Sao Paulo x Corinthians - O Tabu Dos Tabus

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O TABU DOS TABUS Por ALEXANDRE GIESBRECHT @jogosspfc

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Descrição do maior tabu entre os dois clubes.

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O tabu dOs tabusPor alexandre Giesbrecht @jogosspf

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Wílson Mano fi-cou cara a cara com Zetti e chutou ras-

teiro, no canto direito do goleiro, abrindo o placar

para o Corinthians no Morum-bi, logo aos catorze minutos. O

alvinegro dominou o resto do pri-meiro tempo, mas não conseguiu

impedir o gol de empate do São Pau-lo, no último minuto antes do intervalo,

com uma bomba de Macedo.A Folha de S. Paulo chamara o jogo de

“clássico da desforra”. De fato, havia moti-vos para isso. Menos de quatro meses antes, o Corinthians sagrara-se campeão brasilei-ro, após duas vitórias justamente sobre o São Paulo nas finais. Além disso, Telê San-tana nunca tinha vencido o alvinegro como técnico tricolor — até ali, eram dois empates e três derrotas, incluída a passagem dele pelo Morumbi em 1973. Isso sem falar em um tabu de dois anos e meio sem vitória no Majestoso: nos seis jogos após a vitória por 1 a 0 em setembro de 1988, foram quatro vi-tórias corintianas e dois empates.

Mas esse tabu ainda não seria quebra-do naquela tarde. O São Paulo dominou o segundo tempo e teve um gol mal anulado, pois o árbitro não respeitou a lei da vanta-gem, dando uma falta em Raí quando Ber-

nardo se preparava para marcar. “Você não me enxerga aqui?”, protestou o volante, para o juiz Wílson Carlos dos Santos.1 Para piorar, Macedo perdeu um gol feito aos 32 minutos, na risca da pequena área. “Eu e o Leonardo nos atrapalhamos”, explicou. “Ficamos sem saber quem chutaria e, quando decidi, bati mal na bola. Se tivesse marcado o segundo gol, aí, sim, eu iria ficar querido.”2

O empate não foi um mau resultado: ape-sar de ter impedido o Tricolor de alcançar o vice-líder Atlético-MG naquela rodada do Campeonato Brasileiro, ele manteve os dois clubes na terceira colocação, com o São Paulo levando vantagem pelo número de vitórias. Aquele Brasileiro terminaria com o terceiro título nacional são-paulino, dali a dois meses, mas outra coisa, que começou naquela tarde, demoraria muito mais para acabar.

Não, não estou falando da sequência de nove jogos sem derrota no Majestoso, em-bora esse tabu tenha se iniciado ali. Refiro--me aos 862 minutos de invencibilidade da meta são-paulina em jogos contra o Corin-thians, iniciados quando o chute de Wílson Mano venceu Zetti. A partir dali, o arquir-rival passou nada menos que 784 dias sem comemorar um único gol em Majestosos. E ainda sofreu três derrotas por 3 a 0 no pro-cesso. Foi um domínio nunca antes visto nesse clássico e que ainda não foi repetido.

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Houve a sequência invicta entre 2003 e 2007, que durou mais tempo (quatro anos e cinco meses) e mais jogos (catorze), mas o Corin-thians marcou dez gols nessas partidas.

O jogo seguinte foi a famosa atuação de Raí, nas finais do Campeonato Paulista da-quele ano, quando ele marcou todos os gols da vitória por 3 a 0. O primeiro foi uma pin-tura, de fora da área: “Macedo tirou três za-gueiros da defesa e me deu a chance de fazer o gol de longe.”3 Ao ser lembrado que seu time não marcou o artilheiro são-paulino individualmente, o lateral corintiano Giba lamentou: “Foi um erro terrível.”4

Marcar gols contra o São Paulo começava a se tornar uma tarefa difícil para o Corin-thians. Prova disso foi o pênalti desperdiça-do por Wílson Mano, que deslocou Zetti, mas

chutou na trave, quando o jogo já estava 3 a 0. “Naquele momento, a tensão era tamanha, que errei”, admitiu o jogador.5 Àquela altura, o Corinthians já estava com um homem a menos, após a expulsão de Dinei, devido a uma entrada violenta. “Não tinha intenção de machucar ninguém, mas estava nervoso, pois o jogo estava decidido”, justificou.6 O título também só não estava decidido por-que o Corinthians ainda poderia levá-lo com vitórias simples no tempo normal e na pror-rogação. O próprio Raí imaginava que essa possibilidade não era pequena: “De repente, o Corinthians marca um gol no comecinho do jogo e pode inverter toda essa situação.”7

Precisando da vitória na partida de volta, para forçar uma prorrogação, o alvinegro começou pressionando, mas não conseguia

vencer a zaga tricolor. Aos poucos, o São Pau-lo assumiu o domínio do jogo e teve a melhor chance do primeiro tempo. Na segunda eta-pa, o panorama foi o mesmo: boas chances criadas no ataque são-paulino, enquanto o adversário criou apenas uma e depois assis-tiu à festa rival. “Se tivéssemos entrado no primeiro jogo como hoje, [seríamos] campe-ões”, exagerou o corintiano Marcelinho Pau-lista, ainda conhecido sem o gentílico.

Os dois rivais voltaram a se enfrentar em março de 1992, pelo Campeonato Brasileiro, mas o tabu ainda não era evidente, então outros aspectos do jogo foram destacados. O primeiro deles era a inconsistência são--paulina: o time chegou a perder cinco jogos seguidos naquele mês, mas parecia estar vol-tando à boa fase, depois de uma vitória e um empate na Bolívia, em partidas válidas pela Libertadores, e uma goleada sobre o Atlético Paranaense por 5 a 0, dois dias antes.A

O segundo era a tensão entre as torcidas, por causa de uma tragédia ocorrida em ja-neiro, quando os juniores dos dois clube se enfrentaram, pelas semifinais da Copa São Paulo de Juniores, no Estádio Nicolau Alayon, na Água Branca. Houve confronto

A Mais informações sobre a campanha da Libertadores estão disponíveis no meu livro São Paulo Campeão da Libertado-res 1992. Este período pode ser encontrado entre as páginas 60 e 79.

O Estado de S. Paulo, 9 de dezembro de 1991

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entre as torcidas, e uma bomba foi jogada no setor onde estavam os corintianos. O ado-lescente Rodrigo de Gásperi morreu, e o as-sassino nunca foi identificado. Apesar desse antecedente, nenhum grande incidente foi registrado no Morumbi.

O jogo foi muito ruim, e o placar não foi aberto, muito por culpa da tática “de time pequeno” usada pelo Corinthians. “O Corin-thians só jogou na retranca, como time pe-queno”, reclamou Telê, que também reservou

reclamações para a arbitragem. “[O juiz] não pode ficar caindo em vícios an-tigos, como permitir cera e antijogo. [O volante corintiano] Ezequiel jogou mais com as mãos do que com os pés. E [hou-

ve] também a cera do Ronaldo, mas o árbitro preferia o preciosismo de corrigir arremessos laterais.”8 O técnico corintiano Basílio não ne-gou a “acusação” de Telê: “O time mostrou que é humilde e tem obediência tática.”9

Em setembro, o Majestoso serviu para de-cidir qual dos dois times ficaria com o título simbólico de campeão do primeiro turno do Campeonato Paulista. Líder com um ponto a mais e defendendo uma invencibilidade de

quase dois meses, o Corinthians só precisa-va de um empate para terminar a primeira metade da primeira fase na frente, mas a vitória por 1 a 0 e o consequente título do turno ficaram com o Tricolor.B E isso porque o São Paulo, no meio de uma maratona de jogos, poupou cinco titulares (Cafu, Antô-nio Carlos, Ivan, Raí e Macedo, substituídos, respectivamente, por Válber, Lula, Marcos

B Curiosidade: foi nos bastidores desse jogo que foi anunciado o interesse são-paulino pela contratação de Toninho Cerezo.

Adriano, Dinho e Catê). Afinal, com quinze jogos em 41 dias, descanso passou a ser ar-tigo de luxo. Mesmo assim, o time seguia bem. “[Telê] queria três vitórias nos três jogos disputados na semana e conseguiu”, comemorou Palhinha.10

O jogo foi marcado pelo duelo desigual en-tre Müller e o alvinegro Marcelo Djian: em dois lances seguidos, o zagueiro só conse-guiu parar o são-paulino com faltas e acabou expulso, aos 29 minutos. “A minha expulsão foi justa”, reconheceu Marcelo. “Como eu já tinha cometido uma falta no Müller e rece-bido o cartão amarelo, na segunda o juiz não teve opção. Eu era o último homem e, se não parasse o Müller, sairia o gol.”11 A descrição da Folha dá uma boa ideia da situação:

Quem foi ao estádio viu uma verdadei-ra demonstração de competência do São Paulo, que, apesar de ter perdido cinco ti-tulares do time do primeiro semestre e de protagonizar uma verdadeira maratona de jogos nas últimas semanas, manteve padrão tático e ritmo. Não é que o Corin-thians, até então líder, tenha ido mal. Mas faltou-lhe organização para evitar o lance que ajudou a definir o jogo: a expulsão do zagueiro Marcelo.

Por quê? Simples. Marcelo, desde o iní-cio, marcava sozinho o atacante Müller,

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“O Corinthians só jogou na retranca,

como time pequeno”, reclamou Telê

O Estado de S. Paulo, 27 de março de 1992

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provavelmente o mais veloz do País na atualidade. Bisonho erro de estratégia. Müller o deixou para trás duas vezes em 28 minutos. Marcelo levou um cartão amarelo por pará-lo com falta. Antes de completar 29 minutos, com o jogo ainda equilibrado, Marcelo escorregou na frente de Müller, que lhe roubou a bola. O zagueiro fez outra falta e foi expulso. Acabou o Corinthians.12

Se o São Paulo já dominava, isso ficou ainda mais evidente. “Às vezes, parecia que

eles tinham até três jogadores a mais”, lamentou Wílson Mano.13 Entretanto, o gol só saiu no fim do primeiro tempo, com um chute forte de Palhinha, depois de jogada de Müller e rebote do goleiro

Ronaldo. No segundo tempo, o Corinthians melhorou um pouco, mas não conseguiu criar chances, enquanto o Tricolor perdeu oportunidades claras de ampliar.

O panorama do jogo fez o Estadão decre-tar: “Desculpas não faltaram para os joga-dores do Corinthians explicarem esta nova derrota para o São Paulo, que já está se tor-nando um adversário fatalista e tirando o

sono da Fiel. O time está ficando traumati-zado com o rival.”14 A derrota não causou a demissão de Basílio, mas começaram a ser externadas insatisfações com seu trabalho, apesar da boa campanha no primeiro tur-no. Ele foi chamado de “burro” pela torcida quando substituiu Viola e Neto e também saiu vaiado de campo, ao fim do jogo.

O Corinthians pareceu ter-se preparado melhor para o clássico do segundo turno, três semanas depois. “Eu vou na bola curta, e o Henrique já fica esperando o toque mais largo”, revelou Marcelo Djian, referindo-se à marcação de Müller. “O fundamental é não deixar a bola chegar até ele.”15 O atacante, por sua vez, explicava por que gostava de jogar contra o zagueiro rival: “O Marcelo me

dá espaço para jogar, e o meu forte é a velo-cidade.” Mas, confiante, Marcelo garantia: “Desta vez, a história será outra.”16

Não foi. Müller novamente ganhou o due-lo contra Marcelo, com direito a deixá-lo no chão na jogada do primeiro gol. Ele também foi fintado pelo atacante são-paulino no lan-ce do segundo gol. O zagueiro ainda fez falta em Vítor depois de levar uma meia-lua do lateral. Na cobrança, Ivan marcou o terceiro gol, que fechou mais um 3 a 0 para o São Pau-lo no Majestoso. “[Essa falha] serviu apenas para confirmá-lo como o grande derrotado do jogo”, escreveu A Gazeta Esportiva.17

No dia seguinte, A Gazeta trouxe a man-chete “Não tem jeito”, acima de uma com-paração entre Telê e Basílio; entre Müller e

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“Parecia que o São Paulo tinha até três

jogadores a mais”, disse Wílson Mano

A Gazeta Esportiva, 5 de outubro de 1992

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A Gazeta Esportiva,5 de outubro de 1992

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Marcelo; e entre Raí e “a ausência de Neto”. No dia anterior, o concorrente O Estado de S. Paulo também tinha feito uma comparação entre os dois técnicos, sob o título “Telê e Basílio, um confronto desigual”: “É inegável o contraste entre os dois técnicos. Telê é um treinador experiente e consagrado tanto no País como no cenário internacional, mesmo perdendo duas Copas do Mundo. Seus times invariavelmente dão espetáculo. Tanto que não há corintiano, inclusive, que duvide da

capacidade do téc-nico são-paulino ou discuta se a lideran-ça está bem entre-gue a ele.”18

Basílio, por sua vez, novamente er-rou na estratégia, tanto é que a tor-cida são-paulina

gritou seu nome no fim do jogo. Mas Telê defendeu-o e até deu conselhos: “Ele deve ter paciência e continuar confiando no seu trabalho. Ele não deve ficar preocupado com a torcida. Tem muito futuro como técnico.”19 É, Telê também errava…

Já Marcelo tentou explicar como Müller mais uma vez levou vantagem no duelo: “Não dá para marcar um atacante tão rápido, se não houver combate mais forte no meio-

-campo. Porque assim a bola não chega tão limpa lá na frente. Nós não marcamos bem em nenhum setor.”20 E a cobertura de Henri-que, citada por Marcelo durante a semana, só ocorreu às vezes. Quando Müller passava por ele, não raro ficava sem ver um adversário na cobertura e pôde marcar seu quarto gol naquela semana — havia marcado também contra o Santos, na terça-feira, e duas vezes contra a Internacional de Limeira, na quinta.

Com sete jogos sem vitória no clássico, o tabu começava a incomodar os corintianos. Como escreveu Arthur de Almeida, do Esta-dão, em reportagem intitulada “Rotina de derrotas e tortura na hora das entrevistas”:

“Um profundo desânimo se abateu so-bre os jogadores do Corinthians, vítimas de mais uma derrota para o São Paulo. Essa rotina dos últimos tempos os ator-menta. A mesma ausência de força para fazer frente ao inimigo em campo, ontem, estava estampada no rosto de cada um, no vestiário. Todos ficaram sentados após um banho que em nada os revigorou. Es-tavam à espera de, para eles, torturantes entrevistas. Cabisbaixa, a maioria admi-tia a exaustão física e psicológica.”21

O domínio são-paulino naquele campeo-nato começava a ser tão grande, que pro-

porcionou a chance de dar como manchete, naquela semana: “Sem adversários, Telê prefere caçar paquinhas”. As paquinhas (Gryllotalpa hexadactyla) eram insetos que estavam infestando os gramados do centro de treinamento do time, na Barra Funda. Curiosamente, as paquinhas não atacavam os gramados do centro de treinamentos vi-zinho, do Palmeiras.

Enquanto isso, a preocupação no Corin-thians era tentar acabar com o recente jejum de vitórias em clássicos, que vinha desde março: eram apenas quatro jogos, mas já incomodavam. “Precisamos com urgência vencer um clássico”, confessava Basílio. “Isso está se tornando perigoso e influindo de forma negativa no emocional do grupo.”22 Ele não teve tal chance. Ainda naquela se-mana, foi demitido, após a derrota por 4 a 0 para o Internacional de Porto Alegre, em pleno Pacaembu, pela Copa do Brasil.

O substituto de Basílio foi Nelsinho Bap-tista, que ainda tinha muito crédito com a torcida corintiana, devido ao título brasilei-ro de 1990. E Nelsinho estava no comando do time para o Majestoso seguinte, em feve-reiro de 1993, já pelo Campeonato Paulista daquele ano. O São Paulo chegou para a par-tida já como campeão mundial, enquanto o rival entraria em campo com três ex-juniores (Embu, Gino e Marques) que ainda recebiam

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“Rotina de derrotas e tortura na hora das

entrevistas” foi a manchete do Estadão

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ajudas de custo, em vez de salários. Como destacou a Folha: “O que o meio-campo co-rintiano fatura num mês é o mesmo que os adversários ganham em dezoito minutos.”23

O clássico transcorreu como os últimos. “Que o São Paulo possui melhores jogadores, um conjunto harmônico e vasto repertório de jogadas ofensivas, todos sabiam”, escreveu o Estadão. “O que não se esperava é que os co-

rintianos, com uma equipe desfalcada e traumatizada por insucessos dos con-frontos anteriores, respeitassem tanto o adversário.”24 Le-vou apenas seis mi-nutos para a dupla de zaga corintiana,

formada por Henrique e Baré, estivesse pen-durada com um cartão amarelo para cada um.

Aos quinze minutos, Baré derrubou Mül-ler na área, e Raí converteu o pênalti, abrin-do o placar. O Corinthians criou uma úni-ca chance, enquanto o São Paulo passou a demonstrar desinteresse pelo jogo. Ainda no primeiro tempo, Baré, machucado, saiu, dando lugar a Marcelo Djian. No intervalo, Nelsinho tirou Adil e colocou Kel — que fica-ra razoavelmente famoso jogando no Marí-lia, ao lado de seu irmão gêmeo Zó.

O Tricolor voltou a ter um pouco de in-teresse no jogo após o intervalo. Aos treze minutos, o goleiro Ronaldo só conseguiu im-pedir o segundo gol de Raí derrubando-o. Como estavam dentro da área, mais um pê-nalti foi marcado. Ronaldo, por ser o último homem, acabou expulso. E, como Nelsinho já tinha feito as duas substituições permi-tidas então, o ponta Paulo Sérgio teve de ir para o gol. O São Paulo teria mais de meia hora para deitar e rolar com um atacante fazendo as vezes de goleiro.

Raí cobrou o pênalti, não sem antes ver um torcedor invadir o campo e roubar a bola, que repousava na marca penal. Em vez de tentar aplicar uma goleada histórica, os são-pauli-nos diminuíram o ritmo, passando a tratar a partida quase como se fosse um treino. Mes-mo sem fazer muita força, Cafu quase marcou duas vezes e Raí ainda viu o goleiro impro-visado encaixar uma cobrança de falta sua.

Telê, no banco, desesperava-se. Ao fim do jogo, não escondia a decepção: “Jogador meu tem que buscar o gol.25 E muitos deles se acomodaram. [Nesta profissão], não há lugar para piedade, pois os adversários, se pudessem, arrasariam a gente.26” Os joga-dores garantiam não ter tirado o pé, mas a melhor explicação que Toninho Cerezo con-seguiu encontrar foi a constatação do óbvio: “Se tivéssemos marcado alguns dos gols que

perdemos, chegaríamos a uma grande golea-da.”27 Por outro lado, Telê acabaria reconhe-cendo que as três invasões de campo e as confusões nas arquibancadas influenciaram no relaxamento do time: “Nós estávamos correndo risco de vida com essas invasões, pois não é difícil que um psicopata desses tente nos matar.”28

Aos 32 minutos, o Corinthians teve chan-ce de diminuir o placar, quando Kel sofreu pênalti de Raí. Apesar de ter perdido dois pê-naltis em uma semana, no fim de janeiro, ele apresentou-se para a cobrança, mas chutou na trave. A quatro minutos do apito final, Dinho chutou de longe uma falta, que entrou no canto direito, após a barreira abrir. Era o terceiro 3 a 0 aplicado pelo São Paulo no Majestoso em apenas catorze meses.

Apesar do resultado, Paulo Sérgio deixou o campo ovacionado pela torcida corintia-na e foi elogiado até por Telê Santana. Mas não escondeu que a situação era apenas um improviso. “Prefiro fazer gols [a] defender chutes”, brincou.29

No dia do jogo seguinte, os dois principais jornais de São Paulo deram espaço ao tabu do Majestoso. “Nos [seis últimos] clássicos entre os dois rivais, não houve corintiano que mar-casse gol no São Paulo”, escreveu Cosme Rí-moli, do Estadão.30 “A maior aposta para que-brar o jejum de seis jogos é o atacante Viola,

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Um meio-campo era composto por ex-

juniores; o outro, por campeões mundiais

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que pulou à frente da artilharia do Paulistão com os três gols que marcou na quinta-feira contra o Marília”, escreveram Mário Maga-lhães e Wilson Baldini Jr., na Folha.31

Depois de um primeiro turno ruim no es-tadual, o Corinthians estava em ascensão no segundo turno, apesar de ter conseguido apenas um empate e uma derrota nos dois

jogos anteriores. Nelsinho Baptista avisou que não faria em Raí uma marca-ção especial, apesar de o são-paulino ter marcado cinco gols em seis jogos: “O time do São Paulo é um todo. Não pode-

mos nos preocupar exclusivamente com um determinado jogador.”32

Do outro lado, a preocupação de Telê San-tana era com um julgamento que enfrenta-ria no dia seguinte, na Federação Paulista, por ter deixado o campo após a marcação de um pênalti para a Ponte Preta, na segun-da-feira anterior. Ele ameaçava aposentar--se, caso fosse suspenso. “Já falei e repito”, indignava-se. “Não fiz nada de errado. Por isso, não aceito ser punido. Abandono tudo, mesmo.”33 Não foi necessário, pois o julga-mento, além de ter sido adiado por duas se-

manas, terminou com absolvição, apesar de uma multa ter sido imposta ao treinador.

Já o Majestoso daquele início de abril terminou com vitória são-paulina e muita controvérsia. Válber abriu o placar para o Tricolor no primeiro tempo, mas, depois do intervalo, o Corinthians veio determinado a conseguir o empate. Tão determinado que conseguiu cinco escanteios nos primeiros sete minutos. O último deles terminou den-tro das redes são-paulinas, porém o bandei-rinha Rogério Idealli fez com que o árbitro voltasse atrás após sinalizar o gol de Paulo Sérgio, de voleio. “Marquei saída de bola”, explicaria Idealli, ao deixar o campo.34 O pro-blema é que a bola não chegou nem perto de sair — o escanteio na ponta direita foi co-brado pelo canhoto Neto. “Bato em gancho”, explicou o jogador. “A curva da bola é para dentro do campo, jamais por trás da trave.”35

Os corintianos protestaram bastante. “São as reclamações do Telê Santana que fizeram isso”, acusou Paulo Sérgio, citan-do o julgamento do técnico tricolor.36 “É o segundo clássico em que nos prejudicam”, lembrou Nelsinho Baptista.37 “Fomos preju-dicados, poderíamos virar o jogo”, reclamou Neto, que ainda ironizou o fato de Idealli ser ginecologista. “Ele entende mesmo é de mulheres e blenorreia.”38 O erro do bandeira pareceu ter deixado alguém inconformado

no jornal O Estado de S. Paulo. Na edição do dia seguinte, o caderno de Esportes do periódico trouxe manchetes como “Juiz aju-da e o tabu vai para 28 meses” e “Só gine-cologista viu a bola fora do campo”; um dia depois, reservou meia página a um quadro com fotos de “erros históricos” de árbitros, incluindo uma do lance de Paulo Sérgio ao lado de erros muito mais famosos, como o de Armando Marques na decisão do Cam-peonato Paulista de 1973 e o gol de mão de Diego Maradona na Copa do Mundo de 1986.

O técnico corintiano também falou sobre o resto do jogo: “No segundo tempo, domi-namos o jogo inteiramente, e o resultado foi uma tremenda injustiça.”39 De fato, o Alvi-negro mandou duas bolas na trave e fez de Zetti o melhor jogador em campo, mas foi o São Paulo que conseguiu marcar mais um gol, em um chute de fora da área de André Luís, quase no fim do jogo. O goleiro Ronal-do, atrapalhado pelo lateral Ricardo, nem viu a bola passar.

Na fase semifinal do Campeonato Paulis-ta, os dois clubes caíram no mesmo grupo, ao lado de Santos e Novorizontino, com ape-nas uma vaga para as finais em jogo. O pri-meiro turno da fase foi disputado ao mesmo tempo que as finais da Libertadores, que o São Paulo disputava contra a Universidad Católica, do Chile. Assim, o Tricolor estreou

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Telê ameaçava abandonar o futebol

caso fosse punido num julgamento

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num sábado, com vitória sobre o Novorizon-tino por 1 a 0, em Novo Horizonte; depois aplicou o histórico 5 a 1 no time chileno, na quarta-feira seguinte; perdeu para o Santos por 3 a 2, na sexta-feira; e no domingo en-frentou o Corinthians.

Os dirigentes dos clubes esperavam um público na casa dos cem mil torcedores, in-

centivados pelo ex-celente resultado na Libertadores, caso do São Paulo, e pela liderança do grupo nas semifinais, caso do Corinthians. O público não chegou a cem mil, mas 86.538 pessoas pagaram in-

gresso para ver o terceiro Majestoso do ano. A entrada desse contingente não foi das mais tranquilas. No acesso ao lado corintiano, um empurra-empurra por causa da demora na re-vista policial terminou com a queda de uma grade, ferindo gravemente dois torcedores.

Em campo, o Corinthians foi melhor no pri-meiro tempo, e isso claramente enervou o São Paulo, que errava trocas de passes e não con-seguia incomodar o gol adversário. “O time entrou mole em campo”, reclamou Cafu, no intervalo.40 Telê soube corrigir os problemas do time no vestiário, e o Tricolor voltou me-

lhor, apesar do cansaço, capitalizando logo aos cinco minutos, quando Raí aproveitou falha de Henrique e chutou forte: 1 a 0.

Quinze minutos depois, Bobô jogou-se na área ao perceber a marcação de Marcos Adriano. O juiz caiu na dele e apitou pênalti. O cobrador oficial corintiano, Neto, estava contundido e não jogou. O segundo na fila, Viola, disse não estar confiante, enquanto o terceiro, Adil, estava com dores muscula-res. A responsabilidade coube a Moacir, que partiu para a bola com o olho em Zetti, na tentativa de descobrir o canto que o goleiro escolheria. Mas Zetti ficou impassível. “Infe-lizmente, ele não deu nenhuma dica de qual canto iria escolher”, resignou-se Moacir, que acabou chutando no canto direito do gol.41 Justamente o que Zetti escolheu, com base nas estatísticas: “Fizemos um levantamen-to, e cerca de 60% a 70% dos jogadores ba-tem [no canto direito]. Arrisquei e, mais uma vez, deu certo. Ele veio andando e olhando para ver onde eu iria pular. Só que não pulei. Acho que neste momento ele ficou perdido e também escolheu um canto e bateu fraco.”42

Pouco depois, Ezequiel chutou Müller por trás e foi expulso. Melhor para Palhinha, que ficou sem marcação e não demorou para mar-car o segundo gol. “Com um a menos, a mar-cação individual que era feita foi destruída”, analisou o jogador.43 Após o gol, o São Paulo

passou a jogar apenas no contra-ataques, irritando Telê, que preferia que o time man-tivesse a posse de bola, poupando-se para a maratona de jogos que enfrentava.

O Majestoso de volta já estava marcado para o domingo seguinte. Antes, o São Pau-lo conquistou o título da Libertadores no Chile, na quarta-feira, com a derrota por 2 a 0 para a Universidad Católica, e venceu o Novorizontino no Morumbi por 3 a 1, na sexta-feira, encarando o terceiro clássico se-guido com menos de dois dias de descanso. A duas rodadas do fim da fase semifinal, o São Paulo tinha seis pontos, contra cinco de Corinthians e Santos. Se ganhasse, o Trico-lor poderia até terminar a rodada classifi-cado para as finais, desde que o Santos não vencesse o Novorizontino.

Talvez pela desvantagem na tabela, o Co-rinthians começou mais animado, com três boas chances nos onze primeiros minutos, a última delas uma cobrança de pênalti após falta de Gilmar em Paulo Sérgio. Neto co-brou no canto esquerdo, mas Zetti espalmou a bola. “O Neto chutou com força”, avaliou o goleiro. “Dei a impulsão exata e utilizei o mesmo raciocínio [do domingo anterior] para acertar o canto.”44 Foi o quarto pênalti perdido por um corintiano contra o São Pau-lo desde que a seca de gols em Majestoso co-meçara — Wílson Mano, Kel, Moacir e Neto.

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O Corinthians perdeu o quarto pênalti seguido

contra o São Paulo

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A defesa de Zetti pareceu ter acordado o São Paulo, que pressionou e conseguiu o gol com Palhinha. Entretanto, o tento foi invalidado pelo bandeirinha, que apontou um impedimento inexistente do atacante são-paulino. Ricardo dava-lhe condições. O

Corinthians voltou a ter boas chances, mas esbarrou mais uma vez em Zetti. A chuva que caiu no segundo tempo pre-judicou o jogo, mas o cansado São Paulo aparentava ser mais prejudicado. Ainda assim, Raí chutou de primeira da en-

trada da área, obrigando Ronaldo a fazer uma grande defesa no reflexo.

Quatro minutos depois, uma cena que não ocorria havia dois anos, dois meses e treze dias: um gol do Corinthians no São Paulo. Neto, sozinho à frente de Zetti, emendou cru-zamento da direita e foi ajudado pelo bandei-

rinha (o mesmo que havia anulado o gol de Palhinha no primeiro tempo), que, mal posi-cionado, ignorou o claro impedimento. “Eu não achei [impedimento], mas, se foi, o juiz já confirmou e não adianta chorar agora”, con-cluiu Neto.45 Estava quebrada uma escrita.

Já que o Tricolor não conseguiu o empate — a melhor chance foi um chute de Catê de fora da área, que subiu após desviar na zaga e quase encobriu Ronaldo —, outra escrita foi quebrada no fim do jogo: pela primeira vez em 895 dias, ou desde 16 de dezembro de 1990, o Corinthians derrotava o São Paulo. E que ninguém lembrasse aos corintianos que o adversário estava cansado. “Já perdi jogo para o São Paulo cansado também”, ob-servava Ronaldo46, um dos três corintianos que participaram de todas as dez partidas do tabu, ao lado do zagueiro Marcelo e do atacante Paulo Sérgio — pelo São Paulo, ne-nhum jogador participou dos dez jogos, mas Zetti, Raí e Müller ficaram fora de apenas um [ver lista completa na próxima página]. Era o fim de um trauma, e os jogadores no vestiário vencedor não conseguiam escon-

der isso. “Aí está mais uma prova de que o São Paulo não é nenhum bicho de sete ca-beças”, insistia Viola.47

Já no outro vestiário havia revolta contra o árbitro José Aparecido de Oliveira. “Por mim, este senhor não apitava mais jogos do Trico-lor, mas os dirigentes concordaram, e eu não posso fazer nada”, protestou Telê48, que não culpava apenas a arbitragem pelo resultado: “Algum dia iria faltar gás. Com isso, jogado-res como o Raí conseguem raciocinar a exe-cução da jogada, mas não têm força para exe-cutar. Com o campo encharcado, a situação piorou.”49 Ao contrário de sete dias antes, o noticiário d’O Estado de S. Paulo não demons-trou indignação com a arbitragem nem citou a profissão do auxiliar responsável pelos dois lances mais polêmicos do jogo.

O Corinthians confirmou sua classificação às finais com a vitória por 3 a 0 sobre o Novo-rizontino na última rodada, tornando inútil a goleada são-paulina por 6 a 1 sobre o Santos, no que acabou por ser a despedida de Raí. E levaria dez anos para surgir um novo tabu no Majestoso, mas esta é uma outra história.

Sobre o autor — O paulista, paulistano e são-paulino Alexandre Giesbrecht, 39 anos, é autor dos livros São Paulo campeão brasileiro 1977, São Paulo campeão da Libertadores 1992 e São Paulo campeão da Copa Sul-Americana 2012. Ele pode ser encontrado no Twitter (@ jogosspfc), no Facebook (/LivroBrasileiro1977), no Tumblr (anotacoestricolores) ou no site JogosdoSaoPaulo.com.br.

São Paulo x Corinthians O TABU DOS TABUS

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“Não achei impedimento, mas,

se foi, não adianta chorar agora”, provocou Neto

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7/4/1991São Paulo 1×1 CorinthianSCampeonato: Brasileiro. Estádio: Morumbi. Juiz: Wílson Carlos dos Santos. Público: 43 429. renda: Cr$ 50 963 500. Gols: Wílson Mano (14/1T) e Macedo (44/1T).São Paulo: Zetti; Cafu, Antônio Carlos, Ricardo Rocha e Leonardo; Ronaldão, Bernardo e Raí; Macedo, Eliel (Mário Tilico) e Elivélton. técni-co: Telê Santana.Corinthians: Ronaldo; Giba, Marce-lo, Guinei e Jacenir; Márcio, Tupãzi-nho (Ezequiel), Wílson Mano e Neto; Paulo Sérgio (Mirandinha) e Édson. técnico: Nelsinho Baptista.

8/12/1991CorinthianS 0×3 São PauloCampeonato: Paulista. Estádio: Morumbi. Juiz: Oscar Roberto de Godói. Público: 102 821. renda: Cr$ 369 297 000. Gols: Raí (16/1T, 14/2T e 17/2T). Pênalti perdido: Wílson Mano (27/2T). Expulsão: Di-nei (25/2T).Corinthians: Ronaldo; Giba, Marcelo, Guinei e Jacenir; Márcio (Tupãzinho), Wílson Mano, Ezequiel e Marcelinho Paulista; Dinei e Paulo Sérgio. téc-nico: Cilinho.São Paulo: Zetti; Cafu, Adílson (Sér-gio Baresi), Ronaldão e Nelsinho; Sídnei, Suélio (Rinaldo), Raí e Mace-do; Müller e Elivélton. técnico: Telê Santana.

15/12/1991São Paulo 0×0 CorinthianSCampeonato: Paulista. Estádio: Morumbi. Juiz: Ílton José da Cos-ta. Público: 106 142. renda: Cr$ 371 373 000. Cartões amarelos: Guinei, Raí, Sídnei, Suélio e Ronaldo.São Paulo: Zetti; Cafu, Antônio Car-los, Ronaldão e Nelsinho; Sídnei, Su-élio, Raí e Macedo; Müller e Elivélton. técnico: Telê Santana.

Corinthians: Ronaldo; Giba, Marce-lo, Guinei e Jacenir; Jairo, Ezequiel (Carlinhos), Wílson Mano e Marceli-nho Paulista; Tupãzinho e Paulo Sér-gio. técnico: Cilinho.

25/3/1992São Paulo 0×0 CorinthianSCampeonato: Brasileiro. Estádio: Morumbi. Juiz: Oscar Roberto de Godói. Público: 23 510. renda: Cr$ 113 192 000. São Paulo: Zetti; Cafu, Antônio Carlos, Ronaldão e Nelsinho; Adíl-son, Pintado e Raí; Müller (Macedo), Palhinha e Elivélton. técnico: Telê Santana.Corinthians: Ronaldo; Giba, Marce-lo, Wílson Mano e André Luís; Márcio, Taíka (Dinei) e Ezequiel; Paulo Sérgio (Fabinho) e Luciano. técnico: Basílio.

13/9/1992CorinthianS 0×1 São PauloCampeonato: Paulista. Está-dio: Morumbi. Juiz: Silas Santa-na. Público: 74 671. renda: Cr$ 858 568 000. Gol: Palhinha (44/1T). Expulsão: Marcelo (30/1T).Corinthians: Ronaldo; Elias, Mar-celo, Henrique e Nelsinho; Ezequiel, Wílson Mano e Neto (Paulo Sérgio); Fabinho, Nílson e Viola (Edu Manga). técnico: Basílio.São Paulo: Zetti; Válber, Lula, Ronaldão e Marcos Adriano; Dinho, Pintado e Pa-lhinha; Catê (Macedo), Müller e Elivélton (Maurício). técnico: Telê Santana.

4/10/1992São Paulo 3×0 CorinthianSCampeonato: Paulista. Estádio: Mo-rumbi. Juiz: Ulysses Tavares da Silva

Filho. Público: 44 146. renda: Cr$ 540 579 000. Gols: Müller (19/1T), Palhinha (34/1T) e Ivan (29/2T).São Paulo: Zetti; Vítor, Adílson, Ro-naldão e Ivan; Dinho, Toninho Cerezo, Raí e Palhinha (Macedo); Catê e Mül-ler. técnico: Telê Santana.Corinthians: Ronaldo; Wladimir, Marcelo, Henrique e Nelsinho; Eze-quiel, Wílson Mano e Edu Manga; Fa-binho, Nílson (Viola) e Paulo Sérgio. técnico: Basílio.

7/2/1993São Paulo 3×0 CorinthianSCampeonato: Paulista. Estádio: Paca-embu. Juiz: João Paulo Araújo. Públi-co: 21 157. renda: Cr$ 1 213 225 000. Gols: Raí (15/1T e 13/2T) e Dinho (41/2T). Pênalti perdido: Kel (33/2T). Expulsão: Ronaldo (10/2T).

São Paulo: Gilberto; Vítor, Lula, Vál-ber e Ronaldo Luís; Pintado, Toninho Cerezo e Raí; Müller, Palhinha e Cafu (Dinho). técnico: Telê Santana.Corinthians: Ronaldo; Elias, Baré (Marcelo), Henrique e Biro; Embu, Gino e Paulo Sérgio; Fabinho, Marques e Adil (Kel). técnico: Nelsinho Baptista.

4/4/1993CorinthianS 0×2 São PauloCampeonato: Paulista. Estádio: Morumbi. Juiz: Oscar Roberto de Godói. Público: 69 473. renda: Cr$ 6 740 640 000. Gols: Válber (24/1T) e André Luís (38/2T).Corinthians: Ronaldo; Ricardo, Hen-rique, Marcelo (Leandro Silva) e Elias; Moacir, Ezequiel e Neto; Paulo Sérgio, Viola e Adil (Marques). técnico: Nel-sinho Baptista.

São Paulo: Zetti; Vítor (Lula), Adílson, Ronaldão e André Luís; Dinho, Válber, Cafu e Raí (Catê); Müller e Palhinha. técnico: Telê Santana.

23/5/1993São Paulo 2×0 CorinthianSCampeonato: Paulista. Estádio: Morumbi. Juiz: Dionísio Roberto Domingos. Público: 86 538. renda: Cr$ 11 738 650 000. Gols: Raí (5/2T) e Palhinha (26/2T). Pênalti perdido: Moacir (21/2T). Expulsão: Ezequiel (25/2T).São Paulo: Zetti; Vítor (Catê), Adíl-son, Gilmar e Marcos Adriano; Pin-tado, Dinho, Raí e Palhinha; Cafu e Müller. técnico: Telê Santana.Corinthians: Ronaldo; Leandro Silva (Marcelinho Paulista), Marcelo, Hen-rique e Ricardo; Ezequiel, Moacir e

Bobô; Paulo Sérgio, Viola e Adil (Tu-pãzinho). técnico: Nelsinho Baptista.

30/5/1993CorinthianS 1×0 São PauloCampeonato: Paulista. Estádio: Mo-rumbi. Juiz: José Aparecido de Oli-veira. Público: 28 675. renda: Cr$ 3 568 350 000. Gol: Neto (21/2T). Pênalti perdido: Neto (11/1T).Corinthians: Ronaldo; Leandro Silva, Marcelo, Henrique e Ricar-do; Ezequiel, Moacir e Neto; Paulo Sérgio, Viola e Adil (Bobô). técnico: Nelsinho Baptista.São Paulo: Zetti; Vítor, Válber, Gilmar e Marcos Adriano; Pintado, Dinho e Raí (Catê); Cafu, Palhinha (Toninho Cerezo) e Müller. técnico: Telê Santana.

atuaÇÕESSão Paulo: Müller, Raí e Zetti (9); Cafu (8); Palhinha e Ronaldão (7); Dinho e Macedo (6); Adílson, Catê, Elivélton, Pintado e Vítor (5); Válber (4); Antônio Carlos, Lula, Marcos Adriano, Nelsinho e Toninho Cerezo (3); Gilmar, Sídnei e Suélio (2); André Luís, Bernardo, Eliel, Gilberto, Ivan, Leonardo, Mário Tilico, Maurício, Ri-cardo Rocha, Rinaldo, Ronaldo Luís e Sérgio Baresi (1).Corinthians: Marcelo, Paulo Sérgio e Ronaldo (10); Ezequiel (9); Henri-que e Wílson Mano (6); Viola (5); Adil, Fabinho, Giba, Neto e Tupãzinho (4); Elias, Guinei, Jacenir, Leandro Silva, Marcelinho Paulista, Márcio, Moacir e Ricardo (3); Bobô, Dinei, Edu Manga, Marques, Nelsinho e Nílson (2); An-dré Luís, Baré, Biro, Carlinhos, Édson, Embu, Gino, Jairo, Kel, Luciano, Mi-randinha, Taíka e Wladimir (1).

GolSSão Paulo: Raí (6); Palhinha (3); An-dré Luís, Dinho, Ivan, Macedo, Müller e Válber(1).Corinthians: Neto e Wílson Mano (1).

São Paulo x Corinthians O TABU DOS TABUS

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Referências1 “Frases”, Folha de S. Paulo, 8/4/1991, p. 6–1

2 “Macedo dedica seu gol à namorada corintiana”, Gilvan Ribeiro, Folha de S. Paulo, 8/4/1991,

p. 6–3

3 “Raí foge das comparações com Sócrates”, Antonio Rocha Filho, Folha de S. Paulo, 9/12/1991,

p. 6-7

4 “Corintianos reconhecem uso da tática errada”, Fernando Galvão de França, Folha de S.

Paulo, 9/12/1991, p. 6-6

5 “Corintianos reconhecem derrota”, Arthur de Almeida, O Estado de S. Paulo, 9/12/1991,

Esportes, p. 10

6 Idem, ibidem

7 “Artilheiro divide as glórias com o time”, Nelson Urt, O Estado de S. Paulo, 8/12/1991, Es-

portes, p. 1

8 “Telê Santana volta a criticar as arbitragens”, O Estado de S. Paulo, 27/3/1992, Esportes, p. 2

9 “Basílio admite usar tática de times pequenos”, O Estado de S. Paulo, 27/3/1992, Esportes, p. 2

10 “Só faltou uma taça para o São Paulo”, Arthur de Almeida e Janjão Rodriguez, O Estado de

S. Paulo, 14/9/1992, Esportes, p. 1

11 “Corinthians tem trauma tricolor”, O Estado de S. Paulo, 14/9/1992, Esportes, p. 1

12 “São Paulo ganha turno do Paulista”, Marcos Malafaia, Folha de S. Paulo, 14/9/1992, p. 5–1

13 “Corinthians tem trauma tricolor”, O Estado de S. Paulo, 14/9/1992, Esportes, p. 1

14 Idem, ibidem

15 “Muller liquidou adversário no turno”, Marcos Malafaia, Folha de S. Paulo, 4/10/1992, p. 5–1

16 “Clássico à beira de um ataque de nervos”, O Estado de S. Paulo, 4/10/1992, Esportes, p. 1

17 A Gazeta Esportiva, 5/10/1992, p. 8

18 “Telê e Basílio, um confronto desigual”, Arthur de Almeida, O Estado de S. Paulo, 4/10;1992,

Esportes, p. 1

19 “São Paulo explora tudo, até jogador machucado”, Cosme Rímoli, O Estado de S. Paulo,

5/10/1992, Esportes, p. 1

20 “Basílio culpa ‘pressão’ sobre o elenco”, Marcos Malafaia, Folha de S. Paulo, 5/10/1992, p. 5–1

21 “Rotina de derrotas e tortura na hora das entrevistas”, Arthur de Almeida, O Estado de S.

Paulo, 5/10/1992, Esportes, p. 1

22 “Corinthians sem resposta e ainda perdido”, O Estado de S. Paulo, 6/10/1992, Esportes, p. 1

23 “Salários têm desigualdade”, Ubiratan Brasil, Folha de S. Paulo, 7/2/1993, p. 5-2

24 “Aconteceu de tudo na goleada do S. Paulo”, O Estado de S. Paulo, Esportes, p. 6

25 “Telê elogia atuação do goleiro Paulo Sérgio”, Folha de S. Paulo, 8/2/1993, p. 5-3

26 “Invasões e violência escandalizam Telê”, O Estado de S. Paulo, 8/2/1993, Esportes, p. 6

27 “S. Paulo garante que não afrouxa”, O Estado de S. Paulo, 9/2/1993, Esportes, p. 2

28 “Invasões e violência escandalizam Telê”, O Estado de S. Paulo, 8/2/1993, Esportes, p. 6

29 “Atacante prefere marcar”, Folha de S. Paulo, 8/2/1993, p. 5-3

30 “Um tabu que incomoda os corintianos”, Cosme Rímoli, O Estado de S. Paulo, 4/4/1993,

Esportes, p. 1

31 “Corinthians desafia um tabu de dois anos”, Mário Magalhães e Wilson Baldini Jr., Folha

de S. Paulo, p. 5–8

32 “Técnico não prevê marcação especial”, Folha de S. Paulo, 4/4/1993, p. 5–9

33 “Telê mantém ameaça de se despedir hoje”, Mário Magalhães, Folha de S. Paulo, 4/4/1993, p. 5–10

34 “Só ginecologista viu a bola fora do campo”, O Estado de S. Paulo, 5/4/1993, Esportes, p. 1

35 Idem, ibidem

36 “Gol anulado gera protesto”, Paulo Ricardo Calçade, Folha de S. Paulo, 5/4/1993, p. 5-4

37 “Só ginecologista viu a bola fora do campo”, O Estado de S. Paulo, 5/4/1993, Esportes, p. 1

38 Idem, ibidem

39 “Vencedor mantém tabu de 2 anos”, Paulo Ricardo Calçade, Folha de S. Paulo, 5/4/1993, p. 5-4

40 “S. Paulo retoma caminho do título”, Arthur de Almeida e Décio Vioto, O Estado de S. Paulo,

24/5/1993, Esportes, p. 1

41 “Moacir queria ‘dica’ do goleiro”, Ubiratan Brasil, Folha de S. Paulo, 24/5/1993, p. 5-4

42 “Destaque do jogo, Zetti mantém ‘tabu’”, Wilson Baldini Jr., Folha de S. Paulo, 24/5/1993, p. 5-4

43 “‘A marcação foi destruída’”, Wilson Baldini Jr., Folha de S. Paulo, 24/5/1993, p. 5-4

44 “Zetti se sente um vitorioso”, Ubiratan Brasil, Folha de S. Paulo, 31/5/1993, p. 5-4

45 “Neto confirma a sua fama de talismã”, Paulo Ricardo Calçade, Folha de S. Paulo, 31/5/1993, p. 5-4

46 “Corinthians festeja fim do tabu”, O Estado de S. Paulo, 31/5/1993, Esportes, p. 1

47 Idem, ibidem

48 “São Paulo tem três desculpas para a derrota, O Estado de S. Paulo, 31/5/1993, Esportes, p. 2

49 “Telê continua a reclamar”, Ubiratan Brasil, Folha de S. Paulo, 31/5/1993, p. 5-3

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