Post on 17-Nov-2018
RELATÓRIO INDIVIDUAL – 2º SEMESTRE 2016
Olá Anice e Gustavo, estamos no final do ano e é chegado o momento de
lembrar a trajetória da nossa querida Giovanna. Compartilhando com vocês
meu olhar e avaliação diante das respostas apresentadas por ela neste
semestre. As aprendizagens, os desafios, as relações com os amigos e seu
desenvolvimento cognitivo, motor e emocional dentro das áreas do
conhecimento (linguagem oral e escrita, matemática, natureza e sociedade,
artes, música e movimento.)
Com certeza, foi um ano muito bom e produtivo para Giovanna que participou
desse aprendizado de forma atenta e curiosa.
O segundo semestre foi marcado por crescimento, pelo fortalecimento dos
vínculos, superações e tantos novos desafios.
No retorno das férias Giovanna estava com uma carinha diferente, crescida,
falante e muito animada.
Ao se reencontrar com todos ficou muito feliz, afinal retornar a rotina depois de
um período distante dos amigos queridos, trouxe a ela muitas novidades,
vivências, histórias e acontecimentos para compartilhar em nossa roda de
conversa.
Mais falante e entusiasmada, ela logo se disponibilizou a contar às novidades.
E isso contribuiu de maneira significativa no seu aprendizado e no contato com
o grupo e professoras.
A atividade de férias foi uma ferramenta muito importante nesta comunicação,
e Giovanna narrou cada detalhe, explicando quem tinha feito o que durante a
tarefa de casa. Relatou que viu as princesas, que ganhou um vestido muito
brilhante, que brincou com a vovó de massinha e foi visitar o vovô e a vovó
com o papai e a mamãe. E ficou notório o quanto “Gigi” havia se divertido ao
lado de pessoas tão queridas e especiais.
Neste semestre, observo o quanto a “Gigi” está ainda mais tranquila,
demonstrando maior envolvimento nas propostas, como por exemplo, quando
se manifesta rapidamente nas brincadeiras de “onça pintada”, “corre-cotia”,
“pega-pega”, “esconde-esconde” ou mesmo em brincadeiras inventadas por ela
como “mamãe e filhinha”.
Com tamanha desenvoltura observo o quanto seu corpo fica solto: você corre,
senta rápido, fica atenta aos comandos da brincadeira e interage bem com as
regras de cada uma delas.
Na brinquedoteca “Gigi” adora cuidar e dar banho nas bonecas, levando depois
para passear de carrinho. Ela escolhe a roupinha da boneca, arruma o cabelo e
sempre repete palavras doces como “Você ficou linda”, “Precisa comer pra ficar
forte”.
Muitas vezes eu brincava perguntando: Giovanna já esta aprendendo a tocar a
roupinha para ajudar a mamãe Anice a cuidar da Maria Luiza? E ela toda feliz
dizia: “Eu vou ajudar a mamãe”.
No bibi corre para se esconder do “seu lobo” ou pedalar nos carros e motocas
com sua amiga, agora em sua nova brincadeira “só de meninas”.
E o faz de conta transforma o espaço, ela adora brincar com a Sophia, na
gangorra de avião, dando muitas gargalhadas cada vez que pulam mais alto.
Brincar de fazer deliciosos bolos de areia ou entrar dentro do bambolê e fingir
que é uma casinha. Os objetos ganharam “vida” em suas mãos, como um
tecido que se transformava na cabaninha ou em uma coberta para suas
bonecas ou um pedaço de fita que virava uma varinha mágica e transformava
os amigos. Fôlego e imaginação não faltam por aqui.
Claro que os conflitos e disputas continuaram acontecendo, o que é normal e
esperado para essa faixa etária. Atualmente, Giovanna está verbalizando mais
ao se deparar com disputas de papéis ou de brinquedos durante uma
brincadeira, falando com firmeza para os amigos o que esta sentindo,
diferentemente do início das aulas, quando ela respondia com o choro.
Agora ao perceber que não está resolvendo uma situação ela pede nossa
ajuda para conversar com a criança e nós continuamos oferecendo modelos de
falas para que Giovanna consiga resolver cada vez mais esses pequenos
conflitos com maior independência.
E com tantas novidades é notório o quanto a sua segurança aumentou. E que
“Gigi” tem evoluído bastante em todas as áreas do conhecimento.
Agora vou contar como foi a sua participação e o seu desenvolvimento em
todas elas.
Neste semestre o trabalho de linguagem oral tem como objetivos principais,
levar as crianças a interagirem e se expressarem de maneira cada vez mais
clara. Seja narrando suas vivências, cantando, recitando os diferentes gêneros
de leitura, o importante é utilizar os diversos recursos para exercitar a
linguagem oral, ampliando assim seu repertório simbólico e desenvolvendo a
criatividade e imaginação.
A linguagem escrita ainda é estimulada por meio de trabalho com o nome
próprio. A chamada é realizada pelas crianças e os progressos são notáveis. A
constante exploração das fichas de nomes e o jogo da memória proporcionam
o reconhecimento do próprio nome e dos amigos em diversas situações em
que isso se faz necessário, como na identificação de pertences pessoais,
livros, entre outras.
Também usamos como recurso visual rótulos, signos e símbolos, onde as
crianças puderam se expressar, seja comentando sobre uma logomarca
conhecida, ou mesmo relatando o produto das embalagens ou associando as
imagens as suas respectivas representações, como por exemplo, o banheiro
dos meninos (masculino) e das meninas (feminino.)
Ao longo do semestre, desenvolvi junto às crianças o “projeto de leitura
compartilhada com os livros de casa,” onde trocamos de livro com os amigos
para no final escolhermos um livro para contar a história. Essa proposta visa
desenvolver nas crianças comportamentos típicos de um leitor e despertar o
prazer pela leitura. Cada trecho dos livros são lidos de formas diferentes,
dando as crianças a oportunidade de explorarem, expressarem e
demonstrarem suas impressões. Eu faço algumas perguntas sobre a capa, o
título e o conteúdo, e mediando esta conversa todos compartilham suas
opiniões em diversos momentos.
Temos também na rotina a nossa roda de história, que ocorre diariamente.
Desta forma busco incentivar e ampliar o gosto pela leitura nas crianças.
Escolho um livro no dia para compartilharmos a leitura e depois fazemos a roda
da conversa para falar um pouquinho sobre cada história fazendo uma ligação
com o cotidiano de cada um.
Giovanna participa das rodas de conversa com muita alegria, apesar de em
alguns momentos ficar acanhada, diminuindo o tom de voz, mais sempre conta
sobre um passeio ou outro acontecimento vivido junto a sua família, como no
dia em que falou: “Lê tem um neném na barriga da minha mãe”, “Eu vi o Mickey
e a Minnie com o papai e a mamãe”, “Eu ganhei um livro de patinho”. Sua
linguagem está cada vez mais desenvolvida e seu vocabulário ampliado. Tem
pronunciando frases e palavras com muita clareza.
Giovanna fica muito feliz no dia do livro e se antecipa para contar: “Lê eu trouxe
um livro cheio de peixinhos” e logo começa a folhear e me mostrar as imagens,
falando “Ai um tubarão”. Ou mesmo no dia do brinquedo que ela expressa sua
vontade em explorar os brinquedos dos amigos: “Sophia você pode brincar
com meu carrinho, mais empresta sua boneca.”
Como fico feliz e satisfeita com a autonomia e crescimento que esta menina
sabida vem demonstrando.
No decorrer do semestre na área da matemática, utilizamos diversos jogos
para explorar a contagem, entre eles arremessar a bola no bambolê. A posição
do corpo, a distância entre a criança e o bambolê, a força para lançar a bola
são vivências importantes que permitem às crianças perceber e se relacionar
com a matemática de uma maneira muito peculiar, nesse momento usando o
corpo como condutor e solucionando problemas. À medida que vivenciam os
jogos, as crianças não só amadurecem os movimentos, como também
aprimoram as estratégias para acertar a bola no bambolê, relacionando a
quantidade enquanto contam quantas bolinhas acertaram ou quantas erraram.
Na roda de boa tarde, contamos quantos amigos estão presentes e quantos
estão faltando e quem são, fazendo as crianças contar e raciocinar quem ainda
não esta presente. Não é difícil se deparar com comentários, como por
exemplo, a roda esta cheia ou vazia e o amigo não veio porque esta dodói ou
foi viajar.
O trabalho com as seriações e as coleções, (de sementes, objeto ou mesmo de
brinquedos ou brincadeiras, como jogos de montar, jogo da memória numérica
ou dominó) está desafiando ainda mais as crianças para a contagem oral,
avançando no domínio da numeração falada e percepção da numeração
escrita enquanto classificam, seriam e comparam, através de diferentes
critérios o objeto escolhido para selecionar, como por exemplo, sementes de
diversos tamanhos e formato, tampinhas de garrafas, pregadores, potes, etc..
Utilizando a quantidade, cores, igual/diferente e tantas outras possibilidades.
A leitura dos livros “Eram dez lagartas e Eram dez girinos” de Debbie Tarbett,
possibilitou que as crianças de vivenciassem problematizações, exercitando
ainda mais a recitação numérica e levantando hipóteses sobre a quantidade de
animais que apareciam no desenrolar da história.
As brincadeiras de roda ganharam um novo desafio neste semestre a
utilização de sequência, como por exemplo, “o caminhão de laranja” ou “onça
pintada”. Desta maneira os dedos das mãos e as cores são muito utilizados
pelas crianças, a fim de justificar a quantidade, cor e sequência solicitada
oralmente por cada um.
Também trabalhamos as formas geométricas, utilizando muitos recursos de
visualização, como a brincadeira da “toca”, cada vez que o urso aparece
corremos para a forma geométrica citada, e assim ficamos protegidos.
Nesta área Giovanna se divertiu com prazer. Agora mais confiante não se
intimida quando questionada ou convidada a brincar, sorrindo tenta montar o
quebra-cabeça e sempre questiona: “Esta certo Lê?” E lá vamos nós observar
suas tentativas e auxiliar quando necessário. Na roda de boa tarde aponta seu
dedinho e conta os amigos, questionando “O Tarik não veio?”, ”O Davi foi na
outra escola”.
Durante a leitura do livro “Eram dez lagartas” ou “Eram dez girinos”, Giovanna,
soube realizar a contagem dos animais que apareciam em cada página e
estabeleceu comparações de quantidades, também conseguiu identificar
alguns números.
Nas brincadeiras de roda, como onça pintada, já cita muitas cores e acerta a
recitação da sequência numérica da contagem das laranjas do caminhão.
Também reconhece as formas geométricas, como triângulo, quadrado e
círculo.
Na área de natureza e sociedade, trabalhamos os “Sentidos”, com o objetivo de
experimentação com diversas texturas e sensações.
Através de observações, experimentos e pesquisas, as crianças ampliaram
seus conhecimentos acerca dos sabores, odores e sons. E colocamos a mão
na meleca, lixa, terra, areia, folhas, flores e criamos muitas atividades
divertidas.
Também tivemos a oportunidade de trabalhar a diversidade cultural através de
conversas que abordavam os gêneros e as etnias, dando a oportunidade de
novos questionamentos e curiosidades nas crianças. Como apoio ao assunto
utilizei alguns livros, como por exemplo, “Livro da família” de Todd Parr que
aborda assuntos pertinentes como adoção, diferenças raciais, culturais e
sociais e o livro “É assim que eu sou”, de Pierre Winters e “Como eu era
quando eu era bebê” de Jeanne Willis, que busca esclarecer as indagações e
os porquês diante da existência, dos laços afetivos e dos traços genéticos,
assunto tão presente nas nossas rodas de conversas.
Criamos também os bonecos, e íamos montando o corpinho, colocando os
membros em seu devido lugar, as roupinhas, cabelo e assim por diante. As
crianças apreciaram muito a brincadeira, e logo faziam colocações pertinentes,
como por exemplo, só as meninas usam saia né Lê?
Giovanna gostou dos temas abordados e colaborou ativamente com o grupo,
fazendo colocações, como por exemplo, “Meninas fazem xixi sentadas, só
meninos que fazem xixi em pé”.
Ela também colaborou com nossa pesquisa sobre as frutas que tem sementes,
e provou a todas com apetite, dizendo quando não gostava de alguma como,
por exemplo, o coco “é duro Lê”. Observou com atenção enquanto
separávamos as sementes e caroços e ajudou a classificá-las.
E expressou para os amigos e professoras suas vontades e preferências, “O
nenê da barriga da mamãe é pequena assim”, e esticando suas mãozinhas
mostrava o tamanho, ou mesmo para comunicar suas vivências: “A vovó que
deu comida?” ou “Meu cabelo é grande igual o da mamãe”, tão importantes na
comunicação e expressão de sentimentos e vontades.
O trabalho na área de Artes neste semestre ofereceu às crianças a
oportunidade de conhecer e explorar muitas linguagens artísticas, como por
exemplo, a pintura, desenho, colagem, melecas e a construção de escultura
com argila, onde trabalhamos altura, largura e profundidade, explorando
através de objetos e materiais que possuem essas características.
Ao mexer na argila ou torcer um pedaço de papel, as crianças experimentaram
as transformações e a plasticidade do material e perceberam o resultado de
sua ação. Assim os trabalhos artísticos contribuíram para o processo de
conhecimento de si, proporcionando as crianças que seguissem
desenvolvendo essas linguagens e ampliando suas possibilidades de
expressão.
Seus desenhos passaram a ganhar a sua atenção e maior envolvimento
durante as produções. Hoje consigo perceber o quanto Giovanna demostra
prazer em testar seus gestos, dominando melhor seu riscador e movimentos na
folha, na lousa ou no espelho.
Com o trabalho de artes plásticas, esculturas, massinhas e argilas, Giovanna
sempre demostra grande prazer ao manipular esses materiais, onde construiu
esculturas amplas e brincando foi explorando e criando formas que ela ia
denominando, enquanto fazia interferências de outros materiais como palitos,
potes e pedras, que ela imprimia sua força para fazer buracos e depois
sobreposição na mesma base, comentando: “Olha eu fiz um rio”.
Em nossos momentos musicais, trouxemos muitas possibilidades de sons.
Trabalhamos os instrumentos, explorando suas formas, funções e sons que
cada um emitia, criamos uma bandinha e muitas brincadeiras e barulhos
conseguimos extrair, e foi possível aprender com muita alegria e diversão.
Também tivemos o apoio do professor Shauan, com suas aulas, brincadeiras,
interpretações e muita sonorização.
Giovanna gostou do barulho do pandeiro e aceitou tocar com alegria. Depois
criamos nossos instrumentos colocando grãos diversos dentro de garrafas,
potes e tubo de papelão. E “Gigi” curtiu muito a experiência, balançando com
força o chocalho e percebendo que o som que ele produzia era diferente dos
amigos, pois cada criança tinham grãos distintos. Areia, pedra, lentilha, arroz,
feijão, grão de bico, sal grosso, madeira e miçangas, percutindo com diferença
no ritmo da música.
Eu me sinto realizada a cada dia de vê-lo cantar as nossas cantigas, imitando
nossos gestos e se divertido com prazer explorando cada conquista e
descobertas.
O corpinho sempre em movimento, seja dançando, pulando, abaixando,
virando cambalhota e fazendo muitas estripulias com os circuitos motores,
dentro e fora de pneu, bambolê, saltando para pegar a garrafa e escalando os
brinquedos, assim é o Giovanna, cada dia ganhando maior autonomia e
aprimorando ainda mais sua capacidade motora.
É muito bom relembrar esses momentos, essas aprendizagens e brincadeiras
ao longo desse período que passamos juntas. Participar de cada conquista,
palavra pronunciada e dos desafios superados por você me deixa muito feliz e
lisonjeada.
Sei que toda aprendizagem trazida nessa convivência não se fecha para as
próximas, e sim, absorve as tantas outras que você vivenciará de hoje em
diante. No ano que vem você ingressará em uma nova escola e terá a
oportunidade de fazer novas amizades e vivenciar uma nova rotina, onde tenho
certeza que será para dividir e exercitar ainda mais seu conhecimento,
adquirindo outros mais. Novos desafios farão parte do capítulo de sua história.
História essa, que fico feliz por ter participado e dividido com você até aqui.
As lembranças são muitas e a alegria por tudo que conquistamos e
vivenciamos ameniza, nesse momento, a saudade que já aperta em meu
coração.
Um agradecimento especial a vocês Anice e Gustavo pela parceria, dedicação
e confiança depositados no decorrer do ano.