Post on 11-Jun-2020
S O C E S P E M D E S T A Q U E 1
PUBLICAÇÃO BIMESTRAL DA SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO – ANO 1 – No 3 – DEZEMBRO/2006
SOCESP ESTRÉIAPROGRAMA NA TV
ENTREVISTA COM O CARDIOLOGISTA PROTÁSIO LEMOS DA LUZ
EXCLUSIVO
CONGRESSO GANHA LOGOMARCA OFICIAL
CAMPANHA DE FILIAÇÃO
OFERECE VANTAGENS
PARA NOVOS E ANTIGOS
ASSOCIADOS
S O C E S P E M D E S T A Q U E2
Estamos a dias do fi m de 2006. Foi um ano intenso para o Brasil, para os brasileiros, os médicos e para os cardiologistas. Carnaval, Copa do Mundo, eleições: o calendário es-teve tomado. Nem vimos os meses passando.
Na SOCESP a agenda também se manteve sempre repleta. O XXVII Congresso exigiu investimento e energia, mas deu resultados mara-vilhosos. As ações para os leigos, intensifi cadas pela atual Diretoria, viraram rotina e também renderam retorno excelente. O projeto Na Paulista, nós cuidamos do seu coração bateu recorde de público e virou notícia nos principais meios de comunicação, como Globo, Record, SBT, Bandeirantes, CBN, Jovem Pan, Eldorado, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo...
Outras iniciativas voltadas ao esclarecimento da comunidade
GRANDES PERSPECTIVASEXPEDIENTE EDITORIAL
DIRETORIA DA SOCESPBIÊNIO 2006/2007
PRESIDENTE Bráulio Luna Filho
VICE-PRESIDENTEAri Timerman
1O SECRETÁRIOIbraim Masciarelli Pinto
2a SECRETÁRIAIeda Biscegli Jatene
1O TESOUREIROJoão Nelson Rodrigues Branco
2O TESOUREIROMiguel Antonio Moretti
DIRETOR CIENTÍFICO Fernando Nobre
DIRETOR DE PUBLICAÇÕESEdson Stefanini
DIRETOR DE REGIONAISMárcio Jansen de O. Figueiredo
ASSESSOR DEINFRA-ESTRUTURACarlos Vicente Serrano Jr.
ASSESSOR DE INFORMÁTICAMoacir Fernandes Godoy
ASSESSOR DE QUALIDADE PROFISSIONALJosé Henrique A. Vila
EDITORES Edson StefaniniLuiz Francisco CardosoMaria Teresa N. BombigPedro Silvio Farsky
SOCESP em destaque é editado bimestralmente pela Diretoria de Publicações da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, Avenida Paulista, 2073 – Horsa I, 15
o andar, cj. 1503, CEP 01311-300, São Paulo, SP. Telefone (11) 3179.0044
PRODUÇÃO GRÁFICA Patricia Lia Ferreira
IMPRESSÃOAquaPrint Gráfi ca & Editora
SOCESP na internet www.socesp.org.br
E-mail socesp@socesp.org.br
alcançaram sucesso semelhante: exemplos são a 4ª Feira da Saúde e Cidadania e a cruzada SOCESP/Sociedade Paulista de Pneumologia contra o tabaco.
Vale destacar ainda o grande esforço empreendido para demo-cratizar e difundir o conhecimento de excelência. Só no interior do Estado tivemos mais de 100 eventos de educação continuada, levando aos cardiologistas da região o que há de melhor e mais efi caz na especialida-de. Nesta mesma área, apostamos na criação de cursos on-line, o que garante à SOCESP mais efi ciência e modernidade.
Agora, neste fim de ano, tra-balhamos numa grande campanha de fi liação que objetiva aumentar em no mínimo 20% o número de associados. Chegaremos lá, com certeza, fortalecendo a Sociedade, a cardiologia e o trabalho e a imagem dos cardiologistas.
Portanto, são muito boas as pers-pectivas para 2007. Estou convicto de que iremos aproveitá-las bem para o benefício de todos. Muito obrigado a você, por estar conosco em todas essas ações. Feliz Natal e um ano novo de grandes conquistas e realizações.
Bráulio Luna Filho, Presidente da SOCESP
2 S O C E S P E M D E S
O Cremesp está tomando providências duras e necessárias para acabar de vez com a atuação dos chamados “falsos médicos” no Estado de São Paulo. Já encaminhou uma série de medidas para dificultar a ação de charlatões, como o recadastramento geral dos médicos em atividade, uma sugestão ao CFM de confecção de nova carteira médica com tecnologia digital e a inclusão de fotos dos profi ssionais no Guia Médico do site do
Conselho. A atuação decidida e enérgica em defesa da medicina e dos médicos tem explicação no absurdo aumento de falsos profi ssionais. Até 2004, eram de 8 a 10 de-núncias ao ano. Em 2006, só no primeiro semestre, foram descobertos 19 casos. Para esclarecimentos de dúvidas ou mais informações sobre o recadastramento, acesse o site www.cremesp.org.br ou os telefones (11) 5908-5615/ 5616/5633/ 5640, das 9h às 21h.
CREMESP RECADASTRA MÉDICOS
S O C E S P E M D E S T A Q U E 3
RÁPIDASÚLTIMASNOTÍCIASSOCESP
SOCESP ESTRÉIA PROGRAMA NA TV
Estreou em outubro Cuidando do Coração, programa da SO-CESP em parceria com a TV Unifesp. Apresenta dicas de
prevenção, novidades e notícias sobre saúde cardiovascular, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população.
“É o primeiro programa de uma Sociedade de especialidade voltado ao público em geral”, lembra dr. Bráulio Luna Filho, presidente da SOCESP. Ele explica que todos os temas relevantes relacionados às doenças cardiovasculares serão abor-dados, visto que tais enfermidades são as principais causas de mortali-
dade e morbidade no mundo.
“Trata-se de um excelente meio de levar aos cidadãos conhecimentos sobre fatores de risco, possi-bilidades terapêuticas e controle das doen-ças cardiovasculares”, reforça o dr. Ari Ti-merman, vice-presi-dente da SOCESP e
CURTAS
Tornar-se referência para a mídia é um dos objetivos perseguidos pela SOCESP para oferecer aos cidadãos informações confi áveis so-bre a saúde do coração. Os resul-tados dessa empreitada, felizmente, são positivos: bons espaços estão surgindo, como as entrevistas do dr. Agnaldo Pispico, no programa Charme, de Adriane Galisteu, e a do dr. Bráulio Luna para o Bom Dia São Paulo, da Globo.
A SOCESP investe na utilização da internet como ferramenta para facilitar o acesso ao conhecimento científi co, com a implantação de iné-ditos cursos on-line, válidos para a revalidação do título de especialista. “A Sociedade trabalha com tecnologia atual em benefício de seus associa-dos”, enfatiza o dr. Fernando Nobre, Diretor Científi co. “Até o fi m de 2006, serão disponibilizadas, no site www.socesp.org.br, atualizações em Doença
Arterial Coronariana, Insufi ciência Cardíaca, Dislipidemias e Hiper-tensão Arterial”. Para participar, é necessário ser sócio da SOCESP: o curso é gratuito.
O ano de 2007 nem começou, mas já reserva boas novidades aos cardiologistas do interior. De acor-do com o diretor de Regionais, dr. Márcio Jansen, a SOCESP prepara um pacote de cursos de atuali-zação científi ca de qualidade. O objetivo é facilitar a vida dos car-diologistas da região, que poderão resolver a questão da educação continuada em suas próprias cida-des, sem deslocamentos e custos adicionais. Estarão em pauta temas importantes como hipertensão arterial, insufi ciência cardíaca e arritmia, entre outros.
O âncora e entrevistador da atração é o dr. Nabil Ghorayeb
um dos coordenadores da atração. Cuidando do Coração tem como
âncora o dr. Nabil Ghorayeb e vai ao ar no Canal Universitário, transmiti-
do pela NET, canal 11, e TVA, 71. É quinzenal, sempre às segundas-feiras, às 18h30, com reprises às quartas, às 11h, e aos domingos, às 19h30.
S O C E S P E M D E S T A Q U E4
FILIAÇÃO
CAMPANHA FORTALECESOCESP E TRAZ BENEFÍCIOS A ASSOCIADOS
A SOCESP deu início a mais uma etapa de sua estratégia de perma-nente valorização da especialidade e dos
médicos. Até 1º de março de 2007, patrocinará uma campanha de fi liação, cujo objetivo é ampliar, no mínimo, em 20% o número de associados.
Uma novidade interessante é que a partir de agora qualquer pessoa interessada em assuntos cardíacos ou em cultivar a boa saúde do coração pode se associar, mesmo não sendo da área de saúde. Aliás, aqueles que se fi liarem até o fi m do ano não pagarão anuidade em 2007.
Dr. Bráulio Luna Filho, presidente da SOCESP, explica que a meta é es-timular o crescimento da Sociedade, fortalecendo-a e também a categoria. E, o mais importante, difundir conhe-cimento científi co de excelência, o que é essencial para a melhoria do atendimento de saúde no Brasil.
DESCONTOS E FACILIDADES A ação abrange todo o Brasil,
oferecendo benefícios econômicos, associativos e científi cos aos cardio-logistas, aos médicos de outras espe-cialidades, aos demais profi ssionais de saúde e a quaisquer cidadãos. Uma das vantagens é que os novos associados terão direito, já no início do próximo ano, ao Cartão de Fidelidade SOCESP, que garantirá descontos especiais em
livrarias, lojas, restaurantes, locadoras de automóveis, empresas aéreas e em atividades culturais, como tea-tro e shows, além de academias de ginástica.
Com o Cartão de Fidelidade, tam-bém receberá créditos ao participar das ações de educação continuada da SOCESP, o que possibilitará descontos progressivos no Congresso, no curso de reciclagem, entre outros. Depois de dois anos, conforme a pontuação acumulada, o associado alcançará um nível diferenciado de relacionamento, obtendo novos benefícios ainda mais atraentes.
De acordo com o diretor de Regionais, dr. Márcio Jansen de Oli-veira Figueiredo, a vida associativa é fundamental, especialmente para os profi ssionais liberais, e a consciência dos cardiologistas certamente trará retorno à altura para a campanha: “Ao defl agrar uma ação dessa im-portância, a SOCESP abre as portas para que novos especialistas entrem e tornem a cardiologia mais forte tanto no interior quanto na capital”.
CRESCIMENTO CONTÍNUO DA CARDIOLOGIA
BENEFÍCIOS CIENTÍFICOS No quesito científi co, além do
atrativo natural de ser membro de uma entidade de altíssimo nível, que é indiscutivelmente uma referência na difusão do conhecimento de excelência, os fi liados terão aces-so irrestrito ao site www.socesp.org.br, aos inéditos cursos on-line de desenvolvimento profissional, receberão gratuitamente a Revista SOCESP, uma das mais importantes publicações de atualização, ao jor-nal SOCESP em destaque e poderão acessar as melhores publicações científi cas do Brasil e do mundo.
“A SOCESP, com sua tradição de excelência científi ca, representa para seus sócios a interface que os coloca em contato com todo esse material científi co relevante, atual e de boa qualidade. Essa estratégia garante a educação continuada efi -ciente, isto é, acessível, com pouco investimento de tempo e dinheiro”, analisa a dra. Beatriz Matsubara, da Regional Botucatu.
Vale ressaltar que o filiado à
S O C E S P E M D E S T A Q U E 5
SOCIALPRESTAÇÃO DE SERVIÇOS AOS CIDADÃOS
Uma das prioridades da SOCESP em 2006 tem sido estreitar sua relação com a comunidade. Os resultados, até agora, são extrema-mente positivos. Ações como o Na Paulista, nós cuidamos do seu Coração e a participação na 4ª Feira da Saúde e Cidadania envolveram diversos departamentos da Sociedade e levaram importantes informações sobre a boa saúde do coração a milhares de cidadãos.
Na Feira, por exemplo, os nu-tricionistas ministraram palestras, destacando o papel da alimentação saudável na prevenção de doenças cardiovasculares, os psicólogos falaram sobre estresse, tabagismo, drogas e alcoolismo. Simultaneamen-te, assistentes sociais identifi caram e encaminharam os que precisavam de tratamento médico e a equipe de en-fermagem alertou para os perigos da
CADA VEZ MAIS PRÓXIMA DA COMUNIDADE
hipertensão. Já os médicos tiraram dúvidas sobre doenças do coração e houve demonstrações de res-suscitação cardiopulmonar, usando bonecos especiais e Desfribrilador Externo Automático (DEA).
“O trabalho da SOCESP junto à comunidade tem sido muito consistente e efi caz. Uma vez que, a cada ano, a entidade dispõe de maior atenção a ações do gênero, esta prestação de serviços contri-bui bastante para uma orientação reconhecidamente concreta aos cidadãos”, analisa a dra. Ieda Jatene, 2ª Secretária.
REFERÊNCIATransmitir conhecimentos preci-
sos à comunidade sobre prevenção de doenças, visando a melhoria da qualidade de vida e a redução do número de mortes por doença cardiovascular, também foi o foco da Sociedade em outras iniciativas, como a ocorrida em 29 de agosto, Dia Nacional do Combate ao Tabagismo, no Conjunto Nacional em São Paulo. Especialistas e estudantes de medi-cina alertaram as pessoas sobre os malefícios do cigarro, além de medir a taxa de monóxido de carbono.
Na avaliação do dr. Miguel Moretti, 2º Tesoureiro, a prática de atividades junto à comunidade leiga faz com que o cidadão tenha referência na cardiologia de forma isenta, sem ligação com essa ou aquela instituição ou serviço. “As-sim, cumprimos nosso papel social, como ponto de suporte e de segurança aos leigos, que também encontram na SOCESP uma fonte de informações confi áveis”.
Na 4ª Feira da Saúde e Cidadania, houve o envolvimento de vários Departamentos que levaram esclarecimentos e dicas sobre saúde do coração ao público
SOCESP pode ainda utilizar o recém-inaugurado Centro de Treinamento de Emergências, o mais moderno e completo da América Latina, usufruir da Sala dos Sócios, com internet, vi-deoteca, literatura e outros serviços, entre outras surpresas que estão sendo preparadas para 2007, quando a Socie-dade completará 30 anos.
DESCONTOS DE 20%, 50% E ATÉ 100%
O prestígio científi co, político e social da SOCESP, seu trabalho per-manente por valorização da cardiolo-gia e dos cardiologistas e também por melhoria da assistência em saúde são atrativos que não têm preço. São um plus da campanha. Como se tudo isso não bastasse, haverá descontos de 20%, 50% e até 100%, dependendo da categoria, inclusive para profi ssionais não-médicos. Informações adicionais pelo telefone (11) 3179-0044 ou no site www.socesp.org.br
Dr. Luiz Antônio Gubolino, da Regional São José do Rio Preto, con-sidera toda essa iniciativa um motivo de orgulho para o cardiologista e, principalmente, um grande compro-misso de responsabilidade com a busca contínua da atualização profi ssional.
OUTRAS IMPRESSÕES Ser sócio da SOCESP dá maior sta-
tus ao profi ssional médico, segundo o dr. Carlos Pimentel, da Regional Marília, que também considera a ampliação do conhecimento e a atualização essen-ciais para o crescimento intelectual e o êxito na prática da medicina. Já o dr. Alexander Braun, de Campinas, des-taca a necessidade de união da classe médica nesse processo:
“Só com coesão e melhoria dos conhecimentos em medicina pode-remos atingir nossos objetivos. As-sociar-se à SOCESP é fundamental; nos dará capacidade para reciclagem e luta de classe”.
S O C E S P E M D E S T A Q U E6
ATUALIZAÇÃO
XXVIII CONGRESSO DE CARDIOLOGIA
Nos dias 28, 29 e 30 de abril de 2007, a SOCESP pro-moverá o XXVIII Con-gresso de Cardiologia,
que terá como sede a capital de São Paulo. Os congressistas poderão aliar ciência às atrações gastronômicas, turísticas e à intensa vida cultural que a cidade oferece.
“O retorno à capital paulista apre-senta muitas vantagens. Possibilitará, por exemplo, maior disponibilidade de recursos para investimento em boas novidades aos congressistas. Faremos um evento histórico, pois também coin-cidirá com os 30 anos da Sociedade. Sem dúvidas, terá repercussão nacional”, afi rma dr. Bráulio Luna Filho, presidente da SOCESP.
Com o objetivo de oferecer con-forto e comodidade aos profi ssionais, residentes e graduandos foi escolhido
como palco central do evento o ITM Expo, espaço rico em infra-estrutura. Porém, o maior atrativo é a programação científi ca: renomados especialistas do Brasil e de importantes centros interna-cionais estão escalados para difundir o conhecimento de excelência, transmitir aos congressistas suas experiências e o que há de mais relevante atualmente para prevenção, diagnóstico e tratamen-to das doenças do coração, enfi m, tudo para a boa prática da cardiologia.
As formas de abordagens também serão inovadoras. Segundo dr. Leopoldo Soares Piegas, presidente do XXVIII Congresso, a primeira parte da manhã de cada um dos três dias será destinada ao Estado da Arte, sessão na qual será feita uma completa atualização sobre temas diversos. Serão 13 sessões diárias, das 8h às 10h, abordando ICO aguda, arritmias, emergências, idosos, cardiopatias con-
O QUE VEM
POR AÍ
6 S O C E S P E M D E S
S O C E S P E M D E S T A Q U E 7
RETRATOATRAÇÕES DA CAPITAL PAULISTA
UM UNIVERSO CHAMADO SÃO PAULOA cidade de São Paulo é uma
das poucas, no mundo, com tanta diversidade. Nas áreas de lazer, gastronomia, cultura ou entretenimento, é sempre difícil escolher o que fazer primeiro. São cerca de 10 mil restaurantes de mais de 50 tipos diferentes de cozinha; 15 mil bares; quase 80 shoppings center e mais de 200 mil lojas, dentro e fora deles. Em cultura não é diferente: mais de 100 teatros e 70 museus. Veja a seguir uma pequena mostra do que o espera na capital.
Planetário do IbirapueraDepois de sete anos, o Planetá-
rio do Ibirapuera voltou a funcio-nar. Um novo projetor tem capa-cidade de mostrar qualquer ponto conhecido do universo como, por exemplo, Marte. Um sistema de projeção de fi bra óptica reproduz cor e brilho reais das estrelas.
Edifício Altino Arantes (ou Prédio do Banespa)
Com arquitetura inspirada no Empire State Building, de Nova Iorque, oferece um raio de 360º de visão do alto de seus mais
de 161 metros de altura. De lá é possível ver a Serra do Mar, o Pico do Jaraguá, os prédios da Avenida Paulista e as principais construções do centro.
Museu da Língua PortuguesaPara mostrar a história e a di-
nâmica do nosso idioma, o mais novo museu da cidade oferece um passeio totalmente hightech. Jogos, mostras temporárias, palavras cruzadas e galerias são algumas das atrações.
ZoológicoCom área de 900 mil metros
quadrados, abriga 3.200 animais, sendo 200 espécies de aves, 100 de mamíferos, 98 de répteis, além dos anfíbios e dos invertebrados. O Zôo oferece visitas monitoradas e passeios noturnos.
Pinacoteca do EstadoProjetada pelo arquiteto Ramos
de Azevedo, em 1895, conta com acervo de mais de 100 mil obras. O espaço oferece um delicioso e simpático café do lado de fora, pro-porcionando almoços ao ar livre com vista para o Parque da Luz.
gênitas, ICC, ICO crônica, valvopatias, ergometria, aterosclerose/dislipidemia, HAS e intervenção. Diariamente, haverá também uma sessão conjunta com os Departamentos da SOCESP.
A Comissão Científi ca do Congresso estima que em breve a programação estará pronta e em janeiro será dispo-nibilizada na internet. Uma inovação importante será que os participantes inscritos receberão o programa com an-tecedência mínima de um mês, diferen-temente das edições passadas, quando a distribuição costumava acontecer apenas no início dos trabalhos.
A edição de 2007 inaugurará outro marco: o logotipo ofi cial permanente do Congresso. Segundo dr. Ibraim Mascia-relli Pinto, 1o secretário, é um trabalho que busca consolidar ainda mais essa marca já vitoriosa e representativa da excelência cardiológica: “Como signi-fi cante absoluto de fonte confi ável da cardiologia, como meio dinâmico de envolvimento de profi ssionais a partir do conhecimento e por ser tão singular, nosso congresso necessitava de um sím-bolo próprio que fi xasse e representasse todas essas atribuições”.
Esforços não estão sendo medidos para que seja realmente o maior e mais completo congresso da cardio-logia paulista. Reuniões periódicas da Comissão Organizadora e Científi ca têm ocorrido para viabilizar uma grade de alto nível e estrelas internacionais já começam a confi rmar presença, a exemplo do canadense dr. Salim Yusuf, professor da McMaster University, líder de alguns dos mais importantes estudos clínicos da área.
Simpósios, debates, temas livres e palestras colocarão em foco assuntos abrangentes e fundamentais à especiali-dade. “O objetivo é munir o profi ssional que participar de todos os conhecimen-tos disponíveis no momento na área da cardiologia, trabalhando para aperfeiçoa-mento e avanço deste profi ssional e da especialidade”, ressalta dr. Piegas.
Font
e: Sã
o Pa
ulo
Turi
smo
8 S O C E S P E M D E S T A Q U E
ESCLARECIMENTOQUALIDADE
PROFISSIONALEM FOCO
O PAPEL DO CARDIOLOGISTA NA DETECÇÃO PRECOCE DO CÂNCER
O dr. José Henrique Andrade Vila, diretor de Qualidade Profi ssional da SOCESP, fala da importância
de ser um aliado constante do paciente tam-bém no enfrentamento dos tumores como os de próstata, de mama, entre outros.
O cardiologista tem obrigação de acompanhar essa questão?
Obrigação não. Afi nal, não somos especia-listas. Porém, temos de pensar cada vez mais como médicos de família, ver o atendimento à saúde como realmente integral. Percebemos no exercício diário da profi ssão que grande parte da população, especialmente a de meia idade em diante, escolhe o cardiologista como seu principal médico. É nossa tarefa atender priorizando o aspecto humanístico e assistir a esses pacientes em todas as suas necessidades de saúde, sem, é lógico, ultrapassar os limites da especialidade.
A que atribuiu essa opção de parte dos pacientes por ter o cardiologista como seu médico principal?
Certamente tem relação com a alta inci-dência das doenças cardiovasculares, incluindo a hipertensão, entre outras. Essas complicações são responsáveis por grande porcentagem de mortes em homens com mais 35 anos e em mulheres com idades superiores.
E o cardiologista, o que deve fazer?É necessário ter consciência desse
quadro e responsabilidade social para transcender, em algumas situações, os próprios cuidados cardiovasculares. É fundamental, por exemplo, alertar os pa-cientes sobre os aspectos preventivos em relação aos tumores malignos dos diversos órgãos e sistemas.
É só uma questão de orientação? Podemos fazer mais. Muitos homens
ainda resistem às consultas periódicas com o urologista; grande número de grupos de risco que possuem há-bitos e traços inadequados. Além de trabalhar para conscientizá-los, podemos solicitar, junto com a bateria de exames habitual, o PSA livre, o PSA total. Já com esses exames, é importante reforçar o encaminhamen-to ao especialista, que terá facilitada sua propedêutica.
Dr. José Henrique Andrade Vila,
diretor de Qualidade Profi ssional
Há outros pontos que se deve atentar?
Pacientes com lesões cutâneas suspeitas em áreas expostas ao sol me-recem encaminhamento ao especialista. Fumantes com qualquer alteração significativa da voz, ex-pectoração sanguinolenta antes inexistente ou per-da sanguínea pela urina indicam a possibilidade de tumores malignos dos
Aconteceu em 21 de novembro a pri-meira reunião científi ca do ciclo SOCESP em linha direta com os residentes em Cardiologia, transmitida simultaneamente para diversas cidades do interior do Estado de São Paulo, via internet. Profi ssionais R3 de diversas instituições participaram ati-vamente das discussões de casos clínicos sobre insufi ciência cardíaca congestiva e arritmia, apresentados por médicos resi-dentes do Instituto do Coração - InCor. Os professores assistentes convidados foram os drs. Ângelo de Paola e Dirceu Rodrigues de Almeida, da Escola Paulista de Medicina, e Martino Martinelli Filho e Fernando Bacal, do InCor.
URGENTE
LINHA DIRETA COM OS RESIDENTES
Poderá, assim, avançar no processo de diag-nóstico, realizando o toque, por exemplo.
Como fi ca o caso das mulheres?Da mesma maneira, em mulheres, é
importante pedir o exame de mama perio-dicamente, pois poderá detectar nódulos precocemente e salvar vidas com o encami-nhamento oportuno ao especialista.
brônquios. Temos, portanto, de orientá-los a buscar o médico adequado. Essa postura vale para muitos outros casos de suspeita de câncer. Desta maneira o cardiologista auxiliará na solução de problemas que podem vir a ser fatais se não enfrentados precocemente. Enfi m, isso faz parte de nosso papel de aliado incondicional do paciente.
Esse novo proje to SOCESP visa criar uma interface permanente entre os residentes dos diversos serviços e abrir para eles novas portas na Sociedade de Cardiologia. “Queremos integrar os resi-dentes e viabilizar espaços diferenciados para que possam interagir com os centros formadores de cardiologistas”, comenta o dr. Miguel Moretti, 2º Tesoureiro.
Novas rodadas estão previstas para breve com residentes de outros serviços, como a Unifesp e a Benefi cência Portuguesa. As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. Os interessados podem colher informações adicionais no site www.socesp.org.br ou pelo e-mail inscricao@socesp.org.br
S O C E S P E M D E S T A Q U E 9
NOTÍCIAS E MEMÓRIA DAS REGIONAIS
A Regional Ribeirão Preto da SO-CESP foi fundada em 13 de abril de 1977 por iniciativa de um jovem
cardiologista, o dr. Fernando Nobre. Ele tinha apenas três anos de profi ssão e a meta de consolidar uma entidade que congregasse especialistas em tor-no dos objetivos científi cos e sociais da cardiologia.
“Reuni as principais lideranças da especialidade na região, elaboramos o estatuto social e criamos uma en-tidade, antes mesmo da criação da SOCESP. Mais tarde, a Sociedade de Cardiologia de Ribeirão Preto tornou-se a Regional da SOCESP”.
A posse da primeira diretoria ocorreu na sede do Centro Médico de Ribeirão Preto com a presença dos drs. Antonio Casella Filho, Leandro Carlos Grandini, Adib Domingos Jatene, Humberto Jorge Isaac, Galdós Ângulo (primeiro presiden-te), Sérgio da Costa Pereira, Oswaldo Teno Castilho, Natan V. Soubihe, Sérgio Botelho Morais e Olavo de Carvalho Freitas. Na ocasião, o dr. Adib Jatene mi-nistrou palestra que contou com outros especialistas de expressão.
A princípio, a idéia era promover um encontro periódico entre os médicos. Neste contexto, no ano seguinte, 1978, a Regional realizou sua 1ª Jornada de Cardiologia de Ribeirão Preto, presidida
INTERIOR
9
À esquerda, Theatro Pedro II nos dias atuais. À direita, Antonio Casella Filho, Fernando Nobre, Leandro Carlos Grandini, Adib Domingos Jatene, Humberto Jorge Isaac, Galdós Ângulo - então presidente - Sérgio da Costa Pereira, Oswaldo Teno Castilho, Natan V. Soubihe, Sérgio Botelho Morais e Olavo de Carvalho Freitas durante a posse da primeira Diretoria
DIRETORIA ATUALPresidente: Brasil Salim MelisVice-presidente: Paulo José Freitas RibeiroSecretária: Rosana G. MendesTesoureiro: Renato Barroso Pereira de Castro
A CONTRIBUIÇÃO DE RIBEIRÃO PRETOÀ CARDIOLOGIA
pelo dr. Fernando Nobre. Desde então, anualmente, o evento acontece com objetivo de promover atualização de conhecimentos na cardiologia e em suas subespecialidades.
Atualmente, a SOCESP de Ribeirão Preto leva ações de qualifi cação profi s-sional contínua para toda a região. Uma delas, a Jornada Internacional de Cardio-logia Pediátrica, já se tornou tradicional por promover a integração entre espe-
cialistas estrangeiros e nacionais. Sua área de abrangência atinge os municípios de Altinópolis, Barrinha, Batatais, Brodósqui, Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Cravinhos, Dumont, Guariba, Guatapará, Jaboticabal, Jardinópolis, Luís Antônio, Monte Alto, Pitangueiras, Pontal, Pradópolis, Santa Rosa do Viterbo, Santo Antônio da Alegria, São Simão, Serra Azul, Serrana, Sertãozinho e Taquaral.
“A Regional sempre procurou in-crementar suas atividades por meio de eventos que abordam temas atuais e rele-vantes aos cardiologistas e universitários, uma vez que a reciclagem é fundamental a estes profi ssionais”, afi rma dr. Brasil Salim Mélis, atual presidente.
S O C E S P E M D E S T A Q U E10
ENTREVISTA EXCLUSIVA
UMA HISTÓRIA DE AMOR À CARDIOLOGIA
Permaneceu de 1971 a 1976 em Los Angeles
e também se envolveu com investigação em
isquemia miocárdica, especifi camente em infarto
do miocárdio. Durante três anos, deixou a parte
clínica para se dedicar à experimentação animal.
Foi um aprendizado extremamente rico e, ao
voltar ao Brasil, encontrou o Instituto do Cora-
ção em seu início. Na recém-criada Divisão de
Experimentação montou sua equipe com jovens
cardiologistas, que confi rmaram seu brilhantismo
com o passar dos anos, como os drs. Francisco
Laurindo e Antônio Carlos Palandri Chagas.
Mais tarde, passou a dirigir a Unidade de Ate-
rosclerose do InCor, incentivando as pesquisas, as
investigações na área clínica e criando também o
laboratório de endotélio humano. Destacam-se
seus trabalhos sobre vinho tinto e suco de uva
que mostraram o papel protetor de ambos con-
tra aterosclerose. Nos últimos anos, além de seu
inabalável compromisso com a pesquisa, também
trabalhou muito para a Comissão Científi ca, no
Conselho Diretor e na Fundação Zerbini e em
toda a área administrativa do Instituto. Aliás, o
que não lhe falta é ânimo para abraçar tarefas e
realizá-las sempre efi cientemente.
Nesta entrevista, dr. Protásio fala um pouco
sobre os avanços da cardiologia e outras experi-
ências que marcaram sua vida profi ssional.
Sua experiência com a terapia intensiva aconteceu num momento de grandes transformações para a especialidade. O que pode destacar?Nos anos 70, com a incorporação do cateter de
Swan-Ganz, passamos a ter medidas objetivas
da função cardíaca em doentes graves, como
resistência débito cardíaco, periférica, pressões
da artéria pulmonar. Isso é a hemodinâmica
à beira do leito. Outro importante avanço
do período foi o correto entendimento do
miocárdio isquêmico e do infarto. Nesses
anos se compreendeu que o trombo de uma
artéria coronária é o responsável pelo infarto,
pois havia uma corrente que defendia que o
PROTÁSIO LEMOS DA LUZ
Natural de Vacaria, Rio Grande do Sul, ele
conserva algumas das características român-
ticas do brasileiro do interior. Gremista roxo,
adora uma boa conversa, é apaixonado por
montaria, por uma roda de amigos e valoriza
intensamente a vida. Provavelmente são he-
ranças dos tempos de fazenda, onde passou
parte da infância entre animais, muito verde,
pisando na terra e correndo livremente.
Pode não parecer, mas estamos falando
de um dos mais importantes cardiologistas
do Brasil, Protásio Lemos da Luz, professor
associado da USP, diretor da Unidade de
Aterosclerose do Incor e membro titular
da Academia Brasileira de Ciências. Casado
com dona Rosália, pai de Salvador e Rafael, fez
colégio e o curso de medicina no Paraná. Foi,
aliás, no Paraná que debutou na política es-
tudantil, chegando até a presidente da União
Paranaense de Estudantes Secundaristas.
Após se formar, em 1965, ainda cumpriu
residência médica no Hospital de Clínicas
de Curitiba. Em seguida, desembarcou em
São Paulo em busca de novos conheci-
mentos e fez o curso de especialização em
cardiologia.
À época ocorria o primeiro transplante
de coração no Hospital das Clínicas com a
equipe do dr. Zerbini, enquanto o sonho do
Instituto do Coração começava a se delinear.
E dr. Protásio era escolhido entre um grupo
de jovens cardiologistas para ir aos Estados
Unidos aperfeiçoar-se em terapia intensiva.
trombo na artéria coronária era conseqüência
de infartos graves. Foi ainda nessa época que
estudos experimentais determinaram que o
infarto é um fenômeno dinâmico, evolutivo.
Quer dizer, começa com a obstrução do fl uxo
sanguíneo para determinada área levando as
células miocárdias a morrer com o passar do
tempo. Daí surgiu a defi nição de janela tera-
pêutica. Em resumo, diria que os conceitos de
monitorização à beira do leito e da redução
do tamanho do infarto foram revoluções de
então, pois criaram as bases fi siopatológicas
para o que fazemos hoje.
De lá para cá, quais as transformações mais relevantes?Mais tarde houve o desenvolvimento da
angioplastia. Hoje destaco a aplicação da
biologia molecular. Atualmente, através de
ferramentas diversas, olhamos mecanismos
subcelulares, os fenômenos que ocorrem
dentro da célula. E que a biologia molecular
consegue identifi car talvez até modular e
modifi car. Avalio que a medicina está sendo
reescrita com base na biologia molecular. A
identifi cação do genoma humano é de extra-
ordinária importância. Anos atrás, achávamos
que o homem tinha 100 mil genes. Hoje sabe-
mos que tem apenas 30 mil, ou talvez seja só
25 mil. Foi preciso decodifi car e entender o
genoma humano. Agora vem a fase mais com-
plicada que é identifi car quais os genes que
estão envolvidos com cada uma das doenças.
É necessário compreender que determinadas
doenças são alteradas por um gene, outras
doenças, como a arteriosclerose, são pro-
duzidas por múltiplos genes. A compreensão
permitirá que se mapeie as origens genéticas
das doenças. Já fi cou claro que não é só o
gene que determina se uma pessoa terá uma
determinada doença, é preciso considerar a
ação do ambiente, os hábitos. Agora temos a
questão das células-tronco que ainda necessita
de mais pesquisas.
Nos EUA com o dr. Ganz
S O C E S P E M D E S T A Q U E 11
OS BETA-BLOQUEADORES PERDERAM ESPAÇO NO TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL?
PONTO DE VISTAESTÍMULOAO DEBATE DE IDÉIAS
• Dr. Juliano de Lara Fernandes, cardiologista asso-
ciado à Regional Campinas da SOCESP e membro
da Diretoria, foi premiado no quesito Saúde do
Coração com o Prêmio Saúde é Vital, promovido
pela revista Saúde, da Editora Abril. A iniciativa
visa divulgar e incentivar trabalhos realizados por
cientistas dedicados à melhoria da saúde.
• Os cardiologistas Daniel Lages Dias, vice-presi-
CURTAS
Sim. Atualmente o uso dos beta-bloqueadores
para o tratamento da hipertensão arterial sem
indicações específi cas, como taquicardia, angina
do peito, infarto do miocárdio ou insufi ciência
cardíaca, entre outras, tem sido questionado.
Apesar de haver ainda uma ampla prescrição dessa
classe de medicamentos, ela vem gradativamente
sendo reduzida. Isso se deve principalmente aos
seguintes aspectos:
1. Alguns estudos sugerem que não haja efeitos
cardioprotetores dos beta-bloqueadores (princi-
palmente o atenolol) quando comparados a outros
medicamentos anti-hipertensivos;
2. O uso dessa classe poderá resultar em maior
probabilidade de diabete melito e alterações na
sensibilidade periférica à ação da insulina;
3. Recente metanálise (Lancet 2004;364:1684),
analisando cinco grandes estudos (17.671 pa-
cientes), concluiu que atenolol esteve associado
ao signifi cante aumento de todas as causas de
mortalidade e AVE. Esses achados poderiam ser
aplicados a todos os demais representantes dessa
classe? Essa é uma questão que ainda carece de
apropriada resposta;
4. Outra metanálise envolvendo 105.951 pacien-
tes (com o uso de vários beta-bloqueadores)
mostrou que houve aumento do risco de AVE
comparado com outros medicamentos (Lancet
2005;366:1545);
5. Entretanto, esses achados de aumento do risco
de AVE parecem estar afeitos aos pacientes
com idade superior a 60 anos. Assim, não
recomendamos o uso dos beta-bloqueadores
para os indivíduos idosos, a menos que haja
uma formal indicação para eles;
6. No MRC Trial, envolvendo 8.700 pacientes, o
uso de propranolol x hidroclortiazida ou placebo
resultou em maior risco de AVE no grupo pro-
pranolol que, por sua vez, teve taxa mais baixa do
que a observada no grupo que fez uso de placebo
(Br Med J [Clin Res Ed] 1985;291:97). É, portanto,
necessário considerar que em estudos comparando
beta-bloqueadores a placebo houve redução de
AVE muito superior ao observado com placebo
para o tratamento ativo;
7. No estudo LIFE (Lancet 2002;359:995), que
comparou losartan com atenolol, o grupo que fez
uso do beta-bloqueador teve signifi cativamente
maior chance de AVE fatal e não fatal.
8. Por fi m, no recente estudo ASCOT (Lancet
2005,366:895 e Lancet 2005;366:907) observou-se
mais baixa taxa de mortalidade com o regime anti-
hipertensivo baseado em amlodipino comparado
com aquele que envolveu o uso de atenolol, fazen-
do com que o estudo tenha sido prematuramente
interrompido pela sensível maior ocorrência de
eventos no grupo dos beta-bloqueadores.
Enfi m, os beta-bloqueadores perderam espaço no
tratamento da hipertensão arterial? Sim, perderam
espaço no tratamento da hipertensão arterial
principalmente naqueles pacientes sem indicações
formais para o seu uso, como taquicardia, angina do
peito, infarto do miocárdio ou insufi ciência cardíaca,
entre outras. Fora dessas condições peculiares é
preciso que se avalie criteriosamente a relação cus-
to-efetividade de sua prescrição, sobretudo como
primeira escolha no tratamento da hipertensão
arterial sistêmica
dente da Regional Campinas, e Otávio Rizzi Coelho,
ex-presidente da SOCESP (biênio 2004-2005),
receberam, em 31 de outubro, o Diploma do Mérito
Médico “Doutor Roberto Maia Rocha Brito”. A
homenagem da Câmara Municipal de Campinas
foi indicação do vereador Paulo Oya (PDT), que
destacou os especialistas entre as personalidades
que se destacaram na medicina em 2006.
E a farmacogenética, qual sua im-portância?No futuro, conhecendo o genoma de cada
pessoa, cada um de nós terá um chip iden-
tifi cando a composição gênica. Poderemos
saber em termos de terapêutica a forma como
determinado cidadão responde a esta ou àquela
droga. Conseguiremos fazer uma medicina
personalizada, uma terapêutica com doses mais
precisa e individualizadas e sem efeitos colate-
rais indesejáveis. Isso já está acontecendo, resta
saber quando terá aplicabilidade prática.
Enfim, são muitos os marcos que transformaram a cardiologia recen-temente...Diversos; há também os diagnósticos por
imagem. Hoje temos ressonância magnética,
tomografi as, ultra-som, radioisótopos, eco-
cardiograma. São métodos que permitem
visualizar, por exemplo, os vasos do pescoço,
as artérias coronárias de maneira não invasiva,
sem introduzir cateter. Outra grande evolução
é o desenvolvimento dos remédios. As esta-
tinas, para citar um caso, são extremamente
efi cientes, podem mudar o curso da doença.
Veja bem, mudar o curso das doenças pelo
conhecimento dos fatores de risco. Isso
também é um desenvolvimento importante,
porque o conhecimento da terapêutica e dos
mecanismos da evolução da arteriosclerose
levou a uma enorme alteração nas maneiras
de, por exemplo, a hipertensão, a aterosclerose
e a insufi ciência cardíaca serem tratadas. E aí
temos de destacar ainda as intervenções com
cateter, como a angioplastia, e a própria cirurgia
cardíaca que tiveram avanço espetacular.
O que ressalta de seus tempos de pre-sidente da SOCESP? Foi uma época muito boa. Muitos ajudaram.
Começamos a trazer o pessoal de ciências
básicas para participar do congresso, o que
hoje é comum. Criamos os primeiros de-
partamentos: enfermagem, psicologia... Isso
depois se desenvolveu extraordinariamente
agregando bastante. Foi nessa época a aqui-
sição da primeira sede na Avenida Paulista. E
demos os primeiros passos no processo de
educação continuada.
Por Fernando Nobre, coordenador da Unidade Clínica de Hipertensão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto; Doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP;Fellow da European Society of Cardiology
S O C E S P E M D E S T A Q U E12
PERGUNTAS E RESPOSTAS TIRE SUAS
DÚVIDAS CIENTÍFICAS
Quando falamos em caloria, sabemos que as gorduras são altamente energéticas, mas, hoje em dia, a principal atenção a ser dada a este nutriente não é somente à sua densidade calórica. O conhecimento científi co a respeito da composição e do metabolismo de óleos e gorduras no organismo avançou muito nos últimos anos.
As gorduras de um modo geral apresentam ácidos graxos saturados e de cadeia longa, o que confi gura sua característica mais sólida. A diferença entre o óleo e a gordura reside no fato de apresentar-se em estado líquido ou sólido à temperatura ambiente (20 graus).
Na natureza, os ácidos graxos geralmente são encontrados na confi guração cis. Nesta confi guração os hidrogênios ligados ao carbono da dupla ligação se encon-tram do mesmo lado. No caso dos ácidos graxos trans, os hidrogênios ligados aos carbonos de uma insaturação estão em lados opostos (Andreo & Jorge, 2006).
Os ácidos graxos trans possuem propriedades físicas semelhantes às dos ácidos graxos saturados. E sempre estiveram presentes na alimentação humana, através do consumo de alimentos provenientes de animais ruminantes, sendo encontradas em alguns alimentos de origem animal como carne, leite e manteiga (Martin e cols, 2004).
A produção de gordura vegetal hidrogenada no Brasil começou por volta de 1960.
Nos alimentos industrializados a gordura trans é resultado da hidrogenação parcial, no qual a gordura vegetal (líquida na temperatura ambiente) é aquecida e submetida ao processo de hidrogenação, com a adição de catalisadores metálicos e hidrogênio, fazendo com que os átomos de carbono se unam em confi guração linear e permaneçam em estado sólido à temperatura ambiente. Os ácidos graxos insaturados (gordura vegetal) possuem átomos de carbono que se alinham de forma não linear,
O CONTROLE CALÓRICO DOS ALIMENTOS E AS GORDURAS TRANS
resultando em estado líquido à temperatura ambiente. Daí a razão do processo de hidrogenação para endurecimento desta gordura vegetal.
Em 1990, Mensink & Katan, demonstraram que a ingestão elevada de AGT (ácidos graxos trans) aumentava os níveis da lipoproteína de baixa densidade (LDL-c) de maneira similar aos ácidos graxos saturados. Entretanto, foi observado que os AGT reduziam os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL-c). Estudos recentes demonstraram que, quando se comparou o consumo de valor calórico proveniente de gorduras saturadas ou insaturadas cis, o consumo de gorduras trans elevou os níveis de LDL-c, reduziu os níveis de HDL-c, e aumentou a proporção de colesterol total para HDL-c, considerado atualmente um importante preditor de risco para doença cardíaca coronariana. Outros estudos têm sido realizados, demonstrando efeitos adversos; Ascherio et al, 1999, sugeriram que a elevação em 2% na ingestão de ácidos graxos trans pode estar relacionada a um aumento de 0,1 na relação LDL-c/HDL-c, e que o aumento de uma unidade (1,0) nesta relação está associada à elevação em cerca de 53% do risco de doenças cardiovasculares.
Vários trabalhos relatam a relação entre consumo de gordura trans e aumento de LDL-c e triglicérides (Hu et al, 2001), bem como a infl uência da ingestão elevada de AGT sobre os níveis de lipoproteína(a) Lp(a), levando a um aumento signifi cativo dessa lipoproteína, quando diferentes teores de ácidos graxos saturados foram substituídos por AGT.
Segundo Mozaffarian et al, independentemente da elevação dos níveis de lipoproteína lp(a), a gordura trans também aumenta os níveis de triglicérides quando compa-rada com a ingestão de outras gorduras, o que caracteriza um aumento em diferentes fatores de risco para a doença cardíaca coronariana (Mozaffarian et al, 2006).
Recentes evidências indicaram que as gorduras trans promovem infl amação, o que correlaciona este tipo de gordura com aterosclerose, morte súbita por meio
Por Liliana Bricarello, Roberta Soares Lara Cassani e Rosana Raele
de causas cardíacas e diabetes. Associação positiva foi encontrada entre proteína C reativa (PCR) e risco para doença cardiovascular, sendo que diferenças nos níveis de PCR foram observadas por meio da ingestão média de gorduras trans em torno de 2,1%, quando comparada com 0,9% do total da ingestão energética, o que correspondeu a aumento no risco cardiovascular de aproximadamente 30% (Vasan et al, 2003).
O grande interesse em utilizar gordura hidrogenada na produção de alimentos é com o objetivo de melhorar as características físicas e sensoriais dos alimentos como estabilidade na fritura, aumenta de tempo de prateleira, e diminuição do custo.
Há dez anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão moderada desse tipo de gordura reconhecendo o impacto negativo sobre a saúde que a gordura trans acarreta. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) lançou uma portaria obrigando as indústrias alimentícias a declararem o teor específi co de GT no rótulo dos alimentos. Até julho de 2006, as indústrias de alimentos já deveriam estar com seus rótulos adequados.
O consumo recomendado de GT ainda não foi totalmente estabelecido, mas o FDA (Food and Drug Administration), em 2003 publicou uma recomendação em que a ingestão diária máxima de gordura saturada + trans deve ser de 20g sem fator de risco e 15g com fator de risco. Já a OMS estabelece a ingestão diária máxima de GT de até 1% das calorias diárias ingeridas, ou seja, em uma dieta de 2000 calorias, isso equivale a 2,2g de GT.
Quantidade de GT em alguns al imentos (FDA,2003):
- margarina tablete (100g) = 3.5g- batatas fritas (1 pacote grande) = 6.0g- biscoitos tipo cookies (2 unidades) = 2.5g- biscoitos recheados (1 unidade) = 1.7g- pipoca de microondas (1 pacote) = 2.5gA realização de mais estudos para determinar o
conteúdo nos alimentos e estimar a quantidade a ser ingerida com seguridade, e de ações governamentais para incentivar a tecnologia para a redução dessas gorduras sem elevar o conteúdo de ácidos graxos saturados devem ser incentivadas, além de uma ampla divulgação pelos meios de comunicação para esclareci-mento à população.
Mais uma vez vale a pena ressaltar que trabalhar um plano alimentar adequado não constitui apenas em adequar calorias, mas especialmente em quantifi car e qualifi car a fonte destas calorias, para que assim a seguridade alimentar seja garantida e a prevenção às doenças cardiovasculares seja efetiva.
Referências:
Andreo D, Jorge N. Gordura Trans e as implicações na saúde humana. Rev Nutrição em Pauta, São Paulo, p. 11-15, set./out., 2006 Ascherio A, Katan MB, Zock PL, Stampfer MJ, Willet WC. Trans fatty acids and coronary heart disease. N Engl J Med 340(25):1994-8, 1999 Hu FB, Manson JE, Willet WC. Types of dietary fat and risk of coronary health disease: a critical review. Journal of American College Nutrition v.20:p.5-19, 2001 Martin CA, Matsushita M, Souza NE. Ácidos graxos trans: implicações nutricionais e fontes na dieta. Rev Nutr Campinas 17(3):361-368, jul./set., 2004 Mensink RP, Katan MB. Effect of dietary trans fatty acids on high-density and low-density lipoprotein cholesterol levels in healthy subjects. N Engl J Med
323(7):439-45, 1990 Mozzaffarian, D.; katan, M.B.; Ascherio, A.; Stampfer, M.J.; Willett, W.C. Trans fatty acids and cardiovascular disease. N Engl J Med 15 (1): 1601-1613, april, 2006 Vasan, R.S.; Sullivan, L.M. Roubenoff, R.Infl ammatory markers and risk of heart failure in elderly subjects without prior myocardial infarction: the Framingham Heart Study. Circulation 107: 1486-1491, 2003.