Post on 06-Jun-2015
O presente relatório faz um RX minucioso da situação atual do Matadouro Público
Municipal, no que se refere às condições higiênico-sanitárias, diagnosticada pela Vigilância
Sanitária Municipal.
A visita da Vigilância Sanitária Araripina ao Matadouro Público Municipal aconteceu
aos vinte e uma dias do mês de dezembro de 2010, e foi documentado também em fotos.
Destacamos logo abaixo alguns pontos críticos encontrados no estabelecimento em
que se misturam uma série de fatores insalubres ao ser humano e ao animal que é abatido no
local.
O abastecimento de água pelo que pudemos constatar não existe em sua forma potável
suficiente, para atender as necessidades das dependências em que principalmente necessitam
para manter o ambiente limpo e para fazer pelos menos o básico de higienização;
O piso já sofreu corrosão e não escoa por completo as águas residuárias, concentrado
em alguns pontos restos de fezes e vísceras de animais, não permitindo uma fácil lavagem e
desinfecção, contaminando o ambiente e criando fatores de riscos para a saúde do trabalhador
do estabelecimento;
As paredes que deveriam ser de material impermeável para facilitar a desinfecção
evitando o acúmulo de sujeiras, também estão corroídas e com fissuras, sujas de respingos de
sangue animal por quase toda parte da estrutura interna, ficando visível o estado caótico e de
fácil proliferação de doenças, criando um quadro de distanciamento para as condições de
higiene que vigora na legislação vigente;
Conforme a legislação específica para o setor, as dependências sanitárias e os
vestiários não são adequados e as estas instalações praticamente, se misturam ao emaranhado
de problemas ali acumulados;
Os currais e pocilgas que deviam apresentar caimento com declive de pelo menos dois
centímetros (2 cm) no sentido dos ralos, providos de bebedouros e pontos de água, com
pressão suficiente para facilitar a higienização dessas instalações, também não se adéquam as
normas exigidas e vigentes;
Não existe seção para separação de miúdos, todas as vísceras, fezes e outros, fazem
parte de um conjunto do mesmo amontoado;
Todos os recipientes presenciados pela nossa equipe estão fora das condições de uso,
seja para manejo, seja para utilização na separação de qualquer alimento;
Ainda existe no estabelecimento a presença de tronco e mesa de madeira em estado e
condições que favorecem a proliferação de bactérias nocivas ao homem;
A cisterna que armazena água provavelmente para o consumo humano, foge das regras
da potabilidade e tem aspecto que também favorece vários fatores de risco para a saúde
humana;
Os funcionários do estabelecimento segundo informações do responsável são
autônomos e fazem o serviço sem interferência do poder público. Não fazem uso de
equipamentos de proteção individual (EPI) e nem realizam exames periódicos para constatar a
existência de doenças de pele (dermatoses) e outras doenças infecto-contagiosas ou
repugnantes que podem afastá-lo da atividade ali exercida. Eles que deveriam ser portadores
de carteira de saúde fornecida por autoridade oficial e renovadas, anualmente, declarando que
os mesmos estão aptos a manipular produtos destinados à alimentação humana.
As dependências são desprovidas de pias de água corrente, sabão líquido e toalhas
descartáveis. Os acessos também são desprovidos de lavadouros de botas e luvas que fazem
parte do EPI das pessoas que lidam com as atividades relacionadas naquele estabelecimento;
As redes de esgotos em todas as dependências que deviam evitar o refluxo de odores e
a entrada de roedores e outros animais, não suportam as águas residuárias e os corpos
flutuantes, ficando todos ao ar livre e interferindo diretamente na situação contaminante do
ambiente;
Não existe um depósito para guarda de recipientes e produtos de limpeza e outros
materiais utilizados no matadouro;
Não existe norma e nem respeito aos operários para educar e mantê-lo a par das
condições necessárias durante a manipulação de todas as atividades exercidas no
estabelecimento;
Não existe o equipamento necessário como: carrinhos, tanques, caixas, bandeja, mesas
de modo a evitar qualquer confusão entre os produtos comestíveis os descartados para a
alimentação de animais, usando-se as denominações “comestíveis”, “não cosmetíveis” e
“condenados”;
Na situação em que se encontra o Matadouro Público de Araripina, não está livre de
moscas, mosquitos, baratas, ratos e qualquer outros insetos, além de gatos, cães (que eram
presenças constante durante a nossa inspeção) e outros animais.
Fizemos um resumo da situação em que podemos sublinhar vários fatores de risco
para a saúde humana proliferada em um ambiente propício á contaminação tanto dos que ali
labutam de forma subumana, como da população que vive nas cercanias.
Preferencialmente o matadouro público que segundo a legislação em vigor devia estar
em um centro de terreno, devidamente cercado, afastado dos limites das vias públicas e dispor
de toda uma estrutura, seja para dar uma melhor qualidade de trabalho aos operários que ali
exercem suas atividades, seja para o animal que será abatido e chegará ao ponto de revenda
saudável, transportado também em veículos limpos e com trabalhadores transportadores
adequados as exigências higiênico-sanitárias, está inoperante. Mas tomemos o cuidado de não
tomarmos decisão precipitada e criar um problema bem maior. Com o fechamento e a
interdição imediata do estabelecimento, no caso em pauta, o Matadouro Público Municipal,
pode ocorrer um aumento significativo dos abatedouros clandestinos. Nesse caso o
problema passa a se espalhar por vários pontos do município e cria um ambiente prospero
para a proliferação de doenças e sujeira.
O Departamento de Vigilância Sanitária de Araripina está à disposição para quaisquer
outros esclarecimentos, no sentido de melhorar a qualidade de assistência ao trabalhador
dentro da legislação em que atua, no sentido de proteger o consumidor investigando e
fiscalizando os produtos que por ele será consumido e no sentido de direcionar nos
procedimentos que por ventura venha a concretizar o sonho de todos na realização de uma
nova obra e um novo prédio que irá com certeza acomodar as novas dependências de um
Novo Matadouro Público, que é o que na realidade já comporta o nosso município.
(Segue anexo – fotos)
Araripina, 22 de dezembro de 2010.
Everaldo Paixão e Silva
Agente Sanitário
Departamento de Vigilância em Saúde Rua Manoel Ferreira Sampaio – S/N
Tel: (87) 3873 4002 E-mail – vigilancia.ara@hotmail.com