anos, o papel da celebridade perante o
público sofreu diversas modificações. No início, o título pertencia à nobreza e à
realeza e com o passar do tempo, o termo abrangeu novos formatos de
celebridades, como cantores, atores e modelos. Atualmente, na nova era digital,
também são vistos como celebridades por seus públicos, os destaques das
principais redes de entretenimento, nomeados youtubers e bloggers.
5.2 CELEBRIDADES: IMAGEM E INFLUÊNCIA
Frequentemente, os indivíduos são impactados por comerciais de
celebridades que recomendam a aquisição de determinado produto e/ou serviço. A
procura das marcas e dos publicitários por associar a imagem de celebridades à
determinados produtos, justifica-se pelo fato de que estas personalidades agregam
ao produto que anunciam, um elevado grau de credibilidade, garantindo retorno
positivo nas vendas e na popularidade do produto.
Guimarães (2001) alega que a associação de um produto à imagem de uma
celebridade exerce grande influência sobre a decisão de compra, visto que, essas
figuras célebres, pelas características que possuem, fazem com que o consumidor
acredite fielmente em sua opinião, gerando credibilidade ao produto.
Conforme observado na Figura 5, a marca de produtos para cabelo
Pantene, escolheu em 2014 a modelo Gisele Bündchen como embaixadora
internacional da marca. Dotada de cabelos que são o sonho de consumo da maioria
das mulheres, emprestar sua imagem à marca, oferece credibilidade à linha de
produtos e significa no íntimo do consumidor que, usufruir destes produtos,
resultaria em ter um cabelo semelhante ao da modelo.
40
Figura 5 - Gisele Bündchen como embaixadora internacional da Pantene
Fonte: Site FFW (2017).
5.3 FÃS ENQUANTO PÚBLICOS
A palavra fã é uma abreviação da palavra fanaticus, que significa indivíduo
entusiasta, inspirado por algum Deus. Inicialmente, esta palavra era associada aos
devotos de um templo religioso e com o tempo, passou a referenciar loucura
excessiva causada por possessões (JENKINS,1992, p. 208 apud CURI, 2005).
O conceito de fanatismo sofreu diversas ressignificações e somente no final
do século XIX surgiram os primeiros registros do usa da palavra fã em periódicos
impressos da época. Nesse período, o esporte ganhava força como objeto de
entretenimento e passava a atrair cada vez mais torcedores e fãs (CURI, 2005).
É natural a busca dos indivíduos por um ser que lhes inspire. A inspiração
motiva a ser uma pessoa melhor. A cultura da celebridade, cada vez mais presente
em nosso dia a dia, oferece uma infinidade de figuras e personalidades, onde,
algumas podem passar despercebidas aos olhos, e outras, captam a atenção e
ganham a admiração do indivíduo, que, quando percebe, está a seguir a celebridade
em redes sociais, sabendo como é sua rotina e criando um laço afetivo. Pode-se
considerar que, neste período, aconteça o processo de espelhamento e o indivíduo
passe a projetar-se naquela imagem tão carregada de afeto.
41
O fã é uma pessoa obstinada, capaz de buscar o seu ídolo nos mais
diversos lugares e circunstâncias, destinando horas em filas de espera para um
show, aguardando ansiosamente em hotéis para conseguir se aproximar, tocar, e
com sorte, conseguir uma recordação, uma foto ou autógrafo de seu ídolo. A Figura
6 apresenta um fã da cantora Katy Perry, que conseguiu subir ao palco para tirar
uma fotografia com a cantora.
Figura 6 - Fã sobe ao palco e tira foto com Katy Perry
Fonte: Site Estrelando (2018).
Para compreender o fã, Hoffer (1968) diz que “o gosto pelos sentimentos
fortes o leva a buscar mistérios ainda não revelados e portas secretas ainda por
abrir” (HOFFER, 1968, p.140). O fã, tomado por um sentimento enorme de
admiração e idolatria, busca saber mais que o aceitável, mais do que a informação
divulgada na entrevista. Em sua busca, ele quer conhecer além da figura exposta,
quer desbravar a essência, fazer parte dos mistérios e segredos de seu ídolo.
Em pesquisas realizadas na internet e em redes sociais, é comum encontrar
páginas que reúnem fãs de determinadas celebridades. Os fã-clubes, ou fandons,
42
diminutivo de Fan Kingdom, traduzido para "Reino dos Fãs", são grupos de
indivíduos que possuem interesses em comum. Participar de um fã-clube gera
sentimento de pertença ao indivíduo.
Anualmente, grupos de fãs do cantor Raul Seixas de diversas localidades do
país, se reúnem no Centro de São Paulo, no dia 21 de agosto, data do óbito do
cantor. Os fãs relembram as influências do ídolo, usando vestimentas semelhantes
às suas, espalhando pelas ruas as mensagens de Raul e cantando suas músicas,
conforme pode ser observado na Figura 7.
Figura 7 - Fã de Raul Seixas prestando sua homenagem ao ídolo
Fonte: Site G1.Globo (2018).
Raul Seixas é um ícone do Rock Brasileiro. Em suas composições, fazia
críticas ao sistema e referências a um estilo de sociedade mais livre. Os fãs de Raul
são bastante ativos nas homenagens e tributos ao ídolo.
Reforça a característica do fã, como um indivíduo obstinado a alcançar seu
ídolo, Sylvio Passos, fã de Raul, que em uma entrevista para a Revista Trip,
realizada por Camila Eiroa (2015) conta que anunciou no jornal um pedido para
conseguir o telefone de Raul Seixas:
43
Disseram que eu estava louco. Mas aquilo me chapou tanto que eu resolvi botar o anúncio. Que maluco, né? Mas funcionou! Consegui o telefone, liguei, e em pouquíssimos dias lá estava eu na casa do Raulzito para um almoço (EIROA, 2015).
Após o encontro, Sylvio criou vínculos fortes com Raul e passou a
considerá-lo um grande amigo, conforme Figura 8. Participava da rotina de trabalho
do artista e criou o fã-clube Raul Rock Club, oficializado pelo próprio músico. Sylvio
reconhece que aprendeu muito com seu ídolo:
O maior ensinamento que o Raul me deixou foi eu me conhecer. Fiz uma versão de Meu amigo Pedro, a Meu amigo Raul, falando exatamente isso, que ele me ajudou a reconhecer tudo o que tinha em mim que eu não enxergava. Ele ensinou muito para a legião de fãs que conquistou. Ensinou a não aceitar imposições, a não se curvar, a ter um olhar unilateral para um mundo. Metamorfose ambulante traduz muito isso (EIROA, 2015).
Figura 8 - Sylvio na casa de Raul em São Paulo
Fonte: Site Revista Trip (2018).
Em seu relato, pode-se perceber que o fã sensibilizou-se pelo
comportamento e pela forma de ver o mundo do artista, onde a partir do contato com
o ídolo ele reconheceu em si, ideais que até então estavam adormecidos ou que não
haviam sido percebidos.
No programa de entrevistas Altas Horas, apresentado por Serginho
Groisman (2018), com a participação da cantora Sandy, uma menina da plateia, que
44
se intitula uma grande fã de Sandy, explanou alguns fatos curiosos de seu
fanatismo:
Eu passei minha infância puxando meu nariz para ficar igual ao da Sandy, eu puxava e sangrava, mas era pelo meu amor. [...] Eu virei coroinha do Padre Marcelo para te seguir, porque eu sabia que você ia nas missas. [...] Tinha um cara que eu era apaixonada por ele, e numa revista eu li que a Sandy só tinha beijado com quinze anos, por diversas vezes tivemos a oportunidade de ficar mas eu não quis, queria esperar ter quinze anos (GROISMAN, 2018).
Além da admiração, pode-se observar um sentimento exagerado em parecer
com o ídolo, mudando seu comportamento e aspectos físicos para buscar
assemelhar-se ao máximo com essa celebridade.
5.4 EVOLUÇÃO NO RELACIONAMENTO ENTRE ARTSTA E FÃ
Antigamente, pensar nessa intimidade e proximidade com um ídolo seria
sonhar alto. O contato se restringia a assistir as aparições do artista em programas
de TV, entrevistas em revistas e jornais, onde se podia saber o básico e o ensaiado
sobre a informação que aquela figura pública desejava informar. Em outros tempos,
para se oficializar em um fã-clube era necessário preencher uma ficha e assim ter a
carteirinha de fã, uma espécie de atestado, que oficializava a relação de adoração,
conforme Figura 9.
Figura 9 - Carteirinha do fã-clube do Teixeirinha
Fonte: Site Revivendo Teixeirinha (2018).
45
As revistas cumpriam um papel importante de informação e de aproximação
do fã com o ídolo. Traziam fotos exclusivas das celebridades, entrevistas e como
pode-se observar na Figura 10 era uma forma de unir os fãs de determinado artista
para escreverem cartas, comunicar-se entre si, e trocar materiais que possuíam de
seu ídolo.
Figura 10 - Revistas como forma de relacionamento
Fonte: Site Fotolog (2018).
As atitudes e a forma como o fã se relaciona em grupo e com seu ídolo, foi
mudando de acordo com as inovações tecnológicas. Com o crescente avanço da
internet e das redes sociais, aumentou a facilidade de acesso às informações. Com
um click, pode-se descobrir detalhes da vida pessoal e profissional de uma
celebridade. Em buscas em sites de pesquisa, há um arsenal imenso de fotografias,
entrevistas e vídeos que tornam obsoleta a compra de um exemplar impresso. A
internet como meio de comunicação e de aproximação é um facilitador na relação
entre artista e fãs.
46
Aliado a isso, as redes sociais criam a ilusão de uma falsa intimidade, onde
a celebridade expõe seu cotidiano, tarefas comuns do seu dia a dia e cria vídeos de
diálogo com seus fãs e responda à comentários dos fãs, conforme pode ser
observado na Figura 11.
Com uma conta no Facebook, Instagram ou no Twitter, é possível ter uma
relação ainda mais próxima com o ídolo. As contas geralmente pertencem ao próprio
artista, fato que aproxima ainda mais o fã da celebridade e faz com que a
comunicação não passe por filtros de terceiros, fornecendo um tom de veracidade e
intimidade ao "diálogo" (à interação).
Figura 11 - Bruna Marquezine responde fã em seu Instagram
Fonte: Site Revista Quem (2018).
A intimidade é resultado do contato próximo e quase que diário com
determinada pessoa. Com as atualizações das redes sociais é possível saber em
tempo real onde a celebridade está, o que está jantando, qual música está
escutando, qual a sua opinião sobre o assunto do momento, ou seja, isso mostra
que as redes sociais possuem alto impacto na comunicação entre artista e fã, onde
a ilusão da intimidade alimenta vínculos e sentimentos de pertença.
47
Essa aproximação, mesmo que virtual, faz com que o fã sinta-se parte da
vida do outro, sendo sensibilizado por um estilo de vida que muitas vezes não condiz
com a sua realidade, nem mesmo com a do próprio artista.
Meyers (2009) afirma que a retratação da realidade exposta dos artistas
nestes meios faz parte de uma imagem estruturada pelo artista e pelos profissionais
que atuam nos bastidores.
48
6 PROCESSOS DE ESPELHAMENTO
O efeito do espelhamento é comentado por Debord (1997). A imagem é um
produto da ideia do espetáculo. Para ele, o indivíduo impactado pela imagem que
recebeu, imagina-se nela e sua realidade passa a ser projetada a partir da imagem
que o espetáculo lhe proporciona. Ou seja, ele ''se vê'' na fantasiosa realidade do
outro.
A consciência-espectadora, prisioneira de um universo achatado, limitado pela tela do espetáculo, para traz da qual sua própria vida foi deportada, só conhecem os interlocutores fictícios que a entretém unilateralmente com sua mercadoria e com a política de sua mercadoria. O espetáculo, em toda a sua extensão, é sua 'imagem do espelho'. Aqui se encena a falsa saída de um autismo generalizado (p. 140).
A imagem da celebridade é lançada por meio da mídia, onde o tele-
espectador reflete-se no espelho projetado pela imagem que recebeu. Neste
fenômeno, não existe preocupação com a veracidade dos fatos expostos.
O virtual aponta para uma hipertrofia da mente, para uma espécie de realidade sem corpo. Qualquer que seja a forma que assuma, como se vê, a tecnointeração não escapa a metafísica, isto é, à montagem universal de sentido do "ser" como presença e objetividade, controlada por uma subjetividade consciente (SODRÉ, 2002, p. 146).
Diariamente, indivíduos são impactados por imagens, sensibilizados por
campanhas de publicidade, capas de revistas e novelas que prendem a atenção por
meio de imagens, de personagens e de modelos de existência mostrados de forma
espetacular.
O efeito do espetáculo coloca o ser humano em um grau de espectador,
passivo diante dos fatos, que nada pode fazer para mudar a sua realidade. Assim,
assiste a tudo, aos escândalos políticos retratados na mídia, às destruições naturais,
como um ser passivo, apenas a espera do próximo episódio.
Para Debord (1997) quando a atenção do indivíduo é capturada pelo mundo
do espetáculo, ele deixa de viver o momento presente para viver no tempo do
espetáculo, projetando sua vida neste novo tempo fantástico. "Neste jogo de
espelhos, o tempo real torna-se reflexo, e a espetacularização assume a condição
49
de protagonizar a encenação da realidade, tornando-se o objeto da atração do olhar
e o observador vivo daquilo que o espetáculo lhe preparou" (MARTINS, 2010, p. 12).
Maximiza este processo, a publicidade, quando atribui características
humanas a produtos, afastando o ser humano do ser humano e aproximando-o de
um produto com atribuições humanas. Segundo Rocha (1995) a comunicação inclui
ao produto ideologias de amor, poder e fama trazendo o produto ao mundo social.
Marshall (2003), afirma que a hegemonia da publicidade representa estilos de vida,
estipulando novas concepções e padrões de ser e estar, ter e representar,
apresentando ao consumidor um mundo de fantasias.
Ou ainda, a comunicação enquanto espelho atua como um outro que reflete, distingue, provoca. Um grande outro, não-onipotente, mas também ao qual eu não sou passível e indiferente. Um outro que atravessa, seduz, encanta, de cuja presença eu sinto falta, justamente pela potência de interação com essa presença. Um outro que promete estar sempre ali e satisfazer sempre mais. Um outro que aciona o desejo (BAPTISTA, 1996, p.49).
Sou visto, logo existo. Na filosofia da cultura do espetáculo, existir, é ser
percebido, em uma analogia referente à frase de Descartes (1637 apud Ceretta et al.
2011, p.18) "penso, logo existo". Reflexo de um narcisismo muito presente em nossa
sociedade.
Existir na cena, aparentemente, possibilita a socialização com um maior
número de pessoas, ao passo que ocasiona a distorção da realidade original
percebida pelo indivíduo.
A distorção é, assim, efeito da diferença entre o mundo sensível e a reprodução espetacular, já que todo espelho é pura atopia, espaço sem lugar: reflete oticamente o lugar sensível onde estou, mas não me faz encontrar ali onde me vejo (SODRÉ, 2002, p.155).
Para sentir-se parte da vida do outro, o espectador busca-o de toda forma
nas mídias digitais. No caso do fã, estudado em capítulos anteriores, para sentir-se
presente na vida do ídolo, ele atualiza a cada breve momento o feed de notícias
para saber o que está acontecendo, onde seu ídolo está e o que está fazendo. Estes
pseudo-acontecimentos diários fazem com que o fã sinta-se parte do cotidiano do
outro, fazendo com que se perceba no reflexo daquele espetáculo.
50
E quais são os limites entre o real, o imaginário, o fantasioso e o
espetáculo?
Segundo Sodré (2002), costuma-se chamar de real tudo aquilo que permite
comprovação da existência de forma tangível, onde é possível mencionar o peso, a
densidade e que seja dotado de um certo grau de resistência. "Se girarmos
velozmente uma pedra, amarrada por um cordão, de modo a produzir a forma de um
círculo, a pedra é dita real, mas o círculo é ilusão" (SODRÉ, 2002, p.141).
O conceito do que é real pode sofrer variações de acordo com a cultura e
filosofia estudada. Na cultura objetivista Ocidental, real é o oposto do imaginário e
imaginário é o local onde projetam-se representações distorcidas do que de fato está
sendo vivido (SODRÉ, 2002).
Vendo-se no espelho, o observador percebe a projeção imaginária de si mesmo, também imaginariamente dentro do espelho. Esse "dentro" é, claro, ilusório, uma vez que o espelho não tem interioridade. Mas é preciso aceitar a ilusão - concordar com o jogo do "como se fosse verdade" - para aceitar a percepção espetacular de si mesmo ou de um objeto qualquer (SODRÉ, 2002, p. 142).
Neste processo, o imaginário do indivíduo é acionado e faz com que ele
passe a projetar sua realidade no reflexo da vida espetacular do outro.
51
7 ESTUDO DE CASO
O artista a ser estudado foi escolhido pela afinidade da pesquisadora com o
estilo de música composta por Armandinho. Nesse sentido, vale ressaltar alguns
dados do diário de pesquisa. Para textos que retratam situações estritamente
pessoais foi optado por utilizar a primeira pessoa do singular.
Gosto de diversos estilos musicais, mas o reggae foi para o qual floresci
primeiro. O primeiro show que fui, aos 14 anos com uma amiga, foi do Armandinho.
Com um estilo bem diferente do que é hoje, já me senti tocada por uma sensação
diferente, um misto de liberdade e de pertença, foi como se aquelas músicas
conversassem comigo.
As músicas do Armandinho, representaram e ainda representam muito pra
mim. É dele o CD que não saí do meu carro, são aquelas músicas que busco
quando quero me desprender, me desmaterializar, me por em contato com um modo
de pensar mais leve, mais compreensivo, mais amoroso e tranqüilo. Quando o
escuto, compreendo sua mensagem. Suas músicas me dizem algo, como que se
respondessem algumas questões perdidas em minha mente inquieta. Poderia
descrever a sensação, sem quebra da dignidade de estilo com um trecho de uma de
suas composições "Analua" que diz: "E hoje eu caminhei a praia inteira, com os pés
na areia, coração em alto mar".
7.1 BIOGRAFIA DO ARTISTA ESCOLHIDO: ARMANDINHO
Os dados biográficos do artista foram coletados em uma série de sites,
dentre eles Vagalume (2018) e Jovem Pan FM (2018). Armando Antônio Silveira da
Silveira, mais conhecido como Armandinho, apresentado na Figura 12, é um cantor
e compositor porto-alegrense nascido em 22 de janeiro de 1970. Suas músicas são
no estilo reggae e boa parte de suas composições mencionam praia, surf e valores
de uma vida leve.
52
Figura 12 - Armandinho
Fonte: Site G1.Globo (2017).
Desde pequeno, Armandinho esteve em contato com diversas formas de
música, incentivado pela família. O pai cantava em casa e tocava violão, a mãe,
comprava os discos de Rita Lee e Vinícius de Moraes para ouvirem juntos e desde o
início foi a grande incentivadora de sua carreira como músico.
A música exerceu um papel de terapia na vida de Armando. No Colégio,
percebeu que tinha dificuldade em ler e era alvo de piadas entre os colegas por
gaguejar na fala. Ao notar que, quando cantava ele não gaguejava, começou a ler os
conteúdos da aula cantando e acabou virando atração nas salas.
As duas paixões de Armandinho sempre foram a música e o surf. Começou
a pegar onda aos 11 anos, na praia de Tramandaí e desde então nunca mais parou.
A praia e a natureza são suas maiores inspirações na hora de compor.
Aos 12 anos, Antônio Armando compôs sua primeira música, intitulada
"Sexo na caranga", anos depois foi tocada nas rádios do Sul do país. O início de sua
carreira foi nos bares de Florianópolis, onde tocava clássicos da MPB com arranjos
do Reggae. O divisor de águas na vida do cantor aconteceu quando decidiu entregar
ao diretor da Rádio Atlântida uma fita cassete com dez músicas que fizeram sucesso
na programação musical da rádio.
53
Em 2006, lançou o cd "Armandinho ao Vivo", visto na Figura 13, que
projetou o artista no cenário musical nacional e reuniu grande sucessos, dentre eles:
Analua, Desenho de Deus e Ursinho de Dormir.
Figura 13 - Armandinho ao Vivo
Fonte:Site iTunes (2018).
Do primeiro ao último álbum lançados, pode-se observar nas composições
um misto entre letras de amor, declarações e sentimentos unidos à fala de
preservação e cuidado com a natureza. No primeiro álbum, lançado em 2001, a
música "Rosa Norte" fala sobre um romance em clima de praia: " Vou fugir pro Rosa
Norte, e te levar comigo/Foi o brilho dos teus olhos, que mexeu comigo/E abre a
porta do teu corpo, que eu quero estar contigo/Num barraco, na tua onda, no meio
do teu livro".
Mesmo com o passar dos anos, as representações de amor e praia
continuaram presentes em suas composições, como no caso da música "Sol Loiro"
de 2013: "Amor da minha vida, minha conquista, você é uma ilha/Onde as ondas
quebram perto, desse mar azul eterno/Teu sol loiro me ilumina". Que associa a
pessoa amada à elementos da natureza.
54
7.2 ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO VIRTUAL
Como meios de comunicação utilizados pelo artista e sua equipe, destacam-
se o facebook, site, youtube e instagram. As quadro plataformas possuem
linguagens e conteúdos diferenciados. A página do facebook do cantor, vista na
Figura 14, é gerenciada pela sua equipe e possui caráter informativo e interativo.
Nesta página, são divulgados os próximos shows do cantor e fotografias dos
eventos realizados. Os fãs curtem e comentam as publicações que são respondidas
pela equipe, mantendo um relacionamento amistoso com os fãs.
Figura 14 - Conteúdo da página oficial do Armandinho, no facebook
Fonte: Reprodução Facebook (2018).
O site do artista, visto na Figura 15, possui um formato leve e com pouco
conteúdo, apenas utilizado para divulgar os próximos shows, com caráter
exclusivamente informativo.
55
Figura 15 - Site oficial do cantor
Fonte: Site Armandinho e Banda (2018).
O canal no youtube do cantor, visto na Figura 16, possui 137 mil inscritos e
entre os conteúdos, há vídeos de entrevistas realizadas, clips das músicas, trechos
de gravações de shows, chamadas para shows realizadas pelo artista e vários
vídeos intitulados "voz e violão" que são canções famosas interpretadas de forma
acústica por Armandinho.
Figura 16 - Canal do cantor no youtube
Fonte: Site Youtube (2018).
56
A rede social que mais mobiliza os fãs do cantor é o Instagram, o qual será
analisado mais profundamente neste trabalho. Até o momento desta pesquisa,
Armandinho possui 451 mil seguidores em seu perfil e os conteúdos são criados e
postados por ele mesmo, fornecendo autenticidade e intimidade na comunicação
com os fãs, conforme Figura 17.
Figura 17 - Conta do Armandinho no Instagram
Fonte: Reprodução Instagram (2018).
O cantor também é conhecido pelo seu comportamento autêntico e
espontâneo na plataforma. Sempre muito direto e transparente com os fãs, ele fala
de sua vida pessoal, relacionamento e temas polêmicos, como o alcoolismo e a
depressão que enfrentou em 2014.
Em suas publicações, destaca-se o seu estilo praiano, mensagens
positivas e de preservação à natureza, como pode ser visto na Figura 18.
57
Figura 18 - Postagem de Armandinho no Instagram
Fonte: Reprodução Instagram (2018).
Em entrevista para o Jornal Folha do Sul, realizada por Vinícius Silva (2014),
Armandinho fala sobre as redes sociais e o relacionamento com os fãs. Ele relata
que tinha resistência em aderir às redes sociais e que foi incentivado pela sua
equipe a utilizá-las. Ele relata a Silva (2014) que no presente momento, vê as redes
como parte fundamental de sua carreira.
Dá para dizer que eu tinha uma coisa meio hippie, meio jovem imaturo. Não entendia a importância que as ferramentas online poderiam ter na minha carreira e no relacionamento com essa geração. Hoje, mantenho contato via Instagram, Twitter e Facebook. Converso, falo dos shows. Estou ali para mostrar que me importo com eles tanto quanto sei que se importam comigo (SILVA, 2014).
Em entrevista para o canal VTV, em 2017, Armandinho fala sobre a
mudança de visual:
Pra mim, é uma fase muito legal que eu estou passando agora. Vou gravar um novo DVD acústico, com uma nova imagem. A galera ainda tem aquela imagem do trabalho do Armandinho de dez anos atrás com a cabeça raspada e agora deixei o cabelo e a barba crescer. Esse é o visual raiz. Eu tinha dread looks, aí depois quando eu gravei o DVD, como eu estava em uma gravadora que tinha um marketing a gente achou legal ficar com um visual mais roots. (...) Mas eu sou praiano, eu nem me olho muito no espelho, eu coloco um chapéu de palha e esqueço do resto (VTV, 2017).
58
7.3 ENTREVISTA COM PROFISSIONAIS
A primeira entrevistada é Maksa Camazzola, que tem 27 anos, é natural de
Caxias do Sul, formada em Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul
e atuou como Relações Públicas do cantor Armandinho. Conheci Maksa por
intermédio de uma colega de trabalho, também Relações Públicas. Certa vez,
comentei com ela que iria a um show do Armandinho e então ela me contou que
tinha uma amizade muito próxima com a assessora do cantor.
Como Maksa reside atualmente no Rio de Janeiro, trocamos áudios pelo
whatsapp. Perguntei à Maksa como aconteceu seu primeiro contato com as
composições do cantor, Maksa respondeu que desde muito nova acompanhava as
redes sociais do Armandinho, ainda na época da rede social Orkut, onde participava
de comunidades em homenagem ao cantor e fazia contato com outros fãs.
Maksa queria muito conhecer o cantor pessoalmente, então descobriu um
fã- clube que conseguia acesso ao camarim do artista nos shows, logo, entrou para
o fã-clube e começou a produzir conteúdos em homenagem ao artista. Ela divulgava
em suas próprias redes sociais notícias e datas de shows do cantor. Também
começou a encontrar os demais integrantes do fã-clube (que eram de cidades
diferentes dos estados do Sul) para irem juntos aos shows. Maksa descreveu a
primeira vez que conseguiu acesso ao camarim como um momento mágico. Ela e o
grupo do fã-clube continuavam se encontrando para irem aos shows e passou a ficar
conhecida por Armando e pela banda.
Alguns anos depois, por estar em praticamente todos os shows que
aconteciam no RS, Maksa começou a ajudar a equipe, auxiliando nos bastidores do
show com os fãs que queriam vê-lo depois da apresentação e realizando outras
atividades pertinentes da produção.
Quando se formou, o próprio Armando fez o convite à Maksa para trabalhar
junto dele e sua equipe, atuando como Relações Públicas com foco na assessoria
de imprensa. Este convite fez com que Maksa mudasse para o Rio de Janeiro,
cidade onde o cantor reside até os dias de hoje.
Perguntei à Maksa sobre a forma como ela descreve o cantor e a primeira
palavra que ela diz quer vindo a mente foi: um poeta. Complementando, ela diz que
59
pode descrever o cantor Armandinho como uma pessoa totalmente feita de
sentimento, que compõe aquilo que vive e que vive aquilo que compõe. Ela afirma
que o cantor realmente ama a praia, o surf, a natureza, e que todos esses elementos
são muito presentes no estilo de vida e na música dele. "Ele é um ser humano
sensível, um legítimo artista." Ela ainda destaca a sensibilidade e a transparência.
"Ele é muito transparente com as situações pessoais, sempre mostra ao público a
real versão dos fatos. Nem todos entendiam essa exposição, mas eu considero
positiva. Acredito que isso aproxime ele das pessoas, mostre a eles que ele é um
ser humano, que tem medos, angústias, dor, mágoas, mas também muito amor no
coração."
Em um segundo momento, perguntei sobre características dos fãs, já que,
desde o início de sua história com o cantor, Maksa pertencia ao grupo de fãs e mais
tarde veio a trabalhar com o cantor, conhecendo duas realidades distintas de
proximidade com Armandinho. Maksa diz que uma característica que nota nos fãs,
em geral e de forma atemporal é a fidelidade. Ela relata que na fase boa e na ruim
os fãs estavam lá, e sempre tinham os conhecidos pela equipe, que estavam em
diversos shows em cidades diferentes, até mesmo fora do Brasil, em apresentações
do artista na Argentina e no Uruguai, muitos fãs brasileiros estavam presentes.
Questionei Maksa sobre o perfil dos fãs e sobre as coisas que tinham em
comum. "Sempre achei que os ouvintes do Reggae tivessem um perfil parecido. O
Armandinho canta um reggae com uma pegada diferenciada, mistura estilos. Os fãs
dele também são assim, um misto de estilos. Sinto que, diferente do reggae raiz,
onde a maioria tem dreads e tem um estilo de vida mais alternativo, digamos assim,
os fãs do Armandinho são pessoas que trabalham, tem uma vida agitada, corrida,
mas que buscam nos shows e no contato com o artista uma maneira de espairecer.
Como se pudessem estar mais perto daquela energia da praia, do mar, do surf,
mesmo cercado em uma selva de pedra."
Quando questionada sobre a forma como o artista se relacionava com os
fãs, Maksa destaca o carinho e afeto que o cantor demonstrava: "ele sempre fazia
questão de atender. Quem vai aos shows dele sabe a energia que ele gasta, ele
ocupa o palco inteiro! Se movimenta muito, pula com a galera e mesmo ao final do
show, muitas vezes com a energia esgotada ele não ia embora sem antes atender o
60
maior número de fãs que esperavam por ele. Muitas vezes, a casa de show
selecionava quem poderia entrar no camarim, mas se ele estivesse saindo e visse
uma fã gritando e chamando ele, ele fazia o possível para entregar um autógrafo ou
estender a mão. Coisas que ele mesmo dizia que eram simples para ele mas que
para as fãs valiam muito!"
Sobre o contato via redes sociais, perguntei à Maksa se o cantor costumava
responder as mensagens dos fãs. "Armandinho é um cara sensível (artista né, risos).
Nas redes sociais vemos muita malícia e também maldade. Às vezes ele parava
para ler os comentários e se tivesse um comentário negativo ele ficava mal, era
como se isso sugasse a energia dele. Eu sempre percebia isso, podiam ter mil
comentários positivos e uma pessoa falando mal, era esse o comentário que ele
respondia. Ele queria entender e tentar mudar aquela opinião a respeito dele.
Ele mesmo sempre fez questão de postar o dia a dia no instagram e de ver o
que a galera comentava. Por ser uma pessoa pública, eram muitos comentários e as
vezes a gente filtrava e passava um parecer pra ele. Até pra ele saber como era o
envolvimento com as postagens."
Sobre criar vínculos com os fãs, Maksa acredita que a forma transparente
como o cantor se expressa, ao contar fatos pessoais e até mesmo situações íntimas
aos fãs, aproximava-os dele.
Perguntei à Maksa sua opinião como Relações Públicas, para compreender
a forma como ela vê a atuação do profissional no meio artístico-musical e como o
Relações Públicas pode contribuir para o fortalecimento da imagem do artista.
Maksa acredita que o Relações Públicas deve ter uma visão holística dos fatos,
estar atento a tudo que acontece neste cenário que, segundo ela, está a todo
momento em constantes mudanças. "Acredito que o RP deve estar sempre
orientando e tendo a comunicação mais clara possível com o artista. Relatar o que
está acontecendo no cenário em geral e já trazer soluções, mostrar as alternativas,
transformar o cenário com o artista. O RP além de tudo precisa estar focado em
manter o artista bem, com uma energia boa, precisamos ter eles bem para que os
resultados sejam positivos".
Como fortalecimento de imagem, Maksa reafirma que o RP deve estar
sempre atento aos fatos externos, notícias na mídia, situações em que o artista
61
possa estar envolvido. "Na mídia nem tudo que sai é a verdade, às vezes a notícia é
distorcida. Por isso é muito importante estar atento. Uma notícia distorcida pode
causar um abalo grande na imagem de um artista."
Maksa complementa, que o Relações Públicas deve estar sempre atendo à
veiculação da imagem do artista: "o Armandinho teve uma mudança na identidade
visual dele, passou do cabelo curto ao cabelo longo. Esta nova identidade tinha uma
outra fala com o público, tinha outras ideologias para passar. A ideia era mostrar um
Armandinho com uma outra vibe, que superou as dificuldades antigas, em um novo
momento. Por isso era importante que as divulgações dos shows conversassem com
essa nova identidade."
Ao perguntar sobre os meios de comunicação utilizados para aproximar o
artista dos fãs, Maksa afirma que as redes sociais, entre todos os meios de
comunicação, exercem o principal estreitamento da relação entre ambos. "A conta
do Armandinho no Instagram apresentou aos fãs a sua rotina, tanto profissional
quanto pessoal. De uma forma bastante visual, foi possível estreitar os laços entre o
cantor e seus seguidores, aumentando gradativamente sua popularidade a nível
nacional".
O segundo profissional entrevistado é Kiko Martins, produtor musical que
atua neste mercado há 42 anos. Kiko conhece Armandinho desde muito jovem,
eram amigos. Trabalhou para o cantor pela produtora Worbit Music e um tempo
depois recebeu o convite de Armando para trabalhar exclusivamente para ele e sua
equipe, onde atuou por 5 anos.
Kiko descreveu o trabalho para Armandinho como um período intenso de
sua vida: "não atuava somente como produtor musical. Nos shows, avaliava a
qualidade do som no palco, buscava os melhores equipamentos do mercado, vendia
os shows, dirigia e produzia, era um trabalho completo".
Como eram amigos desde a adolescência, mesmo antes de trabalhar para o
Armando, Kiko já acompanhava a trajetória profissional do artista. "O primeiro ano
dele foi difícil. A inserção dele nesse meio artístico foi complicada. Imagina você
tentar colocar na rádio uma música que fazia incitação ao uso da maconha, como foi
o caso da música de trabalho dele, "Folha de bananeira" que nada mais era que
uma marchinha de carnaval dos pescadores da Praia do Siriú, uma pequena praia
62
onde o Armando cresceu, em Santa Catarina." Kiko complementa: "a marchinha era
famosa por lá, e dizia o seguinte "Fuma, fuma, fuma, folha de bananeira, fuma na
boa, só de brincadeira" aí o Armando pegou esse trecho, compôs o restante da letra
e bombou em Santa Catarina."
"Sempre soube da qualidade das músicas do Armando, a maior dificuldade
em lançar a nível nacional o trabalho dele, era fazer as rádios tocarem. Foram
semanas de insistência para tocarem Folha de Bananeira, depois disso foi tranquilo.
A próxima a estourar nas rádios foi "Balanço da Rede".
Kiko se intitula além de produtor, amigo, parceiro e conselheiro. Reflete
sobre a importância de estar atento ao cenário musical como um todo e buscar
sempre bons relacionamentos. "Durante os shows, sentava ao lado do palco e ficava
cuidando como aconteciam os mínimos detalhes, o entrosamento entre os músicos,
o som, vendo em quais situações a galera vibrava mais. A gente tem que estar
sempre buscando melhorias".
No período em que Kiko trabalhou com Armandinho, duas músicas
estiveram em novelas da Rede Globo, perguntei a ele como aconteceu este
processo e como impactou na carreira do Armandinho: "são relacionamentos. Em
todas as áreas de atuação a gente fala em construir relacionamentos. Aqui, isso é
fundamental. Conhecer as pessoas certas ajuda muito, busquei o contato de Jayme
Monjardim, que é um dos diretores mais famosos da Rede Globo e me aproximei, fiz
amigos em comum e quando surgiu a oportunidade certa mostrei o trabalho do
Armando pra ele. Ele curtiu na hora. Isso contribuiu muito para lançar o artista a
nível nacional. As buscas pelas músicas dele na internet aumentaram muito."
Ao questionar sobre as características que percebe no Armando, Kiko relata
sobre a sensibilidade e a simplicidade: "o Armandinho é uma pessoa simples,
humilde e sincero até demais, que se expõe muito, gosta de deixar as coisas claras,
é um cara muito verdadeiro, o jeito dele é assim, ele nunca foi um cara que pensou
só no sucesso, ele queria fazer a música dele, por ele. Cantar é o que ele ama fazer,
além de surfar, claro. Posso dizer que o Armando é assim, pega um violão,
improvisa uma letra e fica ótimo, está na essência dele isso. A simplicidade é o forte
dele. Viajávamos muito juntos e ele sempre levava uma ou duas pranchas, em
qualquer litoral que a gente parasse era o tempo dele de correr pro mar. E isso é ele
63
mesmo, o surf, o mar, as ondas."
Perguntei ao Kiko sobre os fãs, quais características ele percebia neles e
como acontecia o relacionamento dos fãs com o Armandinho. "Lembro da primeira
vez que fizemos a Fenadoce em Pelotas, estacionamos o ônibus na frente do hotel e
tinha umas 150 pessoas trancando a entrada do hotel, querendo ver, tirar foto, pedir
um autógrafo. Depois dos shows, as meninas chegavam na porta do camarim
alucinadas querendo entrar. Os fãs tem um carinho enorme por ele. O jeito sincero
dele cativa as pessoas, é difícil encontrar um nome na música que seja tão real
como ele é, e ele transpassa isso para os fãs. O público que vai nos shows é bem
diversificado, de todas as idades. Como o trabalho dele acabou se tornando mais
pop do que reggae, tinham pessoas de todos os tipos. É um público muito fiel ao
cantor. Alguns acompanhavam os shows por todo o Estado, é um carinho muito
grande."
7.4 ENTREVISTA COM FÃS
A primeira entrevistada dos fãs chama-se Isadora. Ao realizar diversas
buscas nas redes sociais para encontrar os fã-clubes do Armandinho, encontrei o
perfil no instagram @fcdesejosdomar, criado por Isadora, visto na Figura 19.
O perfil possui 1.230 seguidores e divulga vídeos com trechos dos shows
que Isadora mesmo produz, agenda de shows do artista, além de ser uma forma de
unir os fãs. Enviei mensagens ao perfil e ela prontamente respondeu. Trocamos
números de telefone, onde conversamos durante horas.
Muito solícita, contou sobre sua relação de admiração com o cantor e sobre
sua saga para se aproximar do ídolo.
Em uma conversa informal, Isadora conta que a admiração pelo cantor
começou na infância, seus pais também são fãs do Armandinho e então cresceu
ouvindo as canções do artista. Ela lembra que aos 14 anos começou a frequentar os
shows e a partir daí, acompanha o cantor e sua banda nos shows pelo Estado.
A admiração foi crescendo, e um pouco mais tarde, aos 15 anos, Isadora
ficou sabendo de um show do Armandinho em Porto Alegre e queria de toda forma
encontrar com o ídolo. Fez contato com integrantes da banda e descobriu o horário
64
do voô e hotel que ficariam hospedados. Combinou com algumas amigas para
encontrá-lo no aeroporto, onde realizou o sonho de ter uma foto com o ídolo,
conforme Figura 20.
Figura 19 - Fã-clube idealizado por Isadora
Fonte: Reprodução Instagram (2018).
Figura 20 - Isadora e Armandinho
Fonte: Arquivo pessoal de Isadora (2018).
65
Isadora relembra o encontro e relata que o artista foi muito receptivo e
carinhoso com ela e com as outras fãs.
Ao ser questionada sobre a forma como vê o artista, ela o caracteriza
observando as diferenças do lado pessoal e profissional. "O Armando como artista é
aquela pessoa incrível que todo mundo conhece, ele realmente vive e ama a música
e o Armando "pessoa" posso descrever como um ser difícil de se lidar, mas
igualmente incrível que batalhou muito para chegar onde está hoje, que fez muito
sacrifícios pela carreira."
Em contato com as canções, Isadora diz que desde o primeiro momento se
sentiu amparada pelas letras "o Armandinho sempre tem uma mensagem positiva
pra passar. Escutar as músicas dele me faz sentir uma energia boa, é como se a
letra abraçasse e consolasse. Para cada momento da minha vida posso dizer que
tenho uma música do Armandinho que marcou."
Isadora reconhece algumas semelhanças entre ela e o artista, como por
exemplo, o amor pela praia e o espírito livre, o apreço pela liberdade do indivíduo e
a intensidade de ser. Neste momento ela cita como exemplo de um ato de
intensidade, o fato de ela viajar desde nova para acompanhar o artista. Outra
característica do cantor que ela reconhece em si é o fato de serem bastante
observadores.
A rede social que Isadora utiliza para receber atualizações sobre o artista é o
Instagram, onde acompanha a agenda de shows e o dia a dia registrados pelo
próprio Armandinho. É nessa mesma rede social que Isadora possui o fã-clube.
A segunda entrevistada foi Mariana. Conheço-a há um bom tempo, por
termos amigos em comum. Já fomos em um show do Armandinho juntas, e vez ou
outra, a vejo colocando letras de músicas do cantor nas legendas de suas fotos nas
redes sociais. Quando comentei com ela sobre a pesquisa, fez questão de estar
presente e de ser entrevistada.
Primeiramente, pedi a ela para descrever o cantor Armandinho: "poderia
descrever o Armandinho como uma pessoa simples, que procura sempre fazer o
bem e deixar uma mensagem de paz às pessoas. Ele tem um dom incrível, ele
simplesmente faz com que sua música entre no coração, na mente. Não tem como
ter sentimentos ruins escutando as músicas dele."
66
Questionei Mariana sobre as sensações que sente ao ouvir as músicas do
artista: "quando escuto Armandinho tenho a sensação de contato com o mar, com a
natureza, é como se me conectasse com um mundo mágico, de amor e paz. A voz
dele me acalma, deixa minha mente mais serena."
Mariana também complementou dizendo que a sua fala mansa, leve, e as
suas letras despertam seu interesse: "ele consegue entrar na mente e deixar sua
mensagem. A sensação que tenho é que ele canta o que vive, não é um
personagem."
Sobre a forma como ela se mantem informada sobre o artista, Mariana diz
que a rede preferida é o instagram: "eu sigo o Armandinho em todas as redes
sociais: facebook, instagram, twitter e youtube. Acompanho notícias na mídia
também. Porém, prefiro acompanhá-lo no instagram, que é a mais atualizada e fala
mais sobre o dia a dia dele. Como é ele mesmo quem grava os vídeos e conversa
com os fãs, fico com a sensação de estar mais próxima dele."
Para finalizar, pedi a ela para sintetizar o cantor em uma palavra. A
escolhida de Mariana foi "simplicidade".
A fã Maria Eduarda foi a terceira entrevistada. Conheci Maria Eduarda por
meio de um amigo que tinha uma banda. Quando comentei sobre a pesquisa, ele
prontamente me passou o contato da Maria Eduarda. Um tempo atrás, ele e a banda
(VibeRock) abriram um show do cantor Armandinho em Caxias, onde ele conheceu
a Duda, uma fã do cantor Armandinho.
Contatei a Duda pelo whatsapp, onde trocamos ligações, áudios e
mensagens de texto. Ela tem 18 anos e é estudante de psicologia. Percebi que é
uma menina bastante espiritualizada, gosta bastante de ler e prefere ir a shows do
que ir em baladas, o que segundo ela, deve ao cantor Armandinho.
O primeiro contato de Duda com as composições do Armandinho aconteceu
por intermédio de seu irmão: "conheci o trabalho dele através do meu irmão, que
costumava ouvir sempre. Um dia, em 2012, foi anunciado um show do Armandinho
em Caxias do Sul, na Festa da Uva e combinei com meu irmão de irmos. Essa foi a
primeira vez que entrei no camarim dele."
Perguntei à ela como aconteceu este primeiro contato, mais próximo com o
cantor: "eu pulei uma grade alta para poder entrar. Quando vi ele chorei muito, foi a
67
realização de um sonho." O encontro atendeu às expectativas de Maria Eduarda e
está retratado na Figura 21: "eu tinha receio de estar enganada, de ele não querer
atender, ou ser grosso. Muito pelo contrário, reforçou a imagem que eu tinha dele,
um cara carinhoso, querido e gentil." Ela complementa: "desde este momento então,
sou ainda mais fã e acompanho a banda pelo Rio Grande do Sul e, eventualmente,
por Santa Catarina. Fui em 22 shows nesses últimos seis anos, em cidades como
Urussanga, São José do Hortêncio, Vacaria, Balneário Rincão, Novo Hamburgo,
Montenegro e outras."
Figura 21 - Maria Eduarda e Armandinho
Fonte: Arquivo pessoal de Maria Eduarda (2018).
Em determinado momento da conversa, ela diz se considerar conhecida
entre os técnicos e produtores, o que facilita o contato mais próximo com o artista
nos shows. "Em todos os shows eu tentava de tudo para conseguir entrar no
camarim e ver ele e a banda novamente e assim fui ficando mais próxima dos
técnicos e produtores e sendo conhecida entre eles facilitava muito meu contato com
68
o Armando. Hoje em dia, na grande maioria dos shows que vou, encontro ele e a
banda antes do evento, vamos juntos de ônibus ou van até o local, e lá ficamos
conversando no camarim até dar o horário de entrar no palco."
Perguntei à Duda para mencionar algum fato marcante que aconteceu em
sua vida e que tenha relação com o cantor, ela lembra um episódio de 2014, que
aconteceu antes de um show. "Nessa época eu já tinha mais contato com o pessoal
dele (produtores e técnicos), assim, ao saber o hotel onde ele e a banda estariam
hospedados em Caxias, fiz um desenho do Armando e deixei na recepção do hotel.
Dias depois me surpreendi ao ver o desenho que fiz no avatar do perfil do
Armandinho no instagram! E detalhe, está lá até hoje. Não sei descrever o que senti,
fiquei arrepiada."
Em todos os momentos da entrevista, percebi nela muito carinho e emoção
ao falar do artista. Quando questionei sobre a forma como ela descreveria o
Armandinho, ela respondeu: "o Armando é um amante da música, com um talento
incrível. Ele valoriza as coisas simples, a natureza que está em boa parte das suas
composições. Além disso, é uma pessoa intensa, um livro aberto. Ele é sincero,
gosta de conversar e expor seus sentimentos, podemos ver pelas redes sociais dele.
Ele tem muito amor dentro de si e demonstra isso sempre, podemos ver isso em
suas canções."
Perguntei sobre as sensações que tem ao escutar as músicas, ao ver e ouvir
o artista: "me sinto acolhida e amada, pois as letras possuem muito sentimento e
isso toca os fãs. Nas canções mais animadas, uma alegria costuma me invadir,
juntamente com o sentimento de gratidão por estar perto dele e da banda. É uma
energia boa, é tranquilizante, renovador. Ele é um cara do bem, que tem os
sentimentos à flor da pele."
O que mais chama a atenção da Maria Eduarda no cantor é a maneira leve
de levar a vida, de apreciar as pequenas felicidades do dia a dia. Neste momento,
ela cita a música "Casinha" do cantor, que em determinado trecho, diz: "A felicidade
se encontra nas coisas mais simples da terra, às vezes a paz de um sorriso pode
desarmar uma guerra."
Sobre a forma como ela acompanha o cantor, Duda afirma que prefere
acompanhá-lo pelo instagram: "assisto todos os stories que ele faz, curto as fotos,
69
comento. Como essa é a única rede social dele, que ele mesmo monitora, a gente
se sente mais pertinho dele. É bom saber o que ele está fazendo, saber que ele está
bem. Também acesso o site e o facebook, para ver onde serão os próximos shows."
A quarta entrevistada foi Aline. Estudei com ela durante o Ensino Médio e
lembrei de um momento em que ela me mostrou uma tatuagem que havia feito, com
um trecho de uma música do Armandinho que diz: "vida é brisa passageira",
podendo ser vista na Figura 22. Logo, uma fã que marca em seu corpo uma letra de
uma música de determinado artista, é interessante para esta pesquisa.
Figura 22 - Tatuagem em homenagem ao artista
Fonte: Arquivo pessoal de Aline (2018).
Iniciei a conversa perguntando como Aline descreveria o cantor: "o
Armandinho é um poeta, ele é muito mais do que um cantor, ele expressa em
palavras e melodias nossos sentimentos, não amores platônicos ou contos de fadas,
mas sim o amor real, sentimentos reais."
Na sequência, pedi a ela o que mais lhe chama a atenção no artista, onde
prontamente respondeu que são o seu carisma e sua essência: "vejo nele uma
70
pessoa simples, gente como a gente, um ser carismático e cativante, que canta com
o coração. Tenho a sensação que suas músicas retratam sua vida e sua essência,
isso passa sentimento e verdade às canções."
Durante a conversa, Aline afirma que o apreço pelo cantor começou na
adolescência, quando escutou uma música na rádio e se identificou com a letra. Ela
não lembra a música que era, mas depois deste episódio, sempre que ouvia o nome
dele na rádio corria para escutar e aumentar o volume. Ela complementa: "é como
se em cada fase da minha vida pudesse usar uma música dele como trilha sonora, é
como se ele soubesse exatamente o que estou sentindo e o que eu quero dizer."
Sobre a tatuagem, Aline diz que se sente representada na música "Analua"
de onde retirou o trecho que tatuou: "para mim, essa frase é como um mantra, em
diversos momentos busco me lembrar dela. Lembrar que a vida passa rápido, que
devemos aproveitar e viver cada minuto intensamente."
Sobre a forma como se atualiza sobre o cantor, Aline diz que segue o cantor
no instagram e percebe no Armandinho o carinho que tem pelos fãs ao disponibilizar
de seu tempo para falar com os seguidores pelos stories: "estar próxima do dia a dia
de uma pessoa que admiro tanto me faz muito bem."
Perguntei a ela se já teve um contato com próximo com o Armandinho, seja
por meio de mensagem ou pessoalmente: "sempre que tem shows na cidade eu
vou, quero muito poder encontrar ele. Já tentei algumas vezes, mas sem sucesso.
Quando o encontrar, quero dizer a ele o quanto suas músicas me fazem bem. E
claro, quero um autógrafo em baixo da minha tatuagem, para tatuar sua escrita e
eternizar esse momento."
O último fã a ser entrevista foi Lucas. Quem me apresentou ao Lucas foi
Maria Eduarda, também presente na entrevista. Ela o conheceu nos shows do
Armandinho e tornaram-se amigos. Meu contato com Lucas foi através de troca de
e-mails. Primeiramente, pedi a Lucas que se apresentasse: "posso dizer que sou um
ser humano com os pés e a cabeça na lua. Prefiro o abstrato do que o concreto,
valorizo o simples por ter a percepção que, tudo que é de verdade é de fácil
interpretação. Coloco o sentir em primeiro lugar, sou de todos os lugares, mas ao
mesmo tempo de lugar algum.
71
Lucas afirma que o primeiro contato com as composições do artista foi
quando seu pai comprou um CD do Armandinho, intitulado "Casinha": "assim que
aquele cd começou a tocar, senti uma energia incrível, a voz do Armando, a
mensagem na música dele, é um conjunto perfeito."
Mais tarde, inspirado pelo artista, Lucas comprou um violão e por meio de
vídeos no youtube, aprendeu a tocar a música "Ursinho de dormir". Tempos depois,
ele e um amigo gravaram um vídeo com a música "Amor de Primavera", lançaram
no Youtube e enviaram ao Armandinho pelo twitter: "mandamos o link do vídeo para
o Armandinho e ele nos respondeu de forma positiva, disse que tinhamos talento.
Todo fã sonha em ser notado pelo seu ídolo. Esse dia posso dizer que realizei um
grande sonho."
Sobre outras formas de contato, Lucas afirma que quer muito conhecer o
cantor pessoalmente, e tirar fotos. Além do twitter, Lucas utiliza o instagram para
acompanhar o Armandinho, pelo fato do artista conversar com os fãs através de
stories, mostrar o dia a dia e os bastidores dos shows.
Lucas descreve Armandinho como um cara batalhador, que sempre lutou
pelo seu espaço no meio musical e sem perder sua essência: "sei que ele teve um
período numa gravadora, mas a maior parte de sua trajetória ele foi independente e
com isso teve altos e baixos em sua carreira, mas hoje é conhecido nacionalmente
no cenário da música. Merecido!"
Sobre as sensações que percebe ao estar em contato com o artista, ele diz
que se sente coberto por uma áurea de paz e de amor: "sinto sensações boas. É
como se ele falasse comigo. A melodia, a letra, é um convite a uma imersão ao
interior, à nossa essência."
O que mais chama a atenção de Lucas no cantor é o seu jeito simples e
humilde de ser: "ele tenta nos mostrar que a gente pode viver sem bens de valores,
que dinheiro não é tudo na vida da gente."
72
8 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS
Neste capítulo pretende-se realizar uma analise dos conteúdos obtidos nas
entrevistas com os profissionais e com os fãs. Segundo Bardin (1977) realizar a
análise dos resultados após uma pesquisa, aproxima o pesquisador do não-dito, das
informações subjetivas, explorando sua capacidade interpretativa.
As informações coletadas no decorrer das entrevistas foram organizadas em
quadros-síntese, afim de tornar o entendimento mais dinâmico e visual. Por sua vez,
os quadros retratam as duas tramas utilizadas como guia para as entrevistas. A
primeira analise será com as respostas dos fãs. O Quadro 3 apresenta a primeira
trama e traz perguntas e respostas referentes à imagem e espelhamento, e a
segunda trama, apresentada no Quadro 4, traz perguntas e respostas referentes à
comunicação.
Quadro 3 - Os fãs e a imagem e espelhamento
IMAGEM E ESPELHAMENTO
FÃS Como descreve
essa celebridade
Em contato com as composições, quais
sensações tem?
Qual característica dessa celebridade
mais chama atenção de você
Isadora Incrível; batalhador. Amparo; proteção; energia positiva.
Amor pela praia; espírito livre;
liberdade;
Mariana Simples; pessoa do
bem. Contato com o mar;
amor; paz. Cantar o que vive,
ser ele mesmo.
Maria Eduarda
Valoriza as coisas simples; intenso;
transparente.
Gratidão; acolhimento; boas
energias.
Sua maneira leve de levar a vida.
Aline Poeta; pessoa
verdadeira. Sentimento puro;
amores reais. Simplicidade,
carisma, essência.
Lucas Batalhador. Imersão à nossa essência; energia
positiva; paz; amor.
Simplicidade, humildade.
Fonte: O autor (2018)
73
Na fala dos fãs, ao observar as respostas obtidas na primeira trama, pode-se
perceber adjetivos positivos em relação à percepção da imagem do artista. Boa
parte das qualidades, associadas à características do ser, tais como, a simplicidade
e a batalha pelas conquistas. Palavras que coincidem com as citadas pelos
profissionais, também na primeira trama.
Sobre as sensações que os fãs têm em contato com as composições, em
boa parte das respostas, foram citadas a paz e a boa energia, reforçada por um dos
entrevistados ao relatar que, estar em contato com as composições do artista é estar
mais próximo do mar.
Quando questionados sobre a característica que mais chama atenção no
artista, a simplicidade foi mencionada novamente pela maioria dos entrevistados.
Quadro 4 - Os fãs e a comunicação
COMUNICAÇÃO
FÃS
Como você se mantém atualizado sobre a rotina da
celebridade?
Quais tipos de postagem possuem mais relevância para
você?
Já teve contato com o artista? Como foi
esse encontro?
Isadora Instagram
Conteúdos motivacionais
produzidos pelo cantor.
Sim. O artista foi receptivo e carinhoso.
Mariana Instagram Vídeos que falam do dia a dia do cantor,
feitos por ele mesmo. Não.
Maria Eduarda
Instagram Situações do dia a dia
do cantor. Sim. Foi a realização
de um sonho.
Aline Instagram Saber do dia a dia do
cantor. Não.
Lucas Instagram e twitter Saber do dia a dia e
bastidores dos shows.
Sim. Pelo twitter. Foi a realização de um
sonho.
Fonte: O autor (2018).
74
Na segunda trama, a da comunicação, quando perguntado a respeito da
forma como se mantém atualizados sobre a rotina do artista, a resposta dos fãs foi
unânime: o instagram é a rede social mais utilizada por eles, sendo o motivo muito
claro: ser o próprio artista quem cria os conteúdos, propondo conversas com os fãs,
tendo uma linguagem direta e interativa com eles.
Como visto anteriormente, o cantor em questão possui histórico de expor
sua vida e intimidade na plataforma, tratando de assuntos polêmicos e mantendo os
fãs informados sobre seu dia a dia por meio dos stories, vídeos interativos da rede
social instagram. Dos cinco entrevistados, três tiveram contato com o artista, que
descreveram como "a realização de um sonho".
As respostas obtidas pelos profissionais também foram organizadas em
quadros-síntese. O Quadro 5 apresenta a primeira trama e traz perguntas e
respostas referentes à imagem e espelhamento, e a segunda trama, apresentada no
Quadro 6, traz perguntas e respostas referentes à comunicação.
Os profissionais entrevistados possuem áreas de atuação diferentes,
portanto, pode-se ter uma visão ampla das percepções referentes ao artista: Maksa,
forneceu sua visão de Relações Públicas e Kiko, sua visão de produtor musical do
cantor.
Quadro 5 - Os profissionais e a imagem e espelhamento
Fonte: O autor (2018).
IMAGEM E ESPELHAMENTO
PROFISSIONAIS
Como você caracteriza a
imagem desse artista?
Que características
você percebia nos fãs?
Como você acredita que foi
criado um vínculo do artista com os
fãs?
Maksa Poeta; sensível;
transparente. Fidelidade.
Exposição de sua vida, de fatos
íntimos.
Kiko Simples; sensível;
humilde. Público
diversificado; fiél.
Sinceridade; essência
verdadeira.
75
Ao questionar sobre as características que percebem na imagem do artista,
foi citado em comum a sensibilidade. Atributo destacado por Kiko como sendo uma
particularidade do Armandinho e um diferencial no meio artístico.
Os profissionais acreditam que o vínculo criado com os fãs aconteceu por
intermédio de sua personalidade e essência verdadeira, o fato de ser ele mesmo
quem atualiza seu instagram e por mostrar sempre a verdade aos fãs, expondo
situações íntimas de sua vida pessoal, o que acaba por causar nos fãs um
sentimento de proximidade com o artista.
Por se tratar de profissionais de áreas diferentes, pode-se ter visões distintas
da comunicação, mas igualmente importantes para o trabalho.
Quadro 6 - Os profissionais e a comunicação
Fonte: O autor (2018).
COMUNICAÇÃO
PROFISSIONAIS
Como o profissional
contribui para fortalecer a imagem do
artista?
Quais os meios de comunicação
foram utilizados para construir o vínculo com os
fãs?
Detalhamento das práticas de
comunicação.
Maksa
Prezar pela imagem veiculada
na mídia; estar atento aos fatos externos e trazer soluções rápidas.
Instagram.
Seleção dos conteúdos publicados;
transparência com o artista; zelar pela reputação; buscar
soluções e a aproximação do artista
com seu público.
Kiko
Prezar pela qualidade técnica dos shows, buscar
contatos que promovam o
artista.
Rádio e televisão.
Buscar contatos para promover o artista, estar
atento aos detalhes técnicos.
76
Sobre as contribuições do profissional para o fortalecimento da imagem do
artista, Maksa mencionou que é importante ter uma visão holística do cenário, estar
atento a possíveis crises e apresentar soluções rápidas, já Kiko, destacou que, como
profissional, preza pela qualidade técnica do show, buscando sempre
relacionamentos que possam alavancar a carreira do artista.
Para Maksa, o instagram é a melhor rede social para construir vínculos com
os fãs, já Kiko, acredita que a rádio e a televisão foram essenciais para alcançar um
maior número de pessoas.
77
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao ampliar os conhecimentos a respeito dos objetivos propostos, pode-se
perceber a importância do profissional de Relações Públicas no cenário artístico-
musical, sendo este, um profissional da comunicação com ampla capacidade
estratégica para gerir o relacionamento entre artista e fã.
O método de pesquisa, qualitativa exploratória, forneceu um olhar mais
amplo sobre o objeto de estudo. As duas linhas de pesquisa, sendo a primeira,
imagem e espelhamento e a segunda, aspectos da comunicação, abrangeram os
objetivos propostos ao mostrar as ligações das tramas imagem-espelho como
reflexo de uma comunicação eficaz que engaja públicos.
Em suma, a opinião dos entrevistados é semelhante, podendo ser percebida
uma linguagem de comunicar alinhada aos interesses do artista. As respostas
referentes a plataforma de comunicação utilizada para acompanhar o ídolo, fornece
um conteúdo relevante para uma estratégia de comunicação.
Nas respostas da trilha imagem e espelhamento, as principais palavras
encontradas no quadro-síntese foram: simplicidade, liberdade e sensibilidade. O que
mostra uma linearidade na maneira como a imagem vem sendo comunicada, o que
é muito bom para o fortalecimento de uma marca, ou neste caso, da imagem de um
artista.
Pode-se dizer que os objetivos propostos na realização desta monografia
foram alcançados. O primeiro objetivo, sendo ele, a caracterização e definição da
imagem e a forma como é percebida pelo indivíduo, foi alcançado no capítulo 4,
onde viu-se que uma mesma imagem possui identificação singular pelos indivíduos,
visto que, ela é percebida de acordo com simbologias e significados pertencentes à
trajetória individual de cada pessoa.
O segundo objetivo, que tratava dos conceitos de fã e celebridade, foi
atendido no capítulo 5, ao retratar a história da cultura da celebridade, revelando
aspectos importantes para as influencias destas com os fãs, como por exemplo, o
fato da celebridade transformar-se em bem de consumo para que o fã possa sentir-
se consumindo aquela figura que tanto idolatra. Foi estudado também, aspectos do
78
fanatismo, onde o fã é visto como uma pessoa obstinada, e seu querer principal é
estar mais próximo daquele que tanto admira, mesmo que seja de forma virtual.
Neste capítulo foi observado também, a evolução das redes sociais na
aproximação e comunicação entre artista e fã, tornando ainda mais forte os vínculos
e a exposição da “vida real”, imagem projetada pela celebridade.
O processo de espelhamento foi compreendido no capítulo 6, onde viu-se
que a sociedade do espetáculo cria na consciência expectadora um imaginário
fantástico da realidade, agregando à celebridade, ideologias de vida que seduzem,
encantam e despertam no outro o desejo de "querer ser como ele". Portanto, é parte
do processo, o fã querer a proximidade, refletindo-se naquele que tanto lhe causa
admiração.
O estudo dos fãs como públicos, é importante para a assessoria de
comunicação de uma celebridade. É necessário entender como se organizam, o que
pensam e como se comportam na atmosfera digital. Analisar constantemente a
percepção que possuem do artista é importante para definir os rumos da
comunicação e manter uma boa reputação da celebridade em questão.
Espera-se que a presente pesquisa possua relevância acadêmica e social,
visto que, este campo de estudo fornece diversas possibilidades de descoberta para
as Relações Públicas, bem como, espaços para desenvolver o potencial do
comunicador enquanto profissional atuante no cenário artístico.
Por fim, sugere-se a ampliação deste trabalho acadêmico por pessoas que,
assim como eu, possuem paixão e encantamento por determinada figura, marca ou
pessoa, promovendo pesquisas que estimulem a compreensão da subjetividade, da
construção da imagem, do imaginário e dos processos de espelhamento.
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, A. L. C.; CARRIEIRI, A.; FONSECA, E. Imagem Organizacional: um estudo de caso sobre a PUC Minas. Artigo, Porto Alegre/RS, Sociedade Brasileira de Estudos de Interdisciplinares da Comunicação, 2004.
ALMEIDA, A. L. C.; NUNES, D. A. Mensagens corporativas e a construção de sentido sobre as organizações. Organicom, São Paulo, 2007.
BALDISSERA, R. 2004. Tese: Imagem-conceito: anterior à comunicação, um lugar de significação. Porto Alegre, RS. Tese de doutorado. Faculdade de Comunicação Social, PUCRS.
BAPTISTA, M. L. C. Cartografia de Saberes na Pesquisa em Turismo: Proposições Metodológicas para uma Ciência em Mutação. Rosa dos Ventos, Caxias do Sul. Disponível em: <http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/rosadosventos/article/view/2647/pdf_273>. Acesso em: 10 mar. 2018.
BAPTISTA, M. L. C. Comunicação: Trama de desejos e espelho. Canoas: Ulbra, 1996. 184 p.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70 Ltda, 1977.
BARROS, K. M. A imagem artística sob o olhar das relações públicas. Recife: Ed. da autora, 2015.
BAYM, N. K.. Fãs ou amigos? Enxergando a mídia social como fazem os músicos. Matrizes, São Paulo, v. 5, n. 8, p.13-46, jun. 2013. Semestral.
BOORSTIN, D. J. From hero to celebrity: the human pseudoevent. In: MARSHALL, P. D. (Ed.). The celebrity culture reader. New York: Routledge, 2006.
BOULDING, K. E. The image: knowledge in life and society. Ann Harbor: University of Michigan, 1961. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=w11X66GwvNIC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_atb#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 10 de maio de 2018.
CAMAZZOLA, Maksa. Entrevista concedida a Dayane Zulianelo. Caxias do Sul, 9 e
10 de maio de 2018.
80
CERETTA, S. B.; FROEMMING, L. M. GERAÇÃO Z: COMPREENDENDO OS HÁBITOS DE CONSUMO DA GERAÇÃO EMERGENTE. Raunp: Revista Eletrônica do Mestrado em Administração da Universidade Potiguar, Potiguar, v. 3, n. 9, p.44-49, 2011. Semestral.
CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
CURI, P. P. Luz, Câmera e a Ação dos Fãs: Fan Films e Produção Cultural. Rio de Janeiro, 2005.
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
DE TONI, D. Administração da imagem de produtos: desenvolvendo um instrumento para configuração da imagem de produto. 2005. 268 f. Tese (Doutorado em Administração). Escola de Administração, UFRGS, Porto Alegre, 2005.
DUARTE, J.; BARROS, A. (Org.). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2005.
ECKERT, A. C. O relações públicas na construção de uma imagem e identidade positiva no âmbito organizacional. 2016. 43 f. Monografia (Especialização) - Curso de Relações Públicas, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, IjuÍ, 2016.
EIROA, C. Meu amigo Raul Seixas. 2015. Disponível em: <https://revistatrip.uol.com.br/trip/sylvio-passos-o-amigo-criador-do-primeiro-fa-clube-de-raul-seixas>. Acesso em: 13 maio 2018.
E-life. Social Mix Relações Públicas. O mix de comunicação na era das redes sociais. Disponível em: <http://www.elife.com.br/site/posts/ver/social-mix-relacoes-publicas> Acesso em: 05 de maio de 2018.
GROISMAN, S. Fã de Sandy surpreende e diz que fez loucuras pela cantora no Altas Horas. [s.i]: Youtube, 2018. (4 min.), son., P&B. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=itaMC_dLft4>. Acesso em: 26 maio 2018.
GALVÃO, M. C. B. O levantamento bibliográfico e a pesquisa científica. In: FRANCO. L. J.; PASSOS, A. D. C. (Orgs). Fundamentos de epidemiologia. 2 ed. São Paulo: Manole, 2010. Disponível em: < http://www2.eerp.usp.br/Nepien/DisponibilizarArquivos/Levantamento_bibliografico_Cristia neGalv.pdf>. Acesso em: 22 de maio de 2018.
81
GODOY, A. S. INTRODUÇÃO À PESQUISA QUALITATIVA E SUAS POSSIBILIDADES. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 6, n. 2, p.57-63, mar. 1995. Trimestral.
GRUNIG, J.; FERRARI, M. A.; FRANÇA, F. RELAÇÕES PÚBLICAS: teoria, contexto e relacionamentos. 2. ed. Petrópolis: Difusão, 2011. 319 p.
GUIMARÃES, P. J. S. A publicidade ilícita e a responsabilidade civil das celebridades que dela participam.São Paulo: Revista dos tribunais, 2001.
HOFFER, E. Fanatismo e movimentos de massa. Lidador, 1968.
INGLIS, F. Uma breve história da celebridade. Rio de Janeiro: Versal, 2012.
JENKINKS, H. Cultura da convergência. São Paulo: Editora Aleph, 1992.
JOLY, M. Introdução à análise da imagem. 5. ed. Campinas: Papirus, 2002.
JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1969. 458 p.
KUNSCH, M. M. K. Obtendo Resultados Com Relações Públicas. São Paulo: Pioneira, 1997.
KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 4. ed. São Paulo: Summus, 2003.
KUNSCH, M. M. K. Relações públicas: história, teorias e estratégias nas organizações contemporâneas. São Paulo: Saraiva, 2009.
MARK, M.; PEARSON, C. S. O Herói e o Fora-da-Lei: Como construir marcas extraordinárias usando o poder dos arquétipos. São Paulo: Cultrix, 2003. 376 p.
MARSHALL, L. O jornalismo na era da publicidade. São Paulo: Summus, 2003.
MARTINS, J. A natureza emocional da marca: como encontrar a imagem que fortalece sua marca. São Paulo, SP: Negócio, 1999.
MARTINS, Kiko. Entrevista concedida a Dayane Zulianelo. Caxias do Sul, 30 de
maio de 2018.
82
MARTINS, R. Big brother Brasil: efeitos de celebridade na espetacularização do cotidiano. Fronteira Digital, Cáceres, v. 01, n. 01, p.1-26, jan. 2010. MEYERS, E. “Can You Handle My Truth?”: Authenticity And The Celebrity Star Image. The Journal of Popular Culture, vol. 42, n. 5, 2009, p. 890-906. Disponível em <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1540-5931.2009.00713.x/pdf>. Acesso em 17 de abril de 2018.
MOLE, T. Byron’s Romantic Celebrity: Industrial Culture and the Hermeneutic of Intimacy. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2007.
MOREIRA, M. A. Modelos Mentais. In: ENCONTRO SOBRE TEORIA E PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIA - LINGUAGEM, CULTURA E COGNIÇÃO, 8., 1996, Porto Alegre, p. 193 - 232.
MORIN, E. Cultura de massas no século XX: neurose. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989. MOURA, Cláudia Peixoto de (Org.). HISTÓRIA DAS RELAÇÕES PÚBLICAS: Fragmentos da memória de uma área. Porto Alegre: Edipucrs, 2008. NETO, M. M. M. 4Rs das Relações Públicas Plenas. Rio de Janeiro, RJ: Conceito Editorial, 2015.
NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa – características, uso e possibilidades. Cadernos de pesquisa em administração, São Paulo. V. 1, nº 3, 2ºsem. 1996
PINHO, J. A. O contexto histórico do nascimento das Relações Públicas. In: MOURA, Claudia Peixoto de (Org.). História das Relações Públicas: fragmentos da memória de uma área. Porto Alegre: EdipucRS, 2008. Disponível em: . Acesso em: 28 jun. 2018.
PINHO, J. B. Relações públicas na internet: técnicas e estratégias para informar e influenciar públicos de interesse. São Paulo, SP: Summus, 2003.
RECUERO, R. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.
ROBERTS, K. Lovemarks: o futuro além das marcas. São Paulo: Books, 2004.
ROCHA, E. A sociedade do sonho: comunicação, cultura e consumo. Rio de Janeiro: Mauad, 1995.
83
ROJEK, C. Celebridade. Rio de Janeiro: Editora Roco, 2008.
ROSA, M. A síndrome de Aquiles. São Paulo: Editora Gente, 2001.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: Agir, 2009. SANTAELLA, L; NÖTH, W. Imagem: cognição, semiótica, mídia. 3. ed. São Paulo: Iluminuras, 2001.
SILVA, V. Ainda mais próximo dos fãs. 2014. Disponível em: <http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2014/04/11/ainda-mais-proximo-dos-fas>. Acesso em: 20 de maio de 2018. SITE Askideias. Disponível em: https://www.askideas.com/cool-harley-davidson-logo-tattoo-on-hand/. Acesso em 18 Mai. 2018.
SITE Aziume. Disponível em: https://aziume.com.br/2017/12/05/hercules-e-xena-na-netflix/. Acesso em 22 Mar. 2018.
SITE Edition.cnn. Disponível em: http://edition.cnn.com/2016/04/20/europe/queen-elizabeth-90/index.html. Acesso em 20 Nov. 2017.
SITE Estrelando. Disponível em: https://www.estrelando.com.br/nota/2018/03/16/ katy-perry-reconhece-fa-que-chamou-ao-palco-em-2015-e-ele-se-pronuncia-estou-chocado-224938. Acesso em 11 Mai. 2018.
SITE G1.globo. Disponível em: http://g1.globo.com/rj/norte-fluminense/noticia/2017/01/armandinho-se-apresenta-em-boate-de-sao-joao-rj-neste-sabado.html. Acesso em: 14 Jun. 2018.
SITE G1.globo. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/08/fas-tocam-raul-seixas-em-ato-para-lembrar-os-26-anos-da-morte-do-idolo.html. Acesso em 11 Mai. 2018.
SITE Ffw. Disponível em: http://ffw.uol.com.br/models/noticias/gisele-e-a-nova-embaixadora-mundial-da-pantene/). Acesso em 07 Ago. 2017.
SITE Fotolog. Disponível em: https://fotolog.com/sandydiva_leah/186000000000025 542/. Acesso em: 17 Mar. 2018.
SITE Itunes. Disponível em: https://itunes.apple.com/br/album/armandinho-ao-vivo/205416003. Acesso em: 22 Jun. 2018.
84
SITE Jovem Pan. Disponível em: http://jovempanfm.uol.com.br/artistas/artista/ armandinho.html. Acesso em 20 Jun. 2018.
SITE Madonna Glam. Disponível em: https://madonna-glam5.webnode.com/gallery/. Acesso em 18 Jun. 2018.
SITE Petiscos. Disponível em: https://petiscos.jp/moda/sutia-maravilha/. Acesso em 16 Mar. 2018.
SITE Revista Quem. Disponível em: https://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2018/01/fa-pede-vestido-de-noiva-de-marquezine-emprestado-e-atriz-responde-se-quiser.html. Acesso em: 08 Mar. 2018.
SITE Revista Trip. Disponível em: https://revistatrip.uol.com.br/tags/raul-seixas. Acesso em 27 Mai. 2018.
SITE Revivendo Teixeirinha. Disponível em: https://revivendoteixeirinha.wordpress .com/2008/03/14/fa-de-carteirinha-claudiomar-de-oliveira/. Acesso em 05 Abr. 2018.
SITE Rtp. Disponível em: https://www.rtp.pt/noticias/mundo/documentos-oficiais-sobre-morte-de-john-f-kennedy-tornados-publicos_n1036572. Acesso em 12 Out. 2017. SITE Vagalume. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/armandinho/biografia/. Acesso em 20 Jun. 2018.
SODRÉ, M. Antropológica do espelho: Uma teoria da comunicação linear e em rede. Petrópolis: Vozes, 2002.
SÓLIO, M. B. Comunicação, psicanálise e complexidade: abordagem sobre as organizações e seus sujeitos. Caxias do Sul: Educs, 2010.
SPINDOLA, P. As relações públicas de artistas da música no Brasil: trajetórias pioneiras. In: MOURA, Claudia Peixoto de (Org.). História das Relações Públicas: fragmentos da memória de uma área. Porto Alegre: EdipucRS, 2008. Disponível em:< http://www.pucrs.br/edipucrs/historiarp.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2016.
TONI, D. Administração da imagem de organizações, marcas e produtos. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling.. Comunicação organizacional, São Paulo: 2005.
85
TORQUATO, F. G. Comunicação empresarial, comunicação institucional: Conceitos, estratégias, sistemas, estrutura, planejamento e técnicas. São Paulo: Summus,1986
TORQUATO, F. G. Tratado de Comunicação: Organizacional e Política. São Paulo: Thomson, 2002. 304 p.
TORRES, E. C. Economia e carisma na indústria cultural de celebridade. In: FRANÇA et al.Celebridades no Século XXI: transformações no estatuto da fama. Porto Alegre: Sulina, 2014.
VERGILI, R. Relações Públicas, Mercado e Redes Sociais. São Paulo: Summus, 2014.
VILLAFAÑE, J. G. Imagem Positiva, Gestión estratégica dela imagem de lãs empresas. Edicion Pirámide. Madrid, 2002.
86
APÊNDICE A - CD COM PROJETO DE MONOGRAFIA I