Post on 28-Dec-2015
SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São Paulo, sociedade e cultura
nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
(prefácio – Hermeneutica e Narrativa – Maria Odila Leite da Silva Dias)
(xii) A fim de reviver na sua própria concretude histórica as mudanças de vida
aceleradas pela urbanização, o autor estabelece certa ponte de empatia e de
convívio entre o público leitor e as duas primeiras gerações de homens
desenraizados, que sonharam um mundo novo e viveram a experiência de
massificação da cultura.
(xiii) Elucidar o leitor e sensibilizá-lo (....) busca de novos condicionamentos (...)
No decorrer desse processo, topa com a dinâmica de um mundo num vir a ser
imprevisível e instável, assombrado por possibilidades opostas e em contradição
aberta, definido por um movimento histórico acelerado, a prometer o fortuito, o
provisório, o não determinante, construído sobre o estilhaçamento das referencias
estáveis e das tradições totalizantes: “Homem máquina, máquina personalizada,
mulher energia, energia erotizada, máquina e energia transformando os ritmos e
condições de vida e os seres humanos se metamorfoseando por automatismos
sobrepostos, ativando seus impulsos, nervos e músculos, até romper o cerceamento
de valores e preceitos que restringiam as condutas e temperavam as aspirações,
liberando uma crisálida moderna, com gestos ágeis, roupas leves de corte militar,
cigarro no canto da boca e o desejo irrefreável de se fundir numa força colossal,
uma massa devastadora, que em avalanche sepulte o velho mundo e redesenhe um
novo à sua imagem” (p.87-88)
(xiv) A politização do di-a-dia transformou o corpo do morador da cidade e a sua
forma de percepção do mundo exterior, de modo que os indivíduos passaram a ser
colonizados em seus gestos, sentimentos e na própria maneira de apreender a
realidade.
(xv) A busca de novos valores e formas de expressividade marcaram todo o
universo dos homens europeus da década de 20. A questão em jogo, na expressão
de Walter Benjamin, era a própria sobrevivência do ser humano, atropelado por
impulsos de mobilização dos sentidos que passavam a falar mais alto do que a
cultura herdada.
(xvi) A elaboração de uma estética experimental teria a ver com a síndrome
modernista de destruição de parâmetros do século XIX e com a busca de uma
linguagem desestruturada e fragmentária, a sugerir sensações e experiências da
vida urbana.
(xvii - xviii) (...) Cada conjuntura tem seu próprio centro de significados, e a
interpretação crítica do processo peculiar de urbanização de São Paulo inspirou-se
em estudos afins de análise da urbanização de Paris tal como esboçada no estudo
de Walter Benjamin (...) Os esforços de Haussman ou de Antonio Prado confluiram
neste sentido da concretização do mito da ação dirigida ou disciplinada.
(xix) (...) Por isso, o autor de Orfeu estático na metrópole dedicou-se à hermenêutica
da cidade e do moderno, chamando a atenção do leitor para seu trabalho sinistro de
ofuscação da consciência e da memória.
(xxi) Este livro reavalia, num crescendo pessimista de fim de século, os custos
irredimíveis da modernidade. Do início ao fim, o autor debate e opõe sempre em
tensão dialética as possibilidades da consciência e da memória, da nova percepção
do homem moderno face às ameaças da ação ritualizada, coletiva, anuladora das
resistências do indivíduo e da sua possibilidade crítica.
Introdução
(17) Orfeu, filho de Apolo e sacerdote de Dionísio (...) Compondo um círculo ao seu
redor para ouví-lo.
(19) Daí que, para (...) em si mesmo.
Capítulo 2
(92) Um dos capítulos mais interessantes da vida da cidade, é sem dúvida alguma, o
cinematógrafo. (....)
(92-93)A indústria cinematográfica, em prosperidade (...) E se tornavam sua clientela
voluntariamente cativa e feliz.
(93 - 94) Uma vez mais, a mais revolucionária (...) ao invés de guardar a distancia da
desconfiança.
(95) O cinema, assim como os bondes e os estádios, (...) Assim, o ser anônimo só
se preenche de sentidos quando se articula com os seus equivalentes.
(96) A respeito de muitas coisas podemos duvidar se o nosso progresso tem sido
real ou apenas aparente. (....)
(97) (...) já em 1919, que “São Paulo educa seu gosto artístico, a prendendo a ‘ver’.
Essa gente (...) a essa ansiedade visível, mas sem contorno.
(99) Tais rituais modernos guardavam relação com seus (...) presente com
mecanismos arcaicos de simbolização.
(100) Gustave Lebon (...) psicologia das massas
(101) Outros festivais, menos cerimoniosos e oficiais, se realizavam (...)ainda de um
parque de diversões, um cinema gratuito ao ar livre (...)
(103) manifestações desse novo tipo requeriam por si só uma reorganização (...)
uma geografia cívica deliberada e proeminente sobre a fisionomia urbana.
A exaltação emocional coletiva é descrita aí pelo cientista como uma fonte natural de
energia inexorável.
(112) Um outro tipo de paisagem, não obstante, vinha desafiando (...) e arredores,
perspicuamnente retratado pelo crítico de artes d’O estado.
(113) decididamente o melhor que os cabedais do café (...) adoção do automóvel
como índice conspícuo da discriminação social.
(113) A artificialidade repentina e sem raízes da riqueza cafeeira (...) e o fim de um
empreendimento coletivo.
(115) a página toda!!
(116) a página toda!
(117) a página toda!
(118) Os últimos vestígios da arquitetura paulista dos períodos colonial e
monárquico eram demolidos à pressas, para dar lugar a uma cidade de perfil
nitidamente diverso.
(118) Havia a pureza de uma frontaria (...)
(118-119) Fernando Azevedo (...) se levantam
(119) A preocupação de governantes é derrubar (...)
(119) ‘A cidade tem assim um arzinho de exposição universal’
(119) Acaso ou não, o fato é que a empresa de urbanismo (...) populações europeias
no período da virada do século.
(119) Seu forte, contudo, era o planejamento dos efeitos cenográficos sobre
multidões heteróclitas em agitação constante.
(120) [...[ Nenhuma tradição aqui.........
Capítulo 3
(156) Reinventar o cosmos (...) energia, o petróleo e a eletricidade.
(157) num mundo em que o espaço e as distancias vão se tornando cada vez (...)
explosivo como uma bomba relógio.
(157-158) Afora as conquistas, os europeus exercitaram sua força militar (...)Guerra
do Paraguai.
(160) Nas economias dominantes, o afluxo dos produtos exóticos (...) os níveis
sociais.
(162) Por trás dessa vertigem coletiva da ação (...) que encurtavam os espaços.
(163) aps quatorze anos, em paris (...)
(163) Pode parecer impressionante, mas o fato é que Lowery foi (...) roda gigante e
a montanha russa.
(163) O problema geral das imaginações era menos o de conceber o novo mundo do
que (...) em suas várias manifestações.
(163- 164) As modernas formas de comunicação de massas (...) filmes de
Hollywood, como a ‘ fábrica de sonhos”.
(164-165) por outro lado, um novo mundo pode desabrochar (...) definitiva dando
pleno curso aos mercados de massa.
(166) Avançar a pé contra a parede de fogo das metralhadoras (...) é que mudaram
o panorama e o desfecho do conflito.
(170) A situação do pós-guerra foi descrita assim por um crítico (...) Tratava-se
antes de criar um novo culto, uma nova fé, centrada nos pulsos puros da comunhão
social e da ação
(173-174) O exota é assim um ser aureolado (...) É pela Diferença, é no Diverso que
se exalta a existência.
(176) Esse roubo da aura de sacralidade e dignidade superior (...) cursos de
comunicação social, massivos, sincronizados e lacunares
(181) O que assinalou o nascimento (...) Daí nasceu o conceito de record e a noção
abstrata de produtividade.
(182) se de algum modo se pode dizer que o século XX histórico começou com a
Grande Guerra, em termos estéticos, então, ele começou com Parade.
(186) O fracasso do balé foi um sucesso. (...) consagração da incompresão da arte e
no consequente desenvolvimento da arte da incompreensão.
(187) A arte, em meio ao cataclismo, só seria legítima (...) Parade fixou um novo
conceito de ordem na mobilidade.
(189) Como era possível demove-las (...) a provocar reações.
(189) parece ser uma mensagem pessimista (...)para completar a imaginação
criativa do artista.
(190) De outro, a ideia que a nova arte, embora aparentemente incompreensível (...)
um mundo turbolhonante enfim, onde todo possível comporta uma disposição
passiva.
(196-197) Toda arte é uma falsificação, inclusive o cubismo (...) o que era belo ficou
feio.
(199) Em 1912, Picasso e Braque introduziram uma nova revolução (...) São seus
próprios criadores em grande parte quem, traumatizados pelo impacto do
cataclismo, reformulam os seus sentidos.
(200) Se, pois, para Picasso o cubismo nascera e, 1907 (...) o extase e o exótico, e
os ultra realismos, fusão da arte com a ação pura, com o automatismo sincopado e
com a utilidade
(205) As galerias, exposições, teatros espetáculos, concertos (...)passa a ser
chamado cada vez mais, de ‘arte moderna”.
(207) Essa forte fusão da cultura com a militância (...) publicidade e , em breve, o
rádio.
(208) Nenhuma surpresa, pois, que Marinetti (...)como uma unidade militar.
(208-209) A eficácia dessa maquina veloz de arte propaganda (...) como o próprio
clarim anunciador de um novo tempo.
(210) O movimento na direção da abstração (...) da vida cotidiana (construtivismo).
(213) Toda concepção, toda emoção se apresenta à consciência vivida sob alguma
forma primaria.
(213) A difusão avassaladora do futurismo e do cubismo da Seção de Ouro (...) num
mundo em dispersão permanente.
(214) Os estados Unidos, provavelmente o maior beneficiado (...) seu orgulho e
expectativas.
(215)Aquela era uma refeição que os artistas europeus vinham (...)
(216) O início da Guerra trouxe objetores de consciência para Nova York (...) “arte
pura”, “o inconsciente penetrando pela consciência
(217) Em termos culturais, os alvos do ataque (...) “resgate” nativista e
“redescoberta” das raízes.
(218) Uma vez mais, a química da nova linguagem moderna, vanguardista (...) as
tendências sem distinção, contanto que expressem um anseio novo.
(219) A inovação radical, autonomia e iniciativa de experimentação (...)
“redescoberta” de uma magia oculta das raízes.
(220) Os ícones hieráticos dos muralistas, coligando imagens simbólicas (...)
estados de convicção nos observadores.
Capítulo 4
(224-225) Que os nervos andassem a flor da pele (...) Eis como um cronista do O
estado descrevia o novo panorama:
(226) Vemos assim, como esse pendor pelo fetichismo (...) preconizando o futuro.
(227-228) Ledo engano, A palavra “moderno”, de recente influencia (...) página 228
toda!
(229) página toda!
(230) Ao que parecia, havia virtudes no moderno, mas elas não eram para todos.
(231) A condição agrária, retrógrada e subalterna (...) “moderno e “novo”
(231) Havia, porém, um âmbito no qual a questão da modernidade (...) expressão
cristalina.
(236 -237) Em meio a essa fabulosa incidência de expressões (...) Enfim seria um
modo de unificar sob o signo comum, um vetor de coação ao mesmo tempo que
socialmente dado, institualmente assumido.
(252) Vem a proposito (...)
(252 - 253) “Nossa razão”? Amadeu Amaral (...) “grande ciência universal e sem
pátria”
(253-254) O que Amadeu Amaral sugere, portanto (...) mesma forma como se
concebe a precedência da emoção sobre a consciencia.
(255) a pagina toda!
(256) a mudança drástica que se observava na cena (...) que se arrogam o poder de
transformar a simbologia da modernidade numa utopia concreta.
(257) o desenvolvimento, a cultura, o requinte (...)
(258) Isso tudo para o escândalo e furor de Lima Barreto, para quem a epidemia das
corridas (...) dos Estados unidos e internamente de São Paulo.
(268) Quando um pequeno grupo de intelectuais, ao redor de Paulo Prado, resolveu
empreender um tour de force de propaganda em favor da arte moderna em Saõ
Paulo (...)
(269) a página toda!
(270 271) a pagina toda! Até (...) articulam entre a percepção, a memoria e a
consciência.
(275) É interessante nesse sentido observar a recepção (...) tal como havia ocorrido
com Parade, malgrado os artistas envolvidos.
(277) Se os muralistas criaram ícones (...) “brasilidade”
(280) Paris tinha o coração dividido (...) estilo de recepção crítica dada a musica de
Villa Lobos.
(282) Há nesse momento em Paris outros artistas e escritores brasileiros (...)
(312) Sérgio Buarque de Holanda estabelecia assim uma interlocução (...)
oportunidade rara no debate cultural daquele momento.
(312) “só à noite enxergamos claro”