Post on 05-Mar-2021
1
SELEÇÃO DE POEMAS DE POETAS PARAENSES:
A GERAÇÃO MODERNA DO PARÁ DE 1946
Maria de Fatima do Nascimento1/FALE/UFPA
Vamos agora conhecer três poetas paraenses que foram importantes na
consolidação do Modernismo no Pará, especialmente, com publicações de poemas no
“Suplemento Arte Literatura” do jornal Folha do Norte entre os anos de 1946 e 1951.
São eles: Ruy Barata (1920-1990), Paulo Plínio Abreu (1921-1959) e Max Martins
(1929-2009).
RUY BARATA (1920-1990)
Ruy Guilherme Paranatinga Barata nasce em Santarém (PA) em 25 de junho de
1920. Bacharela-se em Direito, em 1943, pela Faculdade de Direito do Pará. É um dos
redatores da revista Terra Imatura, na qual publica poemas, bem como é colaborador do
“Arte Suplemento Literatura” do jornal Folha do Norte (1946-1951), ali publicando,
além de poemas, uma entrevista. É um poeta comprometido com as causas sociais.
Exerce a função de jornalista nos periódicos A Província do Pará e Folha do Norte, de
Professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Filosofia, Letras e Artes,
posteriormente incorporada à Universidade Federal do Pará (UFPA), bem como a de
deputado estadual por duas legislaturas, de 1947 e 1954, pelo Partido Social
Progressista (PSP). Em 1959, entra para o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Esse
poeta é perseguido tanto pelo governo de Getúlio Vargas quanto pelos da ditadura
militar de 1964. Nesse período, o poeta é preso e depois aposentado compulsoriamente
com menos de dez por cento do seu salário. Depois da anistia, é reempossado em seu
cargo de Professor da Universidade Federal do Pará. Falece em 23 de abril de 1990.
Deixa poemas dispersos em revistas, jornais e na gaveta, bem como os seguintes livros
de poemas publicados: Anjos dos abismos (1943) e A linha imaginária (1951).
1 Doutora em Teoria e História Literária pelo Instituto de Estudo da Linguagem (IEL) da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras (FALE), do Instituto de Letras e Comunicação (ILC) da Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail: fatimanascimentoletrasead@hotmail.com.
2
Postumamente, em 2000, é publicado o livro Antilogia com “Apresentação” de
Benedito Nunes. Ver o 2º Volume da Tese de NASCIMENTO, Maria de Fatima do.
Benedito Nunes e a Moderna Crítica Lierária Brasileira. v. II. Campinas (SP):
UNICAMP, 2012, Anexos, p. 192-199 e p. 269-273. Bilioteca Digital da UNICAMP,
site: www.bibliotecadigital.unicamp.br
Helena
2
Da tristeza e da alegria
Somente Helena sabia,
Sabia porque sabia
do bordel à Eucaristia.
Sabia porque sabia
que a noite clareia o dia.
De tantas e tontas coisas
Sabia Helena sabia.
Regando seus muitos sonhos
penteando a maresia
lavando léguas de lodo
no limbo da poesia.
E assim costurava o caos
com a linha da fantasia
a nossa helena dos bares
aquela que mais sabia
que sabendo se lembrava
e lembrando se esquecia.
Ode3
Os dedos contam as ondas,
os minutos talvez
jamais o anelo.
Podes marcar a face disfarçada,
a barba
os bens
todos os sonhos
mas escravos do real só te aceitamos
na tua farda de pêlos
2 BARATA, Ruy Paranatinga. Helena. In. Antilogia. Belém: RGB Editora, SECULT, 2000, p. 49. 3 BARATA, Ruy Paranatinga.Ode. In. A Linha Imaginária: Belém: Edições Norte, 1951.
3
sangue
e ossos.
Quando recriarás a trança libertária,
o horizonte do mito,
o Deus negado
a tela do perene e do intocável?
Quando libertarás a página e o relógio,
o ser distante que revel condenas
às arestas da ruga e aos frutos sazonados?
Quando
(deste olhar em diagonal ao espelho e à morte)
farás ruir ao peso de teu gládio
e ao sulco de teu grito
as taças do não ser
o veneno da aurora
as portas do visível,
e do invisível?
Ó jamais seremos sós perante a Fonte
jamais seremos nós e a ti mostramos
o sorriso de "clown" que se reparte
em contorções de esperma
tédio
e ódio.
Jamais conservaremos o perfume e a liturgia,
e a hora que se esvai não justifica
este desabrochar em cálice e corola.
Não ser
(embora seja no retrato),
não ter
(para ao flagelo condenar-se)
não sentir o chamar do céu porque beleza
e memória de ausências povoada.
Estamos sós
bem sei
e como é noite
arrancas o teu mundo no arbitrário
e a poesia morde o que não é.
Quem te susteve o braço suicida:
a ode ou o catecismo?
Quem te ligou à sorte deste povo:
o sonho ou a promissória?
4
Quem te fez espalmar a mão como inocente
e a cabeça baixar como culpado?
Ó tempo,
ó dimensão do exílio e da orfandade
e se não digo eterno,
quase eterno,
deixai toda esperança
"voi che entratte".
Canção dos quarenta anos4
Poema, suspende a taça
pelos dias que vivi.
Espelho, diz-me em que jaça
mais fiel me refleti.
Quarenta anos correram
e neles também corri.
Quarenta anos, quarenta.
Quantos mais inda virão?
Morrerei hoje de infarto
ou amanhã de solidão?
Serei pasto da malária?
Serei presa do avião?
A morte engendra esperança.
A morte sabe fingir.
A morte apaga a lembrança
da morte que vai ferir.
E em cada instante que passa
a morte pode surgir.
Quem pode medir um homem?
Quem pode um homem julgar?
Um homem é terra de sonhos,
sonho é mundo a decifrar.
Naveguei ontem no vento,
hoje cavalgo no mar.
Hoje sou. Ontem não era.
Amanhã de quem serei?
Um homem é sempre segredos.
Por qual deles purgarei?
Dos meus netos, qual o neto
em que me repetirei?
4 BARATA, Ruy Paranatinga. Antilogia. Belém: RGB Editora, SECULT, 2000, p. 57-60.
5
Que virtudes foram minhas?
Que pecados confessar?
Que territórios de enganos
a meus filhos vou legar?
A quem passarei meu canto
quando meu canto passar?
Ah! Como a vida é ligeira!
Ah! Como o tempo deflui!
Esse espelho não mais fala
da criança que já fui.
Das minhas rugas ruindo
apenas um nome rui.
Quedê rede balançando?
Quedê peixinhos do mar?
Quedê figo da figueira
pro passarinho bicar?
E o anel que tu me deste
em que dedo foi parar?
Dezembro chama janeiro.
Fevereiro irá chamar?
Monte-Cristo se me visse
não iria acreditar.
Como está velho, diria
a donzela Dagmar.
Um homem cresce espalhando
o reino em que foi feliz.
Onde Athos? Porthos?
Onde o tímido Aramis?
Um homem cresce querendo
e cresce quando não quis.
Crescer é rima de vida,
mas também é de morrer.
Crescer é terna ferida
que só dói no entardecer.
Em cada raiz da morte
há sempre um verbo crescer.
E cresço: macho e poeta.
Subo em linha, volto em cor.
Cresço violentamente.
Cresço em rajadas de amor.
Cresço nos filhos crescendo.
Cresço depois que me for.
6
Cresço em tempo e eternidade,
cresço em luta, cresço em dor,
não fiz meu verso castrado
nem me rendo ao opressor.
Cresço no povo crescendo,
cresço depois que me for.
E cresço na aurora livre
galopando esse corcel.
Cresço no verso espumando
entre as linhas do papel.
Cresço rubro de esperança
na barba de Don Fidel.
Quarenta anos, quarenta.
E nem sequer percebi.
Quarenta anos correram
e neles também corri.
E nesses quarenta anos,
oitenta de amor por ti.
PAULO PLÍNIO ABREU (1921-1959)
Paulo Plínio Abreu nasce em Belém em 19 de junho de 1921. Falece em 5 de
setembro de 1959, aos 38 anos, sem publicar livros. Forma-se em Ciências Jurídicas e
Sociais na Faculdade de Direito do Pará. É poeta e, interinamente, Professor de
Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Belém em 1954.
Chefia o Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da Universidade Federal do
Pará entre 1958 e 1959. Deixa vários poemas dispersos publicados em revistas e jornais,
os quais são coligidos por Francisco Paulo Mendes, seu Professor, e publicados no livro
intitulado Poesia, em 1978, pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Nesse livro (p.
81-153) consta também a tradução do livro As elegias de Duíno, de Rainer Maria Rilke,
feita por Paulo Plínio Abreu. Clarice Lispector, em carta de 1944 a Lúcio Cardoso, faz
referência a Paulo Plínio, informando que ele faz poemas e, em Belém, é aluno do
Professor de Literatura Francisco Paulo Mendes, com quem ela gosta de conversar
sobre livros. Paulo Plínio faz um trabalho sobre as poesias de Lúcio Cardoso, o que
surpreende o Professor Mendes, porque este ministra aulas apenas sobre os romances de
Cardoso, ao que Clarice Lispector acrescenta sobre o poeta: “Aliás, ele se parece um
7
pouco com você, tem olhos meio de fantasma”, afirmando ainda: “O Professor
descobriu logo que o aluno fazia poesias. Li umas duas. Entre muitas palavras que agora
os poetas usam, há mesmo poesia. Ele fala de luar: ‘Durmo ouvindo os teus passos de
anjo pela noite”. “Serve horrivelmente para um epitáfio e a ideia é de Paulo Mendes.
Vou ver se o Plínio conserva seu trabalho sobre as suas poesias. – Seria bom você lê,
não é? é sempre curioso (MONTERO, 2002, p. 42-43). Esse verso transcrito por Clarice
é o segundo verso do poema “Elegia” (Poesia, 1978, p. 9). Ver o 2º Volume da Tese de
NASCIMENTO, Maria de Fatima do. Benedito Nunes e a Moderna Crítica Lierária
Brasileira. Acervos/Anexos. V. II. Campinas (SP): UNICAMP, 2012, p. 172-199.
Bilioteca Digital da UNICAMP, site: www.bibliotecadigital.unicamp.br
Elegia5
Por que de estranhas terras eu te acompanho lua solitária
E durmo ouvindo os teus passos de anjo pela noite
Quando os velhos desejos desaparecidos voltam à flor das ondas
E a noite do exílio levanta as suas árvores de sonho,
De um tempo imemorial eu acompanho as tuas viagens,
Tu que vestes os mortos com o que cai do coração dos vivos
Eu te acompanho pelo céu escuro
Sentindo como tua a vertigem da morte que anuncias.
Tu que de um tempo longo ergues teus olhos sobre o tempo
E apenas náufragos aportam a esse país estranho em que tu vives
Ouço tua voz cair no mar da madrugada
Para que o céu se deite sobre ti como um sepulcro
E as estrelas brilhem nesta noite como incêndio
O comedor de fogo6
Veio do comedor de fogo e de seus milagres a esperança impossível.
Do comedor de fogo e de seus milagres à porta de sua tenda
Onde dormiam os cães numa nuvem de moscas.
Veio do comedor de fogo a esperança dos mundos impossíveis.
Veio dessa lembrança hoje apagada pelo tempo o sombrio desejo de evasão.
Veio do comedor de fogo a visão da vida aberta como um grande circo
E o convite irreal para a distância onde se esconde a morte.
Até o amor se perdeu nessa lembrança de um estranho comedor de fogo
E toda a infância confundiu-se com os milagres desse saltimbanco
E de seus cães doentes à porta de sua tenda
5 ABREU, Paulo Plínio. Elegia. In. Poesia. Belém: Universidade Federal do Pará, 1978, p. 9. 6 ABREU, Paulo Plínio. O comedor de fogo. In. Poesia. Belém: Universidade Federal do Pará, 1978,
p. 10.
8
O polichinelo7
O seu segredo era como o dos outros.
Seus olhos eram de vidro azul
e na boca vermelha
o riso da ironia.
O humor profundo, amargo e doloroso
vinha de sua boca;
o riso da sabedoria
e do desespero
gritava da sua boca aberta em sangue.
O riso do polichinelo
vinha do coração ausente, era uma advertência.
Era apenas o riso
e falava de um mundo
maior que sua alma.
3 MAX MARTINS (1926-2009)
Max Martins, poeta paraense, nasceu em Belém a 20 de junho de 1926 e faleceu
no dia 9 de fevereiro de 2009. Além de Poeta foi colaborador na Revista Literária
Encontro, Noticiarista e Secretário de Redação do Jornal Folha do Norte, Diretor da
Fundação Cultural Casa da Linguagem entre outros.
Max Martins publicou seu primeiro livro de poesia “O Estranho”, em 1952, que
é um breve livro publicado de forma quase artesanal, uma brochura de 29 páginas,
contendo vinte e três poemas, sendo os três últimos, dedicados ao luto pela morte de um
pai, separados dos outros vinte pelo título “Elegias”, certamente em evocação às suas
leituras de Rainer Maria Rilke, aspecto estrutural não verificado posteriormente na
edição da CEJUP, organizada em Belém do Pará pelo próprio autor em 1992, sob o
título Não para consolar: poemas reunidos 1952-1992. A capa não apresenta
ilustração, constando apenas o título e o ano da publicação (1952) em algarismos
romanos, sem indicação de editora e local. O verso da capa do livro estampa um texto
curto, também não fazendo parte da aludida edição de 1992, de onde são retirados três
poemas. Trata-se do supramencionado texto de Nunes, tido aqui como o seu primeiro
prefácio. Esse traz informações biográficas de Max Martins e rápida observação sobre
as composições desse bardo paraense.
7 ABREU, Paulo Plínio. O Polichinelo. In. Poesia. Belém: Universidade Federal do Pará, 1978, p. 11.
9
Em 1960 publica seu segundo livro “Anti-Retrato”, pelo qual Max ganha
novamente o Prêmio de Poesia Frederico Rhonsard da Academia Paraense de Letras. De
acordo com Nunes é a partir desse livro que a “temática do amor carnal começou a
tornar-se o centro de sua obra”, e foi ratificada, em definitivo, a escolha da via erótica
com a publicação em 1971 de seu terceiro livro “H’Era” em função de “Afinidades
eletivas’ com poetas e romancistas nacionais e estrangeiros.
Em 1992, Max Martins reúne suas obras escritas entre 1952 e 1992 (Marahu
Poemas – Inédito (1992), 60/35 (1985), Caminho de Marahu (1983), A Fala entre
Parêntesis (1982), O Risco Subscrito (1980), O Ovo Filosófico (1976), (Colagens)
H’Era (1971), Anti-Retrato (1960) e O Estranho (!952), Apêndice) com o título “Não
para Consolar: poemas reunidos: 1952-1992” com o qual ganha da Academia Brasileira
de Letras o Prêmio de Poesia Olavo Bilac.
Em resumo a obra de Max Martins é extensa, rica e complexa, possuindo um elevado
valor literário. Ver o 2º Volume da Tese de NASCIMENTO, Maria de Fatima do.
Benedito Nunes e a moderna crítica lierária Brasileira. Acervos/Anexos. V. II.
Campinas (SP): UNICAMP, 2012, p. 172-199. Bilioteca Digital da UNICAMP, site:
www.bibliotecadigital.unicamp.br
Elegia dos que ficaram8
I
Apenas o rumor
Da máquina incansável de costura
Vai, num canto de dor,
Pela casa enlutada.
Está toda fechada
e ainda há vagando pela sala
Um perfume suave
De rosa machucada.
Mansamente
No quintalejo o vento
Balança
8 MARTINS, Max. Elegia dos que ficaram (livro O Estranho - 1952). In. Não para consolar: poemas reunidos 1952-1992. Belém: CEJUP, 1992, p. 338.
10
A roupa preta no relento.
Sob a lâmpada triste
(tudo é triste neste lar vazio),
Num retrato sorri por entre flores
Aquele que partiu.
Porém rodeando a mesa na varanda,
Recordando os instantes que passaram,
Chora aquela que ficou,
Aqueles que ficaram
VER-O-PESO9
A canoa traz o homem
a canoa traz o peixe
a canoa tem um nome
no mercado deixa o peixe
no mercado encontra a fome
a balança pesa o peixe
a balança pesa o homem
a balança pesa a fome
a balança vende o homem
vende o peixe
vende a fome
vende e come
a fome
vem de longe
nas canoas
ver o peso
come o peixe
o peixe come
- o homem?
o homem não come
come o homem
compra o peixe
compra a fome
vende o nome
vende o peso
- peso de ferro
- homem de barro
9 MARTINS, Max. Ver-O -Peso. (livro H’era - 1971) In. Não para consolar: poemas reunidos 1952-1992.
Belém: CEJUP, 1992, p. 279.
11
pese o peixe
pese o homem
é a fome
vem do barro
vem da febre
(a febre vê o homem)
veja a lama
veja o barro
veja a pança
o homem
come a lama
lambe o barro
ver o verde
ver o verme
o verme é verde
está na lama
está na alma
é só escama
a pele do homem
está com fome
vê o peixe
vê o prato
não tem peixe
tem fome
a fome pesa
o peso da fome
peça por peça
pese o peixe
deixe o peixe
veja o peso
peixe é vida
peso é morte
homem é fome
peso da morte
peixe de morte
a sorte do peixe
é o peso
azar do homem
pese o peixe
pese o homem
o peixe é preso
o homem está preso
presa da fome
12
ver o peixe
ver o homem
vera morte
vero peso.
A casa10
Esta casa é uma ruína,
quase terreno baldio:
coração de minha mãe
– esta terra de ninguém,
está cheio e está vazio.
Esta casa vem abaixo,
está prestes a cair.
Esta casa foi à lua,
esta casa foi um tronco,
foi navio
com seu mar encapelado
e bandeiras em abril
(minha mãe na capitânea,
na janela minha irmã).
Tantos anos se passaram,
tantos sonhos se esgotaram;
minha mãe nos sustentava,
nos amava e costurava
nossa vida à sua alma
como a roupa que vestia.
Esta casa é uma ruína
que dá pena a seus vizinhos.
Sobem ervas nas paredes
desta casa-soledade
encolhida pela vida
que dentro dela cresceu;
esta vida que é poeira
esta vida que é silêncio
esta vida que é fechada
esta vida que é goteira
nesta casa condenada.
Esta casa tinha escada,
esta escada três degraus.
E no último tropeçaram
estes sete filhos seus.
Nesta casa inda ressoa
o pigarro de meu pai
(seu cigarro era uma brasa
10 MARTINS, Max. A casa (livro H’era – 1971). In. Não para consolar: poemas reunidos 1952-1992.
Belém: CEJUP, 1992, p. 283.
13
nessa noite que o escondeu
de seus filhos tropeçados
nesta vida que os comeu).
Esta casa vai cair!
Veio abaixo nossa vida,
veio a chuva, foi-se o sol;
a lama sobe a escada,
às paredes sobe o limo:
esta casa enlouqueceu!
Nossa mãe se ressequiu.
Sua vida é esta máquina
que de surda enrouqueceu
(único sinal de vida
que a escada não desceu).
Mas é forte esta sua lida,
sua máquina que não pára
que nos cose e nos trabalha.
Referências Bibliográficas
ABREU, Paulo Plínio. Poesia. (Coleção Amazônica). Belém: Universidade Federal do
Pará, 1977.
ARISTÓTELES. A poética. Tradução, prefácio, introdução, comentário e apêndices de
Eudoro de Sousa. Porto Alegre: Globo, 1966.
_____ A poética clássica: Aristóteles, Horácio, Longino; introdução por Roberto de
Oliveira Brandão, tradução direto do grego e do latim por Jaime Bruna. 6ª Ed. São
Paulo: Cultrix, 1995.
BARATA, Ruy Paranatinga. Anjos dos abismos. Rio de Janeiro: José Olympio, 1943.
_____A Linha Imaginária: Belém: Edições Norte, 1951.
_____Antilogia. Belém: RGB Editora, SECULT, 2000, p. 57-60.
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo>: Editora Cultrix,
2000.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. São
Paulo: T. A. Queiroz Editor, 2000.
_____Noções de análise Histórico-literária. São Paulo: Associação Editorial Humanitas,
2005.
CANDIDO, Antonio & CASTELLO, Aderaldo. Presença da Literatura Brasileira, v. III.
Modernismo. São Paulo/Rio de janeiro: DIFEL, 1975.
14
CASTELLO, Aderaldo. A literatura brasileira, v. I. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 1999.
COELHO, Marinilce Oliveira. Memórias literárias de Belém do Pará: o grupo dos
novos (1946-1952), 2003, 1º v., 186 p, Tese (Doutorado em Teoria e História Literária).
Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP), Campinas, 2003.
_____Memórias literárias de Belém do Pará: o grupo dos novos (1946-1952), 2003, 2º
v, 291 p, Tese (Doutorado em Teoria e História Literária). Instituto de Estudos da
Linguagem (IEL). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, 2003
_____O grupo dos novos: memórias literárias de Belém do Pará (1946-1952). Belém:
EDUFPA; UNAMAZ, 2005.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil, v. 5 (Direção). São Paulo: Global 2001.
_____ (Direção). A literatura no Brasil, v. 6 (Direção). São Paulo: Global, 1999.
_____Correntes cruzadas (Questões de Literatura). Rio de Janeiro, Editora Noite, 1952.
(Estou suspensa)
_____Crítica e poética. Rio de janeiro. Livraria Acadêmica, 1968.
_____Crítica & Críticos. Rio de janeiro. Organização Simões, Editora, 1969.
HEIDEGGER, Martin. A Origem da Obra de Arte. Tradução de Maria da Conceição
Costa. Lisboa/Portugal: Edições 70, LDA, 2005.
HELENA, LÚCIA. Modernismo brasileiro e vanguarda. São Paulo: Ática, 1996.
INOJOSA, Joaquim. O movimento modernista em Pernambuco, v. I - II. Rio
Guanabara: Gráfica Tupy LTDA, 1968
HOLANDA, Sílvio Augusto de Oliveira & NASCIMENTO, Maria de Fatima. Poesia
Portuguesa e Brasileira. V. 7. Belém: EDUFPA, 2009.
LAFETÁ, João Luiz. 1930: A crítica e o Modernismo. São Paulo: Duas cidades: Ed. 34,
2000.
LOANDA, Fernando Ferreira de. Panorama da nova poesia brasileira (março de 1951).
Rio de Janeiro: Orfeu, 1951.
_____Antologia da nova poesia brasileira. 2ª. Ed. Rio de Janeiro. Orfeu, 1970
LOBO, Luíza. A nova crítica. In. Manual de teoria literária. Org. Rogel Samuel.
Petrópolis: Vozes, 1985.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a
Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ediror, 2006.
15
MARTINS, Wilson. A literatura brasileira, Vol. VI. O modernismo (1916-1945), São
Paulo: Cultrix, 1965.
MARTINS, Max. O estranho. Belém (s/informação de Editora), 1952
_____Não para consolar: poemas reunidos 1952-1992 (Coleção Verso & Reverso, nº.
2). Belém: CEJUP, 1992.
MAUÉS, Júlia. A Modernidade Literária no Estado do Pará: O Suplemento Literário da
Folha do Norte, 1997, 111 f. (Anexos não numerados). Dissertação (Mestre) –
Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém, 1997
_____A Modernidade Literária no Estado do Pará: O Suplemento Literário da Folha do
Norte. Belém: UNAMA, 2002.
MEIRA, Clóvis; ILDONE, José; CASTRO, Acyr. Introdução à literatura no Pará,
Belém: CEJUP, 1990.
MENDES. Francisco Paulo do Nascimento. ”Notícia Bibliográfica”. In. BRAGA,
CLÉO BERNARDO. A pé com a Liberdade. Belém - Pará: Editora Grafisa, 1985.
_____. “Apresentação”. Obras completas de Bruno Menezes, v. I - Obra Poética.
(Coleção Lendo o Pará – 14). Belém: Secretaria Estadual de Cultura: Conselho Estadual
de cultura, 1993
MENEZES, Bruno. Obras Completas, 3 vol. Belém: Secretaria Estadual de Cultura:
Conselho Estadual de Cultura, 1993.
OLIVEIRA, Alfredo. Paranatinga. Belém-Pará. Secretaria de Estado de Cultura,
Desportos e Turismo, 1984.
RAMOS, Péricles Eugênio da Silva. Do barroco ao modernismo. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnico e Científicos, 1979.
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda européia e modernismo brasileiro;
apresentação dos principais poemas metalinguísticos, manifestos, prefácios e
conferências vanguardistas de 1957 a 1972, 11ª ed.. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
_____Vanguarda européia e modernismo brasileiro; apresentação dos principais poemas
metalinguísticos, manifestos, prefácios e conferências vanguardistas de 1957 a 1972.
19ª ed. revisada e ampliada. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
TERRY Eagleton. Teoria da literatura: um introdução. Tradução Waltensir Dutra. São
Paulo: Martins Fontes, 2006.