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REGIO DE SADE E SUAS IMPLICAES NA PROMOO DA SADE NO CEAR
Kelly Fernanda Silva Santana Escola de Sade Pblica ESP CE, kellyfernandassantana@hotmail.com Lucas Dias Soares
Machado - Escola de Sade Pblica ESP CE
Maria Dayanne Luna Lucetti . Escola de Sade Pblica ESP CE
Maria Nizete Tavares Alves - Universidade Regional do Cariri URCA
Petrucya Frazo Lira - 21 Coordenaria Regional de Sade Juazeiro do Norte
Maria de Ftima Vasques Monteiro - Universidade Regional do Cariri URCA
Palavras-chave:Integralidade; Promoo da Sade; Regies de Sade.
Resumo
A Regio de Sade busca organizar, planejar e executar as aes e servios de sade atravs de pactuao entre municpios
interligados por fatores socioeconmicos, culturais, malha viria, acesso aos servios e aes de sade e sua rede de comunicao de
forma a proporcionar aos usurios do Sistema nico de Sade SUS a garantia no tratamento, preveno e promoo sade.
Objetivou-se descrever a estruturao da Regio de Sade no Cear e sua solidificao atravs da descrio de uma das
Coordenadorias Regionais de Sade e sua contribuio para a promoo da sade. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem
qualitativa realizado em uma regio do Cariri, no Cear, entre os meses de junho e julho de 2014. Observou-se que a proposta da
regionalizao em sade valida os fundamentos da organizao da Rede de Ateno Sade tendo como princpio a promoo da
sade.
Introduo
Numa tentativa de descentralizar as aes e servios de sade de forma a produzir autonomia aos diversos entes federativos, bem
como tornar prticas as competncias de cada esfera de governo conforme estabelecido pela lei n 8.080/90, regulamentada pelo
decreto 7.508/2011 que garante o acesso integral as aes e servios de sade de acordo com a necessidade do territrio. Segundo
Gondim et al, 2008 a Regio de Sade - RS envolve a organizao dos servios segundo nveis de complexidade tecnolgica,
localizados em reas geogrficas delimitadas com populaes definidas. A partir dessa concepo, buscando-se atender as
necessidades de sade da populao, o estado do Cear dividiu-se de forma organizacional em Macrorregies de Sade e em
Microrregies de Sade. Segundo Ministrio da Sade 2010, a Promoo da Sade uma estratgia de articulao transversal que
aponta os fatores de risco que a populao esta exposta a partir das diversidades no espao geogrfico, estilo de vida e necessidades
de sade, aspirando aes que diminuam as situaes de vulnerabilidade incorporando a participao e o controle social, visando a
equidade. O arranjo estrutural da Coordenadoria Regional de Sade CRES vislumbra uma organizao interna buscando a eficincia
no desenvolvimento das aes e servios de sade com foco na ateno integral, neste sentido o fortalecimento da promoo sade
nos municpios da regio de suma relevncia no alcance da integralidade. Assim sendo, esse estudo objetivou descrever a estrutura
politico-administrativa de uma das Regies de Sade com foco na promoo sade.
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa, realizado em uma CRES da Macrorregio de Sade do Cariri, no Cear, a
partir de recorte do documento intitulado Territrio e Sade: imerso no cenrio da 21 Regio de Sade do Cear- Juazeiro do Norte.
Segundo Minayo (2007, pg.57), as abordagens qualitativas se conformam melhor para anlises de discursos e de documentos. A
escolha da RS trabalhada se deu por ser o espao de estudo-trabalho dos pesquisadores. A obteno e anlise dos dados
aconteceram durante os meses de junho e julho de 2014, a partir dos dados e documentos sobre o processo de regionalizao, Plano
Diretor de Regionalizao PDR, Contrato Organizativo de Aes Publica em Sade COAP, nos stios na internet do Governo do
Estado do Cear e Sistemas de Informaes em Sade. O Processamento dos dados deu-se por dois tutorias de territorializao
disponibilizados pela coordenao pedaggica da Residncia Integrada de Sade RIS, ESP- CE, nfase Sade Coletiva.
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Resultados e Discusso
As Regies de Sade so espaos contnuos constitudos por agrupamentos de municpios limtrofes, delimitados a partir de
identidades culturais, econmicas e sociais e de redes de comunicao e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade
de integrar a organizao, o planejamento e a execuo de aes e servios de sade (BRASIL, 2011). Cada Regio de Sade pra ser
instituda deve conter, no mnimo, aes e servios de ateno primria, urgncia e emergncia, ateno psicossocial, ateno
ambulatorial especializada e hospitalar e vigilncia em sade (BRASIL, 2011). A conformao de Regies de Sade objetiva garantir
acesso, resolutividade e qualidade das aes e servios de sade; garantir a integralidade na ateno sade, entendida como um
conjunto articulado e contnuo das aes e servios preventivos e curativos, individuais e coletivos exigidos para cada caso em todos os
nveis de complexidade do Sistema; reduzir desigualdades sociais e territoriais e promover a equidade, sem distino entre as pessoas,
sem preconceitos ou privilgios, produzindo uma discriminao positive para os mais necessitados; fortalecer o papel dos estados e dos
municpios para que exeram suas funes gestoras, visando racionalizar os gastos e otimizar a aplicao dos recursos. A organizao
das RSs no Cear contribuem para efetivao da promoo da sade no estado, pois essa conformao, conciliada com a organizao
das Redes de Ateno Sade, assegura o mnimo de aes de proteo, preveno, recuperao e promoo da sade, de forma
que a promoo da sade visa assegurar a igualdade de oportunidades e proporcionar os meios que permitam a todas as pessoas
realizar completamente seu potencial de sade. No estado do Cear foram definidas cinco Macrorregies de Sade (Macros Fortaleza,
Sobral, Cariri, Serto Central e Litoral Leste/Vale do Jaguaribe) que englobam as 22 Regies de Sade, delimitadas por critrios tais
como a malha viria existente, a proximidade entre os municpios componentes, o deslocamento da populao aos servios de sade, o
sentimento de pertencimento e interdependncia e a disposio poltica da pactuao. A CRES em estudo est inserida na Macro Cariri,
composta pela RS do Ic, Iguatu, Brejo Santo, Crato e Juazeiro do Norte, seu territrio politico-administrativo formado por seis
municpios (Barbalha, Caririau, Granjeiro, Jardim, Juazeiro do Norte e Misso Velha) com populao de 412.620 habitantes. As CRES
so responsveis por apoiar os municpios de seu territrio e realizar acompanhamento de suas aes. Elas possuem estrutura
organizativa-operacional semelhantes e so compostas por: um/a coordenador/a regional, um colegiado interno de gesto e por Grupos
de Tcnicos GT: de Ateno Sade, de Vigilncia Sade, de Gesto Estratgica e Participativa, de Recursos Humanos,
Administrativo-financeiro e de Apoio Logstico. As aes de promoo e preveno a sade so ferramentas de gesto dos servios da
Rede de Ateno Sade, neste sentido a CRES compartilha com a mesma ideia a partir do momento em que os GTs tm como meta
a integralidade da assistncia. Dentre os GTs o da Ateno a Sade, apoia as aes de aleitamento materno, imunizao, vigilncia
nutricional, sade bucal. No GT de Vigilncia Sade, as aes so direcionadas ao planejamento e apoio de aes de controle e
educao em sade, com nfase no setor de Mobilizao Social representando o elo mais forte em relao a promoo da sade na
RS, por atuar diretamente com a populao, lideranas e profissionais de sade envolvendo-os nesse processo e utilizando
metodologias participativas e meios ldicos para empoderar a populao. Bydiowski et al (2004) afirmam que as estratgias propostas
pela promoo da sade apoiam-se na democratizao das informaes e num trabalho conjunto de toda a sociedade para que os
problemas sejam superados. Busca-se ento a contribuio populacional propondo-se a conexo de interesses, atitudes, indivduos e
disciplinas, para defesa e melhoria nas condies de sade, principalmente dos grupos mais vulnerveis. Observa-se que os princpios
da promoo da sade, conforme a Carta de Ottawa (1986), so convergentes com os princpios da regionalizao, que tem como u m
dos focos alcanar a equidade em sade. As aes de promoo da sade objetivam reduzir as diferenas no estado de sade da
populao e assegurar oportunidades e recursos igualitrios para capacitar todas as pessoas a realizar completamente seu potencial de
sade. Isto inclui uma base slida: ambientes favorveis, acesso informao, a experincias e habilidades na vida, bem como
oportunidades que permitam fazer escolhas por uma vida mais sadia.
Concluso
A organizao do sistema de sade em regies tem se mostrado eficiente por proporcionar um acompanhamento das atividades mais
prximo de onde elas acontecem e permitem ainda o planejamento de aes fundamentadas nas necessidades pautadas nos princpios
da promoo sade especfica daquela Regio. A CRES reflete ento, papel primordial nessa organizao, realizando uma gesto
compartilhada, de modo interativo, pautado no principio de que a gesto acontece numa relao entre sujeitos, e que a conduo dos
servios deve propiciar relaes construtivas, que tm saberes, poderes e papeis diferenciados.
Referncias
GONDIM, G.M.M; MONKEN, M; ROJAS, L.I.; BARCELLOS, C; PEITERS, P; NAVARRO, M; GRACIE, R. O Territrio da Sade: a
Organizao do Sistema de Sade e a Territorializao. Fiocruz, 2009. Disponvel em: <
http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/ArtCient/20.pdf>. Acesso em 14/07/2014.
BRASIL. Decreton 7.508 de 28 de junho de 2011. Regulamenta a lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a
organizao do Sistema nico de Sade SUS, o planejamento da sade, a assistncia sade e a articulao interfederativa, e d
3
outras providncias. Casa Civil da Presidncia da Repblica. Braslia, DF, 2011a. [on line]. Disponvel em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm>. Acesso em 14/07/2014.
BRASIL. Lei n 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispe sobre as condies para a promoo e recuperao da sade, a
organizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras providncias. Casa Civil da Presidncia da Repblica do
Brasil. Braslia, DF, 19 nov. 1990. [online]. Acesso em 26 de outubro de 2010. Disponvel em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm >. Acesso em 14/07/2014.
BRASIL, Ministrio da Sade. Secretaria de Vigilncia em Sade. Secretaria de Ateno A Sade. Politica Nacional de Promoo da
Sade. 3.ed. Braslia: Ministrio da Sade,2010. Acesso em 15/08/2014. Disponvel em
MINAYO, Maria Ceclia de Sousa. O Desafio do Conhecimento: Pesquisa Qualitativa em Sade. 10 Ed. So Paulo: Editora Hucitec,
So Paulo.
BYDLOWSKI, Cynthia Rachid; WESTPHAL, Mrcia Faria; PEREIRA, Isabel Maria Teixeira Bicudo. Promoo da Sade. Porque sim e
porque ainda no!. Sade e Sociedade v.13, n.1, p.14-24, jan-abr 2004.
OPAS. Carta de Ottawa. Organizao Pan-Americana de Sade, 1986. Disponvel em <
http://www.opas.org.br/promocao/uploadArq/Ottawa.pdf> Acesso em 14/08/2014.
Agradecimentos
Escola de Sade Pblica do Cear e ao programa de Residncia Integrada em Sade RIS desta instituio, pelo incentivo a
pesquisa e aperfeioamento de seus residentes e preceptor, bem como suas contribuies para a sade do Cear. A 21 CRES como
espao de pesquisa e construo de atividades cotidianas.
RELATO DE CASO AMPLIADO: SOBRE O PROJETO TERAPUTICO SINGULAR
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Autor 1 Renato Rafael Costa Lima FANOR e renatorcl@yahoo.com.br
Autor 2 Danilo Santos da Silva Rocha FANOR
Autor 3 Mikaelle oliveira Campos FANOR
Autor 4 Igor Almeida Craveiro FANOR
Autor 5 Leonardo Moreira Bernardino FANOR
Autor 6 Carla Renata Pinheiro Lima de Saboia Oliveira.
Palavras-chave:Ampliado .Projeto. Singular.
Resumo
O projeto teraputico singular (PTS) visa um atendimento individualizado, propondo mecanismos que se inter-relacionam para uma
melhor resposta ao tratamento ampliado e interagindo com vrios atores na resoluo da problemtica estabelecida. O objetivo desse
estudo tentar contextualizar de forma objetiva usando como ferramenta esse projeto, com enfoque na clnica ampliada e humanizao.
Foi utilizado na confeco desse trabalho o relato de caso ampliado nessa maneira metodolgica e utilizado outros atores que esto
envolvidos direta ou indiretamente com o cliente assistido. Masculino, 33 anos, sem residncia fixa, evanglico, solteiro, dois filhos,
procurou a unidade por demanda espontnea. Foi elaborado um plano teraputico singular. Evidenciado que nesse tipo de abordagem
uma equipe multidisciplinar com aspecto holstico, ser necessria para uma melhor assistncia, utilizando o princpio da clnica
ampliada. O projeto teraputico singular permite que equipe multidisciplinar faa uma abordagem de forma acolhedora e horizontal,
procurando a resolutividade das necessidades do cliente
Introduo
Segundo Merhyee (1999), o PTS visa uma abordagem horizontalizada e diferencial, com uma abordagem multidisciplinar e ampliada,
conforme estabelece a reforma psiquitrica e politica da humanizao em sade, proposto pelo novo modelo de ateno ao cliente que
sofre de transtorno mental. A Reforma Psiquitrica, movimento social que veio com o intuito de modificar a abordagem em psiquiatria
quebrando, assim, o modelo mdico-psiquitrico curativo que era dominante em pocas retrgradas, modelo esse que se centrava na
doena, na sintomatologia, sendo a medicao e a cura por meio da excluso do ser humano que sofria de algum transtorno. Esse
importante movimento social pode ser considerado um divisor de guas contra o modelo hegemnico mdico-psiquitrico, referenciado
como um avano significante e ampliado ao cliente com sofrimento mental, tratando o indivduo de forma inclusiva e singular. Um
conhecido modelo dessa nova forma de abordagem aos clientes psiquitricos o CAPS (Centro de Ateno Psicossocial), que
conforme o Decreto 7.508/11 considerado uma das portas de entrada do SUS, tendo uma caracterstica agregada a horizontalidade
no atendimento, composto por uma equipe multidisciplinar, que trabalha com diretrizes da humanizao como: a clnica ampliada, o
projeto teraputico, o qual ser a base do estudo proposto. O projeto teraputico visa um atendimento singular propondo mecanismos
que se inter-relacionam para uma melhor resposta ao tratamento ampliado e interagindo com vrios atores na resoluo da
problemtica estabelecida.
O objetivo desse estudo tentar contextualizar de forma objetiva, usando como ferramenta esse projeto com enfoque na clnica
ampliada e humanizao.
.
Metodologia
Foi utilizado na confeco desse trabalho o relato de caso ampliado nessa maneira metodolgica e utilizado outros atores que esto
envolvidos direta ou indiretamente com o cliente assistido.
Segundo Brasil (2007), O PTS um conjunto articulado de propostas de condutas teraputicas para um sujeito individual ou coletivo,
resultado da discusso ampla e coletiva de uma equipe interdisciplinar, horizontalizada e integrada de forma resolutiva, conforme
prope as diretrizes do sistema nico de sade (SUS), em vista que ser preciso um apoio matricial resolutivo e ampliado, se
necessrio.
Geralmente dedicado a situaes com um alto grau de complexidade com uma variedade de discusso de caso clnico. Foi bastante
enfatizado em espaos de ateno sade mental como forma de propiciar uma atuao integrada da equipe, levando em
considerao outros aspectos inerentes ao transtorno mental. O PTS dividido em quatro momentos distintos que sero necessrios
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para uma abordagem sucinta e precisa do aspecto situacional vivenciado pelo o indivduo ou coletividade. Dever ser abordado
aspectos orgnicos, como manifestaes clnicas, aspectos sociais e psquicos para uma breve e sucinta anamnese situacional,
atenuando assim o aspecto de vulnerabilidade do usurio.
Resultados e Discusso
L.S.A, sexo masculino, 33 anos, sem residncia fixa, evanglico, solteiro, dois filhos, procurou a unidade por demanda espontnea.
Grau de instruo: fundamental incompleto, atividade laboral: tratador de peixe, situao profissional: desempregado, renda: menor que
um salrio mnimo, relacionamento familiar: razovel, situao conjugal dos pais: falecidos, nmero de irmos: 4 (quatro), algum parente
usa droga: pai e me. Usou droga pela primeira vez aos 10 anos cola (C.R.P).
Foi internado 13 (treze) vezes em hospital referncia em trauma de Fortaleza, por (PAF) perfurao por arma de fogo e por (PAB)
perfurao por arma branca. A noite aumenta sua vontade de usar drogas, relata muita sede e inapetncia residual ao uso. O mesmo
relata um grau ascendente de agressividade, flutuao de humor, confuso mental, alucinaes, insnia, amnesia, vmitos, depresso,
pensamentos suicidas, alm de ter problemas sociais com a famlia, a justia e a sociedade.
Elaborou-se um plano teraputico singular, ser evidenciado que nesse tipo de abordagem uma equipe multidisciplinar com aspecto
holstico, ser necessria para uma melhor abordagem utilizando o princpio da clnica ampliada.
PLANO TERAPEUTICO
Segunda-feira
Manh: atividade laboral com T.O
Tarde: orientao jurdica (defensor pblico).
Tera-feira
Manh: abordagem scia cultural ( pedagogo e assistente social)
Tarde: avaliao psicolgica ( psiclogo)
Quarta-feira
Manh: atividade fsica (educador fsico)
Tarde: Consulta com o psiquiatra
Quinta-feira
Manh: avaliao com equipe multidisciplinar
Tarde: avaliao social (assistente social).
Sexta-feira
Manh: Orientaes sobre o mercado de trabalho
Tarde: grupo de terapia coletiva.
Concluso
O projeto teraputico singular PTS visa uma abordagem multidisciplinar de forma acolhedora e horizontal no atendimento a demanda
levantada, tem princpios fundamentados na humanizao em sade, tendo como eixo norteador a reforma psiquitrica. A equipe
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proposta intervir de uma maneira singular e resolutiva abordando as necessidades primordiais do cliente, bem como a demanda que
surgir no decorrer do acompanhamento, visando uma integralidade assistencial e ressocializao do individuo perante a sociedade.
Referncias
BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Ncleo Tcnico da Poltica Nacional de Humanizao. Clnica ampliada.
Equipe de referncia e projeto teraputico singular. 2 ed. Srie B. Textos Bsicos de Sade. Braslia: Ministrio da Sade, 2007.
CARVALHO, Laura Graas Padilha de. A construo de um Projeto Teraputico Singular com usurio e famlia: potencialidades e
limitaes. O Mundo da Sade,So Paulo, 2012, v.36, n.3, p. 521-525.
MERHY EE. Apostando em projetos teraputicos cuidadores: desafios para a mudana da escola mdico ou utilizando-se da produo
dos projetos teraputicos em sade como dispositivo de transformao das prticas de ensino-aprendizagem que definem os perfis
profissionais dos mdicos. Revista de Sade Coletiva, 1999,
v.10, n.5, p.13-17.
SILVA, Esther Pereira da et al. Projeto Teraputico Singular como Estratgia de Prtica da Multiprofissional idade nas Aes de Sade
Singular Therapeutic Project as a Practice. Revista Brasileira de Cincia e Sade, 2013, v. 17, n. 2, p. 197-202.
Agradecimentos
Somos gratos a todos que colaboraram com nossa pesquisa que juntamente, com a Instituio de Sade, foram de extrema importncia
para a concluso da mesma.
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RELATO DE CASO: ESQUIZOFRENIA: UMA ABORDAGEM AMPLIADA E SINGULAR OBSERVANDO O SER HUMANO DE UMA
FORMA HOLSTICA E HUMANIZADA.
Autor 1 Renato Rafael Costa Lima FANOR e renatorcl@yahoo.com.br
Autor 2 Danilo Santos da Silva Rocha FANOR
Autor 3 Mikaelle oliveira Campos FANOR
Autor 4 Igor Almeida Craveiro FANOR
Autor 5 Leonardo Moreira Bernardino FANOR
Autor 6 Carla Renata Pinheiro Lima de Saboia Oliveira.
Palavras-chave:Esquizofrenia. abordagem. humanizada
Resumo
Esse relato de caso abordado os aspectos referidos a esquizofrenia. A esquizofrenia um transtorno mental de caracterstica psictica
segundo o cdigo internacional de doenas (CID) onde a mesma classificada em (F20). O Objetivo do estudo contextualizar de
forma ampliada, pontuada e humanizada a assistncia e tratamento, diagnstico e intervenes de enfermagem. As intervenes de
enfermagem so necessrias para atenuar algum desconforto fsico ou psquico, intervindo de maneira resolutiva e prtica, oferecendo
ao seu assistido uma assistncia individual e contnua. No primeiro dia o cliente evoluiu desorientado em tempo e espao, no
cooperativo, com sinais de acatisia presente, discurso incoerente, pensamento fragmentado, alternando entre o mutismo e ecolalia, o
mesmo segue em assistncia continua de enfermagem. No ultimo dia o cliente evoluiu parcialmente orientado em espao, pouco
cooperativo, aspecto (atitude) hostil presente, intercala entre o mutismo e ecolalia, pensamentos e frases incoerentes, aspectos
cognitivos preservados. O mesmo segue em assistncia continua de enfermagem. Conclui-se que a assistncia deve ser forma
individual e humanizada e respeitando os princpios ticos.
Introduo
Neste Relato de Caso sero abordados aspectos referentes esquizofrenia, dados subjetivos e objetivos de um ser humano portador
de transtorno mental esquizofrnico, suas caractersticas norteadoras, aspectos comportamentais, pontuados. Diagnsticos e
intervenes de Enfermagem necessrias para uma assistncia humanizada holstica, respeitando a singularidade do cliente.
(CARRAZONI 2014). A esquizofrenia um transtorno mental de caracterstica psictica segundo o cdigo internacional de doenas
(CID) onde a mesma classificada em F20. Estima- se que 1% da populao mundial acometida dessa doena com manifestaes
delirantes, alteraes alucinatrias: auditivas, visuais, tteis, olfativas, sensoperceptrias. So eixos norteadores nesse tipo de psicose
dados mostram que em termos de incidncia o sexo masculino, em torno de 20 a 35 anos, so mais acometidos pela esquizofrenia.
No se sabe o mecanismo exato que desencadeia os surtos psicticos, sabe-se que uma doena cerebral, porm alguns fatores
multicausais e socioambientais podem ser o gatilho inicial no surgimento dos prdromos at sintomas especficos. As manifestaes
alucinatrias, persecutrias, fragmentao e incoerncia do pensamento, alteraes cognitivas esto presentes intrinsicamente nesse
tipo de psicose.
Metodologia
Este estudo foi realizado em uma instituio pblica referncia em sade mental de nvel tercirio localizada em Fortaleza Cear, entre
os dias 28 de fevereiro de 2014 at 21 de maro de 2014, como pr-requisito para aprovao no estgio supervisionado de
Enfermagem em Sade mental.
A metodologia utilizada foi uma anamnese ampliada e reviso do pronturio. Esse estudo de caso foi realizado com cliente que padece
de transtorno mental esquizofrnico paranoide, usando uma abordagem humanizada e holstica a esse sujeito. Pessoas que sofrem
desse tipo de psicose apresentam dentre suas caractersticas notrias, quadro de hostilidade, comportamentoreservado, atitudetensa e
desconfiada e os recursos egoicos se encontram em constante alterao. visualizado uma regresso progressiva das suas faculdades
mentais. Seguindo nesse contexto, a abordagem utilizada foi uma conversa com vrias reformulaes ao decorrer da entrevista. Foram
observados e utilizados os diversos tipos de linguagem como a paraverbal, que nesse tipo de transtorno auxilia de uma forma objetiva o
entrevistador.
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Resultados e Discusso
As intervenes de enfermagem so necessrias para atenuar algum desconforto fsico ou psquico, intervindo de maneira resolutiva e
prtica, oferecendo ao seu assistido uma assistncia individual e contnua.
DIAGNSTICOS INTERVENES
Interao social prejudicada relacionada preocupao com as
ideias egocntricas e ilgicas e a suspeita extrema
Encaminhar a T.O;
Estimular a socializao;
Preservar a integridade fsica;
Risco de violncia direcionado a outros ou a si mesmo relacionado
a resposta aos pensamentos delirantes ou alucinaes..
Preservar a integridade fsica;
Orientar os integrantes da equipe a manter vigilncia constante.
EVOLUO QUADRO COMPARATIVO
28/03: Cliente, desorientado em tempo e espao, no cooperativo, com sinais de acatisia presente, discurso incoerente, pensamento
fragmentado, alternando entre o mutismo e ecolalia. O mesmo segue em assistncia continua de enfermagem.
07/03: Cliente, parcialmente orientado em espao e pessoa, cooperativo, com atenuao do quadro de acatisia, aspecto cognitivo
preservado, frases e pensamento seguindo uma linha coerente, o mesmo relata que aceita a dieta e medicao oferecida. Eliminaes
fisiolgicas presentes. Segue em assistncia continua de enfermagem.
14/03: Cliente, parcialmente orientado em espao, apresenta um quadro de mutismo, pouco cooperativo, aspecto hostil, evidenciado
distrbios extrapiramidais. O mesmo segue em assistncia continua de enfermagem.
21/03: Cliente, parcialmente orientado em espao, pouco cooperativo, aspecto hostil presente, intercala entre o mutismo e ecolalia,
pensamentos e frases incoerentes, aspectos cognitivos preservados. O mesmo segue em assistncia continua de enfermagem.
Abordagem ao cliente que padece com esse tipo de transtorno dever ser individual e singular, respeitando seus limites que foram
delimitados pela doena. A assistncia dever ser contnua, resolutiva interdisciplinar, humanizada e holstica, colocando a famlia como
parte fundamental para o sucesso teraputico e jamais esquecendo que ali existe uma vida que sofre com esteretipos rotulados pela
sociedade, cabvel assim nesse momento uma mudana comportamental em relao a imagem de quem sofre com algum transtorno
mental.
Concluso
A concluso desse trabalho evidenciou, de forma geral, que para uma melhor abordagem em pacientes que sofrem de algum transtorno
mental, esta dever ser de forma individual e humanizada, visando atender as singularidades de cada sujeito. Ser necessria uma
reformulao continua e resolutiva da maneira de abordar o ser humano que sofre com esse tipo de doena. A interveno dever ter
em seu eixo central os princpios da tica e dever ser acolhedora e resolutiva.
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Referncias
CARRAZONI, Adriana. Esquizofrenia. Disponvel em: . Acesso em 24 mar 2014.
CARREIRA, Georgia Oliveira, Esquizofrenia : uma abordagem geral, com enfoque na assistncia de enfermagem e familiar.
Disponvel em:
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RELATO DE EXPERINCIA: AO MULTIPROFISSIONAL SOBRE A CULTURA DE PAZ EM UMA ESCOLA PBLICA DO
MUNICPIO DE SOBRAL, CEAR
Emanuela Ribeiro Lima (Apresentador) Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde Sabia. Email:
emanuelar_lima@hotmail.com
Adriano de Aguiar Filgueira - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde Sabia
Juliana Braga Rodrigues de Castro - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde Sabia
Ianna Oliveira Sousa (Orientador) - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde Sabia
Palavras-chave: Promoo da sade. Violncia. Educao em sade.
Resumo
A Cultura de Paz surge como iniciativa, para disseminar ideologias e estratgias que visam a formao de sujeitos mais solidrios e
comprometidos com o bem-estar da humanidade e do planeta. Tem como princpios respeitar a vida; rejeitar a violncia; ser generoso;
ouvir para compreender; preservar o planeta e redescobrir a solidariedade. Objetiva relatar experincia de atividade de educao em
sade para alunos de uma escola publica do municpio de Sobral. A iniciativa da ao deu-se pela equipe de residentes
multiprofissionais em sade da famlia e sade mental, com atuao no territrio da escola, desenvolvendo uma ao educativa com os
alunos. Participaram 35 crianas na faixa etria de 7 a 11 anos de idade. A ao contou com quatro etapas. Na primeira, realizou-se
uma dinmica com o objetivo de ressaltar a importncia da unio entre os colegas. A segunda consistiu na expresso em desenhos
e/ou escrita o que entendem sobre a paz. A terceira etapa foi jogo da solidariedade, onde as crianas foram divididas em grupos e
simularam aes envolvendo a paz. Na quarta etapa ocorreu roda de conversas sobre o momento vivenciado. Identificou-se a presena
de temas relacionados Cultura de Paz, demonstrando a correta compreenso da paz. As simulaes deram consistncia s palavras
explanadas e estabeleceu-se a aproximao entre o que se fala e as atitudes necessrias para a construo da Cultura de Paz.
Consideraram-se as trocas de saberes, durante as aes educativas, primordiais para ingressar rumo a uma perspectiva ampliada de
promoo da sade.
Introduo
A violncia tem conceito amplo, havendo tipologia vasta. Varia desde aquela de cunho verbal, at a que resulta em morte (IBGE, 2009).
identificada como um problema social de grande dimenso que afeta toda a sociedade, responsvel por adoecimento, perdas e
mortes. Manifesta-se mediante aes realizadas por indivduos, grupos, classes e naes, provocam danos fsicos, emocionais e/ou
espirituais a si prprios ou a outros (BRASIL, 2009).
A partir do final da dcada de 1970, a violncia se intensifica, sobretudo, nos grandes centros urbanos do pas, e se torna um tema
central de discusso para a sociedade (IBGE, 2009). Waiseffisz, (2007) encontra que no final dos anos de 1990 verifica-se um
descolamento da violncia, antes oriundas nos centros urbanos, para o interior dos estados, ocasionando o pensamento da
generalizao do fenmeno, atingindo reas at ento ilesas.
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Observa-se que no perodo que compreende os anos de 1998 e 2008, o nmero total de homicdios registrados pelo Sistema de
Informao sobre Mortalidade no Brasil passou de 41.950 para 50.113, o que representa um aumento de 17,8%. Exceto o Sudeste,
todas as regies demonstraram ritmo de crescimento elevado, com destaque nas regies Norte e Nordeste (WAISELFISZ, 2011). J de
acordo com os dados do Sistema de Informao sobre Mortalidade 1980/2005, do Ministrio da sade, tomando-se as Regies, nota-se
que o Norte, o Nordeste e o Sul tiveram um aumento expressivoem suas taxas de mortalidade de jovens por homicdio.
nesse contexto que se torna imperativo o desenvolvimento de estratgias que minimizem ou combatam a violncia em nossa
sociedade.
A Organizao das Naes Unidas (ONU), em 1990, traz como estratgia poltica para transformar a realidade social a Cultura de Paz,
que surge como iniciativa, em longo prazo, para disseminar ideologias e estratgias que visam a formao de sujeitos mais sol idrios e
comprometidos com o bem-estar da humanidade e do planeta. Tem como princpios respeitar a vida; rejeitar a violncia; ser generoso;
ouvir para compreender; preservar o planeta e redescobrir a solidariedade (BRASIL, 2009; DISKIN, 2002).
A Cultura de Paz estabelece-se como smbolo de respeito aos direitos humanos e configura-se com terreno frtil para assegurar os
valores fundamentais da vida democrtica, como a igualdade e a justia social (DISKIN, 2002).
O interesse pelo estudo surgiu mediante incmodo relativo violncia vivenciado e expressado diariamente pela comunidade do
territrio de atuao profissional, assim como pelos funcionrios do prprio de um Centro de Sade da Famlia (CSF) do municpio de
Sobral, Cear.
Logo, o trabalho teve como objetivo relatar uma experincia de atividade de educao em sade para alunos de uma escola
pblica do municpio de Sobral, Cear.
Metodologia
Este estudo um relato de experincia de natureza qualitativa, de interveno realizada em uma escola pblica do municpio de Sobral,
pertencente ao territrio adscrito de um Centro de sade da Familia de atuao dos profissionais residentes. Uma equipe
multiprofissional vinculada a Residncia Multiprofissional em Sade da Famlia e de Sade Mental.
Nesse contexto, Medeiros (1997) afirma que esse tipo de estudo experincia a descrio, de maneira mais informal, e sem o r igor
exigido na apresentao de resultados de pesquisa, que se incorpora no texto e d, muitas vezes, mais vida e significado para leitura do
que se fosse apenas um texto analtico.
Foi desenvolvida uma ao educativa com alunos de uma escola publica de ensino fundamental do municpio citado. Participou do
momento um total de 35 crianas na faixa etria de 7 a 11 anos de idade nos turnos da manh e tarde.
Para a interveno houve um momento de planejamento entre os profissionais envolvidos. Um segundo momento de sensibilizao da
escola e dos professores e o terceiro momento a execuo da atividade.
A ao contou com quatro etapas. Na primeira, realizou-se uma dinmica com o objetivo de ressaltar a importncia da unio entre os
colegas, alm de oportunizar o inicio do estabelecimento de vnculo com os alunos. A segunda consistiu na expresso em desenhos
e/ou escrita o que entendem sobre a paz utilizando ptalas de rosas feitas de cartolina. A terceira etapa foi jogo da solidariedade, onde
as crianas foram divididas em grupos e simularam aes envolvendo a solidariedade, respeito, generosidade e atitudes com valores
humanos. Na quarta etapa ocorreu roda de conversas sobre as cenas por eles apresentadas e uma roda de conversa para ouvir a
opinio das crianas sobre o momento.
Resultados e Discusso
Quando a cultura, em seus diversos aspectos econmicos, polticos, sociais, emocionais, morais etc, mantm seus valores de violncia,
dominao e conflito, a paz se torna apenas o intervalo entre guerras. (MILANI, 2003). Assim, precisamos reverter atitudes de violncia,
em especial nas crianas e na escola.
Na primeira etapa, j percebeu-se a abertura dos alunos para a temtica e percepo de importncia da cultura de paz em seu cotidiano
escolar e familiar. Para Chrispino e Dusi (2008) a escola o espao que a sociedade acredita ser o ideal para reproduzir seus valores
tidos como importantes para sua manuteno. Ocorre que a prpria famlia, em crise e em transformao como outras instituies
sociais contemporneas, passou a delegar escola funes educativas que historicamente eram de sua prpria responsabilidade, o que
acarretou uma mudana no perfil de comportamento do aluno. Por outro lado, a massificao da educao trouxe para dentro do
universo escolar um conjunto diferente de alunos, sendo certo que a escola atual da maneira como est organizada e da maneira como
foram formados os professores, s est preparada para lidar com alunos de formato padro e perfil ideal.
Com isso percebe-se que a escola precisa estar mais preparada para as mudanas sciais que aconteceram nas relaes
estabelecidas entre os seres humanos e entre eles e o meio em que vivem. Para isso, ela precisa de apoio e o setor sade deve dar
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subsdios para o desenvolvimento da educao, no em uma perspectiva paternal de fornecer a escola todas as suas necessidades,
mas de conseguir construir, coletivamente, a melhor alternativa para ambos os setores desenvolverem-se e acompanhar as mudanas
da sociedade contempornea.
No segundo momento, os alunos desenharam figuras e imagens que remetiam a cultura de paz. Ficou visvel o entendimento dos
alunos sobre os aspectos que envolviam a Cultura de Paz, o que traz uma perspectiva esperanosa em relao a conduta desses
futuros adultos disseminadores de praticas solidarias e amorosas entre os seres humanos e o meio em que vivem. Identificou-se a
presena de temas relacionados Cultura de Paz nos desenhos, escritos e falas, demonstrando a correta compreenso da paz. As
simulaes deu consistncia s palavras explanadas e estabeleceu-se a aproximao entre o que se fala e as atitudes necessrias para
a construo da Cultura de Paz. Construir uma Cultura de Paz promover as transformaes necessrias e indispensveis para que a
paz seja o princpio governante de todas relaes humanas e sociais.
No terceiro momento, houve o jogo da solidariedade que consiste em um jogo cooperativo, apontado por Brotto (2001) como
ferramenta para desenvolver habilidades interpessoais positivas, onde no h vencedores e perdedores, mas sim a vitria de todos que
conseguiram desenvolver a melhor parceria para atingir o objetivo em comum. Para Cortez (1999), os jogos cooperativos so um
caminho para a promoo da convivncia e do bem-estar comum. Com isso, so uma ferramenta facilitadora para o incentivo pratico da
Cultura de Paz, possibilitando aos participantes desses jogos sentimentos de colaborao, crescimento coletivo e respeito ao prximo.
No quarto momento, houve uma roda de conversa sobre o tema discutido. Percebeu-se a boa adeso dos alunos sobre aspectos
da Cultura de Paz, possibilitando a disseminao de praticas solidrias e de conceitos pouco dialogados no cotidiano das praticas
educacionais por dificuldades diversas na construo de dilogos afetuosos e verdadeiros na atualidade. Por fim, os alunos avaliaram
como prazerosos e importantes as vivncias relacionadas Cultura de Paz.
Concluso
Com a atividade vivenciada considerou-se as trocas de saberes, durante as aes educativas, primordiais para ingressar rumo a uma
perspectiva ampliada de promoo da sade, pautada na viso holstica do ser humano e integrada do sujeito em sociedade. H,
portanto, a necessidade da continuidade das intervenes no territrio de atuao bem como o compartilhamento das experincias
entre a comunidade cientfica quanto Cultura de Paz. Com isso, possibilitamos a conversa de temas que envolvem praticas humanas
amorosas e que desencadeiam atitudes de compaixo e solidariedade e que podem repercutir em mudanas scias significativas
futuramente. Promover uma Cultura de Paz depende de vrios fatores e esforos paralelos. Entre eles est educar-nos e tambm
educar uns aos outros para a paz.
Referncias
BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos. O jogo e o esporte como um exerccio de convivncia. Santos: Projeto Cooperao, 2001.
BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Ateno Sade. Departamento de Ateno Bsica. Por uma cultura da paz, a promoo
da sade e a preveno da violncia. Braslia: Ministrio da Sade, 2009.
CHRISPINO, A. DUSI, M.L.H.M. Uma proposta de modelagem de poltica pblica para a reduo da violncia escolar e
promoo da Cultura da Paz. Ensaio: aval. pol. pbl. Educ., Rio de Janeiro, v. 16, n. 61, p. 597-624, 2008.
CORTEZ, Renata. Sonhando com a magia dos jogos cooperativos na escola. 1999 (Mestrado em Cincias da Motricidade) -
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13
Educao, a Cincia e a Cultura, 2006. Disponvel em: . Acesso em: 30 Jul. 2014.
RELATO DE EXPERINCIA: AMPLIANDO O CUIDADO AOS HIPERTENSOS E DIABTICOS EM UM CENTRO DE SADE DA
FAMLIA (CSF) NA CIDADE DE SOBRAL/CEAR
Rosa Renata Arajo Dias - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde de Saboia rr.araujodias5@gmail.com
Aline Albuquerque Marques - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde de Saboia
Andressa Lima Ramos - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde de Saboia
Camila de Sousa Vidal - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde de Saboia
Isadora Magalhes Macedo Ramos - Escola de Formao em Sade da Famlia Visconde de Saboia
Francisco Gilmrio Rebouas Junior Escola de Formao em Sade da Famlia / Universidade Federal do Cear
gilmariojr@gmail.com
Palavras-chave:Inserir at cinco palavras-chave, separadas por ponto.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo descrever, atravs de um relato de experincia, a experincia vivenciada por uma equipe
multiprofissional de residentes em sade da famlia no processo de cuidado s pessoas hipertensas e/ou diabticas a partir da insero
no processo de trabalho da Estratgia de Sade da Famlia (ESF). Desse modo, surge uma proposta de cuidado ampliado voltado para
esse pblico com a compreenso da importncia de conhec-los para entender melhor seu contexto de vida, primeiramente, atravs da
realizao de visitas domiciliares junto as ACSs. Buscamos tambm identificar pessoas com hipertenso e/ou diabetes durante
acolhimento multiprofissional do CSF, atentando para saber do contexto familiar, sem focar na doena, e sim na realidade de vida dos
usurios, tendo como intuito a criao de uma linha de cuidado mais efetiva e o incentivo ao autocuidado. Aps essas vivncias, surgiu
a necessidade de criar estratgias de cuidado, atravs de educao em sade nos dias de atendimento aos hipertensos e diabticos,
abordagens nos grupos existentes no CSF, compartilhamento de casos, interconsultas e aplicao de questionrios semiestruturado
para ser utilizado nas visitas para conhecer o contexto histrico dos usurios e identificar os interessados em participar de grupos. A
partir disso, foi perceptvel a variedade de abordagens no cuidado ao hipertenso e diabtico, sendo possvel realizar um trabalho com
linhas de cuidado considerando a realidade de cada usurio, perceber os diversos fatores que influenciam na adeso do tratamento,
mostrando a grande necessidade de um olhar multiprofissional nesse processo.
Introduo
Em maro de 2014 formou-se em Sobral a XI turma de Residentes Multiprofissionais em Sade da Famlia, os quais foram alocados nos
CSF do Municpio de Sobral a fim de desenvolverem atividades multiprofissionais, articulando a teoria com a prtica, com uma carga
horria prtica de quarenta horas semanais.
A Residncia Multiprofissional em Sade da Famlia (RMSF) consiste na formao de profissionais de sade de diversas categorias,
para desempenharem suas atividades profissionais na Ateno Primria Sade. Afirma-se como importante instrumento de
aperfeioamento do modelo de ateno sade do SUS e de garantia da qualidade de formao dos profissionais, ampliando as
possibilidades de promoo da sade atravs da incluso de equipes multiprofissionais na Estratgia Sade da Famlia (ESF)
(MARTINS JUNIOR et al., 2008).
Desse modo, sabemos que a hipertenso e diabetes so doenas que fazem parte da realidade de vrias comunidades, e pensando
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nisso resolvemos planejar atividades que visem sensibilizao e educao em sade voltada para uma mudana no estilo de vida
dessas pessoas, para que assim consigamos proporcionar um aumento a qualidade de vida dessa populao. Quanto a esse assunto,
Kluthcovsky (2009) diz que a avaliao e acompanhamento dos ndices de qualidade de vida tm sua utilidade no planejamento de
estratgias de interveno, pois fornece informaes importantes sobre o usurio, permitindo identificar suas prioridades e subsidiar aos
programas de sade para que implementem aes efetivas e, assim, proporcionem melhor qualidade de vida para os usurios na
ateno primria sade.
Durante o planejamento desta interveno pensamos inicialmente em realizar grupos, porm, vimos que somente essa linha de cuidado
no seria suficiente para dar conta de todos os hipertensos e diabticos acompanhados pelo Centro de Sade da Famlia (CSF). Assim,
decidimos traar tambm outras formas de ateno que no sejam apenas grupos, como PTS, interconsultas, visitas domiciliares,
parcerias com outras instituies, dentre outros.
Considerando que o Programa das doenas crnicas se caracteriza como aes de fundamental importncia nos territrios, desde o
ano de 2006, o Brasil passou a focar mais essas doenas, a partir de novas polticas que ampliaram a preocupao tradicional com o
cuidado mdico para aes de preveno, promoo da sade e ao intersetorial, aps aprovao de uma ampla poltica de promoo
de sade, que incluiu uma srie de aes em educao em sade, monitoramento de doenas e de fatores de risco e fornecimento de
ateno centrada em dietas saudveis, atividade fsica, reduo do tabagismo e do uso prejudicial de lcool (FORTIN, 2006).
O modelo de ateno proposto pelo Ministrio da Sade, atravs do Plano de Reorganizao da Ateno Hipertenso Arterial
Sistmica e ao Diabetes Mellittus, reconhece e admite a importncia da Ateno Bsica na promoo de sade dos sujeitos com esses
agravos. Desse modo, o Programa HIPERDIA prope aes que vo alm da conduta biomdica, fortalecendo o vnculo entre os
profissionais de sade, cuidadores e paciente, promovendo educao em sade, detectando os assintomticos e realizando um
acompanhamento do tratamento, visando uma abordagem mais ampliada que inclui o contexto social/local do indivduo no processo
sade-doena (SOUZA & GARNELLO, 2008).
Faz-se necessrio refletir um pouco sobre as aes que esto sendo realizadas no territrio que contemplam o cuidado s pessoas com
hipertenso e diabetes, pois observamos que o referido Programa no ocorre como proposto, sendo a renovao de receitas a ao
que mais predomina em detrimento das outras. Diante disso, propomos intervenes que ampliem a linha de cuidado a estes sujei tos,
no intuito de desenvolver atitudes de corresponsabilidade e sensibiliz-los para mudana de hbitos que visem promoo da sade.
Nesse contexto, este artigo tem como objetivo descrever experincia vivenciada por uma equipe de residentes em sade da faml ia no
processo de cuidado s pessoas hipertensas e/ou diabticas a partir da insero no processo de trabalho da Estratgia de Sade da
Famlia (ESF).
Metodologia
Este estudo consiste em um relato de experincia de uma proposta de cuidado ampliado voltado a pessoas com hipertenso e/ou
diabetes mellitus, vivenciado por residentes da XI turma de Residncia Multiprofissional em Sade da Famlia da Escola de Sade da
Famlia Visconde de Saboia, ingressos em maro de 2014.
No municpio de Sobral-CE, a Estratgia Sade da Famlia conta com 56 equipes distribudas em 31 Centros de Sade da Famlia
(CSF), sendo 18 na sede e 13 nos distritos, possuindo tambm seis Ncleos de Apoio Sade da Famlia (NASF). O municpio conta
com uma cobertura assistencial de 78% da populao, o que equivale a 214.206 pessoas acompanhadas. Os Centros de Sade da
Famlia funcionam diariamente no horrio de 07:00h s 11:00h e 13:00h s 17:00h (FONTE: SIAB).
As macroreas de sade so compostas por CSF da sede e distritos com uma mdia de 16 equipes de Sade da Famlia cada uma. A
diviso dos CSF nas macroreas respeita caractersticas semelhantes entre si, como quantidade de equipes de sade da famlia,
geografia, condies socioeconmicas do territrio e da populao, entre outras. O Alto da Braslia compe a macrorea 5, com mais 4
bairros. Atualmente Sobral tem com IDH de 0,714 e o segundo municpio mais desenvolvido do estado do Cear, atrs apenas de
Fortaleza.
De acordo com o SIAB (2014) em Sobral existem 5.174 Diabticos cadastrados e 4.747 acompanhados; e 14.026 Hipertensos
cadastrados e 12.473 acompanhados. O CSF do Alto da Braslia tem 128 diabticos e 358 hipertensos acompanhados (SIAB, 2014).
Resultados e Discusso
Em funo da complexidade de cada territrio, aliada necessidade inerente de conhecimento da rea de atuao da ESF, tornou-se
necessrio passar por um processo de territorializao, de forma a configurar-se como tecnologia fundamental para conhecimento,
insero, e posterior atuao dos residentes em parceria com as equipes locais de sade da famlia.
A partir dessas consideraes evidenciou-se a necessidade da equipe conhecer bem a histria das pessoas que moram no seu territrio
de abrangncia, contando com olhar das agentes comunitrios de sade (ACSs), levantando os aspectos que influenciam e definem os
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tipos de aes que precisam ser desenvolvidas, e de que forma podem ser operacionalizadas.
A partir disso percebeu-se a necessidade de estabelecer estratgias efetivas de cuidado aos hipertensos e diabticos da rea do Centro
de Sade (CSF) do Alto da Braslia. Pensando na necessidade de cuidado multiprofissional a esses usurios, compreendemos a
necessidade de uma atividade grupal, reforada pelas falas de alguns ACSs, visto que anteriormente existia um grupo de hipertensos e
diabticos facilitado pelos residentes da turma X, porm, com a sada dos mesmos, o grupo se extinguiu, o que demostrou a ausncia
colaboradores da equipe de sade que desse continuidade com as atividades.
A atividade grupal compreende um conjunto de pessoas com problemas similares que se renem para a troca de experincias e
conhecimentos e aquisio de novas habilidades de superao, na busca de melhores condies de sade para seus membros,
visando o resgate da autonomia (SOARES et al., 2009).
Na tentativa de rearticular o grupo elaboramos uma proposta de interveno onde foi criado um cronograma de aes que tinham como
intuito a reorganizao do grupo. A ideia foi levada a gerente com as seguintes propostas: reunies com a equipe de sade da unidade
para planejamento dos encontros de abordagem grupal com frequncia quinzenal que ocorreriam a partir do levantamento de propostas
levantadas pelos prprios usurios, sem delimitaes de tempo para insero do grupo.
Aps conversa com a gerente, foram levantadas possibilidades de fracasso do grupo, devido insucesso com experincias anteriores,
surgindo algumas sugestes, como a realizao de um prvio questionrio que buscasse saber o interesse dos usurios na participao
do grupo, devendo este ser entregue pelas as ACS; outra proposta era que os encontros acontecessem trimestralmente, no momento
de renovao de receitas e entrega de medicamentos, e que fosse dividido de acordo com as reas de abrangncias das equipes
bsicas e da enfermeira residente.
Posteriormente, conversamos com o tutor do territrio, levando todos os pontos que foram abordados e discutidos com a gerente, assim
como a proposta inicial. Nesse momento foram levantadas discusses sobre a linha de cuidado em doenas crnicas, diretrizes do
cuidado com doenas crnicas e o acolhimento multiprofissional do hipertenso e diabtico.
A tutoria fez alguns questionamentos relacionados ao grupo, levando em considerao a grande quantidade de hipertensos e diabticos
do territrio e se o grupo seria efetivo frente a essa demanda. A partir dessa reflexo, avaliamos se realmente a proposta grupal seria a
melhor forma de interveno mediante esse pblico, chegando a ponderaes que nos levaram a mudanas quanto nossa
abordagem.
Na Linha do cuidado expressa os fluxos assistenciais garantidos ao usurio, no sentido de atender s suas necessidades de sade,
desenhando o itinerrio que o usurio faz por dentro de uma rede de sade, incluindo segmentos no necessariamente inseridos no
sistema de sade, mas que participam de alguma forma da rede, reconhecendo que os gestores dos servios podem pactuar fluxos,
reorganizando o processo de trabalho, afim de facilitar o acesso do usurio s Unidades e Servios aos quais necessita (FRANCO;
FRANCO s/d).
Pensando numa abordagem mais ampliada, compreendemos a importncia de conhecer esses hipertensos e diabticos para
compreender seu contexto de vida, atravs da realizao de visitas domiciliares junto as ACSs. Inseridos nesse contexto, foi possvel
perceber as particularidades dos indivduos, ressaltando ainda os diferentes contextos scio-familiares, tendo a hipertenso e a diabetes
como nico ponto convergncia entre as histrias de vida das mesmas.
Destacamos aqui a importncia da equipe multiprofissional no cuidado ao pblico e ampliao do olhar sobre a hipertenso e diabetes
como um dos pontos centrais do trabalho. Compreender a necessidade de outros profissionais nesse processo um ganho para a
equipe, ultrapassando os protocolos formais do Sistema de Sade, que limitam o cuidado a determinados profissionais. Assim, o
potencial do trabalho multiprofissional no exerccio da integralidade do cuidado em sade com a contribuio de outros olhares
profissionais torna possvel com que os profissionais envolvidos avancem diante da complexidade dos casos (REBOUAS JNIOR et
al., 2014).
Buscamos tambm identificar pessoas com hipertenso e/ou diabetes durante acolhimento multiprofissional do CSF, atentando para
conhecer o contexto familiar, sem focar na doena, e sim na realidade de vida dos usurios, tendo como intuito a criao de uma linha
de cuidado mais efetiva e o incentivo ao autocuidado. Esse momento era oportuno para a pactuao de metas a serem alcanadas e
marcao de retorno mensal para avaliao do alcance dessas metas, assim como para renovao de receita (SILVA et al., 2007).
Ressalta-se que o contexto familiar e social tem forte influncia na forma como as pessoas lidam com a doena e o quanto o apoio dos
familiares importante para que as mesmas possam aderir de forma efetiva o tratamento, sendo que a falta desse auxilio e os diversos
problemas em casa tendem a deixar o usurio com maior dificuldade em compreender a necessidade das medicaes, assim, como
algumas mudanas de hbitos, pois na maioria dos casos visitados era o contexto familiar a principal causa do adoecimento, fazendo da
doena algo secundrio frente complexidade dos conflitos familiares.
Aps essas vivncias, surgiu a necessidade de criar estratgias de cuidado, atravs de educao em sade nos dias de atendimento
aos hipertensos e diabticos, abordagens nos grupos existentes no CSF, compartilhamento de casos, interconsultas e aplicao de
questionrios semiestruturado para ser utilizado nas visitas para conhecer o contexto histrico dos usurios e identificar os interessados
em participar de grupos.
No entanto, nossa interveno ainda esta no incio para possveis adaptaes sempre que houver necessidade, assim como se deu no
incio da atividade, onde se pensou em uma proposta de grupo, mas que aps o contato com o pblico e a equipe de sade, observou a
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necessidade de mudana, havendo uma reorganizao das intervenes.
Concluso
A partir dessa experincia, foi perceptvel a variedade de abordagens no cuidado ao hipertenso e diabtico, sendo possvel realizar um
trabalho com linhas de cuidado considerando a realidade de cada usurio, perceber os diversos fatores que influenciam na adeso do
tratamento, mostrando a grande necessidade de um olhar multiprofissional nesse processo, o qual se constitui em constante construo
e reorganizao, se necessrio, no possuindo carter fechado em uma s abordagem. Destacamos tambm, que esta construo
mostra-se relevante para a atuao dentro da Estratgia de Sade da Famlia, bem como para o processo de formao em que as
profissionais Residentes esto inseridas.
Assim, foi notria a relevncia da atuao do profissional de sade no processo de construo de uma linha de cuidado, trabalhando
com olhar amplo para identificar as fragilidades e potencialidades do usurio no intuito de sensibiliz-lo para prtica do autocuidado e
corresponsabilizao.
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RELATO DE EXPERINCIA EM UM GRUPO DE IDOSOS ASSISTIDOS POR UMA EQUIPE DE RESIDNCIA MULTIPROFISSIONAL
EM SADE DA FAMLIA.
Lidiane Medeiros Melo Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas. lidimm@hotmail.com
Marlia Gabriela Vieira Macdo Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas
Cyntia Mrcia da Silva Toledo Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas
Luisa Macedo Cavalcante Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas
Emanuele Sarmento Vasconcelos Silva Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas
Maria Helena Rosa da Silva Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas
Palavras-chave: Promoo sade. Idosos. Qualidade de vida. Sade da famlia.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo relatar experincias desenvolvidas por meio da promoo de sade e preveno de agravos em
um grupo de idosos. Visando a melhoria da qualidade de vida por meio da integralidade da ateno, participao social e ampliao da
autonomia. Trata-se de um relato de experincia descritivo de aes que vem sendo desenvolvidas em uma determinada comunidade
em situao de vulnerabilidade social. Durante o andamento das aes, foi possvel identificar o fortalecimento da participao social, a
formao de vnculos entre os usurios e a equipe multiprofissional, assim como entre elas. Alm disso, foi possvel observar
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modificaes de hbitos de vida, autoestima, o sentimento de pertencer a um grupo e a ampliao da autonomia, bem como, relatos
verbais referentes melhoria da qualidade de vida e bem estar.
Introduo
Em suas pesquisas, Fechine e Trompiere, 2011 identificam que o ser humano como um todo, sempre se preocupou com o
envelhecimento. Havendo diversas formas para seu enfrentamento. Nos quais alguns autores o caracterizaram como uma diminuio
geral das capacidades de vida diria, enquanto outros o consideram como um perodo de crescente vulnerabilidade e de cada vez maior
dependncia no mbito familiar. Em contrapartida, estudos apontam a velhice como o ponto mais alto da sabedoria, bom senso e
serenidade. Todas estas atitudes so consideradas verdades, no entanto, nenhuma delas est caracterizada como verdade total. Desta
forma, o envelhecimento e a qualidade de vida dos idosos tem sido motivo de discusses pelos aspectos que ela envolve e inter fere
(Civinski, Montibeller e Braz, 2011).
Um fato importante para a valorizao da sade deste grupo foi a criao da Poltica Nacional de Promoo da Sade (2006), que
possui dentre seus objetivos a promoo de qualidade de vida e a reduo da vulnerabilidade e riscos sade relacionados aos seus
determinantes e condicionantes, proporcionando a ampliao da autonomia e a corresponsabilidade dos sujeitos, Busca valorizar e
otimizar o uso dos espaos pblicos de convivncia e de produo de sade para o desenvolvimento das aes de promoo da sade.
A poltica tambm regulamenta a oferta de prticas corporais como caminhadas, prticas ldicas, esportivas e de lazer voltadas tanto
para comunidade como para grupos vulnerveis.
Partindo do ponto de vista gerontolgico, Arajo, 2007 considera a promoo da sade como sendo convergente com a promoo do
envelhecimento ativo, que caracterizado pela experincia positiva de longevidade com preservao de capacidades e do potencial de
desenvolvimento do indivduo.
O presente estudo teve como objetivo relatar experincias desenvolvidas por meio da promoo da sade e preveno de agravos em
um grupo de idosos. Visando a melhoria da qualidade de vida por meio da integralidade da ateno, a participao social e ampliao
da autonomia.
Metodologia
Trata-se de um relato de experincia descritivo de aes que vem sendo desenvolvidas em um grupo de idosos inseridos em uma
determinada comunidade em situao de vulnerabilidade social. Tais aes so desenvolvidas e idealizadas por uma equipe
multiprofissional composta por 8 profissionais de 5 categorias diferentes (Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrio,
Psicologia e Terapia Ocupacional) que atuam de forma interdisciplinar.
Para incio dos trabalhos, foi realizado processo de territorializao, no qual houve articulao com o presidente da colnia dos
pescadores, que fica localizada em uma rua principal da comunidade. Foram disponibilizados alguns espaos da colnia para o
desenvolvimento das aes propostas pela Residncia Multiprofissional em Sade da Famlia.
As atividades so programadas para acontecer duas vezes por semana, com durao mdia de duas horas. So trabalhadas diversas
temticas relacionadas promoo da sade e a preveno de agravos por meio da confeco de recursos educativos, construo de
rodas de conversa e dinmicas de grupo. Tambm so desenvolvidos dias de lazer e prticas corporais envolvendo o trabalho e o
estmulo de habilidades cognitivas por meio da utilizao de materiais reciclveis e de baixo custo, alm da msica. O grupo iniciado
com uma atividade de caminhada, com percurso mdio de 30 minutos pelas ruas da comunidade. Participam do grupo em mdia 15
mulheres com idades que variam entre 50 a 80 anos.
Resultados e Discusso
As aes de promoo da sade e preveno de agravos desenvolvidos com foco na ateno sade dos idosos partiram da
perspectiva do envelhecimento ativo, que segundo a Organizao Pan-Americana da Sade se constitui em um processo de otimizao
das oportunidades de sade, participao e segurana, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida medida que as pessoas ficam
mais velhas, visto que, na terceira idade as atividades sociais constituem aberturas para o estabelecimento de novos meios de
comunicao entre as pessoas, alm disso, a insero de idosos em trabalhos de grupo tem se mostrado importante na
construo/manuteno do crculo de amizade e insero no meio social ( Geis et al, apud Victor 2007).
Tendo em vista que durante o processo de territorializao foi constatado, por meio da coleta de dados no Sistema de Informao da
Ateno Bsica SIAB 2011, em secretarias e rgos pblicos do municpio e atravs da aplicao de questionrio na comunidade e
na equipe de sade, o elevado ndice de sedentarismo entre os idosos, a alta prevalncia de doenas e agravos no transmissveis, a
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carncia de aes preventivas e de promoo de sade, a ausncia de espaos de convivncia, a alta prevalncia de aposentados e
pouco vnculo entre os moradores da comunidade.
A partir das constataes houve o planejamento de atividades para o grupo entre a equipe de residentes, os profissionais de sade da
Unidade de Sade da Famlia e lderes comunitrios. Por meio de reunies e construo de espaos para a discusso das
necessidades da comunidade foi possvel criao de estratgias que buscam garantir a promoo da sade efetiva. Para o incio das
atividades e captao do pblico alvo, houve busca ativa durante duas semanas, esta foi orientada pelos agentes comunitrios de
sade e acontecia atravs da distribuio de panfletos e convite verbal em cada domiclio.
Durante o andamento das aes foi possvel identificar o fortalecimento da participao social, a formao de vnculos entre as usurias
e a equipe multiprofissional, assim como entre elas. Alm disso, por meio de relatos das prprias usurias foi possvel observar
modificaes de hbitos de vida, autoestima, o sentimento de pertencer a um grupo e a ampliao da autonomia, bem como relatos
verbais referentes melhoria na qualidade de vida e bem estar. Trazendo um retorno positivo quanto eficcia das aes
desenvolvidas. Tais resultados foram corroborados no estudo de Victor et al, 2007, onde houve relatos de idosos afirmando a
importncia do grupo em suas vidas e as melhorias fsicas, mentais e sociais que o mesmo proporcionou.
Concluso
As aes desenvolvidas no grupo de idosos tm proporcionado diversos benefcios aos usurios, dentre eles, fisiolgicos, psquicos e
socioculturais. Por meio dessas aes possvel observar uma prtica em consolidao com a Ateno Bsica. Desta forma,
contribuindo com a melhoria da qualidade de vida dos idosos assistidos, com base na clnica ampliada e por meio da articulao e
atuao interdisciplinar. De modo que, torna-se possvel o desenvolvimento efetivo da promoo da sade e preveno de agravos.
Referncias
ARAJO, A. L. Relato de Experincia de um programa de ateno sade da pessoa idosa no municpio de Fortaleza. Fortaleza,
2007.
BRASIL. MINISTRIO DA SADE. Sistema de Informao a Ateno Bsica SIAB. 2013. Disponvel em:
http://www2.datasus.gov.br/SIAB/index.php?area=01.
BRASLIA. Organizao pan-americana de sade. Envelhecimento ativo: Uma poltica de sade. World Health Organization;2005.
CIVINSK, C. MONTIBELLER, A. BRAZ, A. L. O. A importncia do envelhecimento. Revista da Unifebe (Online) 2011; 9(jan/jun):163-
175.
FECHINE, B. R. A. TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: As principais alteraes que acontecem com o idoso com o passar
dos anos. Revista Cientfica Internacional. Ed 20, vol. 1, art , 2012.
GEIS, P. P. RUBI, M. C. Movimientocreativo com personas mayores: recursos prticos para montar tussesiones. Lisboa: Paidotribo,
2011.
Poltica Nacional de Promoo da Sade / Ministrio da Sade, Secretaria de Vigilncia em Sade,
Revista da Unifebe(Online) 2011; 9(jan/jun):163-17. Secretaria de Ateno Sade. 3. ed. Braslia : Ministrio da Sade, 2010.
VICTORL, J. F. VASCONCELOS, F. F. ARAJO, A. R. XIMENES, L. B. ARAJO, T. L. Grupo feliz idade: cuidao de enfermagem para a
promoo da sade na terceira idade. Ver. Esc. Enferm. USP 2007; 41(4):724-30. 724.
Agradecimentos
de suma importncia agradecer a credibilidade e a confiana depositadas em ns residentes pelas senhoras participantes do nosso
grupo Bem Estar. Pois sem elas nenhuma de nossas aes teriam sido vlidas. Agradecemos ao presidente da colnia dos
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pescadores pela articulao eficaz. A nossa equipe multiprofissional de residentes que vem caminhado na perspectiva da educao
permanente e luta por prticas consolidadas na ateno bsica, aos agentes comunitrios de sade, pela mobilizao dos usurios e
disponibilidade. Aos nossos familiares, professores e preceptores, pela orientao e incentivo no decorrer desta trilha a ser seguida.
RELATO DE EXPERINCIA: INCLUSO DA TEMTICA CIDADANIA NAS AES DA RESIDNCIA MULTIPROFISSIONAL EM
SADE DA FAMLIA DE MACEI-AL.
Juliana Ferreira Lopes Universidade Estadual de Cincias da Sade de Alagoas(UNCISAL)- To.julianalopes@gmail.com
Luisa Macedo Cavalcante- UNCISAL.
Maria Rafaela Moraes - UNCISAL
Marlia Gabriela Vieira Macdo- UNCISAL
Claudinete Melo dos Santos UNCISAL
Maria Helena Rosa da Silva - UNCISAL
Palavras-chave: Assistncia a Sade. Sistema nico de Sade. Estratgia Sade da Famlia.
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Resumo
A busca pela participao popular passou por um longo processo histrico, de forma que atualmente para o seu pleno alcance deve-se
e pode abarcar a promoo e a eficcia social dos direitos fundamentais da pessoa humana, tendo em vista os pilares democrticos do
Estado de Direito sobre os quais a sociedade e seus sujeitos se aliceram para que possam viver dignamente. O presente trabalho
trata-se de um relato de experincia ,do tipo descritivo, por residentes multiprofissionais atuantes em uma comunidade de grande
vulnerabilidade e desigualdade social onde se percebeu a necessidade da discusso da temtica cidadania nos grupos desenvolv idos
pelas profissionais. Utilizou-se de diferentes metodologias para a aplicao da discusso nos grupos de homens e adolescentes e na da
sala de espera da Unidade de Sade da Famlia. Observou-se que, mesmo sendo uma temtica que por muitos de pleno
esclarecimento, nos grupos trabalhados constatou-se que os participantes no a compreendiam ou esqueceram-na; sendo o tema
remetido apenas ao processo de voto. As abordagens utilizadas facilitaram a discusso horizontalizada e interativa por parte dos
participantes contribuindo para o fomento da reflexo de se reconhecer e fazer valer os seus direitos e deveres como cidado.
Introduo
As residncias multiprofissionais em sade e em rea profissional da sade existem desde 1975 e foram regulamentadas em 2005, com
a Lei n 11.129.A residncia trata-se de uma cooperao entre os Ministrios da Sade e da Educao concebida para favorecer a insero
qualificada de profissionais da sade no SUS e, particularmente, em reas prioritrias (Resoluo CNS n 287/1998).
Tendo em vista o espao da residncia em colaborao aos servios do Sistema nico de Sade (SUS), cabe aos residentes da Sade
da Famlia uma atuao em apoio s atividades da Estratgia em Sade da Famlia (ESF) por meio do empoderamento, prticas e
aes socializantes dentro da comunidade atravs da conscientizao de sua cidadania, seus direitos e deveres que pouco so
discutidos e relembrados num contexto de vulnerabilidade social o qual esto inseridos.
Ressalta-se que a formao universitria dos profissionais de sade venha a ser voltada para a atuao integrada, visto que preciso o
desenvolvimento de competncias especficas para uma adequada performance profissional, alm da sua capacidade de avaliar,
criticar, interagir, integrar e reformular as prticas profissionais na comunidade considerando a diversidade dos indivduos e
coletividades. Com isso, busca-se dar nfase aos preceitos ticos, tcnicos, polticos e ambientais que revelem o respeito diversidade
e ao enfoque da Sade Coletiva (Guimares e Silva , 2010).
importante lembrar a que a origem da cidadania se atribui poca da Grcia antiga, cuja polis era composta de homens livres com
participao poltica numa emergente democracia, na qual cidado era o indivduo morador da cidade e participante ativo dos tratados e
de decises polticas da polis. No entanto, s aps a 2 guerra mundial, com a Declarao Universal dos Direitos Humanos, instituda
pelas Naes Unidas (ONU) em 1948, que todos os indivduos foram considerados livres e iguais em dignidade e direitos parte de
qualquer tipo de excluso social ou cultural (ARREAZA, 2014).
No Brasil, a Reforma Sanitria, veio justamente na esteira de movimentos sociais da dcada de setenta que articulou, entre outras
dimenses, a ideia de igualdade de direitos em termos de acesso a bens materiais e sociais mediante a constituio da sade como
suporte social. Nesse sentido, o trabalho na sade passou a constituir-se como uma instncia de utilidade social no que tangia s
transformaes biopolticas voltadas para a cidadania, e no apenas controle epidmico e endmico (BERNARDES, PELLICCIOLI,
GUARESCHI, 2010).
Desse modo, o trabalho na sade passou a se inscrever como uma dimenso das polticas da vida voltadas para a garantia, pelo
Estado, de condies dignas de vida e de acesso universal e igualitrio s aes e servios de promoo, proteo e recuperao da
sade, em todos os seus nveis, a todos os habitantes do territrio nacional, levando ao desenvolvimento pleno do ser humano em sua
individualidade (Presidncia da Repblica Federativa do Brasil, 2005).
Nessa esteira histrica e poltica, o conceito de cidadania apresenta-se hoje muito mais abrangente do que a simples traduo do direito
de votar e ser votado, atualizando-se na efetiva participao dos sujeitos nos rumos da vida em sociedade e reconhecendo, inclusive,
autonomias e diferenas culturais do seu povo para emancipar-se. Portanto, a cidadania plena deve e pode abarcar a promoo e a
eficcia social dos direitos fundamentais da pessoa humana, tendo em vista os pilares democrticos do Estado de Direito sobre os quais
a sociedade e seus sujeitos se aliceram para que possam viver dignamente(HENRIQUES, 2011).
A definio da sade como resultado dos modos de organizao social da produo, como efeito da composio de mltiplos fatores,
exige que o Estado assuma a responsabilidade por uma poltica de sade integrada s demais polticas sociais e econmicas e garanta
a sua efetivao por condies de vida mais dignas e pelo exerccio pleno da cidadania (CAMPOS et al, 2004).
Atualmente dentro de um paradigma ps moderno que tem como imperativos ticos a participao e a solidariedade, articulados
cincia e ao mundo da vida, o qual leva em conta entre outros itens o compromisso com a participao social de todos, compreendendo
o empoderamento e a construo dos sujeitos-cidados. Veras e Caldas (2004) afirmam a necessidade da garantia da cidadania para
todos, inclusive para aqueles que a tiveram e perderam, pois a partir da incluso social que se pode contar com pessoas solidrias,
cordiais e conectadas com tudo e todos.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11129.htmhttp://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/http://www.mec.gov.br/http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/1998/res0287_08_10_1998.htmlhttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042014000200347&lang=pt#B13
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Conforme esta perspectiva, este trabalho tem como objetivo resgatar os atores sociais envolvidos em uma comunidade quanto ao seu
papel cidado com direitos e deveres presentes no seu cotidiano ao relembrar, esclarecer e discutir sobre a temtica.
Metodologia
O presente trabalho trata-se de um relato de experincia, descritivo, desenvolvido por uma equipe de Residncia Multiprofissional em
Sade da Famlia (RMSF) do municpio de Macei, no perodo compreendido entre Julho e Agosto de 2014.
O pblico alvo selecionado neste estudo foram grupos pertencentes atuao da residncia na comunidade com o grupo de Homens e
Adolescentes alm da Sala de Espera. Para cada grupo selecionado houve uma abordagem distinta devido as suas peculiaridades
como faixa etria, tempo de durao e gnero.
Os grupos acima citados ocorrem uma vez por semana e so acompanhados pelas residentes de Fisioterapia, Fonoaudiologia,
Enfermagem, Psicologia, Nutrio e Terapia Ocupacional.
A metodologia utilizada no Grupo de Homens e na Sala de Espera foi discusso de forma interativa e horizontalizada por meio de
perguntas norteadoras sobre cidadania que foram conduzidas pelas residentes dentro de uma abordagem interdisciplinar. O recurso
deste dialogo ocorreu pela distribuio de cartelas que continham as opes nos versos Verdadeiro ou Falso onde os participantes
opinariam sobre o questionamento informado e discutindo entre o grupo questes sobre cidadania, direitos e deveres.
A dinmica aplicada no Grupo de Homens teve durao de aproximadamente 1 hora com media de 15 participantes ocorrendo ao ar
livre na comunidade, pois este o lugar onde os mesmos se renem como um espao de convivncia . O grupo caracteriza por uma
faixa etria entre 25 a 55 anos, com pessoas semi escolarizadas, porm pr-ativas na sua comunidade.
A Sala de Espera, diferencia-se por conter um pblico diversificado, entre jovens e idosos. Ela possui um curto tempo de durao (30
minutos) devido s consultas mdicas programadas para o dia.
J no grupo de adolescentes foi utilizada uma metodologia mais ldica atravs de uma adaptao do jogo Imagem e Ao com cartelas
ilustrativas contendo desenhos e frases curtas simbolizando os direitos e deveres do cidado. A dinmica aconteceu dispondo os 18
adolescentes em circulo e dialogando inicialmente sobre o tema para que pudssemos perceber o nvel de entendimento e conscincia
sobre a temtica e assim esclarece-la. Em seguida, foi explicado o jogo e discutido concomitantemente os assuntos. A execuo do
jogo teve durao de 1 hora e seguiu por livre e espontnea vontade dos jogadores para sorte-las e desenvolverem uma mmica
relacionada com a sua cartela.
A linguagem utilizada para a elaborao dos recursos foi clara e objetiva permitindo a horizontalizao da fala.
Resultados e Discusso
A comunidade a qual a RMSF esta inserida caracteriza-se pelos seus aspectos de vulnerabilidade social local com presena de
dependentes qumicos, violncia, desemprego, poluio e inadequadada qualidade na assistncia voltada para a promoo da sade.
Com isso, discutir temticas direcionadas para a cidadania envolve o engajamento do setor sade por condies de vida mais dignas e
pelo exerccio pleno da cidadania para pblico presente.
Pode-se observar como resultado nos grupos uma unanime nas diversidades dos conceitos e ponto de vista, pois como explica o autor
Dagnino (1994) ao afirmar a cidadania como estratgia significa dizer que no h uma essncia nica imanente ao conceito de
cidadania, que o seu contedo e seu significado no so universais, no esto definidos e delimitados previamente, mas respondem
dinmica dos conflitos reais, tais como vividos pela sociedade num determinado momento histrico. Esse contedo e significado,
portanto, sero sempre definidos pela luta poltica.
No grupo de Homens e na Sala de espera se constatou uma maior criticidade com relao aos itens abordados quando relacionados
aos seus direitos e deveres como cidado em comparao com a realidade local da comunidade tendo em vista as dificuldades ao
acesso do transporte pblico, acessibilidade de ruas e avenidas, solidariedade, escolaridade, sade e desigualdade social existente.
Gerou-se, portanto um momento de fala e escuta respeitosa entre os participantes que se sentiram envolvidos e sensibilizados
discutindo e fazendo um paralelo com o proposto em lei e o seu cotidiano.
Dagnino (1994) expe que a cidadania deve, de fato, conhecer e promover os direitos fundamentais, envolvendo a proteo da
autonomia dos sujeitos, a ateno de suas necessidades bsicas, e a preservao da sociedade a qual pertencem; enfim, a cidadania
plena aquela que almeja a transformao da realidade e faz do cidado um ativo protagonista que reconhece e reclama os seus
direitos e deveres fundamentais, bem como o seu direito de viver dignamente seja no mbito de sua subjetividade seja no contexto de
sua vida em sociedade.
A adolescncia marca um novo perodo da vida que necessita de maior ateno quando exposta a uma maior vulnerabilidade social .
Barruffini (2008) afirma que os direitos como uma concretude das garantias coletivas e subjetivas, so prestaes proporcionados pelo
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042014000200347&lang=pt#B04
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Estado atravs de normas constitucionais que objetivam possibilitar melhores condies de vida, como minimizar situaes desiguais de
vida priorizando os mais frgeis. Pode-se dizer, ento, segundo Arreaza(2014) que so pressupostos intersubjetivos dos direitos
emancipatrios do bom-viver a criao de condies mais dignas de vida aos sujeitos sociais que lutam por reconhecimento e poder no
exerccio de suas autonomias e liberdades positivas.
Dialogar com o pblico adolescente sobre cidadania trouxe bons resultados tendo em vista a interao e informao transmitida pelo
jogo. Porm, visualizou-se que alguns integrantes no sabiam ler ou tinham alguma dificuldade na leitura, desse modo as residentes
colaboraram sem constranger ou interromper a atividade.
A partir do jogo de imagem e ao adaptado ao no grupo de adolescentes observou-se pouca informao dos participantes em relao
aos seus direitos e deveres sendo perceptvel ser um tema pouco discutido no seu contexto dirio na comunidade. O jogo permitiu
informar e discutir o contedo de forma ldica, interativa, e participativa junto aos jogadores que mantiveram-se atentos e extrovertidos
durante a execuo da atividade adquirindo e esclarecendo seus conhecimentos .
Concluso
Com a finalizao das atividades analisamos que mesmo a temtica cidadania esteja ao nosso redor: ao dialogarmos e expressarmos
nossas opinies, quando votamos, tendo acesso a patrimnios pblicos, entre outros; foi constatado que a comunidade se refere e
relembra como o Ser cidado aquele que vota, esquecendo muitas vezes das conquistas advindas do processo da cidadania e o que
eles enquanto cidados podem estar tendo acesso devido a estas conquistas. Dessa forma temtica cai no esquecimento das pessoas
sendo pouco dialogadas entre aqueles que esto por vim a fazer parte de um processo de deciso eleitoral e que podem atuar em prol
de sua sociedade.
As diversas abordagens de atuao da residncia multiprofissional na comunidade discutindo o tema cidadania vm para que todos
devam se sentir responsveis pelo destino de sua cidade e comunidade, atuando em prol da mesma como um dever tico e moral que
impe responsabilidades mtuas de respeito vida, natureza, cultura dos povos, de se sentir parte de um todo com suas
diversidades e paradoxos, e construir juntos a vida comunitria face s circunstncias geradas pelas desigualdades sociais, na
perspectiva de alcanar o estabelecimento de uma cultura de paz social, do bem comum e da sade coletiva.
Conclui-se que a cidadania plena possvel se houver a prtica reivindicatria dos direitos, que deve ser precedida pelo seu
reconhecimento e apropriao por parte de todos os sujeitos envolvidos como uma garantia de direitos e deveres a exercer, passando
pelo dever de reconhecer e fazer valer tais direitos, pois, em vez de meros receptores os mesmos devem ser sujeitos de transformao
social e daquilo que podem construir e conquistar.
Referncias
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CAMPOS,G.W.et al. Avaliao de poltica nacional de promoo da sade. Rev. Cincia & Sade Coleiva,Vol.9, N.3, Pag:745-
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DAGNINO,E. Os movimentos sociais e a emergncia de uma nova noo de cidadania.(Do livro: Anos 90 - Poltica e sociedade no
Brasil, org. Evelina Dagnino. Ed. Brasiliense,1994, pg. 103-115.
HENRIQUES, I. O vazio da cidadania de consumo. In: BARROS-FILHO, C. (Org.). Direito e Cidadania. So Paulo: Duetto Editorial,
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GUIMARAES, D.A.; SILVA, E.S. Formao em cincias da sade: dilogos em sade coletiva e a educao para a cidadania.
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v22n1/v22n1a02.pdf
24
Revista Cinc. sade coletiva, 2010; Vol.15, n.5, pp. 2551-2562.
VERAS, R. P; CALDAS, P. C.C. Promovendo a sade e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade .Rev.
Cincia & Sade Coletiva, Vol.9, N. 2. Pag. 423-432, 2004.
Presidncia da Repblica Federativa do Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. (2005). Acesso em 18 de agosto, 2014,em
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
Presidncia da Repblica Federativa do Brasil. Lei n 11.129, de 30 de Junho de 2005. Acesso em 18 de agosto, 2014,em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11129.htm
Agradecimentos
A equipe de Residncia Multiprofissional de Sade da Famlia agradece comunidade, aos grupos envolvidos e aos seus participantes
que nos recepcionam sempre muito bem trocando experincias e aprendizados para o nosso dia a dia.
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htmhttp://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.129-2005?OpenDocument
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RELATO DE EXPERINCIA: INTERVENO SOBRE DROGAS COM CRIANAS EM UMA ESCOLA PBLICA
Florice de Matos Themtheo UNIFOR; floricematos@gmail.com
Luis Lopes Sombra Neto UNIFOR
Karla Loureto de Oliveira UNIFOR
Leilah de Alencar Medeiros Neta UNIFOR
Joice Barreira de Oliveira UNIFOR
Danilo Pinheiro UNIFOR
Palavras-chave:Interveno. Escola. Crianas. Drogas. Sade.
Resumo
Introduo: A temtica das drogas um grave problema de sade pblica, devido as suas consequncias proporcionadas ao usurio,
aos seus familiares e, at mesmo, sociedade. Nos ltimos anos, constatou-se a utilizao de substncias ilcitas em faixas etrias
cada vez menores demonstrando a importncia do debate sobre o assunto com as crianas e os adolescentes. Dessa forma,
necessria a busca constante da integrao entre a preveno, promoo e ateno sade dos estudantes com a educao pblica
de qualidade. O objetivo desse artigo foi desenvolver a promoo de sade no ambiente escolar, abordando a temtica das drogas.
Metodologia: Este artigo trata-se de umestudo transversal e de abordagem qualitativa desenvolvido, entre outubro e novembro de
2012, por e