Surgimento e Expansão do Fascismo

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Um conciso resumo sobre o surgimento e expansão do regime fascista, liderado por Benito Mussolini.

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UM RASTRO DE SANGUE PELA ITÁLIA

Saldos da Primeira Guerra Mundial:

Para a Europa: prejuízos, destruição, desemprego, crise;Para os EUA: crescimento econômico, American Way of Life;Na Itália:

O país não recebeu territórios após a Primeira Guerra Mundial;Crise: camponeses e operários.

A crise socioeconômica da Itália tornou-se grave a partir do fim da Primeira Guerra Mundial. Embora tivesse terminado a guerra do lado vitorioso, a Itália não recebeu as recompensas territoriais que lhes foram prometidas.

O aumento da inflação, do desemprego e da fome eram alguns dos problemas que abalavam a economia italiana.

A monarquia parlamentar, conduzida pelo rei Vítor Emanuel III, tolerava as crescentes manifestações dos sectores populares, sendo incapaz de atender suas reivindicações.

A alta burguesia italiana e as classes médias conservadoras, mostravam-se apavoradas com a crescente movimentação social dos trabalhadores.

Benito Mussolini, agricultor e carpinteiro, pertencera ao Partido Socialista Italiano, tendo sido expulso devido às suas posições oportunistas e anti-pacifistas nos anos da Primeira Guerra Mundial.

Em Março de 1919, Mussolini fundou uma organização denominada Fasci Italiani di Combattimento (esquadrões de combate), composta por ex-combatentes e desempregados, e contou com o financiamento de alguns industriais.

Os esquadrões de combate constituíam um movimento paramilitar que ele mesmo criara para combater as agitações e as greves organizadas por outros socialistas e movimentos de esquerda.

Surgia então, em 23 de março de 1919, o movimento fascista. Entre os membros

fundadores estavam os líderes revolucionários sindicalistas Agostino Lanzillo e Michele

Bianchi.

O Fascio di Combattimento que deu origem ao fascismo, buscou seu nome na expressão fascio, que significa feixe de varas. O feixe de varas, simbolizando união e força, vem do latim fesce, e junto com uma machadinha, era levado pelo litor, uma espécie de oficial de justiça que, na Roma antiga, seguia os magistrados para executar as decisões da justiça, com poderes para coagir, incluindo a aplicação de castigos físicos.

Utilizando métodos violentos e inescrupulosos contra seus opositores, as Fasci di Combatimento desenvolveram-se, transformando-se no Partido Nacional Fascista, fundado em 7 de novembro de 1921.

Em 1921, os fascistas passaram a desenvolver um programa que exigia a república, a separação entre Igreja e Estado, um exército nacional, um imposto progressivo para heranças e o desenvolvimento de cooperativas.

Protestando contra a crescente violência fascista, os partidos de inspiração marxista convocaram, em Agosto de 1922, uma greve geral dos trabalhadores.

Os fascistas exigiram que o governo acabasse com a greve e restabelecesse a ordem. Impotente para controlar a situação, o governo abriu espaço para a ação violenta dos fascistas.

Dois meses depois, Mussolini organizou, em 28 de Outubro de 1922, a Marcha sobre Roma, promovendo uma passeata de cerca de 50 mil fascistas em Roma.

Pressionado, o rei Vítor Emanuel III encarregou Mussolini de formar um novo governo, em 28 de Outubro de 1922, como Primeiro Ministro.

Benito Mussolini (centro) e Italo Balbo (esquerda) durante a Marcha sobre Roma.

O governo de Mussolini pode ser dividido em duas grandes fases:Consolidação do Fascismo -

1922 a 1924Ditadura Fascista - 1925 a

1939

Mussolini realizou um governo marcado pelo nacionalismo extremado e pelo capitalismo. Paralelamente, fortaleceu as organizações fascistas com a fundação das Milícias de Voluntários para a segurança Nacional. Valendo-se de todos os métodos possíveis, inclusive de fraude eleitoral, os fascistas garantiram a vitória do Partido nas eleições parlamentares de Abril de 1924.

O deputado socialista Giacomo Matteotti denunciou as violências fascistas. Devido a sua firme oposição, Matteoti foi assassinado em Maio de 1924. A morte de Matteoti provocou indignação popular e forte reacção da imprensa política oposicionista. Mussolini assumiu a responsabilidade histórica pelo homicídio do líder socialista, decretando uma série de leis que fortalecia o governo.

Nos meses finais de 1925, Mussolini implantou o fascismo na Itália. Os sindicatos dos trabalhadores passaram a ser controlados pelo Estado por meio do sistema corporativista. Foi criado um tribunal especial para julgar crimes considerados ofensivos à segurança do Estado. Inúmeros jornais foram fechados, os partidos de oposição foram dissolvidos, milhares de pessoas foram presas e outras foram expulsas do país.

Em 1927, Mussolini publicou a Carta do Trabalho (Carta del Lavoro), apresentando as linhas de orientação pelas quais se deviam guiar as relações de trabalho na sociedade, nomeadamente entre o patronato, os trabalhadores e o Estado.

Todos deveriam seguir as orientações e o interesse do Estado, à sociedade permitia-se a organização em corporações (entidades como associações patronais e sindicatos que representassem coletividade).

Este modelo ficou para a história sob a designação de Corporativismo e foi replicado em Portugal, no Brasil e na França; era inspirado nas concepções coletivistas e socializantes próprias do socialismo e do marxismo.

A diferença deste arquétipo italiano com o de Lênin era que Mussolini apenas permitia a iniciativa privada de forma limitada. Não existiam por princípio, constrangimentos à iniciativa e propriedade privada, mas o seu desenvolvimento, os seus meios e fins eram colocados sob a tutela do Estado, sendo que este poderia intervir quando bem quisesse.

"Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato“

Benito Mussolini, num discurso proferido na Câmara dos Deputados no dia 26 de Maio de 1927, disse uma frase que define concisamente a ideologia do fascismo: Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado.

A Ovra, polícia secreta fascista, utilizou os mais terríveis tipos de violência na perseguição dos oposicionistas. Os fascistas puniam seus adversários obrigando-os a ingerir óleo de rícino.

Mussolini empenhou-se em fazer da Itália uma grande potência capitalista mundial e promoveu o revigoramento industrial.

Tornou-se conhecido como o Duce, em italiano, aquele que dirige .

Na década de 20, o governo de Mussolini conseguiu a recuperação da economia, mas a Grande Depressão de 1929 abalou o país. A partir deste episódio, a Itália iniciou a expansão imperialista para equilibrar sua economia e competir com as outras potências. Assim, efetua a conquista da Etiópia e a ocupação da Albânia.

O regime fascista de Mussolini serviu como modelo nos anos vinte e trinta. A Grande Depressão e o fracasso dos governos democráticos ao lidar com as dificuldades econômicas e o desemprego em massa alimentaram o surgimento de movimentos fascistas em todo o mundo. Contudo, o fascismo nos outros países se diferenciava em certos aspectos da modalidade italiana.

Alemanha: o nacional-socialismo alemão era mais racista;

Romênia: o fascismo se aliou à Igreja ortodoxa, não à Igreja católica apostólica romana.

Espanha: inicialmente, o grupo fascista Falange da Espanha era hostil à Igreja católica romana, embora no governo do ditador Francisco Franco tenha se unido a elementos reacionários e pró-católicos.

O fascismo desfrutou de um maior êxito no período entre-guerras nos países do leste e do sul da Europa.

A derrota da Alemanha e da Itália na II Guerra Mundial tirou a credibilidade do fascismo na Europa no período pós-guerra. O único governo de caráter fascista que chegou ao poder no período pós-guerra foi o de Juan Domingo Perón, eleito presidente da Argentina em 1946.

Países como a Espanha e Portugal, cujos governos fascistas se mantiveram no poder depois da guerra, passaram do totalitarismo ao autoritarismo e atenuaram os seus traços fascistas.

Com a recuperação econômica do pós-guerra, diminuiu o descontentamento social que havia colaborado para a expansão do fascismo na época do pré-guerra. Em conseqüência, na maioria dos países democráticos, o fascismo parecia relegado ao ostracismo permanente em uma menosprezada faixa política.

As décadas de 1980 e 1990 trouxeram um inesperado renascimento do fascismo em algumas democracias ocidentais, geralmente chamado de neofascismo.

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