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3RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
PALAVRA DO PRESIDENTE
Caro Leitor,
Que ano difícil foi 2018! Logo no seu início olhávamos para as projeções dos preços do Arroz e víamos
valores abaixo dos R$ 30,00, o que nos exigiu um esforço muito grande de coordenação para que os
leilões de PEP e PEPRO ocorressem na abertura da colheita – pela primeira vez – o que ajudou em muito
as grandes exportações desse ano. Se isso não resolve todos os problemas, pelo menos amenizou e
não deixou piorar. No Sul e na Campanha os solos ardiam com a estiagem que teve seu epicentro na
Argentina, mas que alcançou nosso Estado e deixou um rastro de destruição. Enquanto isso o Governo
trocava TJLP para TLP sem fazer os ajustes necessários nas regras do Crédito Rural, deixando milhares
de produtores no limbo. Com um Seguro Rural cada vez mais podado e com regras capengas para
renegociação em caso de frustração de safra, torna-se ainda mais difícil ser produtor nesse país.
Fora da porteira vimos Governos desesperados por mais arrecadação, às vezes tomando medidas
que terminam reduzindo-a, ao invés de aumentá-la. A crise chegou no setor público que mostrou-se
disposto a matar a sociedade para manter o status quo de privilégios e garantias. Não faltam recursos
para aumentos, reposições, indenizações e etc., mas falta para as atividades finalísticas, onde estamos
todos nós, que geramos a receita que mantém este status. Quando assim agem os governos perdem
credibilidade, motivando ações como a greve dos caminhoneiros, que deixa dois legados terríveis:
redução da atividade econômica e um tabelamento ao estilo daqueles dos anos 80, que resultaram na
Década Perdida, ou mais recentemente aqueles que esvaziaram as prateleiras dos supermercados na
Venezuela. Incorrer nos mesmos erros parece ser uma das nossas chagas na América Latina.
Todo esse arcabouço de ocorrências trouxe uma enorme volatilidade para o câmbio, determinando que
enfrentemos 2019 com os maiores custos de produção da história. Foi um ano à espera das eleições,
quando deveríamos estar discutindo os rumos da economia – que tem enorme impacto nas nossas vidas
– discutimos os costumes da sociedade, como se isso fosse equilibrar as contas, trazer um ambiente de
geração de novas empresas, postos de trabalho e competitividade mundo a fora.
Mas estamos com muitas esperanças que o próximo governo seja um ponto importante de inflexão, onde
o país tome as medidas amargas – mas necessárias – para que outras ainda mais amargas não tenham
que ser tomadas no futuro bem próximo. Nós, do meio rural, estaremos atentos e dispostos, fazendo o
que nos é habitual, acreditando no país, não em palavras mas em ações, investindo mais, produzindo
mais, com absoluto respeito ao meio ambiente, gerando emprego e tecnologia, mesmo que às vezes a
impressão que temos é que parte da sociedade e da burocracia deseja o contrário.
Gedeão Pereira
Presidente do Sistema Farsul
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL4
1. BALANÇO DA AGROPECUÁRIA EM 2018 E PERSPECTIVAS PARA 2019 .................. 12
1.1 ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS DA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL ................................................. 121.1.1 Grãos ..................................................................................................................................................................... 121.1.2 Pecuária de Corte ............................................................................................................................................. 181.1.3 Pecuária de Leite .............................................................................................................................................. 19
1.2 ANÁLISE DA RENTABILIDADE DA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL ..................................................... 211.2.1 Arroz ...................................................................................................................................................................... 211.2.2 Milho ..................................................................................................................................................................... 261.2.3 Soja ........................................................................................................................................................................ 321.2.4 Trigo....................................................................................................................................................................... 371.2.5 Leite ....................................................................................................................................................................... 41
1.3 ANÁLISE DO CRÉDITO RURAL NO RIO GRANDE DO SUL ............................................................................................. 451.3.1 Análise do Custeio ........................................................................................................................................... 471.3.2 Análise do Investimento ................................................................................................................................ 491.3.3 Análise da Comercialização .......................................................................................................................... 51
1.4 ANÁLISE E PERSPECTIVAS DA AGROPECUÁRIA MUNDIAL E BRASILEIRA ............................................................... 531.4.1 Arroz ...................................................................................................................................................................... 531.4.2 Milho ..................................................................................................................................................................... 581.4.3 Soja ........................................................................................................................................................................ 631.4.4 Trigo....................................................................................................................................................................... 681.4.5 Pecuária de Corte ............................................................................................................................................. 731.4.6 Bovinocultura de Leite ................................................................................................................................... 77
2. CONJUNTURA ECONÔMICA ........................................................................................ 82
2.1 ECONOMIA BRASILEIRA ................................................................................................................................................. 822.1.1 Economia Brasileira no Contexto Mundial ..............................................................................................842.1.2 Economia Brasileira em 2018 e Perspectiva para 2019 – ótica do dispêndio ...........................902.1.3 Expectativa para a Inflação ............................................................................................................................952.1.4 Taxa de Câmbio (R$/US$) ............................................................................................................................100
2.2 ECONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL ............................................................................................................................... 1022.2.1 Desempenho do Setor Industrial ..............................................................................................................1022.2.2 Desempenho do Setor de Serviços ..........................................................................................................1032.2.3 Desempenho das Exportações e Importações do Agronegócio do Rio Grande do Sul .....105
3. EXPEDIENTE ................................................................................................................. 114
SUMÁRIO
5RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
GRÁFICO 1 - EVOLUÇÃO DO VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO DOS GRÃOS NO RIO GRANDE DO SUL,
EM MIL REAIS ....................................................................................................................................................................................................................16
GRÁFICO 2 - EVOLUÇÃO DOS PREÇOS RECEBIDOS PELOS PRODUTORES DE LEITE
NO RIO GRANDE DO SUL, EM R$ POR LITRO .................................................................................................................................................19
GRÁFICO 3 - EVOLUÇÃO MENSAL DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL DO ARROZ NO RS, EM R$/HA ............................21
GRÁFICO 4 - CUSTO DOS FERTILIZANTES PARA ARROZ NO RS, EM R$/HA ..................................................................................22
GRÁFICO 5 - CUSTO DOS HERBICIDAS PARA ARROZ NO RS, EM R$/HA ........................................................................................23
GRÁFICO 6 - CUSTO DOS INSETICIDAS DO ARROZ NO RS, EM R$/HA ............................................................................................23
GRÁFICO 7 - CUSTO DOS FUNGICIDAS PARA ARROZ NO RS, EM R$/HA .......................................................................................24
GRÁFICO 8 - PREÇO MENSAL DO ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL, EM R$/50 KG .................................................................25
GRÁFICO 9 - ORÇAMENTAÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL, RECEITA BRUTA
E MARGEM BRUTA DA SAFRA 2019 DO ARROZ NO RS, EM R$/HA ...................................................................................................25
GRÁFICO 10 - EVOLUÇÃO MENSAL DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL DO MILHO NO RS, EM R$/HA .........................26
GRÁFICO 11 - CUSTO DOS FERTILIZANTES PARA MILHO NO RS, EM R$/HA ................................................................................27
GRÁFICO 12 - CUSTO DOS HERBICIDAS PARA MILHO NO RS, EM R$/HA ......................................................................................28
GRÁFICO 13 - CUSTO DOS FUNGICIDAS PARA MILHO NO RS, EM R$/HA .....................................................................................28
GRÁFICO 14 - CUSTO DOS INSETICIDAS DO MILHO NO RS, EM R$/HA .........................................................................................29
GRÁFICO 15 - PREÇO DO MILHO NO RS, EM R$/SC 60KG ......................................................................................................................30
GRÁFICO 16 - ORÇAMENTAÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL, RECEITA BRUTA
E MARGEM BRUTA DA SAFRA 2019 DO MILHO NO RS, EM R$/HA ...................................................................................................31
GRÁFICO 17 - EVOLUÇÃO MENSAL DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL DA SOJA NO RS, EM R$/HA ..............................32
GRÁFICO 18 - CUSTO DOS FERTILIZANTES PARA SOJA NO RS, EM R$/HA ....................................................................................33
GRÁFICO 19 - CUSTO DOS HERBICIDAS PARA SOJA NO RS, EM R$/HA ..........................................................................................33
GRÁFICO 20 - CUSTO DOS INSETICIDAS PARA SOJA, EM R$/HA .........................................................................................................34
GRÁFICO 21 - CUSTO DOS FUNGICIDAS PARA SOJA NO RS, EM R$/HA .........................................................................................34
GRÁFICO 22 - PREÇO DA SOJA NO RS, EM R$/SC 60KG ...........................................................................................................................35
GRÁFICO 23 - ORÇAMENTAÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL, RECEITA BRUTA
E MARGEM BRUTA DA SAFRA 2019 DA SOJA NO RS, EM R$/HA ........................................................................................................36
ÍNDICE DE GRÁFICOS
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL6
GRÁFICO 24 - EVOLUÇÃO MENSAL DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL DO TRIGO NO RS, EM R$/HA ...........................37
GRÁFICO 25 - CUSTO DOS FERTILIZANTES PARA TRIGO NO RS, EM R$/HA .................................................................................38
GRÁFICO 26 - CUSTO DOS HERBICIDAS PARA TRIGO NO RS, EM R$/HA .......................................................................................38
GRÁFICO 27 - CUSTO DOS INSETICIDAS PARA TRIGO NO RS, EM R$/HA ......................................................................................39
GRÁFICO 28 - CUSTO DOS FUNGICIDAS PARA TRIGO NO RS, EM R$/HA ......................................................................................39
GRÁFICO 29 - PREÇO DO TRIGO NO RS, EM R$/SC 60KG ........................................................................................................................40
GRÁFICO 30 - ORÇAMENTAÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL, RECEITA BRUTA
E MARGEM BRUTA DA SAFRA 2019 DO TRIGO NO RS, EM R$/HA .....................................................................................................41
GRÁFICO 31 - EVOLUÇÃO MENSAL DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL DO LEITE NO RS, EM R$/HA ..............................42
GRÁFICO 32 – PREÇO MÉDIO MENSAL LIQUIDO DO LEITE NO RIO GRANDE DO SUL, EM R$ POR LITROS ...............43
GRÁFICO 33 – ORÇAMENTAÇÃO DA PECUÁRIA DE LEITE EM 2018 DO CUSTO OPERACIONAL TOTAL
(9/2017 E 9/2018), RECEITA BRUTA (PREÇOS EM 09/2017 E 09/2018) E MARGEM BRUTA NO RS (R$/HA) ..................43
GRÁFICO 34 – COMPARATIVO DO CRÉDITO RURAL TOMADO PELOS PRODUTORES DO RIO GRANDE DO SUL ENTRE
2017* E 2018*, EM R$ MILHÕES ..............................................................................................................................................................................45
GRÁFICO 35 – COMPARATIVO DA CARTEIRA DE CRÉDITO RURAL TOMADO NO RIO GRANDE DO SUL, ENTRE 2017 E
2018, POR FINALIDADE, EM PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO ...............................................................................................................46
GRÁFICO 36 - PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS GRÃOS NO CUSTEIO DA CARTEIRA DE CRÉDITO RURAL DO RIO
GRANDE DO SUL EM 2018*, EM PERCENTUAL ...............................................................................................................................................48
GRÁFICO 37 - COMPARAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO MUNDIAIS DE ARROZ
BENEFICIADO, EM MILHÕES DE TONELADAS .................................................................................................................................................53
GRÁFICO 38 - COMPARAÇÃO ENTRE O ESTOQUE FINAL MUNDIAL
DE ARROZ BENEFICIADO E O PREÇO INTERNACIONAL ............................................................................................................................54
GRÁFICO 39 - PREÇO DO INDICADOR DO ARROZ ESALQ/SENAR-RS, EM REAIS POR SACA DE 50KG ..........................58
GRÁFICO 40 - COMPARAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO MUNDIAIS
DE MILHO, EM MILHÕES DE TONELADAS ........................................................................................................................................................59
GRÁFICO 41 - COMPARAÇÃO ENTRE O ESTOQUE FINAL MUNDIAL DE MILHO E O PREÇO INTERNACIONAL .........59
GRÁFICO 42 - PREÇO DO MILHO EM PASO FUNDO – RS, EM R$/SC 60 KG ..................................................................................62
GRÁFICO 43 - COMPARAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO MUNDIAIS DE SOJA,
EM MILHÕES DE TONELADAS..................................................................................................................................................................................63
7RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
GRÁFICO 44 - COMPARAÇÃO ENTRE O ESTOQUE FINAL MUNDIAL DE SOJA E O PREÇO INTERNACIONAL .............64
GRÁFICO 45 - PREÇO DA SOJA EM RIO GRANDE - RS, EM REAIS POR SACA DE 60KG ...........................................................68
GRÁFICO 46 - COMPARAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO MUNDIAIS
DE TRIGO, EM MILHÕES DE TONELADAS ..........................................................................................................................................................69
GRÁFICO 47 - COMPARAÇÃO ENTRE O ESTOQUE FINAL MUNDIAL E O PREÇO INTERNACIONAL .................................69
GRÁFICO 48 - PREÇO DO TRIGO EM PASSO FUNDO - RS, EM REAIS POR SACA DE 60KG ....................................................73
GRÁFICO 49 - COMPARAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO MUNDIAIS DE CARNE BOVINA, EM MILHÕES DE
TONELADAS .......................................................................................................................................................................................................................74
GRÁFICO 50 - PREÇO DO BOI NO RIO GRANDE DO SUL, EM REAIS POR QUILOGRAMA CARCAÇA ...............................77
GRÁFICO 51 - PRODUÇÃO BRASILEIRA DE LEITE ADQUIRIDO, EM MIL LITROS...........................................................................80
GRÁFICO 52 – CONSUMO PER CAPITA DE LÁCTEOS NO BRASIL, EM LITROS ..............................................................................80
GRÁFICO 53 - PREÇO MÉDIO MENSAL DO LEITE NO RIO GRANDE DO SUL, EM R$/LITROS ...............................................81
GRÁFICO 54 - VARIAÇÃO (%) DO PIB DO BRASIL, ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES................................................................83
GRÁFICO 55 - COMPARAÇÃO DA TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB DO BRASIL
COM GRUPOS DE PAÍSES RICOS, EMERGENTES E O MUNDO (2006-2019) ...................................................................................84
GRÁFICO 56 - COMPARATIVO DA EVOLUÇÃO DA RENDA PER CAPITA DO BRASIL
E DO MUNDO (PPP CONSTANTE E, 2011 - $ INTERNACIONAL) ...........................................................................................................85
GRÁFICO 57 - VARIAÇÃO (%) DO PIB AGROPECUÁRIO DO BRASIL, ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES ..........................86
GRÁFICO 58 - VARIAÇÃO (%) DO PIB INDUSTRIAL DO BRASIL, ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES ...................................87
GRÁFICO 59 - VARIAÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA INDUSTRIAL ACUMULADO
NOS ÚLTIMOS 12 MESES, POR SEÇÕES E ATIVIDADES INDUSTRIAIS (09/2018) ..........................................................................88
GRÁFICO 60 - VARIAÇÃO (%) DO PIB DOS SERVIÇOS DO BRASIL, ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES ..........................89
GRÁFICO 61 - DESEMPENHO ACUMULADO NO ANO (JAN-SET) DO VOLUME
DE SERVIÇOS E DE VENDAS DO COMÉRCIO. BRASIL ..................................................................................................................................90
GRÁFICO 62 - VARIAÇÃO (%) CONSUMO DAS FAMÍLIAS E DO GOVERNO NO BRASIL,
ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES ...........................................................................................................................................................................91
GRÁFICO 63 - ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR NO BRASIL (ICC) ................................................................................92
GRÁFICO 64 - VARIAÇÃO (%) DA FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO NO BRASIL,
ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES ...........................................................................................................................................................................93
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL8
GRÁFICO 65 - ÍNDICE DE CONFIANÇA DO EMPRESÁRIO INDUSTRIAL (ICEI) ................................................................................94
GRÁFICO 66 - VARIAÇÃO (%) DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS,
ACUMULADO EM 4 TRIMESTRES ...........................................................................................................................................................................95
GRÁFICO 67 - IPCA E EXPECTATIVA PARA 2018 E 2019, EM PERCENTUAL ACUMULADO NO ANO .................................96
GRÁFICO 68 - COMPARAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE INFLAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO (IICP), ÍNDICE DE
INFLAÇÃO DOS PREÇOS RECEBIDOS (IIPR) COM IPCA E IPCA ALIMENTOS. ACUMULADO
EM 12 MESES (OUTUBRO) ..........................................................................................................................................................................................97
GRÁFICO 69 - META PARA TAXA SELIC (%) .......................................................................................................................................................98
GRÁFICO 70 - SALDO DAS MOVIMENTAÇÕES DO EMPREGO NO BRASIL, POR SETOR,
ACUMULADAS ENTRE EM 12 MESES. (OUT – SET) .......................................................................................................................................99
GRÁFICO 71 - SALDO DAS MOVIMENTAÇÕES DO EMPREGO NO BRASIL, POR SETOR,
ACUMULADO NOS ÚLTIMOS 12 MESES. (OUT-SET) ...................................................................................................................................99
GRÁFICO 72 - VARIAÇÃO DA MÉDIA MENSAL DA TAXA DE CÂMBIO R$/US$
E MÉDIA DO PERÍODO DO PLANO REAL TOTAL E PERÍODO FLUTUANTE.....................................................................................100
GRÁFICO 73 - PRODUÇÃO FÍSICA INDUSTRIAL - VARIAÇÃO ACUMULADA NO ANO (SET/18) ........................................102
GRÁFICO 74 - COMPARAÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA INDUSTRIAL TOTAL E TRANSFORMAÇÃO
ENTRE O RS E O BRASIL, EM PERCENTUAL ACUMULADO NOS ÚLTIMOS 12 MESES .............................................................103
GRÁFICO 75 - ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS NO COMÉRCIO VAREJISTA (%) – ACUMULADO
NO ANO (SET/18) ..........................................................................................................................................................................................................104
GRÁFICO 76 - COMPARAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO DO VOLUME DE VENDAS NO VAREJO, VAREJO AMPLIADO E
SERVIÇOS, NOS ANOS DE 2017 E 2018, ENTRE RS E BRASIL, ACUMULADO NOS ÚLTIMOS 12 MESES .......................104
GRÁFICO 77 – VALOR EXPORTADO, VALOR IMPORTADO E SALDO DA BALANÇA COMERCIAL
DO AGRONEGÓCIO DO RS (JAN-OUT), EM US$ BILHÕES .....................................................................................................................106
9RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
TABELA 1- ÁREA PLANTADA DE GRÃOS NO RIO GRANDE DO SUL EM 2017 E 2018, EM HECTARES .................13
TABELA 2 - ÁREA PLANTADA DE GRÃOS NO RIO GRANDE DO SUL EM 2018 E PROJEÇÃO
PARA 2019, EM HECTARES .................................................................................................................................................................13
TABELA 3 - PRODUÇÃO DE GRÃOS NO RIO GRANDE DO SUL EM 2017 E 2018, EM TONELADAS ......................15
TABELA 4 - PRODUÇÃO DE GRÃOS NO RIO GRANDE DO SUL EM 2018 E PROJEÇÃO
PARA 2019, EM TONELADAS .............................................................................................................................................................16
TABELA 5 - VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO DOS PRINCIPAIS GRÃOS DO RIO GRANDE DO SUL,
EM MIL REAIS ..........................................................................................................................................................................................17
TABELA 6 - ANIMAIS ABATIDOS E VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE
NO RIO GRANDE DO SUL ...................................................................................................................................................................18
TABELA 7 – QUANTIDADE E VALOR DA PRODUÇÃO DE LEITE ADQUIRIDO NO RIO GRANDE DO SUL .............20
TABELA 8 – CRÉDITO RURAL TOMADO NO RIO GRANDE DO SUL EM 2018*, POR FINALIDADE,
EM R$ MILHÕES .....................................................................................................................................................................................46
TABELA 9 – COMPARATIVO DO CRÉDITO RURAL TOMADO PARA CUSTEIO NO RIO GRANDE DO SUL
ENTRE 2017* E 2018* ...........................................................................................................................................................................47
TABELA 10 - COMPARATIVO DO CRÉDITO RURAL TOMADO PARA CUSTEIO DOS PRINCIPAIS GRÃOS
DO RIO GRANDE DO SUL, ENTRE 2017* E 2018* .....................................................................................................................48
TABELA 11 – COMPARATIVO DO CRÉDITO RURAL TOMADO PARA INVESTIMENTO
NO RIO GRANDE DO SUL ENTRE 2017* E 2018* ......................................................................................................................49
TABELA 12 - COMPARATIVO DAS TAXAS DE JUROS DE INVESTIMENTO DENTRO DA CARTEIRA
DO CRÉDITO RURAL, ENTRE 2017 E 2018 ....................................................................................................................................50
TABELA 13 - COMPARATIVO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DENTRO DA CARTEIRA
DE INVESTIMENTO DO CRÉDITO RURAL NO RS ENTRE 2017* E 2018* ...........................................................................50
TABELA 14 – COMPARATIVO DO CRÉDITO RURAL TOMADO PARA COMERCIALIZAÇÃO
NO RIO GRANDE DO SUL ENTRE 2017* E 2018* ......................................................................................................................51
TABELA 15 – COMPARATIVO DO CRÉDITO RURAL TOMADO PARA COMERCIALIZAÇÃO
DOS PRINCIPAIS GRÃOS DO RIO GRANDE DO SUL, ENTRE 2017* E 2018* ...................................................................52
TABELA 16 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE ARROZ BENEFICIADO POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ........55
TABELA 17 - CONSUMO MUNDIAL DE ARROZ BENEFICIADO POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS..........56
ÍNDICE DE TABELAS
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL10
TABELA 18 - FUNDAMENTOS DO MERCADO BRASILEIRO DE ARROZ
EM CASCA, EM MILHÕES DE TONELADAS ..................................................................................................................................57
TABELA 19 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE MILHO, POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ....................................60
TABELA 20 - CONSUMO MUNDIAL DE MILHO, POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ......................................61
TABELA 21 - FUNDAMENTOS DO MERCADO BRASILEIRO DE MILHO, EM MILHÕES DE TONELADAS...............62
TABELA 22 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE SOJA POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS .........................................65
TABELA 23 - CONSUMO MUNDIAL DE SOJA POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ...........................................65
TABELA 24 - FUNDAMENTOS DO MERCADO BRASILEIRO DE SOJA, EM MILHÕES DE TONELADAS ..................67
TABELA 25 - PRODUÇÃO MUNDIAL DE TRIGO POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS .......................................70
TABELA 26 - CONSUMO MUNDIAL DE TRIGO POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ........................................71
TABELA 27 - FUNDAMENTOS DO MERCADO BRASILEIRO DE TRIGO, EM MILHÕES DE TONELADAS ................72
TABELA 28 - PRINCIPAIS PRODUTORES DE CARNE BOVINA POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS .............74
TABELA 29 - PRINCIPAIS CONSUMIDORES DE CARNE BOVINA POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ......75
TABELA 30 - FUNDAMENTOS DO MERCADO BRASILEIRO DE CARNE BOVINA,
EM MILHÕES DE TONELADAS ..........................................................................................................................................................76
TABELA 31 - PRODUÇÃO DE LEITE FLUÍDO POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ..............................................78
TABELA 32 - CONSUMO DE LEITE FLUÍDO POR PAÍS, EM MILHÕES DE TONELADAS ................................................79
TABELA 33 – RESUMO DAS PROJEÇÕES DA ASSESSORIA ECONÔMICA DO SISTEMA FARSUL ...........................105
TABELA 34 - COMPARAÇÃO ENTRE AS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO NO RS ENTRE 2017
E 2018 (JAN-OUT), EM VALOR (US$), VOLUME (KG) E PREÇO DA TONELADA (US$/TON) .....................................106
TABELA 35 - COMPARAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO DO RS
ENTRE 2017 E 2018 (JAN-OUT), EM VALOR (US$), VOLUME (KG) E PREÇO (US$/TON) ...........................................108
TABELA 36 - COMPARAÇÃO ENTRE AS IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO NO RS
ENTRE 2017 E 2018 (JAN-OUT), EM VALOR (US$), VOLUME (KG) E PREÇO DA TONELADA (US$/TON) ...........109
TABELA 37 - COMPARAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO DO RS ENTRE 2017
E 2018 (JAN-OUT), EM VALOR (US$), VOLUME (KG) E PREÇO (US$/TON) ....................................................................110
TABELA 38 - PARCEIROS COMERCIAIS DO RS - EXPORTAÇÃO 2018 (JAN-OUT), EM US$ .....................................111
TABELA 39 - PARCEIROS COMERCIAIS DO RS - EXPORTAÇÃO 2017 (JAN-OUT), EM US$ .....................................111
TABELA 40 - PARCEIROS COMERCIAIS DO RS - IMPORTAÇÃO 2018 (JAN-OUT), EM US$ .....................................112
11RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
TABELA 41 - PARCEIROS COMERCIAIS DO RS - IMPORTAÇÃO 2017 (JAN-OUT), EM US$ .....................................112
TABELA 42 - PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS NAS EXPORTAÇÕES
DO AGRONEGÓCIO DO RS EM 2018 (JAN-OUT), EM PERCENTUAL ...............................................................................113
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL12
1. BALANÇO DA AGROPECUÁRIA EM 2018 E PERSPECTIVAS PARA 2019Nesta primeira parte do relatório, detalhamos o desempenho da agropecuária ao longo deste ano e realizamos
projeções para o ano de 2019. Para tanto, fomos muito além das questões físicas de área e produção e tratamos
também da tomada de crédito, fizemos análises de mercado, custos de produção e rentabilidade das safras.
1.1 ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS DA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL
Neste ano de 2018 houve retração de 5% na produção de grãos no Estado, apesar da área plantada ter
se mantido praticamente estável. Isso porque enfrentamos alguns problemas climáticos na região sul, que
acabaram comprometendo a produtividade média, especialmente das lavouras de Soja. Entretanto, apesar
desses contratempos, essa foi a segunda maior safra da história registrada até então. Com a elevação dos
preços médios das principais commodities, verificamos uma valorização de 12% do Valor Bruto da Produção,
possibilitando aumento de rentabilidade das lavouras..
A expectativa para a safra 2019 é de que os preços mais elevados estimulem os produtores a expandirem a área
plantada de grãos em 3,4%. Apesar de esperarmos produtividades médias inferiores, ainda assim esperamos
uma produção maior, atingindo 34,7 milhões de toneladas, devido ao aumento da área plantada mencionado
anteriormente. Caso essa projeção se confirme, estaremos diante da segunda maior safra da história do Rio
Grande do Sul, perdendo apenas para 2017.
O Valor Bruto da Produção dos grãos deve ser maior, no final dessa safra, em função da valorização dos preços
no decorrer do ano de 2018. Para a próxima safra, o faturamento dos grãos deve atingir recorde, desta vez
estimulado pela expansão da produção. Na pecuária, o leite deve apresentar expansão do seu valor neste ano em
função da valorização dos preços. Por outro lado, estimamos uma queda no faturamento da pecuária de corte,
associada a redução dos preços que ainda sentem os reflexos da crise econômica.
1.1.1 GRÃOS
Por Danielle Guimarães e Conrado Zanferari
ÁREA PLANTADA
A área plantada de grãos no Rio Grande do Sul não apresentou grande alteração em 2018, apresentando um
crescimento de 0,2% em relação ao ano anterior, que equivale um aumento de 19,3 mil hectares. Importantes
culturas de verão como o Arroz e o Milho, apresentaram quedas significativas. Em contrapartida, a área
plantada com Soja apresentou um aumento de 3% em relação ao ano passado, o que neutralizou a queda
nas demais culturas, uma vez que a Soja representa cerca de 65% da área plantada com grãos no Estado. As
culturas de inverno expandiram em 2% área neste ano de 2018, reflexo das maiores áreas destinadas ao plantio
de Trigo e Aveia.
13RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Nossa estimativa era: No Relatório Econômico 2017 e Perspectivas para 2018 havíamos projetado uma área
plantada de 8.492.027 hectares para o ano de 2018. O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/
IBGE) confirmou uma área de 8.589.955 hectares, ou seja, o erro da nossa projeção foi de apenas 1,15%. A
principal razão foi a subestimação da área plantada com Soja, havíamos estimado 5,6 milhões hectares e se
concretizou uma área de 5,7 milhões hectares.
Para a safra 2019 estimamos uma área maior, com um aumento de 3,4% em relação ao ano anterior. A razão para
uma área em crescimento é que, apesar da diminuição da área de Arroz, acreditamos em um aumento na área
plantada de importantes grãos como o Milho, a Soja e o Trigo, conforme pode ser visto na tabela que segue.
Fonte: IBGE/LSPA (out/18)
Tabela 1 - Área plantada de grãos no Rio Grande do Sul em 2017 e 2018, em hectares
PRODUTOÁREA PLANTADA
Safra 2017 Safra 2018 Variação (%)Amendoim 2.711 2.520 -7,0Arroz 1.104.732 1.069.061 -3,2Aveia 253.534 283.481 11,8Centeio 1.855 2.625 41,5Cevada 65.647 42.249 -35,6Feijão 68.352 59.341 -13,2Girassol 2.373 2.595 9,4Milho 831.221 706.085 -15,1Soja 5.541.860 5.709.034 3,0Sorgo 4.016 4.825 20,1Trigo 691.553 705.906 2,1Triticale 2.899 2.233 -23,0TOTAL 8.570.753 8.589.955 0,2
Fonte: IBGE/LSPA; (*) Projeção da Assessoria Econômica Sistema Farsul
Tabela 2 - Área plantada de grãos no Rio Grande do Sul em 2018 e projeção para 2019, em hectares
PRODUTOÁREA PLANTADA
Safra 2018 Safra 2019* Variação (%)Amendoim 2.520 2.209 -12,4Arroz 1.069.061 999.572 -6,5Aveia 283.481 254.886 -10,1Centeio 2.625 2.151 -18,1Cevada 42.249 51.036 20,8Feijão 59.341 57.915 -2,4Girassol 2.595 3.423 31,9Milho 706.085 729.922 3,4Soja 5.709.034 5.852.212 2,5Sorgo 4.825 5.018 4,0Trigo 705.906 924.737 31,0Triticale 2.233 2.741 22,7TOTAL 8.589.955 8.885.821 3,4
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL14
O ano de 2018 foi marcado pelo aumento das exportações de Arroz, o que permitiu uma elevação dos
preços no mercado interno. As exportações foram possíveis graças aos incentivos via leilões PEP e PEPRO
e às boas condições de taxa de câmbio para os exportadores no decorrer do ano. A expectativa para
o ano de 2019 é de uma taxa de câmbio em patamar mais baixo, o que pode reduzir o escoamento do
Arroz para outros mercados, afetando o mercado interno. Essa possibilidade de queda do preço do Arroz
no mercado interno deve desestimular o produtor no momento do plantio, por esta razão, estimamos
uma queda de -6,5% da área plantada dessa cultura em 2019.
Por outro lado, a elevação dos preços do Milho e da Soja devem criar estímulos para o aumento das áreas
destinadas a estas culturas na próxima safra. Por essa razão, projetamos aumentos de 3,4% e 2,5% das
áreas plantadas de Milho e Soja, respectivamente.
Nas culturas de inverno, o destaque deve ser o Trigo. O aumento do seu preço a partir do segundo
trimestre deste ano para o patamar de R$ 40,00/saca 60kg, preço esse que não era registrado desde
meados de 2016, deve estimular o aumento das áreas plantadas com esta cultura em 2019. Projetamos
uma expansão de quase 31% da área plantada com Trigo.
PRODUÇÃO
A produção de grãos no Rio Grande de Sul registrou uma queda de 5,3% neste ano, apesar da expansão
da área plantada. Isso porque o estado sofreu com a falta de chuvas na metade sul, o que afetou a
produtividade das culturas de verão. A Soja, que representa mais da metade da produção de grãos do
estado, apresentou retração de 6,4% da produção, apesar da expansão de 3% de sua área plantada.
Isso porque a produtividade foi 8% menor, especialmente nos municípios localizados na metade sul do
Estado. O Arroz e o Milho também tiveram suas produtividades comprometida em função da falta de
chuvas, quedas de 1% e 10%, respectivamente. A este fator somou-se a menor área destinada a estas
culturas e o resultado foram as quedas da produção.
Como foi ressaltado anteriormente, a safra 2018 apresentou menores produtividades para as culturas de
verão. Entretanto, cabe ressaltar que apesar destas quedas ainda assim foram as maiores produtividades
já registradas, perdendo apenas para 2017.
Em relação às culturas de inverno, cabe ressaltar o bom desempenho do Trigo, que apresentou expansão de
72% da produção. Isso porque, apesar da redução da área plantada, o rendimento médio apresentou aumento
de cerca de 70% em relação ao ano anterior, registrando a capacidade produtiva de 2.983 kg/ha.
15RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Nossa estimativa era: No Relatório Econômico 2017 e Perspectivas 2018 havíamos projetado uma
produção de grãos de 34.340.544 toneladas para 2018. De acordo com o IBGE, a produção se confirmou
em 33.527.779 toneladas, ou seja apenas 2,4% menor do que projetamos. A principal razão para termos
superestimado a produção de grãos de 2018 foi a nossa expectativa para a produção de Milho, de 5,4
milhões de toneladas, quando na verdade se registrou uma produção de 4,6 milhões de toneladas.
Para a safra 2019 estimamos uma produção maior, com um aumento de 3,4% em relação ao ano
anterior. As produções de Milho e Soja devem contribuir para esse aumento da produção de grãos nesta
próxima safra. Ambas as culturas devem apresentar expansão de área atrelada a uma boa expectativa
de rendimento médio. Dentre as culturas de inverno, o Trigo deve apresentar o maior incremento de
produção, apesar da estimativa de redução do rendimento médio, isso porque a área plantada deve
registrar expansão significativa. É importante registrar que em 2018 a cultura do Trigo apresentou um
ótimo desempenho de produtividade, logo, a queda estimada para 2019 não indica baixo rendimento,
apenas não deverá se repetir o mesmo cenário.
Fonte: IBGE/LSPA (out/18)
Tabela 3 - Produção de grãos no Rio Grande do Sul em 2017 e 2018, em toneladas
PRODUTOQUANTIDADE PRODUZIDA
Safra 2017 Safra 2018 Variação (%)Amendoim 4.759 4.371 -8,2Arroz 8.732.042 8.406.616 -3,7Aveia 407.098 664.102 63,1Centeio 1.965 4.003 103,7Cevada 113.160 121.566 7,4Feijão 98.821 94.886 -4,0Girassol 3.205 4.156 29,7Milho 6.062.550 4.565.665 -24,7Soja 18.744.181 17.538.575 -6,4Sorgo 11.872 12.783 7,7Trigo 1.226.474 2.105.498 71,7Triticale 4.348 5.558 27,8TOTAL 35.410.475 33.527.779 -5,3
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL16
VALOR DA PRODUÇÃO
Durante o ano de 2017 alertamos estar diante de uma “Safra cheia de bolso vazio”. Isso porque, se por um lado
atingimos elevadas produtividades, por outro, o Índice de Inflação dos Preço Recebidos pelos Produtor (IIPR)
do Sistema Farsul acumulou queda de 11,54%. Diante desse cenário, alertamos para redução do VBP da safra
2017. Na safra 2018, apesar da queda de quase 6% da produção de grãos, estimamos um aumento de 12,6%
do VBP. Isso só deve ser possível graças à recuperação dos preços, já que o IIPR aponta uma valorização de
28,04% dos preços nos últimos 12 meses.
A expectativa para 2019 é de uma safra ainda maior em termos de valores. A expansão do VBP deve se
embasar em aumento produtivo, já que projetamos uma produção 3,4% maior ao passo em que os preços de
importantes grãos devem reduzir.
Fonte: IBGE/LSPA(*) Projeção da Assessoria Econômica Sistema Farsul
Tabela 4 - Produção de grãos no Rio Grande do Sul em 2018 e projeção para 2019, em toneladas
PRODUTO QUANTIDADE PRODUZIDASafra 2018 Safra 2019* Variação (%)
Amendoim 4.371 3.850 -11,9Arroz 8.406.616 7.963.000 -5,3Aveia 664.102 580.035 -12,7Centeio 4.003 3.202 -20,0Cevada 121.566 138.580 14,0Feijão 94.886 86.603 -8,7Girassol 4.156 5.070 22,0Milho 4.565.665 4.929.408 8,0Soja 17.538.575 18.475.432 5,3Sorgo 12.783 15.382 20,3Trigo 2.105.498 2.473.671 17,5Triticale 5.558 6.059 9,0TOTAL 33.527.779 34.680.291 3,4
Fonte: Sistema Farsul, baseado nos dados de produção do LSPA/IBGE: 2017: Pesquisa Agrícola Mensal (PAM/IBGE)
Gráfico 1 - Evolução do valor bruto da produção dos grãos no Rio Grande do Sul, em mil reais
28.673.393
32.268.035 32.759.196
2017 2018 2019
+12,5
1,5%
17RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Os quatro principais grãos da economia gaúcha (Arroz, Milho, Soja e Trigo) correspondem a mais de 90% do
VBP dos grãos. Dentre esses, o único que deve apresentar queda do seu valor em 2019 deverá ser o Milho.
Apesar de estimarmos uma expansão da produção deste grão, acreditamos que a desvalorização do preço do
mesmo deve contribuir para o menor valor bruto, que deve atingir níveis semelhantes a 2015.
O valor bruto da Soja deve apresentar valorização de quase 2% em 2019, sendo que estimamos um forte
aumento de 17,4% em 2018, ou seja, seu valor deverá crescer em cima de uma base elevada. Caso nossa
projeção se confirme, o resultado deverá ser um recorde do VBP da Soja na próxima safra, vide tabela a seguir.
Depois de um ano de produção menor e baixos preços, o Trigo deve aumentar seu VBP no final desta
safra 2018, mas ainda não deve recuperar os patamares anteriores a 2017. A projeção para 2019 é de nova
expansão do VBP do Trigo, sustentado por preços mais valorizados e aumento da quantidade produzida.
O Arroz, dentre os quatro principais grãos, deve ser o único a apresentar aumento de VBP sustentado
pela estimativa de valorização dos preços na próxima safra. A produção fora menor em 2018 ante o ano
anterior e, apesar da valorização dos preços no decorrer deste ano, não compensou a queda produtiva e
o resultado foi a retração de 1,4% do VBP. Para 2019 estimamos nova retração da quantidade produzida,
de 3,2%, entretanto, desta vez a valorização dos preços deve compensar e contribuir para a expansão do
VBP do Arroz.
Em resumo, estimamos que a safra de 2019 seja um recorde em termos de valores, apesar da expectativa
de retração dos preços de alguns produtos. Importante ressaltar que a rentabilidade do produtor
não dependerá apenas da produtividade da safra e dos preços, como também dos custos, o que será
explanado na seção 1.2 deste relatório.
Fonte: Sistema Farsul, baseado nos dados de produção do LSPA/IBGE
Tabela 5 - Valor Bruto da Produção dos principais grãos do Rio Grande do Sul, em mil reais
Produto 2017 2018 2019 Variação (18/17)
Variação (19/18)
Arroz 6.912.342 6.818.417 7.034.045 -1,4% 3,2%Milho 2.532.896 2.648.831 2.226.786 4,6% -15,9%Soja 18.189.444 21.354.073 21.713.629 17,4% 1,7%Trigo 561.426 873.046 1.202.336 55,5% 37,7%Outros 477.285 573.668 582.400 20,2% 1,5%Soma 28.673.393 32.268.035 32.759.196 12,5% 1,5%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL18
1.1.2 PECUÁRIA DE CORTE
Por Ruy Augusto Neto
O ano de 2017 foi complicado para os pecuaristas em todo o país. A Operação Carne Fraca, escândalos de
corrupção protagonizados pela JBS e redução das operações da empresa no Centro-Oeste, refletiram em
uma queda expressiva do preço do boi no mercado interno que se sustentou em 2018. A crise econômica
segue mantendo os preços em níveis baixos dentro do mercado brasileiro em 2018, porém o câmbio mais
desvalorizado contribuiu para um resultado positivo nas exportações gaúchas.
Produção e Valor Bruto da Produção
O volume de abates em 2018 deverá se manter estável em relação ao ano passado no estado. Quando falamos
no valor bruto da produção os dados são negativos, o faturamento do setor deverá retrair 6% em 2018 fechando
o ano em torno de R$ 3,4 bilhões. Esse desempenho apresentado pelo faturamento da Pecuária no Rio Grande
do Sul está associado à desvalorização de 6% do preço, entre janeiro e outubro de 2018, no mercado nacional.
Em 2018 o volume (kg) exportado teve alta de 25% no estado, considerando o período de janeiro a setembro
de 2018 frente ao mesmo período do ano anterior, e se avaliarmos em termos de valor (US$) o aumento foi de
28%. Devemos frisar que a maior parte do consumo se destina ao mercado interno, entretanto a conjuntura
atual de desvalorização cambial ajudou no resultado positivo das exportações do estado, o que vem a
compensar o mau desempenho da economia.
Tabela 6 - Animais abatidos e Valor Bruto da Produção de Bovinos de Corte no Rio Grande do Sul
Mês / AnoAbates (cabeças) Valor Bruto da Produção (R$)
2017 2018 2017 2018Janeiro 130.940 130.941 294.986.845 294.986.845Fevereiro 129.978 129.978 296.546.338 296.546.338Março 127.657 127.657 281.337.918 281.337.918Abril 126.876 126.876 282.065.535 282.065.534Maio 140.925 140.926 313.013.070 277.570.812Junho 109.235 109.236 241.500.581 238.605.350Julho 104.522 104.522 238.513.480 203.107.989Agosto 143.683 143.683 302.156.797 271.180.461Setembro* 175.156 154.363 374.765.691 307.872.783Outubro* 153.824 161.265 349.810.996 317.487.853Novembro* 143.006 153.737 305.273.659 306.235.871Dezembro* 153.849 153.748 342.270.388 319.739.578Total 1.639.651 1.636.932 3.622.241.298 3.396.737.331
Fonte: FUNDESA(*) Set-Dez 2018: Projeção da Assessoria Econômica Sistema Farsul
19RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
É importante ressaltar o que foi escrito nos relatórios anteriores: o pecuarista deve estar sempre atento
para os acontecimentos da economia, uma vez que o seu negócio é diretamente afetado pelos seus reflexos.
Este deve monitorar e prestar atenção nas exportações do setor, já que há uma grande relação de influência
entre volume exportado e preço recebido, sobretudo em um período de longa estagnação do consumo
doméstico.
1.1.3 PECUÁRIA DE LEITE
Por Ruy Augusto da Silveira Neto
No ano passado o setor de lácteos passou por uma crise na demanda interna em todos os elos da cadeia
comprometendo as margens, tanto da indústria como do produtor. Em 2018 a crise econômica no Brasil
persistiu afetando o poder de compra dos consumidores, refletindo diretamente no consumo de leite e seus
derivados, porém é projetado pelo Rabobank uma leve recuperação da demanda. Nesse cenário de melhora
na demanda, e uma produção que vem sendo desestimulada em razão da crise enfrentada no ano anterior, a
tendência é de um aumento tímido da produção para este ano.
Produção e Valor Bruto da Produção
A estimativa para 2018 é de um aumento de 0,85% na produção gaúcha, ou seja, um total de 3,45 bilhões de
litros. A perspectiva de uma alta tímida na produção, em um cenário de reação da demanda por lácteos na
ponta final da cadeia, fez com que o preço registrasse uma série de subidas consecutiva no decorrer deste ano.
O preço recebido pelo produtor já vem registrando alta de 36% no acumulado do ano (janeiro a novembro),
de acordo com a série de preços líquidos ao produtor do Cepea/Esalq.
Fonte: Cepea/Esalq
Gráfico 2 - Evolução dos preços recebidos pelos produtores de leite no Rio Grande do Sul, em R$ por litro
1,181,22 1,24 1,25 1,27 1,25
1,21
1,131,06
0,95 0,95 0,950,95 0,98 0,98
1,08
1,19 1,21
1,411,46
1,41 1,38
1,29
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez2017 2018
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL20
O Valor Bruto da Pecuária Leiteira do Rio Grande do Sul está estimado em R$ 4,25 bilhões neste ano, 10% maior
que o registrado no ano anterior, ., graças a valorização de 7% do preço médio anual.
A conjuntura pelo qual o setor passou em 2017 evidenciou o peso da crise brasileira dentro da cadeia do leite.
O cenário do preço melhorou bastante para este ano, porém os reflexos da crise ainda estão presentes
dentro do setor, mantendo a demanda em níveis menores que o período pré-crise. Então, é possível que
as atuais projeções sejam revisadas para baixo até o final do ano.
O setor de lácteos no Gaúcho está se organizando rápido e se profissionalizando a cada dia. Agroindústrias e
Cooperativas estão ampliando suas escalas, assim sendo, o produtor de Leite deve estar atento aos movimentos
dos preços, custos de produção, indicadores econômicos e exigências do mercado internacional para se
posicionar da melhor maneira possível no mercado.
Tabela 7 – Quantidade e Valor da Produção de Leite adquirido no Rio Grande do Sul
Mês / AnoLEITE ADQUIRIDO (mil Litros) VBP DO LEITE (R$)
2017 2018 2017 2018Janeiro 292.091 302.550 345.719 286.999Fevereiro 249.430 257.942 304.230 252.035Março 259.275 262.099 321.657 257.460Abril 236.390 245.113 294.353 265.139Maio 254.331 230.984 322.924 275.703Junho 267.698 264.040 334.542 318.749Julho* 304.528 308.719 368.814 434.182Agosto* 324.357 328.820 365.680 480.538Setembro* 325.304 329.781 344.172 464.529Outubro* 308.257 312.499 293.183 431.342Novembro* 296.205 300.281 281.217 388.323Dezembro* 308.169 312.410 293.685 404.008Total 3.426.035 3.455.237 3.870.175 4.259.007
Fonte: : IBGE (2° tri)(*) Projeção Sistema Farsul
21RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Na composição do Custo Operacional Total do Arroz, os principais destaques de baixa, quando comparados
os meses de outubro de 2017 e 2018, foram os químicos: herbicidas, que representam 7% do COT, com
queda de 1%; inseticidas com retração de 5% e os fungicidas com recuo de 5%. Os destaques de alta foram:
fertilizantes, representando 10% do COT, com aumento de 25%; Diesel, que compõe 11% do COT e apresentou
um aumento significativo de 16%; Irrigação com avanço de 9% e o frete, que aumentou 16%, consequência do
tabelamento do serviço realizado pelo governo em junho desse ano.
A melhor hora de comprar insumos: fertilizantes e agroquímicos
A análise do custo de produção do Arroz demonstra que fertilizantes, agroquímicos, sementes e royalties
representam 20% do COT, ou seja, na gestão da atividade rural, estes componentes do custo de produção
1.2 ANÁLISE DA RENTABILIDADE DA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE DO SUL
1.2.1 ARROZ
O Custo Operacional Total (COT), que compreende o Custo Operacional Efetivo mais as Depreciações
(benfeitorias, máquinas e etc.), é o indicador mais importante para avaliar a atividade rural a longo prazo.
Analisando o custo médio da lavoura de Arroz em outubro de 2018 e comparando com o mesmo período do
ano anterior se verifica aumento de 9%, devido ao aumento da taxa de cambio que exerce grande influência
no preço dos principais insumos. Se analisarmos o Índice de Inflação do Custo de Produção (IICP), esse avanço
fica mais evidente. No acumulado do ano o IICP apresenta aumento de 11,47%, já na avaliação da evolução
do COT no mesmo ano houve um acréscimo de 8%. O comportamento mensal do COT pode ser analisado no
gráfico que segue.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 3 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Arroz no RS, em R$/ha
6.602,63 6.618,15
7.176,49
6.100
6.300
6.500
6.700
6.900
7.100
7.300
jan/
17fe
v/17
mar
/17
abr/
17m
ai/1
7ju
n/17
jul/1
7ag
o/17
set/1
7ou
t/17
nov/
17de
z/17
jan/
18fe
v/18
mar
/18
abr/
18m
ai/1
8ju
n/18
jul/1
8ag
o/18
set/1
8ou
t/18
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL22
dependem diretamente da estratégia de aquisição do produtor rural. Comprar na hora certa, portanto, é
fundamental. Já os componentes do custo como irrigação, óleo diesel, frete, mão de obra, tributos e
financiamento do capital de giro (36% do COT) não são possíveis ou viáveis de serem adquiridos em épocas
alternativas.
A gestão dos riscos da atividade remete à análise do melhor momento para aquisição dos insumos. Em
razão disso, analisamos as últimas safras com a finalidade de sinalizar o melhor momento para a compra dos
fertilizantes e agroquímicos, assim, o produtor rural tem a oportunidade de melhorar a gestão dos custos de
produção e, consequentemente, aumentar sua lucratividade.
Nossa análise apontou que, nos últimos anos, a melhor época para a compra de fertilizantes é o primeiro
semestre do ano, em 2018 o preço desse item demonstrou esse comportamento, como pode ser visto no
gráfico. O custo do insumo se manteve até maio de 2018 abaixo da média do ano, entretanto a partir de junho
os preços dos fertilizantes aumentam puxados pela alta do dólar, reflexo do início do período eleitoral.
Os agroquímicos (herbicidas, fungicidas e inseticidas) foram analisados individualmente. A análise apontou
que o melhor momento para a compra de herbicidas seria no primeiro semestre do ano, em 2018 o mês
que registrou o melhor preço foi abril. Essa mudança na estratégia foi ocasionada pelo comportamento da
inflação nos custos ao longo do ano.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 4 - Custo dos Fertilizantes para Arroz no RS, em R$/ha
552 548 561 591 618
657 712 714
772 722
645
400450500550600650700750800850
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr mai
23RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Nos últimos anos, o melhor momento para compra dos inseticidas foi no primeiro semestre. No ano de
2018 a estratégia se manteve, os quatro primeiros meses do ano apresentaram um preço inferior à média
anual, o tabelamento de frete a partir de junho impactou negativamente no preço.
De acordo com a análise, o melhor momento apontado para adquirir fungicidas são os primeiros
meses do ano. Analisando o comportamento de 2018, observamos que janeiro e fevereiro foram os
meses com melhores cotações.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 5 - Custo dos Herbicidas para Arroz no RS, em R$/ha
448 452 452 435 444 446 447 465 463 469 452
0
100
200
300
400
500
600
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr mai jun jul
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 6 - Custo dos Inseticidas do Arroz no RS, em R$/ha
59 59 60 60 62
59 61 61 61 61
60
5254565860626466687072
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr jun
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL24
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 7 - Custo dos Fungicidas para Arroz no RS, em R$/ha
52 52 55 55 53 54 55 54 56 55 54
01020304050607080
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mai jun ago
Margem de Lucratividade do Arroz
O ano de 2018 foi marcado por uma queda da produção e por uma estagnação da demanda, o que
causou queda de 9% nos estoques. Isso só foi possível devido ao grande volume exportado que puxou
os estoques para baixo, resultando em um aumento do preço a partir do segundo semestre do ano.
Importante frisar o trabalho realizado pela Farsul, que antevendo uma crise no preço do Arroz
e cobrou uma interferência por parte do governo logo no início do ano. Então foram realizados
leilões de PEP e PEPRO no momento certo, no início da colheita, pois assim já ocorreria o escoamento da
produção simultaneamente à recuperação do preço, caso contrário o mesmo sofreria bastante dado o
estoque da safra anterior somado com a produção da nova safra, dificultando a recuperação ao longo do
ano. Aliado a isso, a taxa de câmbio desvalorizada também contribuiu para um recorde de exportações
brasileiras de Arroz em casca, chegando a aproximadamente 480 mil toneladas, que foi motor para a
queda nos estoques nacionais e a retomada do preço no segundo semestre.
O preço no Rio Grande do Sul registrou alta de 23% entre janeiro a outubro de 2018, já para 2019 é
estimado um cenário de queda na área plantada do RS. Se a intenção de plantio se confirmar, deveremos
ter uma queda de produção de 7,5% no RS, e por consequência, queda na produção brasileira em 2019.
Com um panorama de queda na produção e estabilidade da demanda, teremos um consumo ligeiramente
superior à produção, ou seja, um cenário ótimo para que ocorra alta de preços no próximo ano.
O alto custo de produção e os preços baixos registrados no primeiro semestre deste ano devem desestimular
o produtor de arroz. Além do custo, outros fatores ligados à produtividade devem colaborar para que o
cenário de queda da produção se configure. São eles: A baixa intenção de plantio dos produtores; o nível
tecnológico empregado no processo produtivo e a escassez do crédito oficial, acontecimento já comum
na vida dos produtores.
25RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
O preço médio do Arroz no Rio Grande do Sul, em outubro de 2018, foi de R$ 44,71/sc 60kg. Esse valor
foi 24% maior que a média do mesmo período de 2017 (R$ 36,10/sc 60 kg). Além disso, o gráfico acima
mostra que a partir do início do segundo semestre de 2018 os preços começam sua trajetória de alta,
enquanto o segundo semestre do ano anterior foi o ponto inicial da queda que deixou os preços em
níveis menores até o final do ano.
Fonte: Esalq/Senar-RS
Gráfico 8 - Preço Mensal do Arroz no Rio Grande do Sul, em R$/50 kg
49 49
41
38 38 39 40 4037
37 373636 35 35 35 36 39
4244
45 45
20
25
30
35
40
45
50
55
jan fev mar abr mai jun jul ago set nov dezout
2017 2018
Fonte: Cepea/Esalq(*) Custo Operacional Total meses de outubro de cada ano(**) Receita Bruta a partir dos preços dos meses de abril de cada ano (abr/17: R$ 38,05/saca 50 kg; abr/18: R$ 35,40/saca 50 kg; out/18: R$ 44,71/ saca 50 kg)
Gráfico 9 - Orçamentação do Custo Operacional Total, Receita Bruta e Margem Bruta da safra 2019 do Arroz no RS, em R$/ha
-6.883
6.031
-852
- 6.603
5.361
-1.242
-7.176
7.188
11
-9.000-7.000-5.000-3.000-1.000 1.000 3.000 5.000 7.000 9.000
CUSTO (COT)* RECEITA BRUTA** MARGEM BRUTA2017 2018 2019
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL26
Para a safra de 2019 de Arroz, estima-se uma margem bruta positiva, apesar de o COT também ter aumentado
(9%). Os principais causadores desse aumento no COT são os Fertilizantes, que influenciados pela alta taxa
de câmbio encareceram 25% em outubro de 2018 ante o mesmo mês do ano anterior. Além disso, o frete
encareceu 16% no mesmo período, impactando tanto o preço dos Fertilizantes quanto o COT.
O aumento da margem bruta se deve então ao aumento da receita bruta que supera a alta do COT, projeta-
se um aumento de 34% da receita, que advém da alta dos preços registrados a partir do segundo semestre
de 2018. É importante destacarmos que se deve sempre ter muita prudência com estas projeções, contudo o
cenário que vem se configurando é de alta nos preços para 2019. Então existe uma probabilidade de resultados
ainda melhores para a Margem Bruta até abril de 2019.
1.2.2 MILHO
O Custo Operacional Total (COT), que compreende o Custo Operacional Efetivo mais Depreciações (benfeitorias,
máquinas e etc.), é importante para avaliar a atividade rural no longo prazo. Na comparação entre outubro de
2018 e o mesmo período do ano anterior houve um avanço de 9% do COT médio da lavoura de Milho. Já na
avaliação da evolução do COT, somente em 2018 (de janeiro a outubro), o mesmo subiu 11%. Se analisarmos
o Índice de Inflação do Custo de Produção (IICP) esse cenário fica mais evidente, no acumulado do ano o IICP
apresentou aumento de 11,47%, inflação que foi puxada por dois fatores: taxa de câmbio e tabelamento do
frete. O comportamento mensal do COT pode ser analisado no gráfico que segue.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 10 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Milho no RS, em R$/ha
4.080,7694.017,04
4.443,30
3.600,00
3.750,00
3.900,00
4.050,00
4.200,00
4.350,00
4.500,00
4.650,00
jan/
17fe
v/17
mar
/17
abr/
17m
ai/1
7ju
n/17
jul/1
7ag
o/17
set/
17ou
t/17
nov/
17de
z/17
jan/
18fe
v/18
mar
/18
abr/
18m
ai/1
8ju
n/18
jul/1
8ag
o/18
set/
18ou
t/18
27RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Na composição do Custo Operacional Total do Milho, praticamente todas as contas que compõem o custo
aumentaram, quando comparados os meses de outubro de 2017 e 2018. Fertilizantes, com participação de 30%
do COT, subiram 39% no período; herbicidas, que representam 6% do COT, apresentaram aumento de 13%;
fungicidas passaram por um acréscimo de 4% no custo; inseticidas elevaram em 14% o seu custo no período;
mão de obra aumentou 2%; diesel e frete apresentaram avanço de 16%. Dentre os produtos analisados dentro
do custo de produção, apenas sementes e royalties apresentaram queda, com 23%, no período analisado.
A melhor hora de comprar insumos: fertilizantes e agroquímicos
A análise do custo de produção do Milho demonstra que fertilizantes, agroquímicos, sementes e royalties
representam 55% do COT, ou seja, na gestão da atividade rural, mais da metade dos componentes do custo
de produção dependem diretamente da estratégia de aquisição do produtor rural. Os componentes do custo
como óleo diesel, frete, mão de obra, tributos e financiamento do capital de giro (30% do COT) não são
possíveis ou viáveis de serem adquiridos em épocas alternativas.
A gestão dos riscos da atividade remete à análise do melhor momento para aquisição dos insumos. Em
razão disso, analisamos as últimas safras com a finalidade de sinalizar o melhor momento para a compra dos
fertilizantes e agroquímicos, assim, o produtor rural tem a oportunidade de melhorar a gestão dos custos de
produção e, consequentemente, aumentar sua lucratividade.
Nossa análise apontou que, nos últimos anos, a primeira metade do ano é a melhor época para a compra
de fertilizantes. Em 2018 os preços se comportaram melhor no início do ano, porém com o início da corrida
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 11 - Custo dos Fertilizantes para Milho no RS, em R$/ha
947 967 975 967 1.019
1.091 1.162
1.232 1.288 1.320
1.097
400500600700800900
1.0001.1001.2001.3001.400
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2017 2018 Média 2018jan fev mar abr mai jun
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL28
eleitoral a volatilidade do câmbio começou a afetar os preços do insumo e o tabelamento do frete também
elevou os preços a partir do segundo semestre.
Os agroquímicos (herbicidas, fungicidas e inseticidas) foram analisados individualmente. A análise apontou
que o melhor momento para a compra de herbicidas remete ao primeiro semestre do ano, em 2018 não
foi diferente, durante todo o primeiro semestre o custo se manteve abaixo da média do ano.
Os fungicidas possuem tendência de melhor compra no primeiro semestre, em 2018, janeiro se mostrou
o mês mais atrativo. É importante ressaltar que ocorreram poucas oscilações nas despesas desse insumo ao
longo do ano, conforme gráfico a seguir.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 12 - Custo dos Herbicidas para Milho no RS, em R$/ha
254 261 259
255 259 261 262 262
274
285
263
230
240
250
260
270
280
290
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr mai jun jul ago
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 13 - Custo dos Fungicidas para Milho no RS, em R$/ha
37 38 37 34 36 37 36 37 37 37
37
05
10152025303540
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
abr mai jul
29RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Nos últimos anos, o melhor momento para compra dos inseticidas foi no primeiro semestre do ano. No
ano de 2018 a estratégia não foi diferente, os quatro primeiros meses do ano apresentaram um preço mais
atrativo, o tabelamento de frete começou a afetar negativamente o preço na segunda metade do ano.
Como pode ser visto acima, os insumos em geral possuem uma tendência de melhores preços
concentrados no primeiro semestre do ano. Outro fator que contribui para essa conjuntura é o fato
de que passamos por um ano eleitoral onde o mercado de câmbio acaba apresentado uma grande
volatilidade no Brasil, aliado a essa situação, o país passou por um tabelamento do frete na metade de
2018 o que acarretou em um custo ainda maior no abastecimento de insumos para as lavouras.
Margem de Lucratividade do Milho
O resultado da produção mundial de Milho neste ano apresentou retração de 4%, puxada majoritariamente
pelas perdas registradas nos Estados Unidos e na China, que participam de mais de 50% da produção
mundial do grão. Entretanto, o consumo exibiu um tímido avanço (0,2%), porém, o suficiente para a
demanda superar a oferta, este cenário deve seguir para a safra 2019. Essa conjuntura de consumo
superando a oferta em 2018 e 2019 resultou em queda de 3% no estoque final em 2018 e projeta-se uma
retração forte de 10% para 2019, o que a médio prazo é positivo para as cotações internacionais.
No Brasil esse cenário não foi diferente, o ano de 2018 foi caracterizado por um clima adverso para o
plantio de Milho no país, o que resultou em uma queda de 17% da produção. O consumo por outro lado
demonstrou um avanço de 12% com as exportações se recuperando da queda de 2017. Esse panorama
levou a um descasamento entre oferta e demanda, ocasionando uma diminuição dos estoques finais em
25% e impactando positivamente os preços do Milho no Brasil.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 14 - Custo dos Inseticidas do Milho no RS, em R$/ha
44 48 52 52 56 56 56 58 58 58 54
010203040506070
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL30
O preço do Milho no Rio Grande do Sul em 2018 se manteve em um patamar superior a 2017, contribuindo
para os produtores recuperarem as suas margens. Em 2017 o preço médio do cereal no período de
janeiro a outubro foi R$ 23,33/sc 60 kg, já em 2018 o preço médio está na casa de R$ 32,82/sc 60 kg,
demonstrando uma recuperação de 41% do preço no período.
A rentabilidade do Milho para a safra 2019 pode ser verificada no gráfico a seguir. Segundo o Cepea/
Esalq, a projeção de aumento no COT (mês de referência outubro de 2017) de 9% está relacionada,
principalmente, a uma elevação de 39% no gasto com fertilizantes. Esse gasto maior está relacionado
com a volatilidade cambial do final do ano e o tabelamento do frete que puxou o preço dos principais
insumos da produção a partir do segundo semestre do ano.
Fonte: Cepea/Esalq
Gráfico 15 - Preço do Milho no RS, em R$/sc 60 kg
29
26
2221 21 22 21 22
2325 26 26
25 26
31
34 3435
3335
37 37
2022242628303234363840
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2017 2018
31RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Conforme destacado anteriormente, o Brasil teve sua produção de Milho em 2018 comprometida por problemas
climáticos. Esse evento aliado a uma boa expansão do consumo e das exportações do Milho brasileiro gerou
a necessidade de recorrer aos estoques para atender a demanda. Com uma queda de 25% dos estoques finais
brasileiros, o efeito foi um aumento de 46% do preço, entre janeiro e outubro desse ano. No relatório do ano
passado já havíamos enfatizado a expectativa de uma conjuntura de preços mais elevados em 2018. O câmbio
segue exercendo uma influência nas cotações brasileiras como nos anos anteriores e o preço internacional
começa uma tímida reação baseada na expectativa de queda de 10% dos estoques internacionais para 2019.
Mesmo com um aumento significativo do COT em 2018, o preço demonstrou uma boa recuperação ao longo
do ano e refletiu em uma projeção de recuperação positiva da margem bruta em 2019. É importante ressaltar
que essa projeção de margem de lucro considera o preço médio do milho em outubro de 2018. Visto que
o preço vem apresentando patamares ótimos, é esperado que a margem se mantenha estável ou recue
pouco até abril de 2019. A propriedade analisada na metodologia leva em consideração os rendimentos
médios por hectare das safras 2017, 2018 e a projeção para 2019 no Rio Grande do Sul, de acordo com o IBGE.
Fonte: Cepea/Esalq(*) Custo Operacional Total meses de setembro de cada ano (**) Receita Bruta a partir dos preços de abr/17: R$ 21,39/saca 60 kg; abr/18: R$ 33,76/saca 60kg; out/18: R$ 37,16/ saca 60kg)
Gráfico 16 - Orçamentação do Custo Operacional Total, Receita Bruta e Margem Brutada safra 2019 do Milho no RS, em R$/ha
-4.029
2.604
-1.426
-4.081
3.857
-224
-4.443
6.716
2.272
-6.000
-4.000
-2.000
-
2.000
4.000
6.000
8.000
CUSTO (COT)* RECEITA BRUTA** MARGEM BRUTA
2017 2018 2019
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL32
Na composição do Custo Operacional Total da Soja, os principais destaques de alta no custo, quando
comparados os meses de outubro de 2017 e 2018, foram: fertilizantes, participando com 25% do COT,
subiram 35% no período; herbicidas apresentaram alta de 15%; fungicidas, que participam com 12% do
total do COT, inflacionaram 2%; inseticidas aumentaram seu custo em 8%; mão de obra, responsável
por 6% do COT, acresceu 2%; diesel e frete subiram 16%, respectivamente. Não houve itens no custo de
produção da Soja que apresentaram queda no período.
A melhor hora de comprar insumos: fertilizantes e agroquímicos
A análise do custo de produção da Soja demonstra que fertilizantes, agroquímicos, sementes e royalties,
representam 59% do total do COT, ou seja, na gestão da atividade rural mais da metade dos componentes
do custo de produção depende da estratégia de aquisição do produtor. Os componentes como óleo
diesel, frete, tributos, seguros e financiamento do capital de giro (28% do COT) não são possíveis ou
viáveis de serem adquiridos em épocas alternativas.
1.2.3 SOJA
O Custo Operacional Total (COT), que compreende o Custo Operacional Efetivo mais Depreciações
(benfeitorias, máquinas e etc.), é fundamental para avaliar a atividade rural no longo prazo. Na comparação
entre outubro de 2018 e o mesmo período do ano anterior houve aumento de 13,4% do COT médio da
lavoura de Soja. Já na avaliação da evolução do COT somente em 2018 (de janeiro a outubro) o acréscimo
foi 13,3%. Se analisarmos o Índice de Inflação do Custo de Produção (IICP) essa subida do custo fica mais
evidente, no acumulado do ano o IICP apresenta inflação de 11,47%. O comportamento mensal pode ser
analisado no gráfico que segue.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 17 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total da Soja no RS, em R$/ha
3.088,313.088,98
3.501,30
2.700,002.800,002.900,003.000,003.100,003.200,003.300,003.400,003.500,003.600,00
jan/
17fe
v/17
mar
/17
abr/
17m
ai/1
7ju
n/17
jul/1
7ag
o/17
set/
17ou
t/17
nov/
17de
z/17
jan/
18fe
v/18
mar
/18
abr/
18m
ai/1
8ju
n/18
jul/1
8ag
o/18
set/
18ou
t/18
33RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
A gestão dos riscos da atividade remete à análise do melhor momento para aquisição dos insumos. Em
razão disso, analisamos as últimas safras com a finalidade de sinalizar o melhor momento para a compra
dos fertilizantes e agroquímicos, assim, o produtor rural tem a oportunidade de melhorar a gestão dos
custos de produção e, consequentemente, aumentar sua lucratividade.
Nos últimos anos o melhor momento para a aquisição dos fertilizantes tem sido o primeiro semestre
do ano, em 2018 o preço deste item foi inferior à média anual até o mês de junho, antes de ocorrer o
tabelamento do frete, conforme gráfico a seguir.
A análise dos agroquímicos para o melhor momento da aquisição remete, geralmente, ao primeiro
semestre para os herbicidas, em 2018 esse cenário se confirmou, resultado de um tabelamento do frete
aliado a alta volatilidade cambial em época de eleição.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 18 - Custo dos Fertilizantes para Soja no RS, em R$/ha
639 646 684 685 693 737 772 782 847 859
734
0100200300400500600700800900
1000
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2017 2018 Média 2018
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 19 - Custo dos Herbicidas para Soja no RS, em R$/ha
189 196 193 184 190 200 203 199 205 218
198
0
50
100
150
200
250
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr mai
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL34
Os fungicidas possuem tendência de melhor compra nos primeiros meses do ano, no entanto, para
esse ano os fungicidas mostraram comportamento similar aos inseticidas, onde janeiro demonstrou ser
o período ideal de compra para o ano de 2018. Mas é importante destacar que julho e agosto também
apresentaram inferiores à média do ano.
O melhor período para a compra de inseticidas é normalmente o primeiro semestre, no ano de 2018
observamos que em janeiro surgiu uma conjuntura ótima para aquisição do agroquímico, com o preço
se mantendo 8% abaixo da média anual.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 20 - Custo dos Inseticidas para Soja, em R$/ha
232 249 251 251 257 257 257 260 262 259 253
050
100150200250300350
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 21 - Custo dos Fungicidas para Soja no RS, em R$/ha
423 429 425
438 449 453
424 430 438 437
435
380390400410420430440450460470
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar jul ago
35RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Margem de Lucratividade da Soja
O preço da Soja continua sendo fortemente influenciado pela taxa de câmbio, que pode em certos
momentos distorcer os preços nacionais. Em 2018, o preço internacional da Soja foi marcado por quedas
influenciadas pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, entretanto, o preço no Rio Grande do
Sul registrou alta de 26% em outubro com relação a janeiro do mesmo ano. Essa alta expressiva surge
especialmente dos movimentos de desvalorização da taxa de câmbio, que foi bastante instável em um
ano marcado por aumentos nas taxas de juros dos Estados Unidos e principalmente pelo ambiente
político em que o Brasil se encontrava.
O preço médio da Soja no Rio Grande do Sul, entre janeiro e outubro de 2018, foi de R$ 71,88/sc 60kg.
Esse valor foi 19% maior do que a média do mesmo período de 2017 (R$ 60,54/sc 60 kg). Além disso, o
gráfico acima mostra que a partir de março de 2018 os preços começam sua trajetória de alta, enquanto
o mesmo mês do ano anterior foi o ponto inicial da queda que deixou os preços em níveis menores até
o final do ano.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 22 - Preço da Soja no RS, em R$/sc 60kg
6764
62
5658 58 61
59 59 61 63 636163
68
74 75
7074
7680
77
50
55
60
65
70
75
80
85
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL36
Para a safra de 2019 de Soja, projeta-se um aumento de 64% da margem bruta, apesar de o COT
também ter aumentado (13%). Os principais causadores desse aumento no COT são os Fertilizantes,
que influenciados pela alta taxa de câmbio encareceram 35% em setembro de 2018 ante o mesmo mês
do ano anterior. Além disso, o frete encareceu 16% no mesmo período, impactando tanto o preço dos
Fertilizantes quanto o COT.
O aumento da margem bruta se deve então ao aumento da receita bruta que supera a alta do COT,
projeta-se um aumento de 24% da receita, que advém da alta dos preços e também da desvalorização
da taxa de câmbio. Entretanto, é importante destacarmos que se deve sempre ter muito cuidado
com essas projeções, pois a influência da taxa de câmbio é muito grande como destacado acima,
então é muito provável que essa Margem Bruta diminua consideravelmente até abril de 2019.
Recomendamos negociações mais conservadores e que observem os movimentos futuros tanto dos
preços quanto da produção.
Fonte: Cepea/Esalq(*) Custo Operacional Total dos meses de outubro de cada ano (**) Receita Bruta a partir dos preços de abr/17: R$ 56,21/saca 60kg; abr/18: R$ 74,21/saca 60kg; out/18: R$ 77,26/ saca 60kg)
Gráfico 23 - Orçamentação do Custo Operacional Total, Receita Bruta e Margem Bruta da safra 2019 da Soja no RS, em R$/ha
-3.131
3.171
40
-3.088
3.937
849
-3.501
4.894
1.392
-4.500
-2.500
-500
1.500
3.500
5.500
CUSTO (COT)* RECEITA BRUTA** MARGEM BRUTA
2017 2018 2019
37RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
1.2.4 TRIGO
O Custo Operacional Total (COT), que compreende o Custo Operacional Efetivo mais Depreciações
(benfeitorias, máquinas e etc.), é imprescindível para avaliar a atividade rural no longo prazo. Na
comparação do custo médio da lavoura de Trigo entre outubro de 2018 versus o mesmo período do
ano anterior houve uma alta de 14% e, avaliando-se a evolução do COT somente em 2018 (janeiro a
outubro), há um aumento de 15%. Se considerarmos o Índice de Inflação do Custo de Produção (IICP)
esse aumento fica ainda mais evidente, no acumulado de do ano o IICP apresenta inflação de 11,47%. O
comportamento mensal do COT pode ser analisado no gráfico que segue.
Na composição do Custo Operacional Total do Trigo, os principais destaques de alta no custo, quando
comparados os meses de outubro de 2017 e 2018, foram: fertilizantes, responsáveis por 30% do COT,
subiram 40%; herbicidas apresentam alta de 3%; capital de giro, que participa com 9% do total do COT,
apresentou acréscimo de 16%; inseticidas ampliaram em 18% seus custos; diesel e frete apresentaram
aumentos 16% no período. Somente os fungicidas, que representam 7% do COT, apresentaram queda de
2% no custo no período.
A melhor hora de comprar insumos: fertilizantes e agroquímicos
A análise do custo de produção do Trigo demonstra que fertilizantes, agroquímicos, sementes e royalties
representam 56% do total do COT, ou seja, na gestão da atividade rural mais da metade dos componentes
do custo de produção são suscetíveis a estratégia de aquisição do produtor. Os componentes do custo
como óleo diesel, mão de obra, frete, tributos, seguro e financiamento do capital de giro (31% do COT)
não são possíveis ou viáveis de serem adquiridos em épocas alternativas.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 24 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Trigo no RS, em R$/ha
2.110 2.108
2.415
1.900
2.000
2.100
2.200
2.300
2.400
2.500
jan/
17fe
v/17
mar
/17
abr/
17m
ai/1
7ju
n/17
jul/1
7ag
o/17
set/1
7ou
t/17
nov/
17de
z/17
jan/
18fe
v/18
mar
/18
abr/
18m
ai/1
8ju
n/18
jul/1
8ag
o/18
set/1
8ou
t/18
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL38
A gestão dos riscos da atividade remete à análise do melhor momento para aquisição dos insumos. Em
razão disso, analisamos as últimas safras com a finalidade de sinalizar o melhor momento para a compra
dos fertilizantes e agroquímicos, assim, o produtor rural tem a oportunidade de melhorar a gestão dos
custos de produção e, consequentemente, aumentar sua lucratividade.
Nos últimos anos, o melhor resultado para a aquisição dos fertilizantes foi no primeiro semestre do
ano. Conforme pode-se visualizar no gráfico anterior, em 2018 o mês que apresentou o melhor preço foi
janeiro, consequência das variações cambiais ao longo do ano e também do tabelamento do frete que
impulsionou a despesa com o insumo a partir da segunda metade do ano.
A análise dos agroquímicos para o melhor momento da aquisição remete ao meio do ano para os
herbicidas. No ano de 2018 a estratégia não foi diferente, pois a despesa com esse insumo oscilou muito
pouco ao longo do ano, entretanto o momento ótimo para aquisição foi entre abril e setembro, período
onde o custo com herbicidas ficou abaixo da média anual.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 25 - Custo dos Fertilizantes para Trigo no RS, em R$/ha
524 528 537 531 556 593
632 661 710 729
600
300350400450500550600650700750800
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr mai jun
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 26 - Custo dos Herbicidas para Trigo no RS, em R$/ha
135 138 137 134 133 134 135 135 134 143 136
020406080
100120140160180
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr
39RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Nos últimos anos o melhor momento de compra dos inseticidas foi durante os primeiros meses do
ano, este ano a análise confirma. A despesa com esse insumo em janeiro foi 19% menor do que em maio,
mês de início do plantio.
Os fungicidas possuem tendência de melhor compra em maio, contudo abril apresentou o melhor
preço, importante ressaltar que o período entre julho e outubro também apresentou um preço inferior à
média do ano. Como pode ser analisado no gráfico que segue.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 27 - Custo dos Inseticidas para Trigo no RS, em R$/ha
53 59 63 63 66 65 64 69 69 69 64
0102030405060708090
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2017 2018 Média 2018
jan fev mar abr
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul
Gráfico 28 - Custo dos Fungicidas para Trigo no RS, em R$/ha
190 187 188
177 178 183
179 178 179 180 182
150155160165170175180185190195
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018 Média 2018abr mai jul ago set out
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL40
Margem de Lucratividade do Trigo
Segundo o USDA, neste ano a lavoura de Trigo nacional apresentou uma diminuição de 10% da área
destinada à cultura, acarretando em uma redução da produção, essa conjuntura foi um reflexo do preço
baixo apresentado pelo grão em 2017, que desestimulou o produtor. Os fatores elencados anteriormente
contribuíram para uma considerável redução do estoque final.
A expectativa para a safra 2019 é de aumento da oferta, puxada por uma produção de trigo 6% maior,
entretanto a mesma segue em níveis baixos. Importante ressaltar que por se tratar de projeção,
essa conjuntura ainda é incerta e quando se aborda o Trigo estes resultados podem se alterar, já
que a cultura é muito sensível às variações climáticas, principalmente aos invernos chuvosos e
com granizo, corriqueiros na região sul do Brasil. Contudo, as projeções apontam problemas para se
importar o grão, já que as exportações em níveis internacionais devem reduzir com a queda esperada
da produção mundial, o que pode tornar o Trigo brasileiro mais valorizado no próximo ano. Entretanto é
importante frisar que uma valorização do câmbio em 2019 pode estimular as industrias a importarem o
grão. O Trigo em setembro deste ano exibe uma cotação de R$ 42,37/sc 60 kg, ou seja, 39% maior que o
preço apresentado no mesmo período do ano passado.
O comparativo da rentabilidade do Trigo na safra 2018 versus safra 2017 pode ser verificado no gráfico
a seguir. Há elevação no COT (maio como mês de referência) de 7%, principalmente, via aumento nos
custos de fertilizantes (40%), inseticidas (18%), frete e óleo diesel (16%).
Fonte: Cepea/Esalq
Gráfico 29 - Preço do Trigo no RS, em R$/sc 60kg
28 28 28 28 2931
3333 31
30 30 3030 30
32
35
4042
4141 42
40
20
25
30
35
40
45
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez2017 2018
41RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Para orçamentação do Trigo em 2018 houve um avanço de 39% na Receita Bruta, embora a cultura
apresente acréscimo do COT de 7% em 2018, as lavouras de Trigo no RS devem seguir apresentando
prejuízo. O cenário é esperançoso, o prejuízo, que era de R$ - 551,01/ha em 2017, retraiu bastante em
2018 e passou para R$ -97,80/ha. É importante lembrar que estamos tirando uma fotografia do preço em
outubro de 2018, existe a expectativa de que o preço se mantenha nesses patamares mais elevados em
2019, podendo convergir para resultados positivos impactando diretamente no faturamento da lavoura.
A propriedade analisada na metodologia leva em consideração os rendimentos médios por hectare em
2017, 2018 e a projeção para 2019 no Rio Grande do Sul.
1.2.5 LEITE
O Custo Operacional Total (COT), que compreende o Custo Operacional Efetivo mais as Depreciações
(benfeitorias, máquinas e etc.), é o indicador mais importante para avaliar a atividade rural no longo prazo.
Analisando os custos de setembro de 2018 e o mesmo período do ano anterior houve aumento de 11%,
devido à grande influência do câmbio em 2018 nos custos e a valorização do milho, principal insumo
da alimentação animal. Se analisarmos o Índice de Inflação do Custo de Produção (IICP), esse avanço
fica mais evidente. No acumulado de 12 meses o IICP apresenta aumento de 12,7%, já no acumulado do
ano (janeiro a outubro) o COT demonstrou uma alta de 9%. O comportamento mensal do COT pode ser
analisado no gráfico que segue.
Fonte: Cepea/Esalq(*) Custo Operacional Total dos meses de maio de cada ano (**) Receita Bruta a partir dos preços de dez/17: R$ 29,57/saca 60kg; out/18: R$ 42,37/saca 60kg.
Gráfico 30 - Orçamentação do Custo Operacional Total, Receita Bruta e Margem Bruta da safra 2019 do Trigo no RS, em R$/ha
-2.048
1.497
-551
-2.185
2.087
-97,80
-2.500-2.000-1.500-1.000
-5000
5001.0001.5002.0002.500
CUSTO (COT) RECEITA BRUTA* MARGEM BRUTA
2017 2018
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL42
O aumento no COT está quase que inteiramente relacionado à alta de dois insumos que tem importância
relevante nos custos da pecuária de leite. O preço do concentrado aumentou consideravelmente nesse
ano devido à valorização do milho, componente fundamental na alimentação animal. O milho exibe um
aumento de 47% do seu preço, no acumulado do ano.
Margem de Lucratividade do Leite
O alto custo de produção e os preços baixos registrados no segundo semestre do ano passado
desestimularam o produtor de leite em 2018. Com um cenário projetado de aumento fraco na produção
e reação da demanda, depois de dois anos de consumo estagnado. A expectativa é de uma oferta mais
ajustada a demanda, contribuindo para uma melhora nas cotações do preço ao produtor. O preço no Rio
Grande do Sul registrou alta de 48% entre janeiro a setembro de 2018.
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul.
Gráfico 31 - Evolução Mensal do Custo Operacional Total do Leite no RS, em R$/ha
6.2456.352
6.902
6.0006.1006.2006.3006.4006.5006.6006.7006.8006.9007.000
jan/
16fe
v/16
mar
/16
abr/
16m
ai/1
6ju
n/16
jul/1
6ag
o/16
set/
16ou
t/16
nov/
16de
z/16
jan/
17fe
v/17
mar
/17
abr/
17m
ai/1
7ju
n/17
jul/1
7ag
o/17
set/
17
43RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Fonte: Projeto Campo Futuro – CNA/Cepea/Sistema Farsul.
Gráfico 32 – Preço Médio Mensal Liquido do Leite no Rio Grande do Sul, em R$ por litros
1,181,22 1,24 1,25 1,27 1,25
1,21
1,13 1,06
0,95 0,95 0,950,95 0,98 0,98
1,08
1,19 1,21
1,41
1,46
1,41
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2017 2018
O preço do litro de Leite no Rio Grande do Sul, em setembro de 2018, foi de R$ 1,41/litro. Esse valor foi
33% maior que a cotação em setembro de 2017 (R$ 1,06/litro). Além disso, o gráfico acima mostra que
a partir do segundo semestre de 2018 os preços começam sua trajetória mais forte de alta, enquanto
o segundo semestre do ano anterior foi o ponto inicial da queda que deixou as cotações em níveis
menores até o final do ano.
Fonte: Cepea/Esalq(*) Receita Bruta a partir do preço de R$ 1,04/litro para set/2017 e R$ 1,37/litro para set/2018.
Gráfico 33 – Orçamentação da Pecuária de Leite em 2018 do Custo Operacional Total (9/2017 e 9/2018), Receita Bruta (Preços em 09/2017 e 09/2018) e Margem Bruta no RS (R$/ha)
6.245
8.571
2.326
6.902
11.254
4.352
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
CUSTO (COT) RECEITA BRUTA* MARGEM BRUTA
2017 2018
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL44
Para 2018, estima-se um aumento da margem bruta, apesar do COT também ter aumentado (11%). Os
principais responsáveis por este aumento no COT são os Fertilizantes, que influenciados pela alta taxa
de câmbio encareceram muito nesse ano. Além disso, o milho, principal insumo da alimentação animal,
valorizou 47% em 2018, impactando em aumento direto do custo com Concentrado.
O avanço da margem bruta se deve então ao aumento da receita bruta que supera a alta do custo
operacional total, projeta-se uma ampliação de 31% da receita, que advém da valorização do preço ao
produtor registrado em 2018. É importante destacarmos que se deve sempre ter muita cautela com
essas projeções, contudo o cenário que vem se configurando para 2018 é de uma rentabilidade
superior ao do ano passado.
45RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Considerando o período entre janeiro e outubro de 2018 observamos que o total do crédito tomado no
Rio Grande do Sul atingiu R$ 20,6 bilhões, ou seja, aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano,
confirmando uma recuperação leve no ambiente creditício. Já o número de contratos segue em baixa de 2%
no mesmo período, ou seja, persiste a seletividade na hora da retirada de crédito.
1.3 ANÁLISE DO CRÉDITO RURAL NO RIO GRANDE DO SUL
Por Ruy Augusto Neto
O volume total dos recursos anunciados pelo Governo Federal para o Plano Safra 2018/2019 foi de R$ 194
bilhões, um aumento de 2% comparado com o montante anunciado na safra anterior. As taxas de juros de
custeio foram reduzidas para 6% ao ano para os médios produtores (com renda bruta anual até R$ 2 milhões)
e para 7% ao ano para os demais. Esse não é o cenário ideal, pois a taxa Selic vigente está em 6,5%, ou seja,
os produtores que apresentaram renda bruta superior a R$ 2 milhões têm acesso a recursos livres abaixo do
controlado. A conjuntura do crédito vem melhorando, conforme será visto ao longo do texto, pois o Governo,
em parte, atendeu algumas solicitações do setor e, aliado a isso, a conjuntura econômica começa a exibir
melhoras.
Os produtores seguem por mais um ano enfrentando dificuldades para a retirada de recursos, ainda que
os valores tomados nesse Plano Safra já demonstrem recuperação significativa em comparação com o ano
anterior. Grande parte dessa melhora está relacionada à gradual recuperação do ambiente econômico que,
por sua vez, também se reflete na recuperação parcial dos Investimentos. Analisando os resultados deste ano
(janeiro a outubro), os valores retirados pelos produtores para Custeio, Investimento e Comercialização estão
crescendo quando comparados ao mesmo período do ano passado. Porém, em 2018 os Investimentos se
destacaram como os principais responsáveis pela retomada dos valores totais retirados pelos produtores do
Rio Grande do Sul, depois de três anos de quedas consecutivas.
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) valores acumulados entre janeiro e outubro
Gráfico 34 – Comparativo do Crédito Rural tomado pelos produtores do Rio Grande do Sul entre 2017* e 2018*, em R$ milhões
11.649 12.239
3.265 3.976 4.089 4.386
19.003 20.602
2017 2018
Custeio Investimento Comercialização TOTAL
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL46
Tabela 8 – Crédito Rural tomado no Rio Grande do Sul em 2018*, por finalidade, em R$ milhões
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) meses entre janeiro e outubro
MÊSCUSTEIO INVESTIMENTO COMERCIALIZAÇÃO SOMA
Contratos Valores Contratos Valores Contratos Valores Contratos Valores Jan 4.031 277,4 2.111 187,6 562 219,1 6.704 684,1Fev 4.279 272,1 2.721 222,1 483 223,1 7.483 717,2Mar 9.367 578,0 3.591 385,6 577 488,7 13.535 1.452,4Abr 11.535 864,6 3.923 390,1 736 902,3 16.194 2.157,0Mai 15.514 1.140,7 6.005 490,1 973 668,6 22.492 2.299,4Jun 12.519 1.166,6 4.542 372,4 1.278 667,7 18.339 2.206,6Jul 42.849 2.123,4 2.499 184,2 685 295,4 46.033 2.603,1Ago 77.764 3.208,4 5.828 534,8 619 365,9 84.211 4.109,1Set 34.229 1.534,4 5.767 525,6 474 199,5 40.470 2.259,5Out 21.411 1.074,0 7.387 683,8 657 356,2 29.455 2.114,0SOMA 233.498 12.239,5 44.374 3.976,3 7.044 4.386,5 284.916 20.602,3
A participação do Custeio no total do crédito recuou em 2% no Estado, representando até outubro 59,4% do
total tomado de Crédito Rural. O Investimento apresentou uma elevação em sua participação de dois pontos
percentuais, representando agora 19% do crédito, contudo a comercialização manteve a sua participação
estável na carteira do Crédito Rural como pode ser analisado no gráfico a seguir.
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Gráfico 35 – Comparativo da Carteira de Crédito Rural tomado no Rio Grande do Sul, entre 2017 e 2018, por finalidade, em percentual de participação
61,3% 59,4%
17,2% 19,3%
21,5% 21,3%
2017 2018
Custeio Investimento Comercialização
47RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Os produtores que apresentaram suficiência financeira para tomar crédito o fizeram em patamar inferior aos
do ano passado nos meses de pré-custeio, porém em julho, entrada oficial do custeio, houve um aumento
muito significativo dos valores tomados em relação ao ano anterior (41%), isso ocorreu em função da queda
nos juros. Tendo em vista que o valor tomado aumentou consideravelmente, apesar da queda do número
de contratantes, o valor médio tomado por produtor aumentou em 9%. A média do saque de custeio por
produtor subiu de R$ 48 mil em 2017 para R$ 52,4 mil em 2018.
Dentre os principais grãos, a Soja continua sendo responsável pela captura da maior parte do crédito em 2018.
A sua participação teve incremento de 1 ponto percentual, sendo o destino de 61% do crédito, seguido do
Arroz, Milho e Trigo.
1.3.1 ANÁLISE DO CUSTEIO
O valor tomado para Custeio no Rio Grande do Sul apresentou um avanço de 5% comparando o acumulado
deste ano (janeiro a outubro) com o mesmo período de 2017, enquanto os contratos, apresentaram retração
de 4%. A queda no número de contratos segue sendo afetada pela seletividade do crédito via maior restrição
e exigências impostas aos produtores na retirada da modalidade. Contudo, em 2017, uma parte desta redução
nos resultados do custeio também está associada a queda nos volumes de pré-custeio.
Analisando o balanço entre o crédito tomado no pré-custeio e custeio, notamos que os contratos recuaram
12%, ou seja, os números evidenciam que produtores tiveram acesso muito restrito nesse período do ano.
Mesmo assim, ainda existem muitos produtores buscando financiamento fora do Crédito Rural com um custo
financeiro muito mais elevado.
Tabela 9 – Comparativo do Crédito Rural tomado para custeio no Rio Grande do Sul entre 2017* e 2018*
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) meses entre janeiro e outubro
MÊSCONTRATOS (nº de contratos) VALOR (mil R$)
2017 2018 Var % (17/18) 2017 2018 Var %
(17/18) Jan 3.805 4.031 5,9% 243.892 277.383 13,7%Fev 5.559 4.279 -23,0% 412.565 272.055 -34,1%Mar 11.331 9.367 -17,3% 821.098 578.049 -29,6%Abr 13.208 11.535 -12,7% 872.531 864.611 -0,9%Mai 16.929 15.514 -8,4% 1.127.647 1.140.675 1,2%Jun 13.753 12.519 -9,0% 1.133.624 1.166.552 2,9%Jul 41.000 42.849 4,5% 1.504.797 2.123.396 41,1%Ago 75.952 77.764 2,4% 2.864.998 3.208.387 12,0%Set 39.516 34.229 -13,4% 1.645.604 1.534.421 -6,8%Out 21.120 21.411 1,4% 1.021.924 1.073.968 5,1%TOTAL 242.173 233.498 -3,6% 11.648.682 12.239.496 5,1%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL48
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) acumulado entre janeiro e outubro
Gráfico 36 - Participação dos principais grãos no custeio da carteira de Crédito Rural do Rio Grande do Sul em 2018*, em percentual
Arroz18%
Milho12%
Soja62%
Trigo9%
O Arroz diminuiu a sua participação na carteira em comparação ao ano passado, perdendo 3 pontos percentuais.
Já Milho e Trigo apresentaram um incremento de 1 ponto percentual cada na sua participação dentro da
carteira de custeio. Como pode ser visto no gráfico anterior, o recuo de participação do Arroz na carteira abriu
espaço para o avanço das outras culturas.
Os números de contratos tomados no período de janeiro a outubro de 2018 recuaram bastante em relação ao
último ano para os quatro grãos: Arroz (-18%) Milho (-2%), Soja (-6%) e Trigo (-7%). Os produtores de Arroz
seguem com acesso limitado ao pré-custeio, e amargam com um desempenho inferior em termos de acesso
ao crédito se comparado com o mesmo período de 2017. Grande parte dessa conjuntura se deve ao preço
pouco atrativo do grão no início do ano de 2018, que impactou na tomada do pré-custeio.
Os valores totais sacados no Estado para custeio dos principais grãos no período de janeiro a outubro de 2018,
avançaram no Milho (24%) e Soja (12%). Arroz e Trigo recuaram dentro da carteira de custeio em 7% e 3%,
respectivamente.
Tabela 10 - Comparativo do Crédito Rural tomado para custeio dos principais grãos do Rio Grande do Sul, entre 2017* e 2018*
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) meses entre janeiro e outubro
GrãosCONTRATOS (nº de contratos) VALORES (R$ milhões)
2017 2018 Var.% (17/18) 2017 2018 Var.%
(17/18)Arroz 5.265 4.313 -18,08 1.543 1.431 -7,22Milho 44.842 43.704 -2,54 781 971 24,29Soja 66.223 61.889 -6,54 4.415 4.957 12,27Trigo 19.992 18.611 -6,91 719 700 -2,64
49RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Os juros destinados a Investimentos começaram a cair em 2017, e seguiram essa tendência em 2018. As taxas
de juros praticadas no Plano Safra 2018/2019 diminuíram em média 13%, melhorando timidamente o ambiente
de investimentos. Como os investimentos encolheram muito nos últimos 4 anos, os agentes financeiros estão
mais dispostos a emprestar, o que resultou em um aumento do acesso a essa modalidade de crédito.
1.3.2 ANÁLISE DO INVESTIMENTO
O valor tomado para investimento no estado aumentou 22% em 2018 (janeiro a outubro) em relação a igual período
de 2017. No que diz respeito ao número de contratos houve avanço de 13% frente ao mesmo período de 2017.
Os produtores seguem com um pé atrás em relação às expectativas para economia brasileira, porém
em grau muito menor que nos anos anteriores. Em contrapartida, o Governo Federal já tinha começado
a afrouxar aos poucos os juros destinados ao Crédito Rural estimulando de maneira gradual os
investimentos. Como no ano passado os investimentos tinham chegado em patamares inferiores aos de
2013, era natural que com uma recuperação tímida do ambiente macroeconômico os Investimentos já
começassem a esboçar uma recuperação.
Tabela 11 – Comparativo do Crédito Rural tomado para investimento no Rio Grande do Sul entre 2017* e 2018*
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) meses entre janeiro e outubro
MÊSCONTRATOS (nº de contratos) VALOR (R$)
2017 2018 Var % (17/18) 2017 2018 Var %
(17/18)Jan 2.590 2.111 -18,5% 233.069.523 187.625.986 -19,5%Fev 1.616 2.721 68,4% 155.849.787 222.076.428 42,5%Mar 3.535 3.591 1,6% 390.031.332 385.585.841 -1,1%Abr 3.368 3.923 16,5% 274.137.430 390.069.837 42,3%Mai 5.003 6.005 20,0% 380.923.044 490.095.715 28,7%Jun 5.373 4.542 -15,5% 455.932.384 372.408.260 -18,3%Jul 2.107 2.499 18,6% 205.676.460 184.242.843 -10,4%Ago 4.012 5.828 45,3% 323.116.142 534.797.595 65,5%Set 4.838 5.767 19,2% 364.074.932 525.587.671 44,4%Out 6.687 7.387 10,5% 482.553.125 683.819.008 41,7%SOMA 39.129 44.374 13,4% 3.265.364.158 3.976.309.184 21,8%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL50
Tabela 12 - Comparativo das taxas de juros de investimento dentro da carteira do Crédito Rural, entre 2017 e 2018
Fonte: Ministério da Agricultura e Abastecimento Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Finalidade 2017 2018 Var % (17/18)Moderfrota 10,5% 9,5% -9,5%Programa ABC 7,5% 6,0% -20,0%PCA 6,5% 6,0% -7,7%Armazém de até 6mil t - 5,25% -Inovagro 6,5% 6,0% -7,7%Pronamp 7,5% 6,0% -20,0%Moderinfra 7,5% 7,0% -6,7%Moderagro 8,5% 7,0% -17,6%Prodecoop 8,5% 7,0% -17,6%
Analisando os principais produtos que compõem a carteira de investimento, os contratos apresentaram
avanço nos seguintes produtos destacados entre janeiro e setembro de 2018: adubação intensiva do solo
(17%), veículos (24%), colheitadeiras (42%), irrigação (44%), máquinas e implementos (20%), silos (8%), tratores
(12%), frutas (33%) e benfeitorias (59%). Somente o produto armazém (-9%), pecuária (-2%) e outros (-5%)
apresentaram retração no período analisado.
Tabela 13 - Comparativo dos principais produtos dentro da carteira de investimento do Crédito Rural no RS entre 2017* e 2018*
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) meses entre janeiro e outubro
MÊSCONTRATOS (nº de
contratos) VALOR (R$)
2017 2018 2017 2018Adubação Intensiva do Solo 2.679 3.144 149.052.545 271.613.990 Armazém, Depósitos e Instalações 3.247 2.939 257.428.053 349.171.015 Caminhões, Veículos e Utilitários 1.071 1.332 80.867.525 70.552.513 Colheitadeiras 2.029 2.890 408.289.612 574.918.084 Irrigação 513 738 59.672.011 59.322.122 Máquinas e Implementos 11.625 13.913 802.052.845 928.098.267 Silos 374 404 37.823.621 105.635.613 Trator 6.673 7.471 579.013.262 666.381.709 Frutas 778 1.037 44.111.061 60.858.210 Pecuária 7.282 7.162 618.035.023 621.284.112 Benfeitorias 988 1.575 51.820.517 103.579.454 Outros 1.870 1.769 177.198.082 164.894.095 TOTAL 39.129 44.374 3.265.364.158 3.976.309.184
51RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
O valor contratado mostrou resultado negativo em apenas três grupos, saber: veículos (-8%), irrigação (-1%) e
outros (-7%). Embora tenham apresentado queda de valores, essas contrações são muito inferiores às quedas
apresentadas nos anos anteriores, importante frisar que esses resultados podem vir apresentar crescimento
até o final do ano. Os principais investimentos que demonstraram resultados positivos em seus valores
tomados neste período foram: adubação intensiva do solo (82%), armazéns e depósitos (36%), colheitadeiras
(41%), máquinas e implementos (16%), silos (179%) e tratores (15%). É importante ressaltar que esses produtos
apresentaram resultados baixos no ano passado, ou seja, mesmo com uma grande evolução nos resultados
de 2018 esses valores são bem inferiores aos vistos em anos anteriores. Porém, as taxas de juros mais baixas
e uma expectativa futura de melhora no ambiente econômico, fizeram com que 2018 demonstrasse uma
recuperação mais solida no ambiente de investimentos gaúcho.
1.3.3 ANÁLISE DA COMERCIALIZAÇÃO
A comercialização aumentou seu valor em 7% no período de janeiro a outubro de 2018 na comparação com
igual período de 2017. Os contratos tiveram uma queda de 15%, evidenciando novamente a seletividade. O
grande demandante de comercialização foi o Arroz que enfrentou preços abaixo do mínimo durante a safra.
Dentro da carteira de comercialização do Crédito Rural, historicamente os principais produtos seguem sendo:
Arroz, Milho, Soja e Trigo, que possuem a maior participação em termos de contratos e valores tomados. O valor
de crédito tomado para comercialização destinado à cultura da Soja manteve a trajetória de expansão dentro
Tabela 14 – Comparativo do Crédito Rural tomado para comercialização no Rio Grande do Sul entre 2017* e 2018*
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) acumulado entre janeiro e outubro
MÊSCONTRATOS (nº de contratos) VALOR (R$)
2017 2018 Var % (17/18) 2017 2018 Var %
(17/18) Jan 846 562 -34% 238.306.961 219.053.478 -8%Fev 492 483 -2% 206.574.837 223.106.942 8%Mar 683 577 -16% 494.483.245 488.735.619 -1%Abr 1.086 736 -32% 559.079.350 902.314.056 61%Mai 1.545 973 -37% 679.359.082 668.640.219 -2%Jun 1.282 1.278 -0% 636.947.356 667.655.939 5%Jul 730 685 -6% 180.777.477 295.439.089 63%Ago 578 619 7% 354.689.908 365.908.658 3%Set 451 474 5% 300.538.668 199.453.840 -34%Out 574 657 14% 438.682.203 356.182.442 -19%SOMA 8.267 7.044 -15% 4.089.439.088 4.386.490.281 7%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL52
da carteira, o grão elevou a sua participação nessa modalidade do crédito em um ponto percentual. Esses 4
grãos juntos já representam a maior parte da carteira total de comercialização, somando uma participação de
65% do comercializado, porém o grupo perdeu participação na carteira em 2018, pois a situação atual dos
preços é melhor que a do ano passado. Essa conjuntura de preços fez com que os contratos de comercialização
retraíssem bastante entre os grãos analisados.
Somente a soja não registrou quedas nos valores comercializados entre os grãos analisados, apresentando
um aumento de 12% nos valores sacados. Os valores contratados diminuíram 7% para o Arroz, 25% para
o Milho e 19% no Trigo. A atual conjuntura dos preços internos, em média mais valorizados, consequência
de um Real mais desvalorizado frente ao Dólar em 2018, resultou em uma procura menor por contratos de
Comercialização.
Apenas o Arroz não registrou quedas nos contratos de comercialização entre os grãos analisados, apresentando
um aumento de 11%, pois apresentou preços muito baixos no início do ano. Os números de contratos
assumidos pelos produtores para comercialização no período de janeiro a setembro de 2018 diminuíram nos
três grãos: Milho (45%), Soja (38%) e o Trigo (71%).
Tabela 15 – Comparativo do Crédito Rural tomado para comercialização dos principais grãos do Rio Grande do Sul, entre 2017* e 2018*
Fonte: SICOR/BCB; Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) acumulado entre janeiro e outubro
GrãosContratos Valores
2017 2018 Var % (17/18) 2017 2018 Var %
(17/18)Arroz 2.044 2.242 9,69 1.377.753 1.279.586 -7,13Milho 656 362 -44,82 221.227 166.308 -24,82Soja 2.663 1.652 -37,96 1.019.525 1.140.033 11,82Trigo 1.062 305 -71,28 324.456 262.371 -19,14
53RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Como mencionado anteriormente, o excedente de produção resultou em maior acúmulo de estoques finais em
2018, conforme o gráfico a seguir. Também fica bastante claro no gráfico o efeito negativo que tais estoques
causaram no preço do Arroz, que apresentou a média mais baixa da série.
1.4 ANÁLISE E PERSPECTIVAS DA AGROPECUÁRIA MUNDIAL E BRASILEIRA
1.4.1 ARROZ
Por Danielle Guimarães e Bruno Gurgel
Mercado Mundial
No ano de 2018 o mercado mundial de Arroz apresentou expansão da produção em 0,8%, atingindo
o recorde da série histórica, conforme ilustra o gráfico a seguir. Apesar do aumento do consumo, a
oferta de Arroz persistiu superior à demanda, acumulando estoques elevados e pressionando o preço
internacional.
A projeção para 2019 é de que o consumo mundial siga sua trajetória de expansão, enquanto a produção
deve reduzir em 0,7%, queda esta que deve ocorrer especialmente nos países asiáticos. O estreitamento
entre a oferta e a demanda estimado para a próxima safra pode permitir elevação dos preços, entretanto,
salientamos a importância de se manter atualizado sobre o mercado pois estes dados tratam de projeções que
são atualizadas mensalmente.
Fonte: FAS/USDA (nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
Gráfico 37 - Comparação entre produção e consumo mundiais de Arroz Beneficiado, em milhões de toneladas
482
476
490494
491
475
469
484 483
488
460465470475480485490495500
2015 2016 2017 2018* 2019**
Produção Consumo
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL54
Na próxima safra, o estreitamento esperado para oferta e demanda terá efeito positivo nos estoques (1,4%).
Importante destacar que grande parte desse aumento acontece por causa da China, que deve aumentar seus
estoques em 3,7%. A ampliação dos estoques deve pressionar os preços internacionais para baixo, ou seja,
caso o cenário se confirme devemos ter preços parecidos com os deste ano.
Analisando mais detalhadamente o mercado, identificamos que a expansão da produção em 2018 deve
ocorrer principalmente na Ásia, encabeçados pela China e Índia. O aumento produtivo nestes países superou
até mesmo as quedas registradas em Bangladesh, Brasil e Estados Unidos.
Na próxima safra, apesar da recuperação esperada para as produções em Bangladesh e nos Estados Unidos,
grande parte do continente asiático deve ter queda – China e Índia somadas devem produzir cerca de 7
milhões de toneladas a menos. Essa redução indica menos arroz asiático para concorrer com o arroz brasileiro
em regiões como África, Oriente Médio e América Central, o que pode ser positivo para o escoamento do
nosso arroz, uma vez que a expectativa é de queda da taxa de câmbio, logo, proporcionaria um melhor
posicionamento do produto brasileiro.
Fonte: FAS/USDA (Nov/18) e CME Group; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa do estoque para 2018; preço de outubro de 2018(**) Projeção do estoque para 2019
Gráfico 38 - Comparação entre o estoque final mundial de Arroz Beneficiado e o preço internacional
135,0142,4
148,9
160,7 163,0
15,15
12,3911,41 11,29
10
12
14
16
18
20
22
100
110
120
130
140
150
160
170
2015 2016 2017 2018* 2019**
Estoque Final Preço (US$/Cwt)
55RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
O consumo de Arroz deve manter sua trajetória de crescimento, persistindo o continente asiático como o
maior consumidor mundial. Em 2018, apesar das menores demandas por parte do Vietnã e Tailândia, ainda
assim o consumo global deve expandir em 1%, encabeçado especialmente pela China e Índia.
No próximo ano, os dois principais consumidores (China e Índia) devem seguir expandindo suas demandas ao
passo que reduzem suas produções, ou seja, caso ocorra a confirmação desse cenário deverão ter que recorrer
aos estoques ou aumentar importações. A tabela a seguir traz os principais consumidores de Arroz, bem como
a evolução de suas demandas no decorrer do tempo.
Caso as projeções para 2019 se confirmem, o aumento do consumo ao passo em que a produção se reduz, deve
resultar em maior fluxo de exportação/importação, aumento de 1,3% em relação ao ano anterior. Este crescimento
do fluxo é superior ao aumento esperado para o consumo, o que significa que existe ganho líquido das exportações
de arroz. O destaque deve ser a Ásia, que deve concentrar suas exportações para dentro do próprio continente, o
que pode ser positivo para o mercado brasileiro, conforme mencionado anteriormente. Os Estados Unidos, maior
exportador de Arroz fora da Ásia, deve expandir suas exportações na próxima safra depois de forte queda neste
ano de 2018, ou seja, deve apenas retornar aos níveis anteriores. Caso confirmado este cenário, seria outra boa
oportunidade para o mercado brasileiro, uma vez que os Estados Unidos é um grande concorrente.
Tabela 16 - Produção mundial de Arroz Beneficiado por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
China 146,7 148,5 147,8 148,9 143,6 1% -4% 29% Índia 105,5 104,4 109,7 112,9 111,0 3% -2% 23% Indonésia 35,6 36,2 36,9 37,0 37,3 0% 1% 8% Bangladesh 34,5 34,5 34,6 32,7 34,5 -6% 6% 7% Vietnã 28,2 27,6 27,4 28,5 29,1 4% 2% 6% Tailândia 18,8 15,8 19,2 20,4 21,2 6% 4% 4% Burma 12,6 12,2 12,7 13,2 13,1 4% -1% 3% Filipinas 11,9 11,0 11,7 12,2 12,2 5% -1% 2% Brasil 8,5 7,2 8,4 8,2 8,2 -2% -1% 2% Japão 8,1 7,9 7,9 7,8 7,7 -2% -1% 2% Paquistão 7,0 6,8 6,8 7,5 7,4 9% -1% 2% Estados Unidos 7,1 6,1 7,1 5,7 6,9 -20% 22% 1% Camboja 4,9 4,9 5,3 5,4 5,5 3% 2% 1% Coreia do Sul 4,2 4,3 4,2 4,0 3,9 -5% -2% 1% Nigéria 3,8 3,9 3,8 3,8 3,8 0% 0% 1% Nepal 3,2 2,9 3,5 3,3 3,3 -5% 1% 1% Outros 41,6 42,0 43,4 43,0 42,1 -1% -2% 9% TOTAL 482,0 476,2 490,2 494,3 490,7 0,8% -0,7% 100%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL56
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
China 141,0 141,0 141,8 142,5 142,8 1% 0% 29% Índia 98,2 93,6 95,8 98,7 100,0 3% 1% 20% Indonésia 38,3 37,9 37,8 38,1 38,3 1% 1% 8% Bangladesh 35,1 35,1 35,0 35,2 35,2 1% 0% 7% Vietnã 22,0 22,5 22,0 21,8 22,1 -1% 1% 5% Filipinas 13,0 12,9 12,9 13,3 13,5 3% 2% 3% Tailândia 10,0 9,1 12,0 11,2 10,2 -7% -9% 2% Burma 10,5 10,4 10,0 10,1 10,1 1% 0% 2% Japão 8,8 8,8 8,7 8,7 8,6 -1% -1% 2% Brasil 7,9 7,9 8,0 8,0 8,0 0% 0% 2% Nigéria 6,1 6,4 6,6 6,7 6,9 2% 3% 1% Coreia do Sul 4,2 4,2 4,7 4,9 4,7 5% -4% 1% Estados Unidos 4,3 3,6 4,2 4,3 4,2 1% -1% 1% Camboja 3,9 3,9 4,0 4,1 4,2 2% 2% 1% Egito 4,0 3,9 4,3 4,2 4,1 -2% -2% 1% Nepal 3,8 3,4 4,0 3,9 3,9 -2% 1% 1% Outros 61,4 62,3 65,9 67,1 69,0 2% 3% 14% TOTAL 474,7 468,8 483,6 482,6 488,4 -0,2% 1,2% 100%
Tabela 17 - Consumo mundial de Arroz Beneficiado por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
Quanto à importação, é possível notar que os principais compradores do Arroz brasileiro devem aumentar suas
importações no ano que vem. A Nigéria – que é o principal destino das exportações brasileiras do grão – já aumentou
4% em 2018 e projeta-se um aumento de 15% no ano seguinte, mas é importante a observação pois é um país que
costuma ser bastante variável em suas compras, influenciados por seu governo. Além disso, o continente africano deve
aumentar como um todo, destacando a Costa do Marfim e o Senegal, outros importantes compradores brasileiros.
Mercado Brasileiro
O ano de 2018 foi marcado pela expansão da demanda, especialmente por parte dos consumidores externos,
resultando na expansão de 22% das nossas exportações de Arroz. Destaque para o arroz em casca, que atingiu
o recorde de 480 mil toneladas exportadas, para se ter uma comparação, até este recorde o maior volume
exportado tinha sido em 2013, cerca de 280 mil toneladas, representando um aumento de 71% neste ano. Esse
recorde se deu por uma interferência do governo na realização de leilões de PEP e PEPRO, resultado de um
grande esforço das entidades. Importante destacar o fato de esses leilões terem ocorrido no momento correto,
no início da colheita, pois assim já ocorreria o escoamento da produção simultaneamente à recuperação do
preço, caso contrário o mesmo sofreria bastante dado o estoque da safra anterior somado com a produção na
57RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
nova safra, dificultando a recuperação ao longo do ano. Aliado a isso, a taxa de câmbio desvalorizada também
contribuiu para esse recorde.
Como a produção foi menor nesta safra 2018, foi necessário recorrer ao mercado internacional via importações
de Arroz para suprir a demanda. Também foi necessário utilizar dos estoques finais afim de atender o mercado,
o que resultou em redução de 33% dos estoques finais.
Baseado na queda da intenção de plantio dos arrozeiros levantada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz
(IRGA), estimamos uma redução de 7,54% da produção gaúcha em 2019. Para fins de projeção, pressupomos
todos os demais Estados com igual produção de 2018, logo o Brasil constataria uma queda em 2019, chegando
a 11,35 milhões de toneladas, valor este que no período 2010-2018, só não é menor que o ano de 2016
quando tivemos uma quebra de safra. Em função da menor produção, a oferta de Arroz no Brasil deve ser 7,2%
menor em 2019.
A demanda também deve reduzir, já que as exportações devem ser menores, estimuladas por uma possível
redução da taxa de câmbio em 2019. Entretanto, a redução na oferta deve ser mais expressiva que a queda
esperada para a demanda, logo, será necessário recorrer mais uma vez aos estoques afim de atender a
demanda. O resultado dessa conjuntura deve ser a redução de 95% os estoques finais de Arroz.
Outro fator favorável a esta conjuntura deve ser a redução das importações, pelo fato de o Uruguai estar
produzindo e exportando menos Arroz neste ano e ter a projeção de queda para 2019, o que deve significar
menos entradas de Arroz no Brasil e favorecer o preço nacional. A Argentina, que vem sofrendo com uma
grande crise econômica, resultando em elevação da sua taxa de câmbio e também da taxa de juros, deve ter
Tabela 18 - Fundamentos do mercado brasileiro de Arroz em casca, em milhões de toneladas
Fonte: USDA (nov/18); 2019: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
FUNDAMENTOS 2014 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
ÁREA COLHIDA (milhões de ha) 2,40 2,30 2,01 1,98 1,97 1,96 -0,40 -0,66Estoque Inicial 0,78 0,94 0,94 0,45 0,70 0,47 54,23 -32,67Produção 12,21 12,45 10,60 12,33 12,07 11,35 -2,08 -6,00Importação 0,78 0,58 1,33 0,90 0,99 0,96 9,94 -3,71OFERTA TOTAL 13,76 13,97 12,88 13,68 13,76 12,77 0,57 -7,19Consumo Interno 11,62 11,65 11,62 11,76 11,80 11,80 0,32 -0,00Exportação 1,20 1,37 0,80 1,22 1,49 0,95 22,07 -36,24DEMANDA TOTAL 12,82 13,02 12,42 12,99 13,29 12,75 2,36 -4,07ESTOQUE FINAL 0,94 0,94 0,45 0,70 0,47 0,02 -32,66 -95,43Estoque/Consumo 0,08 0,08 0,04 0,06 0,04 0,00 -32,88 -95,43
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL58
uma queda expressiva de 5% em sua produção, já que os insumos importados estão encarecendo e o acesso
ao crédito está cada vez mais difícil. O Paraguai é o único país do Mercosul que tem projeção de aumento na
produção da próxima safra, logo o saldo do bloco deve continuar sendo negativo.
Com o menor volume de entrada de Arroz no Brasil e o recorde de exportação causado pelos leilões, o preço
foi favorecido no ano de 2018, se recuperando a partir de abril e chegando a R$ 45,53 a saca de 50 kg em
setembro. É importante destacar que este preço, diferentemente de 2016 que chegou a R$ 50,00/sc por causa
da quebra de safra, é fundamentado em um saldo positivo entre exportações e importações, o que significa
um aumento da demanda pelo produto. Para 2019 a projeção é de que o preço continue sua recuperação e se
mantenha em níveis elevados, já que se espera uma queda forte dos estoques.
1.4.2 MILHO
Por Danielle Guimarães e Bruno Gurgel
Mercado Mundial
A produção mundial de Milho no ano de 2018 registrou uma queda de 4%, influenciada principalmente pelas
perdas registradas nos Estados Unidos e na China, que representam mais de 50% da produção mundial. Por
outro lado, o consumo registrou um pequeno aumento de 0,2%, mas o suficiente para o mesmo ser maior do
que a quantidade produzida, conforme o gráfico abaixo.
Fonte: Cepea/Esalq/Senar-RS; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul
Gráfico 39 - Preço do Indicador do Arroz Esalq/Senar-RS, em reais por saca de 50 kg
nov/14; 37,30
nov/15; 41,18
nov/16; 49,04
nov/17; 37,27
nov/18; 42,57
25,00
fev/1
4
jun/1
4
out/14
fev/1
5
jun/1
5
out/15
fev/1
6jun
/16
fev/1
7
jun/1
7
out/17
out/16
fev/1
8
jun/1
8
out/18
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
55,00
59RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Este cenário atual deve se manter na safra 2019. Apesar de se projetar um aumento para a produção mundial,
o consumo deve ser ainda maior, resultando em mais um ano em que a demanda supera a oferta no mercado
mundial de Milho.
Com o consumo superando a produção nesta safra e na próxima, o estoque final no mercado internacional
deve reduzir cerca de 3% em 2018 e projeta-se uma queda forte para 2019, de 10%. Estas quedas estimadas
para os estoques, caso confirmadas, devem indicar valorização do preço internacional no médio prazo. O
gráfico abaixo explicita a relação entre o estoque final mundial e o preço internacional.
Fonte: FAS/USDA (nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
Gráfico 40 - Comparação entre produção e consumo mundiais de Milho, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18) e CME Group; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa do estoque para 2018; preço de novembro de 2018(**) Projeção do estoque para 2019
Gráfico 41 - Comparação entre o estoque final mundial de Milho e o preço internacional
1.057
1.013
1.122
1.0761.099
992 981
1.084 1.086
1.132
900
950
1.000
1.050
1.100
1.150
2015 2016 2017 2018* 2019**
Produção Consumo
279,20 311,42
350,27 340,92 307,51
5,56
4,90
4,46
4,01
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
100
150
200
250
300
350
400
2015 2016 2017 2018* 2019**
Estoque Final Preço (US$/Bsh)
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL60
Analisando o mercado mundial de Milho por país, além da redução na produção dos Estados Unidos e da China
como mencionado anteriormente, observa-se na tabela abaixo as quedas fortes no Brasil (-17%), Argentina
(-22%) e Ucrânia (-14%) que foram consequências de problemas climáticos que prejudicaram o plantio do
grão.
Em 2018, as quedas das produções nos Estados Unidos e China resultaram em cerca de 18 milhões de toneladas
a menos no mercado, evidenciando a importância destes dois países no mercado mundial de Milho
Para 2019, o aumento projetado para a produção mundial se deve especialmente à recuperação de Brasil,
Argentina e Ucrânia, já que se estima condição normal do clima nestes países. Em contrapartida, a China deve
apresentar queda de sua produção (-1%) e os Estados Unidos deve manter praticamente o mesmo nível deste
ano. Destacamos a importância de se manter atento às mudanças no mercado, pois estas ainda são projeções
iniciais e que se atualizam mensalmente.
O consumo mundial deve seguir sua trajetória de alta. Em 2018, a demanda pelo grão se manteve praticamente
no mesmo nível de 2017, apenas 0,2% maior – o que deixou a demanda mundial maior que a oferta no mercado
internacional pela primeira vez desde 2011. Destaca-se que foram registrados aumentos em praticamente todos
os países analisados. A demanda mundial deve seguir aquecida em 2019, com crescimento estimado em 4%. O
aumento deve ser baseado na expansão de consumo esperado para Estados Unidos, União Europeia e China.
Tabela 19 - Produção mundial de Milho, por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
PAÍS 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
Estados Unidos 361,1 345,5 384,8 371,0 371,5 -4% 0% 34%China 249,8 265,0 263,6 259,1 256,0 -2% -1% 23%Brasil 85,0 67,0 98,5 82,0 94,5 -17% 15% 9%UE-28 75,7 58,7 61,9 62,1 59,5 0% -4% 5%Argentina 29,8 29,5 41,0 32,0 42,5 -22% 33% 4%Ucrânia 28,5 23,3 28,0 24,1 33,5 -14% 39% 3%México 25,5 26,0 27,6 27,5 26,0 -0% -5% 2%Índia 24,2 22,6 25,9 28,7 26,0 11% -9% 2%Canadá 11,6 13,7 13,9 14,1 14,5 2% 3% 1%África do Sul 10,6 8,2 17,6 13,5 13,0 -23% -4% 1%Indonésia 9,0 10,5 10,9 11,4 11,9 5% 4% 1%Rússia 11,3 13,2 15,3 13,2 11,3 -14% -15% 1%Nigéria 10,1 10,6 10,4 11,0 11,0 6% 0% 1%Filipinas 7,7 7,0 8,1 8,0 8,2 -1% 3% 1%Etiópia 7,2 7,3 7,3 7,0 7,1 -4% 1% 1%Sérvia 7,7 6,0 7,6 4,0 7,0 -47% 75% 1%Outros 102,1 99,2 100,2 107,6 105,5 7% -2% 10%Total 1.056,8 1.013,2 1.122,4 1.076,2 1.099,0 -4% 2% 100,0%
61RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Como consequência da demanda maior que a oferta de Milho no mercado mundial, o fluxo de exportações/
importações deve aumentar em 2019 com destaque para a Argentina – que se recupera das perdas
causadas pela seca no país e que apesar da queda na produção, manteve o mesmo nível de exportação
– e da Ucrânia que também retoma os níveis anteriormente exportados.
Mercado Brasileiro
O ano de 2018 foi marcado por um clima desfavorável para o plantio de Milho no Brasil, o que resultou em
uma produção aproximadamente 17% menor. Apesar de termos iniciado o ano com estoques elevados,
carregados da safra anterior, a queda da produção foi tão significativa que a oferta de Milho disponível
reduziu em 10%.
Com as exportações voltando a subir após um 2017 de queda e com o consumo crescendo cerca
de 6% em 2018, a demanda total registrou um aumento de quase 12%. Estes resultados levaram a
um estreitamento entre oferta e demanda, causando a redução dos estoques finais em quase 25% e
impactando positivamente os preços de Milho no Brasil.
Tabela 20 - Consumo mundial de Milho, por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
PAÍS 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
Estados Unidos 301,8 298,8 313,8 313,8 320,8 0% 2% 28%China 206,0 229,0 255,0 263,0 276,0 3% 5% 24%UE-28 77,9 73,5 74,0 76,5 82,5 3% 8% 7%Brasil 57,0 57,5 60,5 64,5 66,5 7% 3% 6%México 34,6 37,3 40,4 42,3 43,7 5% 3% 4%Índia 22,4 23,6 24,9 26,7 27,5 7% 3% 2%Egito 13,9 14,9 15,1 15,9 16,2 5% 2% 1%Japão 14,6 15,2 15,2 15,6 15,2 3% -3% 1%Canadá 12,8 12,0 12,9 14,1 13,7 9% -3% 1%Vietnã 9,4 12,2 12,9 13,4 13,4 4% 0% 1%África do Sul 11,7 11,0 12,7 12,3 12,6 -3% 2% 1%Indonésia 12,2 12,1 12,3 12,1 12,5 -2% 3% 1%Argentina 9,3 9,3 11,2 11,9 12,4 6% 4% 1%Nigéria 9,9 10,6 10,9 11,1 11,3 2% 2% 1%Coréia do Sul 10,3 10,1 9,4 10,0 10,3 6% 3% 1%Irã 7,4 8,8 9,3 9,8 10,1 5% 3% 1%Outros 163,6 164,5 168,5 175,0 179,2 4% 2% 16%Total 991,8 981,0 1.083,6 1.085,6 1.132,4 0,2% 4% 100,0%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL62
Em 2019 espera-se a retomada da oferta total, influenciada pela recuperação da produção com o clima mais favorável
ao plantio no Brasil, voltando a patamares acima dos 90 milhões de toneladas, mas ainda abaixo do ano de 2017.
O consumo interno deve ter um cenário mais favorável na próxima safra a medida que ocorre a melhora no
mercado de aves e suínos, onde se espera uma redução nas barreiras não tarifárias dos países importadores
destes produtos, o que fomentaria a exportação dos mesmos e elevaria a demanda por Milho no mercado
nacional. Além disso, a melhora do cenário internacional também deve levar à um cenário melhor em 2019.
Por outro lado, é importante que o produtor fique atento às mudanças na taxa de câmbio, pois uma valorização da
mesma tende a ir na contramão dos fundamentos destacados acima e enfraquecer a aceleração dos preços ou até
mesmo mudar esta trajetória. Logo, não podemos esperar grandes mudanças para o preço em 2019, uma vez que os
fundamentos não devem apresentar grandes alterações em relação a este ano e a taxa de câmbio deve ser menor.
Tabela 21 - Fundamentos do mercado brasileiro de Milho, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
Fonte: Broadcast; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul
Gráfico 42 - Preço do Milho em Paso Fundo – RS, em R$/sc 60 kg
nov/14; 22,95
nov/15; 29,10
nov/16; 37,28
nov/17;
nov/18; 33,56
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
jan/
14ab
r/14
jul/1
4ou
t/14
jan/
15ab
r/15
jul/1
5ou
t/15
jan/
16ab
r/16
jul/1
6ou
t/16
jan/
17ab
r/17
jul/1
7ou
t/17
jan/
18ab
r/18
jul/1
8ou
t/18
FUNDAMENTOS 2014 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
ÁREA COLHIDA (milhões de ha)
15,80 15,75 16,00 17,60 16,60 17,50 -5,68 5,42
Estoque Inicial 9,15 13,97 7,84 6,77 14,02 10,52 107,11 -24,97Produção 80,00 85,00 67,00 98,50 82,00 94,50 -16,75 15,24Importação 0,85 0,53 1,57 2,44 0,94 1,00 -61,34 6,04OFERTA TOTAL 90,00 99,51 76,41 107,71 96,96 106,02 -9,98 9,34Consumo Interno 55,00 57,00 57,50 60,50 64,50 66,50 6,61 3,10Exportação 22,04 21,91 35,38 19,79 25,18 25,00 27,22 -0,72DEMANDA TOTAL 77,04 78,91 92,88 80,29 89,68 91,50 11,69 2,03ESTOQUE FINAL 13,97 7,84 6,77 14,02 10,52 10,52 -24,97 0,00Estoque/Consumo 0,25 0,14 0,12 0,23 0,16 0,16 -29,62 -3,01
63RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Por outro lado, o consumo mundial de Soja registrou aumento de 2% em 2018 em relação à 2017, fato que
acompanhado da redução na produção contribuiu para um estreitamento da relação entre os mesmos, seguido de
um aumento nos estoques mundiais de 2%. Essa aproximação entre oferta e demanda na safra 2018 deveria refletir
em preços superiores no mercado internacional, entretanto, a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos
trouxe certa instabilidade para o mercado, afetando negativamente os preços, como pode ser observado no gráfico
abaixo.
Para 2019, a projeção é de que o consumo se mantenha em expansão assim como a produção, porém com taxas
de crescimento menores. A produção por sua vez deve ser recorde, chegando a aproximadamente 370 milhões
de toneladas produzidas mundialmente, com grande influência da recuperação da produção da Argentina – este
número, porém, ainda precisa de confirmação como será melhor explorado adiante.
O resultado desta projeção de safra recorde é de que deve ocorrer um aumento de 12% dos estoques mundiais em
2019, justamente pelo fato mencionado anteriormente: o consumo, mesmo aumentando, cresce a taxas menores que
a produção. Caso a estimativa se confirme, o preço da Soja no mercado internacional pode apresentar novas quedas.
1.4.3 SOJA
Por Danielle Guimarães e Bruno Gurgel
Mercado Mundial
Em 2018 a produção mundial de Soja reduziu 3% em relação ao ano anterior, mesmo com o aumento registrado
na área plantada global, mas ainda assim se manteve em um nível elevado. O principal motivo dessa queda
foi a seca histórica nas maiores regiões produtivas da Argentina, o que levou a uma redução de 31% na
quantidade produzida pelo país vizinho. Somado a isso, como foi projetado no Relatório Econômico anterior,
houve ainda uma queda da produtividade média mundial de 7 pontos percentuais.
Fonte: FAS/USDA (nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
Gráfico 43 - Comparação entre produção e consumo mundiais de Soja, em milhões de toneladas
320,6 316,2
348,9338,6
367,5
303,2314,8
329,4336,8
351,9
250
270
290
310
330
350
370
2015 2016 2017 2018* 2019**
Produção Consumo
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL64
Fonte: FAS/USDA (Nov/18) e CME Group; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa do estoque para 2018; preço de outubro de 2018(**) Projeção do estoque para 2019
Gráfico 44 - Comparação entre o estoque final mundial de Soja e o preço internacional
78,6 80,9
97,4 99,7
112,1
10,5
11,110,6
9,7
8,59,09,510,010,511,011,512,012,513,0
2030405060708090
100110120
2015 2016 2017 2018* 2019**
Estoque Final (milhões de toneladas) Preço (US$/Bsh)
Realizando uma análise ampliada da produção por país, o ano de 2018 foi marcado pela queda da produção
mundial apesar de ter sido registrado crescimento nos dois maiores produtores: Estados Unidos (3%) e Brasil
(5%). Como comentado anteriormente, a seca histórica que ocorreu na Argentina foi a principal influência na
queda da produção mundial já que causou a retração de um terço da produção do país.
Para o ano de 2019, a projeção de recuperação da Argentina deve ajudar a elevar a produção mundial em 9%,
entretanto é importante destacar que essa recuperação expressiva depende do desenrolar da crise econômica
que vem atingindo os argentinos.
Para observarmos: nos últimos 12 meses as moedas dos países emergentes apresentaram desvalorizações em
relação ao dólar. Tais desvalorizações resultam na elevação dos custos de produção nos países que dependem
da importação de insumos, como é o caso de Brasil e Argentina: no Brasil, a desvalorização ante o dólar chegou
a 29% no mesmo período; já na Argentina a situação é ainda mais alarmante, pois não contavam com reservas
cambiais suficientes para conter a desvalorização que acumulou 120% no período. Além disso, a taxa de juros
brasileira de 6,5% ao ano é considerada uma das mais altas do mundo, sendo um grande obstáculo à obtenção
de crédito para investimento. Assim como na Argentina, onde a taxa de juros que atinge 45% ao ano torna
ainda mais complicada a obtenção de crédito.
Além do aumento esperado na Argentina, os Estados Unidos, maior produtor mundial de Soja, deve expandir
em 4% sua produção, renovando seu recorde. Apesar dos incentivos e subsídios do atual governo, o que deve
impulsionar o aumento de produção deve ser o uso de tecnologias e as condições climáticas favoráveis, uma
vez que se espera redução da área plantada.
65RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Pelo lado da demanda, em 2018 o consumo continuou sua trajetória de expansão. A China continua sendo o
maior consumidor de Soja do planeta, além de sua demanda se manter em crescimento – assim como Brasil e
Estados Unidos. Já na Argentina, o consumo também sofreu os impactos causados pela seca e teve uma queda
relevante. Destaca-se um crescimento do consumo pelo continente europeu, que havia sofrido uma queda no
ano anterior, voltando aos patamares de 2016.
Tabela 22 - Produção Mundial de Soja por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
EUA 106,9 106,9 116,9 120,0 125,2 3% 4% 34%Brasil 97,2 96,5 114,6 119,8 120,5 5% 1% 33%Argentina 61,5 58,8 55,0 37,8 55,5 -31% 47% 15%China 12,7 12,4 13,6 15,2 16,0 11% 5% 4%Índia 8,7 6,9 11,0 8,4 11,0 -24% 32% 3%Paraguai 8,2 9,2 10,3 9,8 9,8 -5% -0% 3%Canadá 6,0 6,5 6,6 7,7 7,5 17% -3% 2%Outros 19,4 19,1 20,9 19,9 22,0 -5% 11% 6%TOTAL 320,6 316,2 348,9 338,6 367,5 -3% 9% 100%
Tabela 23 - Consumo mundial de Soja por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
China 87,8 95,9 103,5 106,3 109,6 3% 3% 31%Estados Unidos 55,0 54,5 55,7 59,0 60,1 6% 2% 17%Argentina 44,4 47,7 47,8 41,7 47,9 -13% 15% 14%Brasil 43,6 42,9 43,7 47,0 46,0 8% -2% 13%UE-27 16,0 16,6 16,0 16,7 18,3 4% 10% 5%Índia 8,9 6,7 10,3 9,0 10,5 -12% 17% 3%Rússia 4,1 4,6 5,0 5,2 5,6 4% 8% 2%México 4,2 4,4 4,6 5,3 5,3 14% 1% 2%Paraguai 3,8 3,9 3,8 3,8 4,0 -1% 7% 1%Japão 3,3 3,4 3,5 3,5 3,5 1% 0% 1%Indonésia 2,8 2,9 3,1 3,2 3,4 4% 5% 1%Egito 2,0 1,2 2,2 3,2 3,3 45% 3% 1%Thailandia 2,2 2,9 3,1 2,6 3,2 -18% 23% 1%Irã 1,5 2,0 2,1 2,7 2,8 32% 4% 1%Turquia 2,3 2,4 2,2 2,6 2,7 16% 7% 1%Outros 21,6 23,0 22,8 25,1 25,7 10% 2% 7%TOTAL 303,2 314,8 329,4 336,8 351,9 2% 5% 100%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL66
A projeção atual é de continuação do aquecimento da demanda em 2019, isso porque a China mantém
seu consumo em expansão e a Argentina deve recuperar sua produção aos patamares anteriores a seca,
portanto não deve enfrentar problemas de disponibilidade do produto novamente. É importante observarmos
a projeção de aumento do consumo europeu, já que a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos
tende a derrubar os preços da Soja, tornando o produto mais atrativo para os europeus. Observa-se também
uma leve queda no consumo brasileiro, que será melhor analisada quando apresentarmos o mercado nacional.
Com as projeções de aumento tanto da oferta quanto da demanda para 2019, é possível observar um maior
fluxo de exportação/importação no mercado mundial. O aumento de 1% esperado apenas irá se confirmar
caso a Argentina consolide a projeção de exportação quatro vezes maior que 2018.
Além das questões de taxa de câmbio e juros mencionados anteriormente, para que a projeção se confirme
será preciso observar as tarifas que incidem sobre a Soja exportada na Argentina. No Relatório Econômico
2017 e Perspectivas 2018 comentamos a intenção do governo argentino em reduzir estas tarifas, as chamadas
retenciones. Neste ano, retornamos a comentar a importância que essa política tem no mercado mundial de
Soja, uma vez que o governo demonstrou intenção de manter tais tarifas, em função da atual crise cambial em
que o país se encontra. Caso elas permaneçam, o aumento das exportações de Soja da Argentina pode não ser
tão expressivo quanto esta previsão atual.
Pela ótica das importações, a projeção para 2019 é de aumento de 1,2%. O maior crescimento de demanda
deve ser da União Europeia que, novamente, deve se beneficiar do baixo preço internacional resultante da
guerra comercial entre os Estados Unidos e China. Outra consequência dessa disputa comercial deve ocorrer
na China, que depois de ter dobrado suas importações de Soja nos últimos 10 anos deve, pela primeira vez,
manter seus níveis de importação inalterados.
Mercado Brasileiro
O mercado nacional em 2018 registrou um aumento na oferta total de Soja de aproximadamente 10%. Foi
registrado também aumento da área colhida, chegando a 35 milhões de hectares, assim como um aumento na
produtividade média das lavouras de Soja brasileiras, ultrapassando o ano anterior e alcançando 3.413 kg/ha.
Além disso, como resultado da grande safra de 2017, os estoques iniciais acumularam um aumento de quase
43%, contribuindo fortemente para o aumento mencionado da oferta em 2018.
Já o ano de 2019 deve ser diferente, as projeções indicam queda na oferta brasileira de Soja, uma vez que a
demanda em 2018 teve um aumento expressivo e encurtou os estoques iniciais da próxima safra, além de um
leve aumento esperado para a produção.
Por outro lado, as exportações devem registrar um aumento de aproximadamente 1%, importante pois o Brasil
é o líder mundial das exportações de Soja e vem se beneficiando da forte demanda chinesa, diante da guerra
comercial com os Estados Unidos. Esse crescimento só não acaba sendo maior principalmente pela crise no
67RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
setor de transportes nacional que acabou gerando o tabelamento do frete. Outro empecilho para a exportação
brasileira é que estamos batendo no teto de nossa problemática capacidade logística, o que cria maiores
barreiras para o escoamento da produção.
No caminho contrário às exportações, o consumo interno brasileiro de soja deve ser menor na próxima safra,
influenciado pela menor demanda pelo grão no setor de aves e suínos, resultando em uma demanda total
brasileira de Soja 2,2% menor.
Enquanto os preços internacionais vêm em trajetória de queda, no Brasil seguem no caminho oposto. Contudo,
é importante ter muito cuidado com estas comparações pois as variações dos preços nacionais dependem
também da taxa de câmbio, que é uma variável bastante volátil. O ano de 2018 foi marcado por uma forte
instabilidade, da mesma, fazendo com que a direção dos preços nacionais fosse totalmente oposta a dos
internacionais, deixando-os bastante valorizados. Podemos dizer que os preços nacionais têm muito espaço
para cair em 2019, à medida que a taxa de câmbio se estabilize, sendo o oposto também verdadeiro. Portanto,
recomendamos que as negociações sejam feitas com cautela, de forma conservadora e como proteção
sugerimos que se busque travar os preços nos mercados futuros ou físicos.
Tabela 24 - Fundamentos do mercado brasileiro de Soja, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
FUNDAMENTOS 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
ÁREA COLHIDA (milhões de ha) 32,10 33,30 33,90 35,10 37,50 3,5 6,8Estoque Inicial 15,82 19,18 18,76 26,81 23,55 42,9 -12,2Produção 97,20 96,50 114,60 119,80 120,50 4,5 0,6Importação 0,31 0,41 0,25 0,18 0,20 -30,6 14,3OFERTA TOTAL 113,33 116,09 133,61 146,79 144,25 9,9 -1,7Consumo Interno 43,59 42,95 43,66 47,04 46,00 7,7 -2,2Exportação 50,61 54,38 63,14 76,19 77,00 20,7 1,1DEMANDA TOTAL 94,20 97,33 106,80 123,24 123,00 15,4 -0,2ESTOQUE FINAL 19,18 18,76 26,81 23,55 21,25 -12,2 -9,8Estoque/Consumo 0,44 0,44 0,61 0,50 0,46 -18,5 -7,7
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL68
Fonte: Broadcast; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul
Gráfico 45 - Preço da Soja em Rio Grande - RS, em reais por saca de 60kg
nov-14;
fev-14
jun-14
out-14
fev-15
jun-15
out-15
fev-16
jun-16
out-16
fev-17
jun-17
out-17
fev-18
out-18
jun-18
64,29
nov-15;81,04
nov-16;78,74 nov-17;
73,93
nov-18;87,19
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
1.4.4 TRIGO
Por Danielle Guimarães e Bruno Gurgel
Mercado Mundial
A maior produtividade das lavouras de Trigo neste ano de 2018 possibilitou uma expansão da produção que se
somou aos elevados estoques da safra anterior e configurou uma oferta 2% maior. O crescimento da demanda
não acompanhou a oferta e o resultado foi um estoque 7% maior que o ano anterior, mantendo a trajetória de
crescimento dos últimos anos e derrubando ainda mais os preços internacionais.
As projeções para o ano de 2019 levam a uma queda forte da produção mundial (4%), uma vez que a Europa
passa por problemas climáticos causados pela onda de calor e seca que atingiu o continente no último verão,
gerando problemas às plantações de Trigo já que o inverno acabou sendo bastante úmido e tardio. Ao mesmo
tempo, o consumo mundial deve registrar um pequeno aumento de 0,1%, conforme ilustra o gráfico a seguir.
69RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Caso essas projeções sejam confirmadas, o mercado mundial deve registrar um consumo maior que a produção
pela primeira vez em 6 anos, dessa forma será necessário recorrer aos estoques para atender essa nova demanda.
A queda estimada para os estoques finais é de 4%, o que pode influenciar positivamente os preços internacionais,
ainda que estes se mantenham em patamares baixos já que, apesar da queda, os estoques devem permanece em
níveis elevados. Além do mais, é importante ressaltar que as reduções de estoque devem ocorrer especialmente nos
países exportadores, que devem ter, a partir de 2019, menos produto disponível para atender suas demandas interna
e externa, iremos dissertar mais detalhadamente sobre isso adiante.
O gráfico que segue mostra o comportamento do preço internacional e dos estoques mundiais nos últimos
anos, deixando claro a relação entre estoques altos e preços baixos.
Fonte: FAS/USDA (nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
Gráfico 46 - Comparação entre produção e consumo mundiais de Trigo, em milhões de toneladas
730,4738,4
756,5763,1
733,5
705,1716,3
739,8745,1 745,8
680690700710720730740750760770
2015 2016 2017 2018* 2019**
Produção Consumo
Fonte: FAS/USDA (Nov/18) e CME Group; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa do estoque para 2018; preço de outubro de 2018(**) Projeção do estoque para 2019
Gráfico 47 - Comparação entre o estoque final mundial e o preço internacional
222,25
244,36
261,04
279,00 266,71
8,1
6,5
5,5 5,2
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
180
200
220
240
260
280
300
2015 2016 2017 2018* 2019**
Estoque Final (milhões de toneladas) Preço (US$/Bsh)
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL70
Analisando mais profundamente a produção mundial, identificamos que o comportamento apontado no Relatório
Econômico 2017 e Perspectivas 2018 acabou se confirmando. Estados Unidos e Canadá reduziram significativamente
suas produções de Trigo em 2018 ante 2017 (-25% e -7%, respectivamente), influenciados pela queda nas áreas
plantadas e na produtividade. Entretanto, Índia e Rússia aumentaram suas produções em 13% e 17% respectivamente,
tornando a produção mundial aproximadamente 1% maior em 2018.
Para 2019 a expectativa é de queda significativa na produção, sendo o clima o grande vilão. Grandes produtores,
como União Europeia, Rússia, Ucrânia e Turquia devem apresentar queda na produção e, consequentemente, queda
nas suas exportações (juntos, configuram quase 50% das exportações mundiais de Trigo). Também se estima redução
a produção da Austrália (18%), que passa por problemas climáticos semelhantes aos mencionados anteriormente e
já vem diminuindo sua produção desde 2018 (quando caiu 33% ante 2017).
Em 2018 o consumo continuou sua trajetória positiva, sendo estimulado pelas maiores demandas da Índia e Rússia.
Já para 2019, a projeção é de um leve aumento do consumo, com destaque para expansões na União Europeia,
China e Rússia. Cabe ressaltar que grandes importadores como a própria União Europeia, norte da África e Indonésia
devem expandir o consumo em um ano de baixa produção.
Tabela 25 - Produção mundial de Trigo por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
Part. %
UE-28 156,9 160,5 145,4 151,3 137,6 4% -9% 19%China 128,3 132,6 133,3 134,3 132,5 1% -1% 18%Índia 95,9 86,5 87,0 98,5 99,7 13% 1% 14%Rússia 59,1 61,0 72,5 85,0 70,0 17% -18% 10%Estados Unidos 55,1 56,1 62,8 47,3 51,3 -25% 8% 7%Canadá 29,4 27,6 32,1 30,0 31,5 -7% 5% 4%Paquistão 26,0 25,1 25,6 26,7 25,5 4% -4% 3%Ucrânia 24,8 27,3 26,8 27,0 25,0 1% -7% 3%Argentina 13,9 11,3 18,4 18,5 19,5 1% 5% 3%Turquia 15,3 19,5 17,3 21,0 19,0 22% -10% 3%Austrália 23,7 22,3 31,8 21,3 17,5 -33% -18% 2%Cazaquistão 13,0 13,7 15,0 14,8 15,0 -1% 1% 2%Irã 13,0 14,5 14,5 14,0 14,5 -3% 4% 2%Egito 8,3 8,1 8,1 8,5 8,5 4% 0% 1%Marrocos 5,1 8,1 2,7 7,1 7,3 160% 3% 1%Uzbequistão 7,2 7,2 6,9 6,9 6,0 -1% -13% 1%Outros 55,4 56,9 56,2 50,9 53,1 -9% 4% 7%Total 730,4 738,4 756,5 763,1 733,5 0,9% -3,9% 100%
71RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
O cenário descrito acima – de queda da produção nos países exportadores ao passo que os importadores devem
aumentar a demanda – deve enfraquecer as exportações/importações mundiais, com redução estimada em
aproximadamente 2% em 2019. A Rússia, que é o maior exportador mundial e deve ter menos produto disponível
para atender o mercado externo, o que deve contribuir para esta redução das transações de Trigo. Além da Rússia,
outros importantes exportadores europeus e a Argentina, que teme o retorno das retenciones, também devem
reduzir suas exportações na próxima safra.
A menor disponibilidade do Trigo para os importadores deve aumentar a disputa pelo trigo exportado, o que
configura um cenário positivo para o produtor brasileiro podendo, inclusive, indicar melhora dos preços nacionais,
valorizando o produto apesar da menor demanda interna estimada para 2019. O contrapeso pode ser a taxa de
câmbio, que está estimada em queda no próximo ano.
Mercado Brasileiro
A redução de cerca de 10% da área plantada de Trigo em 2018, desestimulada pelo baixo rendimento da atividade
na safra anterior, resultou em queda de 37% da produção nacional. Além da menor área de plantio, a queda do
rendimento médio também contribuiu para a menor da produção. Esses fatores levaram a uma forte utilização dos
Tabela 26 - Consumo mundial de Trigo por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
Part. %
UE-28 124,7 129,9 128,0 130,4 125,0 2% -4% 17%China 117,5 117,5 119,0 121,0 123,0 2% 2% 16%Índia 93,1 88,6 97,1 95,8 98,0 -1% 2% 13%Rússia 35,5 37,0 40,0 44,0 40,5 10% -8% 5%Estados Unidos 31,3 31,9 31,9 29,3 31,3 -8% 7% 4%Paquistão 24,5 24,4 24,5 25,0 25,3 2% 1% 3%Egito 19,1 19,2 19,4 19,8 20,1 2% 2% 3%Turquia 17,5 18,0 17,4 18,0 18,0 3% 0% 2%Irã 16,4 16,6 16,8 16,9 17,1 1% 1% 2%Brasil 10,7 11,1 12,2 12,0 12,1 -2% 1% 2%Argélia 10,1 10,3 10,4 10,5 10,6 1% 1% 1%Marrocos 9,0 9,8 10,2 10,4 10,6 2% 2% 1%Indonésia 7,4 9,1 10,0 10,6 10,2 6% -4% 1%Uzbequistão 8,9 9,4 9,3 9,7 9,7 4% 0% 1%Canadá 9,1 8,0 10,8 9,2 9,0 -15% -2% 1%Ucrânia 11,5 12,2 10,3 9,8 8,7 -5% -11% 1%Outros 154,1 160,9 168,3 170,9 173,6 2% 2% 23%Total 705,1 716,3 739,8 745,1 745,8 0,7% 0,10% 100%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL72
estoques, fazendo com que os mesmos diminuíssem quase 42% em 2018 e ajudassem na recuperação dos preços
que chegaram a R$42,37/sc 60kg em setembro (39% maior que no mesmo mês de 2017).
Para a próxima safra, deve ocorrer um aumento na produção brasileira, entretanto a mesma segue em níveis baixos.
Importante destacar que esse cenário reflete uma projeção, ou seja, um cenário que ainda precisa ser confirmado, já
que estamos tratando de uma cultura que é bastante sensível às mudanças, principalmente aos invernos chuvosos e
com granizo, comuns na região sul do país. Outra variável que pode interferir nessa projeção é a trajetória do preço
do Trigo até o final desde ano de 2018, já que uma valorização nestes últimos dias pode estimular uma maior área
plantada em 2019 e, consequentemente, aumento da produção.
Caso a projeção de aumento da produção se confirme, assim como a expectativa de maior importação do produto,
teremos uma oferta de Trigo cerca de 3% superior. Entretanto, além dos fatores que podem influenciar na quantidade
produzida citadas acima, também existe uma variável essencial para que a projeção de importação se confirme: a
taxa de câmbio. Conforme iremos aprofundar na segunda parte do presente trabalho, a expectativa para 2019 é
de menor taxa de câmbio, mas ainda é incerto o tamanho dessa queda. Caso a valorização do Real seja maior do
que os agentes de mercado atualmente estimam é provável que as importações de Trigo sejam superiores a estas
projetadas, configurando um cenário menos favorável para o preço nacional do produto.
O consumo deve aumentar cerca de 1% à medida que a economia brasileira apresenta melhora. Historicamente, o
consumo brasileiro é superior à produção, logo as importações suprem esse excesso de demanda. Porém, conforme
apontado anteriormente, o ano de 2019 deve ser marcado pela dificuldade de importação do Trigo e esse cenário
pode tornar o Trigo brasileiro mais valorizado.
Tabela 27 - Fundamentos do mercado brasileiro de Trigo, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
FUNDAMENTOS 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
ÁREA COLHIDA (milhões de ha) 2,73 2,45 2,12 1,92 2,04 -9,62 6,47Estoque Inicial 1,89 0,87 1,00 2,26 1,31 126,51 -41,89Produção 6,00 5,54 6,73 4,26 4,80 -36,64 12,57Importação 5,87 5,92 7,79 6,70 7,50 -13,94 11,91OFERTA TOTAL 13,76 12,33 15,51 13,22 13,61 -14,77 2,94Consumo Interno 10,70 11,10 12,20 12,00 12,10 -1,64 0,83Exportação 1,69 1,06 0,61 0,25 0,30 -59,70 22,45DEMANDA TOTAL 12,39 12,16 12,81 12,25 12,40 -4,40 1,27ESTOQUE FINAL 0,87 1,00 2,26 1,31 1,21 -41,89 -7,63Estoque/Consumo 0,08 0,09 0,18 0,11 0,10 -40,92 -8,39
73RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Os estoques devem continuar em queda em 2019 e a relação estoque/consumo está em apenas 10%, ou seja,
nossos estoques são pequenos para um país que sofre bastante com o clima e considerando uma maior disputa
pelas importações no mercado internacional. Situação essa que pode ser interessante para os preços, que devem se
manter como em 2018, mesmo com uma possível queda na taxa de câmbio.
1.4.5 PECUÁRIA DE CORTE
Por Danielle Guimarães
Mercado Mundial
A produção mundial de carne bovina cresceu sistematicamente nos últimos anos, o principal motivo é o crescimento
do consumo, que cria estímulos para os produtores expandirem a produção. No ano de 2018, a produção cresceu
acima do consumo, gerando um excedente de oferta que refletiu em queda dos preços no mercado internacional.
Com a projeção de estreitamento entre oferta e demanda em 2019, conforme ilustra o gráfico a seguir, pode haver
valorização dos preços.
Fonte: Cepea/Esalq; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul
Gráfico 48 - Preço do Trigo em Passo Fundo - RS, em reais por saca de 60 kg
nov/14;24,53
nov/15;32,41
nov/16;29,61
nov/17;29,76
nov/18;37,60
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
fev-14
jun-14
out-14
fev-15
jun-15
out-15
fev-16
jun-16
out-16
fev-17
jun-17
out-17
fev-18
out-18
jun-18
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL74
Fonte: FAS/USDA (Nov/18) e CME Group; Elaboração: Assessoria Econômica/ Sistema Farsul(*) Estimativa do estoque para 2018; preço de outubro de 2018(**) Projeção do estoque para 2019
Gráfico 49 - Comparação entre produção e consumo mundiais de Carne Bovina, em milhões de toneladas
60,859,7
60,561,6
62,963,6
58,7757,81
58,7659,67
60,7261,73
54
56
58
60
62
64
66
2014 2015 2016 2017 2018* 2019**
Do lado da oferta, houve uma expansão de 2% em 2018 e se projeta outro aumento de 1% em 2019. Os protagonistas
devem ser os Estados Unidos e o Brasil, os maiores produtores mundiais. A China, um dos maiores importadores
de carne bovina do Brasil, desacelerou o crescimento da produção em 2018, apresentando expansão de 1%. A
expectativa para 2019 é de queda de 1% ao passo que seu consumo deve crescer a taxas mais elevadas. Isso pode
representar oportunidade para o mercado exportador brasileiro de carne bovina.
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
Estados Unidos 10,8 11,5 11,9 12,3 12,7 3% 4% 20%Brasil 9,4 9,3 9,6 9,9 10,2 4% 3% 16%UE-28 7,7 7,9 7,8 7,9 7,8 2% -1% 12%China 6,7 7,0 7,3 7,3 7,4 1% 1% 12%Índia 4,1 4,2 4,3 4,3 4,3 1% 1% 7%Argentina 2,7 2,7 2,8 3,0 3,0 4% 2% 5%Austrália 2,5 2,1 2,1 2,3 2,2 7% -5% 3%México 1,9 1,9 1,9 2,0 2,0 2% 2% 3%Paquistão 1,7 1,8 1,8 1,8 1,8 1% 1% 3%Turquia 1,4 1,5 1,4 1,4 1,4 0% 0% 2%Rússia 1,4 1,3 1,3 1,3 1,4 0% 1% 2%Outros 9,4 9,4 9,3 9,4 9,4 1% 0% 15%Total 59,7 60,5 61,6 62,9 63,6 2% 1% 100%
Tabela 28 - Principais Produtores de Carne Bovina por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
75RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Do lado da demanda, observamos crescimento em quase todos os principais consumidores. Porém, o grande
destaque é a China, que é o segundo maior consumidor, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A tabela a seguir
nos permite observar que no ano de 2018 a China passou o Brasil e se destacou como o segundo maior consumidor.
Até então, Brasil e União Europeia disputavam por essa colocação que, agora, passa a ser ocupada pela China,
marcando uma forte mudança no mapa mundial de consumo de carne.
Como o consumo cresce especialmente em países que não são grandes produtores, o resultado refletem maiores
fluxos de exportação e importação entre os países. Isso indica que o consumo é cada vez menos interno e mais
externo, marcando uma nova tendência mundial. Essa nova tendência tende a beneficiar o Brasil, que é o maior
exportador de carne bovina do mundo. O fato de sermos um importante exportador e o principal comprador, a
China, estar localizada do outro lado do mundo, torna evidente a importância da logística brasileira para que seja
possível nos mantermos no mercado internacional com preços competitivos.
Em 2018 os Estados Unidos deve se manter na posição de maior importador de carne bovina do mundo, com
1,4 milhões de toneladas importadas. Entretanto, os Estados Unidos é o maior importador em termos, porque a
China, segunda colocada nesse ranking, deve importar 1,2 milhões de toneladas ao final deste ano que, somado às
importações de Hong Kong (pertencente à China) resulta em importação de 1,8 milhões de toneladas. Ou seja, se
somarmos as importações totais da China, isto é, incluindo Hong Kong, a China ultrapassa a importação dos Estados
Unidos e se consolida no primeiro lugar de importada.
Tabela 29 - Principais Consumidores de Carne Bovina por país, em milhões de toneladas
Fonte: FAS/USDA (Nov/18); Elaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
REGIÃO 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19 Part. %
Estados Unidos 11,28 11,68 12,05 12,21 12,66 1% 4% 21%China 7,34 7,76 8,23 8,53 8,71 4% 2% 14%Brasil 7,78 7,65 7,75 7,85 8,05 1% 2% 13%UE-28 7,74 7,90 7,83 7,94 7,82 1% -1% 13%Índia 2,29 2,44 2,40 2,64 2,71 10% 3% 4%Argentina 2,53 2,43 2,55 2,45 2,43 -4% -1% 4%México 1,80 1,81 1,84 1,87 1,89 1% 1% 3%Rússia 1,97 1,85 1,84 1,82 1,81 -1% -1% 3%Paquistão 1,64 1,69 1,72 1,74 1,76 1% 1% 3%Turquia 1,46 1,50 1,42 1,49 1,47 5% -1% 2%Japão 1,19 1,22 1,28 1,32 1,32 3% 0% 2%Outros 10,81 10,85 10,76 10,88 11,13 1% 2% 18%Total 57,81 58,76 59,67 60,72 61,73 2% 2% 100%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL76
Mercado Brasileiro
Historicamente, o Brasil aumenta sua produção sempre que possível, apenas apresentando quedas quando surgem
problemas exógenos, como seca por exemplo. Em contrapartida, o consumo reduziu nos anos de 2015 e 2016,
reflexo da crise econômica brasileira, uma vez que existem fortes correlações entre indicadores econômicos - como
desemprego, inflação, renda, entre outros – e o consumo de carne bovina no Brasil.
Apesar da estimativa de retomada do consumo interno para patamares semelhantes aos anteriores à crise, ainda
assim a produção deve crescer acima do consumo. Este excedente produtivo deve ser destinado ao consumo externo,
estimulado também pela elevada taxa de câmbio, que tornou o produto brasileiro mais atrativo. Por essa razão, é
estimada uma expansão de 13% das exportações em 2018 comparado com o ano anterior.
A projeção para 2019 é de que, novamente, a produção apresente ganhos percentuais maiores que o esperado para
o consumo interno. Mais uma vez, o mercado brasileiro vai escoar parte da sua produção para o mercado externo, o
aumento da exportação brasileira de carne bovina deve ser de quase 5%. É importante lembrar que a cada 10 navios
que saem dos nossos portos, 4 têm como destino a China e Hong Kong, o que reforça a importância da capacidade
logística.
Tabela 30 - Fundamentos do mercado brasileiro de Carne Bovina, em milhões de toneladas
Fonte: USDA – outubro de 2018(*) Estimativa para 2018(**) Projeção para 2019
FUNDAMENTOS 2015 2016 2017 2018* 2019** Var % 17/18
Var % 18/19
Produção 9,43 9,28 9,55 9,90 10,20 3,66 3,03Importação 0,06 0,07 0,06 0,05 0,05 -10,71 -10,00OFERTA TOTAL 9,49 9,35 9,61 9,95 10,25 3,58 2,96Consumo Interno 7,78 7,65 7,75 7,85 8,05 1,29 2,48Exportação 1,71 1,70 1,86 2,10 2,20 13,15 4,76DEMANDA TOTAL 9,49 9,35 9,61 9,95 10,25 3,58 2,96
Ano passado foi um ano difícil para os pecuaristas. O mercado sentiu efeito da Operação Carne Fraca e, em seguida,
os escândalos de corrupção ligados à JBS, o resultado foi uma queda significativa do preço do boi no mercado
brasileiro. Em seguida, na metade de 2017, com a redução das operações da JBS especialmente na região central do
país, muitas carcaças vieram para o Rio Grande do Sul, afetando nosso mercado local e reduzindo significativamente
nosso preço.
Com a demanda interna ainda afetada pelos reflexos da crise econômica e a baixa capacidade de exportação por
parte do estado, os preços persistiram na trajetória de queda. Apesar da expansão das exportações gaúchas de carne
bovina em relação ao ano anterior, ainda assim não foi suficiente para escoar o excesso da oferta, uma vez que dos
77RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
350 frigoríficos gaúchos, apenas 4 estão habilitados para exportação. No mercado brasileiro, a proporção de plantas
habilitadas à exportação é muito maior, por essa razão a conjuntura dos preços a nível nacional se mostrou mais
favorável neste ano de 2018, já que a baixa demanda interna foi neutralizada pela exportação.
1.4.6 BOVINOCULTURA DE LEITE
Mercado Mundial
No mercado de leite fluído, existe uma semelhança entre as quantidades ofertada e demandada em função da própria
característica do produto, que impossibilita o estoque por longos períodos nem um fluxo de comércio intenso. Logo,
a produção geralmente surge como uma resposta à demanda doméstica, dessa forma, um aumento da produção
acima da demanda interna acaba afetando direta e negativamente os preços. Assim como uma conjuntura econômica
que desestimule o consumo, também faz com que exista um descompasso entre oferta e demanda, resultando em
menores preços.
A produção mundial de leite fluído apresenta uma trajetória de aumento à medida que o consumo cresce. Em
2018 a produção deve ser 2,4% maior que no ano anterior, com expansão em quase todos os principais produtores
mundiais, vide tabela a seguir.
Fonte: Emater/RS(*) Até novembro
Gráfico 50 - Preço do Boi no Rio Grande do Sul, em reais por quilograma carcaça
7,007,508,008,509,009,50
10,0010,5011,0011,50
fev-14
jun-14
out-14
fev-15
jun-15
out-15
fev-16
jun-16
out-16
fev-17
jun-17
out-17
fev-18
out-18
jun-18
nov/18;9,02
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL78
Tabela 31 - Produção de Leite Fluído por país, em milhões de toneladas
REGIÃO 2014 2015 2016 2017 2018* Var % 16/17
Var % 17/18 Part. %
Índia 140,5 147,0 154,0 160,0 167,0 3,9% 4,4% 27,2%União Europeia 150,9 154,6 155,6 158,0 160,2 1,6% 1,4% 26,1%Estados Unidos 93,5 94,6 96,3 97,7 98,8 1,4% 1,1% 16,1%China 38,8 39,1 37,6 37,0 38,7 -1,8% 4,7% 6,3%Rússia 30,5 30,5 30,5 30,6 30,7 0,3% 0,3% 5,0%Brasil 25,5 25,7 25,9 26,9 27,3 4,0% 1,4% 4,4%Nova Zelândia 21,9 21,6 21,2 21,5 21,7 1,4% 1,0% 3,5%México 11,6 11,9 12,1 12,3 12,4 1,7% 0,6% 2,0%Argentina 11,3 11,6 10,2 10,1 10,8 -1,0% 7,0% 1,8%Ucrânia 11,4 10,9 10,6 10,6 10,5 -0,6% -0,4% 1,7%Canadá 8,4 8,8 9,1 9,5 9,8 4,1% 3,7% 1,6%Austrália 9,8 10,1 9,5 9,5 9,7 -0,3% 2,0% 1,6%Bielorrússia 6,7 7,1 7,2 7,4 7,5 2,5% 2,1% 1,2%Japão 7,3 7,4 7,4 7,3 7,2 -1,5% -0,5% 1,2%Coréia do Sul 2,2 2,2 2,1 2,1 2,1 0,5% 0,5% 0,3%Taiwan 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,0% -1,3% 0,1%Outros 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 4,8% 4,5% 0,0%Total 570,8 583,2 589,7 600,7 614,9 1,9% 2,4% 100,0%
Fonte: USDA – outubro de 2018(*) Estimativa para 2018
O aumento esperado para a produção de leite na Índia é o mesmo que a expansão estimada para o consumo interno
desse país, principalmente o consumo das indústrias de laticínio. Na União Europeia, apesar da redução, o preço
recebido pelo produtor neste ano, estima-se aumento de 2,23 milhões de toneladas da produção, o que deverá
possibilitar uma expansão de 2,18 milhões de toneladas do consumo interno, além de permitir maior quantidade de
vendas para outros países. Lembrando que este bloco é o maior exportador de leite do mundo.
A Argentina, conforme ilustrado na tabela a seguir, deve apresentar uma expansão de 7% do consumo, possível
graças a expansão da produção em igual proporção. Isso porque, no passado, o país sofreu com condições climáticas
não favoráveis e elevados custos de produção, que desestimularam grande parte dos produtores. Logo, a expectativa
da recuperação da produção e, consequentemente, do consumo de leite fluído na Argentina se deve à esperança de
clima favorável e melhora nas condições financeiras do país.
79RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Mercado Brasileiro
O ano de 2017 foi um período de dificuldades para os produtores de leite, especialmente em razão da baixa demanda,
o que voltaremos a falar mais a diante. Entretanto, houve uma expansão de 5% da quantidade produzida, o que
pressionou os preços para baixo e contribuiu para uma redução da rentabilidade dos produtores, agravando ainda
mais o quadro. Para 2018, se estima uma recuperação, ainda que tímida, do consumo de lácteos, logo, projetamos
para o final deste ano uma expansão de 1% da produção.
Tabela 32 - Consumo de Leite Fluído por país, em milhões de toneladas
Fonte: USDA – outubro de 2018(*) Estimativa para 2018
REGIÃO 2014 2015 2016 2017 2018* Var % 16/17
Var % 17/18 Part. %
Índia 140,5 147,0 154,0 160,0 167,0 3,9% 4,4% 27,2%União Europeia 150,3 153,8 154,7 157,2 159,4 1,6% 1,4% 25,9%Estados Unidos 93,4 94,5 96,3 97,7 98,8 1,5% 1,1% 16,1%China 39,1 39,5 38,2 37,6 39,4 -1,7% 4,9% 6,4%Rússia 30,9 30,8 30,8 30,9 30,9 0,2% 0,2% 5,0%Brasil 25,5 25,6 25,9 26,9 27,3 4,0% 1,4% 4,4%Nova Zelândia 21,8 21,4 21,0 21,3 21,5 1,7% 0,9% 3,5%México 11,6 11,9 12,2 12,4 12,4 1,7% 0,6% 2,0%Argentina 11,3 11,5 10,2 10,1 10,8 -0,9% 7,0% 1,8%Ucrânia 11,4 10,9 10,6 10,5 10,5 -0,6% -0,4% 1,7%Canadá 8,5 8,8 9,1 9,5 9,8 4,0% 3,7% 1,6%Austrália 9,7 9,9 9,3 9,3 9,4 -0,5% 1,7% 1,5%Japão 7,3 7,4 7,4 7,3 7,2 -1,5% -0,5% 1,2%Bielorrússia 6,5 6,8 7,0 7,1 7,2 1,3% 2,1% 1,2%Coréia do Sul 2,2 2,2 2,1 2,1 2,1 0,5% 0,5% 0,3%Taiwan 0,4 0,4 0,4 0,5 0,5 2,5% 0,0% 0,1%Outros 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,4% 0,2% 0,1%Total 570,4 582,7 589,1 600,2 614,3 1,9% 2,3% 100,0%
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL80
Fonte: Pesquisa Trimestral do Leite/ IBGE(*) Projeção da Assessoria Econômica do Sistema Farsul, a partir da projeção do USDA
Gráfico 51 - Produção brasileira de Leite Adquirido, em mil litros
24.747.038
24.062.308
23.169.654
24.333.511 24.579.279
22.000.000
22.500.000
23.000.000
23.500.000
24.000.000
24.500.000
25.000.000
2014 2015 2016 2017 2018*
Como comentado anteriormente, uma das dificuldades enfrentadas pelos produtores nos últimos anos foi a redução
do consumo de lácteos. Nos anos de 2015 e 2016 o Brasil passou pela maior crise econômica da história, período
este marcado por alto desemprego, inflação elevada, menor renda média per capita e retração do PIB. Todos esses
fatores contribuíram para que os brasileiros modificassem seu padrão de consumo e o resultado foram dois anos
consecutivos de redução no consumo de lácteos no Brasil, de 1% em 2015 e 4% em 2016.
Os anos de 2017 e 2018 ainda apresentam reflexos da crise e a recuperação do consumo foi tímida. Vale lembrar
também que a greve dos caminhoneiros no mês de maio deste ano prejudicou o transporte do leite e muito produto
foi desperdiçado neste período. A expectativa para os próximos anos, segundo Rabobank, é de que a demanda siga
se recuperando, atingindo os níveis anteriores à crise econômica apenas em 2020.
Fonte: Rabobank(*) Projeções do Rabobank
Gráfico 52 – Consumo per capita de lácteos no Brasil, em litros
174173
166 166
168
170
173
162
164
166
168
170
172
174
176
2014 2015 2016 2017* 2018* 2019* 2020*
81RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
O gráfico anterior deixa evidente a significativa redução do consumo em 2016, entretanto, houve uma valorização
dos preços do leite nesse mesmo ano. Isso somente foi possível porque a redução da demanda veio acompanhada
de uma forte redução na oferta, o que permitiu que o preço chegasse a R$ 1,34/litro em setembro daquele ano.
O consumo de lácteos persistiu sentindo os reflexos da crise em 2017, a diferença para o ano anterior foi o aumento
da oferta, uma vez que a produção brasileira expandiu 5% em relação a 2016. O resultado da combinação de alta
oferta e baixa demanda foi a queda dos preços, que atingiu R$ 0,93/litro em dezembro daquele ano, conforme ilustra
o gráfico a seguir.
Neste ano de 2018, apesar de projetar-se uma produção 1% superior que o ano anterior, ainda assim observamos
valorização dos preços de 38% entre janeiro e setembro. O recuo nos meses finais do ano trata-se de um
comportamento sazonal, em função do aumento da captação no período.
Fonte: Emater/RS(*) Até novembro
Gráfico 53 - Preço médio mensal do Leite no Rio Grande do Sul, em R$/litros
set/16; 1,34
dez/17; 0,93
nov/18; 1,23
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
fev/
14
mai
/14
ago/
14
nov/
14
fev/
15
mai
/15
ago/
15
nov/
15
fev/
16
ma i
/16
ago/
16
nov/
16
fev/
17
mai
/17
ago/
17
nov/
17
fev/
18
mai
/18
ago/
18
nov/
18
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL82
2. CONJUNTURA ECONÔMICAPor Antônio da Luz
Nesta primeira parte do relatório, detalhamos o desempenho da agropecuária ao longo deste ano e realizamos
projeções para o ano de 2019. Para tanto, fomos muito além das questões físicas de área e produção e tratamos
também da tomada de crédito, fizemos análises de mercado, custos de produção e rentabilidade das safras.
2.1 ECONOMIA BRASILEIRA
O percentual de crescimento econômico sozinho, muitas vezes, não revela todas as informações por detrás
de determinada economia. Crescer 1,48%, que neste momento é a nossa projeção para 2018, sem dúvidas é
um crescimento muito tímido, seja na comparação com a média histórica da economia brasileira ou seja na
comparação com a economia mundial, que esse ano crescerá 3,2% de acordo com o FMI.
Por outro lado, se considerarmos que entre 2015 e 2016 tivemos uma queda acumulada de 6,7% e que no
ano passado nosso crescimento foi de apenas 1,1%, podemos dizer que 2018 nem foi tão ruim assim em
relação ao passado recente. Além do mais, temos que ver o contexto desse crescimento. Até maio de 2017
o governo do presidente Michel Temer estava fortalecido, com um Congresso absolutamente favorável e
com uma agenda de reformas importantes em punho. Entretanto, na metade daquele maio vazaram os
conteúdos das delações premiadas dos controladores da JBS, causando além do enorme constrangimento
ao governo e ao governante, denúncias que, nas palavras do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot,
viriam em forma de “flechas” nas quais perfurariam o tecido protetor dado pelo Congresso até que uma
feriria o Presidente de morte. Seu plano não deu certo, o tecido era mais grosso do que o Procurador
esperava, contudo, custou ao presidente sua força política que aos poucos esvaiu-se em forma de conchavos
de ocasião e perda de credibilidade. O ímpeto reformista deu espaço a um enorme esvaziamento político,
incompatível com a árdua tarefa de reformar as estruturas econômicas do país que, por sua vez, agiriam com
o combustível da retomada da confiança e do crescimento econômico.
Simplesmente a grande, necessária, vistosa e tão desejada Reforma da Previdência deu lugar à uma intervenção
militar no Rio de Janeiro, cujos resultados são absolutamente discutíveis, mas que, o que não se discute, foi a
saída honrosa para devolver essa reforma à gaveta e desde então a sociedade direcionou para as eleições de
2018 a ansiedade de mudanças. No entanto, não somos muito bons de debate. Discutimos no período eleitoral
temas relacionados aos costumes e as escolhas individuais, deixando de discutir com a necessária profundidade o
baixo crescimento e suas razões e, mais do que tudo, as soluções para darmos meia-volta. No momento em que
escrevemos esse relatório as equipes de transição estão a todo vapor, discutindo os temas que deveriam ter sido
discutidos no debate eleitoral com elevado rigor técnico, com nomes que empolgam o mercado para assumir
cargos-chave na equipe econômica. No entanto, faltam apenas 30 dias para finar o ano e as boas expectativas
que começam a surgir no horizonte chegam tarde para um crescimento mais substancial neste ano.
83RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Diante de tudo que vivemos nesses últimos tempos, com delações, flechadas, facadas, vai e vem de reformas,
incertezas eleitorais, pouca discussão de economia - e, quando surgiam, muitas vezes revestidas de folclore e
bravatas, como aquelas que previam “tirar as pessoas do SPC e Serasa” ou “controlar preços do gás” – até que
crescer 1,48% nesse contexto e fazendo déficits primários enormes, até que nem é tão ruim assim, poderia ter
sido pior.
Para 2019 esperamos um crescimento bem mais robusto do que temos tido nos últimos anos, atingindo 2,89%.
Mesmo que não seja um percentual capaz de devolver os patamares de atividade econômica de 2014, período
pré-crise, ainda assim é um crescimento significativo dentro do contexto do país.
A economia brasileira encontra-se nesse momento metaforicamente como uma mola encolhida, ou seja,
concentra muita energia aguardando as condições ideais para sua liberação. O próximo ano poderá ser aquele
que criará o ambiente para “expansão da mola”, desde que traga uma agenda de reformas que reequilibrem
o lado fiscal brasileiro e que destravem o ambiente de negócios, diminuindo o poder da burocracia e
gradativamente abrindo a economia, de forma que ela se modernize e crie um clima de confiança. Apenas
com a capacidade instalada que temos condições de crescer em 2019, mas para recuperarmos nosso espaço
no contexto mundial, temos muito o que crescer nos próximos anos.
Fonte: IBGE (Até 2018.II). Assessoria Econômica Sistema Farsul (2018.IV e 2019 IV)
Gráfico 54 - Variação (%) do PIB do Brasil, acumulado em 4 trimestres
2017.IV ; 1,06
2018.IV ; 1,48
2019.IV ; 2,87
-6,00
-5,00
-4,00
-3,00
-2,00
-1,00
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
2012
.I20
12.II
2012
.III
2012
.IV20
13.I
2013
.II20
13.II
I20
13.IV
2014
.I20
14.II
2014
.III
2014
.IV20
15.I
2015
.II20
15.II
I20
15.IV
2016
.I20
16.II
2016
.III
2016
.IV20
17.I
2017
.II20
17.II
I20
17.IV
2018
.I20
18.II
2018
.III
2018
.IV20
19.IV
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL84
2.1.1 ECONOMIA BRASILEIRA NO CONTEXTO MUNDIAL
Como dito anteriormente crescer, em 2019 não poderá ser espantoso tendo em vista a capacidade ociosa da
economia brasileira alinhada com a expectativa de um novo modelo econômico, mais liberal. Contudo, nossa
economia está muito distante das taxas de crescimento apresentadas pela maioria dos países emergentes e
não consegue sequer acompanhar o ritmo global de crescimento.
Fonte: FMI
Gráfico 55 - Comparação da taxa de crescimento do PIB do Brasil com grupos de Países Ricos, Emergentes e o Mundo (2006-2019)
2,4
4,7
2,1
3,7
-6,0
-4,0
-2,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Brasil Países Emergentes Países Ricos Mundo
Conforme podemos observar no gráfico, o Brasil descolou seu crescimento econômico do restante do mundo.
Tivemos nesses anos de baixo crescimento no Brasil um exuberante crescimento da economia mundial que,
além de não aproveitarmos em sua plenitude, ainda nos afastamos da atividade econômica global, pois à
medida que crescemos menos do que o mundo, a média da atividade econômica nos demais países ganhou
mais produção do que o Brasil, onde a recuperação exigirá algo que não fazemos há muitas décadas: crescer
substancialmente acima do mundo por vários anos para compensar esse tempo de atraso.
O FMI projeta para 2019 um crescimento de 2,4% para o Brasil e de 3,7% para o mundo. Nossa previsão é mais
otimista para economia brasileira do que o FMI, no entanto, ainda assim bem abaixo do crescimento médio
global, o que indica que em 2019 ficaremos mais para trás ainda, apesar de uma possível retomada.
85RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Um dos reflexos mais aparentes do atraso da economia brasileira frente à média global é a perda de renda
per capita em Paridade Poder de Compra, medido pelo Banco Mundial. O Brasil até o período anterior à
crise econômica exibia uma renda per capita superior à média mundial, ou seja, se fossemos simplificar as
rendas per capitas em apenas dois grupos, sendo ricos ou pobres, o Brasil estaria entre os ricos, ao passo que
após a crise econômica brasileira e com o crescimento mundial, passamos para metade pobre. Sabendo-se
que em 2018 obtivemos crescimento no Brasil, no entanto, inferior ao desempenho mundial, temos que nos
afastarmos ainda mais, mesmo crescendo.
2.1.1.1 PIB Agropecuário
O ano de 2018 foi repleto de problemas para a agropecuária brasileira. Antes mesmo dele iniciar já esperávamos
PIB negativo nesse ano pelo simples fato de que, com produtividades normais, teríamos um ano abaixo que
2017, que foi um ano exuberante do ponto de vista do regime de chuvas. Entretanto, problemas climáticos
ocorreram em diversas frentes, em especial aqui no Rio Grande do Sul onde a metade sul foi massacrada –
mais uma vez – por estiagem, dessa vez entrando no perímetro da seca que teve seu epicentro na Argentina.
Se em caso de normalidade já teríamos queda, com perdas em algumas regiões a situação certamente pioraria.
Fonte: Banco Mundial
Gráfico 56 - Comparativo da evolução da Renda Per Capita do Brasil e do Mundo (PPP Constante e, 2011 - $ Internacional)
14.103,45
15.469,21
8.000,00
9.000,00
10.000,00
11.000,00
12.000,00
13.000,00
14.000,00
15.000,00
16.000,00
1990 2000 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Brasil Mundo
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL86
Fonte: IBGE. Assessoria Econômica do Sistema Farsul (2018.IV e 2019.IV)
Gráfico 54 - Variação (%) do PIB Agropecuário do Brasil, acumulado em 4 trimestres
2017.IV; 12,54
2018.IV; 0,70
2019.IV; 2,10
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,0020
12.I
2012
.II20
12.II
I20
12.IV
2013
.I20
13.II
2013
.III
2013
.IV20
14.I
2014
.II20
14.II
I20
14.IV
2015
.I20
15.II
2015
.III
2015
.IV20
16.I
2016
.II20
16.II
I20
16.IV
2017
.I20
17.II
2017
.III
2017
.IV20
18.I
2018
.II20
18.II
I20
18.IV
2019
.IV
Mas não foi somente o clima nosso algoz nesse ano. A falta de estabilidade macroeconômica e a ausência
de uma recuperação mais robusta da economia deprimiu o consumo interno, o que exigiu maior esforço
exportador. Para “contribuir” com esse esforço o Governo Federal criou, como resposta ao pleito dos
caminhoneiros que reivindicavam medidas que amenizassem o Custo Brasil para trabalhar com melhores
margens, a Tabela do Frete, passando para os demais setores da economia a conta que ele, Governo
Federal junto dos Estaduais, precisava pagar. Ao invés de enfrentar os privilégios e o empreguismo no
setor público, sobretudo de servidores sob o regime da estabilidade, a gastança e a falta de eficiência
nas estatais, o empilhamento de servidores em setores cuja finalidade é criar mais protocolos e licenças
para serem pedidas, retroalimentando a necessidade de cada vez mais servidores, num ciclo vicioso sem
fim, o governo entendeu que o melhor caminho seria o tabelamento. Aliás, medidas como essa foram
adotadas nas décadas de 80 e parte dos anos 90 no país e fracassaram. Foram tentadas na Argentina, com
péssimos resultados e, mais recentemente, na Venezuela, que quando adotou tabelamentos determinou
a escassez de produtos nas prateleiras dos supermercados.
Para 2019 esperamos uma retomada do crescimento do PIB Agropecuário diante da perspectiva de maior
safra. No entanto, cabe salientar que dado o forte aumento dos custos de produção, reflexo da elevação da
taxa de câmbio no período de aquisição de insumos, o valor adicionado será menos do que seria caso não
houvesse a forte elevação dos insumos, que formam o consumo intermediário. Cabe ressaltar, ainda, que há
87RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
incertezas em relação ao faturamento no próximo ano devido ao risco de oscilação cambial. Para 2019 nossa
projeção do PIB do Agronegócio é de 2,10%.
2.1.1.2 PIB Industrial
Após um longo “inverno” de resultados trimestrais acumulados em 4T negativos, alcançando 13 trimestres
seguidos nessa situação, a indústria brasileira encerrou o ano 2017 com mais uma queda de 0,5%. Embora seja
uma nova retração, é uma queda mais contida que as anteriores. Ao longo daquele ano, a indústria custou as
e recuperar, apresentando PIB trimestral positivo apenas no último trimestre. Em 2018 estimamos crescimento
de 1,67%, o que não é o suficiente para retomar os níveis de atividade pré-crise, porém comemorado diante
das circunstâncias e incertezas vividas pelo setor.
Para 2019 esperamos um crescimento mais expressivo do setor que, por sua vez, deverá ser puxado pela
demanda doméstica e a retomada de níveis mais elevados de investimentos.
Ao lançarmos um olhar sobre o desempenho dos segmentos que compõe a indústria, verificamos que a
fotografia mudou bastante em relação ao relatório passado, quando tínhamos um número expressivo de
segmentos com resultados negativos.
Fonte: IBGE. Assessoria Econômica do Sistema Farsul (2018.IV e 2019.IV)
Gráfico 58 - Variação (%) do PIB Industrial do Brasil, acumulado em 4 trimestres
2017.IV ; 0,02
2018.IV ; 1,67
2019.IV ; 3,48
-8,00
-6,00
-4,00
-2,00
0,00
2,00
4,00
2012
.I20
12.II
2012
.III
2012
.IV20
13.I
2013
.II20
13.II
I20
13.IV
2014
.I20
14.II
2014
.III
2014
.IV20
15.I
2015
.II20
15.II
I20
15.IV
2016
.I20
16.II
2016
.III
2016
.IV20
17.I
2017
.II20
17.II
I20
17.IV
2018
.I20
18.II
2018
.III
2018
.IV20
19.IV
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL88
Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física
Gráfico 56 - Variação da Produção Física Industrial Acumulado nos Últimos 12 Meses, por Seções e Atividades Industriais (09/2018)
2,70,2
3,1
-2,4
2,3
-2,8
0,4
-2,6 -3,3
5,4 5,9
-3
1,4 1,8 1,84,2 4,1
0,2
6,9
2,2
10,5
0,8
4,3
18,2
-0,4
4,4
-0,6
2,1
-5
0
5
10
15
20
Indú
stria
ger
al
Extra
tivas
Tran
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ento
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Bebi
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amen
tos
Móv
eis
Prod
utos
Div
erso
s
Man
uten
ção
Máq
uina
s e
Equi
pam
ento
s
É bastante claro que segmentos relacionados ao nível de investimentos têm se destacado ao passo que veículos,
fora desse grupo, apresentam o melhor desempenho acumulado nos grupos relacionados ao consumo. Chama
a atenção o fraco desempenho de Alimentos e Bebidas dando voz ao nosso posicionamento contrário ao senso
comum que acredita que por pior que seja a crise as pessoas têm de comer e, logo, alimentação não é afetada
pela crise. Ao contrário, em que pese as pessoas não deixem de se alimentar elas o fazem de forma muito
diferente conforme o ambiente econômico, refletindo com muita força a mudança de postura nos indicadores
de volume e faturamento do segmento. Para 2019 nossa projeção do PIB para Indústria é de 3,48%.
2.1.1.3 PIB Serviços
A (modesta) recuperação econômica também chegou no setor de Serviços em 2018. Com crescimento que
projetamos para este ano de 1,61%, os Serviços nem de longe retomam os níveis de 2014, mas pelo menos
confirmaram a expectativa de alta que tínhamos para 2018.
89RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Essa concentração esconde um problema metodológico do cálculo do PIB do setor, já que a PMC tem um
critério em que considera apenas empresas acima de um certo porte. Nesse caso, se uma empresa grande abre
e fecham dezenas no entorno, apenas a entrada da grande empresa será considerada, o que termina inflando
o resultado. Concentração, portanto, é positivo para o cálculo do PIB, em que pese seja ruim para o PIB em si.
A análise segmentada aponta para uma recuperação mais rápida e mais sólida do comércio – em especial o
ampliado – em comparação aos serviços, onde alguns segmentos estão ainda com acumulados negativos.
Surpreende o forte crescimento do segmento de comércio relacionado à venda de veículos pelo percentual,
ainda que o resultado seja coerente com o desempenho industrial do segmento.
Fonte: IBGE. Assessoria Econômica do Sistema Farsul (2018.IV e 2019.IV)
Gráfico 60 - Variação (%) do PIB dos Serviços do Brasil, acumulado em 4 trimestres
2017.IV ; 0,52
2018.IV ; 1,61
2019.IV ; 3,12
-4,50
-3,50
-2,50
-1,50
-0,50
0,50
1,50
2,50
3,50
4,50
2012
.I20
12.II
2012
.III
2012
.IV20
13.I
2013
.II20
13.II
I20
13.IV
2014
.I20
14.II
2014
.III
2014
.IV20
15.I
2015
.II20
15.II
I20
15.IV
2016
.I20
16.II
2016
.III
2016
.IV20
17.I
2017
.II20
17.II
I20
17.IV
2018
.I20
18.II
2018
.III
2018
.IV20
19.IV
Diante de um consumidor desconfiado, mercado de trabalho ainda com elevado nível de desemprego e
com forte retração da renda per capita, o setor tem enfrentado coma resiliência os desafios, mas com muitas
dificuldades e concentração de mercado em grandes redes.
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL90
Fonte: IBGE (Setembro/2018)
Gráfico 61 - Desempenho Acumulado no ano (jan-set) do Volume de Serviços e de Vendas do Comércio. Brasil
-0,8 -1,2 -1,9
1,3 1,63,9
2,35,2
15,7
-3
2
7
12
17
Pres
tado
s às
fam
ílias
Info
. E C
omun
ic.
Prof
, adm
. E co
mpl
em.
Tran
spor
tes e
aux
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res
Out
ros
Mat
. Con
stru
ção
Vare
jista
Vare
jista
Am
plia
do
Veícu
los
Serviços Comércio
Nossa Projeção para o PIB dos Serviços para 2019 é de 3,12%.
2.1.2 Economia Brasileira em 2018 e Perspectiva para 2019 – ótica do dispêndio
O PIB analisado pela ótica do dispêndio, resulta da soma das despesas em consumo das famílias e do governo,
mais as variações de estoques, menos as importações de mercadorias e serviços e mais as exportações dos
mesmos.
2.1.2.1 Desempenho do Consumo das Famílias e do Governo
A primeira impressão que se tem quando se olha para o gráfico que relaciona o desempenho do Consumo
das Famílias e o Consumo do Governo é que a crise não é igual para todos. A sociedade sofre muito mais a
crise do que o governo, muito por conta das proteções que existem no setor público, como a estabilidade
do funcionalismo. Evidentemente que em um mundo ideal houvessem também salvaguardas voltadas a esse
mesmo propósito no caso das famílias, no entanto, isso é absolutamente impossível. E, se um lado precisa
91RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
sofrer pelos dois, logo o esforço que as famílias fazem e seu sofrimento termina sendo maior do que seria em
caso de igualdade de condições, ou seja, a sociedade consume menos pelos dois.
Após chegar a estar caindo 5,2%, o consumo das famílias vem crescendo desde o fundo do poço que registramos
no II trimestre de 2016. De lá para cá há uma constante recuperação, ainda que no agregado esteja em níveis
de consumo bem abaixo do pré-crise.
O consumo das famílias tem enorme importância devido a sua expressão sobre o PIB, representando cerca de
dois terços do total. Dentre vários fatores que determinam o desempenho deste indicador está a Confiança
do Consumidor, já que fizemos diversos estudos que apontam para forte correlação entre a confiança e o
consumo, o que intuitivamente não é difícil de entender, uma vez que dificilmente alguém está disposto a
aumentar seu consumo, sobretudo com uso de crédito, se sua confiança em relação ao país e sua própria
condição empregatícia não for conveniente.
Fonte: IBGE
Gráfico 62 - Variação (%) Consumo das Famílias e do Governo no Brasil, acumulado em 4 trimestres
-5,2
2,3
-0,4
-6,0
2010
.I
2010
.III20
11.I
2011
.III20
12.I
2012
.III20
13.I
2013
.III20
14.I
2014
.III20
15.I
2015
.III20
16.I
2016
.III20
17.I
2017
.III20
18.I
-4,0
-2,0
-
2,0
4,0
6,0
8,0
Consumo das Famílias Consumo do Governo
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL92
Fonte: Fecomércio/SP
Gráfico 63 - Índice de Confiança do Consumidor no Brasil (ICC)
86,1
100
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
110,0
120,0
jan/
06se
t/06
mai
/07
jan/
08se
t/08
mai
/09
jan/
10se
t/10
mai
/11
jan/
12se
t/12
mai
/13
jan/
14se
t/14
mai
/15
jan/
16se
t/16
mai
/17
jan/
18se
t/18
O fato é que consumidor ainda está com a confiança muito baixa. Nos períodos que antecederam o
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff tivemos a pior taxa de confiança desde que o índice foi criado.
Após o impedimento o índice teve uma reação importante, no entanto, insuficiente para ultrapassar a marca
dos 100 pontos, que divide confiante de não confiante, do ponto de vista do consumidor. Pesam contra a
confiança a elevada taxa de desemprego e o endividamento das famílias, por exemplo.
2.1.2.2 Desempenho dos Investimentos (via Formação Bruta de Capital Fixo)
O crescimento econômico de hoje somente é possível porque houve investimento ontem. Não se faz
produção de bens sem investir em capital, tampouco não se expande os serviços sob e sobre esses bens
sem investimentos, ou seja, somente se produz porque se investe. Isso sendo verdade, temos um problema
para os próximos anos.
93RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Se cresceremos amanhã de acordo com nossa capacidade de produção que, por sua vez, depende dos
investimentos que fizemos hoje, então temos um problema de crescimento nos próximos anos. Diante da
forte crise econômica o país mergulhou em um profundo desestímulo aos investimentos, reação normal em
tempos de crise. A queda acumulada em 4 trimestres chegou a quase -16%, o que sequer repõe o capital físico
instalado.
Isso não significa dizer, contudo, que não teremos crescimento econômico no curto prazo. Somente para
voltarmos aos níveis de 2014 precisamos crescer cerca de 5%, o que podemos fazer com o capital que já
existe, ou seja, reutilizando nossa capacidade ociosa, seja em capital ou trabalho. Porém, para crescermos
acima de nossa máxima atividade já registrada contaríamos com investimentos que deixamos de fazer, o que
é preocupante.
Por outro lado, olhando o copo meio cheio, tendo em vista a elevada correlação entre a confiança do empresário
e o nível de investimentos, em um cenário de expectativas firmemente positivas para o país poderíamos ver,
em um cenário bem otimista, uma espécie de “rally de investimentos”, ou em outras palavras, poderíamos
viver um período de concentração de investimentos represados, ocorrendo de forma simultânea, estimulados
pelas oportunidades – já que o Brasil está barato em termos de capital – e, nas palavras da economista Patrícia
Palermo, aproveitando a “promoção de talentos existente no mercado de trabalho”, já que com as elevadas
taxas de desemprego atuais temos oportunidades únicas de recrutamento.
Fonte: IBGE
Gráfico 64 - Variação (%) da Formação Bruta de Capital Fixo no Brasil, acumulado em 4 trimestres
-15,8
2,6
-20,0-15,0-10,0-5,0 -
5,0 10,0 15,0 20,0 25,0
2007
.I20
07.II
I20
08.I
2008
.III
2009
.I20
09.II
I20
10.I
2010
.III
2011
.I20
11.II
I20
12.I
2012
.III
2013
.I20
13.II
I20
14.I
2014
.III
2015
.I20
15.II
I20
16.I
2016
.III
2017
.I20
17.II
I20
18.I
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL94
Nesse cenário bastante otimista que não prevemos, mas temos ele no radar, poderíamos ter crescimentos em
taxas mais elevadas apesar, e também por causa, do baixo nível de investimentos dos últimos anos.
Fonte: CNI
Gráfico 65 - Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI)
53,7
50
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0ja
n/12
mai
/12
set/
12ja
n/13
mai
/13
set/
13ja
n/14
mai
/14
set/
14ja
n/15
mai
/15
set/
15ja
n/16
mai
/16
set/
16ja
n/17
mai
/17
set/
17ja
n/18
mai
/18
set/
18Não há dúvidas que houve uma melhora significativa no período pós-impeachment, mas não o suficiente para
manter em patamar elevado a confiança dos empresários com consistência apesar das turbulências do Governo
Temer e incertezas eleitorais. O fato é que o período de crise política acabou – o que não significa que não
possa surgir outra – e as incertezas eleitorais também. Basta o governo prover um ambiente macroeconômico
estável e aprovar reformas importantes que teremos plenas condições de retomar níveis mais elevados de
confiança e, por consequência, de investimentos.
2.1.2.3 Desempenho do Comércio Exterior (via Exportações e Importações)
Acompanhando o desempenho dos demais indicadores macroeconômicos, as transações comerciais com os
demais países também apresentaram taxas positivas quando avaliadas conjuntamente.
95RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
O período de câmbio mais elevado ajudou as exportações a se manterem em constante crescimento, ao passo
que as importações atravessaram um período de forte contração. No entanto, a recuperação da economia –
ainda que lenta – estimula o aumento das importações.
2.1.3 Expectativa para a Inflação
Dentre os diversos legados que o ano de 2018 deixa um deles é a discussão sobre a necessidade de independência
do Banco Central, a qual defendemos com vigor. Estamos no fim de um ciclo virtuoso de controle monetário
que resultou não apenas na redução dos patamares superiores ao dobro do centro da meta para uma região
abaixo da meta, mas também mostrou de forma didática que, quando há autoridade monetária independente,
com fluente comunicação com o mercado, garantindo previsibilidade das ações, conseguimos reduzir as taxas
de inflação para as metas estipuladas. Isso também nos mostra que sim, as explicações para inflação estão na
condução da Política Monetária.
Fonte: CNI
Gráfico 66 - Variação (%) das Exportações e Importações Brasileiras, acumulado em 4 trimestres
8,8
4,7
-18,0
7,1
-30,0
-20,0
-10,0
-
10,0
20,0
30,0
40,0
Exportação Importação
2010
.I
2010
.IV
2011
.III
2012
.II20
13.I
2013
.IV
2014
.III
2015
.II20
16.I
2016
.IV
2017
.III
2018
.II
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL96
Fonte: IBGE (2000-2017). Assessoria Econômica do Sistema Farsul (Projeção 2018 e 2019)
Gráfico 67 - IPCA e Expectativa para 2018 e 2019, em percentual acumulado no ano
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
*20
19*
6,0
7,7
12,5
9,3
7,6
5,7
3,1 4,5
5,9
4,3
5,9 6,5 5,8 5,9 6,4
10,7
6,3
3,0 4,1 4,2
6,5
4,5
2,5
-
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
Para 2018 esperamos que a inflação medida pelo IPCA seja de 4,1% e para 2019 de 4,2%.
O Presidente Ilan Goldfajn deixa um legado extremamente positivo, a quem esta Assessoria Econômica
reverencia e agradece. Seu sucessor, Roberto Campos Neto, muito além dos laços familiares com um dos
maiores economistas de todo o mundo, desponta com um excelente currículo, uma trajetória de sucesso e
tem luz própria, além de receber um legado positivo de seu antecessor. Desejamos muita sorte e sabedoria,
ao mesmo tempo que esperamos que sucessivos bons trabalhos metas mais baixas para a inflação e maior
concorrência do setor bancário.
2.1.3.1 Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) e Índice de Inflação dos Preços Recebidos (IIPR)
A forte oscilação da taxa de câmbio ao longo de 2018 deixou seu registro nos principais índices de inflação do
meio rural, o IICP que mede a evolução dos custos de produção e o IIPR que acompanha os preços recebidos.
O Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) registrou em outubro no acumulado de 12 meses uma
alta de 12,65%, justamente no período em que os produtores estão formando seus custos de produção. Para
termos dimensão do impacto do câmbio, a maior alta mensal de toda a série histórica ocorreu em setembro
deste ano, quando o IICP aumentou 3,68% apenas neste mês.
97RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Já o Índice de Inflação dos Preços Recebidos (IIPR) também sofreu forte reação impulsionado pela taxa
de câmbio, acumulando no mesmo período 28,04%. No ano passado, nesse mesmo espaço do relatório,
mostrávamos uma queda de 24,10%, o que demonstra o impacto do câmbio nas variações. Embora essa alta
seja importante para os produtores, cabe ressaltar que ela ocorre na entressafra, quando há menos produtos
disponíveis para a venda, ou seja, de nada adianta preços elevados quando os produtores não têm produto
para vender, mas, por outro lado, estão implantando lavouras com os custos mais elevados e determinando
aumentos para o próximo ano.
Outro dado muito relevante desta análise é a comparação destes índices com IPCA e IPCA Alimentos, sobretudo.
Nota-se que claramente a variação nos preços dos alimentos segue o IPCA como um todo que, por sua vez, é
resultado da Política Monetária do Banco Central. Queremos dizer com isso que não é correto afirmar que os
preços dos alimentos – deforma agregada - sobem ou baixam de acordo com safras ou preços recebidos. Esse
padrão de desconexão é mostrado há anos aqui nesse relatório.
2.1.3.2 Expectativas para a Taxa Selic
Com inflação abaixo do centro da meta e com possibilidade de expansão monetária sem maiores consequências
diante do enfraquecimento da demanda interna, a Taxa Selic se manteve em seus mais baixos patamares desde
março deste ano.
Fonte: Sistema Farsul/Assessoria Econômica
Gráfico 68 - Comparação entre o Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP), Índice de Inflação dos Preços Recebidos (IIPR) com IPCA e IPCA Alimentos. Acumulado em 12 meses (Outubro)
12,65%
28,04%
4,56% 3,33%
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
1IICP IIPR IPCA IPCA Alimentos e Bebidas
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL98
Há, no entanto, como consequência da própria retomada da economia, é possível que seja necessária
uma elevação da taxa de juros, sobretudo pressionado pelo aumento paulatino dos juros nos EUA.
Nossa projeção para a Selic ao final de 2018 é de 6,5% e para 2019 nossa expectativa é que seja de 7%.
Com isso, dificilmente teremos uma queda nos juros do Crédito Rural no próximo Plano Safra, ao passo
que os produtores devem ficar atentos às dificuldades de tomada de pré-custeio. Se eventualmente
houver uma sinalização de alta, possivelmente os agentes financeiros reduzam os valores ofertados
nessa modalidade visando emprestar recursos mais caros a partir de julho.
2.1.3.3 Movimentações dos Empregos
Após um longo período de 36 meses de destruição de postos de trabalho no acumulado em 12 meses, em
fevereiro de 2018 voltamos a ter criação de postos de trabalho e aos poucos o emprego vai retomando
no país. Em agosto de 2018, último dado em que temos registro no momento em que escrevemos esse
relatório, o acumulado em 12 meses já chega a quase 375 mil postos criados.
Fonte: BCB (Até Nov/18) Assessoria Econômica do Sistema Farsul (Dez/18-Dez/19)
Gráfico 69 - Meta para Taxa Selic (%)
6,5
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
mar
/10
set/
10m
ar/1
1se
t/11
mar
/12
set/
12m
ar/1
3se
t/13
mar
/14
set/
14m
ar/1
5se
t/15
mar
/16
set/
16m
ar/1
7se
t/17
mar
/18
set/
18m
ar/1
9se
t/19
7,0
99RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Há basicamente duas explicações para essa retomada: a primeira delas está relacionada à própria recuperação da
economia. À medida que a produção aumenta, aumentam também a abertura de postos de trabalho. A segunda
razão sem dúvidas foi a Reforma Trabalhista. Dizíamos no nosso relatório do ano anterior que o último indicador a
retomar infelizmente seriam os empregos e, em boa medida, isso devia-se as regras trabalhistas existentes.
A Reforma Trabalhista não tinha e nem nunca teve como objetivo gerar empregos, como cobram alguns de seus
detratores. Quem gera emprego é a economia! O papel da reforma era criar um ambiente menos incerto para o
emprego, diminuindo os custos e tornando menos arriscado para quem gera emprego a criação de uma nova vaga,
reduzido a “indústria” maligna das ações trabalhistas. Com a reforma, por fim, poderíamos ter uma retomada mais
rápida dos empregos e é exatamente isso que está acontecendo.
Fonte: MTE
Gráfico 70 - Saldo das movimentações do Emprego no Brasil, por setor, acumuladas entre em 12 meses. (out – set)
-1.883.696
374.911
-2.200.000-1.700.000-1.200.000
-700.000-200.000300.000800.000
1.300.0001.800.0002.300.000
abr/
08se
t/08
fev/
09ju
l/09
dez/
09m
ai/1
0ou
t/10
mar
/11
ago/
11ja
n/12
jun/
12no
v/12
abr/
13se
t/13
fev/
14ju
l/14
dez/
14m
ai/1
5ou
t/15
mar
/16
ago/
16ja
n/17
jun/
17no
v/17
abr/
18se
t/18
Fonte: MTE/Caged
Gráfico 71 - Saldo das movimentações do Emprego no Brasil, por setor, acumulado nos últimos 12 meses. (out-set)
29.936
-9.654
53.028
293.956
7.645
-50.000
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
Indústria ConstruçãoCivil
Comércio Serviços Agropecuaria
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL100
Abrindo os dados acumulados por setor vemos que a retomada está sendo liderada pelo setor de Serviços. No
ano passado esse setor estava com resultado negativo de mais de 158 mil postos destruídos, ou seja, mais do
que recuperou os 12 meses. Já a construção civil continua negativa, justamente este setor que no ano passado
apresentava mais de 202 mil postos destruídos em 12 meses. A indústria como um todo criou quase 30 mil vagas,
mas no ano passado tinha destruído mais de 127 mil postos, ou sejam há muito ainda o que recuperar. Nosso setor
agropecuário gerou mais 7,6 mil postos nestes últimos 12 meses, mas no ano passado já tinha sido o único setor a
gerar emprego quando os demais setores destruíam, alcançando no ano passado 10,3 mil postos gerados. Ou seja,
o setor agropecuário não está recuperando, mas gerando ainda mais postos de trabalho.
2.1.4 TAXA DE CÂMBIO (R$/US$)
Há poucas certezas sobre o câmbio, logo, pela lei da escassez elas tornam-se valiosas: o câmbio está elevado e os
primeiros seis meses do Governo Bolsonaro serão determinantes para sabermos até onde vai o câmbio.
Quando escrevemos esse relatório o mês de novembro aponta para uma uma média de R$ 3,75/US$ para a taxa de
câmbio. Se considerarmos que a média do período do Plano Real (1995-2018) é de R$ 2,23/US$ e, se descontarmos
o período em que ele o câmbio foi fixo (1999-2018) a média fica em R$ 2,44/US$. Ou seja, a taxa de câmbio está
alta se considerarmos as médias históricas. É bem verdade que no passado o país não tinha o alto endividamento
gerado pela Nova Matriz Econômica, fazia superávit primário e mantinha sob controle a relação Dívida/PIB. Além do
Fonte: BCB
Gráfico 72 - Variação da Média Mensal da Taxa de Câmbio R$/US$ e Média do Período do Plano Real total e Período Flutuante
4,05 4,12
3,75
2,232,44
- 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50
jul/9
5se
t/96
nov/
97ja
n/99
mar
/00
mai
/01
jul/0
2se
t/03
nov/
04ja
n/06
mar
/07
mai
/08
jul/0
9se
t/10
nov/
11ja
n/13
mar
/14
mai
/15
jul/1
6se
t/17
nov/
18
R$/US$ Média do Período Média Período Flutuante
101RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
mais, embora soubesse que a Previdência entraria em colapso em algum momento, ele ainda estava distante, o que
não está mais. Dizendo isso queremos reforçar que não somos mais uma economia onde seja possível voltar para as
médias históricas, pois estamos negativamente diferentes de como éramos.
Entretanto, ainda assim estamos com uma taxa de câmbio muito acima da média e inflada pelo mau desempenho da
economia, já que passamos ainda pela pior crise de nossa História e por incertezas quanto a aprovação de reformas
importantes. Queremos, portanto, prever que se as reformas forem aprovadas em 2019, sobretudo da Previdência
e se Jair Bolsonaro conseguir criar um ambiente de estabilidade e confiança, é bastante possível que venhamos a
ter um fortalecimento de nossa moeda e, por consequência, reduzindo a taxa de câmbio, apesar dos aumentos das
taxas de juros nos EUA.
Esse cenário deve ser de preocupação para o produtor que plantou a safra mais cara de todos os tempos por
conta do câmbio e não sabemos quanto estará essa cotação quando os produtores forem colher. Nessa situação
recomendamos aos produtores que se utilizem de mecanismos de proteção de preços.
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL102
2.2 ECONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL
A análise da economia gaúcha está prejudicada neste relatório pela interrupção do cálculo do PIB Trimestral que era
calculado pela extinta FEE (Fundação de Economia e Estatística). O Governo do Estado extinguiu a Fundação sem
antes determinar para outro órgão de Estado a continuidade do trabalho, deixando um vazio de dados. A extinção da
FEE sempre foi uma opção discutível, mas extinguí-la sem que uma solução duradoura para manutenção dos dados
e das séries fosse dada não havia sequer o que discutir, foi um enorme erro de gestão.
Como tratamos com destaque o desempenho do Setor Agropecuário na primeira seção desse relatório, trataremos
nesta seção os demais setores e indicadores de emprego.
2.2.1 DESEMPENHO DO SETOR INDUSTRIAL
Ao longo de 2018 a indústria acumula alta na atividade física de 4,7%, o que deve ser comemorado diante dos
desempenhos dos anos anteriores. O maior destaque é a produção de Celulose e Papel, com crescimento de 36,8%
no ano. Evidentemente, temos que descontar desse crescimento as paradas para manutenção que ocorrem no
ano passado na maior empresa de celulose e papel do Estado. Fabricação de veículos também teve uma forte
retomada no ano, mas que também deve ser visto com reservas, diante da base fraca do ano passado que paralisou
a montadora no Estado.
Fonte: IBGE - Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física
Gráfico 73 - Produção Física Industrial - Variação Acumulada no Ano (set/18)
4,7 4,7
-0,4
-7,3-3,5
2,3
36,8
4,1
-2,9 -4,6
2,7
12,39,8
3,2
21,2
3,6
-10-505
10152025303540
1 Ind
ústria
geral
3 Ind
ústria
de tran
sform
ação
3.10 F
abric
ação de p
rodutos a
lemen
tícios
3.11 F
abric
ação de b
ebidas
3.12 F
abric
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rodutos d
o fumo
3.15 P
repara
ção de c
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3.17 F
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e...
3.19 F
abric
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3.20C
Fabric
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3.22 F
abric
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...
3.23 F
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3.24 M
etalur
gia
3.25 F
abric
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rodutos d
e meta
l,...
3.28 F
abric
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áquin
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quipam
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3.29 F
abric
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s auto
motores,...
3.33 F
abric
ação de M
óveis
103RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Tanto alimentos como bebidas seguem com atividade negativa, mostrando a gravidade da crise econômica e o
impacto dessa no consumo de alimentos.
Quando observamos a comparação em 12 meses e não no ano, a alta cai para 3,5%, o que demonstra a fraqueza do
último trimestre do ano passado e, por outro lado, o potencial de manutenção do crescimento firme da atividade
industrial esse ano. Já na comparação com o Brasil a atividade física industrial está mais ativa no Rio Grande do Sul.
Contra o crescimento de 3,5% no RS no acumulado de 12 meses o Brasil cresce 2,7%, o que sugere um crescimento
mais acentuado do PIB RS da Indústria do resultado geral brasileiro.
Nossa projeção para o PIB da Indústria no RS é de 2,1% para 2018 e de 3% para 2019.
2.2.2 DESEMPENHO DO SETOR DE SERVIÇOS
Em que pese todas as discussões possíveis em torno na metodologia do IBGE para a Pesquisa Mensal do Comércio
(PMC), que desconsidera os efeitos da concentração em comércios maiores, assim como a base fraca de 2017, ainda
assim é inegável o crescimento deste setor no ano de 2018.
Com exceção ao segmento de Livros, Jornais e Revistas todos os segmentos tiveram altas expressivas no acumulado
do ano até setembro, o que permite construirmos um cenário de crescimento mais robusto neste ano para o setor,
em linha com o que tínhamos projetado no ano passado.
Fonte: PIM-PF/IBGE (set/18)
Gráfico 74 - Comparação da Produção Física Industrial Total e Transformação entre o RS e o Brasil, em percentual acumulado nos últimos 12 meses
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Indústria geral Transformação
Brasil Rio Grande do Sul
2,7
3,1
3,5 3,5
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL104
Na comparação com o desempenho brasileiro temos também o setor de Serviços, a exemplo do Industrial, tendo
uma performance melhor do que o indicador nacional para varejo e pior para serviços.
Nos serviços, tanto Brasil como Rio Grande do Sul tiveram uma queda menor que a do ano passado acumulado no
mesmo período, mas ainda estão com queda. Já o varejo no RS cresce 7,8% contra alta de 2,8 para Brasil, enquanto
o varejo ampliado cresce no Estado 10% contra 5,8% do indicador do país.
Isso indica que deveremos ter um resultado do PIB dos Serviços melhor do que no ano passado e com RS melhor
do que Brasil.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio (PMC-Set/18)
Gráfico 75 - Índice de volume de vendas no comércio varejista (%) – Acumulado no Ano (Set/18)
2,9 5,1 5,8 7,85,3
1,2
8,15,5
-10,4
20,714,8
-15-10
-505
10152025
Combustív
el e l
ubrifi
cantes
Hipermerc
ados,..
.
Hipermerc
ados e
...
Tecidos, v
estuá
rio e
calçad
os
Móveis e
eletr
odoméstico
s
Móveis
Eletro
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Artigos f
armacê
utico
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Livros, j
ornais,
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as e...
Equip
amen
tos e m
ateria
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Outros a
rtigos d
e uso
...
Fonte: PMC/IBGE e PMS/IBGE (set/17)
Gráfico 76 - Comparação entre o desempenho do Volume de Vendas no Varejo, Varejo Ampliado e Serviços, nos anos de 2017 e 2018, entre RS e Brasil, acumulado nos últimos 12 meses
-2,8 -3,2
2,1
7,2
4,0
13,3
-0,3 -1,3
2,8
7,8 5,8
10,0
-6,0-4,0-2,0
- 2,0 4,0 6,0 8,0
10,0 12,0 14,0 16,0
Brasil RS Brasil RS Brasil RS
Serviços Varejo Varejo Ampliado
2017 2018*
105RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Nossa Projeção para o PIB do Setor de Serviços no RS é de 1,79% em 2018 e 2,95 em 2019.
2.2.3 DESEMPENHO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO DO RIO GRANDE DO SUL
Por Renan Hein dos Santos
Esta etapa do relatório tem por objetivo apresentar os principais números referentes ao comercio exterior do Rio
Grande do Sul no ano de 2018. No período acumulado de janeiro a outubro de 2018, o RS exportou US$ 17,9 bilhões,
sendo US$ 10,06 bilhões (56,1%) provenientes do agronegócio. Esse total exportado de US$ 17,9 bilhões em 2018,
representa um aumento de 21% em relação ao total exportado em 2017. No entanto, observa-se uma pequena
queda da participação do agronegócio, já que o mesmo passou de uma participação de 64,8% em 2017 para 56,1%
em 2018, essa queda na participação está relacionada a melhora no desempenho dos outros setores da economia
que vinham passando dificuldades com a crise brasileira. O volume exportado pelo agronegócio chegou a 17,9
milhões de toneladas, 87,3% do volume total exportado pelo RS. O saldo da Balança Comercial do RS no período de
janeiro a outubro de 2018 foi de US$ 8,6 bilhões, enquanto o saldo da Balança Comercial dos produtos provenientes
do agronegócio foi de US$ 9,4 bilhões.
2.2.3.1 Comparação das Exportações do Agronegócio Gaúcho entre os anos de 2017 e 2018 (Jan-Out)
No período acumulado de janeiro a outubro de 2018, as exportações do agronegócio totalizaram US$ 10,06 bilhões
com um volume exportado de 17,9 milhões de toneladas, enquanto no mesmo período de 2017 o valor exportado
chegou a US$ 9,6 bilhões e o volume exportado chegou a 17,7 milhões de toneladas. O saldo da Balança Comercial
do Agronegócio Gaúcho apresentou um aumento de 5,2%, de US$ 8,9 bilhões em 2017 para US$ 9,4 bilhões em 2018.
Fonte: Assessoria Econômica do Sistema Farsul
Tabela 33 – Resumo das Projeções da Assessoria Econômica do Sistema Farsul2018 2019
PIB Brasil 1,48 2,87Agropecuária 0,70 2,10Indústria 1,67 3,48Serviços 1,61 3,12PIB Rio Grande do Sul 1,80 2,60Agropecuária -0,50 2,50Indústria 2,10 3,13Serviços 1,79 2,95IPCA 4,10 4,20Taxa Selic 6,50 7,00
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL106
Podemos observar um crescimento de 4,73% no valor exportado no período acumulado de janeiro a outubro de
2018 ante 2017. Esta é a primeira vez, desde 2015, que o estado atingiu a marca de US$ 10 bilhões exportados pelo
agronegócio. O volume exportado aumentou em 1,29%, totalizando 17,9 milhões de toneladas. O preço do US$/ton
foi positivo em 2018 em relação ao valor de 2017, com aumento de 3,3%.
O grupo Complexo Soja exportou, no período analisado de 2018, um total de US$ 5,15 bilhões, aumento de 8,7%
em relação ao mesmo período de 2017. O seu volume exportado aumentou em 0,76%, chegando a 12,9 milhões
de toneladas. Como consequência do aumento do valor exportado muito maior do que o aumento do volume
exportado, o preço do US$/ton aumentou em 7,9%.
Abrindo o grupo Complexo Soja, as exportações de Soja em Grãos aumentaram o seu valor exportado em 4,2%,
totalizando US$ 4,2 bilhões, enquanto o seu volume exportado teve queda de 2,4%, resultando em um aumento
do preço do US$/ton de 6,8%. O Farelo de Soja também apresentou bons resultados, observado as respectivas
proporções em relação à Soja em Grãos, com aumento no valor exportado de 44,5% (US$ 819 milhões), com um
incremento no volume exportado de 19,3% e com um aumento no preço do US$/ton de 21,1%. O Óleo de Soja foi o
único subitem do grupo Complexo Soja que apresentou queda no seu valor exportado, de 2,8% (US$ 164 milhões),
apesar de ter aumentado o seu volume exportado em 2%, resultando em uma queda do preço do US$/ton de 4,8%.
Verifica-se, no grupo Carnes, quedas de 31,9% no seu valor exportado e de 28,9% no volume exportado, e ainda
uma queda de 4,2% no preço do US$/ton. O item Carne Bovina foi o único a apresentar crescimento entre as três
2017 2018 Var (%)VALOR US$ 9.610.570.055 10.064.871.744 4,73%VOLUME KG 17.711.415.284 17.940.748.840 1,29%PREÇO US$/ton 542,62 561,01 -0,17%
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Tabela 34 - Comparação entre as exportações do agronegócio no RS entre 2017 e 2018 (jan-out), em Valor (US$), Volume (KG) e Preço da tonelada (US$/ton)
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Gráfico 77 – Valor exportado, valor importado e Saldo da Balança Comercial do Agronegócio do RS (jan-out), em US$ bilhões
12,0010,00
8,006,00
Exportação-0,632
9,610
-0,619
10,064
Saldo BalançaComercial
Importação
4,002,00
0,00-2,00
US$
Bilh
ões
8,987 9,445
2017 2018*
107RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
principais proteínas animais exportadas, totalizando US$ 197 milhões, o que representa um crescimento de 27,8%
no valor exportado, ainda observam-se aumentos de 25,8% no volume exportado e de 1,6% no preço do US$/ton.
Por outro lado, as exportações de Carne de Frango e Carne Suína, apresentaram quedas bastante expressivas. É
importante destacar que as exportações de ambas proteínas sofreram muito ao longo do ano, seja por questões
endógenas, como a greve dos caminhoneiros e as consequências do tabelamento do frete, quanto exógenas, como
por exemplo o embargo da União Europeia ao frango brasileiro e da Rússia para a carne suína.
As exportações de Carne de Frango totalizaram US$ 625 milhões, queda de 37,2% em relação ao ano anterior. O
volume exportado também registrou queda, de 34,4%, assim como o preço do US$/ton, que teve queda de 4,3%. A
Carne Suína teve um valor exportado de US$ 226 milhões, o que representa uma queda de 46,3% em relação ao ano
anterior. O seu volume exportado e o preço do US$/ton também sofreram quedas de, respectivamente, 31,1% e 22%,
O grupo Cereais apresentou crescimento de 20,5% no seu valor exportado, totalizando US$ 397 milhões, ainda que
o volume tenha tido queda de 5,6%. Este desempenho só foi possível graças ao desempenho das exportações de
Arroz, já que o Milho e o Trigo passaram por quedas muito expressivas. As exportações de Arroz totalizaram US$
358 milhões, o que representa um crescimento de 95,3%. O volume exportado cresceu 115,2% (1,02 milhões de
toneladas) e o preço do US$/ton teve queda de 9,2%. Estas exportações, conforme explicado anteriormente neste
relatório, foram possíveis graças aos leilões de PEP e PEPRO realizados durante o período de colheita do arroz.
As exportações de Milho e Trigo sofreram grandes quedas neste ano. O Milho totalizou US$ 15,8 milhões, o que
representa uma queda de 70%, que foi acompanhada pelo volume exportado, que também caiu 70%. Já o preço do
US$/ton teve aumento de 2,2%. O mesmo cenário ocorreu no Trigo, que totalizou US$ 28,6 milhões, queda de 70%.
O seu volume exportado teve queda de 71,4% enquanto o preço do US$/ton aumentou em 4,9%.
Destaca-se também o grande crescimento das exportações de Bovinos Vivos, que totalizaram US$ 82,9 milhões,
crescimento de 198,6%. O volume exportado aumentou em 187,4% enquanto o preço do US$/ton aumentou
em 3,9%.
As exportações do grupo Fumo e seus Produtos apresentou crescimento de 2,6%, totalizando US$ 1,2 bilhão. O seu
volume exportado foi de 294 mil toneladas, crescimento de 3,6% em relação ao ano anterior, enquanto o preço do
US$/ton teve uma pequena queda de 0,9%.
O valor exportado pelo grupo Lácteos foi de US$ 1,8 milhões, queda de 74,9% em relação ao ano anterior. O seu
volume exportado também passou por uma queda expressiva, com queda de 43,6%, enquanto o preço do US$/
ton contraiu em 54,2%. Destaca-se que nos relatórios de 2017 e 2016 este grupo já havia apresentado quedas
muito expressivas no seu valor exportado e no seu volume exportado, o que demonstra um enfraquecimento nas
exportações do setor.
Por fim, o grupo Produtos Florestais, retomou o seu crescimento nas exportações, totalizando US$ 952 milhões,
crescimento de 49,7%. O seu volume exportado aumentou em 6,3%, totalizando 2,1 milhões de toneladas. O Preço
do US$/ton aumentou em 40,7%, passando de 325 dólares por toneladas para 457 dólares por toneladas.
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL108
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2.2.3.2 Comparação das Importações do Agronegócio Gaúcho entre os anos de 2017 e 2018 (Jan-Out)
As importações de produtos que têm o agronegócio como origem diminuíram em 1,95% na comparação do período
acumulado de janeiro a outubro de 2017 e 2018, totalizando US$ 619 milhões em 2018. O volume importado teve
uma queda de 4,4%, totalizando 924 mil toneladas. O preço do US$/ton teve aumento de 2,58%.
O grupo Carnes aumentou o seu valor importado em 11,4%, totalizando US$ 40,8 milhões, enquanto o volume
importado diminuiu em 2,2% e o preço do US$/ton aumentou 14%. As importações de Carne Bovina apresentaram
estabilidade neste período de comparação, totalizando US$ 27 milhões, o que representa um aumento de 0,27%. O
volume importado teve queda de 13% e o preço do US$/ton aumentou 15,3%.
As importações do grupo Cereais, que totalizaram US$ 136 milhões, apresentaram queda na comparação entre
2017 e 2018, com quedas de 7,7% no valor importado e 13,3% no volume importado, enquanto o preço do US$/ton
aumentou em 6,3%. As importações de Arroz sofreram queda de 48,1%, totalizando US$ 17,9 milhões, enquanto o
volume e preço do US$/ton tiveram quedas de, respectivamente, 47,7% e 0,74%. O Milho teve a maior redução no
valor importado entre os cereais analisados, totalizando US$ 11 milhões, o que representa uma queda de 56,1%. O
seu volume importado também diminuiu expressivamente, com queda de 45%, enquanto o preço do US$/ton caiu
20%. Por fim, as importações de Trigo, apesar de terem diminuído muito menos do que as importações de Arroz e
Milho, também registrou queda, de 3,3%, totalizado US$ 54,5 milhões. O seu volume importado teve queda de 20,6%
enquanto o preço do US$/ton aumentou em 21,6%.
As importações do grupo Frutas totalizaram US$ 69,3 milhões, incremento de 12,8% em relação ao mesmo período
do ano anterior. O seu volume importado aumentou em 16,7% enquanto o preço do US$/ton teve queda de 3,3%.
O grupo Fumo e seus Produtos aumentou as suas importações no período em questão, o seu valor importado
totalizou US$ 36,6 milhões, crescimento de 14,6%. O seu volume importado caiu 20%, totalizando 6,64 mil toneladas.
O preço do US$/ton subiu 43,4%.
Observa-se queda nas importações do grupo Lácteos, que diminuiu o seu valor importado em 38,1%, totalizando
US$ 46,7 milhões. O seu volume importado chegou a 17,4 mil toneladas, queda de 29,9%. O preço do US$/ton teve
queda de 11,6%.
Por fim, verificamos queda também nas importações do grupo Produtos Florestais, de apenas 0,23%, totalizando
US$ 72,1 milhões. O seu volume importado subiu 1,9%, chegando a 49,9 mil toneladas, enquanto o preço do US$/
ton contraiu 2,1%.
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Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Tabela 36 - Comparação entre as importações do agronegócio no RS entre 2017 e 2018 (jan-out), em Valor (US$), Volume (KG) e Preço da tonelada (US$/ton)
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL110
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94
6.6
37.0
22
-20,
07%
3.8
54,8
2 5
.527
,66
43,4
0%LÁ
CTEO
S 7
5.60
5.60
1 4
6.77
3.51
7 -3
8,13
% 2
4.80
3.00
3 1
7.37
4.85
6 -2
9,95
% 3
.048
,24
2.6
92,0
2 -1
1,69
%
Leite
UH
T e
Leite
em
Pó
65.
473.
361
39.
478.
868
-39,
70%
20.
344.
000
14.
193.
400
-30,
23%
3.2
18,3
1 2
.781
,49
-13,
57%
PRO
DUT
OS
FLO
REST
AIS
72.
309.
009
72.
141.
517
-0,2
3% 4
8.94
1.79
8 4
9.87
8.15
3 1,
91%
1.4
77,4
5 1
.446
,36
-2,1
0%O
UTRO
S 2
00.5
84.9
02
212.
959.
914
6,17
% 1
40.6
17.1
99
189
.051
.886
34
,44%
1.4
26,4
6 1
.126
,46
-21,
03%
TOTA
L 6
32.3
05.0
45
619.
962.
071
-1,9
5% 9
67.2
26.7
00
924
.475
.331
-4
,42%
653
,73
670
,61
2,58
%
111RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
2.2.3.3 Parceiros Comerciais do Rio Grande do Sul nos anos de 2017 e 2018 – Exportação (Jan – Out)
No período acumulado de janeiro a outubro de 2018, assim como em 2017 e 2016, a China foi o principal importador
de produtos oriundos do agronegócio no RS, com 46,8% do valor exportado tendo este país como destino. Esta
participação representa um valor de US$ 4,7 bilhões, o que torna o país o nosso principal parceiro comercial com
uma larga distância para o segundo colocado. Em segundo lugar aparece os Estados Unidos com US$ 362 milhões e
uma participação de 3,6%. Em terceiro lugar temos a Bélgica com participação de 2,9% e US$ 293 milhões.
País2018 Participação
%Valor (US$)China 4.710.226.293 46,80%Estados Unidos 362.748.541 3,60%Bélgica 293.473.539 2,92%Eslovênia 288.119.450 2,86%Coreia do Sul 271.932.176 2,70%Arábia Saudita 184.859.766 1,84%Hong Kong 175.358.474 1,74%Uruguai 170.677.687 1,70%Itália 166.863.441 1,66%Índia 159.551.111 1,59%TODOS PAÍSES 10.064.871.744 100,00%
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Tabela 38 - Parceiros comerciais do RS - Exportação 2018 (jan-out), em US$
País2017 Participação
%Valor (US$)China 4.228.647.501 44,00%Estados Unidos 377.864.882 3,93%Rússia 326.533.310 3,40%Coreia do Sul 273.456.125 2,85%Eslovênia 251.884.373 2,62%Itália 233.044.536 2,42%Irã 219.719.554 2,29%Bélgica 215.883.938 2,25%Hong Kong 174.246.605 1,81%Vietnã 172.621.520 1,80%TODOS PAÍSES 9.610.570.055 100,00%
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Tabela 39 - Parceiros comerciais do RS - Exportação 2017 (jan-out), em US$
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL112
2.2.3.4 Parceiros Comerciais do Rio Grande do Sul nos anos de 2017 e 2018 – Importação (Jan – Out)
No período acumulado de janeiro a outubro de 2018, assim como em 2017 e 2016, a Argentina foi o principal
parceiro comercial do RS nas importações de produtos relacionados ao agronegócio, com US$ 229 milhões e 36,9%
de participação. Em segundo lugar aparece o Uruguai com US$ 114 milhões e com uma participação de 18,5%. Em
terceiro lugar temos o Chile com US$ 71 milhões e 11,4% de participação.
País2018 Participação
%Valor (US$)Argentina 229.088.883 36,95%Uruguai 114.794.734 18,52%Chile 71.084.451 11,47%Alemanha 27.225.651 4,39%Estados Unidos 20.886.642 3,37%China 17.211.696 2,78%Paraguai 15.262.566 2,46%Portugal 13.912.218 2,24%Itália 12.285.488 1,98%Tailândia 9.713.022 1,57%TODOS PAÍSES 619.962.071 100,00%
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Tabela 40 - Parceiros comerciais do RS - Importação 2018 (jan-out), em US$
País2017 Participação
%Valor (US$)Argentina 228.043.382 36,07%Uruguai 149.510.273 23,65%Chile 57.711.311 9,13%Estados Unidos 24.443.628 3,87%Alemanha 18.688.038 2,96%China 16.044.681 2,54%Tailândia 12.891.941 2,04%Paraguai 12.568.723 1,99%Itália 10.576.795 1,67%Espanha 8.768.665 1,39%TODOS PAÍSES 632.160.927 100,00%
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
Tabela 41 - Parceiros comerciais do RS - Importação 2017 (jan-out), em US$
113RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL
Tabela 38 - Participação dos principais parceiros comerciais nas exportações do agronegócio do RS em 2018 (jan-out), em percentual
China Estados Unidos Bélgica Eslovênia Outros
43,98% 46,80%
2,86% 3,60%
2,92%
Fonte: MDIC/Comex StatElaboração: Assessoria Econômica/Sistema Farsul
RELATÓRIO ECONÔMICO 2018 E PERSPECTIVA 2019 - SISTEMA FARSUL114
3. EXPEDIENTE
GEDEÃO SILVEIRA PEREIRAPresidente
ASSESSORIA ECONÔMICA
Antônio da Luz
NÚCLEO DE CONJUNTURA ECONÔMICA
Danielle Montiel Guimarães
Ruy Augusto da Silveira Neto
Bruno Gurgel da Silva
Conrado Avancini Pereira Zanferari
NÚCLEO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Renan Hein dos Santos