Post on 26-Jul-2015
description
5
Sociedades pré-coloniais da Amazônia
Fazes da Pré-História Amazônica
O sistema de períodos da pré-história amazônica e das Américas é
diferente dos propostos para a Europa, não usam os termos paleolítico, mesolítico
e etc. O continente americano usa-se os termos: paleoíndio, arcaico e formativo
para definir as fases da história da Amazônia, porém não definem uma etapa
evolutiva e não são exclusivos.
A sequência cultural defendida por Anna Roosevelt é que a pré-história
amazônica vai desde a ocupação paleoíndigena (ocorrida há 11200 anos) até a
extinção dos cacicados complexos já na era cristã. Podendo dividi-la em quatro
fases Paleoindígena, Arcaica, Pré-história Tardia e Extinção dos Cacicados.
Paleoindígena: na fase paleoíndigena a população era pouco numerosa,
dispersa, nômade e organizada socialmente em bandos. Os bandos da América do
sul, apesar de serem da mesma época dos da América do norte, possuíam suas
particularidades.
Enquanto os paleoíndigenas da América do Norte caçavam animais de
grande porte como mastodontes, bisões, cavalos e elefantes antigos e etc. Os da
América do sul preferiam moluscos, plantas e animais de pequeno porte.
Acredita-se que a ocupação paleoíndigena amazônica ocorreu por volta de
9200 a.C, e se baseava na coleta de frutas, caça, pesca e coleta de moluscos,
comprovado assim por restos alimentares encontrados em sítios arqueológicos na
região.
Arcaica: Nessa fase a cultura era mais diversificada que na paleoíndigena,
o homem arcaico buscava novos recursos alimentares em savanas, estepes, no
litoral e nos lagos. A caça não era mais o principal meio de conseguir alimento, a
coleta vegetal e animal aumentaria e influenciaria a domesticação de plantas e
animais.
É nessa época que datam as primeiras fabricações de cerâmica por volta
de 6000 a.C, localizavam-se ao longo do rio Amazonas. Entre 2000 e 100 a.C
começou o desenvolvimento de horta de raízes e modelagem de vasos com
6
pinturas geométricas vermelhas, o que prova isso são sambaquis encontrados no
delta do baixo rio amazonas. Em sambaquis são encontrados resquícios dessas
civilizações como pedras lascadas, machadinhas, pedras de quebrar nozes,
moedores, utensílios e diversos materiais.
Pré-história Tardia: Aconteceu por volta dos anos 1000 a.C e 1000 d.C,
caracteriza-se pelo surgimento de povoamentos ao longo dos principais braços e
deltas dos rios.
Essas sociedades já possuíam um grau de complexidade significativo na
economia, demografia e em organização político-sociais. Dominavam culturas tão
grandes muitas maiores que Estados pré-industriais da Europa, ou civilizações
minóicas ou Estados africanos como Ashanti e Benim.
Essas civilizações são chamadas de Cacicados Complexos. Essas
sociedades indígenas complexas se alastravam pelo longo das várzeas dos rios
Amazonas e Orinoco, nos Contra fontes orientais dos Andes e na Região costeira
do Caribe.
Por volta de 1000 a.C desenvolveram-se sociedades de construtores de
aterros artificiais, e foram sucedidos por sociedades complexas e hierarquizados,
possuíam cerâmica refinada, como os Marajoaras e Tapajônicas.
Extinção de Cacicados: As sociedades complexas chamadas de
cacicados foram sustentadas pelo meio ambiente amazônico por cerca de 2000
anos, e perdurou até a chegada de europeus á região. Iniciaram fases de conquista
e colonização em nome da civilização cristã, procura por riquezas e poder material
por parte européia, guerras, escravidão indígena, contágio por doenças
desconhecidas trazidas por europeus culminou no desaparecimento dos cacicados.
Os sobreviventes dos massacres europeus internaram-se na floresta
formando novamente sociedades tribais independentes, voltando aos padrões que
antecederam os cacicados. Porém sem nenhum vestígio de complexas e grandes
civilizações de pré-históricas tardias.
7
Nova Interpretação da Pré-história Amazônica
De acordo com Antropólogos, a Amazônia era vista como portadora de
meio ambiente pobre sem possibilidade de concentra uma densa população; não
podendo ter ocorrido uma cultura complexa no passado, como nos Andes, além de
que os vestígios de civilização na região eram de culturas pré-históricas e ligadas a
invasão e migração de outras áreas. Porém as pesquisas provam ao contrário
graças aos trabalhos arqueológicos pode ser feito uma reavaliação de conceitos.
A principal duvida é se as civilizações complexas da Amazônia oriental se
originam das culturas dos Andes que se desenvolveram por volta de 2500 a 100
a.C, ou se originou dos cacicados complexos amazônicos ceramistas da Amazônia
do baixo rio Amazonas que se difundiu na direção das várzeas pré Andinas.
Pelos Andes
Há vestígios que esses vestígios de civilização tenham sido trazidas por
civilizações andinas de ambientes mais favoráveis a vida humana, o que são
estudadas evidencias de complexidade social e econômica ser parecida com a
circum caribenha que teve sua decadência próximo a conquista européia.
Pela Amazônia
A partir da década de 70 estuda-se a tese de que a Amazônia era um
recipiente de culturas que produziam inovações tecnológicas como cerâmica e
desenvolvimento de agricultura.
O inicio da agricultura e de cerâmica encontrados na Amazônia central se
originaram de populações fixadas nas planícies aluviais da Amazônia ou do norte
da América do sul. Posteriormente difundida para outras áreas do continente
americano.
8
Amazônia Indígena nos Séculos XVI e XVII
As informações gerais sobre povos indígenas da Amazônia são precárias e
baseiam-se de relatos de cronistas dos séculos XVI e XVII, como frei Gaspar de
Carvajal 1542, Francisco Vásquez, Altamirano de Monhguia 1561 entre outros.
O que se sabe de geral é que se localizavam em assentamentos no sentido
do curso das águas através de províncias, relatadas nos documentos épicos,
dividiremos províncias pela ordem estabelecida por Antonio Porro 1995. Para
explicar a formação das sociedades indígenas na Amazônia dos séculos XVI e XVII
serão usadas três províncias Aparia, Omáguas e Aisuari.
Província de Aparia.
Localização
Estendia-se do baixo rio Napo até a região do Madeira, Javari e Iça ambos
afluentes do Solimões pelas margens esquerdas e direitas, região onde se localiza
São Paulo de Olivença, ocupando cerca de 600 quilômetros da calha do Napo ao
Solimões.
Povoação
Cerca de vinte povoados de até cinquenta grandes casas cada, em ambas
as margens do rio, separadas por plantações de milho e mandioca.
Capital
A sede era Aparia Grande, na boca do rio Javari, possuía alguns milhares
de habitantes.
Política
A chefia ficava com o grande senhor de Aparia, chefe do povoado principal,
onde sua autoridade era da foz do rio Jandiatuba até a aldeia de Aparia Menor. (ver
mapa em anexo).
9
Costume
Usavam camiseta pintada com desenhos e cores ao modo do Peru e
traziam enfeites de ouro fino que vinha de outra região, que o povo aparia mantinha
relação e possivelmente falava Tupi.
Identificaram-se índios Aricanas, que se vestiam com roupas de algodão
pintadas a pincel, e que as suas mulheres costumavam andar calçadas com
botinhas. Habitavam o Solimões entre as fozes do Iça e Tonantins. Por causa das
expedições européias houve mudanças geográficas de regiões.
Província dos Omaguás ou Cambebas
Localização
A baixo da boca do rio Napo, a cerca de 120 quilômetros acima da foz do
Javari se estendia até a boca do Rio Napo, a cerca de 120 quilômetros acima da
foz do javari estendendo-se até a boca do Mamoriá, entre o Jutaí e Juruá, media
mais de 700 quilômetros da calha do amazonas/Solimões. Além de uma área
despovoada que servia como zona de proteção.
Povoação
Quatrocentas aldeias, povoações muito grandes com casas fortificadas
como estacas. No final do século apenas trinta e oito aldeias e vinte nas ilhas, a
drástica diminuição se deu por epidemias e guerras intertribais.
Política
Chefiadas por chefes locais, enquanto a chefia da província ficava na mão
de uma espécie de rei divino a que todos obedeciam.
Costume
Chamaram atenção pela deformação artificial do crânio, o que fez com que
fossem chamados de Cambebas pelos exploradores, usava roupas de pano de
algodão em diversas cores. Foram considerados os de melhor organização
espacial e demográfica, porém muitos foram exterminados e reduzidos a pequenos
grupos, logo sendo definidos como caboclos.
10
Aisuari
Localização
Acima da boca do rio Tefé até próximo do rio Coari, expandiu-se
territorialmente cerca de 120 quilômetros a Oeste, ultrapassando a foz do Juruá.
Nessa expansão territorial ocupou área pertencente aos Cambebas.
Povoação
Vinte e oito léguas mais abaixo do rio Juruá na mesma margem até oitenta
léguas, com uma povoação numerosa.
Comércio
Possuíam ouro, trazido pelos índios Manaós do rio negro para Japurá,
traziam pequenas laminas de ouro, urucum, raladores de mandioca, redes de miriti,
cestarias e tacapes; que eram trocados por cerâmica de excelente qualidade
produzida para o comercio.
Costume
Interagiam com outros povos no comercio e usavam pequenos pingentes
de ouro no nariz e nas orelhas.
Demografia Indígena
A partir de choque entre dados demográficos de crônicas escritas por
expedicionários que exploraram essa região e pesquisas arqueológicas feitas nas
áreas citadas chaga-se a um numero aproximado da população indígena na época
da colonização.
No século XVI a Amazônia era densamente populosa, a várzea detinha
maior parte da população enquanto a terra firme era rarefeita, estima-se que sua
densidade era de 0,2hab./km2, correspondente a um milhão de habitantes. Na
várzea de 14,6hab./km2 o que somada á terra firme totaliza dois milhões de
habitantes.
11
Já se estipulou a possibilidade da Amazônia possuir em média 3.652.000
habitantes, logicamente antes do contato com europeus.
Os números são provisórios, mas servem para nortear-se da grandeza do
povo amazônico.
Descobrimento e Conquista da Amazônia
Expansão Marítima Européia
A crescente população, os anseios por novos mercados, necessidade de expansão de capital e a busca por novas terras levaram a países como Espanha, Portugal, Holanda, frança buscarem novos horizontes.
Portugal
Causas:
Situação econômica e política precária no final do século XVI
Crise feudal portuguesa;
Guerra entre Portugal e Castela inevitável
Revolução de Avis
Formação do Estado Nacional Português unificado
União com Espanha para expedições financiadas pelo governo.
Espanha
Luta contra mulçumanos em 718 por oito séculos
Formação de Reinos de Castela, Leão, Navarra e Aragão e
unificação;
Financiamento de exploradores para captação de recursos
Crise geral do século XVI;
Ascensão de Carlos V que englobava territórios austríacos.
As conseqüências em alguns países forma sofridas até hoje em países
colonizados e neo-colonizados, a colonização da Amazônia, por exemplo, trouxe
12
doenças desconhecidas para o povo que aqui vivia, dizimou etnias, levou ao velho
continente, riquezas incontáveis de nossas terras e enriqueceu ainda mais os
chamados países fiadores (Inglaterra e Holanda).
Expedições Ibéricas na Amazônia
A partir do tratado de Tordesilhas de 1494 a parte do território brasileiro
que está a Amazônia pertencia à Espanha. Apenas uma pequena parte a leste
pertencia a Portugal. Houve quase duas dúzias de expedições espanholas pela
região, dessas apenas duas finalizaram-se: a de Orellana em 1542 e a de Pedro
Ursúa/Lopo de Aguirre, em 1560-1561:
Expedição de Orellana
Depois de conquistar o Peru, Pizarro, inteirava-se de noticias a respeito de
duas regiões fabulosas que prometiam ouro e canela, o que levaria a explorar o
noroeste da região amazônica.
A expedição de Orellana foi apenas uma sub-expedição, pois era um
desdobramento da expedição de Pizarro, que tinha o objetivo de atingir uma nova
fonte de especiarias para concorrer com portugueses que dominavam o mercado
de especiarias da Europa.
Iniciaram-se em Cuzco, passando por Quito de onde partiu em fevereiro de
1541, com 220 espanhóis a cavalo e quase 4000 índios, com rumo desconhecido,
atrás do país da canela e do El dorado, o que não passava de pequenas arvores
de canela e algumas montanhas ásperas inabitáveis. Sem comida sem ouro e nem
canela passou a Orellana prosseguir o rio coca com cerca de 60 homens a procura
de mantimentos enquanto Pizarro o esperava na região de Zumaco.
Orellana procurava povoações para suprir o mantimento até perceber que
não poderia mais retornar ao acampamento de Pizarro. Iniciou-se a viagem da
perdição. Uma aventura de oito meses de navegação por todo Solimões-
Amazonas, até o atlântico, em agosto de 1542, e foi registrada uma crônica pelo
dominicano frei Carvajal.
13
Após isso voltou à Espanha onde foi condecorado pelo rei a explorar a
região as suas custas, mais ao retorno se confundiu com as bocas dos rios
Amazonas e Pará e acabou morrendo em 1546 sem rumo.
Expedição de Ursúa
Com a falsa notícia de regiões fabulosas de riquezas infindáveis na
América, inúmeras expedições foram financiadas e inutilmente executadas, com o
objetivo de achar esses tais lugares.
A expedição de Ursúa e Aguirre não foi diferente, percorreram todo o
Marañon e o Amazonas tentando encontrar essas terras.
No decorrer da viagem por Marañon assassinaram Ursúa e quem liderou
os expedicionários foi Lope de Aguirre, desligaram a Amazônia do domínio
espanhol e aclamaram D.Fernando de Guzman comandante da expedição, o que
não era mais que um mandado de Aguirre. Que posteriormente foi morto.
Até chegarem à Venezuela e não encontrarem nada, a Espanha se
desinteressa pela Amazônia e com a união ibérica os portugueses iniciam a fase
de penetração na região.
Conquista Lusitana da Amazônia
O contexto em que se encontra o inicia da colonização portuguesa na
região amazônica é de unificação de coroas do rei Filipe II, tanto de Portugal
quanto da Espanha.
Após de mais de um século de exploração do litoral brasileiro, em 1616
iniciou-se a colonização da Amazônia. Nessa época a Amazônia representava
apenas um problema militar, pois já era cobiçada por ingleses e franceses, que já
exploravam a economia da região, fundando até mesmo cidades como São Luís
em 1612, mesmo pertencendo a Portugal que fazia parte da união ibérica.
No inicio de século XVII iniciou-se os processos para expulsar estrangeiros
da região do delta do amazonas até o Xingu. Expulsaram franceses do Maranhão e
iniciaram a conquista até o amazonas. Dentre os personagens se destacam
Francisco Caldeira Castelo Branco, que comandou uma frota de três navios com
14
150 soldados quem em 25 de dezembro chegou ao local da futura cidade de Belém
onde foi construído o forte do presépio que tinha o objetivo de manter a posse de
Portugal.
Nesse seu momento a Amazônia se transformou em uma região militar e
geopolítica pouco aproveitável economicamente.
Foram criadas sedes administrativas e Estados como o Maranhão que
compreendia as capitanias do Ceará, Maranhão, Grão Pará, Gurupá e de Caeté
Cametá Marajó, Tapuitapera, do Cabo Norte e do Xingu. Até ser extinto e voltar a
ser subordinado ao governo geral e nasceu o maranhão e grão Pará, e depois grão
Pará e maranhão com sede em Belém e depois foi desmembrado enfim Grão Pará
e Rio Negro e o Maranhão e Piauí separados.
Expedição de Pedro Teixeira
Depois de contornados os impedimentos administrativos iniciaram-se a
expedição de Pedro Teixeira que teve inicio em Belém, foram Brieba e Toledo
como guias, Jacomé de Noronha, 47 canoas, 70 portugueses cerca de dois mil
índios remeiros e flecheiros.
Saíram em julho para Cametá onde em 26 de outubro de 1637, partiu para
Gurupá. Doze meses se passaram até chegar à Quito no Peru, foram recebidos
com festa mais ao mesmo tempo com desconfiança da coroa peruana, pelo fato de
possibilitar uma ameaça a soberania do peru.
Na volta de quito o rei do peru ordenou o acompanhamento da expedição
até Belém. Foram os jesuítas Cristóbal de Acuña e Andrés de Artieda.
Pedro Teixeira ordenou seu subordinado Pedro Favela que fosse com a
maior parte da tropa ao local onde Juan Palácio foi morto por índios Encabelados,
depois de um período amistoso índios e portugueses entraram em conflito e Favela
com sua tropa incendiaram e dizimaram a aldeia contrária. Pedro Teixeira aprovou
a atitude de Favela quando voltou de Quito.
15
Posse
Ao retornar da expedição Pedro Teixeira na confluência dos Rios Napo
com Aguarico tomou posse solenemente em 16 de agosto de 1939 das terras em
nome do rei Filipe IV da Espanha, pela coroa portuguesa. Fundou Franciscana
povoação que delimitaria os domínios portugueses e espanhóis.
A expedição chegou a Belém no dia 12 de dezembro de 1639. Foram dez
meses de descida. Os mercedários do Peru ficaram em Belém enquanto Teixeira
foi pra São Luis com os jesuítas.
Cristóbal de Acuña foi para Madri onde relatou ao conselho da índia o que
viu durante sua viagem e enumerou vantagens como também a necessidade de
colonizar a Amazônia. Reuniram em crônicos aspectos físicos, fauna e flora da
região, porém foi proibido o seu livro por revelar detalhes das terras e poderia
levantar cobiça de países estrangeiros na região.