Silenciadores

Post on 12-Dec-2015

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Tiro policial

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SILENCIADORES

Na realidade, o próprio termo "silenciador" está, gradualmente, caindo em desuso pelos profissionais do ramo, sendo substituído por outros mais realistas, como "supressor", "moderador" e "abafador". Ainda assim, uma arma equipada com tal dispositivo continua sendo chamada de "silenciada", embora não seja, efetivamente, "silenciosa".

Para melhor compreensão do processo que envolve o ruído de um tiro, vamos recordar alguns pontos básicos. Quando uma uma submetralhadora (ou, de fato, qualquer arma de fogo) é disparada, o barulho que ouvimos vem de diversas fontes, que, numa seqüência aproximada, são as seguintes:

 

Ruído mecânico - No caso mais comum de uma "sub" que atira a partir da posição aberta, é aquele característico som de aço batendo contra aço, quando o ferrolho corre para a frente e choca-se com a parte posterior do cano. Nas menos numerosas armas que disparam da posição fechada, é o fechamento do ferrolho e, em seguida, o impacto do martelo atingindo o percussor e o próprio ferrolho, produzindo, é claro, manos ruído, mas, ainda assim, existente. O mesmo para as pistolas semi-automáticas.

Coluna de ar - Aqui, trata-se da coluna de ar que está no cano, à frente do projétil, e que, ao sair pela boca subitamente e em alta velocidade, transmite sua energia às moléculas do ar externo.

Gases do propelente - São os gases resultantes da combustão da pólvora do cartucho, muito quentes, em rápida expansão e que se movimentam a velocidades altíssimas. Sua rápida saída do cano - criando, também, um enorme deslocamento das moléculas do ar externo - é que produz a maior parte do barulho de um tiro.

Ruído do projétil - Quando um projétil sai do cano a velocidades supersônicas (acima de 340 metros por segundo, aproximadamente), uma onda de choque é gerada por seu deslocamento no ar, produzindo um "estalo" seco e forte. Numa escala bem reduzida, corresponde ao grande estrondo produzido por um avião ao romper a barreira do som.

Reflexões do som - Os menos considerados e lembrados são os ruídos refletidos no solo ou em objetos próximos à arma, ao longo da trajetória do projétil.

Ruído do impacto - É aquilo que o próprio nome indica, ou seja, o barulho do projétil atingindo seu alvo pretendido ou um obstáculo eventual.

Com excessão dos últimos dois ítens, o projeto de se tornar uma submetralhadora sonoramente mais "discreta" envolve todas as demais fontes sonoras. Para o ruído mecânico, por exemplo, algumas armas que atiram da posição aberta recorrem ao uso de um ferrolho de bronze, mais leve e gerador de menos ruído metálico ao bater no cano de aço. Outras utilizam um material amortecedor qualquer (couro, borracha ou sintéticos) para diminuir o impacto do ferrolho; outras, simplesmente, deixam isso de lado...

As demais fontes de ruído são controladas pelo silenciador, em si, aquele tubo que fica à frente do cano da arma e que aumenta

consideravelmente (às vezes, quase dobrando) seu comprimento total.

Algumas "subs" recebem o silenciador sobre o cano original, enquanto outras o trocam por um conjunto adaptável

de cano/silenciador. Outras, ainda, são silenciadas de fábrica, com a unidade

integral à própria arma.

 

Exemplos de "subs" silenciáveis, fabricadas no Peru: a MGP-87 troca o cano original por um novo conjunto de cano/supressor, enquanto que a MGP-84 recebe o supressor sobre o cano original.

Já a alemã Heckler & Koch MP5 SD1 é silenciada de fábrica, de forma integral.

A maneira pela qual cada supressor de ruído atinge seu objetivo varia de fabricante para fabricante, mas, geralmente, inclui uma combinação de ingredientes consagrados. Quando é do tipo integral à arma ou possui cano próprio, este costuma ter seu comprimento reduzido e, com grande freqüência, possuir uma série de pequenos orifícios longitudinais. Assim, ao se dar a detonação, os gases que impulsionam o projétil para a frente também vão escapando para fora do cano, sendo momentaneamente aprisionados numa câmara de expansão, diminuindo a sua pressão. O resultado é que o projétil vai perder parte de sua velocidade, tornando-se subsônico (fim do "estalo"!)

O problema dos gases do propelente também começa a ser controlado na tal câmara de expansão, na qual eles são desacelerados e resfriados, freqüentemente, por meio de malha metálica, rebites soltos, arruelas ou outros materiais. Após a boca do cano, geralmente são enfileiradas arruelas adicionais até a boca do silenciador, propriamente dito, auxiliando em adicionais difusão e desaceleração dos gases antes deles entrarem em contato com o ar externo.

É relativamente comum o fato da mera adaptação de um silenciador à boca do cano normal de uma submetralhadora acabar dando em problemas de funcionamento, sobretudo em regime de tiro intermitente. É  que a diminuição da pressão dos gases, também para trás, pode resultar em que não haja energia suficiente para empurrar o ferrolho de volta o bastante para ser pego pela armadilha do gatilho: ele volta antes, passa pelos lábios do carregador, alimenta um cartucho à câmara e o dispara, podendo, até, ocorrer a não muito comum (mas, nem por isso,impossível) situação da arma "enlouquecer", atirando continuamente até esvaziar-se o carregador!!!

Uma medida para contornar o problema é dotar a "sub" silenciada de uma mola recuperadora mais fraca e/ou um ferrolho mais leve. Outra é o uso de munição especial subsônica, em que um projétil mais pesado (de 150 a 180 "grains", contra os usuais de 115 "grains") vai gerar maior resitência aos gases, antes de sair do cano. E, com uma velocidade inicial abaixo dos tais 340 m/s, também terá a vantagem de eliminar o "estalo" sônico durante o vôo.

É muito importante ressaltar que a diminuição da velocidade do projétil fatalmente resulta em alterações no seu desempenho balístico. Obviamente, tanto a precisão do tiro vai sofrer, em alcances médios e longos, como a penetração (e, conseqüentimente, a letalidade) também será degradada. De qualquer maneira, a simples diminuição do ruído

inicial do tiro já traz grandes vantagens táticas. Por exemplo, numa operação de entrada dinâmica ou furtiva num ambiente fechado, os combatentes não terão sua capacidade de comando e controle (comunicação entre si) deteriorada pelo grande barulho dos tiros dados. Além disso, fica difícil para o inimigo determinar, com precisão, de onde foi feito um disparo.