Post on 02-Oct-2020
Paulo Venâncio1, Anaxore Casimiro1, Marta Oliveira1, Rosalina Valente1,
Maria João Brito2, Rita Silva3, Carla Conceição4, Lurdes Ventura1
1 – Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos
2 – Unidade de Infecciologia
3 – Serviço de Neurologia
4 – Serviço de Radiologia
Adenoidite aguda
1 mês
antes
do
internamento
Lesões mucosa oral
3 dias
- Prostração -Tremor dos MS’s e tronco - Obstipação - Distensão abdominal - Força MI´s
2dias
- Pálido, ar doente - Fc 132 bpm - Vesículas orais Força MI´s ROT’s (+ esq) Reactivo
Hospital
Rapaz, 17 meses
AP e AF irrelevantes
SDR + SpO2
Hospital 1
Reflexo faríngeo débil
Entubação orotraqueal Ventilação Invasiva
D 1
- Ventilado, sem estímulo respiratório
- Fc 130 bpm, T. Axilar 39ºC
- TAM 69 mmHg, TRC <3s
- GCS 3, pupilas mióticas reactivas
-Tetraparésia flácida
- Sem resposta à dor
- ROT’s e cutâneo-abdominais
Análises
Leucócitos (/mm3) 26900
Neutrófilos (%) 74,6
Glicémia (mg/dL) 170
LDH (UI) 602
PCR (mg/L) 10,7
Gasimetria capilar Acidose metabólica
compensada
UCIP
Hipóteses diagnósticas:
1. Meningoencefalite/ Romboencefalite
2. ADEM
3. Síndrome Miller-Fisher Terapêutica Agressiva:
• Aciclovir
• Ceftriaxone
• Ciprofloxacina
• Metilprednisolona
• Imunoglobulina EV
Ecocardiograma: • VE dilatado • SIV aplanado ≠s Residuais de PC
vs Miocardite
0 H
1ª Paragem Cardíaca
2 H
2H 50
3H 10
12 H
2ª e 3ª Paragens Cardíacas
4ª Paragem Cardíaca
Hipotensão TRC > 2s
- Inotrópicos -
Edema agudo pulmão HTPulmonar
- VAFO + NOi -
D 5
Infeccioso
LCR (D3) Exame citoquímico sem alterações
Exame bacteriológico Sangue, urina e LCR negativos
Imunoglobulinas pré – IgEV (g/L) Adequadas à idade
Imunoelectroforese LCR Síntese intratecal de IgG e alteração da permeabilidade BHE
Serologias séricas EBV, CMV, Parvovírus B19, Adenovírus, Influenza
A e B e Mycoplasma pneumoniae Θ
Borrelia burgdorferi IgG + / IgM Θ
(Western blot para Borrelia burgdorferi Θ)
PCR LCR e sérico
Fezes
HSV 1 e 2, CMV, EBV, HHV 6 e 7,
Borrelia burgdorferi e Enterovírus Θ
Enterovírus +
Cultura Enterovírus Enterovírus 71, genótipo C2
1º registo em Portugal – notificados a DGS e o EWRS
D 1
D 4
D 34
Reflexo faríngeo Hipoventilação central
Traqueotomia
Ventilador domiciliário
D 49
• Tetraparésia espástica
• Hiporreflexia generalizada
• Reflexos dos nervos cranianos
abolidos (excepto fotomotores)
D 54
Transferência
D 1
D 49
Enterovírus 71 (EV71) – família Picornaviridae, género Enterovirus
Identificado pela 1ª vez na Califórnia em 1969
Causa de epidemias cíclicas
Divide-se nos genogrupos A, B e C
Sanden, VS, et al. 2009. J. Clin. Microbiol. 47: 9: 2826–33
Brown, BA, et al. 1999. J. Virol. 73:9969–75
Incidência na região Ásia/Pacífico
(Disseminação rápida e a longa distância)
Emergente nos EUA e na Europa
Causa frequente da doença mãos, pés, boca (DMPB)
Pode associar-se a complicações neurológicas e sistémicas graves
Meningite asséptica
Paralisia flácida
Encefalite/Rombencefalite
Edema/Hemorragia pulmonar
Falência cardiopulmonar
Sobretudo abaixo dos 5 anos
Potencialmente fatal
Não descrito previamente em Portugal
Ho M, Chen ER, Hsu KH, et al. N Engl J Med 1999; 341: 929–35
Precedem/ relacionam-se com envolvimento do SNC
15 a 20% das Rombencefalites a EV 71 – Mortalidade de 70 a 90%
Mecanismos
Neurogénico HTIC + Simpático HTA/P + Edema agudo pulmão
Disfunção cardíaca Catecolaminas Cardiotoxicidade
Permeabilidade vascular Citocinas/quimiocinas SIRS
Lin TY, et al. Clin Infect Dis 2003; 36: 269–74
Fu YC, et al. Arch Dis Child 2004; 89: 368–73
Sobretudo terapêutica de suporte
Medidas anti-edema cerebral
Vasodilatadores
Ventilação mecânica, Assistência ventricular externa, ECMO
Inúmeras terapêuticas utilizadas sem eficácia comprovada
Imunoglobulina EV, corticoterapia – dados contraditórios
Wang SM, et al. Pediatr Pulmonol 2005; 39: 219-223
▪ Inotrópicos puros prognóstico
▪ Milrinona – mortalidade
Chang L, et al. Pediatr Infect Dis J 2004; 23: 327-331
Barnard DL.. Curr Pharm Des 2006; 12: 1379-1390
Este caso é um alerta para a emergência do EV 71 na Europa,
sendo o 1º caso descrito em Portugal
EV 71 pode implicar > morbilidade e mortalidade (abaixo 5 anos)
por complicações do SNC/ sistémicas
Sem terapêutica comprovadamente eficaz – intervenções para
controlar as epidemias são fundamentais
Medidas de Saúde pública
Vacinação – em fase de desenvolvimento
Forum on HFMD in Asia-Pacific Region: Reg Emerg Dis Interv Center and The Min of Health Singapore; 2009
Chung YC, et al. Vaccine 2008; 26: 1855–62