Post on 12-Dec-2015
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ADSON CERQUEIRA SANTANA
EDERSON NAVARRO DE SOUZA
GLADSON PEREIRA DA CUNHA
JAZON VIEIRA DE OLIVEIRA
MÁRIO DANIEL DA SILVEIRA
SILVINO DA CUNHA DIAS
VANDERLY RODRIGUES BARBOSA
O EVANGELHO SOCIAL E A IGREJA DE CRISTO
Alcides Nogueira
Trabalho apresentado Seminário Teológico
Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos
Eller, em cumprimento às Exigências da
Disciplina de História da IPB 2.
Professor: Rev. Floriano Sant’ana
BELO HORIZONTE
2004
ÍNDICE
1 CAMINHOS DIVERGENTES....................................................................................................3
2 A RAZÃO DA DIVERGÊNCIA..................................................................................................4
3 O DESAFIO DO COMUNISMO................................................................................................4
4 O EVANGELHO SOCIAL..........................................................................................................5
5 DISCÍPULOS DO DR. SHAULL................................................................................................6
6 UMA GRAVE DENÚNCIA.........................................................................................................9
7 A PALAVRA DO DR. SHAULL................................................................................................12
8 REALIZAÇÕES DO PROTESTANTISMO..............................................................................13
9 O LIBELO DE UMA CARTA...................................................................................................14
10 NA MESMA SENDA...............................................................................................................16
11 A MISSÃO DA IGREJA...........................................................................................................16
12 A OBRA SOCIAL DA IGREJA................................................................................................17
13 FINALIDADE DA IGREJA E DO ESTADO............................................................................19
14 EM DEFESA DA IGREJA.......................................................................................................20
15 O CRISTÃO NO MUNDO ATUAL...........................................................................................20
16 PALAVRA FINAL....................................................................................................................21
1 CAMINHOS DIVERGENTES
Somente com um estudo das origens do Cristianismo e do Comunismo é
que se pode definir suas diferenças; o Cristianismo apesar das afirmações sobre
este favorecer o Capitalismo, ficará através de um estudo de sua origem uma
grande diferenciação entre ambos, o cristianismo está acima do Capitalismo e
também do Comunismo. Assim o Livro o Cristão e o Comunismo conclui “Portanto
a Igreja não ousa identificar a fé Cristã com qualquer programa específico”.
O objetivo deste trabalho será demonstrar os pontos negativos e positivos
tanto do Capitalismo quanto do Comunismo, demonstrando assim que ambos são
sistemas humanos que são permeados de erros e acertos. Para tanto cabe aqui
definir o que é capitalismo e comunismo:
1. Capitalismo : segundo Pio XI é o regime pelo qual os homens
contribuem de ordinário para a atividade econômica, uns com o capital
outros com trabalho.
2. Comunismo : é uma teoria que preconiza a formação de uma
sociedade ideal onde todos teriam as mesmas oportunidades e os
mesmos privilégios.
Vejamos o seguinte quadro:
CAPITALISMO (PONTOS NEGATIVOS) COMUNISMO (PONTOS NEGATIVOS)
Concentração de grande riqueza na
mão de uma minoria.
Determinismo político de uma cúpula de
privilegiados
Domínio de uma minoria rica através da
política e mídia.Controle da imprensa
Miséria, fome Domínio dos meios de produção, e
salário
Má distribuição da rendaDiferença dos salários entre membros
do partido e outros.
Minoria detentora da maioria das
empresas.
Propriedade na mão de uma burocracia
política
Engano do povo: afirmando sua “total”
liberdade
Engano das Classes: promete os ideais
do comunismo, mas mantêm a
ignorância do povo
Estes são os verdadeiros chifres do diabo, mas também estes sistemas
tiveram algo de positivo: em muitos países capitalistas ocorreu um grande
progresso industrial, comercial, cultural e social; nos países comunistas, como a
URSS ( lembrar que este livro foi escrito em 65) o analfabetismo foi abolido e
houve juntamente com este um grande progresso industrial e social, tornando a
URSS uma grande potência mundial. Mas isso não é tudo, ambos os sistemas
necessitam de prover condições econômicas, repouso adequado, instrução
popular, direitos individuais, princípios morais e liberdade religiosa para todos.
Como a Igreja está acima dos dois sistemas, a divergência deveria ser
entre Capitalismo x Comunismo e não Igreja x Comunismo, pois a missão da
igreja é mais divina e mais nobre; porém a Igreja foi envolvida nesse conflito
porque Karl Marx tinha alguns pressupostos contrários a ela por detrás de seus
ensinos.
2 A RAZÃO DA DIVERGÊNCIA
A verdearia motivação do Comunismo gerou um antagonismo para com a
Igreja pois para Marx a realidade das coisas tem como fundamento básico a
matéria em movimento constante, por exemplo idéias e ideais são reflexos do
mundo material em nós. Essa filosofia extremamente materialista ensina somente
um aqui e agora, desse ponto tudo mais é interpretado.
Há portanto um determinismo absoluto onde os fenômenos são regidos por
leis universais e necessárias que subordinam as ações e a vontade humana de tal
maneira que tudo que acontece independentemente do nosso querer.
Aqui o ponto divergente entre Igreja e Comunismo fica explícito, pois os
cristãos crêem que seres humanos têm o livre arbítrio e que há interfer6encia da
Inteligência Divina na ordem universal, além da pregação do amor que contraria o
sistema opressor e sanguinário do Comunismo.
Para o comunismo Deus é uma negação, para o Cristianismo uma
afirmação, Deus permeia toda sua Criação regendo-a e interferindo conforma
melhor lhe apraz.
Nikolai Lenine ligou em 1917 a Igreja, principalmente a Ortodoxa russa ao
antigo sistema dos Czares de opressão a classe trabalhadora, desligando assim o
povo da religião, anunciando assim um céu na terra com uma religião sem Deus.
3 O DESAFIO DO COMUNISMO
As brigas entre Roma e Constantinopla, a fim de dominar o mundo cristão,
durou muito tempo. Em 867 Nicolau I, de Roma, excomungou Fócio, bispo de
Constantinopla, daí veio a 1ª grande divisão entre a igreja oriental e ocidental.
A Igreja Ortodoxa, se apoiou no estado devido sua herança constantina,
que era difícil distinguir entre o que era igreja e que era estado.
Com o advento do comunismo (1917), a igreja ortodoxa russa estava
profundamente envolvida com o estado, naquele tempo governava o Czar Nicolau
II e, por isso, era grandemente privilegiada. Por causa disso sofreu graves críticas
por parte dos comunistas. Naquele tempo, apenas a nobreza e o clero
desfrutavam das riquezas, poderes, cultura e prazeres da vida, enquanto os
pobres eram tratados com descaso e desrespeito.
O comunismo foi enfático, dada a situação, ao afirmar o clero e a igreja
como nocivos aos interesses do povo comum. Inverteram os valores e missão da
igreja tentando desacreditar sua mensagem e levar os crentes a desistirem da fé.
Diziam que o que a igreja não podia fazer, transformar o mundo, o comunismo
faria. Aqui começava uma das maiores lutas que o cristianismo teria de enfrentar.
4 O EVANGELHO SOCIAL
Há uma legítima preocupação de grande número de servos de Deus
perante às condições do mundo atual, atacado pela injustiça social, pela dura e
impiedosa pobreza, da fome cruel que martiriza, com maior ou menor incidência,
dois terços da família humana, há uma preocupação, por ter em mente que o
amor não procura os seus interesses e não se alegra com a injustiça. Sendo
assim, perante essa preocupação devemos ser de parecer que os cristãos,
possuidores do mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, devem
criar e manter em sua consciência o elevado padrão de solidariedade humana.
Uma vez que a igreja tem pensado tanto em sua responsabilidade social,
na pessoa de seus membros, é desafiada e convidada a realizar uma obra social.
É um trabalho que nos cabe obedecer ao “Ide” de Jesus, e não temos por onde
mudar o sentido da obra social, nos termos da inteligência bíblica, para sobre
fundamento exclusivamente sentimentalista construir o que vem se denominando
de evangelho social. Esse evangelho que vem tomando corpo entre nós, é uma
importação modernista da Europa e da América do Norte, cujo maior exportador é
o Conselho Mundial de Igrejas, organização de âmbito internacional que tenta
estabelecer no mundo uma nova ordem social, para, pela união de todos os
credos religiosos, protestante, católico romano, ortodoxo oriental, bem assim
judaico, maometano e budista, se o quiserem, implantar o reino de Deus na terra.
Pensa criar condições tais que o homem será de tal forma dirigido pela sociedade
denominada “Super Igreja”, que não se poderá afastar do destino que lhe for
traçado. Alcançado tal objetivo, a “super-igreja” terá em maior destaque a missão
do que a doutrina, e menos a ortodoxia teológica do que o evangelho social, pois
o evangelho social, preencherá plenamente a missão da igreja no mundo.
Desta forma pode-se definir que esse evangelho social que se tem visto é
de mensagem mais terrena do que eterna. Sua visão é panorâmica e inclui a
humanidade toda, como um todo, como objeto de sua maior preocupação
salvacionista. Aconselha ação definida e resoluta na solução dos problemas
políticos, econômicos e sociais, deixando em plano secundário os interesses
espirituais de cada indivíduo como ser isolado da comunidade. O seu apelo é por
um mundo socialmente melhor, e não por um mundo redimido pelo Sacrifício da
Cruz. Subestima o valor da conversão da alma e destaca a dignidade do bem
estar social da vida humana. Procura identificar a Igreja de Deus como o mundo
descrente, fazendo-lhe concessões, a fim de atraí-lo para a órbita do seu
ecumenismo religioso. Ressalta o valor da mensagem e do bem estar social e
rebaixa a mensagem evangélica . Insinua a irmanação de todos os credos
religiosos, cristão, sub-cristãos e não cristão, pensando com isto mudar as
condições sociais do mundo, como o objetivo utópico de estabelecer o reino de
Deus entre os homens.
Pode-se perceber então que o evangelho social, muito embora traga
consigo um louvável sentido de solidariedade humana, desmanda-se na ousadia
inglória de tentar substituir o sublime e eterno Evangelho do Nosso Salvador por
uma contrafação de finalidade temporal.
5 DISCÍPULOS DO DR. SHAULL
O autor passa a demonstrar aqui os conceitos criados por alguns pastores
que seguiam os mesmos princípios do Dr. Shaull, do evangelho social, e se
empenha em refulá-los, dentre eles:
Rev. Domício Pereira de Matos na revista “Curso Popular” para Escolas
Dominicais, publicada sob os auspícios da Confederação Evangélica do Brasil,
lição 10, de 7 de junho de 1964, demonstra seu pessimismo e censura à Igreja
porque se atrasou na solução do problema social, pois só ela poderia resolvê-lo.
Uma idéia que repousa com bases nos conceitos do Dr. Shaull. Isto é, o desafio
consiste em que a igreja deve passar à frente dos que, porventura, tenham saído
antes dela com a iniciativa de promover solução econômica para quantos sofrem
o drama do estômago vazio.
Perante o problema da questão social, percebe-se que não há
possibilidade da Igreja de Cristo, em sua parte atuante, que se constituiu de uma
notável minoria no meio da comunidade cristã e de uma minoria ainda menor, no
que se diz a população total da humanidade, dispor de meios e recursos para
saciar os que padecem de fome. Porém não pode deixar de pensar no problema
social, discuti-lo, fazer sugestões e cooperar na sua solução. É claro que resolvê-
lo em definitivo, como preconizam os adeptos do “evangelho social”, é um
empreendimento utópico que está muito acima das suas possibilidades.
O Rev. Lemuel C. Nascimento de uma forma mais discreta deixa também
transparecer a sua influência pelo evangelho social, pois declara que somos
chamados para dar testemunho de Jesus Cristo entre os homens e fracassamos
não na medida em que deixamos de desenvolver misticismo ou ortodoxia
formalista, mas na medida em que nos isolamos, indiferentes, das necessidades
daqueles a quem Deus quer salvar e beneficiar por nosso intermédio., desta
forma não há participação em Jesus Cristo sem participação na sua missão no
mundo, pois ele mesmo lutou para restabelecer a dignidade do homem para que
ele tivesse vida humana, realmente humana, nas suas relações com Deus e com
o próximo. Para ele a solução dos problemas humanos deve vir em primeiro lugar,
e só depois a mensagem do Evangelho para a salvação da alma.
É claro que Jesus se empenhou em elevar o homem, do padrão
paganizado em que ele vivia para um padrão de dignidade, porém não se pode
esquecer que a preferência de Deus não é tanto por nossa vida temporal ou
humana, e sim, sobretudo, por nossa vida espiritual. O método de Jesus, não
elevava o homem a um padrão de vida exclusivamente humano, porém o seu
método consistia em ativar as forças morais e espirituais da pessoa humana, para
comunicar-lhe um caráter forte e construtivo, como os mesmos sentimentos que
houve nEle também.
É importante ressaltar que Jesus não foi um socialista, cuja vida e meta foi
lutar constantemente contra as injustiças e opressões de seu tempo para que
assim elevasse o aspecto social da vida humana. Porém se olharmos os seus
desafios, veremos que ele apontava para um padrão de vida mais elevado, não
apenas terreno mais espiritual, como vemos no sermão do monte, capítulos 5, 6 e
7 de Mateus.
O Rev. Nilo Gimeno Rédua Junior também demonstra sua preocupação em
se resolver o problema da questão social de maneira definitiva, pois a multidões
estão famintas. Para ele não se pode dar apenas o pão espiritual, não se pode
deixar a multidão partir apenas com o pão espiritual, mas com o pão material
também, pois se isto continuar a acontecer, elas não atenderão à nossa
mensagem.
Porém ele esquece que o resolver em definitivo a questão social não está
em alcance da igreja, pois a mesma é limitada financeiramente. Se existir solução
definitiva isso não deveria caber aos Governos, a quem as respectivas nações
oferecem o potencial de recursos, as instituições adequadas e o pessoal
tecnicamente qualificado para planificar e resolver?
Outro fator que não se pode esquecer é que não se pode equiparar o pão
espiritual com o pão material, não há comparação, pois Jesus disse que o reino
de Deus e a sua justiça é muito mais importante, pois as outras coisas serão
acrescentadas. Se estivermos debaixo da poderosa mão de Deus, ele cuida de
nós. Desta forma se pretendermos solucionar os problemas sociais do nosso
povo, ou seja, entregar o pão material, para depois evangelizar, entregando o pão
espiritual, nunca evangelizaremos o Brasil.
O Rev. Rubem Alves, segundo o jornal “O Presbiteriano Bíblico” de maio
de 1964, editado em SP, disse a um auditório de estudantes na Universidade de
Ohio, U.S.A., que a igreja tem fracassado frente ao Comunismo e que a presença
incomodante dos marxistas, avançando no território perdido por ela, a tem
incomodado.
Deve-se ressaltar porém, que até aqui o comunismo não apresentou
planos de vida melhores do que os princípios humanos e morais que os
Evangelhos nos indicam. O que se tem verificado lá é a coerção, a violência como
lei, a suspeita, o temor e a delação. Pretender criar uma igualdade econômica no
mundo atual é tentar fugir, sem ter por onde, da dura realidade expressa nas
palavras de Cristo: “Os pobres sempre tendes convosco” (Jo 12.8). A
desigualdade econômica sempre existiu e sempre existirá, pois decorre de uma
série de fatores que se repetem indefinidamente, sem possibilidade de controle.
Como diz o autor, é inútil pensar os idealistas e difusores do evangelho
social, que tentar corrigir os planos de Deus para implantar um socialismo
igualitário no que tange à distribuição da riqueza, seja possível, pois saibam eles
que isso é uma tarefa ousada e inglória, nas condições do mundo atual, rebelde e
impotente.
6 UMA GRAVE DENÚNCIA
Em abril de 1964, subiu à Comissão Executiva do Supremo Concílio da
Igreja Presbiteriana do Brasil um documento subscrito por considerável número
de evangélicos presbiterianos, através do qual se fazia uma representação contra
a infiltração socialista, com tendência comunista, no seio da Mocidade
Evangélica. Esse documento faz referências da mais grave responsabilidade, pois
versa sobre ideologias exóticas para o nosso cenário evangélico e denuncia
pastores, citando nominalmente Richard Shaull, Rubem Alves, Jovelino ramos,
Lemuel Nacimento, Nilo Rédua, Cyro Cormack, João Dias, Almir dos Santos e
Aharon Sapsezian.
Sobre Aharon Sapsezian, o autor comenta que esse ministro evangélico
pertence a um outro ramo denominacional, o que dificulta relatar algo sobre ele e
seus conceitos. O que se sabe porém é que o mesmo, é de pendor socialista que
o arrasta a fazer trabalho organizado de propaganda política entre os moços
evangélicos do Brasil, distribuindo literatura contrária à nossa ortodoxia.
Sabe-se também que o mesmo exalta o pensamento do teólogo alemão
Bultmann, por ele mostrar-se preocupado em promover o encontro do homem
moderno – existencializado – pela vivência do nosso mundo contemporâneo com
o Cristo de todos os tempos, e de restaurar à fé seu conteúdo vivo, operante e
decisivo. Porém Aharon, segundo o autor, parece esquecer que Bultmann duvida
da veracidade histórica dos fatos relatados no Novo Testamento, pois apresenta
uma teologia ficcionista em torno de um Jesus lendário. Esquecendo então que
nem todos estão preparados para ler um livro ou artigos de um escritor com
Bultmann. Não é devido à sua ideologia favorável ao homem, ao seu bem estar
social, que se deve fazer de Bultmann um aliado na missão da igreja. Entretando
deve-se mostrar que o seu pensamento sócio-político e teológico é um distorção
das verdades bíblicas infalíveis.
O autor também menciona o Rev. Cyro Cormack, colega de presbitério,
mas que não pode deixar de ser citado como alguém que apresenta tendências
socialistas. O mesmo diz que “se Cristo voltasse hoje, reformaria muita coisa do
Novo Testamento”, isso demonstra que o mesmo sobre grandes influencias neo-
modernistas de Karl Barth, pois como ele nega que o caráter absoluto da Verdade
revelada, quando considera ser lícito a cada um decidir, para si mesmo, o que na
Bíblia é a palavra de Deus e o que não é.
Desta forma o autor destaca o Rev. Cyro entre suas críticas pois a sua
declaração importa em negação à inerrância das Santas Escrituras, o que,
segundo ele é uma coisa muito grave no ministério presbiteriano, e em seus
conceitos e princípios percebe-se o seu favoritismo ao socialismo conforme o
autor mostra em síntese:
a) A revolução de 31 de março, segundo Rev. Cyro alterou profundamente
a vida do país e a nação foi radicalizada. Isto é, sofreu uma transformação
violenta sem a necessária preparação para defesa de sua estrutura social e
política, pelo que dividiu-se bastante.
b) Como conseqüência da revolução, diz ele que a IPB também sofreu em
suas finanças, pois segundo consta, findou o ano com um déficit de 10 milhões de
cruzeiros.
c) A igreja dividiu-se em dois grupos perfeitamente caracterizados, uma a
dizer ao outro: eu não preciso de ti.
d) O Comunismo é estatizante, autoritário e um tanto escravizador; o
Capitalismo é injusto, explorador e exerce a pior escravidão: a econômica.
e) O cristão encontra no Socialismo a sua alternativa. Mas, em nosso meio
atrasado, socialismo confunde-se com Comunismo.
f) A mensagem evangélica que a Igreja vem pregando é aleatória,
totalmente irrelevante para o presente século, e os homens desta época não a
ouvirão.
No tocante à revolução e sua significação para o Brasil, o autor usa as
palavras do professor do Seminário de Campinas Rev. Jorge Goulart, que em
editorial da revista Teológica daquele Seminário, dezembro de 1964, que se
pronuncia dizendo o seguinte sobre a Revolução Brasileira: Diz ele que o Brasil
entre os países latino-americanos é o de governo mais estável e acomodado, que
não reage muito aos problemas que enfrenta.
Entretanto, depois da espetacular renúncia do presidente Jânio Quadros, o país
entrou num regime de agitação permanente, sob o governo do Sr. João Goulart.
Primeiro foi uma experiência malograda do sistema parlamentarista, mal
executada pela ação do próprio presidente que não se conformava com a
diminuição dos seus poderes. Com o presidencialismo restaurado, esperava-se
que tudo entrasse em bom caminho, porém com o passar do tempo era evidente
o fortalecimento do partido comunista, que o presidente parecia prestigiar
colocando-o em posições chaves e pactuando com a desordem que se
implantava em todas as esferas da administração, a par de uma desenfreada
corrupção nos negócios públicos.
Foi nestas condições que, para surpresa de todos, ocorreu a revolução, a
primeiro de abril do corrente ano. Quem mais foi surpreendido com essa
revolução foi o próprio governo, cujos famosos dispositivos falharam
completamente. Acreditamos que Deus velou pela nossa pátria. Constituiu-se um
governo moderado, sob a presidência de um homem de largo descortino e de
elevado espírito, o marechal Castelo Branco. Eliminou-se quanto possível, o
perigo do domínio comunista, cujas raízes já eram até mais profundas do que
supúnhamos.
O autor mostra com esse relato o porque de não entender as saudades do
Rev. Cyro Cormack pelo regime passado sob o governo de João Goulart, a
menos que isso seja interpretado como um tendência sem disfarce para a
esquerda socialista, sobre cujas pegadas faz caminho o Comunismo.
O autor menciona também não concordar com o fato do Rev. Cyro
mencionar que a revolução abalou terrivelmente a IPB dividindo-a em dois
grupos, o que não foi bem assim, pois em primeiro lugar, o déficit da Igreja foi
devido a despesas e fatores naturais da Igreja, o que foi superado. Em segundo o
mencionado a respeito da divisão diz o autor, ser algo completamente
desconhecido por ele. O que é sabido é que alguns líderes evangélicos, poucos
felizmente, de algumas correntes denominacionais, deixaram-se empolgar por
tendências político-sociais que, nestes últimos anos, vinham agitando o país, e
tentaram aproveitar o ensejo para inovar, dando corpo às suas idéias dentro da
nossa organização eclesiástica. Agora estão inquietos porque não encontraram
ambiente e nem condições para modificar a estrutura bíblica da Igreja, para dar
orientação diversa à missão que o Senhor Jesus Cristo lhe conferiu e para
reformar a crença que os nossos pais nos legaram. Tentaram em vão substituir o
Evangelho da redenção pelo “evangelho social”.
Outra questão que merece ser refutada é o fato do Rev. Cyro comparar o
comunismo e capitalismo: sendo que segundo a sua comparação o comunismo é
apenas um tanto escravizador, e o capitalismo, porém, como o que exerce a pior
das escravidões.
O que o Rev. Cyro esquece, segundo o autor, é que com base no simples
exemplo entre dois países: Estados unidos (capitalista) e Rússia (comunista) o
que se pode perceber é que para o comunismo, o homem é tão somente um
ponto de referência, um dado estatístico, cuja vida pouco importa face ao
interesse do Estado, ou melhor, da cúpula dirigente. Muito mais do que o
capitalismo, o comunismo escraviza o homem porque não leva em conta a sua
dignidade individual como ser humano: escraviza a mente porque não lhe dá
liberdade para pensar, dizer e decidir; e escraviza a alma porque lhe nega o
direito de professar uma religião.
O autor termina o capítulo mencionando o que tem acontecido é que o
socialismo cristão tem crescido com outra roupagem e sob disfarce diferente, a
cujos propagandistas pode-se aplicar, com muita propriedade, a doutrinação de
Paulo: Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou
na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não é outro, senão que há
alguns que vos perturbem e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda
que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do
que vos temos pregado, seja anátema. (Gl 1.6-8)
7 A PALAVRA DO DR. SHAULL
O comunismo conseguiu atrair muitos cristãos, que achando que a missão
da igreja era mudar a sociedade favorecendo os excluídos, como pensava o
marxismo, ficavam desesperados. Um livro colaborou muito para esse
desvirtuamento, a obra que penetrou nos meios cristãos em 1953, intitulada “O
Cristianismo e a Revolução Social”, do Dr. Richard Shaull.
Apesar da cultura e erudição do Dr. Shaull sua obra apresentava graves
erros contra o cristianismo. Por exemplo: (1) pessimismo insopitável para com o
crsitianismo, (2) via a igreja como o poder civil para conter o comunismo. É
também negativo, pois desvirtua o papel do cristianismo no mundo, e sem
objetivo, pois, quer dá para a igreja uma missão utópica que não é a que ela
recebeu de Jesus nem nenhum escritor bíblico citou em toda a escritura.
Alguns textos do livro são muito claros quanto a este tipo de pensamento
contra a igreja. Vejamos alguns:
“Mas o Comunismo, e não o Cristianismo, é que se tem identificado
com as massas sofredoras. O interesse pela justiça social está escrito
através da Bíblia inteira; mas o Comunismo é que tem tomado a
dianteira na luta contra as injustiças e contra a exploração”.
“Nós precisamos de ser capazes de dar ao mundo cristãos que se
entreguem à vida política com inspiração tão dinâmica, e que se dêem
tão apaixonadamente como os comunistas.”
“O Comunismo desafia os cristãos não somente a repensarem a sua
responsabilidade social e política; ele nos desafia, outrossim, para
uma nova compreensão da essência da fé e da vida cristã.”
“Um movimento ateístico tem dado ao mundo uma tão dinâmica
demonstração de vitalidade religiosa, que nos faz envergonhar” (O
Cristianismo).
“Não o Cristianismo, mas o Marxismo, é que tem dado às massas dos
nossos dias uma razão de esperança.”
Dr. Shaull, inverte a missão da igreja e, é muito pessimista quanto a sua
existência. Consegue confundir profundamente a igreja com o estado. Igreja e
Estado tem missões distintas que às vezes se interagem no campo das ações,
contudo, cada um continua na sua esfera. Por isso, não é justo nem correto julgar
a igreja pelo que ela não é não, e pelo que não é primária e essencialmente a sua
missão.
Dr. Shaull ministrou de um curso no Seminário Presbiteriano de Campinas
e influenciou grandemente alguns jovens pastores. Ao lê-lo se pode perceber sua
profunda tendência a um tipo de evangelismo social, esse que compete contra o
evangelismo espiritual cristão e tenta até mesmo substituí-lo.
8 REALIZAÇÕES DO PROTESTANTISMO
A reforma enfatizou o sentido espiritual da vida e formou um caráter cristão
que atuou poderosamente no destino dos povos sob sua influência.
Os protestantes foram pioneiros em advogar um sistema de educação
popular. Lutero recomendou os magistrados alemães que abrissem escolas em
todas as suas comunidades. Calvino também incentivou a criação de escolas
públicas. O resultado é o contraste no índice de analfabetismo entre os paises
católicos e protestantes; do desenvolvimento educacional decorre o
desenvolvimento tecnológico e comercial.
No Brasil a igreja evangélica realiza obra admirável no setor social. No vale
do amazonas a lanchas a motor Adventistas, dos Batistas e da Sociedade Bíblica;
transportam médicos, enfermeiros, remédios e Bíblias para socorro do corpo e da
alma das populações ribeirinhas [Oi Bodão: você sabia que a 1a IP de Manaus
também tem um barco]. Em Belém, os adventistas instalaram um dos melhores
hospitais da cidade. Os adventistas mantém na bacia do são Francisco: postos
médicos, clinicas-maternidade, orfanato e escolas. No Nordeste, no Centro e no
Sul há instituições de assistência social promovidas por evangélicos. No Brasil, os
evangélicos anunciam a mensagem da cruz e avançam no setor social.
9 O LIBELO DE UMA CARTA
Uma carta de autoria de Marcus Kerr Brochado de Almeida, membro de
uma Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, faz menção e observações a várias
teses apresentadas no VI Congresso de Mocidade da Igreja Presbiteriana do
Brasil, realizado em Campinas – SP, em janeiro de 1964.
Os conceitos abaixo foram defendidos pelo Rev. João Dias de Araújo,
professor do Seminário Presbiteriano do Recife, e como professor tinha a missão
de formar a mentalidade e o caráter ministerial dos jovens pastores.
“O ensino de Jesus tem sido o estopim de todas as grandes revoluções
do mundo nestes dois mil anos de história”. Marcus Kerr afirma não
saber o método que o Rev. João Dias para interpretar a história. Na
verdade, parece que o professor buscou afirmar alguns eventos como:
as Cruzadas, a Reforma (Séc. XVI), Revolução francesa e etc. Kerr
afirma que não há forma de ligar tais eventos com a pessoa de Cristo.
“A revolução industrial capitalista esconde o principio cristão do valor
infinito da pessoa humana e da sua responsabilidade e da sua
responsabilidade diante de Deus e da sociedade”. Kerr refuta este
pensamento dizendo que o Rev. João Dias estava querendo dizer que a
revolução industrial comunista esconde o principio cristão do valor
infinito da pessoa humana. Ë o comunismo e não o capitalismo que
baseia o seu sistema na filosofia determinista para negar a existência
de Deus e da alma humana, assim como, a soberania e a eterna
providência do Senhor.
“A revolução socialista-comunista retirou seu elemento religioso e
messiânico do Cristianismo”. Kerr diz que em nada o Comunismo se
assemelha ao Cristianismo, senão no entusiasmo com que os seus
adeptos se empenham no afã de implantar o seu sistema.
“A Igreja Evangélica ainda não formulou a ética cristã para as novas
gerações”. A ética do Cristianismo não é ciência mutável que a Igreja
esteja reformando como se fosse um programa de ensino do Ministério
da Educação. Uma ética que a Igreja reformasse a seu talante seria
humana e não cristã. É decepcionante saber que um professor de
Seminário revela-se tão incipiente perante uma mocidade em
Congresso Religioso, afirmando que a Igreja, “ainda não tem a ética
cristã para as novas gerações”.
“A filosofia marxista exerce uma atração sobre a terceira e quarta
gerações evangélicas, excepcionalmente sobre os líderes universitários,
os líderes jovens e os seminaristas. O apelo marxista fala forte aos
jovens evangélicos em parte porque fala de perto a realidade brasileira,
e em parte, porque as Igrejas não oferecem apelos deste gênero.
Assim, as Igrejas Evangélicas vão perdendo os jovens de grande
capacidade, que hoje estão militando nas esquerdas extremadas.
Clara e insofismável é a discrepância do pensamento socialista do
professor João Dias da inteligência doutrinária das nossas tradições. Suas
declarações foram:
a) Afirma que a Igreja já não tem mais poder atrativo para a sua
mocidade. Desta forma a Igreja está aceitando que na sua
doutrinação penetrem conceitos da filosofia como negação da
existência de Deus, negação da importância e existência da alma
humana, negação da Bíblia, o Cristo histórico e redentor.
Destruída a verdade da Palavra de Cristo, as portas do inferno
prevaleceriam contra ela.
b) Insinua, por contraste, que o Marxismo atrai porque não tem
ilusões, porque luta pela transformação do mundo, porque clama
contra as injustiças, enquanto a Igreja – fracassou porque é
indiferente a todos os males sociais, vive num mundo de ilusões e
está aliada ao capitalismo explorador. Injustiça sobre injustiça.
c) Ao afirmar que as razões que tiveram os nossos avós para deixar
a Igreja Católica e buscarem o Protestantismo são as mesmas
que seus netos tem para abandonarem a Igreja Evangélica e
buscarem o Marxismo.
d) Certos jovens geralmente os mais inteligentes, sentem-se mal nas
Igrejas por considera-las retrógradas e porque são elas
defensoras do Capitalismo injusto e servem aos partidos políticos
de burgueses exploradores.
e) A situação ficava ainda mais grave porque quando a sua
mocidade fala das suas aspirações é escoiceada pelas Igrejas e
taxadas de comunista e agitadora pelos pastores e crentes mais
velhos.
f) Por fim, recomenda o Rev. João Dias que a Mocidade não
abandonasse a Igreja, apesar de todas as suas falhas. Que se
esforçassem para conhecer as bases da fé cristã por meio do
estudo da Bíblia e da Teologia.
O que observamos é que não é tão simples quanto o Rev. João Dias
julgava e ensinava. As bases filosóficas e teses do Marxismo e do Comunismo
ferem e muito a prática cristã e por isso devem ser evitadas.
10 NA MESMA SENDA
As questões levantadas acima não foram discutidas apenas pelo Rev. João
Dias, mas manifestou-se com um grande levante em diversas partes do País e
por diversos líderes evangélicos, que pensavam ser possível a transformação do
mundo através da Igreja, resolvendo os problemas sociais. Alguns chegaram a
propagar princípios e táticas comunistas no tocante a certos problemas da vida
nacional, como reforma do ensino, reforma agrária e econômica, reforma
previdenciária, sem respeito às nossas tradições políticas e religiosas.
Com a revolução brasileira de 31 de março de 1964, esses elementos se
retraíram, mas não cremos que as suas idéias hajam morrido.
11 A MISSÃO DA IGREJA
A Igreja traz consigo um sentido místico que lhe dá dignidade, colocando-a
bem acima do secularismo com que alguns desejam revesti-la. A Igreja é um
mistério em si mesma. O seu corpo é originalmente humano, constituída de
pessoas de todos os povos, nações e línguas, de todas as cores e de todas as
civilizações, formando a raça eleita (I Pe 2.9).
Mistério é também a sua mensagem, haja visto que fala aos homens
através de uma linguagem totalmente nova. A Igreja fala a linguagem do Deus
eterno, misericordioso e bom, do Deus que ama e perdoa. Igualmente misteriosa
é a vida de relação da Igreja com Deus. Deus em Cristo se encarnou em nossa
humanidade, e a Igreja se tornou participante da sua divindade, recebendo os
sentimentos e da sua mente. É uma vivência em Espírito e em Verdade, no
silêncio de um ambiente fechado ao mundo exterior e das forças do mal, mas
inteiramente aberto para Deus.
Cremos que a organização do Estado está dentro do plano divino e que
Deus deu poder às autoridades para governarem, administrando o mundo para o
bem. Para fins mais nobres, no entanto, deu a existência à sua Igreja,
oferecendo-lhe garantias que ao Estado não prometeu (Mt 16.18). São partes do
Reino de Deus – Igreja e Estado – destinam-se ao bem comum, porém cada um
dentro da suas esfera de atuação.
Comunidade religiosa que é, com uma origem singularmente divina,a Igreja
independe da vontade humana, pois tem uma missão especifica para realizar no
mundo sob a orientação do Espírito Santo.
O fundador da Igreja é o Senhor Jesus Cristo e ele mesmo designou a
missão da sua Igreja (Mc 16.15). Esta é a missão precípua da Igreja do nosso
Salvador. Tudo mais será fruto deste apostolado espiritual em favor das almas
perdidas, de fé na grandeza da providência de Deus e da aplicação do sublime
amor divino que alcança o homem integral, no corpo e no espírito, no tempo e na
eternidade.
12 A OBRA SOCIAL DA IGREJA
O autor descreve a respeito da obra social existente na igreja Primitiva,
dizendo acerca das necessidades existentes naqueles dias, faz também uma
colocação no que se refere a verdadeira obra que a igreja veio realizar aqui na
terra. Ele divide essa idéia em nove partes:
1. (M c: 14: 17). Neste texto podemos ver a passagem que mostra que Jesus
não estava tão interessado no dinheiro que aquele perfume iria render, mas
sim no louvor prestado por aquela mulher. “Aceitando a oferta de Maria,
mesmo sem participação dos pobres, como insinuara Judas, Jesus nos fez
saber que o que deve nortear a caridade cristã é o amor generoso e pródigo e
não o dever imposto por circunstâncias ou regulamentos externos às razões
do coração”. Portanto a maior razão da igreja é a de adorar a Jesus e não
simplesmente partir de pressuposto de caridade.
2. (At: 6:1-6). Surge um problema social, as viúvas estavam sendo esquecidas,
por causa da grande perseguição ocorrida naqueles dias, por causa da
esperança de que Jesus voltaria logo por aqueles dias, mas com certeza isso
não era justificativa para esse problema. Então surge uma grande idéia:
Colocar homens capazes de ajudar aqueles que estavam com necessidade,
os diáconos. Muita gente passou a ajudar e contribuir para a grande causa de
Deus. A ação social mais uma vez é enfocada na igreja de Deus, de maneira
em que não fica pendente o louvor ao Senhor, nem a grande obra de ajuda ao
próximo. .
3. (At: 11: 27-30). Estava acontecendo grande fome naquela região, e o que
fazer para que a igreja de Cristo não sofresse tantos danos? Havia no coração
de cada um uma cooperação mutua e todos estavam empenhados em
contribuir com tudo o que tinham, aliviando de forma bastante significativa a
fome naquelas pessoas que se convertiam ao Senhor.
4. (Rm: 15: 25-27). Passaram-se dez anos depois que Paulo e Barnabé tinham
trazido mantimentos para Jerusalém, devido a grande fome que ocorrera. Mas
uma coisa ficou muito clara as pessoas jamais tiveram problemas desta ordem
novamente. Uma coisa temos que ver e deixar bem claro, a que Paulo não
veio fazer uma obra de caridade, mas sim pregar o evangelho de Cristo.
5. (1Co: 16: 1-4). Neste texto Paulo vai ordenar que se faça doações para as
igrejas daquela época, e Paulo pede ajuda a outras igrejas de outras regiões
onde as perseguições religiosas eram menos agudas, e Paulo faz aquilo que
Jesus disse: Dá pão a quem tem fome, e enquanto tivermos oportunidade
fazer o bem a todos o quanto possível, principalmente aos da família da fé.
6. Gl: 2: 9-10). Neste episódio Paulo demonstra desconfiança naquilo que
estava acontecendo na igreja de Jerusalém, porque vinham recebendo
informações deturpadas a respeito da doutrina pregada a respeito do
evangelho. Paulo então se dedica a evangelização dos gentios, mas Paulo de
maneira nenhuma se esquece de levantar recurso para ajudar a igreja em
Jerusalém.
7. (Hb: 13:3). Segundo o ator ele pensa que quem escreveu a carta aos Hebreus
foi o apóstolo Paulo, segundo ele lá pelo ano de 67. Ele cita algumas
experiências de Paulo em suas angústias e desprazeres em seu ministério e
começa a fazer um paralelo a respeito de como a igreja era e como a igreja é
hoje. Ele diz que os presos são uma classe esquecida os mais necessitados
são deixados de lado, fazendo assim um grande contraste da igreja daquela
época com a igreja nos dias de hoje. Fazendo um apelo para que voltemos os
olhos aos esquecidos da sociedade.
8. (Tg: 1: 27). Tiago em sua carta vai nos dizer acerca das boas obras. “O
objetivo fundamental daquela epistola é apresentar o cristão justificado pela fé
diante de Deus, mas apresenta-lo justificado perante a sociedade humana
pelas obras conseqüentes da fé”.
9. (1Jo: 3: 17-18). Para João a caridade cristão não deve constituir-se de teoria,
mas de fato e de verdade. Deve alcançar o verdadeiro objetivo que é a ação a
contribuição pessoal a distribuição de nós mesmos e de nossos recursos em
favor dos que realmente carecem, e isso vai além do ensinar e doutrinar.
Desses pronunciamentos pontíficos, vê-se que a igreja e o estado tem
funções e responsabilidades perfeitamente definidas e quem em perfeita
cooperação e respeito mútuo se completam na promoção da felicidade social dos
povos.
13 FINALIDADE DA IGREJA E DO ESTADO
A missão fundamental da igreja do Senhor Jesus Cristo é pregar o
evangelho, disseminar os princípios doutrinários hauridos nos ensinos do Divino
Mestre, batizar os conversos integra-los na comunidade cristã dar-lhes
assistência espiritual formar caracteres cristãos salvar e preparar cidadãos dos
céus para o reino de Deus.
Ao estado cabe a responsabilidade maior de um programa mais completo de
assistência social, ao seu dispor há leis que disciplinam os diversos aspectos da
vida nacional existe a autoridade de poderes constitucionais que garantem a a
execução dessas leis.
Se o estado cumprir fielmente as suas responsabilidades de defensor dos
direitos do homem e lhe oferecer assistência social correspondente as suas
necessidades e se a igreja cuidar com desvêlo o amor cristão dos seus
interesses morais e espirituais a pessoa humana será totalmente envolvida no
ambiente de dignidade das suas aspirações.
14 EM DEFESA DA IGREJA
A maior responsabilidade da igreja não é a obra social. Jesus disse à
multidão que o buscara em Cafarnaum: “Trabalhai, não pela comida que perece,
mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará;
porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (Jo 6:27). O problema da fome e
injustiça social no foi criado pela igreja. A igreja como povo de Deus constituída
dos salvos pela graça, sempre foi quantitativamente uma minoria no mundo. À
maioria da sociedade humana desajustada com Deus cabe a responsabilidade do
desequilíbrio social. O ateísmo é oficializado e imposto pelos sistema de
educação nos paises socialistas. Não é valida a acusação que se faz à igreja de
que ela se tornou omissa quanto à sua responsabilidade social. A igreja é uma
minoria critica, ela não é responsável pelo homem desajustado com Deus que
gera angustias no mundo.
15 O CRISTÃO NO MUNDO ATUAL
Importantes lideres cristãos evangélicos pronunciam a favor da inserção da
igreja na obra social. Estes lideres são conservadores na doutrina; mas não se
omitem na prática.
O Brasil presbiteriano em 1o. de janeiro de 1965, transcreve um artigo do
Rev. Galdino Moreira escrito há 25 anos: “há o problema da caridade, ou seja a
obra social da Igreja. É um problema vivo e candente em nossa época. Nele se
enquadram múltiplos assuntos e imensas ramificações. A caridade na comuna, na
região, no Estado, no país. A obra ampla de socorro ao velho, à criança, à mãe
pobre, ao operário em crise econômica, ao órfão, à viúva, à moça sem ler ou de
lar deficiente, ao enfermo, ao doente mental. A obra hospitalar, visando à cura é
prevenção de males físicos. A colaboração da Igreja com os poderes públicos e
com outras instituições de socorros gerais. A vida no interior e nos campos, nas
cidades e centros longínquos. O estudante pobre. A miséria. É claro que todos
esses problemas e outros muitos, latejantes no Brasil, defrontam a Igreja
Nacional. Não pode o protestantismo moderno por de lado esses assuntos,
porque eles são imperativos e requererão, mais tarde ou mais cedo, que a Igreja
reconheça e os ajude a resolver, com decisão e clareza”.
Rev. Miquel Rizzo Júnior: “A analise de todos estes fatores lastimáveis deixa
patente que, possuindo os cristãos verdadeiras qualidades morais que são raras,
sobre eles pesa muito especialmente a responsabilidade de agir no sentido de
renovar a sociedade contemporânea. Se eles não o fizerem, quem o fará? As
correntes filosóficas que pregam princípios falsos? Os políticos que costumam por
em primeira plana os interesses de sua grei?.. os cristãos verdadeiros não podem
se eximir de trabalhar para o bem social”.
Em 13 de outubro de 1964 saiu um artigo no Brasil Presbiteriano com o
titulo: “A Soberania de Deus e a Consciência Cristã”; de autoria do Prof. J. M.
Wanderley: “há naturalmente, o perigo de o crente ou a Igreja deixar-se envolver
em excesso pelos problemas sociais ao ponto de secularizar a igreja. Mas
também há o outro perigo extremo, indiferença pela miséria e injustiças”.
Todas estas palavras sobre a missão equilibrada da igreja, correspondem ao
mandato do Senhor de sermos sal da terra e luz no mundo. Terra e mundo são o
lugar da atividade cristã. Como SAL o cristão se dilui na humanidade para lhe
transmitir as virtudes de Cristo. Como LUZ ele esclarece à humanidade o caminho
de Deus. Na igreja o cristão vai buscar luz e força espiritual, no mundo ele
realizará sua missão.
16 PALAVRA FINAL
Em abril de 1964, em Campinas, S. Paulo, a comissão executiva da IPB
tomou conhecimento do MANIFETO: UMA GRAVE DENÙNCIA, subscrito por
meia centena de membros da IPB denunciando a influencia nefasta de
determinados lideres, pedindo providencias à CE-SC: “não se tornar omissa por
deixar que os falsos líderes estejam jogando a nossa mocidade nos braços de um
Comunismo organizado”. A CE nomeou uma comissão de pastores que residem
distantes geograficamente: Orlando de Moraes: Recife; Ageu Lídio Pinto:
Campina grande na Paraíba; Henrique Guedes: Garanhuns interior de
Pernambuco. Sem verba para se locomoverem para a reunião. A Comissão
resolveu recusar o manifesto declarando: “não tem nenhuma restrição a fazer
contra qualquer ministro presbiteriano, inclusive aqueles cujos nomes foram
envolvidos nas acusações que recebeu inadvertidamente”. Os acusados estão
pregando modernismo teológico, comunismo mascarado, socialismo
inconseqüente e ecumenismo insensato. Comprometendo a tradição da IPB e até
mesmo a inspiração do Novo Testamento.
O autor conclui: “mas ainda é tempo oportuno de extirpar o mal. Senhor, dá-
lhes (liderança da IPB) sabedoria e força para faze-lo”.