Post on 07-Jul-2020
Recursos EstilísticosFiguras de Linguagem
Figuras de Linguagem
Sons Palavras
EstruturasSintáticas
Significado
Figuras de Linguage
m
FIGURAS DE LINGUAGEM:
SÃO RECURSOS
ESTILÍSTICOS UTILIZADOS
NO NÍVEL DOS SONS, DAS
PALAVRAS, DAS
ESTRUTURAS SINTÁTICAS
OU DO SIGNIFICADO PARA
DAR MAIOR VALOR
EXPRESSIVO PARA A
LINGUAGEM.
Num mundo como o de hoje, de raciocínios
algébricos, e onde os valores supremos são as
máquinas e a automação; e onde o pensamento
ameaça converter-se em atividade cibernética de
robô, é preciso saudar tudo aquilo que contribua para
destruir as unidades ideológicas, para manter o
homem no mundo passional do homem, no espaço dos
saberes problemáticos, da dialética, da argumentação
e do debate, da intuição e do sentimento, das
probabilidades e das crenças, da ficção, do mito e do
sonho; esse é o mundo humano; e esse ainda é –
felizmente – o mundo das figuras, um mundo
metafórico.
(LOPES, Edward. Metáfora – da retórica à semiótica.)
1) AS FIGURAS DE PALAVRAS
Uso figurado, simbólico, de uma palavra por
outra quer por uma relação muito próxima
(contiguidade), quer por uma associação,
uma comparação, uma similaridade.
Contiguidade e similaridade nos levam a
dois tipos de figuras de palavras: a
metonímia e a metáfora.
METÁFORA, do grego metaphorá, transporte
Definição: Transferência de um termo para um contexto
de significação que não lhe é próprio.
Clarividência
O poema é uma bola de cristal. Se apenas enxergares
nele o teu nariz, não culpes o mágico.
(Mário Quintana)
METONÍMIA
Definição: Ocorre quando uma palavra é utilizada em
lugar de outra, para designar algo que mantém uma
relação de “proximidade” com o referente da palavra
substituída.
- A parte pelo todo: Ele tem duzentas cabeças de gado.
- O continente pelo conteúdo: Almocei dois pratos.
- O autor pela obra: Dúvida na ortografia? Pergunte ao
Aurélio.
DESAFIO
MAS SER PLANTA, SER ROSA, NAU VISTOSA
DE QUE IMPORTA, SE AGUARDO SEM DEFESA
PENHA A NAU, FERRO A PLANTA, TARDE A ROSA?
(MATOS, Gregório. Poemas Escolhidos)
Tipos de Metonímia
ANTONOMÁSIA: consiste
na identificação de uma
pessoa não por seu nome,
mas por uma
característica ou atributo
que a distingue das
demais.
Castro Alves = Poeta dos
Escravos
Ronaldo = Fenômeno
Roberto Carlos = O Rei
SINÉDOQUE: substituição de
uma palavra por outra que
sofre, no contexto, uma
redução ou ampliação do
seu sentido básico.
“Verdade é que, ao lado
dessas faltas, coube-me a
boa fortuna de não comprar
o pão com o suor do meu
rosto.”
Machado de Assis, Memórias
póstumas de Brás Cubas
COMPARAÇÃO (Símile)
Definição: metáfora evidente através do uso de
partícula comparativa (como, feito, tal qual, qual,
assim como, tal, etc.)
Exemplo:
Virá, impávido que nem Muhammed Ali
Virá que eu vi, apaixonadamente como Peri
Virá que eu vi, tranquilo e infalível como Bruce Lee
(Índio, Caetano Veloso)
CATACRESE
Ocorre quando, na falta de uma palavra específica para
designar determinado objeto, utiliza-se uma outra a
partir de alguma semelhança conceitual.
Pé de mesa
Barriga da perna
Embarcar no avião
Dente de alho
SINESTESIA (junção de sensações)
Relaciona planos sensoriais diferentes.
1) Os carinhos (tato) de Godofredo não tinham mais o
gosto (paladar) dos primeiros tempos." (Autran Dourado)
2) Este perfume tem um cheiro doce.
3) "O céu ia envolvendo-a até comunicar-lhe a sensação
do azul, acariciando-a como um esposo, deixando-lhe o
odor e a delícia da tarde." (Gabriel Miró)
2) FIGURAS DE SINTAXE
ALTERAÇÕES INTENCIONAIS
NEM SEMPRE OS TEXTOS APRESENTAM FRASES
ESTRUTURADAS DO MODO ESPERADO. É FREQUENTE
OCORREREM INVERSÕES, OMISSÕES E REPETIÇÕES QUE
LEVAM A UMA MAIOR EXPRESSIVIDADE.
Lembre-se: Sintaxe é a parte da gramática que estuda o
modo como as palavras se combinam nas orações.
ELIPSE
É a omissão de um termo ou de uma oração inteira,
sendo que essa omissão geralmente fica subentendida
pelo contexto.
Ex:
Na estante, livros e mais livros.
João estava com pressa. Preferiu não entrar.
As mãos eram pequenas e os dedos delicados.
ZEUGMA
Forma particular de elipse. Ocorre quando o termo
omitido em um enunciado foi utilizado anteriormente.
FedEx Express:
Poupar tempo, dinheiro e algo igualmente precioso: sua
paciência.
ANACOLUTO
Mudança de rumo inesperada na construção sintática de
um enunciado.
“O filme que eu vi ontem, eu achei que você vai
adorar.”
“Fomos ver o rio. E pouco andamos, porque já estava
entrando pelas estrebarias. O marizeiro que ficava
embaixo, a correnteza corria por cima dele. Era um mar
d’água roncando.”
(REGO, José Lins do. Menino de Engenho.)
ANÁFORA
Repetição de palavras no início de versos ou, nos textos
em prosa.
“Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia”. (Manuel Bandeira)
“Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanta poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto da alegria e serenidade”.
(Vinícius de Moraes)
HIPÉRBATO
Inversão sintática.
SUJEITO VERBO COMPLEMENTOS
“Passeiam à tarde, as belas na Avenida. ”
(Carlos Drummond de Andrade)
O HINO NACIONAL
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante
E o sol da liberdade em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!
Sem inversão (hipérbato)
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado
retumbante de um povo heróico, e o sol da liberdade
brilhou nesse instante, em raios fúlgidos no céu da
pátria.
Se conseguimos conquistar com braço forte o penhor
dessa igualdade, o nosso peito desafia, em teu seio,
ó liberdade, a própria morte.
POLISSÍNDETO
É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos
conectivos. Observe o exemplo:
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita,
luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e
morre." ( Olavo Bilac )
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e
deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.
PLEONASMO
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
realçar a ideia, torná-la mais expressiva.
Exemplo:
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o
pronome "lhes" exerce a função de objeto indireto
pleonástico.
Exemplos de pleonasmo...
"Vi, claramente visto, o lumo vivo." (Luís de Camões)
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de
Portugal." (Fernando Pessoa)
3) Figuras de pensamento
SÃO AQUELAS QUE PROVOCAM ALTERAÇÕES NO PLANO
DO SIGNIFICADO (SEMÂNTICO) QUANDO MANIPULAMOS
INTENCIONALMENTE O SENTIDO DAS PALAVRAS E DAS
EXPRESSÕES.
HIPÉRBOLE
Ocorre quando expressamos exageradamente
uma ideia, a fim de enfatizar essa
informação.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares (…)”
(Olavo Bilac)
Exemplos... “Brota esta lágrima e cai (…)
Mas é rio mais profundo
Sem começo e nem fim
Que atravessando por este mundo
Passa por dentro de mim”. (Cecília
Meireles)
“Queria querer gritar setecentas mil
vezes
Como são lindos, como são lindos os
burgueses” (Caetano Veloso)
Eufemismo
Quando desejamos evitar o uso de palavras ou expressões que se consideram desagradáveis ou excessivamente fortes.
Exemplos:
Ele faltou com a verdade.
Ela é desprovida de beleza.
Exemplos:
Consoada, Manuel Bandeira
Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
PROSOPOPEIA
Atribuição de características humanas a animais e
objetos inanimados .
“O cipreste inclina-se em fina reverência
e as margaridas estremecem, sobressaltadas.
(Cecília Meireles)
“A ventania às vezes surpreendia
as janelas abertas do meu lar
e então as doces sombras se moviam
trêmulas, trêmulas a bailar”.
(Jorge de Lima)
ANTÍTESE
Associação de ideias contrárias, por meio de palavras ou
enunciados de sentido oposto.
“O Pensamento ferve, é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.”
(Olavo Billac)
PARADOXO
Associação de termos contraditórios, inconciliáveis.
Exemplos:
Ernesto adora estudar, mas detesta ler.
"Se você tentou falhar e conseguiu, você descobriu o
que é paradoxo.“
Fernando Pessoa
Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Antítese
Eu sou um velho, você um moço.
Paradoxo
Eu sou um velho moço.
GRADAÇÃO
Consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou
decrescente.
“ Ó não guardes, que a madura idade
te converta essa flor, essa beleza
em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada.”
Gregório de Matos
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.”
Monteiro Lobato
APÓSTROFE
É a interpelação de uma pessoa (real ou imaginária),
presente ou ausente, como uma forma de enfatizar uma
ideia ou expressão.
Exemplo:
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde desde então corre o infinito...
Onde estás, Senhor Deus?...
Castro Alves
4) FIGURAS DE SOM
EM CONTEXTOS DIFERENTES, OS FALANTES SENTEM A
NECESSIDADE DE EXPLORAR SONS PARA PRODUZIR
EFEITOS DE SENTIDO. O USO MAIS FREQUENTE DE
ALGUNS DESSES EFEITOS SONOROS FEZ COM QUE
PASSASSEM A DESIGNAR FIGURAS DE LINGUAGEM
ESPECÍFICAS.
ONOMATOPEIA
Palavras especiais criadas para representar sons
específicos.
Exemplos:
Aaai! – grito de dor
Ah! – grito de surpresa, dor, medo, pavor ou descoberta
Bam! – tiro de revólver
Chomp! nhoc! nhac! nhec!- mastigar
ALITERAÇÃO
REPETIÇÃO DE UM MESMO SOM CONSONANTAL.
“ A boiada seca
Na enxurrada seca
A trovoada seca
Na enxada seca
Segue o seco sem secar que o caminho é seco
sem sacar que o espinho é seco
sem sacar que seco é o Ser Sol
Sem sacar que algum espinho seco secará
E a água que sacar será um tiro seco
E secará o seu destino secará”
(Segue o seco, BROWN, Carlinhos e MONTE, Marisa)
ASSONÂNCIA
Consiste em repetir sons de vogais em um verso ou em
uma frase
Exemplo:
“ Ó Formas alvas, brancas, Formas claras” (Cruz e Sousa)
(assonância em A)
“(...) Sou um mulato nato
No sentido lato
Mulato democrático do litoral” (Caetano Veloso)
PARANOMÁSIA
Ocorre quando os textos exploram uma semelhança sonora
e gráfica entre palavras de significados distintos
(parônimas) intencionalmente utilizada.
“Menina a felicidade
É cheia de praça, é cheia de traça
É cheia de lata, é cheia de graça
Menina a felicidade
É cheia de pano, é cheia de peno
É cheia de sino, é cheia de sono
Menina a felicidade
É cheia de ano, é cheia de eno
É cheia de hino, é cheia de ono” (Tom Zé, Menina, amanhã de manhã.)
PARALELISMO
O paralelismo constitui uma das características estruturais
da lírica galego-portuguesa, consistindo na repetição
simétrica de palavras, estruturas rítmico-métricas ou
conteúdos semânticos.
Exemplo:
Eno sagrad', en Vigo,
bailava corpo velido:
amor ey!
En Vigo, no sagrado,
bailava corpo delgado
amor ey! (Martin Codax)