Tabus Alimentares Márcia Regina Garcia. Tabu alimentar é o tabu acerca de alimentos (comida e...

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Tabus Alimentares

Márcia Regina Garcia

Definição

Tabu alimentar é o tabu acerca de alimentos (comida e bebida) que as pessoas evitam ingerir em função de razões religiosas, culturais ou de saúde.

A cultura exerce grande influência no hábito alimentar não apenas indicando o que é ou não comestível, mas estabelecendo prescrições que determinam o que deve ser ingerido, quando, como e com que frequencia e proibições impostas por religiões, filosofias e tabus.

As práticas alimentares revelam a cultura em que cada um está inserido, visto que comidas são associadas a determinados povos:

- Arroz: China;- Pizza: Itália;- Crepe: França;- Feijoada: Brasil.

-Homem: onívoro, come de tudo, porém, não come tudo.

A seleção do que é considerado comestível, na maioria das vezes, não está fundamentada na fisiologia e na bioquímica do alimento, mas em um sentimento de ordem que envolve as dimensões éticas, estética e dietética determinadas pela cultura.

O que é considerado comida em uma cultura, pode não ser em outra.

Exemplo: carne de cachorro.

Tabus Religiosos

Várias religiões proíbem o consumo de certos tipos de carne.

Exemplos: o judaísmo prescreve um conjunto estrito de normas, chamado cashrut, declarando o que pode e não pode ser ingerido.

Certos grupos cristãos também obedecem a essas regras ou a similares

Na prática islâmica, as leis do halal ditam, entre outras coisas, os tipos de alimento que não podem ser comidos.

Hindus, jainistas e budistas freqüentemente seguem as recomendações quanto à prática do vegetarianismo e evitar o consumo de carne.

Tabus Culturais

Tabus culturais contra o consumo de alguns animais podem ser creditados à sua função de animal de estimação. Dentro de qualquer sociedade, alguns tipos de carne são considerados tabu porque estão fora da definição aceita como gênero alimentício, não porque sejam repulsivas, quanto ao sabor, aroma,textura ou aparência.

•Alimentos reimosos: perigosos;

•Alimentos não reimosos: não perigosos.

Algumas autoridades impõem tabus alimentares culturais na forma da lei. Isto pode ser classificado como perseguição e infringir direitos. Exemplo: mesmo depois da retomada do domínio chinês sobre Hong Kong, houve a revogação do banimento das carnes de cães e gatos, imposta nos tempos coloniais.

Tabus relacionados à saúde

Razões creditadas à saúde também

contribuem para a criação e

manutenção de tabus.

Alguns tabus alimentares são atribuídos a efeitos de alimentos sobre pessoas em estado de saúde fragilizado, principalmente tratando-se de processos infecciosos.

A ingestão desses alimentos, dificultaria ou impediria o tratamento, podendo causar complicações sérias. Embora essa idéia tenha suporte de alguns profissionais de saúde, ainda continua controversa, carecendo de estudos.

Animais de estimação

Coelho Coelhos ou lebres foram transformados em animais de estimação por muitos. Sem embargo, são alimento na Europa, América do Sul, América do Norte, China e Oriente Médio, entre outros.

O consumo de carne de coelho, é muito anterior à sua função de animal de estimação, não sendo o consumo desse tipo de carne tabu para muitas pessoas. A lebre é declarada como impura no livro do Levítico na Bíblia, fazendo-a um tabu para os judeus e os cristãos que seguem o Levítico.

Cães da Pradaria e Esquilos

Cães da pradaria e esquilos foram caçados para alimentação nos EUA até a metade do século XX, mas recentemente adquiriram o status de animais de estimação exóticos.

O atrativo desses animais como alimento era sua abundância e a facilidade em capturá-los.

Esquilos ainda são comidos, especialmente no sul dos EUA. Cães da pradaria, assim como outros roedores, podem servir de transmissores de doenças.

Porquinhos da Índia

Foram originalmente criados com fins alimentares, mas também se tornaram animais de estimação, embora continuem a ser parte da alimentação no Peru, como fonte de proteína e objeto da medicina popular andina.

Estima-se que os peruanos consumam 65 milhões de unidades por ano. Seu consumo é tão importante que até mesmo uma pintura da Santa Ceia na catedral de Cusco mostra Jesus Cristo e seus discípulos ceando porquinhos-da-índia.

Em 2004, o Departamento de Parques da cidade de Nova Iorque impediu a venda de carne no espeto em um festival equatoriano. O estado de Nova Iorque permite o consumo dessa carne, mas a cidade se baseia em Código de Saúde vago. Acusações de perseguição cultural foram levantadas na época.

Cães

Em alguns países, à parte do fato de serem mantidos como animais de estimação, certas raças de cães são abatidas como fonte de carne e criadas em fazendas com este propósito em alguns países, como China e Coréia do Sul.

Gatos

São comumente comidos em partes da China. Em Cantão, a imprensa revelou o consumo de um prato com carne de gato e de cobra, chamado O Tigre e o Dragão.

Em tempos de desespero, as pessoas lançam mão desse tipo de carne, como aconteceu em uma favela em Rosario, Argentina, em 1996 (embora haja informações desmentindo esse fato).

Gatos também são usados para produzir poções medicinais, como o gato líquido coreano, um remédio para as articulações feito com carne de gato cozida misturada a temperos e por sua pele.

Animais de trabalho

Cavalo

A carne de cavalo não pode ser comida pelos judeus e por alguns grupos de cristãos porque, segundo a Lei Mosaica, não têm a pata fendida. Entretanto, os muçulmanos podem comer, dado que é considerada halal.

Em 732, o Papa Gregório III começou um esforço com o objetivo de impedir a prática de comer carne de cavalo - com os mesmos fundamentos bíblicos dos judeus - denominando-a abominável.

Camelos

Outro animal não utilizado como alimento em boa parte do Ocidente é o camelo, embora seu consumo não seja incomum no Oriente Médio, no Norte da África e na Ásia Central.

O consumo da carne de camelo é proibido pela Lei Mosaica, porque embora os camelos sejam ruminantes, não têm a pata fendida.

Mesmo não tendo cascos, há uma explicação para a proibição: a pata do camelo é dividida em 2 estruturas semelhantes a dedos. Por fisiologia, sua gordura fica nas suas corcovas. Isto faz sua carne ser muito magra. Mesmo que isto seja o ideal para a remoção do calor corporal, não o é para a alimentação.

No Quênia, bebe-se leite de camelo.

Renas

Embora sejam um alimento popular em lugares como Alasca, Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia e Canadá, muitas pessoas nos EUA e na Irlanda não gostam da idéia de comer carne de rena.

Isto vem do mito popular da rena como ajudante de Papai Noel, completamente oposta à visão de vacas do norte dos países setentrionais.

Outros Tabus

Sangue Beber sangue é um tabu social muito forte em vários países, freqüentemente envolvido com a idéia de vampirismo.Embora o chouriço ou as tortas com sangue entre seus ingredientes sejam comuns em várias partes do mundo, também há muita repulsa.

Na China e no Vietnã come-se sangue coagulado de porco, pato ou ganso com macarrão, sozinho ou com outros acompanhamentos.

Seguidores do judaísmo, do islamismo, os Adventistas do Sétimo dia e as Testemunhas de Jeová são proibidos de beber sangue ou ingerir produtos feitos com sangue.

Os povos masai e batemi da Tanzânia bebem sangue de vaca com leite como parte importante de sua dieta diária.

Os masai coletam o sangue de gado fazendo uma pequena incisão no pescoço do animal, mas sem abatê-lo no processo.

Um prato especial chamado Dinguan (literalmente, "de sangue") é servido nas Filipinas. Consiste de tripas de porco ou boi, fígado e outros órgãos cozidos em sangue de boi ou de porco.

Vacas

Muitos hindus se abstêm completamente de carne, principalmente a de origem bovina, dado que a vaca é um animal sagrado; mas não há impedimento ao uso do leite e derivados.

Algumas castas inferiores podem comer carne de búfalo. Atualmente, o consumo da carne de vaca está ganhando popularidade na Índia.

A carne de vaca também é rejeitada pelos mais velhos em Taiwan.

A razão para isso está na crença de que seja errado comer um animal tão útil na agricultura.

Crustáceos e Frutos do Mar

Quase todos os tipos de frutos do mar, como mariscos, lagostas, camarões ou lagostins e outros crustáceos são proibidos pelo judaísmo e alguns ramos do cristianismo porque esses animais vivem na água mas não têm escamas.

Peixes

Os povos kikuyu e kalenjin do Quênia não comem peixe. Tal rejeição se atribui à aridez do lugar onde vivem, somada à escassez de água.

Algumas espécies de peixe também são proibidas no judaísmo e no islamismo, como a enguia de água doce e todas as espécies de lampreia, em função da ausência de escamas. Esta proibição judaica e islâmica é para todas criaturas marinhas que não tenham barbatanas ou escamas, excluindo assim mariscos, crustáceos, enguia, lampreias, toninhas, etc.

Insetos

Não é incomum entre culturas nativas de regiões tropicais o consumo de larvas coletadas de troncos de coqueiros e de outras árvores.

Exceto para certos tipos de gafanhoto, os insetos em geral são proibidos pelo judaísmo, mas no Ocidente em geral considera-se o consumo de insetos mais repulsivo do que propriamente imoral. Certos insetos e larvas são associados à comida estragada.

Muitos tipos de insetos são consumidos em culturas não européias: gafanhotos, grilos, lagartas e formigas, principalmente no Oriente.No Brasil há a tradição rural de se comer a parte traseira da içá ou tanajura, chamadas saúvas.O consumo de certos insetos faz parte da cultura gastronômica do México.

Canguru

A carne de canguru tem uma associação sentimental feita pelos estrangeiros na Austrália, como símbolo nacional e mascote.

Ainda assim, trata-se de uma carne disponível para venda. Entretanto, o consumo de carne de canguru é baixo em função de seu alto preço e de seu gosto de carne de caça.

Miúdos

Certas pessoas no Ocidente rejeitam os miúdos, órgãos internos dos animais, como vitela, testículos ou rins. Mas em muitos lugares miúdos fazem parte das receitas como no menudo, feito pelos latinos nos EUA, ou o grão-de-boi no Brasil.

Carne de porco

O consumo da carne de porco é proibido entre os muçulmanos, os judeus e os adventistas do sétimo dia.

Muitas pessoas não consomem carne de porco em função da associação com sujeira e outras questões, como o fato de o porco reter sujeira no corpo, ser onívoro, chafurdar na lama para se refrescar, e nas fezes, sem contar a possibilidade da presença de vermes.

A última questão pode ser resolvida com um cozimento adequado da carne. Apesar disso, o consumo da carne de porco está disseminado pelo mundo.

Macacos

Alguns consideram o consumo da carne de macaco e como algo próximo ao canibalismo, em função da similaridade entre nossas espécies.

Tal similaridade aumente o perigo de contaminações virais. Ainda se come carne de macaco na Indonésia e na África.

Uma das principais teorias para o surgimento do ou HIV é o consumo da carne de primatas com um vírus similar que sofreu mutação.

Ratos

Nas culturas ocidentais, ratos são considerados sujos e inadequados para consumo humano.

Entretanto, são consumidos em Gana, nas regiões rurais da Tailândia, no Vietnã, no Laos e no Camboja. Historicamente, isto não impediu seu consumo no Ocidente durante tempos de fome ou de emergência durante as guerras, assim como em prisões.

Baleias

A caça às baleias não é proibida somente na Noruega, na Islândia e no Japão. Nesse países, a carne de baleia é comida, mas sofre declínio na popularidade em função da pressão internacional e da proteção ecológica.

Apesar do banimento da caça à baleia nos EUA e no Canadá, certos povos indígenas podem fazê-lo por razões culturais, sob restrições quanto à época e à quantidade.

Por exemplo, o povo ameríndio Makah, no estado de Washington, tem o direito garantido de caçar baleias. Apesar de várias décadas sem o abate desse animal, recentemente membros da tribo decidiram reativar tal costume, causando profundas controvérsias na mídia e entre a população em geral.

Carne humana

A carne humana figura como a mais proibida. O ser humano cedeu ao uso dela em rituais (como o de certas tribos brasileiras, que comiam os inimigos vencidos e valentes, como forma de obter sua valentia), em acessos de loucura, ódio ou fome.

Já os ameríndios Makah, praticavam o canibalismo ritualístico simbólico em seus festivais, conforme documentado durante os primeiros contatos com os europeus.

Acredita-se que o canibalismo ainda é praticado em algumas culturas, muito embora o assunto seja muito debatido, questionado e, de acordo com muitos, sem provas concretas.

Ovos de galinha com embrião

Nas Filipinas, existe o costume de comer ovo de chocado cozido, chamado de balut.Algumas pessoas apreciam o sabor e textura de ovos contendo pintinho menos ou mais desenvolvido, dependendo do gosto individual.