Post on 18-Apr-2015
Desde que nasce até que morre, o ser humano vive integrado no meio social.
Precisamos dos outros para o nosso bem estar físico e psicológico ao longo de toda a vida.
Só sobrevive porque vive em interacção com os outros, num meio construído, modificado, que dá respostas às suas necessidades.
Somos decididamente dependentes
Precisamos de estar com os
outros
Precisamos que gostem de nós
Precisamos da sua aprovação
Precisamos de estar integrados
Precisamos de ser aceites pelos
grupos
CARATERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES PRECOCES
A vocação social, manifesta-se logo após o nascimento nas relações precoces que o bebé estabelece com a mãe e com os adultos que cuidam do recém-nascido.
É nas relações com os outros que o nosso eu se constrói, nas suas múltiplas manifestações.
O ser humano, quando
nasce, é um ser imaturo.
Torna-o dependente, durante muito tempo, dos adultos: para se alimentar, para ser protegido, enfim, para sobreviver.
Precisa dos cuidados dispensados, nos primeiros anos de vida, pelos pais, ou outros cuidadores, para poder sobreviver física e psiquicamente.
A IMATURIDADE DO BEBÉ HUMANO
O Bebé
É um ser ativo
Pode mostrar competências débeis e ingénuas
Necessita de um agente maternante para o alimentar, para lhe dar afeto, ou seja, para lhe dar os cuidados básicos que são indispensáveis.
AS COMPETÊNCIAS BÁSICAS DO BEBÉ
Nos últimos anos assistimos a uma extraordinária evolução nas investigações sobre as competências do recém-nascido, designadamente na relação com o meio e, sobretudo, com os outros seres humanos.
Foi graças às gravações vídeo das expressões faciais que se registou, por exemplo, o momento em que aparecem as primeiras emoções precoces, como o medo, a raiva, a alegria.
• Abandonou-se a ideia de que o bebé era um ser passivo nos primeiros tempos de vida;
• Constatou-se que apresenta um conjunto de capacidades e competências que estimulam aqueles que o rodeiam a satisfazer as suas necessidades.
• Mostrou-se que as capacidades dos bebés, designadamente a capacidade para comunicar, são muito superiores às que, até há pouco tempo, se imaginava.
COMPETÊNCIAS PARA COMUNICAR
A comunicação entre o bebé e as figuras parentais faz-se através de um conjunto de trocas, de sinais que manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional.
Este processo foi designado por regulação mútua: processo através do qual o bebé e os progenitores comunicam estados emocionais e respondem de modo adequado.
BEBÉ
Influencia o modo como os adultos dispensam os
cuidados de que necessita.
É capaz de dirigir a sua atenção para estímulos do meio
ambiente: distingue sons, vozes, imagens e odores.
Recorre a um conjunto de estratégias comportamentais para chamar a atenção da mãe, ou de outro cuidador, no sentido
de obter uma resposta para o que precisa.
Ser ativo que emite sinais daquilo que pretende e que responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado.
Meios a que o bebé recorre para manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação
Choro Expressões Faciais Sorriso Vocalizações
É uma das formas de comunicação que desencadeia confiança e afecto reforçando os esforços dos adultos em satisfazer o bebé.
O SORRISO
O primeiro sorriso pode ocorrer após o nascimento, de modo espontâneo, efeito da atividade do sistema nervoso central.
Depois de alimentado e ao adormecer, é frequente esboçar um sorriso. Estes sorrisos são automáticos, reflexos e involuntários.
O sorriso é um sinal que reforça as relações positivas do adulto favorecendo a sua repetição. É um comportamento intencional que visa manter a comunicação com aqueles que tratam do bebé.
O choro é o meio mais eficaz para manifestar uma necessidade ou um mal-estar.
O CHORO
Choro básico de fome
Choro de dorChoro de raiva
Choro de frustração
AS EXPRESSÕES FACIAIS
Surpresa
TristezaMedo
Alegria Raiva
São emoções que se podem manifestar através de expressões faciais. As expressões faciais têm um valor comunicacional porque transmitem uma mensagem que tem a expetativa de uma resposta.
AS EXPRESSÕES FACIAIS
Os bebés desde muito cedo emitem sons vocais como resposta às vocalizações dos adultos.
AS VOCALIZAÇÕES
Ao tipo de emissões vocais produzidas entre os 3 e os 6 meses dá-se o nome de lactação, que se caracteriza essencialmente por cadeias de sílabas repetitivas: ta, ta, ta, pa, pa, pa,…
As vocalizações que vão evoluindo para forma de conversa são um reforço para a atenção dispensada pelos adultos.
O papel da mãe é muito importante para estabelecer comunicação com o bebé para proporcionar respostas positivas através do afeto, amor, segurança, confiança…
COMPETÊNCIAS BÁSICAS DA MÃE
A mãe interpreta adequadamente os sinais
emitidos pelo bebé e responde de forma
apropriada
O bebé obtém o que precisa, reagirá com
alegria
Interacção equilibrada
CONTINENTE
O bebé vivencia medos, emoções, receios,
angústia. É o que se designa por conteúdo.
Reage às necessidades do bebé dando acolhimento à angustia e à ansiedade do filho sem as devolver através de comportamentos ou atitudes ansiosas e angustiadas. A boa mãe comunica eficazmente.
CONTEÚDO
Modelo Continente - Conteúdo
IMPORTÂNCIA DAS FANTASIAS DA MÃE FACE AO BEBÉ
A relação mãe/bebé inicia-se quando a mulher tem conhecimento da sua gravidez.
As fantasias são um conjunto de suposições sobre o sexo do bebé, com quem será parecido, como se
comportará.
Estas fantasias fazem com que muitas mulheres falem com o seu bebé, construindo-se, assim, um vínculo a um bebé imaginário.
O bebé idealizado terá de dar lugar ao bebé real com as caraterísticas
que lhes são próprias.
A ESTRUTURA DA RELAÇÃO DO BEBÉ COM A MÃE
• A prematuridade do recém-nascido disponibiliza-o para o estabelecimento de relações precoces com quem lhe propicia cuidados parentais.
Predispõem-no para o desenvolvimento de competências relacionais com quem dele cuida sob a forma de vinculação.
IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO DE VINCULAÇÃO
. As novas conceções sobre o recém-nascido e a importância dada às interacções humanas em psicologia vieram mostrar que a relação mãe – bebé assume uma grande importância no equilíbrio psicológico e na construção da personalidade da pessoa
As primeiras fases da vida são decisivas para o desenvolvimento de uma criança. As relações que estabelece com o mundo que a rodeia, designadamente através dos pais, asseguram-lhe as condições para a sua sobrevivência e desenvolvimento, por exemplo, o alimento, o abrigo, o conforto e a segurança.
O bebé apresenta uma necessidade específica
de contato, de aconchego
Vinculação
Necessidade de criar e manter relações de
proximidade e afectividade com os outros, de o bebé se apegar a outros seres
humanos para assegurar protecção
e segurança.
John Bowlby
A INVESTIGAÇÃO DE BOWBLYTeoria da Vinculação
A proximidade física do progenitor é uma necessidade inata, primária, essencial ao desenvolvimento mental do ser humano e ao desenvolvimento da sociabilidade.
Concepções de Darwin e trabalhos de Lorenz
A vinculação dos progenitores responde a duas necessidades: protecção e socialização.
Ao longo do primeiro ano estabelece-se o comportamento de vinculação, tendo nas suas bases as respostas instintivas e um processo de interacção crescente de sentido e significado.
Vinculação
Orientação e sinais com discriminação limitada da
figura de vinculação
Orientação e sinais dirigidos para uma figura discriminada
Manutenção da proximidade com uma figura discriminada por meio da
locomoção e de sinais
Formação de uma parceria dirigida para a
meta
A vinculação não é toda igual, não tem toda as mesmas matizes
Quando se estabelece relação com alguém e surge um desentendimento, podemos verificar diferentes níveis de vinculação.
O modelo vinculativo não pode ser igual para toda a gente, isto é, temos de lidar de diferentes maneiras com diferentes pessoas.
Bowlby não trabalhou sozinho no desenvolvimento da sua teoria da vinculação. Uma ajuda muito importante foi a de Mary Ainsworth, uma psicóloga canadiana, que estudou, no Uganda, o efeito da separação de 28 bebés, durante 3 anos.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
Situação Estranha
Criança confiante, a brincar na presença da mãe.
Após a saída da mãe, a criança começa a chorar
Quando esta regressa, a criança acalma-se
O comportamento desta criança reflectiria a vinculação segura.
Vinculação
Segura
Os bebés usam a mãe como base segura,
deixando-a para irem explorar, mas regressando,
de vez em quando, para obterem confiança.
EvitanteEstes bebés raramente
choram quando a mãe sai e evitam-na no seu regresso.
Ambivalente Estes ficam ansiosos mesmo antes de a mãe sair, ficando muito perturbados quando
ela sai.
Mary Ainsworth estudou ainda a relação que a criança estabelece com o pai, utilizando a experiência “Situação – Estranha” com o progenitor masculino. Os resultados obtidos pela investigadora foram semelhantes aos da experiência com a mãe.
O papel que o pai e a mãe desempenham na sociedade, é
então assim estabelecido desde cedo, visto que é geralmente
a mãe que tem a seu cargo a educação das crianças e é esta
também que demonstra mais o seu amor pela criança,
manifestando mais formas de carinho que o pai.
SITUAÇÃO ESTRANHA - CRÍTICAS
O seu carácter artificial pode conduzir a conclusões desadequadas sobre a relação mãe - filho, razão pela qual os investigadores procuram complementá-la com observações em situações naturais;
Caracterização do tipo de vinculação encontra-se no contexto particular da sociedade ocidental. Numa situação em que a mãe educa o filho no sentido de uma vinculação evitante, procurando desenvolver a independência do filho, esta fica satisfeita com os resultados, uma vez que, por valorizar a aproximação do filho a outros cuidadores, considera ser este o meio de providenciar segurança e equilíbrio ao seu bebé;
SITUAÇÃO ESTRANHA - CRÍTICAS
Os registos culturais e socioeconómicos influenciavam o que consideravam o comportamento desejável para os seus bebés.
Bowlby encarou a vinculação como um comportamento adaptativo da espécie humana: teria sido a pressão evolutiva que favoreceu o desenvolvimento de um conjunto de comportamentos por parte do bebé no sentido de mobilizar a atenção e os cuidados necessários.
AS RELAÇÕES PRECOCES NO TORNAR-SE HUMANO
A cria humana
É prematura
Nasce com uma vulnerabilidade
que torna indispensáveis os
cuidados prestados pelos
adultos.
Estratégias Comunicacionais
Gestos
Choro
Sorriso
Expressões Sociais
Equipamento que se tornou parte do património genético da espécie
humana, desencadeadores de reacções por parte dos adultos, que de forma
interactiva formam o vínculo.
Gestos
Choro
Sorriso
Expressões Sociais
Da díade à tríade
A qualidade desta relação continua a marcar a qualidade das relações sociais futuras. A perturbação destas relações afecta o modo como a criança se desenvolverá e interagirá com o mundo no futuro.
Os seres humanos são os animais que mantêm laços de relação prolongados no acompanhamento dos seus descendentes, o que implica, complementarmente a outros factores, uma organização social única.
A FIGURA DE VINCULAÇÃOO bebé estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima e permanente que cuida dele e que responde de forma mais adequada às suas necessidades.
Outros cuidadores podem, então, substituir a mãe – agentes maternantes – funcionando como figuras de vinculação.
Na sociedade actual, em que as crianças estão integradas em jardins-de-infância, são favorecidas outras relações que nos permitem falar de vinculações múltiplas, sendo que a mãe não é a única figura de protecção.
Hoje, considera-se que não existe uma predisposição biológica específica de vinculação com a mãe biológica.
O envolvimento físico e emocional que se estabelece permite que a criança cresça equilibradamente para fazer face às necessidades e dificuldades do dia-a-dia.
VINCULAÇÃO E EQUILIBRIO PSICOLÓGICO
A relação mãe - bebé contribui, por exemplo, para uma relação mais equilibrada com o corpo, sem tensão nem inibições excessivas, propiciando uma maior proximidade com os outros.
Vinculação securizante
Melhor regulação emocional
Favorece a capacidade em ultrapassar as dificuldades, em se sentir bem consigo mesmo e com os outros.
Favorece a confiança em si
próprio
VINCULAÇÃO E INDIVIDUAÇÃO A relação que o bebé estabelece com a pessoa que cuida dele é uma relação que lhe propicia prazer e satisfação e desenvolver-lhe-á sentimentos de segurança e de confiança no outro.
Impele o bebé a explorar o meio, a afastar-se das figuras de vinculação.
PRINCÍPIO DO PROCESSO DE AUTONOMIA
A individuação é uma necessidade primária de o ser humano criar a sua própria identidade, a sua individualidade, de se distinguir daqueles com quem mantém laços de vinculação.
Na base do processo de individuação está a vinculação.
Individuação
Vinculação
Dialéctica que se mantém ao longo
da vida.
Na primeira infância a vinculação tem um papel importantíssimo, dominando as relações que a criança mantém com os outros, designadamente com os progenitores.
Na adolescência, que é uma etapa do ciclo vital que se caracteriza pela necessidade de autonomia, domina o processo de separação -individuação.
CONSEQUÊNCIAS DAS PERTURBAÇÕES NAS RELAÇÕES PRECOCES
As experiências realizadas por Harry Harlow, nos finais da década de 50, consistiram no estudo dos comportamentos dos macacos Rhesus na ausência da mãe, junto das jovens crias.
A primeira experiência consistiu em criar 2 mães substitutas: ambas de forma cilíndrica de modo a que as crias se pudessem agarrar: uma constituída só por arame soldado e a outra também de arame, mas está revestida por um tecido felpudo.
MAIS COISAS
Uma “mãe”desconfortável é incapaz de transmitir segurança.
Se só tivesse presente a “mãe” de arameAs crias não iam ter com ela, ficavam paralisados de medo
Em Situações de perigo
As crias agarravam-se só à “mãe”felpuda, a mais confortável.
O HOSPITALISMO
Spitz designou o hospitalismo como o conjunto de perturbações que o bebé sofre devido às carências maternas.
Quando as crianças de idades muito precoces são sujeitas a uma privação de contato com os seus entes mais próximos, seja em situação de um abandono materno ou a uma temporada passada num hospital, sofrem problemas tanto físicos como psicológicos que podem afetar o seu desenvolvimento normal
Atraso no desenvolvimento
corporal
Insónias Queda de peso
Incapacidade de adaptação
ao meio
Menor imunidade a
doenças infecciosas