Post on 05-Dec-2015
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A influência externa no desenvolvimento da Gestão de Recursos Humanos no Brasil.
Tassiana Fabian Raiser
No artigo Colonização e Neocolonização da Gestão de Recursos Humanos no Brasil
1950-2010 (São Paulo; RAE v.51 nº3, maio-junho/2011; pág.231-243) escrito por Thomaz
Wood Jr., Maria José Tonelli e Bill Cooke é realizada uma análise da evolução deste campo da
Administração de Empresas após a Segunda Guerra Mundial até a última década. Neste tempo,
ocorreram muitas mudanças, a economia e a política passaram por épocas muito distintas, novos
conceitos e ideias surgiram e foram implantados nas empresas brasileiras através de influências
externas e pressões internas.
Este artigo divide o período em duas etapas: colonização (1950-1980) e neocolonização
(1980-2010) e procura mostrar o contexto político econômico da época e as mudanças ocorridas
na Gestão de RH devido à tendência do mercado. Após esta análise, é feita uma perspectiva do
pós-colonialismo presente nas relações organizacionais e introduz-se a perspectiva do
tropicalismo, para que todos os envolvidos sejam compreendidos através de interdependências e
melhores resultados.
Porque o termo colonização? Segundo o dicionário, esse termo significa a exploração de
um campo por indivíduos estranhos ao local, com pensamentos e ideias diferentes, onde ocorre
a influência e transferência cultural dos colonizadores para os colonizados e vice-versa. Na área
de Gestão de RH é adotado esse termo porque as mudanças e evoluções ocorridas nesse campo
foram induzidas ou realizadas por empresas ou pessoas vindas do exterior, ou seja, de outros
países com novos conceitos.
Na primeira etapa, foram dois agentes com importante participação nas mudanças
ocorridas, as empresas multinacionais e as escolas de administração. As empresas
multinacionais introduziram os princípios de divisão de trabalho, da meritocracia e de práticas
da Gestão de RH como recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento e as escolas de
administração foram responsáveis pela disseminação de modelos e práticas da área estudada.
Juntos, eles lideraram uma importante etapa na profissionalização das empresas e modernização
das relações de trabalho durante este período.
No período de 1980 a 2010, ocorreu a liberalização econômica na década de 1990 no
qual as empresas através de redução de custos e adoção de novas tecnologias de produção
buscavam uma maior eficiência provocando a importação de expertise gerencial nas maiores
empresas e um maior investimento na formação dos funcionários nas outras empresas. Na área
de Gestão de RH, esta época foi marcada por três grandes mudanças: um melhor alinhamento
dos objetivos da área de RH com os objetivos da empresa; a adoção intensiva de novos modelos
e práticas, como a avaliação do funcionário através de matrizes de desempenho e as práticas de
coaching e mentoring; e a adoção de uma nova retórica com valores individualistas e os
princípios de adaptabilidade, inovação e competitividade. Esses novos conceitos derivados da
cultura de management vindos do exterior são amplamente difundidos por escolas de
administração, serviços de consultoria, editoras de livros e revistas e empresas promotoras de
eventos corporativos.
O pós-colonialismo é uma perspectiva ascendente na área de estudos organizacionais
em que procura analisar os efeitos políticos, filosóficos e culturais deixados pelos colonizadores
nos países colonizados e procura desvendar o etnocentrismo do pensamento hegemônico
ocidental. Dentro deste campo, pode-se observar e comparar com a existência do tropicalismo,
um movimento da cultura brasileira em que aceitou influências externas e absorveu-as de forma
seletiva para que assim pudesse desenvolver e fomentar a identidade brasileira perante aos
outros países.
Assim, deve-se reconhecer que este fenômeno analisado não se caracteriza por eventos
isolados, mas por coexistências e simultaneidades nas atitudes de executivos e diretores na
realização de investimentos diretos, programas de assistência tecnológica e iniciativas
educacionais. Além disso, os estudos pós-coloniais podem se desenvolver e obter novos
resultados em um país emergente e não hegemônico como o Brasil.