Post on 19-Jan-2016
Economia Brasileira
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação – FACE
Departamento de Economia
Guilherme Resende Oliveira
Aula 10: Governos Dutra e GV
Governo Dutra (46 – 50)
Política econômica delimitada por 2 marcos:
1 – mudança na política de comércio exterior
2 – abandono da política econômica ortodoxa / contracionista
[ver próximos slides ]
Inflação era o problema mais grave, seguido do desequilíbrio externo
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Política econômica externa
“Ilusão de divisas”
Acreditava que: reservas eram boas, julgava-se credor dos EUA e que política liberal de câmbio atrairia IED (Abreu)
Moeda sobrevalorizada (inflação interna maior que externa)
Atender à demanda deprimida pela guerra, reequipar a indústria, baixar os preços industriais (Abreu)
=> queda das reservas conversíveis
Além da queda das exportações (<= normalidade pós guerra)
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Controles cambiais e de importação (47)
Bancos obrigados a vender 30% do câmbio à taxa oficial ao BB
BB disponibilizaria divisas de acordo com prioridades
“Controle instituído não foi rigoroso” (Abreu)
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Sistema de contingenciamento de importações (48)
Licenças prévias para importar
=> compressão das importações
“Funcionou a contento”
Melhora no preço do café (49)
=> melhora na BC
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Substituição de importações e crescimento industrial
“Sistema de controle das importações foi fundamental para o crescimento industrial no pós-guerra”
Além de fazer frente ao desequilíbrio externo
Estímulo à indústria substitutiva de bens de consumo
Sobretudo, duráveis (incipiente)
3 efeitos relacionados à taxa de câmbio sobrevalorizada:
Subsídio, protecionista e lucratividade (Abreu)
Aumento do crédito à indústria
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Bretton Woods (1944)
Princípios liberais
BIRD => BM e FMI
“Um sistema de equilíbrio e que o objetivo americano era o de moldar a economia do pós guerra” (Abreu, cap. 4)
=> “escassez de dólares”
Plano Marshall (EUA)
Reconstrução da Europa
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Baixo fluxo de capitais privados internacionais até 50`s (Abreu)
Abandono dos EUA
=> busca de financiamento interno
SALTE (49 a 53)
Intervenção planejada do Estado
Dificuldade: falta de financiamento
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Política econômica interna
Inflação
Greves
Diagnóstico: déficits governamentais
Inclusive dos Estados (Abreu)
=> política fiscal austera
Política monetária contracionista
Política econômica ortodoxa até 49
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
49: déficit, inflação de 2 dígitos e PIB de 6,8%
Causas: eleições presidenciais, demanda industrial e movimento de capitais no mundo
Interpretação estruturalista sobre a inflação (Abreu):
Pressão do processo de industrialização e urbanização sobre oferta de produtos agrícolas
Elevação dos preços de exportação
Esgotamento das margens de capacidade ociosa
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Governo Getúlio Vargas (51 – 54)
Volta do processo inflacionário
Recorrência do desequilíbrio financeiro do setor publico
Elevação do preço do café
Expectativa de afluxo de capital
Mudança de atitude dos EUA
=> CMBEU (1951) – Comissão mista Brasil EUA
Projeto de governo: Campos-Alves
Estabilização da economia seguido de empreendimentos/realizações
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Persistência da inflação e alto crescimento do PIB entre 51 e 52
Colapso cambial (51 – 52)
Política de comércio exterior no início manteve a taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada
Política de concessão de licenças para importar inicialmente afrouxada
Guerra da Coreia
Inflação
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Defasagem da política: licenças duram de 6 a 12 meses
=>importações saltam
+ Queda das exportações (Abreu)
=> esgotamento das reservas internacionais
=> interferência do Banco Mundial
Empréstimos de US$ 300 mi
=> retirada do Eximbank
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Restrição do financiamento externo
Determinada pela mudança do governo americano em 52/53 (Abreu)
Proposta nacionalista de GV (Lacerda)
Acumulação financiada internamente por altas taxas de lucro na indústria
Transferência do excedente do st agroexportador para a indústria
“Mais que ninguém sabia que dependia do apoio financeiro externo” (Abreu)
BNDE (52) e Petrobras (53)
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Instrução 70 da SUMOC (53)
Ataca situação cambial e fiscal
Fontes de desestabilização
Antes tentou-se sistema de taxas múltiplas de câmbio (53): Lei do Mercado Livre
5 taxas de câmbio na oferta (exportação) e 2 de demanda (importações)
Decepcionante <= queda das exportações
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Mudanças da Instrução 70 no sistema cambial
1 – restabelecimento do monopólio cambial do BB
2 – extinção do controle das importações
3 – instituição de leilões de câmbio
4 – mudança na política das taxas mistas do câmbio de exportação
=> confisco cambial
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Leilões
Categorias de acordo com essencialidade
I, II e III absorviam mais de 80% da oferta
=> geração de ágio para o governo (receita)
Substitui o controle de importaçõescomo instrumento de equilíbrio externo
=> proteção à indústria
Mesmo assim, foi pior para esta em relação à medida anterior, devido ao aumento dos custos dos insumos (Abreu)
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Dificuldades em realizar política fiscal austera
Expansão do crédito pelo BB (Abreu, cap. 5)
<= política fiscal, necessidade financeira de estados e municípios e surto de importações
53: mesmo com desaceleração econômica, inflação salta (12 para 20%)
Desvalorização provocada pela I.70 SUMOC em alguns produtos
Tentativa de estabilização pelo Ministro Aranha
PIB cresce 4,7% enquanto indústria, 9,3% (alta FBCF nesta)
Mudanças na política americana para AL
=> abandono do projeto inicial
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
54: dificuldades de salário e café
BC superavitária
Geada no café aumenta preços => campanha nos EUA
=> nova possibilidade de crise cambial
Preocupação com a inflação
GV pensando na eleição anuncia o aumento de 100% para o salário mínimo
Acirra tensões entre agentes econômicos e políticos
Pedido de impeachment
Suicídio => frente anti-golpista
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Governo Café Filho (54 – 55)
Gudin implementou um dos programas de estabilização mais ortodoxos até o momento
Prestígio na comunidade internacional
Ajuda na negociação da dívida
Não adianta muito
EUA “mostrava que o financiamento para a AL seria resolvido por fluxo de capitais privados e não seu auxílio econômico” (Abreu, cap. 6)
Defensor da vocação agrária do país
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Prioridade imediata: enfrentar a situação cambial
Instrução 113 da SUMOC (55)
Extinção dos obstáculos à livre entrada de capital externo
Permitiu às empresas estrangeiras importar máquinas/equipamentos* sem cobertura cambial
Queda de Gudin e entrada de Whitaker , rapidamente exonerado
Tenta suspender compras de café (Brasil arcava sozinho com sustentação dos preços)
W. vê negada a unificação do câmbio (apaziguar plutocracia paulista)
* De acordo com determinada categoria
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Estabilização doméstica
Diagnóstico da inflação (Lacerda, cap. 6):
Monetização dos déficits públicos
Excesso de crédito
=> queda dos gastos públicos, além de contração monetária e creditícia
Viabilização do programa contracionista ajudada pela Instrução 70
=> falta de liquidez, falências e queda da FBCF (st privado e governo)
Curta duração. Senão seria pior para indústria
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Conclusão (45 – 55):
Forte expansão do PIB (7,5% aa*)
Aumento da inflação (14% aa*)
Alta taxa de investimento (14% aa*)
Refletiu a industrialização e investimentos públicos
=> Estágio avançado do PSI
Importações e exportações arrefeceram entre 51 a 55
% de importados cai de 16% para 7% entre 52 e 56
* Dados aproximados
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
Exercício
(ANPEC 2008)
Várias medidas adotadas durante o segundo Governo Vargas (1951-54) favoreceram o avanço da industrialização na segunda metade da década de 1950. Entre essas incluem-se o Plano SALTE, que previa investimentos públicos nos setores de saúde, alimentação, transporte e energia.
Giambiagi – cap. 1 (45 – 55)
E
Economia Brasileira
Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação – FACE
Departamento de Economia
Guilherme Resende Oliveira
Aula 12 / 13: governos JK, Jânio e Jango
Projeto de governo de JK: acelerar o desenvolvimento econômico, como forma de transformar o país estruturalmente
Continuum democrático-populista e expansão iniciados no pós guerra
Pesados investimentos público e privados nos setores industrial e de infraestrutura
=> Plano de Metas
=> apogeu do desenvolvimentismo
Aprofunda o PSI, apesar de não chegar ao auge
JK entrega aos sucessores economia maior e mais desenvolvida
Porém, com indicadores macroeconômicos deteriorados
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Relativa estabilidade política
Perda da importância relativa da agropecuária e ganho do st industrial
56: PIB agropecuário de 21%
Em 63 de 16,3%
PIB Indústria: de 24,1 para 32,5%
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Subsetor % participação (52) % participação (61)Taxa de crescimento anual entre 52 e 61
Não duráveis 55,4 40 7,7Duráveis 6 12 18,2Intermediário 32,5 35,7 12,8Capital 6,1 12,3 20,3Total 100 100 11,6Fonte: Giambiagi, pg. 51
Governo JK (56 – 60)
Política cambial
Um dos principais elementos de política econômica dos 50`s
57: reforma no sistema cambial, simplificando-o [Abreu, cap. 7]
Instrução 113 da SUMOC
Atraiu o capital estrangeiro (>50% do IED entre 55 e 60) e proporcionou divisas para investimentos nacionais
Críticas: contribuiu para o aumento da dívida externa líquida (>60% dos empréstimos entre 55 e 60), além de dar subsídio ao capital estrangeiro
Impede que restrição de divisas não atrapalhe os investimentos
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Café
Perda importância de importância do setor coincide com o PSI
45, 56 e 60: correspondia, respectivamente, a 35, 70 e 56% das exportações
Superprodução nos 50`s por conta do aumento de preços (3,5x) entre 45 e 54
Avanço no Paraná, COL e África
Queda de preços a partir de 55
Compra de excedentes pressionam os gastos do governo
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Plano de Metas
Antecedentes
Missões estrangeiras
CMBEU (=> BNDE)
Grupo Cepal-BNDE
=> Conselho de Desenvolvimento Econômico
Elaborou (30) metas específicas para 5 setores
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Hipóteses macro usadas pelos formuladores do plano (Cepal-BNDE):
Crescimento da renda per capita de 2% aa (ok, 5% aa)
Redução do coef. de importações de 14% para 10% (ok, 8%)
Inflação de 13,5% aa (excedeu, 25%)
Orçado em 5% do PIB (sem BSB)
Governo se esquiva de apresentar proposta de financiamento
“maneira de contornar resistência que viria do st privado”
Maior peso estaria no st público (50%)
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Rodovias *: Belém-Brasília; Regis Bittencourt (SE - Sul); Fernão Dias (SP - BH), iniciada por GV e BR 364 (Cuiabá – Porto Velho – Rio Branco)
Furnas (57)
SUDENE (59) * em detrimento do transporte ferroviário
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Implementação do plano dependeu de tarifa aduaneira protecionista
E sistema cambial, que subsidiou bens de capital e insumos
De fato, o principal mecanismo de financiamento foi a inflação
<= expansão monetária e creditícia (Detalhes: 7.4, Abreu)
Viabilizaram os investimentos do st privado
BNDE e BB com juros baixos, além de conceder avais para crédito externo (Abreu)
Direcionados aos setores automobilísticos, construção naval, mecânica pesada e equipamentos elétricos
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Aumenta a FBCF de 13,5 para 18% (56 – 59)
Alto % de realização das metas
Brasília
Antecedentes: Constituição (1891) e marcha para o oeste (GV)
Meta prioritária, a parte e não orçada
Propulsora da interiorização, ocupação econômica e demográfica do Brasil
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Plano de Estabilização Monetária (PEM - 58)
Políticas monetárias e fiscal passivas
Remonta à tentativa de obter empréstimos ao Eximbank
Condicionou ao aval do FMI
Exige série de medidas visando conter inflação e déficit no BP
Debate politizado
Estratégia gradual, em oposição ao tratamento de choque
=> JK rompe negociações com o FMI
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Efeitos negativos/defasados associados à política econômica
De outra forma: desequilíbrios do take off
JK herda IGP (inflação) de 12,2% em 56
Entrega com inflação entre 30 e 40%
Dobra o déficit público real (para 33% das receitas)
Entre 61 e 63 chega a 50%
% do governo no PIB sobe de 19 para 23,7% entre 57 e 61 (Abreu)
Inclusive, desaceleração do PIB, que ainda cresce bem até 62
Devido ao fim dos investimentos
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Queda das exportações em 15%
Aumento da dívida externa líquida em 50% (2,7x das exportações)
Aumento da esperança de vida
Queda da taxa de mortalidade e analfabetismo
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Governo Jânio Quadros e João Goulart
Jânio eleito prometendo varrer a corrupção e inflação
Economia continua crescendo (8,6%), mas vê piora da inflação (30 >> 47%)
Lança medidas ortodoxas
Desvalorização e unificação cambial (I. 204 SUMOC)
Contenção fiscal e monetária
Bem recebidas pelos credores do Brasil e FMI
Recuperação do crédito externo
Sem base parlamentar, renuncia em 61
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Jango assume num regime parlamentarista
Pretendia apaziguar preocupações conservadoras (Abreu, cap. 8)
63: Jango volta a regime presidencialista e PIB cresce 0,6%
Deposição pela força, acabando com a crise política
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Aumento do déficit do governo e inflação, gerados pela elevação das despesas públicas e da oferta monetária (Abreu)
Sem evidência de graves distorções na política cambial
Apesar da queda das exportações e entrada de capital (Abreu)
=> deterioração do quadro econômico
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Lei de remessa de lucros (62)
Limitava em 10% a remessa de lucros ao exterior
=> deterioração da situação política (EUA)
Agravada pela Política Externa Independente
=> dificuldade de financiamento americano
=> queda de 40% do IED
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Plano Trienal de Desenvolvimento (dez/62)
Objetivo: conciliar crescimento econômico com reformas sociais e o combate à inflação
Diagnóstico de Furtado para a inflação: excesso de demanda causado pelo déficit público (tradicional)
=> medidas de cunho ortodoxo
Realismo cambial
Corte de despesas
Controle da expansão do crédito
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Propunha reforma agrária: distribuir renda e elevar consumo industrial
Estratégia de desenvolvimento da tradição cepalina
=> aprofundamento do próprio modelo
“Industrialização via SI como forma de enfrentar os pontos de estrangulamento”
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Fim da ortodoxia
Descontrole das contas públicas
Reajustes salariais, subsídios, déficit no BP e expansão monetária
Piora no BP
Forte desaceleração da atividade econômica (63)
Perda de dinamismo do PSI
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Conclusões
JK
“Dribla conjunção de interesses políticos, empresariais e sindicais”
Crescimento acelerado (7,9% aa) e transformação estrutural
Principais metas alcançadas + Brasília
Alto déficit público e deterioração das contas externas
Jânio/Jango
“Assumiram uma economia muito maior e mais complexa, que ainda digeria as transformações que sofrera no Plano de Metas”
Não solucionaram os efeitos macroeconômicos perversos deixados por JK
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
Exercício
(ANPEC 2011)
No que concerne ao Plano de Metas do Governo Kubitschek (1956-1960) e à industrialização brasileira no período, pode-se afirmar que além de estipular as metas de investimento, o Estado assumiu papel central na construção da infraestrutura e na produção direta de insumos, respondendo por mais de um terço do total da formação bruta de capital fixo.
Giambiagi – cap. 2 (56 – 63)
C