Post on 04-Jul-2015
“Manifestado especialmente pela arte, mas manchando também com violência os
costumes sociais e políticos, o movimento modernista foi o prenunciador, o preparador e
por muitas partes o criador de um estado de espírito nacional. A transformação do
mundo, com o enfraquecimento gradativo dos grandes impérios, com a prática europeia
de novos ideais políticos, a rapidez dos transportes e mil e uma outras causas
internacionais, bem como o desenvolvimento da consciência americana e brasileira, os
progressos internos da técnica e da educação, impunham a criação de um espírito novo
e exigiam a reverificação e mesmo a remodelagem da Inteligência nacional. Isto foi o
movimento modernista, de que a semana de arte moderna ficou sendo o brado coletivo
principal.”
Revezamento do poder nacional executada na República Velha pelos estados de São Paulo-produção de café - e Minas Gerais - maior pólo eleitoral do país
da época e produtor de leite.)
SURGIMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL, PRINCIPALMENTE EM
SÃO PAULO
A Primeira Guerra Mundial gerou um surto de industrialização e
consequentemente urbanização, isso significou o surgimento de uma
burguesia industrial cada dia mais forte, mas marginalizada pela política
econômica do governo, voltada para a produção e exportação do café.
Que se dirigiam para regiões economicamente prósperas , tanto na zona
rural, onde havia o café, como na zona urbana, onde estavam as indústrias.
Nesse período, o Brasil recebeu cerca de 1,5 milhão de imigrantes.
Uma burguesia de caráter
reivindicatório, formada
entre outros, por
funcionários
públicos, comerciantes, m
ilitares, e profissionais
liberais, descontentes
com as pressões dos
“barões de café”, da alta
burguesia e também pelo
operariado.
A massa urbana em São Paulo era constituída de tipos muito
diversos. Poderíamos encontrar pela cidade andando na mesma
calçada, um barão do café, um operário anarquista, um padre, um
burguês, um nordestino, um professor, um negro, um
comerciante, um advogado, um militar..., realmente uma
“paulicéia desvairada”
ANTECEDENTES DA SEMANA DE ARTE MODERNA
•1911 - Oswald de Andrade funda o semanário
humorístico O Pirralho.
•1912 - Oswald de Andrade traz da Europa ideias futuristas de Marinetti
- Último passeio de um tuberculoso, pela cidade, de bonde.
•1915 - Marco inicial do Modernismo em Portugal => Revista Orpheu
(Almada Negreros, Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro).
•1916 - Primeira redação de Memórias Sentimentais de João
Miramar, de Oswald de Andrade.
•1917:
- Oswald de Andrade conhece Mário de Andrade.
- Mário de Andrade (=Mário Sobral) publica o livro Há uma gota de
sangue em cada poema.
- Menotti del Picchia publica o poema regionalista Juca Mulato.
- Guilherme de Almeida publica Nós, poesias de cores passadistas.
- Manuel Bandeira estréia com o livro Cinza das Horas.
- Cassiano Ricardo publica A frauta de Pã (moldes parnasianos).
- O Pirralho publica a primeira versão de Memórias Sentimentais
de João Miramar, com ilustrações de Di Cavalcanti.
- Di Cavalcanti realiza exposição de caricaturas em São Paulo.
- Rumorosa exposição de Anita Malfatti / Crítica de M. Lobato =>
Paranóia ou Mistificação ? / Apoio de Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Di Cavalcanti.
1917 - Exposição de Anita Malfatti.
•1918 - Publicação de Messidor, de G. de Almeida.
- Publicação de Carnaval, de M. Bandeira.
•1920 - O grupo de jovens modernistas descobre um jovem escultor, Victor
Brecheret, criador do “estado de espírito”, segundo os modernistas.
Segundo Mário de Andrade , Brecheret foi o criador do “estado de espírito”
dos modernistas, e afirma: “Porque Victor Brecheret, para nós, era no
mínimo gênio”
•1921 - Manifesto do Trianon, em homenagem a Menotti del
Picchia, por ocasião do lançamento de seu livro As Máscaras / Crítica de
Oswald de Andrade aos passadistas em defesa da arte moderna.
-Mário de Andrade escreve as poesias de Paulicéia Desvaiarada.
- Mestres do Passado => série de artigos críticos, escritos por Mário de
Andrade, sobre os poetas parnasianos, que ainda dominavam o
ambiente literário oficial => escândalo.
- Exposição de Di Cavalcanti - Fantoches da Meia-Noite. /
Encontro com Graça Aranha =>idealização da Semana de Arte
Moderna.
:
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Ronald de Carvalho
Anita Malfatti
Tarsila do Amaral
Di Cavalcante
Heitor Villa-Lobos
Foi, como se esperava: um
notável fracasso, a recita de
ontem da pomposa Semana de
arte moderna, que melhor e
mais acertadamente deveria
chamar-se: Semana de Mal- às
artes.(Correio Paulistano. São Paulo, 18 fev. 1922)
Não é só um problema de
estética, mas deve ser estudado como
fenômeno de patologia mental. Todas
as extravagâncias do futurismo
originam-se de um verdadeiro estado
de espírito mórbido.(Folha da Noite. São Paulo, 15. Fev. 1922)
O desejo incontido de “chamar a atenção” e
ingenuidade de certos espíritos desprovidos
de qualquer preparo, o desequilíbrio de
alguns cérebros e o verdor da mocidade são
os principais motivos e o que caracteriza os
adeptos dessa escola. Criar é um privilégio de
gênio e , evidentemente, futurista não pode
ser gênio.
( Folha da Noite. São Paulo, 16 fev. 1922)
Da Noite
Nós, que pensamos que a grande arte
deve ser compreendida, por
todos, esperamos, cheios de
curiosidade, a realização desse certame
e prometemos desde já, a nossa crítica
severa contra a iniciativa.
(A gazeta. São Paulo, 30 jan. 1922)
A Semana de Arte Moderna está
para acabar. É pena porque , com
franqueza, se do ponto de vista
artístico aquilo representa o
definitivo fracasso da escola
futurista, como divertimento, foi
insuperável.
(A gazeta. São Paulo, 22 fev. 1922)
De um lado artistas de fama faziam
versos, recitavam trechos de
prosa, enchiam o ambiente de harmonia.
De outro alguns indivíduos , que
chegaram a envergonhar o gênero
humano, por dele conservarem apenas o
“aspecto”, ladravam e cacarejavam.
(Jornal do comércio. São Paulo, 18 fev. 1922)
13 de fevereiro – 1º festival
Exposição de telas: Anita Mafalti, Di Cavalcante, John Graz, Zina Aita, Almeida Prado e Vicente do Rego.
Esculturas: Victor Brechetet.
Projetos de arquitetura: Antonio Moya e George Przirembel.
Conferências: A emoção estética na arte moderna, de Graça Aranha; A pintura e a escultura moderna no Brasil, de Ronald de Carvalho;Palestra sobre estética, de Mário de Andrade.
Apresentações musicais: D. Edriophtalma (Eric Satie), de Ernani Braga; Octeto – três danças africanas: farrapos, Kaukulus e Kankikis de Villa-Lobos.
Declamação de poemas: Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.
15 de fevereiro – 2º festival Conferências: Arte e
estética, de Menotti Del Picchia;
Perennis poesia, de Renato de
Almeida.
Apresentações musicais: Guiomar Novaes
Declarações de Poemas: Os
sapos, de Ronald de Carvalho; A
escrava que não é Isaura, de
Mário de Andrade; e outros
textos.
Apresentações de danças: Yvonne Daumerie.
Os Sapos – Manuel Bandeira
Enfunando os papos,Saem da penumbraAos pulos, os sapos.A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"- "Não foi!" -- "Foi!" -- "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,Parnasiano aguado,Diz: - "Meu cancioneiroÉ bem martelado.
Vede como primoEm comer os hiatos!Que arte! E nunca rimoOs termos cognatos.
O meu verso é bomFrumento sem joioFaço rimas com Consoantes de apoio.
Que soluças tu,Transido de frio,Sapo cururuDa beira do rio...
“Mas como tive coragem pra dizer versos diante duma vaia tão
barulhenta que eu não escutava no palco o que Paulo Prado me
gritava da primeira fila das poltronas?... Como pude fazer uma
conferência sobre as artes plásticas, na escadaria do
teatro, cercado de anônimos que me caçoavam e ofendiam a
valer?...”
17 de fevereiro: 3º festival
Conferência: Reafirmação dos
objetivos fundamentais do
modernistas brasileiro.
Apresentações musicais: Villa-Lobos, Alfredo Gomes, Ernani
Braga, Paulinha d’Ambrósio, Lima
Viana, Maria Emma, Lucília Villa-
Lobos, Pedro Vieira e Antão Soares.
“Não se trata de futurismo e sim de um calo arruinado...”
Oswald de AndradeMário de AndradeManuel BandeiraGraça Aranha
Klaxon – primitivista e futurista
divulgar as propostas do
modernismo;
Manifesto da poesia pau-brasil
– incentivar a integração entre
as tendências
nativa, colonizada, tradicional
e moderna.
Movimento Verde-amarelo e
Escola da Anta- adoram o tupi e
a anta como símbolos nacionais.
Manifesto regionalista-
valorização das tradições
nordestinas;
A revista – difundir o
Modernismo em MG;
Festa – grupo espiritualista;
Revista Antropofagia- contre
Verde –Amarelo. Inspiração:
Abaporu. Duas dentições:;