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RevISE – Revista Interdisciplinar do Instituto de Educação de Ananindeua (Online) ISSN: 2359 – 4861 Vol. 08, N. 08 Novembro/2017
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RevISE – Revista Interdisciplinar do Instituto de Educação de Ananindeua (Online) ISSN: 2359 – 4861 Vol. 08, N. 08 Novembro/2017
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Revista Interdisciplinar da Divisão de Pesquisa do Instituto Superior de Educação de
Ananindeua/ESMAC.
Conselho Editorial desta edição Conselho Científico
Iranilse Pinheiro (Diretora Geral-ESMAC)1
Sandra Christina F. dos Santos (UEPA)2
Veridiana Valente Pinheiro (ESMAC)3
Ilton Ribeiro dos Santos (ESMAC)4
Prof. Roberto Magno Reis Netto5
Sandra Christina F. dos Santos (UEPA)
Veridiana Valente Pinheiro (ESMAC)
llton Ribeiro Santos (ESMAC)
Mário Pinheiro (ESMAC)
1Educadora, Empresária, Diretora Geral da Escola Superior Madre Celeste – ESMAC, Vereadora na Câmara
Municipal de Ananindeua, Diretora de Marketing e Eventos do Conselho da Mulher Empresária de Ananindeua – CME/ ACIA, Consultoria e Assessoria em Educação, Presidente do Rotary Clube de Ananindeua, Graduada em Enfermagem e Obstetrícia - UEPA, Pós-Graduada em Administração de Instituições Escolares-CESUPA, Especialista em Avaliação Institucional-CESUOA, Mestranda em Educação-U.A.A, Membro do Fórum dos Executivos Financeiros para as Instituições de Ensino Privadas do Brasil. Foi Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Lazer da Prefeitura Municipal de Ananindeua nos anos de 2011/2012. MAGALHÃES BARATA (1993), especialização em CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL pelo Centro Universitário do Estado do Pará (2002) e especialização em ADMINISTRAÇÃO DE INSTITUIÇÕES ESCOLARES pelo Centro Universitário do Estado do Pará (2002). Atualmente é DIRETORA GERAL da Escola Superior Madre Celeste. 2 Possui Doutorado Em Ciências Da Educação pela Universidad Autónoma de Asunción, MESTRADO EM EDUCAÇÃO: ENSINO SUPERIOR E GESTÃO UNIVERSITÁRIA pela Universidade da Amazônia (1999). Atualmente é Professora Assistente III da Universidade do Estado do Pará, coordenadora do curso de Artes Visuais da Escola Superior Madre Celeste, Diretora Acadêmica da ESMAC. 3 Graduado em Letras (UFPA), pós-graduado (lato senso) em Semiótica e Cultura Visual (UFPA) e mestrado em
Artes pela (UFPA). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (PPGL-UFPA). É editor chefe pela Revista Literária Talares e da Revista Interdisciplinar do Instituto de Ensino Superior de Ananindeua - REVISE e da Revista da Pós-Graduação - ESMAC 4 Possui graduação em Letras - Habilitação Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Pará, Campus de
Abaetetuba, Mestrado concluído no ano de 2013, em Teoria Literária. Foi bolsista de extensão pela PROEX/UFPA e bolsista de pesquisa UFPA/PIBIC-AF e CNPq-AF durante a graduação e bolsista CAPES durante o mestrado. Atualmente é aluna do curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará. 5 Mestrando em Segurança Pública. Especialista em Direito Processual Civil, Docência Superior e Atividade de Inteligência. Coordenador dos Projetos de Pesquisa em “Direito Civil e Processual Civil e Novos Paradigmas” e “Atividade de Inteligência e Segurança Pública”, da ESMAC. Professor e Pesquisador. Oficial de Justiça Avaliador do TJE/PA.
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Coordenador do Instituto Superior de Ensino - ISE
SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS
DIVISÃO DE PESQUISA E EXTENSÃO– ISE/NUPEX
Coordenador de Pesquisa ISE - NUPEX
ILTON RIBEIRO DOS SANTOS
Coordenadora de Extensão ISE – NUPEX
MARCIA JORGE
Projeto Gráfico da Revista
SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS
ILTONRIBEIRO DOS SANTOS
Ilustração da Capa
SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS
Revisão
VERIDIANA PINHEIRO
ILTON RIBEIRO SANTOS
Editoração eletrônica
Assessoria de Comunicação - ASCOM
VERIDIANA VALENTE PINHEIRO
ILTON RIBEIRO DOS SANTOS
Editores:
SANDRA CHRISTINA F. DOS SANTOS
VERIDIANA VALENTE PINHEIRO
ILTON RIBEIRO DOS SANTOS
JAIME BARRADAS DA SILVA
Bibliotecária
MARIANA ARAÚJO
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Central/ESMAC, Ananindeua/PA
REVISE – Revista Interdisciplinar da Divisão de Pesquisa/ESMAC –
V. 08, n.08 (Novembro/2017) - Ananindeua/PA.
Semestral.
Organizadores: Sandra Christina F. dos Santos, Veridiana Valente Pinheiro.
Ilton Ribeiro dos Santos.
Publicado em edição temática; v. 8, n. 8: Ensino Superior.
ISSN: 2359-4861
Periódicos brasileiros. I. Escola Superior Madre Celeste. 2.
Ananindeua/Pa.
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S U M Á R I O
A CONTRIBUIÇÃO DA CAPOEIRA ENQUANTO PRÁTICA DE RESISTÊNCIA NO
TRABALHO PEDAGÓGICO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Jamile Caroline Andrade Conceição...............................................................................08
DESAFIOS EM ENSINAR PYTHON NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Árllon Chaves LIMA
Decíola Fernandes de SOUSA (Orientadora)....................................................................18
OS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR NO PROCESSO
AVALIATIVO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
João Ray Machado dos Santos ....................................................................................... 29 O BRINQUEDO NA ALFABETIZAÇÃO VISUAL: A AÇÃO LÚDICA NO PROCESSO
DE ENSINO APRENDIZAGEM COM ARTE
Prof. Me. José Tadeu de B. Nunes.................................................................................. 36 ESTUDO TEÓRICO SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E CRIANÇAS NEGRAS
NO CONTEXTO DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
Antonio Matheus do Rosário Corrêa...............................................................................47
TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA GESTÃO EM SAÚDE: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA DA LITERATURA
Rosenilda Lopes Xavier
Kemle Senhorinha Rocha Tuma Viana...........................................................................58
PREPARAÇÃO FÍSICA E VARIÁVEIS CONDICIONANTES: CONDICIONAMENTO
FÍSICO DOS ATLETAS DE MEIO CAMPO DO PAYSANDU SPORT CLUB Euler José R. de Oliveira
France Ellen Gomes da Cruz
Rogério Suarez Gameleira
Ignácio de Loiola Alvares Nogueira Neto
Gabriel Paes Neto ....................................................................................................................69
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APRESENTAÇÃO
A revista REVISE do Núcleo de Pesquisa da Escola Superior Madre Celeste/ESMAC
apresenta sua oitava edição, e traz em seu conteúdo o resultado de iniciação científica dos cursos
de Licenciatura e Bacharelados da ESMAC.
É, portanto, resultado de semestres de aprofundamentos de leituras e orientações
bibliográficas. É uma etapa de conquista, de celebração por se ter uma projetos de pesquisas
preocupados com o aprimoramento, a produção e a difusão do conhecimento.
O comprometimento desses anos da Escola Superior Madre Celeste com o ensino,
pesquisa e a extensão, se traduz na qualidade de um projeto educacional fundamentado num
trabalho de reflexão constante, em sintonia com o que se produz de mais avançado, nas áreas
de conhecimento relacionadas ao desenvolvimento humano.
O aluno-pesquisador, é convidado a participar das transformações sociais para um vida
melhor, é a razão de ser da proposta de trabalho pedagógico. Isso significa que cabe à faculdade
estimular ao estudante a aquisição e a produção de conhecimento, respeitando a sua
individualidade.
Estabelece-se uma relação de confiança tripla entre os acadêmicos com os professores-
pesquisadores respeitando os valores básicos da instituição e a sociedade. Fatores fundamentais
para a plena realização da proposta educacional.
Organizadores:
Sandra Christina Ferreira dos Santos
Ilton Ribeiro dos Santos
Veridiana Valente Pinheiro Castro
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A CONTRIBUIÇÃO DA CAPOEIRA ENQUANTO PRÁTICA DE RESISTÊNCIA NO
TRABALHO PEDAGÓGICO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Jamile Caroline Andrade Conceição
Resumo: A presente pesquisa busca mostrar como se dá a contribuição da capoeira, enquanto
prática de resistência na organização do trabalho pedagógico do professor de educação física.
Por ser um elemento da cultura corporal que também pode ser desenvolvidos nas aulas de
educação física, com uma perspectiva de ensino com fundamentos revolucionários em seu
desenvolvimento. Elaboramos este estudo com base a concepção pedagógica – crítico
superadora – com o intuito de resgatar a cultura de resistência de nosso povo, a partir da
capoeira, seus elementos históricos que possibilitam a reflexão e a criticidade dos alunos. O
estudo tem o objetivo de analisar a contribuição da capoeira, enquanto prática de resistência na
organização do trabalho pedagógico do professor de Educação Física. A capoeira contribui na
prática pedagógica do professor de educação física, pois é um elemento repleto de significações,
que representam a resistência da classe oprimida. A partir de seus elementos históricos, a
capoeira auxilia na transformação do cotidiano da educação física, ultrapassando as barreiras
ideológicas a que nela são impostas pela classe dominante. Contudo, a capoeira contribui para
a formação de um sujeito histórico autônomo, criativo e crítico no que se refere à sua posição
numa sociedade de classes.
Palavras-chave: capoeira-Educação Física Abordagem-Crítico Superadora.
Resumen La presente investigación busca mostrar cómo se da la contribución de la capoeira, como práctica de
resistencia en la organización del trabajo pedagógico del profesor de educación física. Por ser un
elemento de la cultura corporal que también puede ser desarrollado en las clases de educación física,
con una perspectiva de enseñanza con fundamentos revolucionarios en su desarrollo. Elaboramos este
estudio con base en la concepción pedagógica - crítica superadora - con el propósito de rescatar la cultura
de resistencia de nuestro pueblo, a partir de la capoeira, sus elementos históricos que posibilitan la
reflexión y la criticidad de los alumnos. El estudio tiene el objetivo de analizar la contribución de la
capoeira, como práctica de resistencia en la organización del trabajo pedagógico del profesor de
Educación Física. La capoeira contribuye en la práctica pedagógica del profesor de educación física,
pues es un elemento repleto de significaciones, que representan la resistencia de la clase oprimida. A
partir de sus elementos históricos, la capoeira auxilia en la transformación de lo cotidiano de la
educación física, superando las barreras ideológicas a las que en ella se imponen por la clase dominante.
Sin embargo, la capoeira contribuye a la formación de un sujeto histórico autónomo, creativo y crítico
en lo que se refiere a su posición en una sociedad de clases.
Palabras clave: capoeira-Educación Física Enfoque-Crítico superador
Introdução
Professora licenciada em educação física. Escola Superior Madre Celeste. berimbaubelem@gmail.com (91)
93135020.
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A escolha do objeto de estudo em questão se dá em função de perceber que ao longo
da formação acadêmica, esse conhecimento é pouco desenvolvido nas aulas de educação física
escolar. A partir da grande relevância enquanto um elemento da cultura corporal que pode ser
ministrado nas aulas de educação física e por querer proporcionar uma prática que tenha
fundamentos revolucionários no desenvolvimento de ensino, tornando assim um elemento a
mais para problematizar as práticas corporais nas escolas, haja vista que ainda existem
hegemonicamente práticas que valorizam o auto rendimento, numa perspectiva da aptidão
física.
Acreditamos que com a capoeira pode-se criar maneiras de formar o sujeito, numa
perspectiva de transformá-lo em um ser crítico e autônomo, que saiba compreender e analisar
a realidade, criando com isso subsídios para a transformação da sociedade.
Este estudo tem grande relevância a partir da compreensão que as intervenções
pedagógicas mais utilizadas, em grande parte vêm se dando em função de uma concepção
pedagógica não crítica ou critico-reprodutivista. Portanto proporciona aos docentes e discentes
de educação física uma nova possibilidade de intervenção pedagógica que busca resgatar a
cultura de resistência de nosso povo, trazendo todos seus elementos históricos que possibilitam
a reflexão e a criticidade acerca da condição social em que a classe trabalhadora se encontra e
também um olhar crítico sobre a prática da própria capoeira.
Sendo assim este estudo parte da seguinte questão problema: qual a contribuição da
capoeira, enquanto prática de resistência na organização do trabalho pedagógico do professor
de Educação Física Escolar? E para contribuir com o processo de desenvolvimento sobre este
problema utilizaremos as seguintes questões norteadoras: Quais os elementos políticos e sociais
que constitui a capoeira como uma prática de resistência na história do Brasil? Como a
abordagem pedagógica crítico-superadora nas aulas de educação física escolar, pode contribuir
para uma prática de resistência? Quais os elementos essenciais que devem compor uma prática
pedagógica de resistência nas aulas de educação física a partir da capoeira como conhecimento?
O objetivo de nosso estudo é analisar a contribuição da capoeira, enquanto prática de
resistência na organização do trabalho pedagógico do professor de Educação Física Escolar.
Sentimos a necessidade do trato mais amplo com estes conhecimentos nas aulas de
educação física, tal como a capoeira, que é um elemento da cultura corporal que representa uma
historicidade de resistência que se contrapõe às imposições da classe opressora no período da
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escravidão no Brasil. Procuramos estabelecer na educação física, um trabalho pedagógico que
problematiza a atual forma da organização de nossa sociedade, que exclui, seleciona, divide e
que enfatiza a competição e o individualismo. Segundo Coletivo de Autores (1992), a
abordagem critico superadora compreende a capoeira como uma pratica social que tem origem
histórica cultural que necessita ser questionada enquanto conteúdo. E tem uma grande
contribuição no trabalho pedagógico do professor de educação física.
Para ajudar a responder a pergunta cientifica e alcançar os objetivos traçados, este estudo
partirá de uma pesquisa bibliográfica, onde realizaremos estudos desenvolvidos a partir de
registros como livros, artigos, teses etc.
Desta forma, procuramos analisar as diversas formas de como se desenvolveu nosso objeto
de estudo e realizar uma conexão entre as informações obtidas. Buscando com isso
compreender de forma mais abrangente como se deu o processo de resistência da classe
dominada e como vem se desenvolvendo, para posteriormente compreender esse processo de
resistência na capoeira e nas aulas de educação física escolar, a partir da abordagem critico-
superadora.
A história de resistência da capoeira no Brasil
A capoeira traz no seu contexto histórico, a luta pela libertação dos negros escravos
oprimidos pela classe dominante no período escravocrata (entre séc. XVI e XIX). Essa luta
configura-se em uma luta de classes porque o grupo social dos negros escravos se contrapunha
a dominação de outro grupo social que eram os europeus. Segundo Harnecker (1983, pág.186),
luta de classes é “confronto que se produz entre classes antagônicas quando lutam por seus
interesses de classe”.
Como estratégia de se contrapor ou resistir a toda opressão que sofriam os escravizados
criam uma prática corporal, que hoje conhecemos por Capoeira. Silva (2003, p. 50) sugere que
a capoeira seria “uma linguagem polissêmica que, como uma das contradições do processo de
dominação, representou importante elemento para a preservação de sua identidade
sociocultural”.
Com o aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e comunicações, a burguesia
insere nas mais diversas sociedades, através dos preços baixos de sua mercadoria, fazendo com
que as mesmas sigam seu modo de produção burguês Marx e Engels (2006) acumulando com
isso mais riquezas. A evolução da capoeira também se insere nesse contexto como mercadoria.
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Esse processo inicia-se segundo Abreu, (1999 apud Araújo 2008) com influências de
Mestre Bimba6, com a capoeira regional, com o intuito de adaptar esse fenômeno às
necessidades do mercado capitalista. A partir disso a capoeira transforma-se em um produto em
que se reestruturava para seguir a imposição ideológica da época, com o intuito de inseri-la nas
camadas populares mais desenvolvidas economicamente.
Por se hoje a capoeira um produto a ser comercializado pelo mundo inteiro, esse
fenômeno sofre constante transformações para adaptar-se a lógica do capital perdendo em
vários aspectos seu caráter de resistência, por esse motivo buscaremos elucidar em seguida
como a capoeira por configura-se como elemento de resistência trazendo a tona sua essência.
A capoeira insere-se em contexto de resistência desde seu princípio com a chegada dos
africanos no Brasil a partir do séc. XVI, porém para este estudo o importante é compreender
que o motivo de sua criação foi em função da privação de manifestarem a cultura do escravo,
da liberdade, deu condições de sobrevivência etc. em decorrência do regime da escravatura
ocorrida no Brasil.
As necessidades concretas do escravo dão origem à capoeira, ou seja, a luta pela
sobrevivência, a necessidade de manter vivas suas práticas corporais, sua identidade, mas,
sobretudo, a resistência ao sistema escravista, que oprime e explora. Seu registro histórico é
marcado de incertezas por ser uma prática passada de geração em geração a partir da
transmissão oral de mestres e conhecedores da luta.
Ainda no século XIX, era evidente o preconceito da classe dominante para com a
capoeira, em função de ser uma forma de resistência dos escravos negros em cativeiro, pela
desordem que os mesmos faziam por conta da opressão que sofriam. Nesse período muitos
negros já estavam nas ruas em um ambiente crítico, sem moradias, trabalhos, alimentação
adequada. É nesse contexto que os negros se reuniam em grupos “maltas” ou até mesmo
individualmente para vender seus serviços com a capoeira para os abolicionistas, liberais,
republicanos e conservadores, como se fossem o que hoje chamamos de segurança (capangas,
leão de chácara), provocando tumultos pela cidade.
Para combater esse problema social o império cria no código penal brasileiro o decreto
nº 847 de 11 de outubro de 1890, que proíbe a prática da capoeira em ambientes públicos, lei
que somente em 1930, com Getúlio Vargas no poder, foi destituída. Até lá só era possível
6 Criador da capoeira regional
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realiza-la em recintos fechados com alvará de funcionamento. O objetivo com isso era de vigia
e controlar a prática tanto da capoeira como das manifestações afro-religiosas.
Getúlio Vargas acreditava na capoeira como veículo de disciplinar os corpos. A
realização de sua prática deveria ser a partir dos anseios do Estado. Nesse sentido não
interessava mais a capoeira com seus elementos de resistência, deveria seguir os modelos dos
métodos alemães e franceses. Mestre Bimba aproveitando o contexto da época abre a primeira
academia de capoeira e cria a Luta regional baiana com seus métodos sistematizados nela,
incluía os sistemas de graduações a partir dos ensinos das universidades.
Nesse processo de Conformismo e Resistência, é que a capoeira se constituiu na história
brasileira, onde para haver a continuação de determinada prática cultural, no caso do nosso
estudo, a capoeira, acaba-se por adequar-se a ordem ideológica da classe dominante por um
breve momento. Com a inclusão da capoeira na educação física escolar, podemos perpetuar a
prática de resistência de uma manifestação cultural historicamente produzida pela classe
oprimida, contrapondo-se às várias formas de imposições ideológicas da classe dominante.
Uma prática pedagógica de resistência na educação física escolar.
Com o processo de produção e circulação das mercadorias para o desenvolvimento do
capital, eram necessárias novas maneiras de se educar. Surge com isso a instituição escola com
o intuito de oferecer conhecimentos além dos realizados pela família, pela convivência e pela
religião. A escola se consolida e se dissemina a partir dessas mudanças econômicas e sociais.
Ela surge segundo Reis (et al.2013), como expressão cultural em um determinado tempo
histórico, com intuito de garantir a especificidade na formação humana.
Hoje, de maneira geral o Estado capitalista quem oferta obrigatoriamente a
escolarização, passa-se a formar um trabalhador urbano que tem o domínio da leitura, da escrita
e do cálculo. Nesse processo a escola, segundo Reis (et al. 2013, p.38), “foi se tornando
importante instrumento do processo civilizatório capitalista”, ou seja, a partir do processo
ensino-aprendizagem aliena-se o aluno/trabalhador aos interesses econômicos da sociedade
capitalista.
A escola capitalista tem segundo Freitas (1994) duas funções na sociedade, a primeira
é a produção das qualificações que são importantes para o funcionamento da economia, a
segunda função é a formação de quadros e também a elaboração de métodos que servem para
um controle político.
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A escola capitalista é vista como um local em que prepara as pessoas para o mercado de
trabalho, segundo Freitas (1994,p.92) “se não houver resistência, a escola traduz as
desigualdades econômicas em desigualdades educacionais e, depois, retraduz tais
desigualdades educacionais em desigualdades econômicas”.
A escola socialista tem a função de proporcionar subsídios para que o sujeito sendo um
ser social estabeleça várias para produzir e reproduzir sua vida em sociedade. Essas relações
são realizadas a partir do relacionamento familiar, social etc. Contudo, o sujeito é formado a
partir de questões biológicas e de sua prática social.
A relação do indivíduo com a educação escolar, numa sociedade de classes, objetiva a
criação do homem adaptado ao modo de produção de forma alienada. Essa relação faz com que
os indivíduos não tenham a compreensão do seu potencial historicamente produzido, para criar
e transformar a sociedade em que está diretamente ligado à sua formação de trabalhador
competente, ajustando-o a produção de capital para interesses da classe dominante.
Faz-se necessária uma perspectiva que faça a oposição a essa lógica de educação voltada
para o mercado de trabalho, em que aliena o indivíduo. Necessita-se de uma educação na qual
a formação humana esteja voltada para a apropriação do conhecimento em sua plenitude,
transformando o indivíduo em um sujeito histórico crítico, no sentido de se colocar como
resistência à lógica de produção capitalista.
Um projeto educacional que se contraponha a lógica capitalista no processo de ensino
deve estar pautado na politecnia, que segundo Reis et al.(2013) é uma “concepção de educação
que interessa à classe trabalhadora, por estar fundamentada na superação da divisão entre teoria
e prática, em direção à formação do homem em todas suas dimensões – formação omnilateral”
(p.52).
Com o intuito de se criar uma escola em que seguem interesses à classe trabalhadora os
Reis et al.(2013, p 53-54.) defendem o tipo de escola unitária em que “encaminhe o jovem para
a escolha profissional e forme sujeitos capazes de dirigir e controlar os rumos da vida em
sociedade”.
Defendemos a abordagem pedagógica crítico superadora para o desenvolvimento das
aulas de educação física escolar, pois através dos elementos históricos da cultura corporal
atribuídos por ela, fazemos o resgate de práticas corporais que possam contribuir para o
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desenvolvimento da consciência crítica dos indivíduos, contribuindo para formas efetivas de
resistência à ideologia da classe dominante (ESCOBAR, 1995).
Portanto acreditamos ser a critico superadora, a abordagem que contribui para o
aprofundamento da reflexão e da crítica dos alunos acerca da realidade social em que o mesmo
vivencia além do espaço da sala de aula, superando as contradições imposta pelo modo de
produção capitalista, objetivando uma sociedade que busca o coletivo e não o individualista, a
partir de uma educação socialista.
Uma proposta pedagógica para o trato com a capoeira na educação física.
Hoje o fenômeno capoeira é considerado como conteúdo nos PCNs(parâmetros
curriculares nacionais) o qual deve ser desenvolvido através de seus benefícios humanos e suas
possibilidades de utilização como instrumento de comunicação, expressão de sentimentos e
emoções, de lazer e de manutenção e melhoria da saúde, mas que ainda é proposto de forma
que não revela sua elevação com a resistência à lógica hegemônica de educação, pois a trata
apenas em uma perspectiva cultural e lúdica.
Com a criação da lei 10.639/03 que trata das diretrizes e bases da educação nacional,
inclui no currículo escolar a obrigatoriedade da temática “história e cultura Afro-brasileira”,
devendo ser trabalhado em especial nas disciplinas história, educação artística e literatura. A
capoeira no contexto da educação física insere perfeitamente para o cumprimento desta lei,
enfatizando seu contexto histórico de luta dos negros no Brasil, o negro na formação da
sociedade brasileira relacionando-os aos aspectos econômicos, sociais, e políticos em nosso
país.
O ensino-aprendizagem do conteúdo capoeira na educação física deve ser voltado não
somente para os aspectos técnicos de luta e esporte, mas sim devem ser ensinados os golpes
acompanhados de transmissão de seus elementos culturais, históricos, de origem e evolução,
estimulando a pesquisa, o debate e a discursão desses elementos. Compreendemos que através
do materialismo histórico como base filosófica e de análise desse objeto, poderemos
desenvolver um processo de ensino aprendizagem a partir da mediação da prática social do
aluno, problematizando e relacionando com os conteúdos propostos pelo professor.
O trato pedagógico com os conteúdos deve ser desenvolvido a partir da práxis educativa,
tendo como função fazer com que o aluno tenha a compreensão acerca de sua posição na
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transformação da sociedade e só poderá vir a acontecer a partir de uma concepção de escola
contrária a capitalista, ou seja, a escola socialista.
Os conteúdos devem ser transmitidos de forma contextualizada em qualquer área de
conhecimento humano a qual seja aplicada, segundo Gasparin (2007) isso evidencia aos alunos
que os conteúdos tem uma produção histórica de como o homem desenvolve sua vida nas
relações sociais de trabalho em qualquer modo de produção. Os conteúdos a partir dessa
compreensão reúnem dimensões conceituais, cientificas, históricas, econômicas, ideológicas,
políticas, culturais e educacionais, explicadas e apreendidas no processo de ensino
aprendizagem.
Essa nova proposta é desenvolvida em cinco fases, entendidas como pratica social
inicial, problematização, instrumentalização, catarse e o retorno à prática social. A teoria
dialética do conhecimento tem três fases (prática-teórica-prática) tendo inicio com a prática
social do aluno em que toma consciência sobre essa prática, refletindo sobre sua atuação no
cotidiano. Em seguida faz-se a teorização sobre essa prática social, onde há um levantamento e
o questionamento do cotidiano, descrevendo e explicando criticamente essa realidade a partir
de elementos científicos. E por fim à volta à prática social para a transforma-la, a qual depois
de passar pela reflexão teórica sobre o objeto, o aluno pode ter um posicionamento diferente
em relação à prática porque o processo de teorização modificou sua forma de agir, a partir daí
possa a ter uma perspectiva transformadora da realidade (IBIDEM, 2007).
No primeiro momento Inicia-se com uma preparação do aluno com a construção do
conhecimento, nesse momento o aluno faz uma leitura da realidade, é o contato inicial dele com
o tema que venha a ser estudado. O professor nesse momento deve relacionar o conteúdo com
a realidade do aluno, desafiando-o, criando uma estimulo para que processo ensino
aprendizagem ocorra da melhor maneira possível.
O segundo passo do método dialético da construção do conhecimento mencionado por
Gasparin (2007) é a problematização, que é de fundamental importância no processo de ensino
aprendizagem.
A problematização é aquele momento em que a prática social é analisada, interrogada,
levando em consideração os conteúdos a serem trabalhados relacionando-os com as exigências
sociais de sua aplicação. Para Gasparin (2007) “A problematização é também o questionamento
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do conteúdo escolar confrontado com a prática social, em razão dos problemas que precisam
ser resolvidos no cotidiano das pessoas ou da sociedade” (p.32).
O terceiro passo é realizado a partir das ações do professor e dos alunos para a
construção do conhecimento cientifico, levando em consideração a prática social inicial e a
problematização. A instrumentalização segundo Saviani (2009) é um processo que trata “de
apropria-se dos instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas
detectados na prática social” (p.64).
A instrumentalização é o caminho a ser feito para a assimilação dos conteúdos. Além
da assimilação dos conteúdos os alunos devem transforma-lo em instrumentos de formação
pessoal e profissional. Devemos analisar esse processo de forma a contribuir para a apropriação
dos conhecimentos a partir dos interesses das camadas populares, necessários à luta social
contra as desigualdades.
A quarta fase é a catarse, onde faz-se a síntese dos conhecimentos empíricos e científicos
a qual o aluno chegou ao seu processo de construção do conhecimento, tendo uma nova visão
e posicionamento em relação ao conteúdo proposto pelo professor com a evolução no grau
intelectual de compreensão.
A avaliação pode ser realizada de duas formas, a primeira informal, onde o aluno irá
expor naturalmente o que incorporou durante o processo de ensino. A segunda é formal, ou
seja, aquela que o professor oferece várias formas de como os alunos podem manifestar o
conhecimento aprendido durante o processo como, por exemplo, verificações orais, debates,
seminários, provas escritas do tipo discursivas etc.
A quinta e última fase corresponde ao retorno à prática social. Nesse momento, a prática
social passa por uma alteração qualitativa na compreensão dos alunos, mediante a ação
pedagógica dos educadores. Contudo para Saviani (2009) a alteração real da prática social, só
é possível em função de nossas condições enquanto agentes sociais ativos.
Em nossa compreensão para que ocorra um êxito no processo de ensino aprendizagem,
o educador deve estar em real compromisso para o desenvolvimento de processo, conduzindo
os alunos às reflexões sobre conceitos científicos, sociais e historicamente produzidos pelo
homem para a partir disso entender e analisar a relação, buscando superações às problemáticas
que constituem sua realidade.
Conclusão
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Este estudo foi realizado a partir da preocupação de se mudar a perspectiva de educação
física que contribui com que os alunos permaneçam em um estado de alienação, mantendo os
interesses da classe dominante em se manter num status quo na sociedade.
A capoeira por ser amparada pela lei nº 10.639/03 que obriga as instituições de ensino
a incluírem em seu currículo a história do negro no Brasil acaba por contribuir no trabalho
pedagógico do professor, em especial o de educação física, mostrando inicialmente para o aluno
a realidade social, com o intuito de que os mesmos tenham ações para uma sociedade mais
justa.
Por meio dos conteúdos da educação física, acreditamos que podemos contribuir para a
formação de sujeitos conscientes de seu papel, compreendendo, analisando e transformando o
mundo em que vive, porém é notório que essa mudança começa primeiramente na prática social
de cada um, para logo em seguida promovamos mudanças na classe trabalhadora se
reconhecendo, enquanto classe menos favorecida economicamente.
A contextualização histórica da capoeira enquanto resistência, nos mostra o quanto a
divisão de classes na sociedade, ocasiona a exclusão e dificuldades daquelas que são menos
favorecidas. Contudo sua história de luta de resistência nos faz querer lutar a cada dia no âmbito
da educação física para superar as ideologias impostas pela classe dominante.
A luta da educação física e da capoeira como um todo, não é mais somente aquela que
se contrapõe ao chicote do feitor, a luta se dá hoje contra toda e qualquer forma de opressão e
discriminação da classe dominante para com a classe oprimida. Nossa luta é para a construção
de outro modelo de sociedade, uma sociedade justa, livre e socialista.
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DESAFIOS EM ENSINAR PYTHON NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Árllon Chaves LIMA7
7 ¹ Árllon Chaves Lima, formado em Licenciatura em Computação pela Universidade Federal Rural da Amazônia
e discente do Curso de Pós-Graduação em Tecnologias Aplicadas à Educação, na Escola Madre Celeste – ESMAC;
²Decíola Fernandes de Sousa, Mestre em Computação Aplicada, docente na Universidade Federal Rural da
Amazônia nos cursos de Bacharelado em Licenciatura em Computação e Sistemas de Informação. E-
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Decíola Fernandes de SOUSA (Orientadora)²
RESUMO: O artigo apresenta relato de experiência de um bolsista do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação à Docência por meio de um curso realizado em uma escola pública da
periferia de Belém, com o ensino da lógica e construção de algoritmos para solução de
problemas básicos utilizando a linguagem de programação Python, para alunos do ensino médio
que já haviam realizado o curso da Pseudo-Linguagem de programação Portugol IDE. As
atividades foram realizadas na sala de informática buscando-se desenvolver o raciocínio lógico,
disseminação do pensamento computacional, assim como o próprio algoritmo de forma lúdica
utilizando-se recursos didático-pedagógicos relacionando ao cotidiano doa alunos.
Palavras-Chave: Algoritmo, Programação, Ensino e aprendizagem.
ABSTRACT: This article presents an experience report of a scholarship recipient of the
Institutional Scholarship Initiative Program through a course held at a public school in the
outskirts of Belém-PA, with the teaching of logic and construction algorithms for solving small
problems, using the Python programming language, for high school students who had already
taken another course with the Pseudo-language Portugol.IDE. It develops in the computer room
the activities seeking to develop logical reasoning, dissemination of computational thinking, as
well as the algorithm itself and in a playful way using didactic-pedagogical resources relating
to the daily life of the students.
key-words: Algorithm, Programming, Teaching and learning.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Uma das dificuldades encontradas nos cursos de graduação em computação é a aprendizagem
de programação, tendo grande índices de reprovação e evasão. A compreensão do algoritmo e da lógica
de programação é indispensável para aprender programação.
Para Antonello (2015, p. 1263):
Em cursos da área de Computação como Bacharelado em Sistemas de
Informação, a disciplina de algoritmos, ministrada no início do curso, é
considerada a base de apoio de outras disciplinas do curso e busca apresentar
os princípios da lógica de programação e por meio dela, desenvolver nos
alunos a capacidade de análise e resolução de problemas para
desenvolvimento de programas.
mails:, arllonlima@yahoo.com.br, deciola@yahoo.com.br. Endereço Postal: AV. Hélio Gueiros, Condomínio
Ideal Samambaia, Bloco 30, Apt. 104.Coqueiro, Ananindeua-PA, CEP:67120-370.
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O desafio de ensinar Python para o ensino básico foi encontrar maneiras adequadas e estratégias
de ensino. Buscou-se de maneira lúdica, participativa e com atividades relacionadas ao cotidiano e as
matérias da escola como matemática, para facilitar a compressão do conteúdo ensinado. Para isso,
utilizou-se o computador como ferramenta mediadora no processo de ensino-aprendizagem. O
computador pode ser utilizado como uma nova maneira de ensinar e disseminar o conhecimento, de
maneira a apresentar conceitos já conhecidos de forma criativa e mais atrativa aos alunos (Valente, 1999,
p. 11).
Um curso introdutório realizado antes com os alunos da escola através da Pseudo-linguagem
Portugol IDE, foi importante para desenvolver a capacidade de interpretação e construção dos
algoritmos de forma ordenada e coerente para solução de pequenos problemas, servindo como base para
construção de programas com a linguagem de programação Python.
Por meio do curso de Python os alunos da escola tiveram a oportunidade de colocar em
prática as habilidades adquiridas e aprofundar conhecimentos em âmbito da disseminação do
pensamento computacional, assim como o desenvolvimento do raciocínio lógico e a
oportunidade de aprender de maneira prática sobre desenvolvimento de algoritmos com o
auxílio de uma linguagem de programação, já que haviam apenas manipulado uma pseudo-
linguagem com o português estruturado. O contato com a computação desde o ensino básico é
de grande importância por permitir o desenvolvimento do pensamento computacional
contribuindo para a possibilidade de futuros profissionais na área de computação (Bezerra,
2014, p. 116).
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA) no curso de Licenciatura em Computação, leva aos discentes da graduação
responsabilidades que promovem o crescimento pessoal e profissional, aprimorando seus
conhecimentos e aprendendo novas experiências, atuando em seu possível futuro ambiente de trabalho.
Além da importância para os alunos das escolas públicas obterem novos conhecimentos sobre uma nova
linguagem de programação e de como o pensamento computacional pode ser utilizado, através da
construção de programas, para ensinar conteúdos escolares.
O pensamento computacional pode ser aplicado em diversas áreas e seu principal objetivo e
desenvolver a capacidade de resolução de problemas. A sua utilização ainda emergente quando
considerada em conjunto as disciplinas do ensino básico (Costa et al. 2016, 1060).
O objetivo do artigo é apresentar a experiência de um bolsista do PIBID ministrando o curso
de Python em que se trabalhou o pensamento computacional, a introdução ao raciocínio lógico, os
conceitos e comandos básicos, estrutura sequencial e estrutura de decisão, para alunos da educação
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básica do ensino médio de uma escola pública da periferia de Belém-PA, que já haviam realizado o
curso básico de algoritmos. Todas as atividades realizadas com os alunos foram na sala de informática
da escola, onde os computadores serviram como ferramenta de concretização dos programas e outras
atividades realizadas pelos alunos.
O artigo apresenta na seção 2 trabalhos relacionados com o tema, a seção 3 detalha a
metodologia aplicada no curso, a seção 4 apresenta a avaliação e a análise dos resultados, as
considerações finais estão na seção 5.
1. Trabalhos Relacionados
A experiência obtida por Marques et al. (2011), em uma oficina de introdução a
programação oferecida a alunos do ensino médio da região do Vale do Mamanguape da Paraíba,
focou na linguagem de programação Python e utilizou jogos como fator motivacional como
forma de atrair os alunos e aumentar o interesse para o conteúdo apresentado e para a área de
computação. Além dos jogos utilizados, os autores utilizaram outras práticas para o ensino de
programação. O objetivo da oficina foi o de ensinar programação para os alunos do ensino
médio, utilizando como fator de motivação jogos digitais.
A experiência no curso de Introdução a Lógica e Algoritmo oferecido aos alunos do
ensino médio de uma escola pública da periferia de Belém-PA relatada por Lima et al. (2015).
O curso foi desenvolvido por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência
(PIBID) do curso de Licenciatura em Computação da Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA), teve como objetivo ensinar e desenvolver com os alunos do ensino médio exercícios
de raciocínio lógico e de algoritmos básicos com a pseudo-linguagem de programação Portugol
IDE.
Os autores relatam que consideram importante a realização do curso sobre o
desenvolvimento do pensamento lógico e algoritmo para alunos de escola pública, por
proporcionar que contato com o computador possibilita diferentes maneiras de utilizá-lo e
desperta o interesse e a criatividade dos alunos através de atividades relacionadas com os
acontecimentos do dia a dia e com as matérias escolares.
Os autores Giraffa et al. (2015) apresentaram os resultados e as lições aprendidas
relacionadas a uma metodologia para apoiar o ensino de programação para iniciantes. Buscaram
criar alternativas para ampliar o espaço de encontros presenciais com a criação de uma sala de
aula virtual e uso de enunciados de exercícios que nos permitissem aproximar dos interesses
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dos alunos por meio de situações ancoradas nos seus hábitos de lazer. Tinham como objetivo
apresentar a questão dos desafios e possibilidades da integração de múltiplos espaços e
ferramentas existentes na Internet, a questão da motivação para realizar as tarefas a partir da
oferta de exercícios que estejam relacionados ao cotidiano dos alunos.
Uma Investigação em programação com Scratch para crianças os autores Souza et al.
(2016) apresentaram nos estudos realizados por renomadas instituições nacionais e
internacionais em que mostraram a importância do ensino de programação desde a educação
básica para a formação de profissionais na área de Tecnologia da Informação. Apontaram
também os obstáculos para a implementação da ideia no contexto escolar. Os autores tinham
como objetivo apresentar uma revisão sistemática de artigos referentes à utilização da
ferramenta Scratch para o ensino de programação para crianças, do período de (2007-2016)
apresentados nos principais eventos nacionais e internacionais.
Os trabalhos evidenciam a programação na educação básica, assim como a inserção do
ensino computacional, compartilhando aspectos comuns e o objetivo de tornar a aprendizagem
mais atrativa com a introdução de algoritmos. O artigo apresenta uma proposta diferente das
anteriores por incluir a experiência do ensino de uma linguagem de programação, Python, para
alunos da educação básica onde primeiro foi realizado um curso só de desenvolvimento lógico
e algoritmos na educação básica.
2. Metodologia
O curso de Python foi realizado na E.E.E.F.M. Barão de Igarapé Miri, localizada em um
bairro na periferia de Belém-PA, no Guamá, divulgado pelos bolsistas junto com o supervisor
da escola para os alunos do ensino médio que haviam feito o curso de Introdução ao Raciocínio
Lógico e Algoritmo com português estruturado através da plataforma Portugol IDE. O curso
aconteceu no contra turno com 4 aulas diárias durante 8 dias.
Dos alunos que realizaram o curso com o Portugol IDE, 19 alunos se inscreveram no
curso de Python, porém somente 8 alunos tiveram participação ativa com presença acima ou
igual a 75%, presença mínima para compreensão do conteúdo e para as avaliações do curso,
mas mesmo com faltas 15 alunos participaram de várias atividades desenvolvidas no decorrer
do curso.
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Primeiramente buscou-se por meio de um teste avaliativo diagnóstico, verificar qual o
grau de conhecimento que os alunos tinham sobre o curso anterior de Introdução ao Raciocínio
Lógico e Algoritmo, pois é a base para que eles pudessem fazer comparações e assim facilitar
o processo de aprendizagem e consequentemente o desenvolvimento de programas em Python.
Após o teste diagnóstico apresentou-se a linguagem de programação Python, o seu histórico,
como foi criado, o porquê de o nome ser Python e como o curso seria desenvolvido, assim como
o conteúdo do curso.
Para construção do algoritmo se faz necessário utilizar o raciocínio lógico, por ser o
algoritmo uma sequência finita e ordenada para soluções de determinados problemas em
programação, dessa forma trabalhando-se a lógica para que os alunos pudessem desenvolver
e/ou estimular o raciocínio lógico. De maneira lúdica buscou-se fazer com que os alunos
compreendessem a importância do raciocínio lógico para a construção dos programas e também
para suas vidas dentro e fora do ambiente escolar, relacionando as atividades ao cotidiano,
utilizando como recurso pedagógico jogos online e gincanas promovendo interação entre os
alunos e com os próprios bolsistas.
Na experiência com o Portugol IDE os alunos apresentaram algumas dificuldades como,
interpretação dos comandos ensinados e o que cada um era responsável por fazer no algoritmo.
Verificou-se que essa dificuldade aumentou em Python, principalmente pelo fato da plataforma
trabalhar com os comandos em inglês e não com o português estruturado. Por esse motivo
construiu-se tabelas de comparação com os comandos do Python e do Portugol IDE facilitando
a compressão dos alunos para construção dos programas.
Trabalhou-se duas estruturas de programação em Python, a estrutura sequencial e a de
decisão. Primeiramente apresentou-se a estrutura sequencial, que é a estrutura que apresenta
uma sequência ordenada e finita de passos. Uma atividade simples realizada pelos alunos nessa
estrutura foi a soma de números, assim como multiplicação, divisão e subtração dos mesmos.
A estrutura de decisão ou estrutura de condição, consiste basicamente em decidir se um
comando vai ser executado ou não, nessa estrutura acrescenta-se mais alguns comandos como:
“If” que é o comando da condição “se”. Uma das atividades propostas nessa estrutura foi
mostrar a reprovação ou aprovação de um aluno através da média necessária e as notas tiradas
nas avaliações.
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Para que os alunos pudessem compreender melhor, realizaram os primeiros programas
em Python de maneira escrita, eles escreviam as atividades, resolviam no papel e concretizavam
nos computadores, o que contribuiu para fixação do assunto. Os bolsistas auxiliavam os alunos
de maneira a não fazer as atividades, mas tirar possíveis dúvidas sobre o assunto, para que eles
fizessem seus erros e acertos.
No final do curso passou-se um teste avaliativo em que os alunos teriam que ter
capacidade de identificar os comados básicos trabalhados e saber a função de cada um na
construção do programa, obtendo bons resultados.
3. Avaliação e Análise dos Resultados
Um dos grandes desafios dos bolsistas ensinar Python, foi o fato de os alunos da escola
acreditarem que teriam dificuldades e que não conseguiriam ter um bom desempenho, por
considerarem que o curso estava em um nível mais avançado e complexo para aprender e
desenvolver as atividades no decorrer do curso, por se tratar de novas formas e por não saberem
o significado dos comandos trabalhados em inglês.
Assim houve a necessidade da adequação do material pelos bolsistas, fazendo a
comparação entre os comandos que já haviam estudado em Portugol IDE com os do Python,
facilitando a compreensão e consequentemente contribuindo para o desenvolvimento das
atividades. Outro desafio enfrentado pelos bolsistas foi estudar Python pela primeira vez para
poder ensinar.
No início do curso realizou-se um teste avaliativo, para que os alunos pudessem mostrar
o que ainda lembravam do curso anterior com o Portugol IDE, já que seria de grande
importância para relacionar com Python. Na Figura 1 apresenta-se o resultado do teste.
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Figura 1: Resultado do primeiro teste avaliativo sobre o Portugol IDE.
Na Figura 1 percebe-se que dos oito alunos que realizaram a avaliação apenas dois
tiveram nota máxima e os outros seis apresentaram terem esquecido alguns comandos e
conceitos trabalhados em Portugol IDE. Após se fazer as comparações entre os dois cursos, os
alunos passaram a lembrar do que tinham aprendido, não prejudicando o desenvolvimento na
linguagem de programação Python.
No fim do curso realizou-se uma avaliação em que o aluno teria que mostrar os conhecimentos
adquiridos durante o curso, assim como identificar os significados dos comandos aprendidos
no curso.
A Figura 2 apresenta o resultado do teste realizado.
Figura 2: Resultado do segundo teste avaliativo sobre Python.
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Na Figura 2 os oito alunos que tiveram participação ativa com presença acima ou igual
a 75%, conseguiram resultados satisfatórios em relação ao que foi ensinado, onde quatro
conseguiram nota máxima e quatro com notas de 8 a 9,5. No mesmo dia se realizou a avaliação
da construção do programa em Python. Os resultados são apresentados na Figura 3.
Figura 3: Resultado da avaliação do programa em Python.
Mesmo com as dificuldades enfrentadas pelos alunos na compressão do conteúdo, o
resultado da construção do programa apresentado na Figura 3 mostra que os métodos utilizados
deram certo e que os alunos tiveram um ótimo desempenho. Dos oito alunos que realizaram a
avaliação seis conseguiram nota máxima e dois alunos notas 9. Os programas foram avaliados
de forma a considerar todo e qualquer comando válido. É importante ressaltar que todas as
avaliações foram realizadas de acordo com o que foi ensinado aos alunos.
Os resultados das avaliações realizadas no curso foram satisfatórios, servindo de
motivação tanto para os alunos da escola quanto para os bolsistas futuros licenciados em
computação.
4. Considerações finais
O artigo apresentou a experiência de um bolsista do curso de Licenciatura em
Computação da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) em uma escola pública da
periferia de Belém-PA, desenvolvendo-se o curso de Python para alunos do ensino médio que
já haviam feito o curso de Introdução do Raciocínio Lógico e Algoritmo com o Portugol IDE,
através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). Além de reforçar
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a disseminação do pensamento computacional e dar oportunidade de os alunos da escola
aprofundarem seus conhecimentos em programação e por meio da mesma as diferentes
possibilidades de trabalhar em apoio as matérias escolares e situações do dia a dia.
O PIBID é um projeto grandioso que dar a oportunidade para alunos de graduação terem
contato direto com seu futuro ambiente de trabalho e contribui para que o curso de licenciatura
em computação seja levado a conhecimento na escola desde a educação básica, para quem sabe
futuros estudiosos e conhecedores da área. Proporcionou ao bolsista a oportunidade de conhecer
uma nova linguagem de programação que ainda não tinha tido contato com Python, e para os
alunos da escola a possibilidade de melhorar o desempenho escolar, através de diferentes
maneiras de ensino, mais atrativa e criativa, assim como de adquirirem conhecimento sobre a
área de computação, de suma importância na atualidade.
Todas as atividades foram realizadas na sala de informática da escola em que o
computador foi a ferramenta mediadora do processo de ensino-aprendizagem possibilitando
facilitar o ensino e concretização dos conhecimentos adquiridos ao realizar e solucionar os
programas em Python. O computador é uma ferramenta riquíssima quando utilizada de maneira
coerente, abrindo um leque de possibilidades e atrativos para o ensino das mais diversas
matérias.
O bolsista conseguiu criar métodos, junto aos outros bolsistas participantes do curso,
para que os alunos pudessem compreender os comandos em inglês de Python, comparando com
o português estruturado Portugol IDE fazendo com que fixassem o conteúdo do curso,
facilitando a compreensão e desempenho nas atividades. Dessa forma, obteve-se resultados
gratificantes tanto para os bolsistas quanto para os alunos da escola.
Como trabalho futuro pretende-se realizar para novos alunos do ensino médio na mesma
escola, a união da pseudo-linguagem Portugol IDE e a linguagem de programação Python em
um único curso e analisar os resultados.
Agradecimentos
O presente trabalho foi realizado com o apoio do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência – PIBID, da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil.
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OS DESAFIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR NO PROCESSO
AVALIATIVO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
João Ray Machado dos Santos 8
RESUMO: A prática da avaliação nas escolas é alvo de muitas reflexões, pesquisas,
questionamentos e porquê não dizer de angustia dos professores, que tem nas mãos a importante
tarefa de avaliar o desenvolvimento da aprendizagem dos seus alunos, em um sistema
totalmente classificatório e tecnicista, onde muitos utilizam a prova como principal elemento
para selecionar ou reconhecer se o aluno aprendeu ou não, considerando apenas o resultado
isolado do aluno. Este trabalho tem a intenção de sensibilizar os docentes para realizar uma
reflexão constante sobre a sua prática pedagógica na avaliação escolar, apresentando algumas
considerações e entendimentos em relação ao ato de avaliar no processo de ensino e
aprendizagem, nesse sentido buscou-se referências em alguns autores e teorias que vêm
contribuindo efetivamente para os novos caminhos que estar se perpetuando no contexto
escolar.
PALAVRAS-CHAVE: Avaliação, Professor, Aprendizagem, Reflexão
SUMMARY: The practice of evaluation in schools is the subject of constant reflection,
research, questioning and not to mention the anguish of teachers, who have in their hands the
important task of evaluating the development of their students' learning, in a fully classificatory
and technical system, Where many use the approve as main element to select or to recognize if
the student learned or not punctually, considering only the isolated result of the student. This
work intends to sensitize teachers to carry out a constant reflection on their pedagogical practice
in the evaluation, presenting some considerations and understanding regarding the act of
evaluating in the process of teaching and learning, in this sense references were sought in some
authors and theories Which has been contributing effectively to the new paths that are being
perpetuated in the school
KEY WORDS: Evaluation, Teacher, Learning, Reflection
INTRODUÇÃO
O ato de avaliar o desenvolvimento da aprendizagem do indivíduo sempre foi tema
que trousse muitas preocupações no contexto escolar, uma vez que, a prática de avaliar vem de
8 Graduado em Pedagogia – Universidade Estadual Vale do Acaraú. E-mail: machado39@yahoo.com
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um sistema totalmente tradicional, onde os objetivos eram apenas de controlar, de classificar e
até mesmo de punir alunos que tinham um mau comportamento em sala de aula.
Atualmente, o termo avaliação reporta automaticamente ao processo de ensino e
aprendizagem, todavia avaliar deixou de ser apenas mais um compromisso do professor em
atribuir uma nota para mostrar se o aluno aprendeu ou não, pois avaliar é uma tarefa de reflexão
permanente do professor com a sua prática pedagógica, que tem o dever de acompanhar todo o
processo de aquisição de conhecimento dos seus alunos.
Embora a pedagogia contemporânea defenda uma concepção que aborda a
avaliação como um dos caminhos para chegar ao objetivo final da educação, o sistema
educacional operante, oferece pressupostos para os professores cometerem equívocos em sua
prática.
Infelizmente, é comum encontrar docentes que não têm conseguido aplicar os
procedimentos avaliativos, como por exemplo as provas, os testes e os trabalhos em favor do
aluno, fazendo com que a avaliação fique no domínio da cobrança de algo que foi apenas
memorizado, ocasionando assim uma dissociação dos procedimentos didáticos pedagógicos da
avaliação.
Por isso, o objetivo desse estudo é contribuir para um melhor entendimento dos
educadores sobre a ação de avaliar, contudo é preciso destacar alguns autores e teorias que
contribuíram positivamente para anular os paradigmas que ainda vem de encontro com a prática
da avaliação no processo educacional.
1- O PAPEL DA AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Há muito tempo a prática de reprova e aprovar faz parte do ambiente educacional,
pois essa concepção de avaliação é uma ação permanente no dia a dia das escolas,
principalmente no fim do ano letivo. Geralmente usa-se a avaliação somente para avaliar o que
o aluno memorizou pontualmente, deixando de fora muitos aspectos relevantes, no qual
caracteriza todo o processo de avaliação da aprendizagem do aluno. Nesse sentido, a avaliação
tem que ser pensada não apenas na formação educacional, mas também na formação social
desse indivíduo. Por isso LUCKESI (1997) afirma.
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A avaliação, aqui apresenta-se como meio constante de fornecer suporte ao educando no
seu processo de assimilação dos conteúdos no seu processo existencial e como cidadão
(LUCKESI, 1997, p. 174)
No que refere o contexto educacional é impossível falar de avaliação sem enfatizar
a estreita relação entre o ato de avaliar e a formação social do indivíduo, uma vez que a
avaliação como já foi exposto anteriormente, faz parte do processo de aquisição do
conhecimento, e não é possível ter uma avaliação eficaz só pensando nos conteúdos, nos
métodos e principalmente em notas. No entanto é pertinente ressaltar que a avaliação da
aprendizagem escolar está ligada diretamente na concepção de homem no qual a escola quer
formar, atrelada ao Projeto Político Pedagógico da escola. Contudo a avaliação está a serviço
da prática pedagógica, para melhorar à construção da aprendizagem, como um mecanismo
social que procura superar as contradições existentes em sala de aula.
Para ROFFMANN (2000) avaliação é, fundamentalmente, acompanhamento do
desenvolvimento do aluno no processo de construção do conhecimento. O professor precisa
caminhar junto com o educando, passo a passo. Nesta perspectiva, Roffmann afirma, a grande
importância que a avaliação tem no processo de construção do conhecimento desse aluno,
demostrando ainda o papel da avaliação no contexto educacional. Segundo a autora, o ato de
avaliar não pode ser efetivado isoladamente, isso porque, avaliar o aluno não pode ser uma
prática apenas prosaica do professor em sala de aula, e sim uma ação didática reflexiva, que
tenha o compromisso de acompanhar todo o percurso do desenvolvimento tanto educacional
quanto social.
Na mesma linha de concepção de Roffmann sobre o papel da avaliação.
LIBANEO(1994) diz.
A avaliação é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho
docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e
aprendizagem. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no
decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados
como objetivos propostos a fim de constatar progressos, dificuldades, e
reorientar o trabalho para as correções necessárias (LIBANEO,1994,
p.195).
Diante disso, percebe-se que o papel da avaliação no contexto escolar, vai muito
além de atribuir uma nota para o aluno, pois ela é um instrumento de reflexão permanente no
processo educacional, tendo como propósito de acompanhar toda trajetória avaliativa do ensino,
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respeitando o progresso e as dificuldades individuais, pois só assim a avaliação cumprirá a sua
função na formação educacional e na formação humana desse cidadão.
2 MODALIDADES DE AVALIAÇÕES
Sabe-se que a avaliação é um ato pedagógico que tem como objetivo analisar e
identificar o desenvolvimento do educando garantindo assim o sucesso educacional. Segundo
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação aprovada em 1996, o processo avaliativo é contemplado
no Art. 24 inciso V, que diz, a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios: a Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos
aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de
eventuais provas finais.
Nesse sentindo, as escolas têm que deixar bem claro no Projeto Político Pedagógico
e até mesmo no Regimento Escolar, qual processo e que tipo de instrumento que irá ser utilizado
pelos educadores, uma vez que, as instituições têm autonomia para escolher a melhor forma de
avaliar os seus alunos levando em consideração os aspectos qualitativos sobre os quantitativos.
Sendo assim, não é possível afirmar qual modalidade de avaliação é o mais correto
para aplicar nas escolas, no entanto é preciso que aja uma grande discussão com toda
comunidade escolar para decidir qual tipo de avaliação é a mais adequada para ser desenvolvida
na escola. Por isso SANTOS, (2005) cita algumas modalidades de avaliações.
Formativa: tem como objetivo verificar se tudo aquilo que foi proposto pelo
professor em relação aos conteúdos estão sendo atingidos durante todo o processo
de ensino aprendizagem; Cumulativa: neste tipo de avaliação permite reter tudo
aquilo que se vai aprendendo no decorrer das aulas e o professor pode estar
acompanhando o aluno dia-a-dia, e usar quando necessário; Diagnóstica: auxilia o
professor a detectar ou fazer uma sondagem naquilo que se aprendeu ou não, e assim
retomar os conteúdos que o aluno não conseguiu aprender, replanejando suas ações
suprindo as necessidades e atingindo os objetivos propostos; Somática: tem o
propósito de atribuir notas e conceitos para o aluno ser promovido ou não de uma
classe para outra, ou de um curso para outro, normalmente realizada durante o
bimestre; Auto-avaliação: pode ser realizada tanto pelo aluno quanto pelo professor,
para se ter consciência do que se aprendeu ou se ensinou e assim melhorar a
aprendizagem. Em grupo: é a avaliação dos trabalhos que os alunos realizaram, onde
se verifica as atividades, o rendimento e a aprendizagem. (SANTOS, 2005, p. 23)
Como foi citado anteriormente, não se pode afirmar qual o melhor modelo de
avaliação para as instituições de ensino, porém tanto a avaliação formativa, cumulativa,
diagnostica, somática e a auto avaliação que já são muito empregadas nas escolas, podem
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contribuir para o ensino e aprendizagem dos alunos e facilitar a prática do professor em sala de
aula.
Atualmente, vale destacar outro seguimento de avaliação, a avaliação cooperativa.
Segundo Sant`Ana (2009), a discussão em grupo é uma forma cooperativa de desenvolver
habilidades mentais através de uma reflexão sistematizada. Essa avaliação vem com a proposta
de estimular o aluno trabalhar coletivamente em busca de um objetivo, onde todos se ajudam e
confiam uns nos outros em uma relação democrática, em busca de soluções de problemas.
Contudo é importante deixar claro que todos esses modelos de avaliações é só um
caminho para o aprendizado, é preciso lembrar que cada aluno tem seu ritmo para a
internalização do conhecimento. Por isso, não se pode exigir que os indivíduos tenham o mesmo
desenvolvimento, mas o professor tem a responsabilidade de diversificar as atividades
avaliativas sempre pensando no aluno, levando em consideração a sua própria realidade dentro
do contexto social.
2 OS DESAFIOS DOS PROFESSORES NA AVALIAÇÃO ESCOLAR
É inegável que avaliação escolar é um assunto que cria muitas dúvidas na cabeça do
professor, pois ela faz parte de um sistema totalmente tecnicista, onde o professor é cobrado
duramente para seguir um planejamento que muitas vezes quando colocado na prática se depara
com uma realidade totalmente antagônica do que foi pensado no planejamento.
Nesse sentido, com a avaliação não é muito diferente, durante o ano letivo o
professor é obrigado seguir um sistema qualitativo de avaliação, no qual o principal objetivo é
apenas atribuir notas para cumprir uma mera formalidade do sistema avaliativo. No entanto,
essa mera formalidade contribui significativamente para o professor desviar do real objetivo da
avaliação. Para (HOFFMANN (1997).
A avaliação é a reflexão transformada em ação. Ação, essa, que nos
impulsiona a novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre sua
realidade, e acompanhamento, passo a passo, do educando, na sua trajetória
de construção do conhecimento. Um processo interativo, através do qual
educandos e educadores aprendem sobre si mesmos e sobre a realidade escolar
no ato próprio da avaliação. (HOFFMANN, 1997, p. 18).
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Assim, fica eminente afirmar que a ação de avaliar do professor deve ser pautada
na reflexão permanente de sua prática pedagógica, uma vez que, os alunos estão tão
acostumados em assimilar determinados conteúdos apenas para alcançar a nota que precisa com
objetivo exclusivamente de passar para a série seguinte, que o professor fica com a
responsabilidade de proporcionar um novo direcionamento para esse entrave que acompanha a
avaliação, fazendo com que os processos avaliativos ofereçam ferramentas para que o
conhecimento seja mais expressivo para vida desse aluno. Nesse contexto, sobre a pratica do
professor LUCKESI ( 2005).
Essa é uma prática que exige de cada um de nós educadores: vínculo com a
profissão, formação adequada e consistente, compromisso permanente com a
educação, atenção plena e cuidadosa com todas as nossas intervenções, a
flexibilidade no relacionamento com os educandos. (LUCKESI, 2005, p. 34)
No que concerne a prática avaliativa do professor, tanto Cipriano Luckesi quanto
Jussara Roffmann se posicionam de maneira semelhante, onde os educadores têm o dever de
oferecer uma avaliação que auxilia o dissente no seu crescimento e na integração consigo
mesmo como sujeito existencial, pois o processo educativo tem como objetivo provocar e
desenvolver no aluno o seu estado físicos, morais e principalmente social.
3 CONCLUSÃO
A partir das concepções de Luckesi e Roffmann percebeu-se que a prática
avaliativa é uma ação de reflexão constante na vida dos educadores, pois a avaliação deve andar
lado a lado com o desenvolvimento do indivíduo, onde a reflexão na prática pedagógica é
essencial na função do professor e no papel social da escola.
Por isso, apesar que o sistema educacional herdou uma prática avaliativa que vai
de encontro ao processo de aprendizagem do aluno, é possível que o professor trabalhe
diariamente para transformar essa realidade que afeta nossas escolas. Sendo que o desafio maior
do educador é pensar na avaliação como um instrumento que proporciona a aprendizagem nas
atividades avaliativas, com objetivo de oferecer ao educando a possibilidade de confrontar seus
próprios conhecimentos, pois avaliar está além de classificar, de punir e até mesmo de atribuir
uma nota para o aluno, avaliar não é só analisar os acertos, mas principalmente os erros com a
intenção de construir condições favoráveis ao conhecimento.
Portanto, é preciso que o educador tenha em mente que a reflexão de sua ação
pedagógica, é uma fator determinante no seu trabalho para que o processo avaliativo seja um
ato democrático e prazeroso que contemple os interesses, tanto dos alunos quanto dos
professores, respeitando o ritmo de aprendizagem de cada um dentro do processo educacional.
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7 REFERÊNCIAS
________ LDB 9394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 23 de dezembro de 1996.
LIBÂNEO, José Carlos.Didática. Cortez Editora:São Paulo, ColeçãoMagistério2°Grau Série
Formando Professor, 1994.
LUCKESI,CiprianoCarlos.Avaliação da aprendizagem escolar: estudos eproposições. 17.
Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem Escolar, 6ª ed. São Paulo: Cortez, 1997.
HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mediadora; Uma Pratica da Construção da Pré-escola a
Universidade. 17.ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2000.
HOFFMANN, J.M.L. Avaliação– mito e desafio. Porto Alegre: Mediação, 1997
SANTANA, Ilza Martins. Porque avaliar?; Critérios e instrumentos.13. Ed. Petrópolis, RJ;
Vozes, 2009
SANTOS, C. R. (et. al.) Avaliação Educacional: um olhar reflexivo sobre sua prática., e vários
autores, São Paulo: Editora Avercamp, 2005.
O BRINQUEDO NA ALFABETIZAÇÃO VISUAL: A AÇÃO LÚDICA NO PROCESSO
DE ENSINO APRENDIZAGEM COM ARTE
Prof. Me. José Tadeu de B. Nunes9
Resumo: Este estudo trata da ação pedagógica com brinquedos para o ensino dos elementos
básicos da comunicação visual. É um Estudo bibliográfico, com dados gerados a partir de
9 Mestre em educação, professor do ensino de arte na escola pública estadual
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minhas observações durante atuação como professor. A investigação permitiu compreender o
processo educativo dos elementos básicos da comunicação visual a partir do uso do brinquedo,
revelando que a ação pedagógica que contempla o brincar, é fator preponderante para iniciar o
conhecimento das mensagens visuais. Com isso, esses processos educativos que envolvem o
brinquedo, permitem que as crianças possam conhecer mais facilmente a linguagem visual, a
arte e o mundo ao redor.
Palavras Chaves: brinquedo, elementos visuais, ensino de arte.
Considerações preliminares: ...e foi assim...
Este estudo surgiu do confronto e conflito vivenciados durante o estágio supervisionado,
de Práticas de Ensino I e II10, meu primeiro contato com a sala de aula durante a graduação em
arte, momento em que conheço as dificuldades vivenciadas pelo professor de arte na
alfabetização visual, que na maioria das situações, não disponibiliza de sala nem materiais
adequados para realizar trabalhos práticos, situação que permanece até nossos dias segundo
observação que faço como professor. Esta vivência no ensino de Arte na Educação Básica,
tornou possível situar as dificuldades enfrentadas pelos professores e alunos quando o assunto
é alfabetização visual, e suas relações, definições apresentadas por DONDIS (1991).
Diante desta realidade, comecei a pensar em propostas pedagógicas que, além de
abordar o conteúdo proposto, contemplassem o universo da criança e suas linguagens para
melhor resultado na aprendizagem. Essa reflexão me fez chegar ao brinquedo, pois, no universo
infantil, possui importante papel em aspectos como imaginação, criação e fantasia. Esse cenário
foi motivador, despertando em mim a intenção de compreender as aprendizagens de elementos
básicos visuais efetivadas em arte a partir do uso de brinquedos como proposta pedagógica, o
que me levou a investigar: Na ação pedagógica para ensinar os elementos básicos da
comunicação visual para crianças, qual o papel do brinquedo? Na busca de resposta a esta
pergunta, elaborei as seguintes questões norteadoras:
a) Como as crianças se relacionam com o brinquedo?
b) Qual é o papel do brincar na aprendizagem infantil?
10 Disciplinas que fazem parte do currículo do Curso de Licenciatura em Educação Artística – conforme projeto pedagógico
do ano de 1973, sendo incorporado ao CESEP, antiga Unama, em 1988.
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c) Como o professor pode criar sua ação para ensinar os elementos básicos da
comunicação?
Assim, tracei como objetivo geral do estudo, Compreender o papel do brinquedo como
recurso didático para alfabetização dos códigos visuais, e como objetivos específicos, a)
Analisar como as crianças se relacionam com os brinquedos; b) Identificar o papel do brinquedo
na construção do conhecimento infantil, assim como c) Verificar o papel do professor para
ensinar os elementos básicos da comunicação visual.
Como proposição a partir dos dados coletados e analisados, criei dois brinquedos que
contemplam elementos básicos da comunicação, para serem utilizados como instrumento
didático junto à ação pedagógica do professor.
Para desenvolver a pesquisa, iniciei minhas observações durante o estágio no ano de
2000, e reformulada a partir de experiências atuais como professor na escola pública estadual.
Essa prática exigiu um repensar reflexivo sobre o brincar segundo a compreensão da criança no
processo de criação e, apreensão na relação com o conhecimento básico em arte e com o mundo.
Para tanto, busquei fundamentação teórica nos autores: BENJAMIN (1984), MACHADO
(1994) e OLIVEIRA (1984), que continuam até os dias de hoje servindo de referência para o
assunto, e está situada, segundo BOGDAN & BIKLEN. (1994), como qualitativa.
Este estudo enquadrou-se, segundo BOGDAN & BIKLEN (1994) como qualitativa
afirmando também, “Os investigadores qualitativos estabelecem estratégias e procedimentos
que lhes permitam tomar em consideração as experiências do ponto de vista do informador”.
(BOGDAN & BIKLEN 1994:51)
Para a análise, centrei-me nos aspectos abordados pelos autores, na relação do brincar,
na interação do imaginário com a realidade.
DESCOBERTAS E RELAÇÕES
A cada dia observamos o aumento na velocidade com que as informações nos chegam
em função da mídia televisiva, computador, dispositivos móveis como celular e Internet, este
ultimo importante mecanismo redutor das distâncias e dinamizador das informações no mundo.
Não podemos esquecer de mídias como outdoors, folhetos de propaganda, bem como os novos
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painéis eletrônicos encontrados cada vez mais nas ruas, com cores vibrantes, mensagens
dinâmicas e proposta visual inovadora.
Desta forma, se torna cada vez mais necessário a alfabetização visual para se
compreender as mensagens, e, o melhor período da vida para se construir esse aprendizado é a
infância, etapa da vida em que as condições apresentam-se favoráveis.
Considerando esta etapa da vida, e a necessidade de conhecer os códigos visuais de
nosso dia a dia, essa proposta me fez adaptar o conteúdo dos elementos visuais básicos11,
associando o conhecimento da linguagem visual à utilização de brinquedos, através dos quais
a criança possa ampliar a relação entre o seu imaginário e a realidade.
Desde muito cedo os elementos visuais começam a fazer parte da vida da criança, o
primeiro brinquedo o chocalho, representa para muitas, o primeiro contato direto com as cores,
forma, movimento, som, tudo feito para chamar a atenção, a partir daí, tudo que vem apresentará
estes elementos que chegarão em forma de mensagens visuais, sonoras e táteis precisando serem
aprendidas.
(...) estamos rodeados por imagens impostas pela mídia, (...) Como
resultado de nossa incapacidade de ler essas imagens, nós
aprendemos por meio delas inconscientemente. A educação deveria
prestar atenção ao discurso visual. Ensinar a gramática visual e sua
sintaxe através da arte (BARBOSA, 1998:17)
O entendimento começa a partir da articulação entre os conhecimentos para que a
Sintaxe da Linguagem Visual se torne acessível ao aluno. DONDIS (1997:23), afirma, “A caixa
de ferramentas de todas as comunicações visuais são os elementos básicos, a fonte compositiva
de todo tipo de materiais e mensagens visuais”.
Segundo VYGOTSKY (1993), é através da brincadeira que são construídos seus
códigos, seu mundo imaginário, sua relação com outras pessoas, sua comunicação, sua
linguagem e seu primeiro contato isolado com o mundo. “Brincar é viver, viver é conhecer,
aplicar, transferir, interagir, atuar e ser” (FREITAS et al. 1998:19), e PIAGET apud FREITAS
11 Segundo DONDIS (1997).
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et al. (1998:20), afirma que o jogo na vida da criança proporciona um mundo de ficção, própria
ao mundo infantil, através de uma consciência entre o real e o faz de conta.
VYGOTSKY (1993:12) enfatiza a importância da relação da criança com o brinquedo:
(...) a forma mais espontânea de pensamento é o brinquedo ou
imaginação mágica, que faz com que o desejável pareça possível de ser
obtido. Até os sete ou oito anos, o brinquedo predomina de forma tão
absoluta no pensamento infantil, que se torna muito difícil separar a
invenção deliberada da fantasia que a criança acredita ser verdadeira.
Com o brinquedo a criança inicia seu contato mais direto com o mundo físico, sua
manipulação amplia a coordenação motora, percepção, e cognição, aprendendo a comportar-se
de forma mais social. STERN apud VYGOTSKY (1993), enfatiza que nos locais onde as
crianças realizam atividades em grupo, seu egocentrismo é menor e a aprendizagem mais
ampla.
Quando falamos em aprender, o melhor espaço para isso é a escola. Sobre esta afirmação
FUSARI & FERRAZ (1993:84) explicam: “O brincar nas aulas de arte pode ser uma maneira
prazerosa de a criança experimentar novas situações e ajudá-la a compreender e assimilar mais
facilmente o mundo cultural e estético”.
Na escola, a criança deverá encontrar professores e estrutura de apoio, capazes de
fornecer possibilidades de construção do conhecimento em diversas áreas.
Segundo DONDIS (1997:3), para haver o conhecimento verbal é necessário que antes
se aprenda os componentes básicos da escrita, letras, e, da mesma forma para haver
comunicação visual, é necessário que seus códigos sejam apreendidos e operados, não da
mesma forma rigorosa que acontece na verbal não permitindo ampla interpretação, mas levando
em conta seus conceitos de organização e estratégias de comunicação, que não serviriam para
determinar e controlar a criação, já que não se pode controlá-la, mas propiciariam o
entendimento do que se vê.
Diante desta provocação é que as autoras FUSARI & FERRAZ (1993) colocam que os
docentes e os alunos de arte precisam estar aptos a buscar/criar soluções para o aprendizado em
arte e, para ratificar seu pensamento, apoiam-se na abordagem de LIBÂNEO (1991:54-55).
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Quando mencionamos que a finalidade do processo de ensino é
proporcionar aos alunos os meios para que assimilem ativamente os
conhecimentos é porque a natureza do trabalho docente é a mediação
da relação cognoscitiva entre o aluno e as matérias de ensino.
A necessidade e importância da brincadeira na escola, objetivando o aprendizado da
arte, são expressas por FUSARI & FERRAZ (1993:84),
O brincar nas aulas de arte pode ser uma maneira prazerosa de a criança
experienciar novas situações e ajudá-la a compreender e assimilar mais
facilmente o mundo cultural e estético. (...) a prática artística é
vivenciada pelas crianças pequenas como uma atividade lúdica, onde
“o fazer” se identifica com “o brincar”.
O ato de brincar propõe uma tarefa complexa quando nos referimos a jogos, em que a
criança é envolvida por inúmeras regras, conceitos, experiências, comportamento, decisões e
sentidos, que são absorvidos inconscientemente e que, a partir deste momento, estará fazendo
parte de sua vida, funcionando como uma preparação, capaz de determinar e influenciar seu
comportamento, diante de si próprio e dos outros membros da sociedade.
BRINQUEDO E APRENDIZAGEM
Na reflexão sobre a relação ensino aprendizagem FUSARI & FERRAZ (1993:98)
refletem o papel que o professor e o ensino aprendizagem de arte buscam na teoria a prática,
quando afirmam,
São ideias e teorias (ou seja, posições a respeito de “como devem” ou
“como deveriam ser” as práticas educativas em arte) baseadas, ao
mesmo tempo, em propostas de estudiosos da área e em nossas práticas
escolares em arte e que se cristalizam nas propostas e aulas.
A educação do olhar assume papel fundamental para conexão com o mundo,
significados e re-significados são consequência de como nos relacionamos com o mundo. No
contexto da arte a leitura e releitura de obra artística é resultado de uma proposta didática em
que é apresentada uma resignificação da ideia do artista pelo observador, apresentando seu
entendimento, que pode ser feita levando em conta a totalidade da obra bem como pequenas
partes ou fragmentos, gerando uma infinidade de possibilidades expressivas no processo
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artístico e pedagógico, sendo importante para incentivar a criatividade e o desenvolvimento da
percepção e cognição da criança, BARBOSA (1998:18) afirma que:
(...) educar os sentidos e avaliar a qualidade das imagens produzidas
pelos artistas é uma ampliação necessária à livre-expressão, de maneira
a possibilitar o desenvolvimento contínuo daqueles que, depois de
deixar a escola, não se tornarão produtores de arte. Através da
apreciação e da decodificação de trabalhos artísticos, desenvolvemos
fluência, flexibilidade, elaboração e originalidade.
A fantasia infantil usa como referência, o brinquedo, que foi introduzido no mundo
infantil pelo adulto, levando em conta a forma como ele se coloca em relação a este mundo.
Mas não é só desta forma que os brinquedos chegam até as crianças. Ela mesma pode escolher,
dentre objetos que são desprezados do mundo adulto, o que mais a atrai, pois, para ela, o que
importa não é a qualidade e, sim, as possibilidades proporcionadas ao seu mundo de fantasias,
descobertas e experiências, como afirma BENJAMIN (1984:64), “Sem dúvida brincar significa
sempre libertação”, já que, através da brincadeira, a criança aprende e, aprendendo, liberta-se.
As propostas de educação atuais precisam estar atentas às mudanças de comportamento
da sociedade, levando em conta os avanços da tecnologia, o comportamento dos alunos, os
objetivos à que a disciplina se propõe, sempre objetivando atingir a formação em arte dos
alunos.
A contemplação da arte combina: percepções, imaginação, repertório cultural/histórico,
reorganizado a maneira de cada indivíduo, pois é conseqüente de um código aberto, que é a
visualidade, por serem abertas, são várias as possibilidades de leitura de uma mensagem visual,
que pode ser lida dentro de campos de conhecimentos distintos como a Gestalt, a Iconografia e
a Semiótica12. Porém, para o professor, o que importa, é tornar a aprendizagem significativa
para o aluno. Daí a necessidade de se buscar, constantemente, processos que atinjam aos
objetivos e dentre as possibilidades, buscar soluções que envolvam o prazer da criança, que é o
de brincar.
12 FUSARI & FERRAZ (1993)
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Para MARTINS et al (1998), não basta desenvolver na criança apenas a capacidade de
entender a sintaxe da linguagem e, sim, penetrar em cada detalhe do conteúdo artístico como
um passo no processo de produção, até chegar no momento em que será concebida a criação.
É necessário buscar novas formas de se chegar ao aprendizado da criança, pois, Segundo
MARTINS et al. (1998:145): “Mais do que qualidade de materiais, é preciso oferecer ricas
oportunidades de aprendizagem. Para isso, é preciso selecionar meios acessíveis à realidade,
inventar possibilidades para os materiais existentes, inovar ousar”. Somente de forma criativa
é que o professor conseguirá estabelecer uma relação estreita de amor, estreitando os laços da
criança com a arte, considerando o desenvolvimento e o gosto próprio de cada aluno, pensando
que, o que está em andamento, não é um processo educativo, mas a formação de um indivíduo,
através de sua percepção sensível, memória significativa, e imaginação criadora,
desenvolvendo sua consciência de mundo.
O BRINQUEDO COMO PROPOSTA EDUCATIVA
Para MACHADO (1994:25), “é preciso que as crianças não sejam interrompidas em sua
brincadeira, pois durante a brincadeira a criança realiza descobertas e domina dificuldades”.
Para OLIVEIRA (1984:50), todo brinquedo, seja ele artesanal ou industrial, sempre
apresenta uma relação educativa e é errado quando consideramos apenas educativos aqueles
intitulados como tal. Porém, esclarece que há outros conceitos atribuídos ao brinquedo
educativo:
Também designado por “evolutivo”, “criativo” ou “inteligente”, o
brinquedo educativo se autodefine como agente de transmissão
metódica de conhecimento e habilidades que, antes de seu surgimento,
não eram veiculados às crianças pelos brinquedos. Simboliza, portanto,
uma intervenção deliberada no lazer infantil no sentido de oferecer
conteúdo pedagógico ao entretenimento da criança.
Com a visão de que o brinquedo serve, também, para educar e não apenas para divertir
e contribuir com a imaginação fértil da criança, ele adquire um grau de seriedade e
importância aos olhos dos adultos, com os quais a criança brinca e aprende.
Para OLIVEIRA (1984), a idéia de como o brinquedo educativo se apresenta às crianças,
está ligada à idéia de despertar sua consciência latente adormecida ou, a criança não tem
consciência de si mesma e o brinquedo se encarregará de possibilitar essa consciência.
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Como orientação na ação do brincar, existe a regra, OLIVEIRA (1994:60) define as
regras como sendo necessárias para evolução na percepção de mundo da criança: “Na evolução
natural da criança, ela vai mais além quando seu modo de brincar ganha forma mais estruturada
e organizada, usando pequenas regras inicialmente para delimitar sua própria ação e a dos
outros participantes”.
A DESCOBERTA: SENTIDOS DE FORMAS
Para dar sentido prático à pesquisa, apresento três propostas de brinquedos e os
caminhos percorridos para alcançar os resultados.
PONTO FORMA
Fundamentado na ideia de que, o ponto é o menor elemento visual que gera a linha, a
linha a forma/imagem. Tudo isso graças à capacidade do cérebro humano de organizar as
imagens, através do agrupamento.
Iniciou com a possibilidade de agrupamento gerando formas, em seguida busquei o
material mais adequado à proposta. Os pinos usados são conectores elétricos encontrados no
mercado local e a espessura do tabuleiro, levou em conta o tamanho dos pinos para que
pudessem derrubar o pinho adversário quando coincidisse com o da imagem adversária.
Figura O1: Brinquedo Ponto Forma tabuleiro, discos de
coordenadas, cartões e pinos.
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Os tabuleiros são formado por coluna numeradas de 0 a 20 e linhas com letra de A a P.
Com definição de coordenadas a partir do uso de discos giratórios (números e letras) com um
marcador para indicar o número e letra.
AS REGRAS DO JOGO
Após definir quem inicia, o jogador vencedor deve girar os dois discos ao mesmo tempo.
As coordenadas que derem nos discos devem ser procuradas no cartão. Caso seja uma que tenha
na sua figura, ele marcará no tabuleiro, colocando um pino preto, caso contrário, um pino
vermelho, passando a vez para o colega. Ganha a brincadeira quem completar primeiro a figura.
O QUE ESTIMULA E APRENDE
Estimula a coordenação motora girando os discos, colocando os pinos, a percepção e a
paciência, e aprende a formar imagens, assim como pode criar abstrações, além de textura tátil
e visual, linhas, movimento real e visual, bem como cores.
CATACOR
Uso de papel celofane, por ser um plástico com cor e transparência, possibilitando a
junção através da sobreposição. Foi confeccionado usando um retângulo de celofane de 15cm
X 23cm coberto com plástico incolor para dar resistência ao celofane.
AS REGRAS DO JOGO
Figura 02: CATACOR, as três cores básicas.
Fonte: Acervo do pesquisador.
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Alguns participantes recebem uma cor segurando de forma visível. O orientador pede
para outras crianças formarem a partir das cores expostas, uma cor secundária ou terciária.
Ganha o jogo o organizador que fizer mais rápido as combinações.
O QUE ESTIMULA E APRENDE
Percepção e rapidez na identificação das cores necessárias às combinações; a
coordenação, para organizar as cores; o raciocínio lógico, para as combinações; e a interação
social, por ser um jogo coletivo. Aprende a combinação das cores e suas classificações: cores
primárias, cores secundárias e terciárias, sem esquecer é claro das cores que as originam.
...E FOI ASSIM.... CONSIDERAÇÕES
Com base nos resultados alcançados, concluo no momento este estudo assegurando que
o brinquedo como recurso didático para ensino dos elementos visuais básicos, apresenta
resultados positivos. Essa conclusão aponta uma possibilidade a mais para o professor
desenvolver sua atividade, aproveitando o que já pratica em consonância com a potencialidade
de novas propostas pedagógicas.
Considero que esta pesquisa trouxe a tona questões pertinentes sobre a capacidade do
brinquedo como ferramenta didática para um conteúdo específico escolar.
O brinquedo se revelou como uma ferramenta pedagógica de importância impar para o
trabalho do professor de arte, pois além de incentivar a criança em seu desenvolvimento natural
em aspectos como criatividade, imaginação, interação com os outros, coordenação motora,
permite à criança aprender sobre elementos básicos da comunicação visual e, desta forma,
compreender imagens e mensagens do dia a dia, as quais são formadas por esses elementos.
O brincar por ser um processo natural na vida da criança, uma vivência, permite que
qualquer ação pedagógica que envolva esse universo, alcance resultados positivos, pois não se
trata da criança se adaptar ao que lhe é imposto, mas fazer com que o que precisa ser aprendido,
seja adaptado a linguagem que compreende.
A pesquisa reafirma a importância de um trabalho fundamentado na sala de aula, espaço
para aprendizagem, e quando se traz o universo infantil para o contexto, o resultado é mais
positivo.
Desta forma considero que o brinquedo/brincar revela-se como mais uma possibilidade
para abordar o conteúdo em arte dos elementos básicos da comunicação, e o professor, como
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mediador das propostas pedagógicas, precisa estar atento ao que está sendo criado em função
das pesquisas na área, bem como realizar suas próprias pesquisa, objetivando sempre o melhor
trabalho educativo.
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ESTUDO TEÓRICO SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E CRIANÇAS NEGRAS
NO CONTEXTO DO ENSINO FUNDAMENTAL ANOS INICIAIS
Antonio Matheus do Rosário Corrêa13
13 Graduando em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade Federal do Pará (Campus Universitário
de Bragança); Bolsista pela Pró-Reitoria de Administração (PROAD), lotado na Faculdade de Ciências Naturais
– Instituto de Estudos Costeiros (Campus Universitário de Bragança). E-mail: matheus.correa112@gmail.com.
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RESUMO: O presente artigo têm por objetivo apresentar reflexões acerca da elaboração de
representações sociais sobre crianças negras no contexto do Ensino Fundamental anos iniciais,
a partir de literaturas que versam sobre esta temática. Neste sentido, esta pesquisa configura-se
em abordagem qualitativa e de cunho bibliográfico, onde utilizamos autores como: Moscovici
(1968), Jodelet (2001, 2009), para tratar da teoria das representações sociais; Cavalleiro (2001),
Gomes (2005, 2001, 2006), e Santos (2015, 2016, 2009) para discutir sobre o negro no ambiente
escolar e as representações que são encontradas, dentre outros teóricos que discutem sobre a
infância. Para tanto, este estudo está dividido em duas seções: 1) representações sociais sobre
a criança negra: considerações sobre a temática; 2) as questões raciais no ensino fundamental:
algumas incursões. Em suma, as representações costumam influenciar nos comportamentos e
práticas do professor em sala de aula, existem inúmeras pesquisas que comprovam este fato. E
ainda, é importante citarmos que elas estão em constantes modificações, dependendo da
maneira com que a sociedade em que o sujeito está inserido se manifesta quando se depara com
um determinado fenômeno.
Palavras-chave: Representações sociais. Criança negra. Ensino fundamental.
ABSTRACT
The purpose of this paper is to present reflections about the elaboration of social representations
about black children in the context of Elementary School years, starting from literature that
deals with this theme. In this sense, this research is based on a qualitative and bibliographical
approach, where we use authors such as: Moscovici (1968), Jodelet (2001, 2009), to deal with
the theory of social representations; Gomes (2005, 2001, 2006), and Santos (2015, 2016, 2009)
to discuss black in the school environment and the representations that are found, among other
theorists who discuss childhood. For this, this study is divided into two sections: 1) social
representations about the black child: considerations on the theme; 2) racial issues in elementary
school: some incursions. In short, the representations usually influence the behaviors and
practices of the teacher in the classroom, there are countless researches that prove this fact. And
it is important to mention that they are in constant modification, depending on the way in which
the society in which the subject is inserted is manifested when faced with a certain phenomenon.
Keywords: Social representations. Teachers. Black child. Elementary School.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As representações sociais estão presentes no cotidiano dos indivíduos e dos grupos
sociais, orientando seus atos, pensamentos e concepções acerca da realidade que os circunda.
O profissional docente também está incluído ao campo das representações sociais, orientando
suas práticas em sala, intervenções em aspectos morais de seus alunos e selecionando formas
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de ensinar por meio de interpretações de fenômenos sociais. Deste modo, pode-se inferir que o
professor é um sujeito influenciado pelo meio ao qual está inserido e consequentemente inicia
o processo de desenvolvimento de opiniões, comportamentos e abstrações sobre os sujeitos e
fenômenos que ocorrem no cenário escolar.
Moscovici vem afirmar que “A representação social é uma modalidade de
conhecimento particular que tem por junção a elaboração de comportamentos e a
comunicação entre indivíduos” (1978, p. 26, grifo do original), deste modo entende-se que o
docente elabora constantemente – através das suas interações sociais, comunicações e
interpretações – conhecimentos e abstrações sobre fatos considerados injuriosos, como racismo,
preconceito e discriminação racial, assim como atitudes que são reflexivos e críticos como
combate ao racismo, educação para as relações étnico-raciais, percepções sobre as interações
entre negros e brancos através da história, etc.
Assim, o presente artigo têm por objetivo apresentar reflexões acerca da elaboração de
representações sociais sobre crianças negras no contexto do Ensino Fundamental anos iniciais,
a partir de literaturas que versam sobre esta temática. Considerando as representações sociais,
relacionadas as questões raciais, os objetos principais de todo o processo são sempre o
professor e o aluno. Deste modo, ambos constroem e desenvolvem representações através de
percepções e elaboração de conceitos, dando significado ao que se depara, tendo como produto
deste processo autonomia e criatividade para com o objeto representado.
Analisaremos, a partir de levantamento bibliográfico, o Ensino Fundamental (anos
iniciais) que têm por objetivo a formação básica do cidadão, tendo como princípios:
desenvolvimento da capacidade de aprender (domínio da leitura, escrita e cálculo);
compreensão do ambiente natural e social (sistema político, tecnologia, artes e valores
fundamentais da sociedade); desenvolvimento da capacidade de aprendizagem com base na
formação de atitudes e valores; e fortalecimento dos vínculos familiares, de solidariedade
humana e tolerância reciproca em que está baseada a vida social (BRASIL, 1996).
Neste sentido, esta pesquisa configura-se em abordagem qualitativa e de cunho
bibliográfico, onde utilizamos autores como: Moscovici (1968), Jodelet (2001, 2009), para
tratar da Teoria das Representações Sociais (TRS); Cavalleiro (2001), Gomes (2005, 2001,
2006), e Santos (2015, 2016, 2009) para discutir sobre o negro no ambiente escolar e as
representações que são encontradas, dentre outros que discutem sobre a infância.
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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS SOBRE A CRIANÇA NEGRA: CONSIDERAÇÕES
SOBRE A TEMÁTICA
As representações existentes dentro da escola dizem bastante sobre os contextos que
circundam o ambiente escolar, principalmente as discriminações raciais existentes e as
intervenções que ocorrem nelas, principalmente por meio da educação antirracista. Segundo
Cavalleiro (2001, p. 151) “A educação anti-racista visa à erradicação do preconceito, das
discriminações e de tratamentos diferenciados”, aos quais entendemos serem pontos que devem
ser percebidos nas representações sociais de professores de forma positiva.
Contudo, em alguns casos, pode ocorrer uma invisibilidade das questões raciais na
escola e principalmente por parte do professor – não queremos culpar alguém por problemas
históricos, mas sim entender os fatores que são inerentes a representação da criança negra no
contexto escolar pela ótica do profissional docente, seja o combate ao racismo ou reafirmação
do que aconteceu durante séculos no Brasil, por meio da escravidão, negação social e de direitos
de negros, mestiços e indígenas.
Em reflexão, Cavalleiro (2001, p. 151) vem apresentar uma visão sobre o docente
diante essas situações, principalmente na desigualdade racial ainda existente nos contextos
escolares, onde diz que “[...] mais do que nos prendermos às nossas ideias (sic) e suposições,
que muitas vezes impedem a compreensão do problema, precisamos atentar para nossas atitudes
e nossos comportamentos [...]”.
Neste sentido, o comportamento é um elemento importante para o presente estudo, já
que ele regido pelos pensamentos, concepções e perspectivas sociais que moldam o sujeito e
vice-versa, em um processo continuo, que são desenvolvidos pelo ser humano no envolto
crenças, valores morais, abstratos e concretos, e imagens que são construídos ao decorrer da
vida, a partir da vivencia em sociedade e na troca de experiências (BOCK, FURTADO,
TEIXEIRA, 2008).
Assim, um dos elementos encontrados neste processo é a autoestima, compreendida
como uma representação social que não consiste simplesmente em reproduzir conceitos e
ideologias de um grupo, mas sim uma reedição e reconstrução das concepções que são vistas
(SOUSA, 2005), sendo importante para fundamentar as relações sociais e representativas,
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contudo não é o único elemento a ser observado, devendo existir: metodologias que valorizem
a cultura dos alunos; interação entre família e escolar; ampliação a compreensão de fatos
históricos relacionando a vida dos alunos de ontem e de hoje; valorização do processo evolutivo
da criança; busca da igualdade dentre os alunos (ROMÃO, 2001).
Nas pesquisas de Costa (2013) e Costa e Santos (2014), considera-se que o estudo
sobre as representações sociais – na educação infantil – deve-se a compreensão que temos da
criança enquanto sujeito histórico, social e cultural e que apresenta em seu processo de
socialização manifestação de ações referentes a preconceitos e discriminações, seja na escola
ou na família. Consequente a isto, concluiu que às representações sociais destes docentes acaba
por silenciar as diferenças, contribuindo para a exclusão e invisibilidade da criança negra na
educação infantil.
Já os estudos de Santos (2009), que tem por objeto de estudo as representações sociais
de professores sobre as relações raciais no currículo escolar do ensino fundamental, as
conclusões aproximadas nos demonstram que os professores creem que as relações raciais no
Brasil são igualitárias, independentemente da cor da pele.
Pretendemos pesquisar a representatividade de crianças negras no contexto escolar do
ensino fundamental, pois sendo sujeitos em formação social e moral, já desenvolvem papeis
sociais, mesmo que incompletos e maleáveis aos grupos hegemônicos. Corroborando com
Rocha e Trindade (2006, p. 63),
[...] gostaríamos de pensar esta criança, este/a adolescente, este/a jovem,
cidadão/ã do Ensino Fundamental na sua complexidade, na sua singularidade,
sem, contudo, deixar de levar em conta que está imerso/a em variados
processos biológicos, psicológicos e existenciais. A criança aprendendo a ler
e a compreender o mundo, suas regras, seus conhecimentos socialmente
valorizados, sua identidade, seu lugar no mundo [...].
A educação é obrigatória às crianças, sendo o professor um dos principais agentes
educacionais, tendo a importante tarefa de ensinar aos seus alunos de forma igualitária,
independentemente da cor da pele, sendo que “A busca por igualdade coincide com a busca por
educação de qualidade para todos” (SANTOS, 2014, p. 275). E o campo da educação, em que
o professor e o aluno estão inseridos? Pode ser compreendido, aqui, “[...] de forma articulada
com as lutas sociais, politicas e culturais que se desenrolam na sociedade. O direito a educação
escolar sempre foi uma bandeira de luta daqueles que empenham esforços pela justiça e pela
igualdade social” (GOMES, SILVA; 2006, p. 22).
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Essas lutas existentes são pertinentes nos espaços escolares e, principalmente,
representados por meio de comportamentos e atitudes que esses sujeitos têm em relação a
determinados sensos e fatos que ocorrem no cotidiano, consequentemente, a representação que
externam “[...] faz circular e reúne experiências, vocabulários, conceitos e condutas que provém
de origens muito diversas. Assim fazendo, ela reproduz a variabilidade dos sistemas intelectuais
e práticos, os aspectos desconexos ao real” (MOSCOVICI, 1978, p. 62). E por vezes isso pode
influenciar nas relações entre professor-aluno, assim como aluno-aluno, seja por meio de
diálogos entre os sujeitos ou das atitudes que são tomadas.
Na perspectiva de Jodelet (2001), representar ou representar-se a um ato de
pensamento, de ideia naquele contexto, em que o individuo se relaciona com o objeto, onde não
há representação sem que haja essa interação com quaisquer pessoas, imaginações, ideologias,
gestos. Sendo assim, a representação que se é fundamentalmente mental, ou seja, uma abstração
acerca do objeto que reconstitui simbolicamente.
Se levarmos em consideração que é na infância que o sujeito descobre, assimila,
constrói subjetividades e reproduz grande parte dos elementos que estão contidos na sociedade,
é importante citarmos que “Um dos aspectos mais importantes na interferência da escola na
formação da identidade da criança negra é a figura do professor” (SEVERINO, 2010, p. 42).
Sendo assim, é importante identificarmos se as representações sobre essa criança negra na ótica
do professor é positiva ou negativa, porque pode influenciar no tratamento do educando e
principalmente no princípio da igualdade e direito social, estabelecido na Declaração Universal
dos Direitos Humanos14 e na Constituição da República Federativa do Brasil15.
AS QUESTÕES RACIAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL: ALGUMAS INCURSÕES
As questões raciais na escola sempre tendem a levantar diversas discussões quanto á
relevância, entendimento a luz das teorias, as representações e ações que são desenvolvidas
para combater o racismo e discriminação racial, e os processos de socialização que são
14 “Artigo 10. Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um
tribunal independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer
acusação criminal contra ele” (ONU, 1988, p. 3). 15 “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”
(BRASIL, 2012, p. 18).
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encontrados nos ambientes escolares. Esses fatores, a luz da teoria das representações sociais,
tem uma ótica muito mais subjetiva do sujeito, na interação entre o objeto e o individuo em
questão.
A importância deste estudo encontra-se na necessidade de discutirmos as representações
sociais dos/das professores/as atualmente, tendo em vista o fato de serem sujeitos construtores
de conhecimento e são reflexivos quanto a sua prática e socialização diante os outros indivíduos
da sociedade, e principalmente para com os estudantes a quem está ensinando. Pimenta (2008,
p.20, grifo do original) vem nos apresentar a importância disto, quando fala que “Frente a
situações novas que extrapolam a rotina, os profissionais criam, constroem novas soluções,
novos caminhos, o que se dá por um processo de reflexão na ação”.
Neste contexto, Jodelet (2009, p. 695) expõe que “Os modos que os sujeitos possuem
de ver, pensar, conhecer, sentir e interpretar seu modo de vida e seu estar no mundo têm um
papel indiscutível na orientação e na reorientação das práticas”, e com isso, fundamentamos os
modos que os professores veem seus alunos, que pode ser de modo positivo ou negativo,
representando os papeis sociais que eles podem desenvolver, seja na infância ou na fase adulta.
Deste modo, a autora configura ás representação que são desenvolvidas a partir dos
objetos como “[...] fenômenos complexos, incitando um jogo de numerosas dimensões que
devem ser integradas em uma mesma apreensão e sobre as quais é necessário intervir
conjuntamente“ (idem, 2009). Essa complexidade inerente ao sujeito faz parte da construção de
sua subjetividade, e grande parte dessas construções que são dimensionadas pelo professor
quando está se socializando com a criança, entra em contato com outras visões que advém de
outros ambientes que ela passa.
Nos educandários de nosso país, [...] “A diversidade racial permanece aparentemente
diluída no cotidiano escolar, como se não constituísse aspecto importante para a formação de
alunos e alunas” (CAVALLEIRO, 2001, p. 148). A diversidade racial e suas representações
sociais são importantes no que concerne a escola, pois os elementos que fazem parte deste
processo são relevantes a formação moral, social e comportamental dos sujeitos que fazem parte
deste ambiente, principalmente professores/as que educam, ensinam e aprendem com seus
alunos.
As representações dos professores no Ensino Fundamental perpassam, de um lado, pelas
questões relacionadas à “[...] estrutura excludente da escola, os valores da infância e juventude,
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a violência das sociedades modernas, às novas formas de exclusão social, ao tratamento dado
as identidades de idade, gênero e raça” (GOMES, SILVA, 2006, p. 25), tudo isto para além da
sua prática docente e socialização para com os alunos e seus pares.
Por outro lado, os alunos do Ensino Fundamental, que no caso deste estudo são crianças,
aprendendo a ler, escrever e compreender o mundo que as rodeia, suas regras, seus
conhecimentos valorizados socialmente, a identidade que quer para si, o lugar e papel que tem
no mundo (ROCHA, TRINDADE, 2006). E esta combinação configura a modalidade de ensino
em questão, com todas essas cargas que são postas pela sociedade em professores/as e alunos/as,
principalmente nas relações raciais existente no ambiente escolar. Muito disto está contido na
educação e diversidade, que nas palavras de Coelho, Santos e Silva (2015, p. 20):
[...] acontecem em vários espaços: na família, no trabalho, na rua, na fábrica,
nos meios de comunicação, na politica e, também, na escola. Muito do que
somos, muito do que sabemos, do que pensamos, aprendemos na escola. Ela
dispõe de um tempo considerável nas nossas vidas na fase de formação: da
primeira infância à adolescência. Então, percebemos que os processos
educativos permeiam a vida de todas e todos em momento crucial de nossas
vidas.
Neste sentido, é importante entendermos que esses processos educativos acabam
moldando as nossas representações e as diversidades encontradas, seja na escola ou fora dela,
podem ser percebidas de forma positiva ou negativa pela pessoa que tem contato com ela. A
base de nossa formação como pessoa que constitui uma sociedade diz bastante sobre quais serão
as concepções e compreensões sobre igualdade, o diferente, e como agir diante questões que
ainda geram divisões na contemporaneidade, assim, “Não podemos, portanto, desconsiderar a
interferência das diferenças étnico-raciais nas condições de vida e história do povo brasileiro”
(GOMES, 2001, p.85).
Corroborando com isso, Corrêa, Oliveira e Santos (2016) afirmam que as representações
e subjetividades que são inerentes á formação da identidade do professor são parte integrante
de seu conhecimento, criando epistemologias e instrumentos fundamentais a sua pratica. A
partir disto, podemos perceber que as subjetividades resultantes do processo são externadas as
relações entre professor-aluno assim como as práticas adotadas em sala de aula.
Muitas destas representações perpassam por questões ainda muito debatidas no meio
sociológico, antropológico e educacional, a exemplo da democracia racial considerada um mito
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se levarmos em conta que dados estatísticos sobre desigualdades raciais na educação, trabalho,
saúde, moradia, revelam que a população negra em sua maioria está á margem da sociedade
(GOMES, 2005), sendo as crianças principais vítimas disto. Por outro lado, Guimarães (2006)
refletindo sobre esta temática, visualiza a democracia racial como um campo de estudo que
engloba “cooperação”, “consentimento” ou “compromisso” político.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, ainda em andamento, propicia um entendimento maior acerca da
elaboração das representações sociais de professores e suas implicações no que se refere a
crianças negras que estudam no Ensino Fundamental. Dentro do que foi discutido durante este
artigo, chama a atenção de como as representações sociais são influentes no cenário
educacional.
Em consonância com os autores, ainda podemos perceber uma sociedade que luta
constantemente contra a discriminação e preconceito racial, tentando se separar do que
aconteceu em um passado que causou uma atual “dívida social” para com o negro. Na escola,
os dois sujeitos mais importantes no processo educativo – professor e aluno – são bastante
influenciados sobre valores e moralidades que a sociedade tende repassar.
O professor é um indivíduo que exerce um papel social, e assim, é intensamente
cobrado quanto a sua prática e suas atitudes diante determinados fatos, a exemplo da
discriminação que ocorre entre os alunos. Contudo, nem sempre a imagem que ele tem sobre o
negro oferece mecanismos suficientes para lidar com o preconceito racial, por exemplo. Então,
é preferível que, ao lado dos responsáveis, sejam guias por meio de uma pedagogia antirracista,
que façam com que as crianças negras sintam-se incluídas na escola.
Por outro lado, a educação para a diversidade não se delimita em apenas um momento
pontual na escola, como por exemplo, o dia da consciência negra, mas, deve ser abordada e
tratada de forma continua nos espaços escolares, pois, como afirma Gomes (2001, p, 89): “No
Brasil, ser negro é tornar-se negro”. E desta forma, é importante apresentar o que se entende
sobre o negro as crianças e aos professores, porque se formos considerar o papel de cada um no
processo educativo, teremos o entendimento que um está formando o outro, por meio da
“externalização” e internalização de subjetividades, que consequentemente constrói a
identidade.
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Como explicitado anteriormente, as representações costumam influenciar nos
comportamentos e práticas do professor em sala de aula, existem inúmeras pesquisas que
comprovam este fato. E ainda, é importante citarmos que elas estão em constantes
modificações, dependendo da maneira com que a sociedade em que o sujeito está inserido se
manifesta quando se depara com um determinado fenômeno.
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TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO NA GESTÃO EM SAÚDE: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA DA LITERATURA
Rosenilda Lopes Xavier16
Kemle Senhorinha Rocha Tuma Viana17
RESUMO: O artigo aborda sobre a tecnologia da informação na gestão em saúde, considerando
as questões sobre as tendências inovadoras, estrutura organizacional e recursos. Tem como
objetivo geral analisar o desenvolvimento das tecnologias na gestão em saúde. Os objetivos
específicos: descrever sobre o suporte tecnológico para a resolução de problemas; analisar os
benefícios da tecnologia na saúde e segurança para as instituições e pacientes; mostrar sobre
a importância da tecnologia na gestão para tomadas de decisões. A metodologia é de
abordagem qualitativa do tipo descritiva em que foi utilizada a revisão integrativa da literatura-
RIL, na qual foram selecionados seis artigos científicos que tratassem sobre esta temática. A
pesquisa foi realizada em diferentes fontes de bases de dados, através de artigos e revistas
nacionais sobre tecnologia da informação na gestão em saúde. Os descritores para esta pesquisa
foram: tecnologias de informação e gestão em saúde. Dentre os resultados alcançados através
16 Enfermeira especialista em Nefrologia pelo IEFAP e Perícia Criminal pelo instituto DALMAS. 17 Doutoranda em Ciências da Educação pela UAA-Universidade Autónoma de Asunción. Enfermeira especialista
em Nefrologia pela Instituto Educacional de Patos- IEFAP
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da RIL identificou-se que todos os artigos em analise abordam sobre a importância do sistema
tecnológico de informação em saúde e os pontos positivos do mesmo sobre as inovações
inseridas dentro dos recursos humanos, estrutural e organizacional. A tecnologia da informação
na gestão em saúde deve ser bem conduzida para atender a todas as necessidades, portanto os
profissionais devem estar capacitados, os equipamentos adequados e em bom estado de
conservação que ofereça benefícios para toda a organização.
Palavras-chave: Tecnologia de informação; saúde; gestão em saúde.
ABSTRACT: The article addresses information technology in health management, considering the
issues of innovative trends, organizational structure and resources. Its main objective is to analyze the
development of technologies in health management. Specific objectives: describe on the technical
support for problem solving; analyze the benefits of technology for health and safety for institutions and
patients; show about the importance of technology in management for decision making. The
methodology is a qualitative approach of the descriptive type in which the integrative literature review
was used - RIL, in which six scientific articles dealing with this topic were selected. The research was
carried out in different sources of databases, through national articles and magazines on information
technology in health management. The descriptors for this research were: information technologies and
health management. Among the results obtained through RIL, it was identified that all the articles under
analysis address the importance of the technological information system in health and the positive
aspects of it on the innovations inserted within the human, structural and organizational resources of the
health managements. Information technology in health management must be well conducted to meet all
needs, so professionals must be trained, adequate equipment and a good state of conservation that offers
benefits for the whole organization.
Keywords: Information technology in health; cheers; management.
___________
1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa faz uma análise sobre as tendências de tecnologia da Informação na
gestão em saúde e a sua utilização, haja vista que hoje há grandes mudanças tecnológicas no
mundo e a informatização dos sistemas é de suma importância para a colaboração na gestão. É
necessário estratégias nas organizações informacionais, bem como utilizar a ferramenta de
tecnologia que seja capaz de trazer benefícios para as instituições de saúde.
As tecnologias de informação estão muito presentes na sociedade moderna, pois
diversas atividades das quais dependemos atualmente, estão relacionadas com os recursos
informatizados. Esta temática é de grande relevância, pois contribui para a compreensão deste
processo de desenvolvimento na gestão em saúde, oferece conhecimentos sobre esta ferramenta
indispensável e que pode garantir a qualidade das informações de dados e atualizações nesta
área.
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Diante da importância dentro do contexto em saúde, emergiu a seguinte pergunta
norteadora: Como as instituições de saúde desenvolvem as tecnologias de informação na gestão
em saúde?
O desafio está em promover a inserção das tecnologias na prática em saúde e as
transformações para o cotidiano dos mais diversos setores. De modo que ela traga benefícios e
eficiência na prestação do cuidado integral e qualidade à clientela.
A partir do problema, configuramos como objetivo geral desta pesquisa analisar o
desenvolvimento das tecnologias na gestão em saúde. Como objetivos específicos: descrever
sobre o suporte tecnológico para a resolução de problemas; analisar os benefícios da tecnologia
na saúde e segurança para as instituições e pacientes; mostrar sobre a importância da tecnologia
na gestão para tomadas de decisões.
A informação é a base para o processo de tomada de decisões e o instrumento de
comunicação promove um registro de dados relacionados aos fatos, aos processos e atividades
que possibilitam a obtenção de informação e controle do mesmo.
O uso da informática na área da saúde ainda não está amplo para todos os setores e para
todas as localidades, como postos de saúde, unidades de pronto atendimento- UPAs, que estão
em municípios distantes da capital. Embora haja progresso na tecnologia relacionada com a
atenção à saúde, como de medicamentos, equipamentos, técnicas e procedimentos, o uso em
relação a informatização na gestão em saúde ainda necessita da consciência de todos para que
se torne mais priorizada.
2 MATERIAS E MÉTODOS
A metodologia é qualitativa do tipo descritiva, na qual utilizou-se um estudo de Revisão
Integrativa da Literatura- RIL. A Revisão Integrativa da Literatura consiste em seis etapas:
identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão
integrativa; estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou
busca na literatura; definição de informações a serem extraídas dos estudos
selecionados/categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa;
interpretação dos resultados; apresentação da revisão/síntese do conhecimento (MENDES et
al., 2008).
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61
O estudo tem o potencial de construir conhecimento em todas as áreas, sobretudo na
área de saúde, produzindo um saber fundamentado e uniforme, fatores estes que são de grande
relevância para uma gestão de qualidade. A busca foi elaborada por meio das seguintes bases
de dados: Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde (Lilacs), Base de Dados em Enfermagem (Bdenf) e Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS). Foram selecionados seis artigos em língua portuguesa para esta RIL. Os
descritores para esta pesquisa foram: tecnologias de informação, saúde e gestão em saúde. Os
critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos na íntegra que
retratassem sobre esta temática nos últimos 11 anos. A análise e a síntese dos dados foram
extraídos de forma descritiva, possibilitando contar e reunir o conhecimento produzido sobre o
tema da revisão.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 As tecnologias da informação na gestão em saúde
Há uma grande necessidade de revisar ou reestruturar o sistema de saúde, pois é um
mercado que sempre está em expansão. E as reformas no setor da saúde melhoram as condições
de vida, equidade e promove o acesso aos serviços de saúde com qualidade para toda a
população (BENITO, 2009).
Segundo Novaes (2009), a tecnologia da informação é fundamental em todo o processo
de gestão, pois atribui maior qualidade, segurança, auxilia nas informações, de modo que
facilita o acesso, tornando-se como principal ferramenta para tomada de decisões.
Para Souza (2008) o sistema de informação é todo o conjunto de pessoas, recursos
físicos, financeiros, normas, processos, procedimentos e dados que funcionam articulados e que
procuram facilitar e apoiar o desempenho dos funcionários da organização. Na visão de
Guimarães (2007) a informação nasce de ideias inovadoras e do uso inteligente, onde as
organizações na era da informação devem concorrer em um mercado repleto de desafios.
Os sistemas de tecnologia de informação em saúde disponibilizam um grande volume
de informações, as análises para os resultados através dos artigos estudados é que ainda há um
grande número de secretarias e redes de saúde em que não há ainda um suporte e estruturas
adequadas. A rede de comunicação também é deficitária, sendo que, em muitos municípios, o
acesso à internet é insuficiente.
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Souza (2008) enfatiza que a tecnologia da informação na saúde deve estabelecer uma
gestão eficiente, com segurança e confiabilidade. É necessário que atenda a demanda e responda
de forma satisfatória às necessidades da empresa, apresentar as informações de forma
organizada e com os devidos dados necessários para análise.
A análise e os resultados obtidos dos dados podem direcionar o gestor nas tomadas de
decisões e devem promover a troca segura e eficiente de informações entre instituições e
profissionais e integrar as áreas clínica e administrativa para melhoria do atendimento e
funcionamento dos hospitais.
Para Novaes (2009) a informática tem como finalidade atender o crescimento de
informações que são a base para o planejamento, gestão, organização e avaliação dos processos
de trabalho. Desta forma, novas tecnologias são lançadas no mundo para atender as
necessidades dos seres humanos, organizar e sistematizar as atividades, gerenciar os processos
de trabalho.
Entendemos que os processos de coleta, processamento, análise e transmissão das
informações são fundamentais para o monitoramento e a avaliação do estado de saúde da
população e para o planejamento, organização dos serviços de saúde. Os sistemas de
informação entram em cena para assegurar que as atividades da organização sejam executadas
de modo eficiente. Prepara relatórios, extraindo informações do banco de dados da corporação
e processando-as de acordo com as necessidades dos usuários.
Os recursos de hardware e software compõem o conjunto da tecnologia da informação.
São recursos de hardware: computadores, periféricos e infraestrutura de redes. São recursos de
software: sistemas operacionais, bancos de dados, aplicativos de produtividade e protocolos de
comunicação. A tecnologia atravessa mudanças cada vez mais rápidas. Por isso é necessário
acompanhar e observar constantemente tais mudanças, de forma a buscar novas oportunidades
e maior qualidade nas soluções informatizadas (GUIMARÃES, 2007).
Benito (2009) explica que os recentes avanços da informática e as novas ferramentas
como as redes de computadores contribuíram para a expansão no uso de sistemas de informação
nos últimos anos e os recursos tecnológicos se ampliaram nas empresas, pois antes era tudo
mais restrito devido a problemas de custo e infraestrutura. Como enfatiza Pinochet (2011) o
setor da saúde tende a incorporar mais o uso da tecnologia, desenvolver suas aplicações, criar
alternativas para a organização das gestões, de modo que possa ampliar mais a esfera de
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planejamento e aplicações no campo da epidemiologia, vigilância à saúde e também o
gerenciamento hospitalar.
Para Benito (2009) a gestão da tecnologia da Informação é fundamental, pois a
utilização dos sistemas possibilita um gerenciamento da informação, determina estratégias,
desenvolve soluções de rede e hardware, executa os projetos de informática. São importantes
recursos de apoio às ações, sobretudo as que dependem de informações atualizadas. É
necessário um comprometimento dos gerentes, técnicos e usuários, de forma a integrar para
alcançar metas.
Segundo Novaes (2009) os sistemas de informações em saúde tem funções de estruturar,
operacionalizar, supervisionar, controlar e avaliar o desempenho dos setores. Têm como
objetivo identificar problemas, permitindo a implementação de diversas estratégias, gerando
recursos, ações e resultados para a gestão. No processo de tomada de decisões, torna-se
essencial conhecer a origem das informações para garantir sua relevância no processo decisório.
E sobretudo, devem estar disponíveis ao acesso para possibilitar uma resposta adequada na
tomada de decisões.
De acordo com Benito (2009), os sistemas podem permitir protocolos clínicos que
servem como base de apoio, a tecnologia da informação- TI pode integrá-los de forma eficaz
ao ambiente dos serviços de saúde. Os sistemas de agendamento eletrônico já podem ser
encontrados de maneira informatizada em hospitais e alguns sistemas locais de saúde, tendo a
capacidade de verificar disponibilidade no calendário, localizar e fazer a reserva, produzir
lembretes, avisos de cancelamento e também tem a função de produzir relatórios.
Para o autor o objetivo principal destes sistemas é otimizar os recursos para a saúde, de
modo que estejam disponíveis através de centrais de agendamento com um suporte eficiente. A
tecnologia da informação na gestão em saúde é trabalhada dentro da visão da relação entre custo
e benefício, deve ser bem conduzida para atender a todas as necessidades. Os profissionais
devem estar capacitados, os equipamentos adequados e um bom estado de conservação que
ofereça apoio para toda a organização. Cabe aos gestores de saúde estimular a adoção da TI
como forma de oportunidades que veio para a melhoria da qualidade dos serviços em saúde.
O gerenciamento na visão de Souza (2008) é um componente essencial no processo de
prestação de cuidados ao paciente. Um ponto negativo em relação a este serviço de
gerenciamento da informação, é em quanto a um aumento na quantidade de dados a serem
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gerenciados, do número de profissionais que controlam todos estes processos e nas demandas
para o acesso em tempo hábil. O custo para lidar com a informação nos hospitais também tem
representado o principal fator para o uso de computadores.
Segundo Novaes (2009) o avanço tecnológico da informação em saúde contribui para
melhorias na gestão de modo que traz benefícios aos cidadãos. Os Sistemas de Informação
foram criados com o objetivo de permitir uma adequada coleta de dados, porém, ainda apresenta
algumas deficiências em alguns setores. O preenchimento de formulários, capacitação de
profissionais de saúde para atualizações de sistemas, são fatores que refletem nas informações
geradas.
De acordo com Brasil (2009), o modelo de assistência propõe reverter o atual
mecanismo de centralização de dados, pois ainda ocorre uma demora na análise e na execução
de ações, sendo necessário melhorias em nível local. O ideal seria um sistema em que os dados
fossem analisados no próprio município. Assim, o processo se tornaria mais eficiente para o
planejamento e execução de ações em saúde.
O apoio da direção e o comprometimento da organização são fundamentais para o
sucesso em tecnologia da informação em saúde. Para Oliveira (2005), os gerentes devem
priorizar e buscar alternativas para trabalhar com o sistema, e não impor barreiras devido aos
custos, pois são muitos os benefícios que o sistema pode oferecer. Cabe a estes profissionais o
conhecimento dos diversos serviços que a TI disponibiliza. Benito (2009) enfatiza que os
recentes avanços, como os microcomputadores, as redes, a Internet e todas as suas tecnologias
complementares, abrem novas oportunidades para aplicações na área de saúde. Profissionais
relacionados com essa área devem buscar novas oportunidades e favorecer a adoção de soluções
criativas com o uso das novas tecnologias.
Guimarães (2007) aborda que a tecnologia da informação desempenha um papel
estratégico para a gestão em saúde. Por isso, os gestores devem ter a dimensão do que ocorre
no processo da informação e como devem atuar nas diversas esferas, e que dessa forma possam
oferecer condições possíveis para sua realização como: utilizar a tecnologia para as aplicações
nos mais diversos setores da saúde; sistema de informação clínica e administrativa; transmitir
e processar faturas; suprimentos administrativos; registro eletrônico; diagnósticos; transmissão
de imagens; educação à distância e capacitação de profissionais. Para Souza (2008) os
prontuários e fichas de pacientes ainda feitas em papel nos hospitais e unidades de saúde, traz
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alguns problemas, pois muitas vezes está de forma inadequada, incompleto, inacessível e fora
do padrão. O prontuário eletrônico traça um conjunto de informações e visa resolver diversas
situações. Esta ferramenta de tecnologia já é empregada em alguns hospitais, traz maior
eficiência do prontuário em arquivar os dados e informações para a instituição do sistema de
saúde.
Quadro 1-Distribuição dos artigos científicos de acordo com as bases de dados sobre a revisão
integrativa da literatura.
TÍTULO AUTORES E ANO
DE PUBLICAÇÃO
PALAVRAS
-CHAVE
BASES DE
DADOS
ANO
Sistemas de Informação,
apoiando a Gestão do
Trabalho em Saúde.
BENITO, G.A.V;
A.P. LICHESKI
Sistemas de
Informação,
gestão em
Saúde
BVS 2009
Sistema de informação:
instrumento para tomada
de decisão no exercício da
gerência.
GUIMARÃES, E.
M. P.; ÉVORA, Y.
D. M.
Sistema de
informação,
gerência
BVS 2007
Dos dados a política: a
importância da
informação em saúde.
Epidemiologia e Serviços
de Saúde
SOUZA. M.F.M. Política,
informação
em saúde
BDENF 2008
Ciência, tecnologia e
inovação em saúde e
desenvolvimento social e
qualidade de vida: teses
para debate
NOVAES, H. M.
Dutilh;
CARVALHO, José
da Rocha.
Ciência,
tecnologia,
Saúde.
LILACS 2009
Tendências de
Tecnologia de
Informação na Gestão da
Saúde.
PINOCHET, Luis
Hernan Contreras
Tecnologia,
informação
em saúde.
SciELO 2011
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O uso da tecnologia para
a segurança do paciente
CASSIANI, S.HB;
GIMENES, F.R.E;
MONZANI ,AAS
Revista
Brasileira de
Enfermagem
acadêmico
2009
Fonte: Dados da pesquisa
Quadro 2-Distribuição dos artigos científicos de acordo com os conceitos acerca da temática
AUTOR CONCEITOS QUE DIZEM ACERCA DA TEMÁTICA
BENITO, G.A.V;
A.P. LICHESKI
(2009)
“Avaliações tecnológicas devem produzir conhecimentos,
fundamentados científica e metodologicamente, sobre efetividade,
utilidade, benefício e eficiência, de forma que auxiliem os gestores a
escolher entre alternativas tecnológicas existentes”.
GUIMARÃES, E.
M. P.; ÉVORA, Y.
D. M.
(2007)
“A informação ultrapassou o processamento-padrão de dados para
funções administrativas comuns em todas as organizações, tais como
recursos humanos, folhas de pagamento, sistemas de contabilidade,
entre outros, e agora desempenha um papel fundamental tanto no
cuidado ao paciente.”
SOUZA. M.F.M
(2008)
“A missão da TI na implantação de um sistema de informação
hospitalar vai muito além da participação na estratégia de
crescimento da instituição. Ela tem coparticipação no tratamento de
um paciente. Por isso, ainda que seja uma área técnica, a
infraestrutura de TI de um hospital tem como missão a “segurança do
paciente”. Garantir que os sistemas de informação hospitalar sejam
executados com desempenho e segurança é vital para o
funcionamento de um hospital.”
NOVAES, H. M.
Dutilh;
CARVALHO, José
da Rocha
(2009)
“A Tecnologia da Informação tornou-se uma importante ferramenta
para a gestão hospitalar, assim como o gerenciamento dessas
informações produzidas nesse ambiente. Essa informação tramita por
diferentes níveis na organização, e será fundamental para a gestão
hospitalar, pois dela serão conhecidos todos os indicadores e
resultados obtidos pelo hospital, além de armazenar todos os dados
referentes aos atendimentos hospitalares dos pacientes”.
PINOCHET, Luis
Hernan Contreras
(2011)
“A era da informação está provocando grandes mudanças nas
organizações privadas, consequentemente exige-se novos modelos e
políticas de gestão também no serviço público, com vistas ao
atendimento das necessidades e expectativas da sociedade, cujos
clientes são os cidadãos do país”.
CASSIANI, S.HB;
GIMENES, F.R.E;
MONZANI ,AAS
“Discutir a importância do uso da tecnologia nos hospitais brasileiros
e a segurança dos pacientes, no que concerne à utilização dos
medicamentos.”
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Fonte: Dados da pesquisa
CONCLUSÃO
A tecnologia na gestão em saúde deve atender as necessidades do paciente em todos os
níveis organizacionais, desde sua entrada para o atendimento, no assistencial, através do
prontuário eletrônico, no administrativo com todas as informações precisas sobre os dados para
a segurança e qualidade. O sistema deve integrar os processos, comprometendo todas as
informações geradas nos ambientes hospitalares e unidades de saúde. Também analisou-se
neste estudo que um ponto de grande importância é a segurança das informações, pois o
ambiente informatizado pode ocorrer uma grande disseminação de coleta de dados, que
representa um maior risco ao seu gerenciamento, deste modo, devem ser estabelecidas políticas
de segurança nos locais.
Esta pesquisa é essencial para reflexão e discussão sobre o processo nas gestões em
saúde, propiciando aos gestores um melhor conhecimento dos serviços em TI. Torna-se
fundamental uma capacitação, uma formação continuada para todos os profissionais envolvidos
nos setores, de modo a mostrar a necessidade das informações que serão inseridas no sistema.
Sabe-se que o uso da informática na área da saúde ainda não está amplo para todos os setores.
Embora haja progressos nas tecnologias relacionadas, observamos pouco uso em relação as
informatizações na gestão em saúde, ainda necessitamos de consciência para que esta se torne
mais priorizada em todos os locais de pronto atendimento.
Um fator negativo em nossa realidade, é que os sistemas de informações ainda são mal
gerenciados, sendo também pouco utilizados por alguns profissionais, pelo fato desses sistemas
ainda não serem adequados para a realidade de algumas localidades, de modo que, não atendem
as necessidades das mesmas. É necessário um posicionamento estratégico das organizações da
área da saúde para o tratamento dos recursos informacionais, como a escolha de uma ferramenta
capaz de oferecer benefícios aos profissionais e pacientes. Através da análise desenvolvida
através da revisão integrativa da literatura, identificamos uma complexidade aos processos na
introdução de novas tecnologias na atenção à saúde, pois há um impacto das políticas
governamentais que procuram controlar ou redirecionar a sua inserção o que compromete para
a qualidade dos serviços em saúde em todo território nacional.
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69
PREPARAÇÃO FÍSICA E VARIÁVEIS CONDICIONANTES: CONDICIONAMENTO
FÍSICO DOS ATLETAS DE MEIO CAMPO DO PAYSANDU SPORT CLUB
Euler José R. de Oliveira1
France Ellen Gomes da Cruz1
Rogério Suarez Gameleira1
Ignácio de Loiola Alvares Nogueira Neto2
Gabriel Paes Neto3
RESUMO: O futebol de campo é considerado modalidade esportiva que envolve diversas
capacidades físicas e habilidades motoras. É notório que atualmente 65% dos clubes de futebol
profissional do Brasil da 1º e 2º divisão nacional tem composição de equipe multidisciplinar
responsável pela análise de desempenho de seus atletas e geração de resultados. Diante deste
panorama procedeu pela busca de resultados quantitativos e qualitativos na coleta de dados de
variáveis de composição corporal e indicadores de desempenho dos atletas em situação de jogo,
bem como os aspectos que interferiam diretamente para estes como o fator de contraste regional
de nosso país, onde no início de temporada qual o nível de análise no resultado de desempenho
poderiam ser evidenciadas em 7 atletas do meio campo de Paysandu Sport Club (3 formados e
atuantes em clubes de base na região Norte e outros 4 oriundos e atuantes de clubes de várias
regiões do país). Observadas as variáveis condicionantes de preparação física e fatores regionais
influenciam diretamente na eficiência / desempenho de atletas de meio campo de futebol do
Paysandu Sport Club durante a disputa do campeonato Paraense de futebol 2017 e suas
influencias com questões regionais como clima, alimentação e sua relação diretamente
proporcional com indicadores de desempenho.
Palavras chaves: Paysandu; Preparação física; Indicadores de desempenho.
PREPARACIÓN FÍSICA Y VARIABLES CONDICIONANTES:
CONDICIONAMIENTO FÍSICO DE LOS ATLETAS DE MEDIO CAMPO DEL
PAYSANDU SPORT CLUB
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RESUMEN: El fútbol de campo se considera modalidad deportiva que involucra diversas capacidades
físicas y habilidades motoras. Es notorio que actualmente el 65% de los clubes de fútbol profesional de
Brasil de la 1ª y 2ª división nacional tiene composición de equipo multidisciplinario responsable por el
análisis de desempeño de sus atletas y generación de resultados. Ante este panorama procedió por la
búsqueda de resultados cuantitativos y cualitativos en la recolección de datos de variables de
composición corporal e indicadores de desempeño de los atletas en situación de juego, así como los
aspectos que interferían directamente para éstos como el factor de contraste regional de nuestro país,
donde en el inicio de temporada el nivel de análisis en el resultado de desempeño podría ser evidenciado
en 7 atletas del medio campo de Paysandu Sport Club (3 formados y actuantes en clubes de base en la
región Norte y otros 4 oriundos y actuantes de clubes de varias regiones del país). Las variables
condicionantes de preparación física y factores regionales influencian directamente en la eficiencia /
desempeño de atletas de medio campo de fútbol del Paysandu Sport Club durante la disputa del
campeonato Paraense de fútbol 2017 y sus influencias con cuestiones regionales como clima,
alimentación y su relación directamente proporcional con indicadores de rendimiento.
Palabras claves: Paysandu; Preparación física; Indicadores de desempeño.
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa trata da análise do condicionamento físico de atletas que jogam nas posições
de meio de campo do Paysandu Sport Club de Belém do Pará. Buscou-se mais especificamente
identificar como as variáveis condicionantes de preparação física e fatores regionais
influenciam diretamente na eficiência / desempenho de atletas do meio campo de futebol do
Paysandu durante a disputa do campeonato Paraense de futebol 2017. Aliado a esses fatores
endógenos e exógenos, encontram-se os fatores climáticos, culturais e geográficos, intrínsecos
ao Estado do Pará.
A problemática a ser discutida nesta pesquisa é de que forma variáveis condicionantes
de preparação física e fatores regionais influenciam diretamente na eficiência / desempenho em
campo dos atletas de meio campo de futebol do Paysandu Sport Club? Diante do exposto a
pergunta será respondida através de um estudo de perfil de 7 atletas profissionais de meio
campo Paysandu Sport Club, todos atuantes do clube na temporada 2017.
Neste panorama, a pesquisa aqui apresentada aponta hipóteses a serem evidenciadas
com este estudo: As variáveis condicionantes de treinamento, clima e fatores regionais
influenciam diretamente no desempenho / eficiência de atletas de meio campo do Paysandu
buscando um resultado positivo na temporada 2017. Ou em contrapartida de hipótese, se as
variáveis condicionantes de treinamento, clima e fatores regionais não influenciam diretamente
no desempenho / eficiência de atletas de meio campo do Paysandu buscando um resultado
positivo na temporada 2017.
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Desta forma, a pesquisa tem como objetivo identificar como as variáveis condicionantes
de preparação física e fatores regionais influenciam diretamente na eficiência / desempenho de
atletas de meio campo de futebol do Paysandu Sport Club durante a disputa do campeonato
Paraense de futebol 2017.
Portanto, a pesquisa se justifica, inicialmente, por tentar estabelecer o nível e o perfil
físico dos atletas de meio campo do Paysandu que atuaram no campeonato paraense 2017, em
razão de, atualmente, existirem dificuldades em encontrar parâmetros, ou modelos, na
literatura, que correspondam à periodização física para o perfil do atleta paraense de futebol, ao
levar em consideração principalmente o clima de Belém do Pará durante o campeonato
paraense.
2 REFERENCIAL TEÒRICO
2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DA PREPARAÇÃO FÍSICA E TREINAMENTO
DESPORTIVO
Diversos modelos de periodização do treinamento físico são utilizados de maneira de
acordo com o calendário do futebol, a competição e considerando a maioria dos fatores
endógenos e exógenos, ou seja, a periodização com cargas ondulatórias (MANSO et al., 1996);
o modelo de cargas seletivas (GOMES, 2002) e a chamada periodização tática, citada por
Oliveira et al (2005), Esses modelos preconizam algumas características em comum, tais como:
período geral curto, ou, até mesmo, inexistente, ênfase em trabalho específico, intensidade alta
durante toda a temporada e volume mais ou menos constante (POWERS; HOWLET, 2000).
A variável condicionamento físico dos atletas é afetada diretamente pelo modelo de
periodização escolhido. Atualmente, no Paysandu Sport Club é adotado o modelo da
periodização tática. Assim, a componente tática surge como ponto central da preparação. O
trabalho dentro da especificidade é realizado desde o primeiro dia de treinamento, objetivando
o imediato desenvolvimento do esquema de jogo da equipe, alternando as intensidades através
de conceitos como: tempos, densidade, pausas, continuidade, concentração, intensidade de
concentração (esta especificidade sendo o mais próximo possível da realidade de jogo). Esse
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modelo de periodização de treinamento é empregado no clube por alguns motivos, tais como:
condições climáticas, atletas oriundos de diversas regiões do país, condições dos gramados nas
principais arenas da região norte, evitar lesões com treinos vigorosos, calendário apertado de
jogos e deslocamentos.
Monteiro e Lopes (2009) sugerem a divisão da periodização do treinamento em
macrociclos de quatro períodos: preparatório geral, preparatório especial, período competitivo
e período transitório. Sendo assim, no primeiro período, o atleta é preparado para que suporte
altos volumes e intensidades de treinamento nas fases seguintes, ficando nessa fase a parte
técnica/tática em segundo plano, sendo treinada em menor volume. Nesse período, deve ser
dada ênfase na preparação física, destinando 50% do tempo a essa preparação. No segundo
período, as capacidades determinantes do esporte são treinadas, priorização da intensidade e
não do volume de treino. Nessa fase, a preparação técnica tem por objetivo que os atletas
assimilem as técnicas de ações competitivas. No terceiro período, o principal objetivo é a
manutenção da condição física, técnica tática obtida anteriormente, mantendo-a na competição,
com redução da carga de treinamento e manutenção da intensidade. Por fim, no quarto e último
período, são diminuídos a intensidade e volume de treino, para recuperação do nível físico,
técnico e psicológico dos atletas, sendo, então, priorizadas nessa fase, as avaliações físicas.
Segundo dados do departamento de preparação física e fisiologia do Paysandu em 2017,
pode-se observar que os atletas percorrem, em média, em uma partida de futebol, 10 km, em
uma intensidade próxima do limiar aeróbico, que é de 85% da frequência cardíaca máxima.
Geralmente, os estudiosos garantem que o limiar anaeróbico corresponde à intensidade de
corrida para a qual se atribuiria uma nota em torno de 7 numa escala de 0 a 10, relativa à percepção
de esforço. A predominância da velocidade das ações realizadas em uma partida é de 0 a 10
km/h. Dessa forma, a maior parte da distância total percorrida é realizada na forma de
caminhada e trote (BARROS et al., 2007; ALVES, 2012).
Quanto maior for a capacidade de consumir o máximo de oxigênio (VO2 máx.) do
jogador de futebol, maior será a capacidade de restaurar o ATP-CP (mais rápido se consegue
fazer a síntese energética) utilizado nas ações da partida. Assim, espera-se que o atleta com
elevado VO2max se recupere rápido de cada ação executada e possa percorrer uma maior
distância (ALVES, 2012).
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Apesar de serem várias as metodologias utilizadas, nos últimos 20 anos, a distância
média percorrida durante um jogo de futebol, gira em torno 8.000 a 12.000 km (ALVES, 2012).
Com isso, o atleta de futebol tem que terminar sempre no limite para estar bem preparado para
os jogos. É muito importante controlar variáveis da composição corporal e da aptidão física,
como velocidade, resistência aeróbica, impulsão vertical, percepção e controle da ansiedade,
resistência anaeróbica.
O ambiente e a radiação climática do Estado do Pará são aspectos relevantes na
elaboração das periodizações de treinamento. A preocupação primária do departamento físico
é estabelecer critérios e técnicas, a fim de estimular o máximo das capacidades físicas dos
atletas, sem a ocorrência de lesões e com o máximo de rendimento.
2.2 VARIÁVEIS CONDICIONANTES QUE INFLUENCIAM A PERIODIZAÇÃO DE
TREINOS E PREPARAÇÃO FÍSICA DOS ATLETAS.
2.2.1 CLIMA.
O clima da cidade de Belém é do tipo equatorial, quente e úmido segundo a classificação
climática de Köppen (RAIOL, 2010). A precipitação média anual é de cerca de 1800 mm,
apresentando um período chuvoso bastante regular entre dezembro e abril, e período de
estiagem entre julho e dezembro. A umidade relativa do ar varia de 73% a 93%, e a insolação
média é de 2.400 horas anuais e os ventos têm velocidade média de 1.4 m/s, com predominância
no sentido de NE, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (RAIOL, 2010).
2.2.2 ALIMENTAÇÃO
Para que se conheça um pouco mais detalhadamente o consumo alimentar de um
indivíduo ou de um grupo, vários protocolos ou instrumentos podem ser utilizados. De acordo
com (GUERRA, 2004, p. 161-162).
“1. Recordatório de 24 horas –é um dos métodos que exige que o entrevistado
relembre em detalhes todos os alimentos e bebidas consumidos durante as últimas 24
horas. 2. Questionário de frequência alimentar – Oferece informações sobre hábitos
alimentaresou padrão dietético individual usual. 3. Registro Diário – No registro
diário, o indivíduo anota os alimentos e bebidas consumidos período específico de
tempo (tipicamente três a sete dias). 4. Pesagem direta de alimentos – consiste na
pesagem e descrição detalhadas das quantidades de alimentos e bebidas ingeridos
durante um determinado período.”
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A decisão sobre qual o “melhor” método a ser utilizado deve considerar a localidade, a
região o clima e a cultura local, a população a ser estudada, os recursos disponíveis e os aspectos
custo-efetividade.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo partiu de uma pesquisa de campo onde a investigação foi de caráter
exploratório utilizando dados que foram organizados através do GPS, frequêncimetro e
adpômetro.
A pesquisa conta com a amostra de 7 atletas profissionais do setor de meio campo da
equipe de futebol do Paysandu localizado em Belém do Pará, com idade entre 20 e 35 anos,
fazendo referência a variáveis condicionantes que predizem o treinamento desportivo e
preparação física especifica para atletas de futebol, afim de que os dados foram analisados
através da aplicação de testes de aptidão cardiorrespiratória seguindo o protocolo de esteira de
Balke.
O tipo de pesquisa é pesquisa documental, com observações em campo e revisão
bibliográfica, a partir de abordagem quantitativa e qualitativa, pois temos o propósito de ter um
aprofundamento maior da compreensão de organização de grupo, sem se deter a quantificação
ou representação numérica. Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa é exploratória e
explicativa.
Para a coleta de dados foi utilizado testes de avaliação utilizando os protocolos de
Petroski para aferição de indicadores de composição corporal, foi utilizado o compasso de
dobras cutâneas da marca cescorf com precisão de medidas de 0,1mm e para aferição de
diâmetro ósseo foi utilizado paquímetro com precisão de 0,1 cm com as medidas sempre
tomadas do lado direito, para características funcionais de consumo de oxigênio foi utilizado o
teste de VO2 máximo Banco (teste submáximo) – protocolo de Katch & Mcardle, com altura
do banco de 40,6 cm, duração do teste de 3 minutos e a frequência da passada deverá
corresponder ao ritmo de 24 e 22 passadas por minutos; nas ações de alta intensidade e distância
total percorrida foi utilizada planilha própria do clube (Microsoft Excell 2013) contando dados
individuais de metas e produtividade semanal e em jogos dos atletas.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O Paysandu Sport Club, no início de 2017 para disputa do campeonato paraense,
investiu em jogadores locais e nos que já estávamos algum tempo no clube. A intenção do clube
era a rápida adaptação a periodização tática aplicada pelo treinador Marcelo Chamusca
juntamente a sua comissão técnica, além da melhor adaptação as fortes chuvas características
da cidade de Belém ratificada na pesquisa de Oliveira et al. (2005).
A seguir os dados dos atletas, Rodrigo Andrade, Sobralsalense, Ricardo Capanema,
Jhonathan, Wesley e Diogo Oliveira, como percentual de gordura, consumo alimentar, distância
percorrida e ações de alta intensidade para comparação de desempenho durante a disputa do
campeonato regional.
4.1 PERCENTUAL DE GORDURA
O gráfico 1 aponta para a variável morfológica de percentual de gordura de 7 atletas
profissionais do setor de meio campo do Paysandu, com resultados que demonstram que o
jogador Ricardo Capanema apresentou o menor percentual de gordura dos sujeitos da amostra,
esta realidade é condicionante também a fatores como idade e condições de alimentação que
são influenciadas pelo estilo de vida e hábitos diários do atleta.
Figura 1: Referente a percentual de gordura dos atletas de meio campo do Paysandu Sport Club.
Fonte: Autor, 2017.
Conforme aponta Fernandes (2003) para melhor estudo topográfico da gordura corporal
faz-se necessária a distribuição por diversas áreas anatômicas, assim o gráfico acima
relacionado a tabela de percentual de gordura de POLLOCK; WILMORE, 1993, nos reflete
para os resultados do sujeito acima mencionado como excelentes, esta realidade foi analisadas
12,2 13,910,7 13,1 11,4 10,8 10,9
% de Gordura
Percentual de gordura
R. Andrade Sobralsalence R. Capanema A. Recife
Jhonathan Wesley D. Oliveira
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quando se percebeu que na rotina diária de treinamento do Paysandu, além da preparação física
uma dieta controlada é realizada afim de que os atletas tenham as mesmas condições para
alcançarem o nível ideal de condicionamento físico para iniciar a temporada.
Tabela 1 - Classificação do percentual de gordura, sexo masculino.
Idade
Classificação 18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65
muito baixo < 4 < 8 < 10 < 12 < 13
Excelente 4 a 6 8 a 11 10 a 14 12 a 16 13 a 18
muito bom 7 a 10 12 a 15 15 a 18 17 a 20 19 a 21
Bom 11 a 13 16 a 18 19 a 21 21 a 23 22 a 23
Adequado 14 a 16 19 a 20 22 a 23 24 a 25 24 a 25
moderadamente alto 17 a 20 21 a 24 24 a 25 26 a 27 26 a 27
Alto 21 a 24 25 a 27 26 a 29 28 a 30 28 a 30
muito alto > 24 > 27 > 29 > 30 > 30
Fonte: POLLOCK; WILMORE, 1993.
Todavia para que alcance um melhor desempenho e controle do percentual de gordura,
segundo o departamento de nutrição do clube se faz necessário a utilização do protocolo
alimentar citado nesta pesquisa por Guerra (2004) com a pesagem direta de alimentos, que
proporcionará verificar a quantidade de carboidrato e proteína ingeridos, assim como a
complementação alimentar através de BCAA por esses atletas em estudo no inicio de
temporada, como irá demostrar o gráfico abaixo.
A gordura corporal total está relacionada diretamente com o nível de aptidão física,
podendo alterar o condicionamento físico dos atletas. Com isso, manter níveis de percentual de
gordura corporal relativamente baixos, aliados a outros aspectos do condicionamento físico do
atleta de futebol, são essenciais para manter um alto padrão de performance desportiva.
359,9
248,6
0
81192
55
389,1
292,1
5
74,4128,1 65
349,6
230,1
5
336,4
216,7
5
359,9
248,6
00
100
200
300
400
500
Proteina Carboidrato BCAA
Alimentação
R. ANDRADE
SOBRESALENCE
R. capanema
A. Recife
Jhonathan
D. Oliveira
Wesley
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Figura 2: Referente o consumo alimentar e suplementar dos atletas de meio campo do Paysandu Sport Club.
Fonte: Autor, 2017.
No entanto, algumas problemáticas podem surgir para a manutenção desta variável em
padrões muito bons e excelentes, sendo uma delas a alimentação regional que, por sua vez, pode
ocasionar em acúmulo de reserva energética que pode ser transformada em gordura corporal.
À medida que a alimentação no clube é controlada por profissionais qualificados, no entanto, o
atleta fica sujeito a alterações na dieta quando não está no clube.
Segundo dados do departamento de nutrição do Paysandu (2017) em caso de treinos
intensos e cumulativos foram oferecidos aos jogadores alimentações completas (café da manhã,
almoço e janta) afim de que não hajam alterações significativas em sua composição corporal.
Atletas acostumados em climas mais frios podem ter a sua saúde comprometida, quando em
situações de extremo calor e estresse, e os riscos de doenças causadas pelo calor com certeza
aumentam nessas condições.
Analisadas as condições climáticas no Estado do Pará em particular na capital Belém, o
início de temporada é marcado por períodos chuvosos com oscilações de umidade e altas
temperaturas, o que por sua dentro de um processo de adaptação pode ocasionar dificuldades
aos atletas de outras regiões do país, no sentido de estarem vulneráveis à distúrbios respiratórios
e viroses típicas da região, bem como as condições não favorecem para manutenção de bons
locais de jogo, gramados pesados acabam se tornando uma variável que impacta diretamente
na preparação física dos atletas conforme Ramalho (2012).
A equipe do Paysandu entende que o modelo de treinamento é a periodização tática
(PT), essa que treina a vertente física, técnica, tática e psicológica juntos, e também em cima
do modelo de jogo do treinador atuante na temporada. Treinar na intensidade do jogo para
evoluir buscando seu objetivo, treinamentos longos e desgastantes não faz parte desta nova
metodologia o importante é realizar um trabalho dinâmico, motivado e intenso (MONTEIRO,
2009). É importante observar a frequência cardíaca dos atletas nos treinamentos que deve estar
acima de 85% que é a intensidade do jogo, nesta maneira estarão adaptados a realidade que o
jogo exige.
Realiza-se semanalmente o microciclo, planejamento com as sessões de treino com a
finalidade de deixar todos os jogadores bem fisicamente, tecnicamente, taticamente e
psicologicamente sempre com base na periodização tática se valendo do modelo de jogo
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aplicado pelo treinador trabalhando todas as vertentes deixando o jogador apto para ter um
excelente desempenho durante os 90 minutos de jogo para a equipe consiga seus objetivos que
é a vitória e consequentemente os títulos.
4.2 DISTÂNCIAS TOTAIS PERCORRIDAS (DTP) E AÇÕES DE ALTA INTENSIDADE
(AAI) DOS JOGADORES DE MEIO CAMPO DO PAYSANDU.
Figura 3: Referente a distância percorrida dos atletas de meio campo do Paysandu Sport Club.
Fonte: Autor, 2017.
Ao analisar o gráfico 3, Wesley e Jhonatham foram os que obteram a maior
quilometragem dos atletas de meio de campo do Paysandu, passando dos cem quilômetros no
mês de janeiro inicio do campeonato paraense, toda essa quilometragem foi analisada no
desenvolvimento das características futebolísticas dos jogadores de meio campo, como retrata
a tabela adaptada de Ramalho (2012). Isso mostra que esses atletas demostram um bom sistema
cardiorrespiratório com um bom fluxo sanguíneo.
52,615 60,997
93,94975,798
101,823 101,18181,283
0
50
100
150
Distância total
Distância percorrida(KM)
R. Andrade sobralence R. capanema A. Recife Jhonathan Wesley D. Oliveira
Tabela 2 – Dados referentes às características dos jogadores de meio campo
Características
Posição Físicas Técnicas Táticas Psicológicas
Meio campo
Resistência
aeróbia, força,
coordenação,
agilidade e
Desarme,
antecipação,
recuperação,
habilidade com a
bola, visão
panorâmica e de
profundidade,
Entrosamento
com os
companheiros,
visão de jogo,
domínio de
ataque e defesa,
sentido de
Combatividade,
determinação, poder
de decisão, coragem e
persistência.
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Fonte: (adaptada de RAMALHO, 2012)
No entanto o VO2 máximo pode-se atinge o auge, mesmo com atividades um pouco
mais intensa não se chega mais a uma evolução, quando isso ocorre dizemos que este atleta
chegou no VO2 máximo, este que é definido como: “A mais alta captação de oxigênio alcançada
por um individuo respirando o ar atmosférico ao nível do mar” (ASTRAND (1952), apud
FERNANDES, 2003, p. 132).
No Paysandu para se identificar o nível de condicionamento físico ideal do jogador se
utiliza dados de suas ações em jogos e treinos, desta forma terão o parâmetro da intensidade
que estes atletas irão suportar nas partidas e em qual intensidade irão atuar e treinar, e avaliado
a quantidade de AAI (ações de alta intensidade), esta que se enquadra na tabela adaptada em
Ramalho (2012) nas características dos jogadores de meio-campo, na característica física e em
algumas características da técnica, para se treinar a característica física e algumas técnicas
(Resistência aeróbia, força, coordenação, agilidade e velocidade de reação), no clube não se
fragmenta cada valência física e técnica para se trabalhar isoladamente, os treinamentos são
pensados e aplicados de uma forma que trabalhem na intensidade que uma partida de futebol
necessita, englobando todas as valências que o jogador de meio campo precisa já citado
anteriormente, e se trabalha de uma forma multidisciplinar, e em cima das características do
time adversário, por isto a uma mudança de treinamento quase que constante devido ter um
jogo a cada três dias.
Figura 4 – Referente ao gráfico referente às ações de alta intensidade dos atletas de meio campo do Paysandu
Sport Club. Fonte: Autor, 2017.
172133
344
214267 243
134
0
100
200
300
400
AAI
Ações de Alta Intensidade
R. Andrade sobralence R. capanema A. Recife Jhonathan Wesley D. Oliveira
velocidade de
reação.
drible ofensivo,
passe, sentido de
penetração e
cobertura.
penetração e
cobertura.
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Na figura 4, dois atletas paraenses, tiveram um índice de maior ação de alta intensidade
em inicio de pré-temporada, isso nos leva a entender que talvez seja por adaptação a campos
pesados devido ao período chuvoso que nosso estado passar nesse período do ano assim como
mudança de clima e temperaturas que é submetido a capital paraense, no entanto estudos futuros
podem serem analisados, para compreender de que maneira nosso clima influencia ou não
influencia em atletas de futebol profissional oriundos de outros estados brasileiro.
5 CONCLUSÃO
Por meio da pesquisa foi possível avaliar o perfil de condicionamento físico dos atletas
de meio campo do Paysandu no inicio de temporada, relacionando aspecto e características
alimentares do nosso Estado, assim como o clima e de que forma estas variáveis condicionantes
podem impactar no processo produtivo e de desempenho no campeonato paraense 2017. Com
base nos dados coletados conclui-se que o maior desempenho individual e coletivo do clube em
questão foi do(s) atletas regionais, compreende-se que talvez seja devido a adaptação a
alimentação, ao clima e por ser a região de nascimento. Na amostra, 43% dos jogadores
envolvidos na pesquisa são regionais oriundos do Estado do Pará apresentaram o nível de
condicionamento físico superior a maioria dos atletas oriundos de outras regiões do Brasil,
apesar de um dos atletas como o Augusto Recife mesmo estando ha três temporadas no clube
ainda se mostrou com um nível de condicionamento físico abaixo dos paraenses.
Entretanto, alguns fatores extrínsecos a preparação física talvez possa interferir no
desempenho destes atletas profissionais em análises, como fatores familiares, se a ausência
destes familiares interfere no desempenho durante a temporada, ou psicológicos se a
expectativa de sucesso gerada pela diretoria e torcedores podem gerar uma cobrança excessiva
e assim um fracasso profissional que não condiz com o desempenho nos clubes que já
estiveram.
Percebe-se que as variáveis morfológicas influenciam diretamente no desempenho dos
jogadores, percentual de gordura, Vo2 máximo e peso corporal, são inversamente proporcionais
aos níveis de condicionamento físico almejado pelo clube em questão, desde que sejam
avaliadas de forma associadas conforme nos aponta Fernandes (2003) considerando que os
jogadores que controlam essas variáveis em padrões médios, muito bons e excelentes
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conseguem resultados melhores no processo de preparação para a temporada, sendo
significativamente superiores a daqueles que não controlam estas variáveis.
Nota-se que a variável impactante no processo de preparação física de um clube de
futebol é o percentual de gordura (%G) que exerce impacto negativo nos parâmetros da melhora
do desempenho no alto rendimento que é o caso do futebol profissional, variável que está
diretamente relacionada à preparação para atuar em partidas oficiais regulamentadas. No
entanto o setor de meio campo do Paysandu não gerou diferenças consideráveis no grupo em
estudo para esta variável, apenas dois jogadores ultrapassaram o percentual de 13% de gordura
corporal, mesmo com esse baixo caso de acordo com Ramalho (2012) afirmando que quando
um indivíduo possui excesso de gordura corporal e pratica uma atividade em condições
climáticas elevadas, esse indivíduo com maior acúmulo de gordura sofre uma desvantagem
considerável em relação às pessoas com níveis mais baixos de gordura corporal.
Estes fatores, quando associados ao exercício físico e a outras condições facilitadoras,
podem promover distúrbios associados ao calor, que poderão alterar o aspecto de saúde que o
exercício deve promover, bem como, o nível de desempenho atlético durante os treinamentos e
partidas.
Dessa forma, a pesquisa servirá como um pontapé inicial para que futuros pesquisadores
possam de alguma forma obterem contribuições envolvendo atletas de futebol profissional
paraense, bem como para a sociedade a medida que os professores de educação física são
cidadãos e merecem respeito e valorização no mercado, sob um olhar científico e menos
mercadológico.
REFERÊNCIAS
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Artmed, 2002 – Porto Alegre.
RevISE – Revista Interdisciplinar do Instituto de Educação de Ananindeua (Online) ISSN: 2359 – 4861 Vol. 08, N. 08 Novembro/2017
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