Post on 20-Jan-2019
“As respigadeiras”, 1857 - Millet
REALISMO E NATURALISMO
O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; – o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.
Eça de Queirós
Momento Histórico Segunda metade do século XIX: sociedade europeia vive os efeitos da
Revolução Industrial e do amplo progresso científico que a acompanha. É uma época de benefícios materiais e econômicos para a burguesia industrial; contudo, o operário vive um período de intensa crise e miséria.
1848: o ano das revoluções: conturbações sociais produzidas pelas camadas populares baseadas em ideias liberais, nacionalistas e socialistas.
Publicação do Manifesto Comunista, de Karl Marx e Frederick Engels.
Socialismo Científico: a sociedade igualitária só seria alcançada por meio da luta de classes e da extinção da burguesia e do sistema capitalista.
O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo são as correntes artísticas que refletem a consolidação da burguesia e seu fortalecimento, em função da “implementação” do capitalismo avançado.
A exaltação da liberdade individual, da rebeldia, são substituídas por novas palavras de ordem: ciência, progresso, razão.
O apogeu da Revolução Industrial marcou profundas transformações na vida, na arte e no pensamento.
O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais – por outro lado, a massa operária avolumava-se, formando uma população marginalizada, que não partilhava dos mesmos benefícios gerados por esse progresso industrial, sendo submetida a condições precárias de trabalho.
Essa nova sociedade serve de pano de fundo para uma reinterpretação da realidade, que gera teorias de variadas correntes ideológicas.
Positivismo
Augusto Comte defendia o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação entre “ordem” e “progresso” – o que originou a expressão da bandeira do Brasil.
Comte atribuía à constituição e ao processo da ciência positiva importância capital para o progresso de qualquer sociedade.
SOCIALISMO
Marx e Engels, “Manifesto comunista”, 1848 – definição do materialismo histórico e da luta de classes.
“O que distingue nossa época – a época da burguesia – é ter simplificado a oposição de classes. Cada vez mais, a sociedade inteira divide-se em dois grandes blocos inimigos, em duas grandes classes que se enfrentam diretamente: a burguesia e o proletariado.”
Evolucionismo
Darwin, 1859, “A origem das espécies” – a evolução das espécies pelo processo de seleção natural, negando a origem divina difundida pelo Cristianismo.
O homem passa a ser tomado como um ser animal, regido pelo instinto biológico.
Determinismo Taine propõe que o comportamente humano é determinado
por forças biológicas, sociológicas e ambientais e históricas.
Todos os fatos psicológicos e sociais são manifestações naturais que nada têm de transcendência.
Na pinturaFim das idealizações românticas. Os Stonebreakers, de Coubert.
1849.
Características realistas
Autores realistas e naturalistas portugueses
Antero de Quental 1842-
1891Cesário Verde
1855-1886
O pessimismo;
Angústias metafísicas;
Preferência pelos sonetos.
Antero de Quental
Morbidez; Melancolia; Soturnidade.
O sentimento dum ocidental Nas nossas ruas, ao anoitecer,Há tal soturnidade, há tal melancolia,Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresiaDespertam-me um desejo absurdo de sofrer.[...]Voltam os calafates*, aos magotes*,De jaquetão ao ombro, enfarruscados*, secos;Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos,Ou erro pelos cais a que se atracam botes
E evoco, então, as crônicas navais. [...]
Cesário Verde
Eça de Queirós Três fases:
Ironia, critica da sociedade;
Tom caricatural;
Linguagem elegante.
2ª- Realista-Naturalista
O Crime do Padre AmaroO Primo Basílio
Os MaiasIlustre casa de Ramires
A cidade e as Serras
REALISMO no Brasil Na década de 1870 surge a Escola de Recife, com Tobias
Barreto, Silvio Romero e outros, cujas ideias se aproximavam do pensamento europeu.
Considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo no Brasil, com “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
Na divisão tradicional da literatura brasileira, considera-se como data final do Realismo o ano de 1893, com a publicação de “Missal” e “Broquéis”, de Cruz e Souza. Essas obras registram o início do Simbolismo, mas não o término do Realismo e suas manifestações.
Autores realistas brasileirosMachado de Assis (1839-1908)
“...Marcela me amou durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos.”
Contos, crônicas e romances;Temas universais;Capítulos curtos;Metalinguagem e interlocução;Digressão;Correção gramatical;Humor sutil e ironia.
Romance realista
Narrativa voltada para a análise psicológica e crítica da sociedade a partir do comportamento dos personagens.
O romance realista é o retrato de uma época.
Raul Pompeia (1863-1895)
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” (1888)
Digressão;Vida em coletividade;Zoomorfismo;Alusões ao homossexualismo.
Origens do Naturalismo
CaracterísticasAdoção de tese científica(Determinismo e Evolucionismo);Zoomorfismo;Detalhismo;Temas relacionados à sexualidade e à degradação humana;Camadas sociais menos favorecidas;Exploração brutal do homem.
Naturalismo
É um desdobramento do Realismo – há muitos pontos em comum entre ambos.
A visão do naturalismo é mais determinista, ressalta-se o aspecto biofisiológico do homem, visto como animal, regido pelo instinto e pela fisiologia, não pelo espírito e pela razão.
Tem início também em 1881, com a publicação de “O mulato”, de Aluísio de Azevedo.
Autores naturalistas brasileiros
Aluísio de Azevedo (1857-
1913)
Adolfo Caminha (1867-1897)
Inglês de Souza (1853-
1918)
Aluísio Azevedo (1857-1913)
• Crua linguagem naturalista;• Personagens movidas pelo
instinto;• Descrições detalhadas;• Foco na coletividade
marginalizada.
Introdutor do Naturalismo e do romance de tese no Brasil
Adolfo Caminha (1867-1897)
Obras A normalista / Bom-Crioulo
• A literatura com arma de denúncia social;
• Crítica feroz à sociedade de Fortaleza;• Forte carga erótica; • Homossexualismo; • Incesto; • Obsessões sexuais.
Inglês de Sousa (1853-1918)
A linguagem de Eça e a tese naturalista de Zola;O poder de persuasão.
O missionário - o tema do celibato social
• Advogado;
• Jornalista;
• Político;
• Sócio fundador da ABL.
Romance naturalista
Marcada pela vigorosa análise social a partir de grupos humanos marginalizados, em que se valoriza o coletivo.
Autores: Aluísio de Azevedo, Júlio Ribeiro, Raul Pompéia.
Obras: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pensão”, “O Ateneu”.
Resumindo
• Realismo: os escritores voltavam-se para a observação do mundo objetivo. Procuravam fazer arte com os problemas concretos de seu tempo, sem preconceitos ou convenções. Focalizavam o cotidiano.
• O adultério, o clero e a sociedade burguesa em crise tornaram-se temas para as obras desse período.
• Naturalismo: radicalizou o Determinismo (o homem como produto de leis físicas e sociais) do movimento realista.
O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos que submeterem-se ao destino cego das “leis naturais” que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasianismo, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito.
Alfredo Bosi