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Trabalho Final de Mestrado em Engenharia Ambiental Modalidade: Dissertação

QUALIDADE DO AR EM LABORATÓRIO CLIMATIZADO DE

ANATOMIA PATOLÓGICA. AVALIAÇÃO DE AGENTES

QUÍMICOS: FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UERJ

Autora: Déa Regina Bettini Orientador: Júlio Domingos Nunes Fortes Co-orientador: Ubirajara Aluizio de Oliveira Mattos

Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Engenharia

Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente

Maio de 2006

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BETTINI, DÉA REGINA

Qualidade do Ar em Laboratório Climatizado

de Anatomia Patológica. Avaliação de Agentes

Químicos: Faculdade de Ciências Médicas da

UERJ

xvii, 155 p. 29,7 cm (FEN/UERJ, Mestrado,

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Ambiental - Área de Concentração: Saneamento

Ambiental - Controle da Poluição Urbana e

Industrial, 2006.)

Dissertação - Universidade do Estado do Rio

de Janeiro - UERJ

1. Introdução

2. Anatomia Patológica

3. A Segurança do Trabalho e a Qualidade do

Ar em Laboratórios

4. Estudo de Caso – Laboratório de Anatomia

Patológica da FCM / UERJ

5. Estudo de Caso: Resultados, Avaliação e

Recomendações

6. Considerações Finais e Conclusão

Referências Bibliográficas

Anexos

I. FEN/UERJ II. Título (série)

ii

QUALIDADE DO AR EM LABORATÓRIO CLIMATIZADO DE

ANATOMIA PATOLÓGICA. AVALIAÇÃO DE AGENTES QUÍMICOS: FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UERJ

Déa Regina Bettini

Trabalho Final submetido ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental.

Aprovada por:

__________________________________________________

Prof. Dr. Júlio Domingos Nunes Fortes D.Sc. - Presidente

PEAMB / UERJ

__________________________________________________

Prof. Dr. Ubirajara Aluizio de Oliveira Mattos, D.Sc.

Co-orientador

PEAMB / UERJ

__________________________________________________

Prof. Dr. Gilson Brito Alves Lima, D.Sc.

LATEC / UFF

__________________________________________________

Prof. Dr. Sérgio Machado Corrêa, D.Sc.

IQ / UERJ

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Maio de 2006

iii

Resumo do Trabalho Final apresentado ao PEAMB / UERJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Ambiental.

Qualidade do Ar em Laboratório Climatizado de Anatomia Patológica.

Avaliação de Agentes Químicos: Faculdade de Ciências Médicas da UERJ

Déa Regina Bettini

Maio de 2006

Orientador: Júlio Domingos Nunes Fortes

Co-orientador: Ubirajara Aluizio de Oliveira Mattos

Área de Concentração: Saneamento Ambiental - Controle da Poluição Urbana e Industrial

Como em toda atividade laboral, a saúde dos trabalhadores de laboratórios pode ser afetada

pelas condições ambientais do local de trabalho. O propósito deste estudo foi avaliar a

qualidade do ar interior no laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências

Médicas da UERJ, com o foco nos agentes químicos xileno e formaldeído, devido à sua

gravidade e freqüência altos, sendo classificados como mutagênico e carcinógeno humano,

respectivamente. O xileno foi avaliado segundo uma metodologia baseada nos procedimentos

do Working Environment Measurement System in Japan, sendo amostrado utilizando-se tubo

com carvão ativado e analisando-se as amostras por cromatografia gasosa. Quanto ao

formaldeído utilizou-se o método USEPA TO-11A, sendo coletado com cartuchos de sílica

recobertos com C-18 impregnados com 2,4 DNPH e sendo as amostras analisadas por

cromatografia líquida com detecção em UV. Os resultados indicaram baixas concentrações

para o xileno, o que não descarta a ocorrência de eventos de picos elevados. Já o formaldeído

apresentou elevadas concentrações, muito acima dos limites recomendados pela legislação

nacional e normas internacionais. Face à situação encontrada, recomenda-se entre outras

medidas soluções de engenharia com medidas de proteção coletiva (ventilação exaustora e

diluidora), fornecimento e supervisão no uso de Equipamentos de Proteção Individual,

treinamento em biossegurança e melhoria no arranjo físico, entre outras medidas, e o

monitoramento periódico para verificação da eficácia das medidas adotadas.

Palavras-Chave: Qualidade do Ar Interior, Saúde do Trabalhador, Biossegurança Química,

iv

Xileno, Formaldeído.

Abstract of Final Work presented to PEAMB/UERJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Environmental Engineering.

Air Quality in a Air-conditioned Pathological Anatomy Laboratory. Assessment

of Chemical Agents: College of Medical Sciences of UERJ

Déa Regina Bettini

May, 2006

Advisors: Júlio Domingos Nunes Fortes

Ubirajara Aluizio de Oliveira Mattos

Area: Environmental Sanitation - Urban and Industrial Pollution Control

As in every laboral activity, the laboratory workers´ health can be affected by the

environmental conditions of the workplace. The purpose of this study was to evaluate the

indoor air quality at the Pathological Anatomy laboratory of the College of Medical Sciences

of the University of the State of Rio de Janeiro, focusing the contamination by xylene and

formaldehyde, due to their high gravity and frequency, being classified as mutagenic and

human carcinogenic, respectively. Xylene was collected by solid sorbent tubes containing

activate charcoal and was analyzed by GC-FID, as indicated by a method based on the

procedures of the Working Environment Measurement System in Japan. Formaldehyde was

collected by cartridges containing silica – C-18 coated with 2,4 DNPH and analyzed by HPLC

– UV, according with the USEPA TO-11A method. The results indicated low concentrations

of xylene, which does not discard the possibility of occurrence of high concentration peaks. In

the case of formaldehyde, extremely elevated concentrations were verified, above the national

and international exposure limits. In view of such situation, engineering solutions considering

industrial ventilation, collective protection measures, offer and supervision of the use of

personal protection equipment, biosafety training, improvement in the physical arrangement,

and frequent monitoring to check the efficacy of the measures are required.

Key words: Indoor Air Quality, Worker Health, Chemical Biosafety, Xylene, Formaldehyde.

v

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao Deus Trino, razão da minha vida: Deus Pai, Deus Filho e Deus

Espírito Santo.

vi

AGRADECIMENTOS

A todos quantos me ajudaram para que este trabalho se concretizasse.

Ao Prof. Dr. Júlio Domingos Nunes Fortes por toda a preciosa orientação, inspiração,

dedicação, carisma e seu imenso otimismo, a despeito das dificuldades enfrentadas no período

de execução desta dissertação.

Ao Prof. Dr. Ubirajara Aluizio de Oliveira Mattos pela orientação, apoio, idéias e

atenção dedicados ao meu trabalho.

À amiga Sheila de Lira Franklin por todo o carinho, apoio, companheirismo, idéias e

auxílio na viabilização da avaliação de formaldeído. Quando quebrei o pé, seu auxílio foi

particularmente imenso e inesquecível. Agradeço também ao Anderson, seu esposo, por nos

ajudar em nossas tarefas.

Ao Prof. Dr. Sérgio Machado Corrêa pelo apoio oferecido. Sem a sua ajuda, não

seria possível finalizar este trabalho a tempo. Agradeço pela cessão de equipamentos, materiais

e uso das instalações do laboratório de Poluição Atmosférica / IQ / UFRJ que possibilitaram a

amostragem e análise de formaldeído.

Ao Biólogo mestrando Eduardo Sodré cujo apoio foi essencial para realização das

amostragens e análise dos contaminantes. Não seria possível realizá-las a tempo sem a sua

ajuda.

À amiga Daisy Lucid e à amiga Márcia Ferreira Mendes pelo incentivo e carinho.

Agradeço a todos os amigos do PEAMB.

Ao biólogo Jorge Sandins pela amizade e pelo apoio no tratamento de dados do

questionário fechado.

Ao CESTEH/ENSP/FIOCRUZ pela realização da amostragem e análise de xileno,

particularmente ao Prof. Marcos Menezes, que proporcionou todo o apoio. Agradeço à Dra.

Maria de Fátima, pela análise de xileno, à Téc. Perpétua de Oliveira do Setor de Solventes e ao

Téc. Luiz Carlos de Oliveira do Setor de Particulados do Laboratório de Toxicologia do

CESTEH pelo imenso e fundamental apoio, através da realização das amostragens e análises,

inclusive pela cessão de materiais e equipamentos.

Aos funcionários do Setor de Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências Médicas

/ UERJ que abriram as portas para a realização deste trabalho, fornecendo toda sorte de dados,

respondendo ao questionário fechado e entrevista semi-estruturada, além de auxiliarem na

amostragem dos contaminantes e levantamento das condições ambientais.

À Comissão de Ética em Pesquisa / SR-2 pela aprovação da execução deste trabalho.

À Sub-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Prof. Dra. Albanita Viana de Oliveira

vii

pela atenção e tempo despendidos na correção deste trabalho, e cuja experiência e brilhantismo

me inspiram.

Ao Diretor da Faculdade de Ciências Médicas, Prof. Dr. Volpato, por abrir as portas

da faculdade e pelo apoio oferecido a este trabalho.

À direção do Hospital Universitário Pedro Ernesto pelo fornecimento dos dados sobre

o quantitativo de exames realizados anualmente pelo Setor de Anatomia Patológica.

Ao Centro de Tecnologia Educacional / UERJ pela filmagem das amostragens e

análises.

À Dra. Claudia Pires, à Dra. Andréa Deross, ao Dr. Almada Horta e ao Laboratório

Diagnósticos da América S. A., ao qual pertence o Laboratório Bronstein, que nos receberam e

atenciosamente nos demonstraram as soluções empregadas no setor de Anatomia Patológica.

À Superintendente de Recursos Humanos da UERJ, Enga Maria Celina Muniz

Barreto, à Chefe da Divisão de Segurança no Trabalho, Enga Adriana Fernandes de Mello, e ao

Diretor do DESSAUDE, Dr. Jorge Nelson, que muito me incentivaram para cursar o mestrado,

e me apoiaram na realização deste.

À Enfermeira Isabel Gomes e à Enfermeira Eliane Penteado pela ajuda quando da

elaboração do pré-projeto de pesquisa em 2003. Agradeço à Dra Márcia da Luz Tancredi, ao

Dr. Marcos, à Dra. Georgina Sarantakos, à Dra. Elizabeth Cavalcanti, ao Dr. Jaques

Canavarros e ao Dr. João Luís Clara André que me esclareceram dúvidas, me auxiliaram na

pesquisa e me apoiaram durante o tempo em que trabalhei no DESSAUDE.

A todos os amigos da DISET: Enga Rosane Corrêa e os Técnicos de Segurança do

Trabalho: Patrícia Simas, Neemias Espíndola, Micael Prado, Celso Pacheco Dantas, Mário

Jorge, Francisco, Luís Eduardo Fonseca, José Ailton da Silva, Luiz Mário de Souza e João

Roberto Fartura pela amizade que perdura, pelo incentivo e pelo apoio. Agradeço a todos os

amigos do DESSAUDE.

Ao Prof. Dr. José Paravidino de Macedo Soares, coordenador da Pós-Graduação em

Medicina do Trabalho da UFF pela consultoria.

Ao Prof. Dr. Gilson Brito de Alves Lima, coordenador da Pós-Graduação em

Engenharia de Segurança do Trabalho da UFF por abrir o horizonte para que eu seguisse os

caminhos da Segurança do Trabalho e Saúde Ambiental. Agradeço também pela disposição em

ser examinador da banca de defesa desta dissertação.

Ao Prof. Dr. Gandhi Giordano pelas aulas e pela maneira atenciosa com que nos

recebeu na TECMA e pela preciosa orientação quanto à avaliação do ar.

A todos os meus parentes e amigos que me apoiaram, incentivaram e oraram para que

este trabalho fosse abençoado. Agradeço aos queridos amigos da Célula que muito oraram por

viii

mim.

Não tenho palavras para agradecer aos meus pais, Cláudio e Vera Bettini, pelo amor

incondicional, pelo exemplo, pelo incentivo, pela confiança, pelo otimismo, pelas orações, pela

generosidade, pela paciência e por toda sorte de apoio dedicado. Sem o seu apoio seria

impossível realizar este trabalho. Agradeço aos meus irmãos Lilian e Cláudio e meus cunhados

André e Sabrina pelo amor, incentivo e orações. Agradeço ao meu sobrinho João Pedro, de 2

anos e meio, que é um presente de Deus e alegra imensamente a minha vida.

Não tenho palavras para agradecer ao Senhor Deus, pela dádiva da vida, da salvação,

pelo amor inexplicável e infinito e também pela oportunidade de servi-lo através da minha

profissão.

ix

SUMÁRIO

RESUMO iii

ABSTRACT iv

LISTA DE FIGURAS xi

LISTA DE QUADROS xiii

LISTA DE TABELAS xiv

LISTA DE GRÁFICOS xv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS xvi

LISTA DE DEFINIÇÕES xvii

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 01

1.1 Problema 01

1.2 Delimitação do Estudo 04

1.3 Justificativa 05

1.4 Objetivos 05

1.5 Metodologia 06

1.6 Aplicação 07

1.7 Estrutura da Dissertação 08

CAPÍTULO 2 ANATOMIA PATOLÓGICA 09

2.1 Definições 09

2.2 Patologia Cirúrgica 09

2.3 Biópsia 11

2.4 Citopatologia 11

2.5 Imunofluorescência 12

2.6 Necrópsia 13

2.7 Laboratório de Anatomia Patológica 14

2.8 Riscos químicos em Laboratórios de Anatomia Patológica 15

3. A SEGURANÇA DO TRABALHO E A QUALIDADE DO AR EM LABORATÓRIOS

24

3.1 Legislação e normas vigentes 24

3.2 A segurança do trabalho em laboratórios 26

3.3 Elaboração do Mapa de Risco 36

3.4 Métodos de avaliação da qualidade do ar 40

3.5 Intervenções técnicas para melhoria da Saúde Ambiental 51

x

4. ESTUDO DE CASO – LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA DA FCM / UERJ

59

4.1 Características de funcionamento do Laboratório de Anatomia Patológica da FCM

59

4.2 Processos e fluxos dos serviços 66

4.3 Equipamentos e instalações 74

4.4 Produtos, materiais e resíduos 82

4.5 Equipes de trabalho 86

4.6 Atividades dos trabalhadores 87

4.7 Agentes físicos 88

4.8 Agentes químicos 96

5. ESTUDO DE CASO: RESULTADOS, AVALIAÇÃO E RECOMENDAÇÕES

106

5.1 Determinação de Xileno no Ar 106

5.2 Determinação de Formaldeído no Ar 107

5.3 Avaliação dos trabalhadores 112

5.4 Mapa de Risco 124

5.5 Recomendações para melhorias das condições de segurança e qualidade do ar

131

CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO 145

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 148

ANEXOS 153

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fatores limitantes do VGD 53

Figura 2: Indicação quanto à melhor localização dos ventiladores 57

Figura 3: Planta esquemática de situação do Edifício Américo Piquet Caraneiro

62

Figura 4: Fluxograma do processo de avaliação de biópsias ou peças cirúrgicas

67

Figura 5: Exame macroscópico de tecido humano 68

Figura 6: Fluxograma do processo de avaliação de células isoladas por raspado, descamação natural ou aspiração

68

Figura 7: Fluxograma do processo de avaliação de tecidos a fresco 69

Figura 8: Fluxograma de processos de colorações especiais 69

Figura 9: Fluxograma do processo de imunofluorescência 70

Figura 10: Fluxograma do processo de exame de necrópsia 70

Figura 11: Resumo dos materiais e processos na Anatomia Patológica 72

Figura 12: Mapofluxograma. 73

Figura 13: Autotécnico 75

Figura 14: Autotécnico 75

Figura 15: Plantas baixas esquemáticas: Equipamentos 77

Figura 16: Plantas baixas esquemáticas: Equipamentos da Sala de Necrópsia

78

Figura 17: Sala de Necrópsia A: mesa de necrópsia 79

Figura 18: Sala de Clivagem 81

Figura 19: Bateria de cubas de Hematoxilina e Eosina 83

Figura 20: Balde com formalina e peça cirúrgica 84

Figura 21: Sala de Necrópsia A: armário onde são guardados

frascos contendo tecido humano e formaldeído 85

Figura 22: Plantas das salas com os pontos de medição dos riscos físicos e qímicos

89

Figura 23: Planta da Sala de Necrópsia com os pontos de medição dos riscos físicos e químicos

90

Figura 24: Planta da Sala de Necrópsia com os pontos de medição dos riscos físicos e químicos

91

Figura 25: Pontos de amostragem: legenda das figuras 22, 23 e 24 92

Figura 26: Amostragem na Sala de Clivagem 98

Figura 27: Amostragem na Sala de Técnica Citológica e Histológica 98

Figura 28: Amostragem no Corredor do 3º andar 99

Figura 29: Amostragem no Auditório Nilcéa Freire 99

xii

Figura 30: Amostragem na Sala de Necrópsia B 100

Figura 31: Mapa de Risco do Setor de Anatomia Patológica:

Sala de Técnica Citológica e Histológica e Sala de Imunohistoquímica 127

Figura 32: Mapa de Risco do Setor de Anatomia Patológica: Sala de Colorações Especiais e Sala de Clivagem

128

Figura 33: Mapa de Risco do Setor de Anatomia Patológica: Sala de Necrópsia

135

Figura 34: Planta esquemática: posição relativa dos pontos de geração de contaminantes – Sala de Necrópsia

136

Figura 35: Planta esquemática: posição relativa dos pontos de geração de contaminantes

137

Figura 36: Exemplo de melhorias: sistema de ventilação industrial para a Sala de Técnicas Citológica e Histológica

140

Figura 37: Exemplo de melhorias: sistema de ventilação industrial para a Sala de Clivagem

140

Figura 38: Exemplo de melhorias: sistema de ventilação industrial para a Sala de Colorações Especiais

142

xiii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Resumo dos efeitos do xileno e do formaldeído sobre a saúde 19

Quadro 2: Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de

acordo com sua natureza e a padronização das cores correspondentes.

39

Quadro 3: Método NIOSH para Exposição Ocupacional ao Formaldeído 47

Quadro 4: Método NIOSH para Exposição Ocupacional ao Xileno 50

Quadro 5: Equipamentos dos laboratórios da Disciplina de Anatomia

Patológica

76

Quadro 6: Identificação dos riscos 124

Quadro 7: Posição relativa dos pontos de geração de contaminantes 136

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Limites de tolerância 20

Tabela 2: Limite de Tolerância e Fator de Desvio 21

Tabela 3: Parâmetros para controle biológico da exposição a alguns agentes químicos

29

Tabela 4: Setores que utilizam formaldeído, xilol ou álcool etílico e consumo em 2003/2004

61

Tabela 5: Descrição do quantitativo dos exames com materiais biológicos processados na

63

Tabela 6: Descrição dos Exames realizados pelo Setor. Período: entre Junho / 2005 e Janeiro / 2006.

64

Tabela 7: Número de exames macroscópicos de placenta e útero realizados na Sala de Clivagem em 2006.

65

Tabela 8: Funcionários do Setor de Anatomia Patológica 86

Tabela 9: Resultados das medições de iluminância na Sala de Clivagem 92

Tabela 10: Resultados das medições de iluminância na Sala de Téc. Citológica e Histológica

93

Tabela 11: Resultados das medições de iluminância na Sala de Imunohistoquímica

93

Tabela 12: Resultados das medições de iluminância na Sala de Colorações Especiais

93

Tabela 13: Resultados das medições de iluminância na Salas de Necrópsia “A” e “B”

94

Tabela 14: Resultados das medições de Nível de Pressão Sonora 94

Tabela 15: Resultados das medições de Exposição ao Calor na Primavera 94

Tabela 16: Resultados das medições de Exposição ao Calor no Verão 95

Tabela 17: Amostragem do Xileno 102

Tabela 18: Relatório CESTEH / FIOCRUZ 106

Tabela 19: Determinação de formaldeído no ar 108

Tabela 20: Local x concentração de formaldeído x padrão de exposição 111

xv

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Pessoas que freqüentam os laboratórios da Unidade Docente de Assistência – Disciplina de Anatomia Patológica

113

Gráfico 2: Pessoas que realizaram curso de segurança química em laboratórios

113

Gráfico 3: Pessoas que acham necessário receber treinamento especializado em segurança química ou biológica em laboratórios

113

Gráfico 4: Equipamentos de Proteção Individual utilizados 114

Gráfico 5: Freqüência de utilização dos Equipamentos de Proteção Individual

114

Gráfico 6: Porcentagem de entrevistados que consideram o local de trabalho confortável

114

Gráfico 7: Porcentagem de entrevistados que consideram as condições de trabalho ideais para a sua segurança

115

Gráfico 8: Procedimentos que seriam adotados em caso de acidentes com produtos químicos

115

Gráfico 9: Porcentagem de entrevistados que tem conhecimento das doenças associadas a agentes químicos presentes nesse ambiente de trabalho

116

Gráfico 10: Porcentagem de entrevistados que consideram os produtos químicos que manipulam perigosos

116

Gráfico 11: Porcentagem de entrevistados que apresentam sintomas quando permanecem nos laboratórios por algum tempo

116

Gráfico 12: Porcentagem de entrevistados que sentem-se melhor ao deixar o recinto

117

Gráfico 13: Porcentagem de entrevistados que tem conhecimento das doenças que podem ser causadas pela exposição aos produtos

117

Gráfico 14: Porcentagem de entrevistados que admite que as concentrações de formaldeído, xileno e álcool etílico no ar, dentro do laboratório podem ser reduzidas pelo insuflamento de ar limpo

117

Gráfico 15: Porcentagem de entrevistados que concordam que o insuflamento de ar limpo promove a diminuição da concentração de produtos no ar

118

Gráfico 16: Porcentagem de entrevistados que concordam que a renovação do ar diminuição da concentração de contaminantes

118

Gráfico 17: Procedimentos que promoveriam a diminuição dos contaminantes

118

Gráfico 18: Realização de amostragem da qualidade do ar interior no laboratório

119

xvi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACGIH- American Conference of Governmental Industrial Hygienists ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Ministério da Saúde) ASHRAE- American Society of Heating, Refrigerating and Air Conditioning Engineers BRI- Building-related illness (doença relacionada com o edifício) CDC – Centres for Disease Control and Prevention ( Public Health Service, U. S. Department of Health and Human Services) CG – Cromatografia Gasosa CLAD – Cromatografia Líquida de Alto Desempenho CLAE – Cromatografia Líquida de Alta Eficiência CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente COV – Compostos Orgânicos Voláteis DNPH - Dinitrofenilhidrazina EPA – Environmental Protection Agency EPI – Equipamento de Proteção Individual EPC – Equipamento de Proteção Coletiva EPR – Equipamento de Proteção Respiratória FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho GC-FID – Gas Chromatography - flame ionization detector. GC - MS - Gas Chromatography – Mass Spectrometry HPLC – High Performance Liquid Chromatography IARC- International Agency for Research on Cancer IDLH- Immediately Dangerous to Life or Health IUPAC- International Union of Pure and Applied Chemistry LT – Limite de Tolerância MS – Ministério da Saúde MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NIOSH- National Institute for Occupational Safety and Health NR – Normas Regulamentadoras OIT – Organização Internacional do Trabalho OMS – Organização Mundial de Saúde OSHA- Occupational Safety and Health Administration (U. S. Department of Labor) PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional RDC - Resolução de Diretoria Colegiada SED- Síndrome do Edifício Doente TLV – Threshold Limit Value TWA – Time Weighted AverageUSEPA- United States Environmental Protection Agency. WHO- World Health Organization

xvii

LISTA DE DEFINIÇÕES

Ar condicionado-é o processo de tratamento de ar, destinado a manter os requerimentos

de qualidade de ar interior do espaço condicionado, controlando variáveis como temperatura,

umidade, materiais particulados, partículas biológicas e de teor de carbono (CO2).

Carcinogênicos – efeitos que favorecem o surgimento de tumores cancerígenos.

Citopatologistas - especialistas em exames celulares.

Compostos orgânicos voláteis – substâncias orgânicas incluindo hidrocarbonetos e seus

derivados, que se vaporizam facilmente.

EPI Info – programa de computação criado pela CDC (Centers for Disease Control &

Prevention). Sua aplicabilidade é indicada para trabalhos de epidemiologia para manipulação

de dados e construção de gráficos em trabalhos realizados por meio de questionários abertos

ou fechados.

Histotécnicos – especialistas no preparo de exames de tecidos.

Materiais biológicos - no texto diz respeito às peças anatômicas ou fragmentos de

tecidos e fluídos corporais utilizados como matéria prima para realização de exames.

Mutagênicos – efeitos que determinadas moléculas provocam diretamente sobre o

material genético.

Patogenicidade - relaciona-se ao poder de determinado agente biológico causar danos à

saúde.

Teratogênicos - efeitos causados diretamente ao feto por via transplacentária, pela exposição

a substancias tóxicas.

1

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

1.1 Problema

A Anatomia Patológica constitui uma atividade indispensável para o correto diagnóstico

das doenças e a conseqüente tomada de decisões por parte da classe médica acerca do

tratamento ministrado a cada paciente. Há inúmeros casos de doenças que só podem ser

resolvidas a partir do diagnóstico laboratorial. Com os avanços tecnológicos na área médica, a

cada dia aumenta a dependência dos médicos em relação à análise laboratorial de tecidos e

fluidos corpóreos para aumentar a precisão do diagnóstico patológico.

Para Montenegro e Franco (1992, p. 255),

“...a história da medicina é em grande parte a história dos avanços nas ciências

básicas e a aplicação destes avanços na prática diagnóstica e terapêutica. A

patologia é um elo fundamental nesta cadeia, exigindo de quem o pratica

conhecimentos teórico-práticos amplos e profundos. Nisto está o seu fascínio, já que

o especialista pode ter atuação muito abrangente, desde pesquisador básico até

como médico engajado em diagnosticar e participar das condutas terapêuticas”.

O patologista é peça-chave dentro da equipe médica, pois é responsável pelos

diagnósticos baseados em estudos realizados em material obtido através dos métodos de

necrópsia, biópsia e citologia. Ele tem que considerar o doente como um todo, sua história,

seus sinais e sintomas, os resultados dos exames complementares e discutir com os cirurgiões

e clínicos as possibilidades diagnósticas. O produto final de seu trabalho é um laudo

anatomopatológico e/ou citopatológico que contém todas as informações sobre as lesões

observadas, seu diagnóstico e até sugestões terapêuticas quando necessário (Montenegro &

Franco, 1992).

Não obstante a importância da Anatomia Patológica, assim como em toda atividade

laboral, a saúde dos trabalhadores pode ser afetada pelas condições ambientais do local de

trabalho. Segundo um estudo preparado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

ANVISA (Ministério da Saúde, ANVISA, 2004), “No Brasil, houve uma acelerada

2

organização do sistema de saúde na década de 80, dentre elas (sic) a inclusão da vertente

saúde do trabalhador no âmbito das ações do SUS. Já se verificava o aparecimento de

inúmeros casos de intoxicações e agravos à saúde ocorridos em decorrência de ambientes

laborais hostis”. A United States Environmental Protection Agency (USEPA), em alguns de

seus estudos, aponta para níveis de poluição do ar devido à presença de várias substâncias

orgânicas, de 2 a 5 vezes maiores em interiores do que ao ar livre (Machado, 2003, p. 17). Em

laboratórios de Anatomia Patológica, agentes químicos e biológicos se apresentam como as

principais fontes de ameaça à saúde. Condições do ar interior abaixo dos padrões de

qualidade, contendo agentes químicos acima dos valores recomendados pela legislação, têm

exposto trabalhadores, como médicos, professores e técnicos de laboratórios de Anatomia

Patológica, além de alunos e residentes, à contaminação por via aérea, levando a agravos à

saúde. No caso dos agentes químicos que constituem o foco deste estudo, os principais

agentes que afetam a saúde dos trabalhadores são o xileno e o formaldeído, considerados

como sendo respectivamente mutagênico e carcinógeno humano, afetando, sobretudo, o

sistema respiratório. O etanol também contamina o ar destes laboratórios, porém com menor

toxicidade. Segundo Machado (2003), pessoas que possam ter-se exposto a poluentes de

interiores por longos períodos são freqüentemente mais susceptíveis aos efeitos da poluição

do ar. Esta exposição prolongada e sem proteção do trabalhador é o que se pretende controlar.

Técnicas de análise laboratorial modernas são elaboradas no sentido de tornar a

atividade de anatomia patológica automatizada, de modo que o profissional que participa do

processo, desde a chegada do tecido humano, esfregaço ou fluido corporal, até a leitura das

lâminas, seja o mínimo possível exposto aos produtos tóxicos. Todavia, em laboratórios de

Anatomia Patológica da rede pública, devido à escassez de recursos, o que se verifica é o

emprego de métodos em que o profissional é exposto aos agentes químicos, em concentrações

acima dos limites de tolerância, freqüentemente sem Equipamentos de Proteção Individual –

EPI, ou Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC, visto que são dispendiosos. Ou, ainda que

sejam fornecidos, muitos trabalhadores não utilizam EPI pelos seguintes motivos:

a) desconforto – causado pela falta de princípios ergonômicos conformados aos

produtos;

b) dificuldade de operação e manutenção;

c) pouca confiabilidade no que se refere a segurança e proteção ao trabalhador (usuário).

d) São fabricados produtos com baixo nível de qualidade.

O quadro de contaminação descrito acima é fortemente agravado em ambientes

climatizados. Sistematicamente, a renovação do ar nestes ambientes é precária, abaixo do

indicado pela Resolução RE no 9 da ANVISA, de 16 de janeiro de 2003, já mencionada, que

3

corresponde a 27m3/h/pessoa em ambientes comuns com circulação normal de pessoas. Para

ambientes especiais, como os hospitalares e serviços de saúde, não existe ainda

regulamentação; sabe-se apenas que, quando houver, será mais rigorosa do que aquela já

existente para ambientes comuns.

A contaminação dos ambientes anexos ao laboratório carece de igual atenção. O ar

contaminado nas salas do laboratório não é tratado, circulando para outros ambientes, à

medida que se abre a porta das salas onde se realizam as técnicas histológicas e citológicas,

colorações especiais, clivagem e imunohistoquímica. Há risco, ainda, de contaminação do

meio ambiente exterior, devido à exaustão do ar contaminado, geralmente desprovido de

tratamento, antes do seu lançamento para o exterior do laboratório.

Por fim, observa-se, além da falta de recursos, uma cultura incipiente de biossegurança

química, que é a biossegurança que abrange, por exemplo, manipulação, armazenamento,

transporte adequado e os riscos envolvidos pelo uso de agentes químicos em um laboratório.

Sraba, Nickel e Wotkoski (2004, p. 10) afirmam que, em um passado não muito distante, a

segurança no ambiente laboratorial considerava apenas os riscos biológicos. Contudo,

atualmente algumas instituições ambientais têm-se preocupado em conhecer e classificar os

riscos químicos, devido à exposição diária dos trabalhadores que manipulam produtos

químicos em diferentes processos e quantidades.

A manipulação e estocagem dos produtos químicos em excesso, em contraposição às

recomendações da biossegurança (Costa in: Mastroeni, 2004), podem gerar risco acidentário,

como o de incêndio, devido à possibilidade de vazamento e concentração de vapores

inflamáveis. A conscientização dos trabalhadores quanto à sua participação no processo

preventivo e seu treinamento em boas práticas de laboratório são aspectos da biossegurança

química que, enquanto cultura, precisa desenvolver-se, alastrar-se, tornando-se uma máxima

para todo laboratório de serviço de saúde, particularmente os de Anatomia Patológica, onde

há grande concentração de agentes químicos.

A soma destes fatores aponta para uma condição ambiental que nos remete a um tema

de primordial importância para a Engenharia Ambiental: a Qualidade do Ar Interior. Diversas

são as áreas de conhecimento que, juntando esforços à Engenharia Ambiental, têm-se

aprofundado neste tema, no mundo todo: a Biossegurança, a Saúde Pública, a Saúde do

Trabalhador, a Engenharia de Segurança do Trabalho, particularmente a Higiene do Trabalho,

entre outras, o que torna o assunto interdisciplinar. Há inúmeras publicações sobre ar interior

de cada uma destas áreas. Uma abordagem unilateral, do ponto de vista de apenas uma das

disciplinas, seria limitada e engessada. Portanto, buscamos em diversas áreas concernentes à

problemática investigar: causas e efeitos da concentração de agentes químicos nos ambientes

4

de trabalho da Anatomia Patológica, metodologias de amostragem e análise laboratorial que

melhor se ajustam à situação encontrada e possíveis soluções para a melhoria da qualidade do

ar ambiental no interior dos laboratórios. Segundo a ANVISA,

“A utilização de indicadores de exposição biológica e ambiental visa a prevenção e

promoção da saúde dos trabalhadores e possibilita a identificação precoce da

exposição a determinadas substâncias, monitorar tendências, desencadear ações de

controle e avaliar a eficácia das medidas adotadas” (BRASIL, Ministério da Saúde,

2005).

Por meio destes indicadores de exposição ambiental, busca-se fundamentar políticas

de melhoria das condições ambientais, tendo como objetivo primordial a defesa da saúde dos

trabalhadores inseridos neste contexto.

1.2 Delimitação do Estudo

Embora o estudo da Anatomia Patológica, do ponto de vista da Saúde Ambiental e do

Trabalho, seja profícuo, é importante delimitar o presente estudo, tendo em vista o tempo e os

recursos limitados para maior aprofundamento. Portanto, foi escolhido para constituir o foco

do presente trabalho um laboratório de Anatomia Patológica climatizado da rede pública: o

laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro.

A pesquisa restringiu-se à qualidade do ar, abordando especificamente os agentes

químicos Xileno e Formaldeído, por serem os de maior gravidade, freqüência e intensidade no

âmbito destes laboratórios.

Não nos propomos, neste estudo, a apresentar um projeto de ventilação industrial, mas

sim propor algumas das importantes diretrizes que devem ser consideradas em futuros

projetos de ventilação industrial para laboratórios de Anatomia Patológica e outros similares.

Nosso foco não é primeiramente ocupacional, embora este aspecto seja contemplado

pela melhoria das condições ambientais, tendo sido a exposição ocupacional a motivação

inicial deste trabalho.

Este estudo foi concluído graças ao apoio do DESSAUDE / UERJ, UFRJ, FIOCRUZ e

professores da UERJ.

Entre as metodologias disponíveis, buscou-se equacionar o trinômio: qualidade

5

desejada, equipamentos e objetivo a ser atingido.

1.3 Justificativa

A defesa da saúde de trabalhadores submetidos a condições de trabalho onde são

expostos a riscos elevados seria suficiente para justificar este trabalho. As condições de

trabalho também interferem na qualidade do serviço.

A defesa da saúde do trabalhador é um tema em voga, dada a sua relevância para

proteger a população contra doenças e acidentes relacionados ao trabalho, diminuindo o

absenteísmo e afastamento tão freqüentes no Brasil. Este projeto se justifica pela importância

da saúde dos trabalhadores como requisito básico para o exercício profissional de qualquer

atividade, uma vez que o cerne desta pesquisa é a busca de diretrizes para intervenções que

tornem o ambiente de trabalho, em Laboratórios de Anatomia Patológica, seguro do ponto de

vista da qualidade do ar. Reside nestes aspectos a relevância deste projeto, como contribuição

para alcançar melhorias nas condições de trabalho nos laboratórios aqui estudados, e a

interação destes com o meio ambiente.

1.4 Objetivos

1.4.1 Objetivo Geral

Proporcionar aos trabalhadores e usuários dos laboratórios climatizados de Anatomia

Patológica condições seguras quanto à qualidade do ar, consideradas as técnicas, normas,

diretrizes e legislação nacionais, complementadas pela experiência internacional, nos pontos

falhos.

Avaliar a qualidade do ar em um laboratório de Anatomia Patológica climatizado, à

luz de normas e diretrizes nacionais e internacionais, pelo levantamento de parâmetros

químicos específicos, para diagnosticar seu nível de qualidade, de modo a propor soluções

que visem tornar o ambiente de trabalho seguro sob o ponto de vista da segurança e da saúde

do trabalhador.

Assim, o objetivo do trabalho toma forma ao avaliar a qualidade do ar em um

laboratório climatizado de Anatomia Patológica, à luz de parâmetros químicos específicos,

sugerindo intervenções em pontos específicos que visem à defesa da saúde do trabalhador e

do meio ambiente.

1.4.2 Objetivos Específicos

6

Conhecer o estado da arte pertinente ao tema, incluindo a metodologia existente para

amostragem e análise do ar e legislação específica.

Estudar as condições ambientais em um laboratório climatizado de Anatomia

Patológica.

Avaliar a qualidade do ar neste laboratório, com medição das concentrações de

formaldeído e xileno, comparando-as com os padrões de exposição definidos em legislação

nacional e internacional.

Apresentar recomendações para a melhoria das condições de segurança do trabalho em

laboratórios de Anatomia Patológica.

Elaborar diretrizes para um projeto de ventilação industrial para laboratórios de

Anatomia Patológica.

Apontar soluções para a melhoria da qualidade do ar, específicas para laboratórios

climatizados de Anatomia Patológica, segundo as diretrizes e recomendações formuladas.

1.5 Metodologia

A primeira etapa do desenvolvimento da pesquisa consistiu na inspeção local e seleção

das salas a serem estudadas segundo os objetivos formulados. A seguir procedeu-se ao

levantamento das condições ambientais nas salas escolhidas para avaliação, com base nas

visitas de reconhecimento aos ambientes do laboratório de Anatomia Patológica, onde se

realizam as técnicas histológica e citológica, colorações especiais, clivagem,

imunohistoquímica e necrópsia. Como fruto deste levantamento, elaborou-se o Mapa de

Riscos, onde foram evidenciados os riscos químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e

acidentários que oferecem agravos à saúde dos trabalhadores. Esta avaliação se deu à luz das

Normas Regulamentadoras no 5, 6, 7, 9, 15, 17 e 32, da Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978

do Ministério do Trabalho e Emprego.

A etapa seguinte consistiu na aplicação de um questionário fechado aos funcionários e

alunos que freqüentam o setor. O objetivo foi conhecer o comportamento frente a questões de

biossegurança e o grau de conhecimento quanto aos riscos presentes em seu local de trabalho,

montando-se ao final uma base de dados que refletisse a opinião dos funcionários e alunos

sobre as condições de trabalho nos laboratórios. Nesta avaliação, foram entrevistados alguns

funcionários do serviço de Anatomia Patológica, seguindo o roteiro da “Entrevista Semi-

estruturada”, que consistiu em uma entrevista abordando questões como os processos,

atividades e riscos inerentes às atividades que não são visíveis no reconhecimento dos riscos

ambientais.

7

A próxima etapa consistiu na amostragem do ar, objetivando avaliar a concentração de

formaldeído e xileno. Foram selecionados alguns pontos para coleta de amostras, tendo por

critério as condições mais críticas de exposição, considerando-se a opinião dos próprios

funcionários do setor. As metodologias empregadas para amostragem e posterior análise

laboratorial dos agentes foram baseadas no método USEPA TO-11A para avaliação do

formaldeído e segundo uma metodologia baseada nos procedimentos do Working

Environment Measurement System in Japan para avaliação do xileno. Os instrumentos de

amostragem foram bombas gravimétricas e nebulizadores e meio de retenção adequado: tubos

de carvão ativado para xileno e cartuchos de sílica gel C-18 impregnados com 2,4 DNPH para

coleta do formaldeído. As bombas foram calibradas pelas instituições que emprestaram os

equipamentos (FIOCRUZ e UERJ), sendo uma calibragem para ajuste da vazão feita in loco,

no momento da amostragem.

As amostras foram analisadas em laboratório, por cromatografia gasosa (CG), no caso

do xileno, e por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) no caso do formaldeído, de

modo a se obter o nível de concentração em cada ambiente. As coletas tiveram tempo de

duração entre 1,5h e 2,0h, dependendo da vazão fixada para a bomba.

O próximo passo foi a montagem da base de dados, tanto dos questionários quanto da

amostragem.

Os resultados obtidos foram então avaliados, de modo a direcionar as propostas de

intervenções. As concentrações obtidas em cada ponto foram comparadas aos limites de

exposição estabelecidos pela Portaria 3214 de 1978 do Ministério do Trabalho e Emprego,

Norma Regulamentadora 15, anexo 11, referente a atividades e operações insalubres, e por

órgãos internacionais: OSHA, NIOSH, ACGIH e USEPA.

A seguir, foram discutidas algumas propostas de intervenções significativas, aplicáveis

aos ambientes estudados, com vistas a garantir a qualidade do ar interior, protegendo assim a

saúde do trabalhador. Estas intervenções deveriam ser práticas e viáveis quanto ao custo,

considerando-se que o laboratório pertence à rede pública.

Entre as intervenções aplicáveis está a metodologia aplicada pelo professor Dr. Júlio

Fortes, em seu projeto de doutorado, que consiste no entrosamento entre os sistemas de

climatização e de exaustão mecânica, de modo a equilibrar o conjunto, garantindo, assim, a

qualidade do ar interior (Fortes, 2003).

1.6 Aplicação

O presente estudo se aplica a laboratórios de Anatomia Patológica climatizados, que

8

constituem o foco deste trabalho. Aplica-se ainda a Estabelecimentos de Assistência à Saúde e

afins, em que se utiliza formaldeído e/ou xileno, como por exemplo os Laboratórios de

Anatomia Humana. Há laboratórios que utilizam outros compostos orgânicos voláteis,

podendo este estudo fornecer dados relevantes sobre a avaliação do ar, a legislação pertinente

a segurança em laboratórios e o método de avaliação aplicável à segurança dos trabalhadores

e elaboração de Mapa de Risco, para verificação da situação geral do ambiente.

1.7 Estrutura da Dissertação

Apresentou-se, inicialmente, no Capítulo 1, a problemática que envolve a

contaminação do ar por agentes químicos em laboratórios de Anatomia Patológica. Os

objetivos, a justificativa, a metodologia e a aplicação também foram expostos no primeiro

Capítulo.

No Capítulo 2 fundamentou-se o problema pelo levantamento do estado da arte

referente a especialidade Anatomia Patológica, delineando seus conceitos e os riscos químicos

envolvidos nas atividades pertinentes.

No Capítulo 3 são abordados diversos temas concernentes ao problema apresentado, a

saber: legislação e normas vigentes, segurança e saúde no trabalho em laboratórios,

elaboração de mapas de risco, avaliação da qualidade do ar e intervenções técnicas para

melhoria da saúde ambiental como ferramental básica à pesquisa.

Prosseguiu-se no capítulo 4 ao estudo de caso, apresentando-se o laboratório de

Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ, a avaliação ambiental, a

avaliação do ar contendo as medições da concentração dos contaminantes formaldeído e

xileno, a avaliação dos trabalhadores e a construção do Mapa de Riscos do setor.

No capítulo 5, foram traçadas os resultados, recomendações, críticas e sugestões,

discutindo-se algumas possibilidades de intervenção para a melhoria da saúde ambiental no

tipo de laboratório em questão, considerando que se trata de um laboratório da rede pública.

Finalmente, foram delineadas as considerações finais e a conclusão no capítulo 6. As

intervenções cabíveis foram aqui sintetizadas, discutindo-se as limitações de cada

recomendação. Sugestões para futuros trabalhos também foram colocadas.

As referências bibliográficas e os anexos são apresentados ao final do trabalho.

9

CAPÍTULO 2 ANATOMIA PATOLÓGICA

2.1 Definições

A Anatomia Patológica ou Patologia Morfológica é o ramo da Patologia que estuda os

aspectos morfológicos das alterações ocorrentes no organismo, dividindo-se em Anatomia

Patológica Geral e Anatomia Patológica Especial ou dos órgãos (Faria, 1977). Para

Montenegro e Franco (1992, p. 255), a “Patologia permite entender as causas, a evolução e o

efeito das doenças, constituindo-se na base científica da medicina”. Embora tenha um

conceito morfológico e estático, a Anatomia Patológica tem-se tornado dinâmica devido ao

desenvolvimento de novas técnicas de estudo dos tecidos, entre elas a imunohistoquímica e a

biologia molecular, podendo-se investigar, além das alterações estruturais, os distúrbios

imunológicos, genéticos e funcionais (ibid).

A Anatomia Patológica Geral estuda os processos patológicos gerais, de modo a

determinar as causas e efeitos das lesões em órgãos e tecidos. A Anatomia Patológica

Especial se dedica à investigação de lesões através dos aparelhos e sistemas, de modo a

correlacionar os achados clínicos e laboratoriais.

Segundo Soares (1993), o Código Sanitário do Estado de São Paulo (Decreto n°

12.342 de 27 de setembro de 1978) define o laboratório de Anatomia Patológica como sendo

aquele que realiza exames de biópsias e peças cirúrgicas, citológicos e eventualmente

necrópsias.

2.2 Patologia Cirúrgica

A Patologia Cirúrgica trata do estudo anatomopatológico de órgãos e de suas partes

retiradas cirurgicamente (biópsias ou peças cirúrgicas), com o objetivo de diagnosticar a

lesão, orientando o tratamento e o prognóstico do paciente (Rochael et al, 2004).

A biópsia é a modalidade da Patologia Cirúrgica que se baseia no exame macro e

microscópico de fragmentos de tecido ou peças cirúrgicas retiradas do paciente. Suas

subespecialidades são: dermatopatologia, hematopatologia, neuropatologia, hepatopatologia e

nefropatologia. Após o preenchimento adequado da requisição do exame, identificando o

paciente, seus dados clínicos e o local de onde a biópsia foi retirada, procede-se à amostragem

do material, que deve ser representativa. A seguir, o tecido é fixado imediatamente em

10

recipiente adequado. (Montenegro e Franco, 1992).

Para a conservação dos materiais a serem examinados, Rosai (2004) aponta que a

formalina 10% é a mais indicada na maioria das situações. Não é dispendiosa, conserva o

tecido por longo período e é compatível com a maioria das colorações especiais, inclusive

técnicas de imunohistoquímica, desde que a fixação neste caso seja imediata, no máximo 30

minutos depois da retirada cirúrgica do tecido. A fixação prolongada, entre 24 e 48 horas, é

necessária para rotina. Quando da Imunohistoquímica, a fixação é mais breve: em torno de 30

min.

Formalina “pura” é uma solução concentrada (40%) do gás formaldeído em água. A

solução formalina 10% representa uma solução do gás a 4% (1,3 molar). Quando empregada

na fixação dos tecidos, o volume deverá ser 10 vezes maior do que o volume do tecido. A

fixação pode ser feita em temperatura ambiente, segundo Rosai (2004), o que é questionável

em nosso clima, visto que Rosai publicou sua obra em Nova Iorque, onde o clima é

temperado. Espécimes grandes deverão ser fixados a 4o C. A formalina 10% congela-se a – 3o

C, não devendo o tecido ser congelado imediatamente após a fixação. Um método mais rápido

de fixação (geralmente, a fixação normal leva algumas horas para a maioria dos espécimes), é

submergir a amostra em recipiente contendo formalina a 60oC. O forno de microondas oferece

uma fixação mais rápida, sendo usado também para descalcificação, processamento para

microscópio eletrônico e coloração imunohistoquímica, incluindo antígeno retroviral.

O tecido ou peça cirúrgica, ao chegar ao laboratório de Anatomia Patologia, segue a

seguinte rotina:

1. Identificação;

2. Exame macroscópico, sendo documentados o tamanho da peça em sistema métrico, a

cor, a localização das lesões e o peso da peça, relatando-se o número de fragmentos

enviados à histologia;

3. Exame microscópico; as amostras fixadas são desidratadas e passam por concentração

progressiva de formaldeído e xileno, levando de 6 a 24 horas. A seguir, a amostra é

incluída em parafina. Corta-se no micrótomo uma finíssima fatia (3 a 5µm), sendo este

corte desparafinado e corado em bateria de Hematoxilina-Eosina (HE). Por vezes,

colorações especiais são necessárias com aplicações específicas.

4. Diagnóstico histopatológico: emite-se ao final do exame macro e microscópico o

laudo anatomopatológico compreendendo: a descrição macro e microscópica, o

diagnóstico final, apresentando sua classificação, suas extensões, e a eficácia da

cirurgia na sua extirpação total, dizendo da sua etiologia. Em caso de neoplasia, por

exemplo, dizendo se o tumor é maligno ou benigno.

11

2.3 Biópsia

A Imunohistoquímica é a técnica mais bem estabelecida e usada rotineiramente entre

as técnicas aplicadas aos tecidos e células dos pacientes. Fundamenta-se no uso de princípios

imunológicos e anticorpos marcados, sendo empregada para identificar “histogênese de

neoplasias, sítios primários e metástases, imunofenotipagem dos linfomas, identificação de

agentes infecciosos, distinção de processos benignos e malignos e na avaliação prognóstica”.

Neste último item, destacam-se entre outros itens a identificação de receptores hormonais no

carcinoma de mama, a determinação da atividade profilática dos tumores através da detecção

de marcadores como polimerase alfa, Ki-67 e PCNA-ciclina e a detecção de produtos de

oncogenes. O método imunohistoquímico mais utilizado é o da Avidina-Biotina-Peroxidase

(Montenegro e Franco, 1992).

Para Rosai (2004), a imunohistoquímica tem continuado sua notável expansão e tem

se tornado indispensável na prática da Patologia Cirúrgica de modo incomparável.

De acordo com Rosai (2004), a Biópsia de Congelação é uma modalidade que tem

como objetivo principal direcionar a cirurgia em curso. Em 33000 casos estudados de biópsias

de congelação, 90% dos procedimentos levaram 20 minutos, desde a entrada da amostra no

laboratório até a entrega do laudo anatomopatológico ao cirurgião requisitante. Esta técnica,

porém, exige experiência, tendo em vista a sua grande responsabilidade. A amostra é

congelada em nitrogênio líquido, em geral, e a coloração mais indicada é HE, devido à

qualidade dos preparados e a melhor correlação das biópsias com o tecido congelado.

2.4 Citopatologia

A Citopatologia é o estudo das alterações morfológicas em células isoladas obtidas

por raspado, descamação natural (citologia esfoliativa) ou aspiração (citologia aspirativa). Foi

consagrada por Papanicolaou. A interpretação dos preparados é realizada em conjunto com os

dados clínicos. Esta técnica se processa da seguinte maneira: preenchimento da requisição,

boa amostragem e fixação do material. Os exames citopatológicos dividem-se em

citopatologia esfoliativa e citopatologia aspirativa.

A citopatologia esfoliativa estuda as células raspadas ou que descamam naturalmente

em uma superfície, compreendendo a citopatologia cérvico-vaginal, de líquidos de derrames

cavitários, escarro, lavado brônquico e do trato gastrointestinal e urina. Quanto à citologia

cérvico-vaginal, o material é fixado com álcool 95%, carbowax ou laquê de cabelo,

imediatamente após a coleta. Sua coloração pode ser Papanicolaou ou Shorr. Na citologia de

12

líquidos (cavidades, lavados, urina e escarro), o material, depois de devidamente coletado, é

fixado em álcool 50%, usando Papanicolaou ou Shorr para coloração de rotina ou colorações

especiais quando necessário. A citologia aspirativa, também denominada de punção aspirativa

por agulha fina (PAAF) é muito usada em tecidos palpáveis, aspirando-se as células de uma

lesão, que deve ser feita de preferência pelo próprio patologista. Após a aspiração, executa-se

o esfregaço. As lâminas podem ser fixadas em álcool 95% e coradas em Papanicolaou, Shorr

ou HE ou secadas ao ar e coradas pelo Giemsa.

A Citopatologia é considerada um método rápido, não dispendioso, com alto grau de

confiabilidade (Montenegro e Franco, 1992).

Rubin e Farber (1998) discorrem acerca da citologia abrasiva, que consiste na retirada

de células de superfícies do corpo com o auxílio de instrumentos como espátula ou escova.

Estão incluídas nesta modalidade a escovação endoscópica de superfícies mucosas do trato

gastrointestinal, respiratório e urinário e a fragmentação (scraping) das lesões conjuntivas,

cutâneas, orais e vaginais para detectar inclusões de herpesvírus (inclusions). Células obtidas

por escovação ou fragmentação (scraping) são transferidas (smeared) em lâminas e fixadas

imediatamente em etanol 95% ou em spray fixador antes da coloração. Espécimes coletados

por lavagem são enviadas ao laboratório para concentração celular.

2.5 Imunofluorescência

A imunofluorescência é a técnica empregada quando se deseja enxergar em

microscópio elementos que não se distinguem por técnicas comuns.

Os fluorocromos são corantes que absorvem radiação (luz ultra-violeta) que os excita,

de modo que emitem luz visível.

A imunofluorescência divide-se em fluorescência específica, não específica e auto-

fluorescência. A fluorescência específica caracteriza-se pela reação específica entre o

substrato e a proteína marcada com o fluorocromo (corante que absorve radiação (luz ultra-

violeta) que os excita, de modo que emitem luz visível). A fluorescência não específica

consiste na coloração dos tecidos por corante livre ou proteínas fluoresceinadas, ou ambos. A

auto fluorescência se deve à fluorescência natural dos tecidos quando expostos à luz ultra-

violeta (Sampaio e Rivitti, 2001).

13

2.6 Necrópsia

Denominada também de autópsia, a Necrópsia é a modalidade de estudo realizado

post-mortem, em atendimento à requisição do médico responsável pelo paciente, com a

permissão de seus familiares. Este exame é sistemático, sendo o cadáver examinado

externamente e observadas as alterações em fâneros, pele e seus anexos e mucosas. A seguir o

corpo é aberto por incisão em Y. As cavidades pleural, peritoneal e pélvica são examinadas

quanto à topografia dos órgãos, presença de aderência, derrames cavitários etc. “Quando

houver presença de líquido, este é retirado, quantificado e, se necessário, enviado para exame

citológico” (Montenegro e Franco, 1992). Os órgãos são retirados em bloco e dissecados.

Depois são individualmente pesados e medidos, retirando-se fragmentos para exame

histológico. Todas as alterações morfológicas observadas macroscopicamente são listadas,

correlacionando-as com os dados clínico-laboratoriais do prontuário, para então emitir o

atestado de óbito. Uma lista de diagnósticos provisórios pode ser elaborada para o médico

requisitante, informando: a causa básica, as causas conseqüenciais, a causa terminal e as

causas contributivas. Ao analisar a lâmina com o material coletado, é possível avaliar as

alterações morfológicas microscópicas, que são correlacionadas com os achados

macroscópicos, com os dados clínico-laboratoriais, para emitir o relatório final da autópsia,

encaminhando-o ao médico requisitante. A necropsia não serve apenas para identificar a causa

do óbito, como muitos pensam, mas tem diversas outras funções:

• é meio de estudo da história natural da doença;

• oferece condições para avaliação da conduta médica e terapêutica;

• as discussões das autópsias com os clínicos que acompanharam o caso confere ao

patologista a condição de elemento-chave no aprimoramento do campo clínico e na

avaliação da qualidade do serviço médico;

• as autópsias apresentam importância epidemiológica nas estatísticas de

mortalidade.

A Necropsia pode ser subdividida em três tipos: a necropsia médico-legal ou forense,

destinada a identificar o processo da morte em casos de violência ou duvidosos; a verificação

de óbito, realizada em casos de morte não violenta de pessoas sem acompanhamento médico

no momento do óbito e a necropsia hospitalar, realizada por anatomopatologistas, em

pacientes internados falecidos em decorrência de doenças. A técnica da necropsia consiste em

estudar as alterações de todos os órgãos após a morte a partir do exame macroscópico

(observação a olho nu dos órgãos retirados), que fornece material para o exame microscópico,

onde serão vistas as alterações em nível celular. Relacionando-se os achados macro e

14

microscópicos com os dados da história do paciente, pode-se, então, estabelecer a causa da

morte, a

doença de base e outras patologias existentes.

A importância da necrópsia se deve aos seguintes aspectos: controle de qualidade do

diagnóstico e do tratamento, através do conhecimento, por parte da equipe que atendeu o

paciente, dos achados da necropsia, visando identificar possíveis falhas e suas causas,

buscando sua correção, para que não se repitam em outro paciente; é fonte de informação para

a Secretaria de Saúde, permitindo a realização de estatísticas precisas sobre as doenças mais

freqüentes, o que influi na política de saúde do Estado e do Município; constitui material para

ensino dos médicos residentes, alunos e professores; a correlação clínico-patológica realizada

durante todas as etapas da necropsia é um excelente exercício, constituindo a maior fonte de

ensinamento em Patologia; serve de material para pesquisa científica; reconhecimento de

novas doenças e de novos padrões de lesão; reconhecimento do efeito do tratamento na

evolução da doença; esclarecimento de casos sem diagnóstico clínico firmado ou naqueles em

que a morte do paciente foi inesperada.

2.7 Laboratório de Anatomia Patológica

Os profissionais envolvidos em um laboratório de Anatomia Patológica são: residente,

citopatologista, anatomopatologista, histotécnico (técnico de histologia), citotécnico (técnico

em citologia) e técnico de necrópsia.

• Quanto à área física, a RDC n° 50 da ANVISA de 21-02-02, alterada pela Resolução

no 307 de 14/11/2002, estabelece como necessidades mínimas de área, os seguintes

compartimentos:

• sala de recepção e registro de material com 6m2, contendo área para emissão e

codificação de laudos e

• sala de macroscopia com 6m2, contendo área de descrição e clivagem e área de

armazenamento de peças;

• sala de técnica, com 12m2, contendo área histológica (inclusão em parafina,

microtomia, coloração e montagem); e área citológica (processamento e confecção de

lâminas para líquidos, coloração e montagem);

• sala de imuno-histoquímica, com 6,5m2, contendo área de processamento;

• sala de necropsia, com 17m2, dimensão mínima de 2,8m2 (acrescentar 8,5m2 por mesa

adicional; 3m2 se houver câmara frigorífica);

• arquivo de peças, lâminas, blocos e fotografias, com 12m2.

15

• ambientes de apoio: banheiros para funcionários, depósito de material de limpeza (sala

de utilidades, depósito de material e sala de biópsia de congelação não são

obrigatórios).

Com relação à normalização da atividade de Anatomia Patológica, temos a observar

que, entre as normas da ANVISA / Ministério da Saúde, a única norma técnica que trata “das

condições de funcionamento dos Laboratórios de Análises e Pesquisas Clínicas, Patologia

Clínica e Congêneres, dos Postos de Coleta Descentralizados aos mesmos vinculados,

regulamenta os procedimentos de coleta de material humano realizados nos domicílios dos

cidadãos, disciplina o transporte de material humano e dá outras providências” (ANVISA,

2002), a saber, a Portaria no 407, de 02 de maio de 2002, não se aplica aos Laboratórios de

Anatomia Patológica, segundo estabelece o item VII.15 “DAS DISPOSIÇÕES FINAIS”, do

Anexo.

2.8 Riscos químicos em Laboratórios de Anatomia Patológica

Para realização dos processos nos laboratórios de Anatomia Patológica, é necessária a

utilização de inúmeros produtos químicos com alta toxicidade, notadamente os orgânicos.

Para alguns produtos, existe um limite de exposição ao qual supõe-se que quase todos os

trabalhadores podem ser expostos, sem que haja agravos à saúde.

Contudo, segundo Moraes (2005), o fato dos testes com os produtos serem realizados

em cobaias e devido à suscetibilidade individual de cada trabalhador, os limites estabelecidos

não conferem à toxicologia total segurança, por isso há restrições quanto à sua validade. O

sinergismo (efeito combinado com outros agentes) e o antagonismo (inverso do sinergismo)

também interferem na toxicidade de um agente, tornando o limite de tolerância relativo,

passando a ser apenas um balizador.

Os principais agentes químicos encontrados em laboratórios de Anatomia Patológica

são gases e vapores.

Os contaminantes químicos podem causar no organismo os seguintes efeitos:

mutagênico, carcinogênico, teratogênico, organotóxico e imunotóxico.

A toxicidade dos agentes químicos está relacionada com a forma de penetração do

agente no organismo. A NR 9 descreve estas vias, que são a via cutânea ou dérmica (pele), a

via digestiva (boca) e a via respiratória (nariz). As substâncias que podem ser absorvidas pela

pele são apresentadas no Anexo 11 da NR 15. O contato com a pele pode causar lesões

graves, como queimaduras, acne química e irritação das mucosas (olhos, boca e nariz). A

ingestão pode ser direta ou indireta, através de alimentos contaminados. A penetração dos

16

produtos pela inalação constitui o mais rápido acesso ao organismo, podendo, pelo sistema

circulatório, atingir os órgãos vitais.

Entre os agentes químicos presentes nos Laboratórios de Anatomia Patológica,

destacam-se o formaldeído, o xileno e o etanol. A seguir, estudaremos cada um dos produtos,

enfocando a sua toxicidade.

Formaldeído (HCHO)

Resinas à base de formaldeído são componentes de materiais de construção de casas

móveis e convencionais e materiais de acabamento. Têm amplo espectro. Vários estudos

(Almeida, 2004; Machado, 2003; Corrêa, 2003) revelam que este tipo de aplicação ainda é

comum, explicando os níveis de formaldeído no ar interior em residências e escritórios

avaliados. Painéis de madeira, armários e gabinetes, lojas de materiais de decoração (cortinas,

tapetes, laminados de madeira para paredes e pisos, entre outros) e forros de colchões (EPA,

2006).

Segundo documento da Environmental Protection Agency - EPA, o formaldeído atua

como irritante do tecido conjuntivo do trato respiratório superior. Os sintomas são

temporários e dependem do nível e da duração da exposição, podendo ocasionar ardência nos

olhos, nariz, garganta, aperto no peito e respiração difícil. Reações agudas severas ao

formaldeído – que tem um odor peculiar, pungente – podem estar associadas a

hipersensibilidade. É estimado que 10 a 20% da população americana, incluindo asmáticos,

provavelmente têm vias aéreas hiper-reativas, que podem ser mais suscetíveis aos efeitos do

formaldeído (EPA, 2006).

Corrêa (2003) aponta altas concentrações de formaldeído no ar na cidade do Rio de

Janeiro devido às emissões veiculares, particularmente pelo aumento da frota de veículos

movidos a GNV – Gás natural veicular.

Em uma importante revisão executada pela International Agency for Research on Cancer -

IARC, em setembro de 2004, o formaldeído foi transferido para o Grupo 1, que corresponde a

substâncias que foram comprovadas como sendo carcinógenas para humanos. De acordo com

o documento que relata a revisão da IARC, cerca de 21 toneladas de formaldeído são

produzidas mundialmente pela oxidação de metanol. É muito empregado na produção de

resinas e como produto intermediário na produção de substâncias químicas. Em solução

aquosa (formalina), é usado diretamente como desinfetante.

Fontes de emissão de formaldeído conhecidas são: fumaça de cigarro, materiais de

construção e de acabamento como carpetes, laminados melamínicos e tintas.

17

Em nosso estudo, o líquido usado para fixação dos tecidos é a formalina ou solução de

formaldeído (gás formaldeído diluído em solução aquosa a 37%). Contudo, o que se pretende

medir é o contaminante no ar, que no caso é o próprio gás formaldeído que se desprende nas

cubas dos autotécnicos e dos frascos com tecidos. Consultando-se o NIOSH Pocket Guide (no

anexo), tanto o gás formaldeído (denominado simplesmente “formaldeído”) quanto a solução

formaldeído ou formalina são descritos com características semelhantes: os mesmos limites

de tolerância e valor teto, mesmos equipamentos de proteção (exceto luvas para a solução),

mesma toxicidade no organismo, e mesma carcinogenicidade. É uma substância miscível em

água, álcool e cetona.

Pelo estudo da International Agency for Research on Cancer - IARC (2004), o nível

de formaldeído em áreas urbanas é geralmente abaixo de 0,02 mg/m3. Os patologistas estão

entre as classes de trabalhadores que sofrem exposições curtas a níveis altos (3 ppm ou mais),

inclusive maiores do que os níveis encontrados em indústrias de produção de formaldeído.

Melhorias na ventilação industrial têm diminuído a exposição dos trabalhadores, segundo

relata a IARC.

O Grupo de Trabalho concluiu que os resultados do estudo com trabalhadores

industriais nos EUA, acrescido de outros estudos, providenciaram evidência epidemiológica

suficiente de que o formaldeído causa câncer nasofaríngeo em humanos.

Quanto à leucemia, a evidência é forte, porém insuficiente, de que haja nexo causal

entre leucemia e exposição ocupacional a formaldeído. Há conflitos entre achados de estudos

americanos e britânicos que enfraquecem as evidências.

Em diversos estudos, outros tipos de câncer foram associados à exposição a

formaldeído, inclusive na cavidade oral, e hipofaringe, pâncreas, pulmão e cérebro. Foi porém

considerado que, de um modo geral, as evidências epidemiológicas são insuficientes para

apontar o formaldeído como causa destes tipos de câncer.

Quanto aos estudos sobre carcinogenicidade de formaldeído em animais, as cobaias

foram: ratos, camundongos e ramsters. Utilizou-se inalação, administração de formaldeído em

água de beber e aplicação de formaldeído na pele. Os resultados foram: carcinomas na

cavidade oral em ratos por inalação; papilomas no estômago em ratos pela ingestão de água

contaminada com formaldeído; linfomas, leucemia e adenomas testiculares em células

intersticiais em ratos machos; tumores de pele em camundongos pela administração de

formaldeído na pele; tumores na traquéia induzidos por injeções subcutâneas de N-

nitrosodietilamina aumentaram pela inalação de formaldeído em ramsters.

A concentração de formaldeído endógeno em sangue humano é cerca de 2 a 3mg/L.

Mais de 90% do formaldeído inalado é absorvido no trato respiratório superior. A meia vida

18

do formaldeído é de cerca de 1 min no plasma do rato (IARC, 2004).

Há muitos estudos em humanos de efeitos adversos à saúde causados pela inalação de

formaldeído. Os efeitos são causados geralmente em indivíduos não sensibilizados, havendo

evidência consistente de irritação dos olhos, nariz e garganta. Os sintomas são raros, abaixo

de 0,5 ppm, havendo aumento da prevalência nos estudos à medida que as concentrações

aumentam. Exposição a formaldeído até 3 ppm provavelmente não causa asma em indivíduos

não sensibilizados. Há pouca confirmação de asma provocada por formaldeído. Altas

concentrações de formaldeído podem causar reações asmáticas pelo mecanismo de irritação.

Formaldeído é uma das causas mais comuns de dermatite de contato e é considerado um

sensibilizador da pele.

Em onze estudos epidemiológicos avaliando direta ou indiretamente os efeitos no

sistema de reprodução por exposição ocupacional a formaldeído incluíram abortos

espontâneos, malformações congênitas, baixo peso no nascimento, infertilidade e

endometriose.

Quanto aos efeitos genéticos, há evidências de que o formaldeído é genotóxico, tanto

em modelos in-vitro quanto em cobaias e pessoas expostas.

A IARC concluiu sua revisão declarando que:

• há evidência suficiente de que o formaldeído é carcinogênico a humanos.

• há evidência suficiente em cobaias de carcinogenicidade de formaldeído.

O Quadro 1 a seguir resume os efeitos do xileno e do formaldeído à saúde humana,

segundo a Merck e a NIOSH.

19

Quadro 1: Resumo dos efeitos do xileno e do formaldeído sobre a saúde

De acordo com a redação anterior da NR 5, anexo 4, os agentes butano, propano,

aldeídos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois,

percloroetileno, e xileno têm ação depressiva sobre o sistema nervoso, danos aos diversos

órgãos e ao sistema formador do sangue.

A Tabela 1 relaciona os limites de tolerância e os efeitos para a saúde causados por estes

agentes:

PRODUTO ÓRGÃOS

ALVO SINTOMAS /

SINAIS ACIDENTE / DOENÇAS

VIAS DE EXPOSIÇÃO

RECOMEN-

DAÇÕES

Formaldeído

Categorias de risco: irritante,

tóxico, carcinogênico, sensibilizante

(MERCK)

Sinônimos: metanal, aldeído

fórmico, óxido de metileno

- olhos e sistema

respiratório (NIOSH).

- irritação dos olhos, nariz e

garganta, sistema

respiratório – aperto no peito,

respiração difícil (NIOSH,

EPA) lacrimejamento,

tosse espirros (NIOSH)

- sensibilização por contato com a pele (MERCK)

- câncer nasofaríngeo

(IARC) - potencial

carcinógeno humano -

câncer nasal (NIOSH, EPA)

- respiratória; - dérmica;

- contato com os olhos (NIOSH)

- óculos de segurança para prevenção de respingos e

contato com os olhos (em caso de

contato, lavar imediatamente);

- proteção respiratória (NIOSH)

- usar apenas em áreas bem ventiladas (MERCK)

Xileno

irritação dos olhos, pele,

nariz, garganta, tontura,

excitação, agitação,

sonolência, falta de

coordenação, anorexia, náusea,

vômito, dor abdominal e

dermatite (NIOSH)

_

Órgãos alvo: olhos, pele,

sistema respiratório, SNC, trato

gastrointestinal, sangue, fígado e rins (NIOSH)

- respiratória; - dérmica

(absorção pela pele);

- digestiva; - contato com

os olhos (NIOSH)

- óculos de segurança para prevenção de respingos e

contato com os olhos ( em caso de

contato, lavar imediatamente); - uso de luvas

para prevenção de contato com a

pele ( em caso de contato, lavar imediatamente

com sabão); - em caso de

ingestão: procurar socorro médica imediatamente;

- proteção respiratória (NIOSH)

20

Tabela 1: Limites de tolerância

Limite de Exposição

Curta Exposição

Elemento

OSHA NIOSH

NR 15

OSHA NIOSH

NR 15

Formaldeído TWA:

0,75 ppm

TWA:

0,016 ppm

LT: 1,6

ppm ou 2,3

mg/m3

(valor teto)

STEL:

2 ppm

Ceiling: 0,1

ppm

Valor

Teto: 1,6

ppm ou

2,3 mg/m3

Xileno

TWA:

100 ppm

ou 435

mg/m3

TWA: 100

ppm ou

435

mg/m3

LT: 78 ppm

ou 340

mg/m3

_

Apenas para

o-xileno:

150 ppm ou

655 mg/m3

_

Fonte: Adaptado de NIOSH Pocket Guide, NIOSH Manual of Analytical Methods (NMAM) e Portaria 3214/78,

NR 15.

Obs: ACGIH: Xileno: TLV: 100 ppm; STEL: 150 ppm / Formaldeído: Ceiling: 0,3 ppm.

A NR-15 , item 7, determina que: “Cada uma das concentrações obtidas nas referidas

amostragens não deverá ultrapassar os valores obtidos na equação que segue, sob pena de ser

considerada situação de risco grave e iminente”.

Valor Máximo = LT x FD

Onde: L.T. = limite de tolerância para agente químico, segundo o Quadro No 1.

F.D. = fator de desvio, segundo definido no Quadro No 2.

21

Tabela 2: Limite de Tolerância e Fator de Desvio

LT

(ppm ou mg/m3)

F.D.

0 a 1

3

1 a 10 2

10 a 100 1,5

100 a 1000 1,25

Acima de 1000 1,1

Extraído de Moraes (2005).

Discussão sobre Padrões de Exposição

Vasconcelos (1995) fez um estudo sobre os padrões de exposição conhecidos,

comparando-os e criticando as distorções. Colacioppo (1989, citado por Vasconcelos, 1985)

relaciona 5 tipos padrões de exposição:

1. Limites de Tolerância;

2. Níveis Aceitáveis de Exposição;

3. Níveis de Exposição Permitidos;

4. Limites de Exposição;

5. Concentrações Máximas Aceitáveis.

Através do Limite de Exposição, a OIT tem o objetivo de “controlar a exposição e

adequar o ambiente”. Os Níveis de Exposição Permitidos parecem corresponder ao PEL –

Permissible Exposure Limit – adotado pela OSHA.

Concentração Máxima Aceitável corresponde ao máximo valor de exposição em

qualquer momento da jornada. Este padrão é mais seguro que o LT, baseado em uma média

ponderada no tempo. Contudo, o LT é o padrão mais empregado em todo o mundo, inclusive

no Brasil. O item 15.1.5 da NR 15 define Limite de Tolerância como sendo: “...a

concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de

exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral”.

De acordo com o Informe Técnico no 601 da OMS (1977), para definir um LT seriam

necessários: estudos toxicológicos preliminares, experimentos em animais e observações em

seres humanos, sobretudo epidemiológicos.

Holmberg & Winel (1977, citados por Vasconcelos, 1995, p. 7), acreditam que exista

um nível-limite “onde é possível identificar um ponto de efeito zero para cada substância, o

22

que é questionável em se tratando de carcinógenos e alérgenos, se é possível definir este nível

com segurança”.

Na definição dos padrões e valores, entram em jogo diversos setores: órgãos estatais,

indústrias, sindicatos, o que faz com que os valores mudem de um país para outro. O LT que é

o padrão mais usado hoje é fornecido pela ACGIH, adotado em países como México, Japão,

Inglaterra, Noruega, Finlândia, Dinamarca e Brasil (Vasconcelos, 1995). A OSHA adota a

maioria dos TLVs.

O MAC (Maximal Allowed Concentration) da ex-URSS tem como objetivo a proteção

de todos os trabalhadores, enquanto o LT protege quase todos os trabalhadores (OMS, 1977,

Rartarem et al, 1982, citados por Vasconcelos, 1995). Em comparação com o MAC, os

padrões da OSHA são até 95 vezes maiores, devido à ênfase dos padrões soviéticos nos

distúrbios neurocomportamentais (Holmberg & Winell, 1977, citados por Vasconcelos, 1995).

Estes autores defendem que a definição dos padrões depende de: “critério biológico escolhido

e grau de exatidão do método usado para estabelecer o critério; a evolução tecnológica

disponível e as pressões pela qualidade do ambiente de trabalho, considerando eles que os 2

primeiros são os que mais interferem” (Holmberg & Winell, 1977, citados por Vasconcelos,

1995).

Vasconcelos (1995), aponta que a maior crítica dos TLVs da ACGIH foi elaborada por

Castleman & Ziem (1988, citados por Vasconcelos, 1995), ao estudarem 104 substâncias.

Estes autores demonstraram que a maioria dos padrões baseou-se em poucas evidências

científicas, e às vezes desatualizadas e revelou a forte influência dos interesses de

conglomerados industriais na definição dos valores, feita sem a participação efetiva de

segmentos sociais. A parcialidade da ACGIH, tendendo a interesses econômicos, gerou

grande polêmica entre pesquisadores do mundo todo. Estes autores defendem a necessidade

de um comitê internacional de experts, para revisão da documentação e determinação dos

valores, que servirão para proteção da maioria dos trabalhadores – não todos – já que

consideram “o conceito de exposição segura para todos os agentes químicos é inerentemente

não científico. Consideram que tal processo deve ser científico, mas não deve obscurecer que

será sempre político, uma vez que se trata de um grupo social (cientistas) decidindo o que é

aceitável para outro grupo social (trabalhadores)” (Castleman & Ziem, 1988, citados por

Vasconcelos, 1995, p. 9).

Muir (1988, citado por Vasconcelos, 1995), ressalta que os TLVs deveriam servir de

referência prática, e não para determinar se um ambiente de trabalho é ou não seguro.

Ahlberg (1989, citado por Vasconcelos, 1995), representante do sindicato dos

metalúrgicos no comitê do TLV sueco, pergunta: “quantos trabalhadores em todo mundo

23

adoeceram ou morreram?” Defende que a lista da ACGIH não deveria ser publicada, porque

“a falsa segurança que ela proporciona pode prejudicar mais que ajudar os trabalhadores”

(Ahlberg, 1989, citado por Vasconcelos, 1995, p. 10)

Roach & Rapport (1990, citados por Vasconcelos, 1995) demonstraram que “para a

maioria dos TLVs analisados, havia relatos de efeitos adversos em níveis iguais ou inferiores

ao valor-limite”. Para eles, os TLVs não são limites de tolerância.

Tarlau (1990, citado por Vasconcelos, 1995) afirma que “limites de exposição nos

permitem declarar, de um modo pseudo-científico, difícil de ser refutado pelos trabalhadores,

que as exposições são seguras, apesar de ninguém realmente saber se elas são ou não”.

(Tarlau, 1990, citado por Vasconcelos, 1995, p. 12). Este autor defende a abolição dos limites

pela Higiene, para não lhes dar credibilidade.

Vasconcelos (1995), critica a fixação dos LTs importados pela ACGIH no Brasil sem

que houvesse estudos de adequação destes valores às condições do nosso país. A única

adaptação foi em relação à jornada de trabalho: de 40h, nos EUA e de 48h no Brasil. A

legislação brasileira também não considera o efeito sinergético dos agentes. A adaptação à

realidade brasileira é necessária devido a diferenças entre fatores como climáticos e culturais,

entre outros.

Vasconcelos (1995), conclui, defendendo não a abolição dos limites, mas que estes

sejam usados como guias, procedendo-se à revisão dos valores através de investigações

científicas e transparentes, seguidas por avaliação periódica.

No estudo da ANVISA, xileno e formaldeído estão entre as substâncias mais

analisadas. O ensaio com xileno é executado em mais de 20% dos laboratórios que

participaram do estudo da ANVISA.

24

3. A SEGURANÇA DO TRABALHO E A QUALIDADE DO AR EM

LABORATÓRIOS

3.1 Legislação e normas vigentes

3.1.1 Qualidade do Ar

Entre as normas NBR da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, não foi

encontrada uma que tratasse da avaliação de solventes orgânicos, mas apenas de

aerodispersóides (NBR 12.085: Agentes químicos no ar – coleta de aerodispersóides por

filtração) e fibras respiráveis inorgânicas (NBR 13.158: Avaliação de agentes químicos no ar

– coleta de fibras respiráveis inorgânicas).

Quanto ao Ministério da Saúde, há duas normas relevantes: a Portaria MS 3.523 de 28

de Agosto de 1998 e a Resolução RE no 9 da ANVISA, de 16 de Janeiro de 2003.

O Ministério do Trabalho e Emprego publicou a Lei no 6.514 de 22 de dezembro de

1977, que alterou a redação da Seção XV, art. 200, Capítulo V, Título II da Consolidação das

Leis do Trabalho (CLT), relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Em seguida, a Portaria

MTE 3.214 de 8 de junho de 1978 publicou as Normas Regulamentadoras (NR) do Ministério

do Trabalho, complementando a CLT. Entre as NRs, a NR 15 – Atividades e Operações

Insalubres, no Anexo 11, traz o Limite de Tolerância para formaldeído e para xileno.

A Portaria MS 3.523 de 28 de agosto de 1998 do Ministério da Saúde aprova

Regulamento Técnico contendo medidas básicas referentes aos procedimentos de verificação

visual do estado de limpeza, remoção de sujidades por métodos físicos e manutenção do

estado de integridade e eficiência de todos os componentes dos sistemas de climatização, para

garantir a Qualidade do Ar de Interiores e prevenção de riscos à saúde dos ocupantes de

ambientes climatizados.

Esta portaria mostra a necessidade e obrigatoriedade de zelar para que os ambientes

dotados de climatização artificial sejam saudáveis para os ocupantes. Introduz o conceito de

PMOC – Plano de Manutenção, Operação e Controle das instalações de ar condicionado e o

torna obrigatório.

A Resolução RE no 9 da ANVISA, de 16 de Janeiro de 2003, determina a publicação

de Orientação Técnica elaborada por Grupo Técnico Assessor, sobre Padrões Referenciais de

Qualidade do Ar Interior em ambientes climatizados artificialmente, de uso público e

coletivo.

25

Entre os parâmetros estabelecidos nesta norma, destacam-se:

1. o Valor Máximo Recomendável - VMR, para contaminação microbiológica;

2. o Valor Máximo Recomendável - VMR, para contaminação química

(aerodispersóides totais no ar);

3. os parâmetros físicos de temperatura, umidade, velocidade e taxa de renovação do

ar e de grau de pureza do ar, que deverão estar de acordo com a NBR 6401 - Instalações

Centrais de Ar Condicionado para Conforto - Parâmetros Básicos de Projeto da ABNT -

Associação Brasileira de Normas Técnicas 5;

4. a faixa recomendável de operação das Temperaturas de Bulbo Seco, dependendo da

estação;

5. a faixa recomendável de operação da Umidade Relativa; o Valor Máximo

Recomendável - VMR de operação da Velocidade do Ar, no nível de 1,5m do piso, na

região de influência da distribuição do ar;

6. a Taxa de Renovação do Ar adequada de ambientes climatizados que será, no

mínimo, de 27 m3/hora/pessoa, exceto no caso específico de ambientes com alta rotatividade

de pessoas. Nestes casos, a Taxa de Renovação do Ar mínima será de 17 m3/hora/pessoa.

Todos os Valores Máximos recomendáveis deverão estar de acordo com a NBR 640 -

Instalações Centrais de Ar Condicionado para Conforto - Parâmetros básicos de Projeto da

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Esta norma recomenda que sejam

adotadas, para fins de avaliação e controle do ar ambiental interior dos ambientes

climatizados de uso coletivo, as Normas Técnicas 001, 002, 003, e 004. Estas Normas

consistem em: Método de Amostragem e Análise de Bioaerossol em ambientes Interiores

(001), Método de Amostragem e Análise da Concentração de Dióxido de Carbono em

Ambientes Interiores (002), Método de Amostragem e Determinação da Temperatura,

Umidade e Velocidade do Ar em Ambientes Interiores (003) e Método de Amostragem e

Análise de Concentração de Aerodispersóides em ambientes interiores. Não existe, contudo,

método de amostragem para vapores orgânicos, constituindo uma lacuna na legislação

brasileira quanto ao monitoramento de compostos orgânicos no ar interior. Foi necessário,

portanto, buscar na legislação internacional (orientações da NIOSH) um plano de amostragem

apropriado para este fim.

Outra observação importante acerca desta norma é que ela aponta que ambientes

especiais como os hospitalares deverão seguir norma própria. Todavia, deparamo-nos com a

ausência de uma norma específica para tal.

A Resolução RDC no 50 de 21/02/2002 da ANVISA “Dispõe sobre o Regulamento

Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de

26

estabelecimentos assistenciais de saúde”. Foi atualizada pela RDC no 307 de 14/11/2002 da

ANVISA. Para ambientes funcionais dos EAS que demandam sistemas especiais de controle

das condições ambientais higrotérmicas e de controle de qualidade do ar, em função das

características particulares dos equipamentos que abrigam, esta norma determina que devem

ser respeitadas as instalações indicadas na tabela de ambientes e o item 7.5 – Instalação de

climatização do capítulo 7 – Instalações prediais ordinárias e especiais desta norma.

O item 7.5 mencionado acima estabelece que:

• Quanto à tomada de ar: não podem estar próximas dos dutos de exaustão de

cozinhas, sanitários, laboratórios, lavanderia, centrais de gás combustível, grupos

geradores, vácuo, estacionamento interno e edificação, bem como outros locais

onde haja emanação de agentes infecciosos ou gases nocivos, estabelecendo-se a

distância mínima de 8,00m destes locais.

• Quanto à renovação de ar: o sistema de condicionamento artificial de ar necessita

de insuflamento e exaustão de ar do tipo forçado, atendendo aos requisitos quanto à

localização de dutos em relação aos ventiladores, pontos de exaustão do ar e

tomadas do mesmo. Todo retorno de ar deve ser feito através de dutos, sendo

vedado o retorno através de sistema aberto (plenum).

3.2 A segurança do trabalho em laboratórios

No Brasil, a primeira legislação classificada como de biossegurança é a Resolução n°

1 do Conselho Nacional de Saúde, de 13/06/88, que aprovou as normas de pesquisa em saúde.

A partir da Lei no 8974/95 e do Decreto no 1752, que regulamenta esta lei, criou-se a

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), responsável pela política nacional

de biossegurança (Mastroeni, 2004).

A Portaria no 343/GM de 19/02/02 instituiu a Comissão de Biossegurança em Saúde:

elaboração e reformulação de normas em biossegurança, constituindo um avanço nas

atividades de biossegurança no âmbito da saúde (Mastroeni, 2004).

A Portaria MTE 3.214 de 08/06/78 serve de base para este trabalho, sendo a única

legislação que regulamenta a Segurança e a Saúde no Trabalho. Contudo, sua pertinência

neste trabalho requer uma adequação cuidadosa, uma vez que trata de profissionais celetistas,

já que regulamenta a CLT, ao passo que os funcionários da rede pública à qual se dedica este

trabalho são, em geral, estatutários. Algumas das NRs, ao serem atualizadas, dão margem à

aplicação do seu texto a trabalhadores com outros tipos de vínculos empregatícios.

São várias as NRs relevantes para este estudo. Destacam-se:

27

• NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Nesta NR,

interessa-nos a abordagem sobre Mapa de Riscos, comentada, no item específico

sobre este tema.

• NR 06 – Equipamento de Proteção Individual – EPI

A NR 6 comenta as definições legais, as formas de proteção, os requisitos de

comercialização e responsabilidades com respeito ao emprego de Equipamentos de Proteção

Individual no trabalho (Moraes, 2005). A NR 6 define EPI como “todo dispositivo ou

produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos

suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho” (Moraes, 2005). O Equipamento

Conjugado de Proteção Individual é composto por vários dispositivos. O EPI deve possuir

Certificado de Aprovação (CA) que é expedido pelo órgão nacional competente, em matéria

de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. Para isto, deverá ser

testado em laboratórios credenciados pelo TEM, para expedição do CA.

No item 6.3, a empresa é obrigada a fornecer EPI gratuitamente, em perfeito estado de

conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral, ora denominadas de

proteção coletiva, não forem suficientes para a proteção contra os riscos, enquanto as medidas

de proteção coletivas estiverem sendo implantadas, ou para atender situações de emergência.

Cabe ao empregador adquirir o EPI (com CA) adequado ao risco de cada atividade, exigir seu

uso, orientar e treinar sobre o uso adequado, guarda e conservação, substituir imediatamente,

quando danificado ou extraviado, responsabilizar-se pela higienização e manutenção

periódica e comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada (item 6.6). Já ao empregado

cabe: usar o EPI e apenas para a devida finalidade, responsabilizar-se pela guarda e

conservação, comunicar ao empregador sobre qualquer alteração que o torne impróprio,

cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado (item 6.7).

No âmbito do laboratório de Anatomia Patológica, o primordial é a proteção

respiratória individual, quando as medidas de proteção coletiva são insuficientes ou estão

sendo implementadas, como já mencionado. Isto porque, além de dispendioso, o EPI traz

incômodo, dificulta o trabalhador na execução do seu trabalho. A Instrução Normativa 01/94

obriga a implantação do Programa de Proteção Respiratória onde há funcionários expostos

aos riscos ambientais e que sejam seguidas as recomendações da FUNDACENTRO e da

ABNT. A Instrução Normativa IN 01/94 estabelece, além das obrigações citadas no item 6.6

da NR 6 (utilização de EPI com CA, individual, adequada, e sua conservação), o empregador

deve monitorar periodicamente os riscos ambientais e fornecer o EPR (Equipamento de

Proteção Respiratória) apenas para pessoas física e psicologicamente capacitadas a realizar

suas tarefas. O emprego dos EPR deve levar em consideração: as características físicas do

28

ambiente e específicas do trabalho (como existência de atmosferas “imediatamente perigosas

à vida ou à saúde” - IPVS), necessidade de utilização de outros EPI, demanda física, tempo de

uso, realização de exame médico do trabalhador que deve usar o EPR. O respirador deve ser

selecionado de acordo com seu fator de proteção atribuído (FPA) que tem de ser maior ou

igual ao fator de proteção requerido (FPR).

Outros EPI indicados na atividade de Anatomia Patológica são: luvas de segurança para

proteção das mãos contra agentes químicos; creme protetor de segurança para proteção dos

membros superiores contra agentes químicos, de acordo com a Portaria SSST 26, de

29/12/1994; calçado de segurança para proteção dos pés e pernas contra respingos de produtos

químicos; perneira de segurança para proteção da perna contra respingos de produtos

químicos; calça de segurança para proteção das pernas contra respingos de produtos químicos;

macacão de segurança para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra

respingos de produtos químicos e conjunto de segurança formado por calça e blusão ou

jaqueta ou paletó, para proteção do tronco e membros superiores e inferiores contra respingos

de produtos químicos.

A NR 07 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) está

relacionada à biossegurança, uma vez que trata da correlação entre o ambiente de trabalho e o

desenvolvimento de doenças ocupacionais e do monitoramento da exposição ocupacional a

riscos, por meio de indicadores biológicos. Visa criar, através do PCMSO, o planejamento de

ações de saúde com vistas à prevenção da exposição aos riscos ocupacionais. Neste sentido,

faz-se pertinente um breve resumo desta NR.

A redação da NR 7 foi dada pela Portaria 24 de 29/12/94, complementada pela

Portaria 8, de 08/05/96. A Portaria 19 de 09/04/98 alterou os parâmetros para monitoração da

exposição ocupacional a alguns riscos à saúde - Quadro II. Objetivando a promoção e

preservação da saúde dos trabalhadores, a NR 7 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e

implementação do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO, pelos

empregadores e todas as instituições que admitam trabalhadores como empregados. No caso

de terceirização, a empresa contratante deve auxiliar a contratada na elaboração de seu

PCMSO e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.

Quanto às diretrizes, o PCMSO deve articular-se com as demais NR; deve considerar

as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade, privilegiando o instrumental clínico-

epidemiológico na abordagem da relação entre a saúde e o trabalho; seu caráter deverá ser de

“prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados com o

trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de

doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores” (Moraes, 2005), e será

29

planejado e implementado a partir dos riscos, sobretudo aqueles identificados nas avaliações

que são objeto das demais NR. A elaboração e implementação (incluindo os custos) do

PCMSO é de responsabilidade do empregado, que deve ser coordenado por médico do

trabalho da empresa ou outro indicado para tal. A Anatomia Patológica pode ser enquadrada,

no âmbito da NR 4 – Quadro I – Classificação Nacional de Atividades Econômicas, no código

85.14-6: Atividades e serviços de complementação diagnóstica e terapêutica, com grau de

risco 3. Portanto, segundo a NR 7, se não houver determinação contrária do Delegado

Regional do trabalho devido ao risco, se o setor tiver menos de 10 funcionários, ficará

desobrigado a indicar médico coordenador do PCMSO; se tiver entre 10 e 20 funcionários,

ficará desobrigado mediante negociação coletiva, assistida por profissional do órgão regional

competente em segurança e medicina do trabalho. O médico coordenador do PCMSO é

responsável pela realização dos exames médicos previstos.

O PCMSO deve incluir os seguintes exames: admissional, periódico, de retorno ao

trabalho, de mudança de função e demissional. Para cada um destes exames, o médico emitirá

o Atestado de Saúde Ocupacional – ASO. Estes exames compreendem: “avaliação clínica,

abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental e exames complementares,

realizados de acordo com os termos especificados nesta NR, e seus anexos” (sic). O item

7.4.2.1. quadro I – Parâmetros para Controle Biológico da Exposição a Alguns Agentes

Químicos, o único presente no setor de Anatomia Patológica é o xileno. Para este agente, as

indicações do quadro são:

Tabela 3: Parâmetros para controle biológico da exposição a alguns agentes químicos

Indicador

Biológico Agent

e

Quími

co

Mat.

Biológi

co

Análise

V

R

IBM

P

Método

Analítico

Amostrag

em

Interpretaç

ão

Vigênci

a

Xileno Urina

Ac.

Metil-

hipúric

o

-

1,5

g/g

creat

.

CG ou CLAD FJ EE -

Fonte: Moraes (2005) Normas Regulamentadoras Comentadas: Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho, p.

299.

30

Notas: IBMP: Índice Biológico Máximo Permitido: valor para o qual supõe-se que a maioria das pessoas

ocupacionalmente expostas não corre risco de dano à saúde. A ultrapassagem deste valor constitui

exposição excessiva.

VR: Valor de Referência da Normalidade

CG: Cromatografia em fase gasosa

CLAD: Cromatografia líquida de alto desempenho

FJ: Final do último dia de jornada de trabalho EE: “O indicador biológico é capaz de indicar uma exposição ambiental acima do Limite de Tolerância, mas

não possui, isoladamente, significado clínico ou toxicológico próprio, ou seja, não indica doença, nem

está associado a um efeito ou disfunção de qualquer sistema biológico”.

No item 7.4.2.2., “Para trabalhadores expostos a agentes químicos não constantes dos

quadros I e II, outros indicadores poderão ser monitorizados, dependendo de estudo prévio

dos aspectos de validade toxicológica, analítica e de interpretação desses indicadores”. Pode

ser o caso do etanol e do formaldeído.

As ações de saúde a serem executadas durante o ano deverão ser planejadas e constar

do PCMSO. O seu cumprimento será objeto de relatório anual.

O item 7.4.7. estabelece que, caso seja verificado que o trabalhador está sujeito a

exposição excessiva ao risco, mesmo sem qualquer sintomatologia ou sinal clínico, este

deverá ser afastado do local de trabalho ou do risco, até que o indicador biológico seja

normalizado e as medidas de controle sejam adotadas.

No item 7.4.8., sendo constatada a ocorrência ou agravamento de doenças

profissionais pelos referidos exames, ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer

tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos exames do quadro I ou II, mesmo

sem sintomatologia, o médico coordenador ou encarregado deverá solicitar à empresa emissão

de Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, indicar, se for o caso, o afastamento do

trabalhador do trabalho ou da exposição ao risco, encaminhá-lo à Previdência Social e

orientar o empregador quanto as medidas de controle.

Quanto aos primeiros socorros, todo estabelecimento deverá ser equipado para

prestação de primeiros socorros, de acordo com a atividade, e manter o material

adequadamente, sob cuidado de pessoa treinada.

A NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) é fundamental para

a prevenção da exposição a riscos no ambiente de trabalho, que é objeto deste estudo.

Apontaremos os aspectos pertinentes ao nosso tema. Esta NR visa basicamente a “preservação

da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,

avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham

31

a existir no ambiente de trabalho” (Moraes, 2005), considerando a proteção ao meio ambiente

e dos recursos naturais. A abrangência e profundidade das ações dependerão da natureza do

risco e medidas de controle necessárias, cabendo a sua responsabilidade ao empregador,

contando com a participação dos trabalhadores.

O item 9.1.5. traz a definição de risco:

“ Para efeito desta NR consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,

químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua

natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de

causar danos à saúde do trabalhador” (Moraes, 2005).

A estrutura do PPRA é caracterizada por planejamento anual, incluindo metas,

prioridades e cronograma; estratégia e metodologia de ação; forma de registro, manutenção e

divulgação dos dados e periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. O

documento base que descreve o PPRA deverá ser acessível às autoridades competentes. O

desenvolvimento do PPRA deverá abranger etapas de antecipação e reconhecimento de

riscos, priorização e estabelecimento de metas de avaliação e controle, implementação de

medidas de controle com respectiva avaliação de sua eficácia, monitoramento da exposição

aos riscos e registro e divulgação dos dados. É de responsabilidade do SESMT – Serviço

Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho, ou de pessoa ou

equipe capaz de desenvolvê-lo.

O item 9.3.2 define que:

“...a antecipação deverá envolver a análise de projetos de novas instalações,

métodos ou processos de trabalho, ou de modificação dos já existentes, visando

identificar os riscos potenciais e introduzir medidas de proteção para sua redução

ou eliminação” (Moraes, 2005).

Este conceito trazido pela NR 9 é fundamental quando se fala em prevenção de

acidentes e desenvolvimento de doenças ocupacionais e riscos ao meio ambiente, por isso

consideramos fundamental pontuar esta norma no presente trabalho. Ela vem ao encontro dos

esforços prevencionistas pretendidos no âmbito dos locais em estudo.

32

Com respeito às medidas de controle necessárias, estas deverão ser suficientes para a

eliminação, a minimização ou controle dos riscos ambientais, quando for identificado risco

potencial à saúde, constatado o risco evidente à saúde na fase de reconhecimento, quando as

avaliações quantitativas apontarem exposição dos trabalhadores acima dos Limites de

Tolerância constantes da NR 15 ou da ACGIH, ou quando for caracterizado nexo causal entre

danos à saúde e a situação de trabalho. A implementação das medidas de proteção coletiva

seguem a seguinte ordem: (1) medidas que eliminam ou reduzem a utilização ou a formação

dos agentes de risco, (2) medidas que previnem a liberação ou disseminação dos agentes e (3)

medidas que reduzem os níveis ou a concentração dos agentes. Quando estas medidas forem

inviáveis ou insuficientes ou estiverem em fase de implementação, ou em caso de emergência,

serão adotadas na seguinte ordem: medidas de caráter administrativo ou de organização do

trabalho e utilização de EPI. As medidas de proteção serão avaliadas quanto à sua eficácia,

considerando-se os resultados das avaliações do PCMSO.

O nível de ação consiste em um valor acima do qual devem ser iniciadas ações

preventivas para evitar a ultrapassagem dos limites de exposição, ações estas que consistem

no monitoramento periódico da exposição, informação aos trabalhadores e controle médico.

No caso de agentes químicos, o nível de ação corresponde à metade do limite de exposição

ocupacional.

O monitoramento é de suma importância para este estudo. É ele que define se as

hipóteses acerca da exposição a agentes constantes do Anexo 11 da NR 15 são verdadeiras,

uma vez que quantifica a exposição. O item 9.3.7.1 versa que: “Para o monitoramento da

exposição dos trabalhadores e das medidas de controle, deve ser realizada uma avaliação

sistemática e repetitiva da exposição a um dado risco, visando à introdução ou modificação

das medidas de controle, sempre que necessário” (Moraes, 2005).

Quanto às responsabilidades, ao empregador cabe estabelecer, implementar e

assegurar o cumprimento do PPRA, permanentemente; aos trabalhadores cabe colaborar e

participar da implantação e execução do PPRA, seguir as orientações e informar ao seu

superior hierárquico direto sobre ocorrências que possam implicar riscos. Em situações de

grave e iminente risco, os trabalhadores expostos devem interromper imediatamente suas

atividades e comunicar o fato ao superior hierárquico direto.

Um importante conceito da NR 09 relativamente a este estudo é a definição de agentes

químicos:

33

“Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que

possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,

fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade ou

exposição, possam ter contato ou ser absorvidas pelo organismo através da pele

ou por ingestão”.

Dentre todas as NR mencionadas neste estudo, a NR 15 - Atividades e Operações

Insalubres - é a de maior importância, pois constitui a única legislação brasileira que

estabelece Limites de Exposição ocupacional para agentes químicos. Apresenta as atividades

e operações consideradas insalubres como sendo aquelas que são desenvolvidas nas seguintes

situações:

• acima dos limites de tolerância previstos nos anexos no 1, 2, 3, 5, 11 e 12;

• nas atividades mencionadas nos anexos no 6, 13 e 14;

• comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes dos

anexos no 7, 8, 9 e 10.

Para o estudo dos laboratórios de Anatomia Patológica, interessa apenas o Anexo 11:

Agentes Químicos cuja Insalubridade é caracterizada por Limite de Tolerância e Inspeção no

Local de Trabalho.

• Este anexo estabelece algumas diretrizes importantes para o presente estudo:

• a ultrapassagem dos limites de tolerância (LT) que constam no Quadro I deste

Anexo em atividades ou operações em que os trabalhadores ficam expostos a

agentes químicos implica a caracterização de insalubridade; estes LT são válidos

para jornadas de trabalho de até 48 horas por semana, inclusive; para as jornadas

que exceda 48 horas semanais, cumpre-se o disposto no art. 60 da CLT;

• os limites de tolerância do Quadro no I vale apenas para absorção por via

respiratória;

• as situações em que houver menos de 18% de oxigênio nos ambientes de trabalho

são consideradas de risco grave e iminente;

• quando uma substância do Quadro no I apresenta Valor Teto, significa que o seu

limite de tolerância não pode ser ultrapassado em nenhum momento da jornada de

trabalho; neste caso, o limite de tolerância é considerado excedido quando qualquer

uma das concentrações obtidas nas amostragens ultrapassar os valores do quadro;

• quando a média aritmética das concentrações ultrapassar os valores do Quadro no I,

considera-se que o limite de tolerância foi excedido.

Tendo em vista que este anexo é limitado no que diz respeito ao número de agentes e

34

seus limites de tolerância listados (cerca de 200), a NR 9, sub-item 3.9.5.1, determina a

utilização do Manual de Limites de Exposição da ACGIH, por ser mais abrangente (aborda

em torno de 600 substâncias), ou limites estabelecidos em negociações coletivas de trabalho,

quando forem mais rigorosos do que os deste anexo. Há, contudo, cerca de 100 mil

substâncias utilizadas atualmente. Mesmo sendo muitas destas substâncias inofensivas,

sabemos que há muitas que podem representar ameaça à saúde ocupacional, o que aponta para

a necessidade de aprofundamento dos estudos e testes com estas substâncias para definir seus

limites de exposição. Deve-se levar em conta a suscetibilidade individual, lembrando que

cada indivíduo apresenta uma sensibilidade distinta a cada composto.

A NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde - foi recém-

aprovada através da Portaria no 485 de 11 de novembro de 2005 da ANVISA e estabelece

diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos

trabalhadores em estabelecimentos de saúde e daqueles que exercem promoção e assistência à

saúde em geral. Abordaremos os itens relativos aos produtos químicos. Estes são os aspectos

desta NR que tangenciam o nosso tema:

A rotulagem original dos produtos químicos utilizados nos Estabelecimentos de

Assistência à Saúde - EAS deve ser mantida; todo recipiente contendo produto químico

manipulado ou fracionado deve ser identificado, de forma legível, por etiqueta com o nome

do produto, composição química, sua concentração, data de envase e de validade (itens 32.3.1

e 32.3.2).

Quanto ao fracionamento e manipulação de produtos químicos, o empregador deve:

destinar um local apropriado, sendo vedada a realização destes procedimentos fora deste local

(32.3.7.1, 32.3.7.1.1 e 32.3.7.1.2); o local selecionado local deve dispor de sinalização de fácil

visualização conforme NR 26 (32.3.7.1.3.a), “equipamentos que garantam a concentração dos

produtos químicos no ar, abaixo dos limites de tolerância estabelecidos nas NR-09 e NR-15,

observando-se os níveis de ação previstos na NR-9”(32.3.7.1.b), “equipamentos que garantam

a exaustão dos produtos químicos de forma a não potencializar a exposição de qualquer

trabalhador, envolvido ou não no processo de trabalho, não devendo ser utilizado o

equipamento tipo coifa” (32.3.7.1.3c), chuveiro e lava-olhos (32.3.7.1.3.d), e manter à

disposição dos trabalhadores equipamentos de proteção individual (32.3.7.1.3.e). A

manipulação ou fracionamento de produtos químicos só deve ser realizada por profissional

qualificado (32.3.7.1.3.f).

As áreas onde são armazenados os produtos químicos devem ser sinalizadas e devem

ser bem ventiladas, devendo haver áreas separadas para produtos incompatíveis (32.3.7.6).

Nos laboratórios onde são manipulados solventes orgânicos, deve haver sistema de

35

prevenção de incêndio com previsão de medidas especiais de segurança e procedimentos de

emergência a serem adotados no caso de ocorrência de acidentes que envolvam derrame de

líquidos inflamáveis (32.3.7.5).

Com respeito à capacitação dos trabalhadores, o empregador deve assegurar o seu

treinamento antes do início da atividade profissional, quando houver mudança das condições

de exposição a agentes biológicos, durante a jornada de trabalho e por profissionais de nível

superior; a capacitação abrange o manuseio, preparo, transporte, administração e descarte de

produto químico, antes do início das suas atividades, treinamento este que deve conter:

apresentação das fichas toxicológicas e explicação sobre o seu conteúdo, procedimentos de

segurança em relação à manutenção, transporte, utilização, movimentação, estocagem e

descarte, procedimentos quando da ocorrência de acidentes, incidentes e situações de

emergência, as vias de exposição ocupacional e os efeitos terapêuticos e adversos destes

medicamentos e o possível risco à saúde a longo e curto prazo (32.5.6).

O item 32.5 trata dos resíduos. O manuseio dos resíduos de serviços de saúde deve

obedecer à NBR 12809, registrada no INMETRO. Cabe ao empregador treinar os

funcionários quanto à segregação adequada dos resíduos, reconhecimento dos sistemas de

identificação e realização dos procedimentos de armazenamento, transporte e destinação dos

resíduos. A segregação deverá ocorrer no local onde o resíduo é gerado, observando que: os

recipientes devem ser em número suficiente para o armazenamento, segundo a ABNT, devem

ser alocados o mais próximo possível da fonte geradora em local apropriado e devem ser

identificados e sinalizados de acordo com a ABNT. Os sacos plásticos devem atender ao

disposto na NBR 9191. Todo recipiente contendo resíduos de serviços de saúde deve ser

preenchido somente até 2/3 de sua capacidade; fechado de modo a não permitir o derrame do

conteúdo, mesmo virado com a abertura para baixo, ser retirado do local de geração assim que

for preenchido e fechado e deve ser mantido íntegro até o processamento ou destinação final

do resíduo.

Quanto às condições de limpeza e conservação, os trabalhadores que realizam a

limpeza dos serviços de saúde devem ser capacitados, inicialmente e de forma continuada,

quanto aos princípios de higiene pessoal, risco biológico, risco químico, sinalização,

rotulagem, EPI, EPC e procedimentos em situações de emergência (32.8.1).

Os refeitórios dos EAS devem atender ao disposto na NR 24.

O item 32.9 dispõe sobre a manutenção de máquinas e equipamentos. Os trabalhadores

responsáveis pela manutenção de equipamentos e os responsáveis pela limpeza dos EAS

devem ser treinados antes de iniciar suas atividades e de modo continuado, para serem

familiarizados com os princípios de higiene pessoal, descontaminação, infectologia,

36

sinalização, rotulagem preventiva, advertência de riscos, tipos de EPI, seu uso correto e

acessibilidade em situações de emergência (32.9.1). A manutenção de qualquer equipamento

exige prévia descontaminação; inspeção preventiva e manutenção permanente, conforme

instruções dos fabricantes, são exigidos para máquinas, equipamentos e ferramentas, desde

que as instruções dos fabricantes sejam compatíveis com as normas oficiais. Outras

exigências deste item são: um cronograma de manutenção de capelas com registro assinado

por quem realizou a manutenção; os equipamentos e meios mecânicos usados para transporte

devem sofrer manutenção periódica; por fim, os sistemas de climatização devem ser

submetidos a procedimentos de manutenção preventiva e corretiva para preservação da

integridade e eficiência de todos os seus componentes, o que não desobriga o atendimento à

Portaria 3523 de 28/08/98 já mencionada.

No item 32.10 sobre Disposições Gerais sobre EAS, destacam-se as seguintes

recomendações: a necessidade de iluminação adequada (NB 57 da ABNT); com relação à

limpeza, cabe ao empregador disponibilizar carro funcional destinado à guarda e transporte

dos materiais e produtos indispensáveis à realização das atividades, providenciar

equipamentos para limpeza dos vidros e tetos, proibir varredura seca e o uso de adornos pelos

trabalhadores. O empregador deve vedar o uso de pias para higiene pessoal, fumar, manusear

lentes de contato, alimentar-se e beber nos postos de trabalho, guardar alimentos em locais

inapropriados e o uso de calçados abertos. O empregador deve fornecer vestimentas

adequadas aos riscos ocupacionais em condições de conforto e responsabilizar-se pela sua

higienização; os trabalhadores deverão retirar as vestimentas e EPI possivelmente

contaminados por agentes biológicos e destiná-los à desinfecção; Toda gestante deve ser

afastada de contato com gases e vapores anestésicos.

Ao final desta dissertação, no Anexo X, segue o NIOSH Pocket Guide to Chemical

Hazards para formaldeído e xileno, apresentando um resumo dos dados acerca das suas

características físico-químicas, sintomas e doenças em conseqüência da exposição aguda ou

crônica, além de medidas de proteção individual e primeiros socorros em caso de exposição

aguda.

3.3 Elaboração do Mapa de Risco

Para melhor compreensão das condições ambientais no interior dos laboratórios,

procedemos à elaboração do mapa de riscos. O objetivo de um mapa de risco é melhorar as

condições de trabalho, ao fornecer aos trabalhadores informações sobre os riscos aos quais

estão sendo expostos, de modo que possam consciente e ativamente participar da prevenção

37

de acidentes. Particularmente em laboratórios de serviços de saúde, o mapa de risco auxilia na

conscientização da adoção de Boas Práticas em Laboratório, tema importante da

Biossegurança, cujo objetivo é a prevenção de acidentes e exposição a riscos, evitando o

desenvolvimento de doenças ocupacionais. Foi neste contexto que Mattos & Santos (In

Mastroeni, 2004) escreveram o capítulo “Mapa de Risco” no livro “Biossegurança Aplicada a

Laboratórios e Serviços de Saúde” organizado por Mastroeni (2004).

O item 5.16 alínea “a”, da NR 5, aprovada pela Portaria 3.214/78, atribui à Comissão

Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA de uma empresa, a elaboração do mapa de risco:

“Identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação

do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver” (Moraes, 2005).

A redação atual da NR 5 não estabelece metodologia, porém a redação anterior trazia uma

metodologia que pode ainda ser empregada.

Os objetivos do mapa de riscos explicitados na NR 5 são: reunir informações para se

diagnosticar as situações de segurança e saúde no trabalho, e estimular entre os trabalhadores

a troca e a divulgação de informações durante a sua elaboração, envolvendo-os na prevenção

de acidentes.

São seis as etapas de elaboração: (1) estudo do processo de trabalho; (2) identificação

dos riscos no ambiente avaliado; (3) levantamento de medidas preventivas existentes e sua

eficácia; (4) identificação dos indicadores de saúde; (5) resgate de levantamentos prévios e (6)

elaboração do Mapa de Riscos. Após sua aprovação, este mapa é afixado de modo acessível

aos trabalhadores, em cada ambiente estudado.

A metodologia desenvolvida por Mattos & Santos (In Mastroeni, 2004) merece

destaque. Segundo os autores, o mapa de risco serve para identificação e análise dos riscos no

local de trabalho. Esta metodologia busca viabilizar a implantação do PPRA e do PCMSO, e a

integração entre estes dois programas.

Para Mattos & Santos (In Mastroeni, 2004), “os riscos podem ser caracterizados

segundo a natureza da fonte, a área de alcance ou ação, a relação com o exercício ou atividade

e a relação com o tipo de lesão (crônica ou aguda)”. Há dois conceitos nos quais pode-se

basear o estudo dos fatores que causam acidentes ou doenças no trabalho: riscos ocupacionais

e cargas de trabalho. A metodologia empregada pode ser retrospectiva (lista de atos e

condições inseguras e árvore de causas) ou prospectiva (como o mapa de riscos), conforme se

baseie em fatos já ocorridos, ou na antecipação dos fatos, respectivamente. Atualmente, o

mapa de riscos é a metodologia prospectiva mais utilizada em todo o mundo. A Portaria 5 de

18/06/92, Ministério do Trabalho e Emprego define mapa de riscos como: “uma representação

gráfica do reconhecimento dos riscos existentes nos diversos locais de trabalho...” (Brasil, 92,

38

apud Mattos e Santos (2004).

Apesar da supressão do Anexo IV da NR 5, onde se delineava uma metodologia, a

tarefa de rastrear riscos e propor recomendações factíveis com vistas à eliminação ou controle

dos riscos, depende de uma sistematização, visto que se trata de uma pesquisa muitas vezes

complexa. Apresenta-se abaixo a metodologia desenvolvida por Mattos & Santos (In

Mastroeni, 2004), que leva em consideração a metodologia do antigo Anexo IV da NR 5:

Levantamento e sistematização do processo de trabalho

Fluxograma de produção: é necessária a descrição para entender cada passo do

processo de trabalho, de modo a identificar os riscos.

Descrição dos equipamentos e instalações com vistas a relacioná-los com as etapas do

processo de trabalho. Apresentam-se as características funcionais de cada equipamento e

instalação, o tipo de energia que consome, a capacidade produtiva, e outras informações

relevantes, como a sua importância para o setor e as habilidades necessárias para utilizá-los.

Descrição dos produtos finais do processo, materiais e resíduos. Devem-se listar os

materiais de consumo e permanentes (seu descarte, lavagem, esterilização, reaproveitamento,

matérias-prima) e resíduos, que devem ser identificados como infectante, de acordo com a

legislação de biossegurança. Com respeito ao estoque, estão entre as informações que se deve

colher: a quantidade estocada, a toxicidade dos produtos e tempo de permanência.

Descrição de equipes de trabalho: este item relaciona-se com o grau de organização do

trabalho, que é um fator ergonômico. É importante conhecer o perfil da mão-de-obra, como

quantidade, sexo, faixa etária, grau de escolaridade, vínculo empregatício, tempo de trabalho

no setor e faixa salarial, além do número de jornadas de trabalho exercidas por trabalhador.

Descrição das atividades dos trabalhadores: saber as atividades, a freqüência de

realização das tarefas e locais onde cada trabalhador exerce sua função, o nível de atenção e

responsabilidade de cada tarefa durante a jornada de trabalho, os turnos e revezamento de

turnos.

Preenchimento da tabela contendo grupos de riscos; local / atividade; sintomas / sinais;

acidentes / doenças; recomendações: deverá ser preenchida com auxílio dos profissionais

envolvidos no processo. O item “local” pode ser constituído por posto de trabalho ou fonte de

geração de risco Mattos & Santos (In Mastroeni, 2004).

Adotamos a convenção de riscos definidos pelo Anexo IV, que foi suprimido na atual

redação da NR 5, a qual segue abaixo:

39

Quadro 2: Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com sua

natureza e a padronização das cores correspondentes.

GRUPO 1

VERDE

GRUPO 2

VERMELHO

GRUPO 3

MARROM

GRUPO 4

AMARELO

GRUPO 5

AZUL

Riscos

Físicos

Riscos

Químicos

Riscos Biológicos Riscos

Ergonômicos

Riscos de

Acidentes

Ruídos Poeira Vírus Esforço físico

intenso

Arranjo físico

inadequado

Vibrações Fumos Bactérias Levantamento e

transporte manual

de peso

Máquinas e

equipamentos

sem proteção

Radiações não

ionizantes

Neblinas Fungos Controle rígido de

produtividade

Iluminação

inadequada

Frio Gases Parasitas Imposição de

ritmos excessivos

Eletricidade

Calor Vapores Bacilos Trabalho em

turno e noturno

Probabilidade de

incêndio ou

explosão

Pressões

anormais

Substâncias

compostas ou

produtos

químicos em geral

Jornadas de

trabalho

prolongadas

Armazenamento

inadequado

Umidade Monotonia e

repetitividade

Animais

peçonhentos

Outras situações

causadoras de

stress físico e/ou

psíquico

Outras situações

de risco que

poderão

contribuir para a

ocorrência de

acidentes

Fonte: Moraes (2005): Normas Regulamentadoras Comentadas: Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho,

p. 222.

40

A partir da tabela obtida, pode-se confeccionar mais facilmente o mapa de riscos

propriamente dito. Mattos & Santos (In Mastroeni, 2004), empregam as seguintes convenções

para a sua elaboração: “Os riscos devem ser indicados, de acordo com a sua gravidade, na

forma de círculos coloridos, segundo o seu grupo, e em três diferentes tamanhos”. Os três

tamanhos devem ser proporcionais a 1, 2 e 4, respectivamente, para as gravidades pequena,

média e grande. As outras convenções mencionadas são: círculos únicos, divididos em cores,

para riscos diferentes com mesma gravidade, correspondentes a um mesmo local ou fonte;

indicar fora do mapa os riscos correspondentes a todo o ambiente, e não apenas a um posto de

trabalho ou fonte específicos; por último, criar uma legenda explicativa relacionando cada

círculo numerado com os riscos.

Além dos critérios mencionados acima, o referido Anexo IV determinava também que

deveria ser indicado no Mapa de Riscos o número de trabalhadores expostos ao risco e a

especificação do agente, ambos dentro do círculo.

3.4 Métodos de avaliação da qualidade do ar

Ocupa uma posição de grande importância neste estudo a avaliação da qualidade do ar

em laboratórios, visto que confirmará ou afastará a hipótese sobre a contaminação dos

ambientes estudados, tendo em vista que a proposta de intervenção para melhoria da

qualidade do ar será válida apenas se houver de fato contaminação que a justifique.

A monitoração da exposição dos trabalhadores através da avaliação sistemática da

exposição a um dado risco é prevista na NR 9, item 9.3.7.1, objetivando a implantação de

medidas de controle. Moraes (2005, p. 351) define monitoramento como uma “...avaliação

quantitativa, sistemática e repetitiva de um determinado risco, incluindo, muitas vezes, um

estudo estatístico dos dados tendo como finalidade a implementação de medidas corretivas,

quando necessário”.

A NR 9, item 9.3.4, afirma que a avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre

que for necessário, com vista a verificar a eficácia do controle da exposição, ou inexistência

dos riscos, dimensionar a exposição, e subsidiar as soluções de controle.

Acerca da importância de se estudar exposição ocupacional química e biológica, a

Gerência Geral de Laboratórios de Saúde Pública (GGLAS) da ANVISA, em seu estudo

“Levantamento dos Ensaios Realizados por Laboratórios Prestadores de Serviços na Área de

Saúde do Trabalhador” em 2004, nos traz o seguinte depoimento:

41

“Nesse contexto, exerce papel fundamental o resultado da avaliação

laboratorial, pois representa o amparo legal necessário para que as ações

adotadas sejam efetivas. Os dados laboratoriais devem ser fidedignos e

confiáveis, pois irão orientar a conduta a seguir. Para tanto, o laboratório deve

se nortear pelos princípios dos padrões internacionais de qualidade e das boas

práticas de laboratório, demonstrando assim a excelência e confiabilidade dos

resultados e, portanto, a sua competência técnica” (Ministério da Saúde,

ANVISA, 2004).

Cientes, portanto, de que a efetividade das ações fundamenta-se na análise

laboratorial, em dados numéricos, concretos, acerca das reais condições ambientais no local

de trabalho, procurou-se, no presente estudo, levantar dados concernentes ao tema avaliação

da qualidade do ar. A avaliação quantitativa do ar se dá em duas etapas, a saber: amostragem

do ar e análise laboratorial das amostras.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, subordinada ao Ministério da

Saúde, não apresenta método para amostragem de vapores orgânicos. Buscamos, portanto, na

legislação internacional, métodos aplicáveis ao tipo de laboratório em questão.

A avaliação da qualidade do ar pode ser ambiental ou individual, conforme o objetivo,

quando se deseja monitorar a qualidade do ar no ambiente, como no caso da Engenharia

Ambiental, ou quando o objetivo é ocupacional, como é o caso, por exemplo, das áreas de

Engenharia de Segurança do Trabalho, Medicina do Trabalho e Saúde do Trabalhador. Foi

convencionado no presente trabalho, seguindo os passos de Machado (2003), Corrêa (2003) e

Fortes (2003), adotar a avaliação ambiental apenas, e não a individual, visto que o escopo

desta dissertação está voltado para o ambiente. Ao olhar para a contaminação do ambiente,

entretanto, há uma preocupação especial com a exposição dos seus ocupantes, particularmente

os trabalhadores, que passam grande parte do tempo respirando o ar possivelmente

contaminado.

3.4.1 Métodos de amostragem

A escolha do método de amostragem, com a devida aparelhagem, proporcionará a

determinação da concentração do contaminante no ambiente. A avaliação quantitativa pode

compreender amostragem instantânea ou contínua. A amostragem instantânea é muito

empregada na avaliação da exposição ocupacional, sendo o monitor posicionado à altura da

zona respiratória do trabalhador, com vistas a medir seu nível de exposição. Este tipo é

adotado pela Portaria 3214/78, na NR 15, anexo 11, para fins de verificar se uma atividade ou

42

operação é ou não insalubre. A NR 15, Anexo 11, item 6, define como deve ser executada

uma amostragem instantânea:

“Avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos de

amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo menos em

10 (dez) amostragens para cada ponto ao nível respiratório do trabalhador. Entre

cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de, no mínimo, 20 (vinte)

minutos” (Portaria 3.214/78, MTE).

Amostragem contínua, não comentada pela NR 15, Anexo 11, é executada em período

de tempo variando de 30 minutos até uma jornada de trabalho (Saliba, et al, 2002).

Lembramos que a NR 15 tem efeitos legais, ao passo que este trabalho visa unicamente a

avaliação do ar para efeitos de pesquisa. Objetiva-se, em função do caráter ambiental da

exposição onde todos os trabalhadores de uma mesma sala são expostos aos mesmos agentes

concentrados no ar, avaliar o nível de contaminação do ar ambiente.

Portanto, buscou-se uma metodologia própria para este tipo de amostragem. Visto que

a concentração de um contaminante no ar varia no tempo e no espaço, de acordo com os

processos, volume de trabalho e distância do trabalhador à fonte, trata-se de um trabalho

complexo.

A medição torna-se mais complicada quando se deseja medir produtos tóxicos, pois as

concentrações são muito baixas, demandando métodos sensíveis para a sua detecção e

múltiplas amostragens, seguindo um plano de amostragens, com determinação do tipo de

amostragem, instrumentos, pontos de coleta de amostras, a replicabilidade das amostras e o

método analítico a ser empregado, de modo a se obter um resultado confiável, representativo

da real situação encontrada em determinado local.

Mesmo na avaliação ambiental, é importante que as medições sejam realizadas nas

condições normais de trabalho para que sejam representativas da real exposição dos

trabalhadores. Tendo em vista que a maioria dos processos de trabalho se dão em ciclos e que

estes ciclos se repetem ao longo da jornada, ao menos um ciclo inteiro deverá ser medido

representando os demais.

Estratégia de Amostragem

A Estratégia de amostragem é o primeiro passo da avaliação, que compreende as

seguintes etapas:

43

1. Escolha do local que será amostrado;

2. Escolha dos contaminantes a serem avaliados;

3. Determinação do tipo de amostragem: ambiental ou individual / instantânea ou

contínua;

4. Escolha dos métodos de amostragem e analíticos para cada contaminante;

5. Escolha dos pontos de amostragem, segundo as condições mais críticas (ex: junto às

fontes) dentro do ambiente ou nos postos de trabalho;

6. Determinação do número de amostras por ponto.

7. Verificação da disponibilidade de equipamentos, tanto para amostragem como para

posterior análise.

A partir destes dados, os próximos passos serão: validação do método de amostragem

e do método analítico; calibração dos equipamentos; coleta do ar contaminado; tratamento e

análise laboratorial das amostras.

A seguir, aborda-se alguns dos métodos de amostragem usualmente empregados.

Machado (2003) discute em sua tese diferentes métodos de amostragem de compostos

orgânicos no ar. Aponta inicialmente para o bombeamento da amostra de ar através de tubo

contendo sólido adsorvente (carvão ativado) como sendo historicamente o método utilizado

para avaliação de exposição ocupacional. Os compostos ficam adsorvidos no sólido

adsorvente, e depois são dessorvidos com dissulfeto de carbono (CS2), e injetados no

cromatógrafo a gás para determinar a concentração.

A seguir, Machado expõe o desenvolvimento de monitores passivos com carvão

ativado nos anos 80, cujo princípio de operação é a difusão. O tempo de amostragem é de 8

horas seguidas de trabalho. A desvantagem destes amostradores consiste nos resíduos de

compostos orgânicos voláteis no carvão ativado, oriundos do processo de fabricação,

ocasionando incerteza nos resultados (BLOEMAN e BURN, 1995, citados por Machado,

2003).

Para resolver a questão dos resíduos de fundo com carvão ativado, foi desenvolvido o

Tenax, que consiste num polímero do óxido de 2,6-difenil fenileno, propício para dessorção

térmica. Entre as desvantagens deste produto estão a produção artificial de fenol e a

ineficiência na adsorção de muitos orgânicos voláteis, ou mesmo a quebra de alguns

compostos durante o processo de dessorção térmica.

O sistema de multiadsorventes combina Tenax e novos tipos de carvão ativado:

Spherocarb e Carbosieve, que geram menor resíduo de fundo, em série. Podem conter três

adsorventes: o Tenax, o Ambersorb e Spherocarb ou Carbosieve (ibid, 2003).

Devido à diversidade e complexidade dos métodos de amostragem, não existe um

44

padrão universal. Nos EUA, o método mais utilizado é o Tenax ou Canister. Na Europa, a

preferência é pelos tubos com Tenax ou Carvão Ativado, sendo que este último adsorve

compostos orgânicos muito voláteis, que não são adsorvidos pelo Tenax. Em São Paulo,

porém, em um estudo utilizando tubos adsorvedores e canisters, a amostragem com tubos

mostrou variação menor na amostragem de compostos aromáticos, entre outros. Os canisters,

por sua vez, apresentam alto custo, elevado peso e tamanho, além da exigência de mão de

obra especializada (COLÓN et al., 2001, citados por Machado, 2003).

Método de amostragem de formaldeído

A amostragem do formaldeído, aldeído do grupo Compostos Carbonilados (CC) ou

carbonilas, pode ser feita por via úmida ou seca, basicamente. A via úmida emprega frascos

lavadores e a via seca emprega cartuchos contendo resinas, como é o caso do Florisil, Sep-Pak

C-18, e sílica. Um reagente específico é usado em ambos os casos para reagir com os

compostos estudados. O reagente adotado pela norma USEPA TO-11A é 2,4-

dinitrofenilhidrazina (DNPH). Há vários métodos de amostragem do formaldeído, podendo

inclusive ser ambiental ou individual. O método escolhido para avaliação do formaldeído

neste trabalho foi o método USEPA TO-11A - “Determinação de Formaldeído no ar

ambiental usando cartucho de sólido adsorvente seguida de cromatografia líquida de alta

eficiência (CLAE)”. Esta metodologia foi escolhida por se caracterizar pela amostragem ativa

e ambiental, que foi considerada a metodologia mais adequada para este estudo, uma vez que

o escopo deste trabalho busca avaliar a contaminação ambiental, e não a exposição individual

a priori. Este método foi adotado por Corrêa (2003), Almeida (2004) em suas teses e a

FIOCRUZ em seus monitoramentos internos para verificação da qualidade do ar em seus

laboratórios. Neste método, uma bomba gravimétrica faz passar o ar contaminado pelo

cartucho Sep-Pak C-18 impregnado com DNPH, geralmente a uma vazão de 1L/min por 2

horas. Quando os compostos contidos no ar reagem com a 2,4 DNPH, há formação das

respectivas hidrazonas.

A solução ácida de DNPH usada para impregnar os cartuchos é preparada usando a

metodologia desenvolvida por Pereira et al (1999), dissolvendo-se 1 grama de 2,4 DNPH em

85mL de acetonitrila. Adiciona-se à solução resultante 14 mL de tetracloreto de carbono e

1,0mL de ácido fosfórico para acidificar a solução. 50mL desta solução são transferidos para

funil de separação. 200mL de água são acrescentados para extração e purificação da

hidrazina. Durante 3 minutos, a solução é agitada vigorosamente, e após a separação das

fases, a fase orgânica com contaminantes é descartada. Três extrações com tetracloreto de

carbono são realizadas e a fase aquosa contendo hidrazina é colocada em frasco âmbar, na

45

geladeira, sendo então utilizada para impregnação dos cartuchos. Uma alíquota deve ser

injetada no cromatógrafo para verificar contaminação da solução. Em caso afirmativo, é

necessário realizar mais duas extrações com tetracloreto.

A impregnação dos cartuchos é realizada da seguinte forma: lava-se o cartucho com

acetonitrila usando-se uma seringa. A seguir, 7mL da solução de 2,4 DNPH é injetada no

cartucho com auxílio da seringa para impregná-lo. Seca-se o cartucho com fluxo de nitrogênio

a fim de retirar o excesso de 2,4 DNPH. Tampa-se o cartucho, que é então embrulhado em

papel alumínio e saco plástico e estocado em geladeira até o momento da amostragem.

A armadilha de ozônio é importante para eliminar a sua interferência, visto que ele

pode reagir com a DNPH do cartucho, degrada as hidrazonas formadas durante a amostragem

e os derivados degradados coeluem com as hidrazonas na análise. Utiliza-se iodeto de

potássio para remover o ozônio.

Para realização da amostragem, acopla-se o tubo C-18 impregnado com DNPH por

uma extremidade a um tubo de silicone ligado à bomba gravimétrica ou nebulizador. Retira-se

a outra tampa do tubo para entrada do ar, liga-se a bomba, regula-se a vazão e marca-se o

tempo do início da coleta. Terminado o tempo de coleta necessário, que varia entre 1 e 3 horas

na vazão de 500 a 2000 mL/min, retira-se o cartucho da bomba. A seguir, deve-se tampar o

cartucho, identificá-lo, embrulhá-lo em papel alumínio e saco plástico. Deve-se, o mais rápido

possível, guardá-lo em geladeira por no máximo 2 semanas, senão deve-se proceder à eluição

do cartucho (Corrêa, 2003).

Método de amostragem de xileno

Neste trabalho, a metodologia empregada para amostragem e análise do xileno

obedeceu a uma metodologia baseada nos procedimentos do Working Environment

Measurement System in Japan (1991); Industrial Hygienist Technical Course (1985) e

Segurança e Medicina do Trabalho (2001).

O ar contaminado com xileno é coletado em duplicata, com vistas a conferir o

resultado, e para evitar que algum defeito em um tubo prejudique a amostragem. A medição é

realizada em um dia onde haja maior volume de procedimentos sendo realizados, havendo

maior contaminação.

São utilizadas bombas de amostragem do tipo gravimétricas (Saliba et al, 2002) e

nebulizadores (metodologia empregada pelo CESTEH / FIOCRUZ), reguladas a 1,5 L/min,

acopladas a manifold com duas saídas, sendo um tubo de carvão ativado conectado a cada

saída. Este tipo de tubo com sólido adsorvente é dotado de dois leitos, sendo um destinado à

coleta, com 100 mg e outra para verificar se houve “breakthrough”, com 50 mg de sólido.

46

O aparelho nebulizador tem sido empregado satisfatoriamente na amostragem do ar,

desde que a sua vazão seja invertida (ele passa a sugar ao invés de assoprar) e seja acoplado a

um manifold que permita regulagem da vazão e acoplamento do tubo amostrador.

3.4.2 Métodos Analíticos

Vários são os métodos analíticos para cada contaminante estudado. Só a NIOSH

apresenta várias opções para cada substância. O mais comum para avaliação de compostos

orgânicos voláteis, entre os quais se inclui o xileno, é a análise das amostras por separação em

cromatografia gasosa, com as seguintes formas de detecção: por ionização de chama, captura

de elétrons e espectrometria de massas (COLLINS, BRAGA e BONATO, 1990, citados por

MACHADO, 2003, p. 33).

Existe também a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência para o formaldeído com

detecção espectrofotométrica no UV.

Discorreremos, a seguir, sobre os métodos analíticos mais relevantes para nossa

pesquisa, devido à credibilidade das instituições que os validaram, sendo estes métodos

adotados mundialmente.

Métodos de análise do Formaldeído

NIOSH: O NMAM - NIOSH Manual of Analytical Methods – apresenta uma gama de

métodos analíticos, que incluem o método de amostragem. Para formaldeído, algumas opções

são:

• Método 2016, amostragem por cartucho de sílica gel impregnado com 2,4 DNPH e

análise por CLAE com detecção no ultravioleta;

• Método 2541 e 2539 (para aldeídos), amostragem por tubo com sólido adsorvente

XAD-2 e análise por CG-FID;

• Método 3500, amostragem com filtros e impingers, análise por espectrofotometria

no ultravioleta / visível (espectrofotômetro)

47

Quadro 3: Método NIOSH para Exposição Ocupacional ao Formaldeído

Método NIOSH para Exposição Ocupacional ao Formaldeído

Número de

Identificação

do método

Nome Método de amostragem Método de análise

2016

FORMALDEÍDO

CARTUCHO

(Cartucho contendo

sílica gel impregnado

com 2,4-

dinitrofenilhidrazina)

CLAD, DETECÇÃO

POR UV

2541

FORMALDEÍDO

por CG

TUBO DE SÓLIDO

ADSORVENTE

XAD-2, 120 mg/60 mg

CROMATOGRAFIA

GASOSA, DIC

2539

ALDEÍDOS,

VARREDURA

TUBO DE SÓLIDO

ADSORVENTE

XAD-2, 120 mg/60 mg)

CROMATOGRAFIA

GASOSA, DIC & CG /

ESPECTROMETRIA

DE MASSAS

3500

FORMALDEÍDO por

VIS

FILTRO FILTER +

IMPINGERS ESPECTROMETRIA

Fonte: NIOSH Manual of Analytical Methods – NMAM

USEPA TO-11A: é o método escolhido para este trabalho, por ser do tipo ambiental,

como já foi mencionado, onde se analisa a amostra por cromatografia líquida de alta

eficiência (CLAE), determinando o seguinte procedimento para análise:

48

• Extração: o objetivo deste procedimento é retirar do cartucho as hidrazonas

formadas e as hidrazinas não convertidas. Passa-se lentamente, por gravidade,

acetonitrila através dos cartuchos, com auxílio de uma seringa, recolhendo-se a

solução em balão volumétrico de 5 mL. A análise pode ser imediata. Caso

contrário, guarda-se o conteúdo do balão volumétrico em frasco âmbar em

refrigerador (mínimo de 4oC) até a realização da análise.

• Análise: o cromatógrafo deve apresentar as seguintes condições: coluna C-18; fase

móvel: 55% acetonitrila e 45% água isocrática; detector ultravioleta a 365 nm;

vazão de 1,5 mL/min; volume de injeção de 100 µL; loop de injeção de 20 µL. Um

conjunto de 5 misturas padrões de hidrazonas variando entre 1,0 a 20 mg/L,

adquiridas da Supelco (CARB Carbonyl-DNPH Mix 1) é injetado no cromatógrafo

para montagem da curva de calibração, obtendo-se pela inclinação o fator de

resposta (FR). Plota-se a concentração mássica contra área integrada. A seguir,

injetam-se as amostras no cromatógrafo, obtendo-se a área e conseqüentemente a

concentração por regressão linear (Corrêa, 2003).

Denominada em inglês de High-Performance Liquid Chromatography (HPLC), a

CLAD é similar à Cromatografia Gasosa na habilidade em separar misturas complexas de

compostos e na disponibilidade de uma variedade de detectores (espectrofotométricos,

fluorimétricos, eletroquímicos e espectrometria de massas), que podem ser usados para obter

alta sensibilidade. A CLAD tem vantagem sobre a CG porque compostos não-voláteis podem

ser analisados. CLAD tem sido empregada em laboratórios de toxicologia, sobretudo como

um instrumento para análises quantitativas de determinados grupos de compostos. Pode-se

empregar espectrometria de massas para obter informações sobre compostos desconhecidos a

partir da CLAD (McClatchey, 1994).

Métodos de Análise do Xileno

A CG é uma poderosa ferramenta para a separação de misturas de contaminantes. É o

método usualmente empregado para a análise de compostos voláteis (gases anestésicos,

solventes orgânicos e álcoois). É menos usado para compostos de baixa volatilidade ou

aqueles pertencentes a grupos com funções polares, o que pode ser contornado com o uso

cuidadoso de derivados químicos. Os compostos mais problemáticos de serem analisados por

este método são os compostos termicamente instáveis ou corrosivos.

O uso de colunas capilares representa um avanço na etapa de separação. A maior

eficiência dessas colunas resulta em picos altos e estreitos, incrementando os limites de

detecção. Entre os detectores, o detector por ionização de chama (Hydrogen-air flame ionization

49

detector – FID) é provavelmente o mais empregado, respondendo com grande sensibilidade a

quase todas as classes de compostos com excelente linearidade sobre uma larga gama de

concentrações. O detector nitrogênio-fósforo (nitrogen-phosphorus detector – NPD) tem

aumentado a resposta para compostos contendo nitrogênio e fósforo.

O detector por captura de elétrons (electron capture detector – ECD) tem alta

sensibilidade para compostos com alta afinidade por elétrons como aqueles contendo os

grupos halogênios, nitrilas ou carbonilas.

A espectrometria de massas com detector de CG provê uma sensibilidade e

especificidade maior do que todos os outros detectores. Espectrometria de massas em

combinação com separação cromatográfica é o método mais efetivo para a identificação de

contaminantes. O modo de ionização mais empregado é o impacto de elétrons (electron

impact – EI), único disponível em equipamento de EM de baixo custo. As desvantagens da

EM são a complexidade e o elevado custo dos equipamentos. Contudo, o desenvolvimento de

equipamentos de baixo custo para análises de rotina, com boa confiabilidade e de fácil

manutenção tem tornado o método acessível para a maioria dos laboratórios. Em termos de

custo-benefício, não é próprio para varredura, sendo mais apropriado para testes de

confirmação. (McClatchey, 1994).

Os métodos NIOSH para xileno são:

• Método 1501, amostragem por tubo com sólido adsorvente (carvão ativado) e

análise por CG-DIC;

• Método 2549 para COVs (compostos orgânicos voláteis), amostragem com tubos

de dessorção térmica, análise por dessorção térmica, CG-EM.

50

Quadro 4: Método NIOSH para Exposição Ocupacional ao Xileno

Método NIOSH para Exposição Ocupacional ao Xileno

Número Nome Método de

amostragem Método de análise

1501

HIDROCARBONETOS

AROMÁTICOS

TUBO DE SÓLIDO

ADSORVENTE

CROMATOGRAFIA

GASOSA, DIC

2549

COMPOSTOS ORGÂNICOS

VOLÁTEIS (VARREDURA)

TUBO DE

DESSORÇÃO

TÉRMICA

DESSORÇÃO

TÉRMICA,

CROMATOGRAFIA

GASOSA,

ESPECTROMETRIA

DE MASSAS

Fonte: NIOSH Manual of Analytical Methods – NMAM modificada

No estudo da ANVISA, em ensaios com o xileno, este é analisado preferencialmente

por cromatografia gasosa, embora um laboratório utilize a espectrofotometria (Ministério da

Saúde, ANVISA, 2004). Dois laboratórios analisam o formaldeído por espectrofotometria no

ultravioleta / visível (espectrofotômetro) e um laboratório adaptou o método NIOSH 2011.

A metodologia do Working Environment Measurement System in Japan (1991),

supervisionado pelo Working Environment Improvement Office, Ministry of Labour, Japan

Association for Working Environment Measurement Japan e a metodologia oferecida pelo

curso Industrial Hygienist Technical Course (1985), Japan Industrial Safety and Health

Association Japan estabelecem a análise das amostras por Cromatografia Gasosa com

detecção por Ionização na Chama.

Segundo esta metodologia, adotada em nosso trabalho para a análise de xileno, a

amostra coletada é extraída com diclorometano e analisada usando CG-DIC e CG-EM. Os

tubos são quebrados e cada leito é colocado em frasco de 2mL. Os COVs são extraídos do

leito com 1,0mL de diclorometano. Uma solução etérea de tolueno deuterado (20µg/mL) é

51

usada como padrão. Os frascos são tampados com folha de alumínio, selados e guardados em

congelador a -10oC. A análise quantitativa é realizada no CGAR-EM pela injeção de alíquotas

de 1,0µL.

As condições para análise quantitativa são: cromatógrafo CG-DIC, coluna capilar de

sílica fundida de alta resolução com comprimento de 60m; d.i.: 0,32mm; fase estacionária

HP-5 (5% fenilmetilsilicone); df: 0,45µm; gás carreador: hidrogênio; método de injeção: sem

divisão de fluxo, automática e tempo de fechamento da válvula de 0,50min; volume de

injeção: 1,0µL; temperatura do injetor: 260oC; temperatura do detector: 300oC; programação

de temperatura: 35oC (5min) / 10oC/min até 250oC (5min).

As condições para análise qualitativa são: cromatógrafo CG-EM; coluna capilar de

sílica fundida de alta resolução com comprimento de 60m; d.i.: 0,32mm; fase estacionária

HP-5 (5% fenilmetilsilicone); espessura do filme 0,45µm; gás carreador: hidrogênio; método

de injeção: sem divisão de fluxo, automática e tempo de fechamento da válvula de 0,75min;

volume de injeção: 1,0µL; temperatura do injetor: 260oC; temperatura do detector: 310oC;

programação de temperatura: 35oC (5min) / 10oC/min até 250oC (5min); analisador de

massas: quadrupolo; faixa de varredura: 30-400 u; corrente de emissão: 300µA; energia de

ionização: 70 eV (Almeida, 2004).

3.5 Intervenções técnicas para melhoria da Saúde Ambiental

Metodologia desenvolvida por Fortes: “consiste no entrosamento entre os sistemas de

climatização e de exaustão mecânica, que deverá ser cuidadosamente projetado, de modo a

equilibrar o conjunto, garantindo, assim, a qualidade do ar interior” (Fortes, 2003).

No caso da exaustão mecânica, trata-se de um sistema de ventilação local exaustora.

“Realiza-se com um equipamento captor de ar junto à fonte poluidora, isto é, produtora de um

poluente nocivo à saúde, de modo a remover o ar do local para a atmosfera, por um sistema

exaustor, ou tratá-lo devidamente, a fim de ser-lhe dada destinação conveniente, isto é, sem

riscos de poluição ambiental” (Macintyre, 1990, p. 3).

3.5.1 Ventilação Industrial

A ventilação industrial, segundo Macintyre (1990), é a operação por meios mecânicos

que visa controlar parâmetros como temperatura, distribuição do ar e umidade, e promover a

renovação do ar de modo a se obter um grau de pureza e velocidade de escoamento do ar,

dentro de um ambiente fechado, que sejam apropriados para a manutenção do bem estar e

saúde dos ocupantes deste ambiente. O grau de pureza é conseguido através da eliminação de

52

poluentes, entre eles os agentes químicos aqui estudados. Outro objetivo da ventilação

industrial é tratar o ar contaminado antes do seu lançamento na atmosfera, impedindo, assim,

a contaminação do ar ambiental no exterior do edifício.

Os sistemas de ventilação podem ser divididos em Sistemas de Ventilação Geral e

Sistemas de Ventilação Local Exaustora. Os Sistemas de Ventilação Geral são classificados

em Ventilação Natural e em Ventilação Geral Diluidora (VGD). Esta última tem a finalidade

de manter o conforto e a eficiência humana, sua saúde e segurança e conservar materiais e

equipamentos. A VGD pode consistir na combinação de ventilação (insuflação) e exaustão,

sendo possíveis as seguintes combinações: insuflação e exaustão naturais; insuflação

mecânica e exaustão natural; insuflação natural e exaustão mecânica; insuflação e exaustão

mecânicas.

Isto pode ser conseguido através de insuflação, exaustão ou da associação de ambas as

modalidades (Macintyre, 1990). Esta técnica é aplicada quando a fonte de geração é

indefinida, a instalação de Ventilação Local Exaustora é impossível ou a severidade da

poluição é baixa e estável. Inclui ventilação natural, valendo-se da diferença de temperatura,

diferença de pressão e ventilação mecânica forçada (que requer suprimento energético). Esta

última é largamente empregada devido à instabilidade da ventilação natural. O objetivo da

ventilação diluidora é prover o ambiente com ar fresco para diminuir a concentração de

substâncias tóxicas até concentrações permitidas. Há possibilidade de criação de zonas

mortas, onde a concentração de contaminantes é elevada, principalmente nos cantos porque o

ar fica estagnado (Iwasaki, 1998).

Uma das modalidades de VGD é ventilação de fluxo laminar chamada de ventilação

do tipo fluxo perpendicular uniforme. É adequada para trabalhos que envolvam solventes

orgânicos sem calor. Além disso, se a fonte de geração é mais baixa que a zona respiratória, o

sistema também funciona como na coifa da VLE. Com exceção deste último método, os

demais métodos de VGD devem ser suplementares, não devendo ser empregados como único

sistema de ventilação (Iwasaki, 1998).

53

Figura 1: Fatores limitantes do VGD

Os fatores limitantes do sistema de ventilação geral diluidora são:

a) a geração de contaminantes deve ser limitada, senão a quantidade de ar necessária

para a diluição dos poluentes será inviável;

b) deve haver distância entre os trabalhadores e o fluxo de ar contaminado, ou a

concentração dos poluentes deve ser abaixo dos LTs;

c) os contaminantes devem ser de baixa toxicidade;

d) a geração de contaminantes deve ser uniforme.

É importante observar que o fluxo de ar contaminado jamais deverá passar pela zona

respiratória dos trabalhadores nos sistemas de VGD e VLE, se as concentrações dos agentes

estiverem acima dos LTs.

A Ventilação Local Exaustora (LEV – Local Exhaust Ventilation) tem por objetivo

captar o ar junto à fonte de contaminante, para removê-lo ou tratá-lo. Deste modo, o

contaminante é removido antes de atingir o ar ambiente do local de trabalho, para impedir a

exposição dos trabalhadores a riscos químicos ou biológicos. Processa menos ar que a VGD e

é extremamente eficiente na exaustão de ar poluído. São exemplos de componentes do

sistema de Ventilação Local Exaustora: coifa (ex.: capela e exaustor horizontal), duto de

sucção (principal e secundário), equipamentos purificadores de ar, ventilador, duto de

exaustão da chaminé. A coifa pode ser do tipo capela, que enclausura a operação que gera

contaminação, ou “exterior”, que demanda maior volume. O emprego deste sistema deve ser

cuidadosamente avaliado (Iwasaki, 1998).

Para Carvalho (2001), “o projeto de VLE deve ser capaz de prover o fluxo de ar

necessário para o controle do processo, com o mínimo consumo de energia. Tal eficiência é

conseguida pelo dimensionamento correto dos captores e do sistema de dutos (material,

Entrada

de ar

Saída

de ar

Saída

de ar

Entrada

de ar

54

derivações, contrações, expansões, curvas) e pelo cálculo da potência requerida para o

ventilador”. Carvalho (2001) considera fundamental que haja suprimento de ar compatível

com o sistema de VLE, para que não haja redução da eficiência. A reposição de ar também é

necessária para o conforto térmico e suprimento de ar fresco para os ocupantes do ambiente.

Ventilador é o equipamento capaz de promover o deslocamento do ar, tanto no sentido

de insuflamento quanto de exaustão. O ventilador pode estar associado a outros dispositivos

capazes de climatizar o ar, conferindo-lhe características de pureza, temperatura e umidade. O

equipamento que reúne estes dispositivos é o ventilador e faz parte do denominado Sistema de

Ar Condicionado.

A World Health Organization (1995) aponta para o fato de que muitas pessoas

trabalham em ambientes climatizados, ou seja, providos com sistema de ventilação e ar

condicionado. O objetivo destes sistemas é prover o ambiente com ar que tenha grau de

pureza, temperatura e umidade compatíveis com o conforto e a saúde ambiental dos

ocupantes. Para isso, a entrada de ar externo, tratamento e mistura com o ar interno,

distribuição e renovação adequadas devem fazer parte do processo, do contrário a qualidade

do ar será comprometida, como no acúmulo de dióxido de carbono quando a renovação não é

adequada.

Problemas do ar interior podem ser causados por deficiências de sistemas de ventilação,

superpopulação, fumaça de cigarro, contaminação microbiológica, poluição do ar exterior e

vapores e gases de materiais no ambiente de trabalho e equipamentos mecânicos, além de

problemas de conforto, devido a condições impróprias de temperatura e umidade relativa,

iluminação deficiente e níveis de ruído inaceitáveis, assim como condições ergonômicas

adversas e fenômenos psicossociais estressantes relacionados ao trabalho (OSHA, 2004).

Neste trabalho, a contaminação por agentes químicos e sistemas de ventilação

deficientes serão alvo da metodologia a ser aplicada.

A geração de substâncias tóxicas deve ser minimizada, e quando essa geração é

inevitável, é necessário tomar medidas tecnológicas para conter a disseminação destas

substâncias (Iwasaki, 1998). A Ventilação Industrial e o Controle da Poluição fornecem

“medidas de engenharia” com vistas a garantir que os limites de exposição ocupacional sejam

respeitados. As medidas de engenharia incluem:

• projeto adequado abrangendo o processo industrial e o de ventilação

correspondente;

• umidificação do ar, em caso de ambientes onde há geração de poeira;

• mudanças nos processos ou operações - deve-se levar em conta a viabilidade

econômica e aval da gerência;

55

• mudança nos métodos de trabalho – levar em conta a opinião dos trabalhadores

envolvidos;

• substituição dos materiais – por outros de menor toxicidade e que não

comprometam a qualidade do processo;

• enclausuramento (confinamento) de equipamentos ou criação de barreiras – o ar

recolhido no enclausuramento deve ser tratado antes de sua eliminação para o

exterior;

• separação ou isolamento do processo – pode ser necessário separar o processo em

outro prédio, apesar de o custo ser elevado;

• minimização da emanação e difusão dos contaminantes gerados;

• instalação de sistema de Ventilação Local Exaustora – VLE – é o 1º método a ser

considerado para melhoria do ar ambiental;

• instalação de sistema de Ventilação Geral Diluidora – VGD- quando não é possível

a utilização de VLE; é um método auxiliar.

• manutenção dos processos (Iwasaki, 1998; Fortes, 2003; Carvalho, 2001;

Macintyre, 1990).

A combinação dos métodos é mais efetiva do que a aplicação isolada de apenas um

método. Há também precauções e diretrizes a serem combinadas quando do emprego destas

medidas.

Quando um ambiente apresenta baixa qualidade do ar, de modo que há prejuízo do

conforto e sobretudo da saúde dos seus ocupantes, deve-se realizar o controle, que, segundo

Carvalho (2001), é a eliminação ou redução dos agentes até concentrações inócuas para a

maioria dos trabalhadores expostos, ou a eliminação ou limitação da exposição aos

contaminantes. As barreiras de segurança, que são os sistemas de controle, devem ser

projetadas de modo a reduzir os agentes ao máximo, preferencialmente abaixo do Nível de

Ação, que corresponde a 50% do Limite de Exposição. Portanto, se as medições indicam que

a concentração ultrapassa o Limite de Exposição, há necessidade de estudo das alternativas de

medidas de controle, considerando o custo / benefício da medida. Quando a concentração

medida está entre o Nível de Ação e o Limite de Exposição, é necessário avaliar a

confiabilidade das medições (se necessário, repeti-las), verificar se há agravos à saúde

identificados nos exames periódicos e, por último, procurar alterar os processos de modo a

reduzir a exposição. A Matriz de Risco é uma importante ferramenta para avaliar as

prioridades com vistas a direcionar os investimentos. Ela avalia circunstâncias semelhantes

àquelas citadas para Mapa de Riscos, como as “características físico-químicas, matérias

primas, produtos intermediários, finais e rejeitos; armazenagem, transporte e manuseio;

56

processo de transformação; toxicidade, número de pessoas expostas; tempo de exposição;

Limites de Exposição e influência de áreas adjacentes”. Uma vez identificada a necessidade

de controle, procede-se ao estudo dos métodos de controle (Carvalho, 2001, p. 2).

Para Goodfellow (1985, citado por Fortes, 2003), deve-se buscar solucionar a questão

seguindo quatro diretrizes:

• modificação do processo produtivo;

• aplicação de VGD através da adequação arquitetônica do edifício;

• aplicação de VLE;

• uso de EPI.

Fortes (2003) admitiu em sua tese a impossibilidade de adequação arquitetônica do

edifício estudado, isto é, o posicionamento do edifício na direção de maior freqüência de

incidência de vento. Assumiu ainda não ser possível dimensionar as áreas de entrada e saída

do ar com vistas à renovação do ar considerando a arquitetura do ambiente. Admitindo-se

estes fatos, faz-se necessária a implantação de um sistema de insuflação artificial de ar com

vistas à diluição das concentrações de poluentes. A exaustão de ar contendo poluentes é

associada à insuflação, inserida em um sistema de VGD.

A Higiene do Trabalho estudada pela Engenharia de Segurança do Trabalho define

três grupos de métodos de controle do nível de contaminante, os quais podem ser

independentes ou associados. De acordo com Carvalho (2001):

Controle na fonte: pode ser através de um projeto adequado, quando há previsão desde a

etapa de planejamento do setor; pode ser pela substituição de substâncias por outras de menor

toxicidade, pela modificação do processo ou operação ou pelo isolamento da fonte. O objetivo

do controle na fonte é não permitir que o contaminante se forme ou se disperse no ambiente

de trabalho. A NR 9, item 9.3.5.2, define este tipo de controle como: “medidas que eliminam

ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à saúde”.

Controle no meio: “visa impedir que o contaminante atinja o ambiente de trabalho, em

concentração perigosa para a saúde do trabalhador”. É obtido pela limpeza, dispositivos de

alarme, VGD e VLE. O mesmo item citado da NR 9 parece conceituar da seguinte maneira:

“medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de trabalho”

(Carvalho, 2001, p. 3).

Controle no receptor: Para que o contaminante não atinja o receptor, é necessário o uso de

EPI. Exames periódicos demonstram a situação da saúde do trabalhador exposto; treinamento

57

quanto à atividade, informando-se os riscos inerentes ao local e ao processo e medidas

preventivas.

Para Fortes (2003), o dispêndio energético necessário à operação do sistema e o custo

são as principais questões dos projetos de VGD.

Os esquemas de insuflação e exaustão mecânicas, propostos por Iwasaki (1998) e

demonstrados a seguir, visam proporcionar a distribuição uniforme de ar limpo por todo o

ambiente e exaustão do ar contaminado, quando as condições de entrada e saída de ar são

insuficientes à renovação do ar no ambiente e a distribuição do ar é inadequada.

A NR 9, item 9.3.5.2 define este Equipamento de Proteção Coletiva - EPC como:

“medidas que eliminam ou reduzam a utilização ou a formação de agentes prejudiciais à

saúde e “medidas que previnam a liberação ou disseminação desses agentes no ambiente de

trabalho” , que correspondem ao controle na fonte; e “medidas que reduzam os níveis ou a

concentração desses agentes no ambiente de trabalho”, corresponde a controle no meio.

As localizações adequadas, segundo ACGIH para ventilação diluidora (Macintyre,

1990, p. 76) são representadas na figura 2:

Adaptado de Macintyre, 1990, p. 76.

Figura 2: Indicação quanto à melhor localização dos ventiladores

3.5.2 Caso do Laboratório Bronstein - soluções empregadas

Foi realizada uma visita a um grande laboratório particular de Análises Clínicas, onde

58

existe um setor de Anatomia Patológica, com vistas a conhecer os recursos empregados para

solucionar a questão da contaminação do ar por agentes químicos. O laboratório escolhido foi

o Laboratório Bronstein, com sede em Botafogo, Rio de Janeiro, da rede Diagnósticos da

América S. A. A área de Anatomia Patológica realiza entre 8.000 e 10.000 exames por mês,

com 17 funcionários, sem contar com os médicos.

O maior problema que um laboratório deste tipo enfrenta, segundo os profissionais

que nos receberam, é a contaminação por gases e vapores orgânicos. As principais soluções

empregadas neste laboratório para controle da qualidade do ar foram:

• Enclausuramento do Autotécnico, com câmara de exaustão, que fica

permanentemente ligada, já que o autotécnico não pára de funcionar;

• Exaustão mecânica com coifa lateral ao lado da bateria de Hematoxilina-Eosina

(ventilação local exaustora); todas as cubas ficam dentro de um dique de aço

inoxidável com caimento para a pia adjacente, de modo que não há acúmulo de

produto derramado sobre a bancada, além de facilitar a limpeza;

• A macroscopia (clivagem) fica em ambiente separado, climatizado por

insuflamento de ar, com exaustão mecânica independente;

• O xileno é recolhido e enviado para co-processamento;

• Todo o ambiente de Técnicas é dotado de exaustão mecânica e insuflamento de ar

climatizado (ventilação geral diluidora – exaustão e insuflamento);

• Os exames do tipo de Papanicolaou são realizados em Corador Automático (o

processo manual de destampar cada cuba e mergulhar as lâminas expõe o técnico

aos vapores de xileno e outros agentes químicos);

• Chuveiro de emergência;

• Lava-olhos;

• Uso de EPI, mesmo contando com soluções de EPC e controle da qualidade do ar:

máscara N-95, luvas, óculos de segurança contra respingos, avental.

59

4. ESTUDO DE CASO – LABORATÓRIO DE ANATOMIA

PATOLÓGICA DA FCM / UERJ

Foram estabelecidos os seguintes requisitos para escolha do local para estudo de caso:

• Ser um laboratório de Anatomia Patológica, onde se realizam diversos processos,

tais como clivagem, técnicas histológicas e citológicas, colorações especiais,

biópsias, imunohistoquímica, e necrópsia.

• Pertencer à rede pública, de modo que dependa de verbas públicas para o seu

funcionamento;

• Ser climatizado artificialmente.

Deste modo, foi escolhida a Unidade Docente de Assistência (UDA) – Disciplina de

Anatomia Patológica da Faculdade de Ciências Médicas - Universidade do Estado do Rio de

Janeiro. O Projeto de pesquisa na qual se insere esta dissertação, incluindo o questionário

fechado e a entrevista semi-estruturada aplicados aos funcionários e alunos, foi submetido à

Comissão de Ética em Pesquisa – COEP / UERJ, tendo sido aprovado em setembro de 2005 e

obtido o consentimento e a licença da UERJ para o desenvolvimento da pesquisa.

4.1 Características de funcionamento do Laboratório de Anatomia Patológica da FCM

A UDA - Disciplina de Anatomia Patológica está localizada no 3o andar do Edifício

Américo Piquet Carneiro, também chamado de Pavilhão Américo Piquet Carneiro, que faz

parte do complexo do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), à Rua Manoel de Abreu,

no 444, no bairro de Vila Izabel, Rio de Janeiro. O pavilhão abriga o Centro Biomédico, ao

qual pertencem a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e o Instituto de Biologia Roberto

Alcântara Gomes (IBRAG). Portanto, há nesse pavilhão inúmeros laboratórios, onde

funcionam diversas disciplinas.

O HUPE não pertencia originalmente à UERJ, que na época se chamava Universidade

da Guanabara. As instalações da UDA aparentemente não passaram por reforma, segundo

informação dos funcionários. Todo o material de acabamento é antigo, datando da época da

construção. O pavilhão necessita de reforma, pois, além do tempo decorrido desde a

construção, há falta de espaço para abrigar todos os laboratórios e o crescimento destes em

função da demanda e das exigências de sofisticação do desenvolvimento tecnológico. Há um

projeto para construção de um novo pavilhão, com vistas a abrigar alguns laboratórios,

60

aliviando a ocupação do Pavilhão Américo Piquet Carneiro (PAPC). Esta obra, além de

demorar, não vai solucionar totalmente o problema do espaço do PAPC, porque continuará

ocupado por algumas disciplinas. O prédio apresenta problemas sérios de segurança do

trabalho, como a falta de escadas enclausuradas e a rede elétrica antiga e deficiente. A rede

hidráulica também é antiga e sobrecarregada. Contudo, existe um projeto de saneamento

ambiental desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Sanitária e de Meio Ambiente da

Faculdade de Engenharia da UERJ, em conjunto com a Prefeitura dos CAMPI, para reforma

da rede hidráulica, com vistas a evitar o lançamento de efluente contaminado com produtos

químicos e matéria orgânica, advinda dos laboratórios, no Rio Maracanã, que recebe os

efluentes da região. Outra medida de interesse do ponto de vista do saneamento ambiental e

saúde ocupacional é a implementação do Programa de Gerenciamento de Resíduos de

Serviços de Saúde, que vem ocorrendo no HUPE, contando com a participação e iniciativa do

Centro Biomédico. Neste programa, o armazenamento dos resíduos em bombonas para

descarte final por empresa credenciada pela FEEMA é uma premissa, de modo que não haja

lançamento de produtos químicos ou resíduo orgânico infectante na rede de esgoto.

Atualmente, verifica-se ainda o lançamento dos efluentes contaminados, uma vez que

a reforma ainda não aconteceu, constituindo um dos sérios problemas do edifício. O

DESSAUDE – Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho da UERJ, desenvolveu, em

2003/2004, um Relatório de Ocorrência, onde buscou descobrir a origem de vapores

supostamente de xileno que saíam do ralo nos banheiros e outros ambientes do departamento

de Bioquímica, como o Biotério e em salas de professores. Para chegar à origem dos vapores,

uma equipe de engenharia de segurança do trabalho levantou todos os laboratórios do edifício

que utilizavam xileno, formaldeído e etanol. Conclui-se que o entupimento de ventilações

secundárias poderia ser a causa de vazamento de vapores para dentro de ambientes do prédio.

A tabela 4, adaptada de uma cedida pelo DESSAUDE, ilustra a utilização dos produtos no

edifício.

Verifica-se que a utilização desses produtos é razoável. Além disso, não são os únicos

compostos orgânicos utilizados no edifício. Isto implica uma concentração de vapores

orgânicos e outros produtos inorgânicos tóxicos interagindo no ar interior no edifício, visto

que vários laboratórios são voltados para um grande prisma de ventilação no meio do edifício.

Quando os vapores são exauridos por sistema de ventilação e exaustão, dificilmente são

atados antes de seu lançamento no ar externo. No ponto em que um laboratório está exaurindo

vapores orgânicos, outro laboratório possui aparelho de ar condicionado captando ar para

dentro de seu ambiente. Como resultado, deparou-se com um edifício cujo ar ambiental é

poluído, havendo exposição de muitos funcionários técnico-administrativos, docentes e alunos

61

ao risco químico.

É importante para este estudo saber os tipos de exames realizados e sua freqüência,

porque no processo de preparação de lâminas relativo a cada tipo de exame há riscos

específicos. A tabela a seguir mostra os tipos de exames e seu quantitativo.

Tabela 4: Setores que utilizam formaldeído, xilol ou álcool etílico e consumo em 2003/2004

LOCAL

SUBSTÂNCIA CONSUMO MENSAL

Formol tamponado a 4 % 5 L

Xilol PA 10 L Histologia e Embriologia

– IBRAG Etanol PA 15 L

Formaldeído Não utilizam

Xilol - 1 ml Microbiologia e

Imunologia - FCM Álcool comercial 10 a 14 L

Formaldeído 3 L (1 L por Laboratório)

Xilol 3 L Bioquímica – IBRAG

Álcool etílico 3 L

Formaldeído 1 a 15 L (a 10%)

Xilol 1 a 3 L Patologia Geral – FCM

Álcool etílico 1 a 5 L

Formaldeído 100 ml

Xilol Sem consumo Farmacologia

Álcool etílico 2 L

Formol 100 L

Xilol 64 L Anatomia Patológica –

FCM Álcool 190 L

Formol 3 L

Xilol 3 ½ L Anatomia Humana -

IBRAG Álcool etílico 24 L

Formol Não utilizam

Xilol Não utilizam Biofísica e Biometria

Álcool (etanol) 2,20 L

Fonte: Relatório de Ocorrência no 1 / 2004, DISET / DESSAUDE / SRH / UERJ.

62

Edifício AméricoPiquet Carneiro

Rua

Pro

fess

or M

anoe

l de

Abr

eu

Planta Esquemática de Situação doEdifício Américo Piquet Carneiro

11

escala: 1/200

Rio

Mar

acan

ã

Hospital Universitário Pedro Ernesto

Bou

leva

rd 2

8 de

Set

embr

o

Prédio da

AmbulatórioUnidade Perinatal

Raio-X

Psiquiatria

Fisiatria

Almox.

Clinex

CUCC

Depósito daFarmácia

Banco de Sangue

Escala Gráfica

0 10,0m 50,0m

Manutenção

Rua Felipe Camarão

Figura 3: Planta esquemática de situação do Edifício Américo Piquet Caraneiro

63

Tabela 5: Descrição do quantitativo dos exames com materiais biológicos processados na

UDA –Disciplina de Anatomia Patológica

Fonte: Faturamento Ambulatorial do HUPE – 14/07/2005.

Exames / ano

2001 2002 2003 2004 2005

Biópsia de tecido da cavidade bucal 339 5020 0 0 0

Biópsia / Punção de tumores superficiais

e pele 2819 245 3091 5428 2907

Biópsia renal por punção 641 2 2 23 36

Biópsia da tireóide 207 218 123 286 106

Imunofluorescência 64 341 227 29 24

Exame a fresco 131 151 0 0 0

Exame citopatológico cérvico-vaginal e

microflora SISCOLO 338 775 0 0 0

Exame anatomo-patológico de peça

cirúrgica convencional 5018 590 1108 2463 1187

Exame citopatológico hormonal seriado

(mínimo 3 coletas) 151 7342 311 616 310

Imunohistoquímica 576 1577 679 217 739

64

Tabela 6: Descrição dos Exames realizados pelo Setor. Período: entre Junho / 2005 e Janeiro / 2006.

1 Material

Data 21/06/05 a

20/07/05 21/07/05 a

20/08/05 21/08/05 a 20/09/05 21/09/05 a 20/10/05 21/10/05 a 20/11/05 21/11/05 a 20/12/05

21/12/05 a 20/01/06

Tipo de Exame Amb Enf. Amb Enf. Amb Enf. Amb Enf. Amb Enf. Amb Enf Amb Enf

Biópsia de pele 244 0 319 1 68 0 343 1 246 0 360 0 284 0

Biópsias de outras naturezas

152 18 148 16 123 13 167 21 124 13 196 17 105 30

Biópsias endoscópicas 153 5 211 1 154 2 239 5 123 4 176 2 138 5

Biópsias renais 9 0 9 3 15 6 11 4 7 0 8 5 6 3 Colorações especiais 171 0 169 0 174 0 134 0 167 0 126 0 146 0 Peças cirúrgicas 77 345 65 335 67 300 73 390 61 220 61 235 79 237 Congelação 0 0 0 0 0 0 0

2 Material

Data 21/06/05 a

20/07/05 21/07/05 a 20/08/05 21/08/05 a 20/09/05 21/09/05 a 20/10/05 21/10/05 a 20/11/05 21/11/05 a 20/12/05

21/12/05 a 20/01/06

Colpocitológicas 152 1 109 1 97 1 124 1 110 1 99 1 84 1 Citológicas mamárias 0 0 3 0 6 0 4 0 5 1 1 0 2 0 Citológicas de tireóide 23 1 30 0 19 1 29 1 19 2 28 2 16 2 Citológicas respiratórias

31 8 55 6 61 8 53 11 36 10 51 10 41 8

Citológicas de outra natureza

17 11 27 7 22 6 24 7 21 10 39 11 21 12

Imunofluores-cência 50 24 13 0 0 5 0

Imunohisto-química 31 0 0 0 70 106 0 Necrópsia 3 2 4 2 3 3 4

Fonte: Adaptado dos Livros de Exames – Disciplina de Anatomia Patológica – 10/03/06

65

Entre as peças cirúrgicas examinadas na Sala de Clivagem, buscou-se conhecer quais

são aquelas que exalam maior quantidade de formaldeído. A técnica de necrópsia informou

que seria a placenta. Foi esclarecido, porém, que o problema está na manipulação incorreta,

ou seja, a realização da clivagem da peça sem a prévia lavagem do tecido em água. Este

procedimento inclui o descarte de formaldeído que deve ser armazenado em bombonas, e a

peça é mantida mergulhada em água, enquanto a clivagem é realizada com uma pequena

porção do tecido. Além disso, tratando-se de uma peça grande como a placenta, esta vem do

centro cirúrgico acondicionada em um frasco grande, cheio de formol tamponado. Os

problemas na manipulação estão no fato de que os profissionais acumulam placentas para

serem clivadas no mesmo dia, o que é agravado pelo fato de que as peças não são lavadas.

Portanto, em um só dia, há vários frascos grandes, mal tampados, cheios de formalina,

exalando este produto para o ambiente, acrescida da emanação das próprias peças, que são

grandes e por não serem lavadas, exalam formaldeído em maior quantidade. Segue abaixo o

quantitativo de exames de placenta realizados entre janeiro e meados de março de 2006. Em

uma das amostragens realizadas, que serão descritas mais adiante, estavam sendo clivadas dez

placentas em um só dia, com alguns frascos destampados, o que provocou a saturação dos

tubos de amostragem, a qual teve que ser repetida em outro dia.

Tabela 7: Número de exames macroscópicos de placenta e útero realizados na

Sala de Clivagem em 2006.

Número de exames macroscópicos realizados em 2006 Material

JAN FEV MAR*

Placenta 26 30 10

Útero 5 5 1

*número de exames realizados até 10/03/06

Mapa de Risco dos laboratórios da Disciplina de Anatomia Patológica

O conhecimento dos riscos inerentes a uma atividade e dos riscos presentes no local de

trabalho influencia o comportamento dos indivíduos que trabalham no setor. Isto porque a

conscientização quanto aos riscos estimula a participação dos indivíduos no processo

66

preventivo, de modo que passam a colaborar mais com a prevenção dos riscos, aumentando

os índices de comportamento seguro.

De acordo com a Portaria 3214/78, a CIPA é responsável pela elaboração do Mapa de

Risco, com auxílio do Engenheiro de Segurança do Trabalho. No presente estudo, porém,

buscou-se elaborar o Mapa de Risco para fins de pesquisa, de modo a conhecer os riscos e

situações que possam afetar a segurança e a saúde no laboratório de Anatomia Patológica

estudado e influenciar na qualidade do ar interior, tais como calor, umidade, incidência solar,

armazenamento de resíduos de líquidos inflamáveis, manuseio incorreto dos tecidos fixados

em formalina, entre outros.

Para elaboração do mapa de riscos, seguimos a metodologia de Mattos e Santos

(2004). Os locais eleitos para estudo foram: Sala de Clivagem, Sala de Técnica Citológica e

Histológica, Sala de Imunohistoquímica, Sala de Colorações Especiais e Sala de Autópsia.

Apenas estas salas constam do mapa de risco porque é nestas salas que se passam todos os

processos envolvendo riscos químicos e biológicos, devido à manipulação de material

biológico e uso de inúmeros produtos químicos. Estas salas são ocupadas durante toda a

jornada de trabalho pelos técnicos e residentes, sendo também freqüentada pelos professores.

4.2 Processos e fluxos dos serviços

O fluxograma de produção é a primeira etapa da elaboração do Mapa de Risco. Tendo

em vista que a Anatomia Patológica apresenta processos diversos, cada fluxo será abordado

separadamente.

Na Disciplina de Anatomia Patológica da UERJ, os processos de clivagem, técnicas

histológica e citológica, colorações especiais, imunohistoquímica, imunofluorescência e

necropsia são realizados em salas separadas. As técnicas citológica e histológica dividem um

mesmo espaço, que na época da pesquisa consistia em duas salas distintas. Posteriormente, a

parede entre estas salas foi demolida, tornando-se um espaço único. A Sala de Autópsia está

localizada no térreo do edifício, exatamente embaixo da Disciplina de Anatomia Patológica.

Um de seus ambientes comunica-se com a Câmara Mortuária do HUPE, por onde

entram os cadáveres advindos do hospital, através de uma porta que acessa o exterior do

edifício. A Sala de Autópsia é dividida em vários compartimentos, entre eles a sala onde são

realizadas as autópsias, com 49,52m2; outra sala com 59,98m2, onde fica o arquivo morto da

Disciplina de Anatomia Patológica, e a sala de aula com 25,00m2, além de ambientes de

apoio, como sanitário / vestiário (único para homens e mulheres), lavabo limpo, lavabo sujo,

hall interno, ante-sala, sala de fotografia.

67

O objetivo do fluxograma de produção é “identificar e detalhar os passos do processo de

trabalho, dos produtos ou serviços executados” (Mattos e Santos, 2004, In Mastroeni, 2004).

Descrevem-se as atividades executadas em cada posto de trabalho. No caso da Anatomia

Patológica, as atividades dependem do tipo de material que entra para ser analisado, podendo

ser biópsias, peças cirúrgicas ou material para exame citológico, como células obtidas por

raspado, descamação natural ou aspiração. Os tecidos podem chegar ao setor imersos em

formalina 10%, passando por um longo processo, ou a fresco para biópsia de congelação,

quando há urgência no diagnóstico. Este último caso ocorre quando há um paciente sendo

submetido a uma cirurgia, e dele é retirada uma amostra de tecido para realização de biópsia

na mesma hora, com vistas a direcionar a finalização da própria operação.

• Biópsias ou peças cirúrgicas:

(1) Clivagem: A biópsia ou peça cirúrgica chega a esta sala imersa em formalina 10%, para

realização do exame macroscópico ou clivagem (foto 5). O tecido é pesado e são observadas

as suas características macroscópicas (cor, tamanho, lesões). É selecionada a área para análise

microscópica, de onde é cortada uma amostra, que é inserida em um cassete.

(2) Técnica Histológica: na sala de Técnica Histológica, cada cassete é processado no

autotécnico. No autoinclusor, o tecido é colocado em um bloco de parafina e, a seguir, corta-

se no micrótomo uma finíssima camada de tecido (3 a 5µm), sendo este corte desparafinado e

corado em bateria de Hematoxilina – Eosina (HE).

(3) Na sala de Diagnóstico, o tecido é examinado em microscópio e o médico patologista

emite o laudo anatomopatológico que é entregue ao médico requisitante.

Figura 4: Fluxograma do processo de avaliação de biópsias ou peças cirúrgicas

Centro

Cirúrgico

Clivagem

(1)

Sala de Técnica

Histológica

(2)

Sala de

Diagnóstico (3)

Médico

requisitante

68

Coleta de material nos ambulatórios

ou consultórios

Sala de Técnica

Citológica

(4)

Sala de Diagnóstico

(3)

Médico

requisitante

Figura 5: Exame macroscópico de tecido humano

• Células isoladas obtidas por raspado, descamação natural ou aspiração:

Figura 6: Fluxograma do processo de avaliação de células isoladas por

raspado, descamação natural ou aspiração

O material é colhido no HUPE e enviado à UDA – Disciplina de Anatomia Patológica.

(4) O material a fresco chega à Sala de Técnica Citológica; a seguir, é centrifugado sendo

retirado o sobrenadante; a parte que adere à parede da centrífuga é utilizada para a confecção

das lâminas, realizando o cell block, onde o material é enrolado em papel e colocado na

centrífuga para “rodar”. É então processado no autotécnico, emblocado no autoinclusor,

cortado no micrótomo, pescado pela lâmina em banho-maria, colocado por 20 min na estufa

para desparafinar e corado nas baterias de HE e Papanicolaou. A lâmina pronta é

encaminhada às salas de Diagnóstico, onde o médico patologista emite o laudo

anatomopatológico, que é entregue ao médico requisitante.

69

Patologia

Cirúrgica /

Centro

Sala de Imunohisto

química

(6)

Sala de Diagnóstico

(3)

Médico

requisitante

Sala de Colorações Especiais

(7)

Sala de Diagnóstico

(3)

Médico

requisitante

Clivagem

(1)

Coleta de material nos

ambulatórios / enfermarias ou

consultórios

• Tecidos a fresco para exames de congelação

Figura 7: Fluxograma do processo de avaliação de tecidos a fresco

(5) No momento da cirurgia, no Centro Cirúrgico, uma amostra de tecido é extraída e levada a

fresco para a Anatomia Patológica para realização de biópsia de congelação.

(6) Sala de Imunohistoquímica: ao chegar à Anatomia Patológica, é encaminhada para a sala

de Imunohistoquímica, onde será efetuada a Biópsia de congelação em equipamento próprio.

Neste equipamento congela-se a amostra de tecido em nitrogênio líquido, cora-se em

bateria de cubas de Hematoxilina-Eosina (HE). A lâmina pronta é encaminhada aos médicos

patologistas, emitindo-se o laudo anatomopatológico, que é entregue ao médico requisitante.

Dependendo da complexidade do diagnóstico, há necessidade de melhor visualização

dos elementos nas lâminas, exigindo técnicas especiais, por tratar-se de uma patologia que

exige um processo específico, como é o caso das patologias analisadas por

imunofluorescência. A seguir são descritos os processos de imunofluorescência e colorações

especiais.

• Colorações especiais:

Figura 8: Fluxograma de processos de colorações especiais

(7) Sala de Colorações Especiais. Os tecidos ou líquidos corpóreos passam pelo mesmo

processo, porém no momento da coloração eles se distinguem, por serem corados em bateria

de cubas contendo colorações especiais. A lâmina pronta é encaminhada às salas de

70

Sala de Imunohisto

química

(6)

Sala de Diagnóstico

(9)

Médico

requisitante

Clivagem

(1)

Coleta de material nos ambulatórios/enfermarias

ou consultórios

Diagnóstico (3), onde o médico patologista emite o laudo anatomopatológico que é entregue

ao médico requisitante.

• Imunofluorescência:

(6) Os tecidos ou células isoladas passam pelo mesmo processo, porém no momento da

coloração eles se distinguem, por reagirem com antígenos ou antígenos + anticorpos capazes

de reagir com os anticorpos investigados. Ao reagirem, liberam luz capaz de ser visualizada

em microscópio de luminescência.

(9) A lâmina pronta é encaminhada para a sala de Diagnóstico onde é analisada no

microscópio de luminescência. Nesta sala é emitido o laudo anatomopatológico que é

entregue ao médico requisitante.

• Necrópsias:

(10) Morgue (necrotério): o corpo chega a este setor com requisição do médico assistente e

autorização da família.

(11) Sala de Necrópsia: procede-se a um exame sistemático: o cadáver é examinado

externamente e são observadas as alterações em fâneros, pele e seus anexos e mucosas. A

seguir o corpo é aberto por incisão em Y. As cavidades pleural, peritoneal e pélvica são

Figura 9: Fluxograma do processo de imunofluorescência

Figura 10: Fluxograma do processo de exame de necrópsia

Enfermarias

Morgue

(10)

Sala de Necrópsia

(11)

Sala de Técnica

Citológica

(8)

Sala de Diagnóstico

(3)

71

examinadas. Líquido, se houver, é retirado, quantificado e, se necessário, enviado para exame

citológico. Os órgãos são retirados em bloco e dissecados, individualmente pesados e

medidos, retirando-se fragmentos para exame histológico. Todas as alterações morfológicas

observadas macroscopicamente são listadas, correlacionando-as com os dados clínico-

laboratoriais do prontuário, para então emitir o atestado de óbito.

(8) Sala de Técnica Citológica: mesmos procedimentos mencionados.

(3) Na sala de Diagnóstico, o tecido é examinado em microscópio e o médico patologista

emite o laudo que é entregue ao médico requisitante.

Quando, ao final do processo, o diagnóstico não ficou claro, são necessárias técnicas

especiais; emprega-se a imunofluorescência ou colorações especiais, dependendo do caso.

72

Marcos em 12/09/05.

Figura 11: Resumo dos materiais e processos na Anatomia Patológica

Fonte: Comunicação verbal, Biólogo Aurélio, em 25/08/05 e Biólogo Morfologista Heliomar Pereira

Biópsia ou Peça Cirúrgica

Retirada de tecido ou peça cirúrgica durante cirurgia

(Centro Cirúrgico)

Clivagem: exame macroscópico e preparação dos cassetes com

fragmentos de tecido contendo lesões

Técnica Histológica: produção de lâminas

(Sala de Técnica Histológica)

O Laudo é enviado ao Médico

requisitante

(HUPE)

Células Isoladas

Coleta de células isoladas

(Ambulatórios)

Técnica Citológica: produção de lâminas

(Sala de Técnica Citológica)

Técnicas de Imunohistoquímica –

métodos direto e indireto: produção

de lâminas

(Sala de

Leitura das lâminas pelos Residentes:

Diagnóstico (Sala de Residentes)

Colorações Especiais: produção

de lâminas

(Sala de Colorações

Leitura de lâminas: diagnóstico e Laudo Anatomopatológico

(Salas de Diagnóstico)

Diagnóstico e Laudo Anatomopatológico

(Salas de

Diagnóstico e Sala

Leitura de lâminas: diagnóstico e Laudo Anatomopatológico

(Salas de Diagnóstico)

Leitura de lâminas: diagnóstico e Laudo Anatomopatológico

(Salas de Diagnóstico)

O Laudo é enviado ao Médico

requisitante

(HUPE)

O Laudo é enviado ao Médico

requisitante

(HUPE)

O Laudo é enviado ao Médico

requisitante

(HUPE)

Material

Processo

Processo complementar ou especial

Patologia Cirúrgica Citopatologia

73

Sala dos Residentes

Mapofluxograma da Unidade Docente de Assistência - Disciplina de Anatomia Patológica / UERJ

1

Planta Baixa da Unidade Docente de Assistência - Anatomia Patológica

s / escala1

Imunohistoquímica

Direção Sala de DiagnósticoColorações Especiais

Imunohistoquímica

Sala de Diagnóstico

Anatomia Patológica - Laboratórios

Sala de Reunião Sala de Diagnóstico

Técnica CitológicaTécnica HistológicaDiagnósticoHistologia

Histologia Copa

Percursos de cada processo de acordo com o material

por Colorações Especiais

Material a ser examinado

Material a ser examinado

por ImunohistoquímicaBiópsia e Peça Cirúrgica

Células Isoladas

WC Feminino

WC Masculino

ArquivoDepósito

Circulação

Auditório

Clivagem

Secretaria

Adaptação da planta baixa fornecida pelo D

ESSA

UD

E / SR

H / U

ER

J, atualizada em 1981

Figura 12: M

apofluxograma.

74

4.3 Equipamentos e instalações

Os equipamentos existentes e operacionais no setor são: 2 autotécnicos, 5 estufas, 2

autoinclusores, banho-maria histológicos, 4 micrótomos rotativos de parafina, 4 microscópios

ópticos nas salas de laboratório, além dos microscópios das Salas de Diagnóstico, 2

geladeiras, 2 centrífugas, 1 balança analítica, 1 forno de microondas, 2 criostatos de

congelação, 2 freezers, microscópios de luminescência, 1 capela, 1 steamer (panela a vapor),

1 agitador, 1 medidor de pH, 2 tábuas de corte para clivagem, 5 baterias de colorações (2 de

Hematoxilina-Eosina, 1 de Papanicolaou, 1 de Imunohistoquímica e 1 de coloração especial),

1 destilador e contêineres de água destilada. Na Sala de Autópsia há 5 mesas de autópsia

(incluindo a da sala de aula), 4 arquivos grandes para lâminas, 6 arquivos de mesa, 4 estantes

metálicas contendo pastas, uma estante metálica para condicionamento de macacões, 3

armários com porta de vidro para armazenagem de tecidos embasados em formalina, que são

reservas de peças cirúrgicas, um quadro negro, uma televisão para uso durante as aulas, 3

aparelhos de ar condicionado de 18.000 BTU, refletores sobre uma das mesas de autópsia e

uma balança para pesagem das peças anatômicas e vísceras. Na Câmara Mortuária do HUPE

há 3 câmaras frigoríficas com 4 gavetas cada, e 4 macas. Os instrumentos utilizados para a

realização da autópsia são: bisturi, tesoura e faca. Há 3 bancadas, uma delas contendo 2 pias.

O autotécnico consiste em um aparelho onde os tecidos inseridos em cassetes são

imersos em cubas com produtos químicos, cujo objetivo final é enrijecer o tecido nas cubas

com parafina, de modo a proporcionar um bom corte. Para isso, ele deve ser desidratado e

hidratado novamente em cubas de álcool. As cubas de xileno servem para clarear o tecido,

para melhorar sua visibilidade no microscópio. Este processo leva de 6 a 24 horas, segundo

Montenegro e Franco (1992), porém, neste setor, o tempo é de cerca de 12 horas, exceto no

fim de semana, quando o tecido permanece no autotécnico de 17h da 6ª feira até a manhã da

2ª feira). São 12 cubas no aparelho, nas quais o cassete é transportado de uma cuba para outra,

levando cerca de 1h em cada uma. Há dois autotécnicos que estão funcionando no setor, que

estão atualmente na Sala de Técnica Citológica e Histológica, mas ainda há um outro aparelho

que não está funcionando.

75

Figura 13: Autotécnico

Figura 14: Autotécnico

O autoinclusor embloca o fragmento de tecido advindo do autotécnico em parafina, de

modo que possa ser cortado no micrótomo, extraindo uma fatia finíssima para ser colocada na

lâmina. Este equipamento possui duas partes, a quente e a fria. As estufas servem para

76

“desparafinar” o corte feito em micrótomo a 60oC.

O criostato de congelação serve para congelar a biópsia rapidamente, geralmente em

nitrogênio líquido, tornando possível o seu corte em lâminas finíssimas. Deste modo, o tecido

não precisa passar pelo longo processo de emblocamento em parafina.

Os microscópios são utilizados para se enxergar as estruturas celulares nas lâminas,

identificando suas alterações, de modo a diagnosticar as patologias. O microscópio de

luminescência é um moderníssimo aparelho, próprio para a visualização de tecidos corados

com técnicas de imunofluorescência, onde a coloração emite luz visível.

Na geladeira são armazenadas as células isoladas que chegam ao setor para análise

citológica. Nem todas as células isoladas vão para a geladeira. Algumas são analisadas assim

que chegam ao setor.

Existe no setor uma única capela, que, segundo o Relatório de Ocorrência da DISET /

DESSAUDE / UERJ, não está devidamente vedada, podendo haver contaminação do ar

externo. No interior desta capela são armazenados produtos tóxicos, incluindo um produto

altamente tóxico pertencente a outro setor da Faculdade de Ciências Médicas. As salas

também possuem aparelhos de ar condicionado de janela, os quais não recebem a manutenção

periódica requerida, sobretudo considerando os tipos de contaminantes acumulados em seus

filtros.

O Quadro 5 representa os principais equipamentos utilizados no setor, apresentando

também o mobiliário, nas salas onde são executadas as técnicas de laboratório.

Quadro 5: Equipamentos dos laboratórios da Disciplina de Anatomia Patológica

EQUIPAMENTOS 14 Balança Anal 15 Forno de microondas 1 Autotécnico 16 Criostato de congelação 2 Estufa 17 Freezer 3 Bateria de cubas de HE 18 Geladeira 4 Autoinclusor 19 Bater ia de cubas - IHQ 5 Banho-maria histológico 20 Capela 6 Micrótomo rotativo de parafina 21 Steamer (panela a vapor) 7 Microscópio Óptico 22 Agitador 8 Geladeira para células isoladas 23 Medidor de pH 9 Citocentrífuga 24 Cubas de coloração especial 10 Bateria de cubas de Papanicolaou 25 Tábua de corte da Clivagem 11 Contêiner de água destilada 26 Mesa de necrópsia 12 Centrífuga 27 Balança 13 Bateria de cubas de HE 28 Lâmpadas refletoras

77

Colorações Especiais

Técnica Histológica

Imunohistoquímica

Técnica Citológica

bancos

Clivagem

Escala Gráfica

1,0m0 5,0m

Figura 15: Plantas baixas esquemáticas: Equipamentos. Plantas adaptadas

de planta fornecida pelo DESSAUDE / SRH / UERJ, atualizada em 1981.

78

Escala Gráfica

Fotografia

0 1,0m

Hall Interno

26

5,0m

27

25

28

bancadas

10,0m

arquivos de lâminasSala de Necrópsia "A" Sala de Necrópsia "B"

Figura 16: Plantas baixas esquemáticas: Equipamentos da Sala de Necrópsia. Plantas adaptadas

de planta fornecida pelo DESSAUDE / SRH / UERJ, atualizada em 1981.

79

Figura 17: Sala de Necrópsia A: mesa de necrópsia

Quanto às instalações, são de um modo geral antigas. Os acabamentos são os mesmos

em todo o setor: o piso é claro, lavável, impermeável, as paredes são pintadas na cor gelo, as

bancadas são de granito preto, resistente, lavável e impermeável. O piso da Sala de Necrópsia

apresenta falhas, nas paredes faltam alguns azulejos e há infiltração nos armários de vidro.

Em uma das Salas de Diagnóstico, o ralo está sem tampa e sem fecho hídrico. Na Sala de

Técnica Citológica e Histológica, vapores com odor ácido saem do ralo sifonado e de uma das

pias, por vezes com certa pressão. Os armários embutidos embaixo das bancadas possuem

estrutura de concreto e portas de madeira pintada de esmalte sintético do tipo alto brilho cinza

claro, podendo ser limpos com alguns produtos não corrosivos. Na Sala de Clivagem, porém,

estes armários encontram-se mal conservados: estão muito sujos, com gavetas faltando e as

portas estão lascadas. Os acabamentos empregados foram de boa qualidade, tendo em vista o

tempo decorrido desde sua colocação. Do ponto de vista ergonômico, porém, a cor cinza do

chão e portas de madeira é inadequada, visto que oferecem um efeito visual sóbrio e triste. A

necrópsia, principalmente, é uma atividade que requer estrutura psicológica para lidar com

cadáveres a fresco, sendo que os patologistas do setor também freqüentam a Sala de

Necrópsia com vistas a acompanhar esta atividade. Seria necessário um estudo de cores que

fossem claras para refletir luz, mas que conferissem motivação. Na sala de Necrópsia, ainda,

as portas são de aço inoxidável, as janelas são altas, do tipo basculante, sendo as esquadrias de

vidro. Apesar de a altura das janelas facilitar a exaustão natural através de correntes de

convecção, percebe-se que a ventilação natural não é satisfatória para manter as condições de

80

conforto térmico, devido à falta de entrada de ar do lado oposto ao das janelas. Há emanação

de vapores de formaldeído advindos do armário onde são armazenados frascos contendo

tecidos imersos em formalina, na atividade de envase de peças anatômicas em formalina a

10%, e quando os técnicos dão baixa nas reservas de tecidos. Esta, aliás, é a hora que

proporciona a condição de maior concentração de formaldeído no ambiente. Há uma porta

faltando na sala onde são efetuadas propriamente as autópsias, que é a única sala com

aparelhos de ar condicionado, que são três de 18.000BTU. A ausência da porta, contudo,

permite a saída do ar climatizado, forçando os aparelhos, um dos quais frequentemente pára

de funcionar. Um dos técnicos nos informou que a sala foi dedetizada recentemente;

encontramos, todavia, uma barata morta ao lado da mesa de autópsia.

As salas são do 3º andar são bem ventiladas, com uma janela em cada sala, de 2,5m de

largura, na parede oposta às respectivas portas, proporcionando ventilação cruzada. Porém, a

Sala de Imunohistoquímica, a Sala de Clivagem e a Sala de Técnica Histológica e Citológica

estão voltadas para um prisma interno, que apesar de grande, não oferece a mesma ventilação

que possuem as salas voltadas para a fachada externa do edifício, que são as Salas de

Diagnóstico, o Arquivo, a Sala de Reuniões, a Chefia da UDA e a Sala de Colorações

Especiais. Os laboratórios, contudo, são climatizados, mantendo as portas fechadas e o

aparelho de ar condicionado de janela ligado durante toda a jornada. Os aparelhos, porém, não

suprem a demanda de renovação de ar, que para ambientes comuns sem muita rotatividade de

pessoas, seria de 27m3/hora/pessoa, segundo a Resolução RE 9 de 16/01/03. Para o tipo de

ambiente que presta assistência à saúde, porém, esta resolução indica que sejam obedecidas

normas próprias (que ainda não existem), mas com certeza serão mais rigorosas. Deve-se

levar em conta, ainda, que há concentração de vapores, o que demanda uma troca ainda mais

rigorosa de ar a temperatura mais baixa, para conter a evaporação dos agentes químicos.

A iluminação é boa, provida naturalmente pelas janelas e artificialmente por meio de

lâmpadas fluorescentes. Na Sala de Clivagem, contudo, existe uma lâmpada instalada de

modo irregular para iluminar um dos postos de trabalho (foto 18). Na fachada onde se

encontram a Sala de Técnica Citológica e Histológica, a Sala de Clivagem e a Sala de

Imunohistoquímica, o sol incide até 1m para dentro destas salas. Na Sala de Técnicas

Citológica e Histológica, há inúmeros frascos de reagentes, uma bateria de HE e um

autotécnico que recebem sol diretamente.

81

Figura 18: Sala de Clivagem

Quanto aos equipamentos de incêndio, estão em número suficiente e de acordo com as

classes de extintor necessárias para cobrir a demanda em caso de incêndio. A localização dos

extintores também é apropriada: estão alocados no corredor principal, fora das salas, o que é

indicado para facilitar a visualização e acesso aos extintores. No caso de incêndio em uma

sala, se o extintor estiver dentro desta sala, o acesso a ele será dificultado e, por vezes,

impedido. Por isso o extintor deve ficar do lado de fora, para que a pessoa já entre na sala

acionando-o, já apagando o incêndio e protegendo-se. Há muita dificuldade, porém por parte

do órgão responsável pela manutenção e inspeção dos extintores, em mantê-los atualizados

com respeito à recarga e ao teste hidrostático devido à escassez de verba, embora o empenho

do órgão seja grande. Os equipamentos fixos de incêndio (caixas de incêndio) estão

desativados por falta de manutenção.

Em relação às instalações hidráulicas, estas necessitam de revisão, incluindo a

canalização que alimenta as caixas de incêndio. O Relatório de Ocorrência da DISET /

DESSAUDE / UERJ levantou a hipótese de que as ventilações secundárias e principais das

tubulações do edifício, responsáveis pela saída dos gases e vapores para o telhado do edifício,

estejam entupidas, o que força a saída por outros orifícios da tubulação, como ralos secos e

ralos sifonados que estão sem fecho hídrico. Esta hipótese justificaria a emanação de vapor

com ácido, proveniente do ralo da Sala de Diagnóstico mencionada.

As instalações de gás estão inutilizadas, com exceção da Sala de Técnica Citológica,

onde a técnica utiliza o bico de Bunsen.

As instalações elétricas também necessitam de manutenção e talvez até ampliação, em

virtude da idade da instalação, da aquisição de equipamentos ao longo dos anos, introduzindo

82

nova demanda energética no edifício. Há um corredor no prédio com dezenas de freezers e

geladeiras, obviamente não previstos no projeto original. Há relato de ocorrência de choque

elétrico na Sala de autópsia, quando um dos técnicos dava banho num cadáver. Isto aconteceu

devido à presença de fios desencapados embaixo da mesa de lavagem de cadáveres. Foi

mencionado que, na Sala de Clivagem, uma lâmpada fluorescente foi instalada de modo

irregular.

Quanto às dimensões dos ambientes, a Sala de Autópsia, compreendendo todos os seus

ambientes, possui uma área total de 173,77m2, sendo que a sala onde será coletada a amostra

de ar possui 49,52m2. No 3º andar, a Sala de Clivagem e a de Imunohistoquímica possuem

17,25m2. A Sala de Técnica Citológica e Histológica possui 35,25m2. No total, a Disciplina de

Anatomia Patológica conta com aproximadamente 659,36m2 de área.

4.4 Produtos, materiais e resíduos

O produto final da atividade da Disciplina de Anatomia Patológica são os Laudos

Anatomopatológicos contendo o diagnóstico dos casos, incluindo a atividade de necropsia.

Todavia, podemos dizer que cada laboratório do setor tem seus produtos finais, que servirão

de matéria prima para a elaboração dos laudos. Na Clivagem, o produto final são os cassetes

contendo fragmentos de tecidos. Nas Salas de Técnica Citológica e Histológica, na

Imunohistoquímica e na Sala de Colorações Especiais, o produto final são as lâminas, que são

encaminhadas para as Salas de Diagnóstico.

Quanto aos materiais empregados no setor, a matéria prima pode ser biópsias

(pequenos fragmentos de tecidos), peças cirúrgicas (pedaços maiores de tecido retirados por

meio de grandes cirurgias), e material para exame citológico (como células isoladas obtidas

por aspiração, raspado ou esfregaço etc). Durante a visita à Sala de Clivagem, algumas das

peças cirúrgicas encontradas imersas em frascos de soro contendo formalina 10% foram:

placenta, fetos, embrião, mama direita e mama esquerda, vesícula biliar, apêndice, útero,

próstata e amídalas.

Os produtos químicos utilizados são:

• Na Sala de Clivagem: formalina 10% que é a solução aquosa de gás formaldeído (5

bombonas e um barril com rótulo escrito “água”) e álcool iodado para lavagem das

mãos;

• Na Sala de Técnica Citológica e Técnica Histológica;

- corantes para bateria de Papanicolaou (Técnica Citológica): orange, EA 36

(combinação de vários corantes: verde luz, pardo de Bismarck e Eosina Alcoólica);

83

neste caso, os reagentes são diluídos a frio; as cubas são, na seqüência: 1 de

hematoxilina, 1 de álcool etílico, 1 de orange, 2 de álcool etílico, 1 de EA 36, 3 de

álcool etílico e 3 de xileno.

- corantes e componentes de corantes para bateria de Hematoxilina – Eosina - “HE”

(foto 19) (Técnica Histológica, mas pode ser usada também para Técnica

Citológica): na hematoxilina: mercúrio, ácido acético, óxido amarelo de mercúrio,

ácido clorídrico e Alúmen; na Eosina, o diferenciador é o ácido acético. Nesta

bateria, a maioria dos produtos vem em pó e são diluídos em água quente. A

hematoxilina serve para corar o núcleo e a eosina para corar o citoplasma. As cubas

de HE seguem esta seqüência: 3 de xileno, 4 de álcool etílico, 2 de hematoxilina, 1

de álcool ácido clorídrico, 6 de álcool etílico, 1 de eosina, 1 de água acética, 6 de

álcool etílico 3 de xileno. O xileno e o álcool etílico também são empregados no uso

do autotécnico e do autoinclusor, aparelhos estes que usam também parafina, e, no

caso do autoinclusor, formalina 10%.

Figura 19: Bateria de cubas de Hematoxilina e Eosina

- no autotécnico a seqüência de cubas com produtos é: duas cubas de formalina, álcool

a 70%, 80%, 90%, álcool absoluto, 2 cubas de xileno e 2 cubas de parafina.

• Na Sala de Colorações Especiais: as baterias de colorações empregadas são:

Tricrômico de Masson, Tricrômico de Gomore, Prata (cuja base é nitrato de prata),

Fite (usa fenol em cristal) e Colorações de Ferro.

84

• Na Sala de Imunohistoquímica: as cubas seguem a seguinte seqüência: 6 cubas de

xileno, e 10 cubas de álcool absoluto.

• Na Sala de Necrópsia, são utilizados formalina a 10% e álcool iodado. A formalina é

usada para armazenamento de peças anatômicas eventualmente encaminhadas ao 3º

andar para exame microscópico. Durante a realização da necrópsia, o cérebro é

colocado em um balde contendo formalina a 10%. Nos armários há baldes contendo

peças cirúrgicas (foto 20).

Figura 20: Balde com formalina e peça cirúrgica

85

Figura 21: Sala de Necrópsia A: armário onde são guardados

frascos contendo tecido humano e formaldeído

Nos laboratórios, os resíduos líquidos como formaldeído tamponado, álcool etílico em

várias concentrações e as colorações são descartados diretamente no esgoto sanitário (pias e

vaso sanitário). Apenas o xileno é recolhido nos frascos de origem, armazenados por meses

(até um ano), aguardando o recolhimento. Na Sala de Imunohistoquímica, porém, o resíduo de

xileno é misturado com o resíduo de álcool etílico e lançado no vaso sanitário. Nesta mesma

sala, corantes e produtos tóxicos são lançados na pia. A diaminobenzidina-tetrahidroclorídrica

(cerca de 5ml) é deixada em cloro por 2 dias a uma semana antes de ser desprezada. Quanto

aos resíduos biológicos, consistem basicamente em peças cirúrgicas e restos de esfregaços e

aspirações, líquidos corpóreos em geral. Após a liberação do Laudo Anatomopatológico, as

peças são finalmente desprezadas, sendo acondicionadas em sacos plásticos brancos

sinalizados como lixo infectante, que são levados pelos técnicos de necrópsia para os

contêineres de resíduo biológico do hospital, onde o lixo é coletado por equipe da Comlurb.

Há também reservas de tecidos armazenados na Sala de Necrópsia que, quando desprezadas,

são descartadas da mesma forma. Na Sala de Clivagem, há uma caixa “Descarpack” própria

para descarte de material pérfuro-cortante. Há uma outra caixa de papelão onde são

desprezados cacos de vidro. Nesta sala, todo resíduo é considerado infectante. Na Sala de

Necrópsia, lâminas perfuro-cortantes são descartadas em um pequeno recipiente plástico

improvisado. Já os resíduos de formalina são descartados diretamente no esgoto sanitário. As

lâminas são guardadas no Arquivo por cinco anos e depois são mantidas no arquivo morto da

86

Anatomia Patológica, que fica na Sala de Necrópsia. Quanto aos líquidos corpóreos, o que

resta é armazenado na geladeira por cerca de 2 meses e depois é desprezado na pia e os

recipientes são guardados em uma caixa de papelão embaixo da pia.

4.5 Equipes de trabalho

A tabela a seguir apresenta o quantitativo de trabalhadores e estudantes que

freqüentam o laboratório. Esta tabela foi elaborada com dados fornecidos pelo próprio setor.

Tabela 8: Funcionários do Setor de Anatomia Patológica

Fonte: Comunicação Verbal, Prof. Dr. Luiz Carlos Vaz, 30/07/2005 e Marilene de

Oliveira Faria, 28/09/05.

O número de alunos da Disciplina de Anatomia Patológica varia semestralmente entre

80 e 90. As aulas no segundo semestre de 2005 eram de 13:30 às 15:30h, segundo

funcionários do setor.

Devido à responsabilidade na execução de tarefas no setor, participando da prestação

de serviços, os residentes foram incluídos no quadro funcional.

A jornada prolongada ocorre apenas quanto falta material para execução dos

processos.

Horários de Trabalho

Categoria Efetivos Contratados 20

horas 30

horas 40

horas

Médicos 1 1 2

Professores 9 6 1 2

Assistente administrativo

1 1 2

Técnicos em patologia

5 5 1 9

Técnicos de necropsia

2 2

Agente de administração

1 1

Residentes 2 2

87

4.6 Atividades dos trabalhadores

Fundamentalmente, as atividades exercidas pelos trabalhadores consistem na execução

dos processos já descritos.

Os técnicos de necrópsia realizam, em média, duas necrópsias por mês, na Sala de

Necrópsia. Devido a esse número reduzido de autópsias, pelo menos um dos três técnicos

executa a atividade de clivagem, auxiliando os residentes.

Os residentes são responsáveis pela clivagem, em dias alternados. Executam essa

tarefa em média durante quatro a cinco horas, ultrapassando esse tempo quando há urgências

e maior demanda. No restante do tempo, os dois residentes trabalham em todas as outras

atividades do setor, de modo a obter experiência em todas as áreas.

Os médicos são professores da Disciplina de Anatomia Patológica, exercendo não

somente a função de supervisão na confecção das lâminas e sua análise para

diagnóstico, mas também dão aula para os alunos da graduação e residência. Há um médico

que não é professor.

Os técnicos em patologia, alguns dos quais são biólogos, executam a tarefa de

confecção das lâminas. Um técnico trabalha durante todo o dia (de 8h às 17h). Três técnicas

trabalham apenas no turno da tarde (de 13 às 17h) sendo que uma delas trabalha com técnica

citológica e as outras com técnica histológica (uma é responsável pelo processamento de

biópsias de fígado e de medula, executando rotinas de HE e Colorações especiais e a outra

trabalha com peças cirúrgicas e algumas biópsias, também usando bateria de HE). Há uma

certa divisão física na sala: citologia fica só de um lado e histologia ocupa 2/3 da sala, sendo

que há aparelhos comuns a ambos os processos, visto que são únicos, como o autoinclusor e a

estufa.

As atividades exercidas nos laboratórios exigem que os funcionários permaneçam por

longos períodos em pé, já que precisam circular de um aparelho para outro. Os bancos são

usados apenas durante a inclusão de blocos em parafina e corte no micrótomo, além da

atividade de clivagem e técnica citológica.

Há três técnicos de necrópsia.

Há uma arquivista no setor responsável pelo Arquivo, já que são muitas as lâminas

guardadas e que constituem importante material didático e documentação.

Há no setor duas secretárias responsáveis por tarefas administrativas do setor, no

âmbito da prestação de serviços para o HUPE e no âmbito acadêmico. Participam da

confecção final dos laudos anatomopatológicos.

88

4.7 Agentes físicos

4.7.1 Procedimentos para as medições

A avaliação dos riscos físicos nas salas estudadas compreendeu a medição de três

riscos: Nível de Pressão Sonora, Nível de Estresse Térmico e Iluminância.

Os equipamentos utilizados para avaliação dos riscos físicos foram os seguintes:

• Medidor de Nível de Pressão Sonora: ONO SOKKI LA-220 S – Integrating Sound

Level Meter

• Luxímetro (para medir a Iluminância): Lux-meter ANA-315 TOKYO PHOTO

ETECTRIC CO, LTD

• Medidor de Estresse Térmico (para medir a temperatura): Questempo10 Area Heat

Stress Monitor - Quest Technologies

A Figura 22 contém as plantas com os pontos onde foi medida a iluminância. Estes

pontos consistem em postos de trabalho ou locais em que há exigência visual para a realização

de alguma tarefa.

89

Colorações Especiais Sala de Diagnóstico

Anatomia Patológica - Laboratórios

Técnica Histológica

Imunohistoquímica

Clivagem

0 1,0m

Escala Gráfica

Técnica Citológica

3,0m

Figura 22: Plantas das salas com

os pontos de medição dos riscos físicos e quím

icos

Vide legenda: figura 25

90

Sala de Necrópsia "B"

Escala Gráfica

Fotografia

0 1,0m

Hall Interno

5,0m

1

Sala de Necrópsia "A"

2

bancadas

10,0m

arquivos de lâminas

Vide legenda: figura 25

Figura 23: Planta da Sala de Necrópsia com os pontos de medição dos riscos físicos e químicos

91

Escala Gráfica

0 1,0m

Sala dos Residentes

Circulação

Copa

5,0m

Depósito Arquivo

10,0m

Clivagem

WC Masculino

WC Feminino

Auditório

Secretaria

Figura 24: Planta da Sala de Necrópsia com os pontos de medição dos riscos físicos e químicos

92

Obs: os pontos de medição dos riscos físicos representados em cor preta na figura 22 e 23

estão listados nas tabelas 6 a 14, a seguir:

4.7.2 Medições realizadas

Tabela 9: Resultados das medições de iluminância na Sala de Clivagem

Ponto de medição

local Iluminância (lux) Referência NBR 5413 da ABNT

1 Bancada lateral /

local onde se realiza clivagem

110 ( com iluminação suplementar: 230)

Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho: iluminância superior:

750 lux

2 Mesa de apoio 100 Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho iluminância média:

500 lux

3 Bancada embaixo da janela / local onde se

realiza clivagem 230

Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho: iluminância superior:

750 lux

Figura 25: Pontos de amostragem: legenda das figuras 22, 23 e 24

93

Tabela 10: Resultados das medições de iluminância na Sala de Téc. Citológica e Histológica

Ponto de medição

local Iluminância (lux) Referência NBR 5413 da ABNT

1 Na bancada embaixo da janela, próximo à

bateria de HE

550 Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho: iluminância média:

500 lux 2 Mesa lateral onde

são montadas as lâminas

180 Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho: iluminância média:

500 lux 3 Bancada do meio,

Próximo à bateria de Papanicolaou

110 Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho: iluminância média:

550 lux

Tabela 11: Resultados das medições de iluminância na Sala de Imunohistoquímica

Ponto de medição

local Iluminância (lux) Referência NBR 5413 da ABNT

1 Bancada lateral 130 Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho iluminância média:

500 lux

2 Bancada lateral, em frente ao micrótomo

180 Hospitais / Laboratórios de análises /

mesa de trabalho: iluminância superior: 750 lux

Tabela 12: Resultados das medições de iluminância na Sala de Colorações Especiais

Ponto de medição

local Iluminância (lux) Referência NBR 5413 da ABNT

1 Mesa com micrótomo 140 Hospitais / Lab. análises / mesa de trabalho: ilum. superior: 750 lux

2 Bancada lateral em

frente ao autoinclusor 120

Hospitais / Laboratórios de análises / mesa de trabalho iluminância média:

500 lux

3 Bancada lateral c/ bateria de cubas

90 Hospitais / Laboratório de análises /

mesa de trabalho: iluminância média: 500 lux

94

Tabela 13: Resultados das medições de iluminância na Salas de Necrópsia “A” e “B”

Ponto de medição

local Iluminância (lux) Referência NBR 5413 da ABNT

1 Mesa de necrópsia (Sala de Nec. “A”)

415 Hospitais / Autópsias / geral: iluminância média: 500 lux

2 Próximo ao armário (Sala de Nec. “B”)

110 Hospitais / Autópsias / geral: iluminância inferior: 300 lux

Tabela 14: Resultados das medições de Nível de Pressão Sonora

Local da medição

Nível de Pressão Sonora

medido no ambiente Sala de Clivagem 66,1 dB (A)

Sala de Técnicas Citológica e Histológica

71,4 dB (A)

Sala de Imunohistoquímica 70,2 dB (A) Sala de Colorações Especiais 61,4 dB (A)

Sala de Necrópsia “A” 75,7 dB (A) Sala de Necrópsia “B” 72,7 dB (A)

Limite de Tolerância para ruído contínuo e intermitente,

segundo a NR 15 Anexo 1 (máxima exposição diária

permissível para 8 horas de trabalho):

85,0 dB (A)

Tabela 15: Resultados das medições de Exposição ao Calor na Primavera

Local da medição

IBUTG

Temperatura de Globo

Temperatura de Bulbo

Seco

Temperatura de Bulbo

Úmido

Máxima exposição

permissível segundo a NR 15

Anexo 3

Clivagem 24,0 27,6 27,1 22,4 30,0oC

Técnicas Citológica e Histológica

23,1 24,9 24,9 22,4 30,0oC

Imunohistoquímica 23,6 28,2 27,5 21,6 30,0oC

Colorações Especiais 20,6 27,3 23,0 17,4 30,0oC

Necrópsia “A” 24,5 29,6 26,3 21,9 26,7oC

Necrópsia “B” 26,0 29,6 29,6 24,5 26,7oC

95

Tabela 16: Resultados das medições de Exposição ao Calor no Verão

Local da medição

IBUTG

oC

Temperatura

de Globo oC

Temperatura de Bulbo Seco

oC

Temperatura

de Bulbo Úmido

oC

Máxima exposição

permissível segundo a NR 15

Anexo 3 oC

15/02/06 24,0 29,9 26,1 19,6 30,0 Clivagem

08/03/06 23,6 28,4 26,3 21,7 30,0 Técnicas

Citológica e Histológica

23/02/06 21,6 27,7 24,9 18,8 30,0

15/02/06 24,6 27,4 26,4 22,8 Necrópsia

“A” 23/02/06 25,7 30,6 29,6 23,4

26,7

02/02/06 29,9 28,0 28,2 25,0

23/02/06 25,7 30,3 30,1 23,9 Necrópsia

“B”

08/03/06 26,7 29,9 29,8 25,4

26,7

Colorações Especiais

23/02/06 24,3 21,7 28,6 22,4 30,0

Imunohistoquímica

23/02/06 24,9 30,8 29,2 21,8 30,0

Obs: dia 15/02/06: o dia estava nublado e chuvoso; no dia 23/02/06, a temperatura externa era

de 41oC na rua e o tempo estava parcialmente nublado. 4.7.3 Avaliações dos riscos físicos

As medições da Exposição ao Calor foram comparadas com o Anexo 3 da NR 15.

Consultando-se o Quadro 3 do Anexo 3 - “Taxas de Metabolismo por Tipo de Atividade”,

considerou-se, em todas as atividades exercidas nas salas estudadas do 3º andar, que o

trabalho é do “tipo leve”, pois os profissionais realizam trabalho “de pé, trabalho leve, em

máquina ou bancada, principalmente com os braços”, cuja taxa de metabolismo

correspondente é 150 Kcal/h. No caso da necrópsia, onde há movimentação de cadáveres,

considerou-se a atividade como “Em movimento, trabalho moderado de levantar ou

empurrar”, com taxa de metabolismo de 300 Kcal/h. Lançando-se estes valores no Quadro I

“Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho (por hora)”, tem-

se que, para todas as salas estudadas, a exposição ao calor deve ser de no máximo 30,0 oC,

com exceção da Necrópsia, onde a temperatura máxima deve ser de 26,7 oC (atividade

moderada). Portanto, em nenhuma das salas foi detectada a ultrapassagem deste valor, nas

96

medições realizadas durante a primavera.

As medições na Sala de Técnicas Citológica e Histológica e na Sala de Clivagem foram

realizadas no dia 19/10/2005, às 15:54h. A temperatura externa marcada no dia foi de 21oC.

As medições na Sala de Necrópsia, na Sala de Imunohistoquímica e na Sala de Colorações

Especiais foram realizadas no dia 18/11/2005, às 16:00h. A. temperatura externa marcada no

dia foi de 34oC.

Particularmente com respeito à temperatura, esta foi medida em duas etapas: uma na

primavera, nos dias 19/10/05 e 18/11/05 e a segunda foi realizada no verão, nos dias 15/02/06

e 23/02/06 e 08/03/06, de modo a traçar uma comparação entre as temperaturas nas duas

estações.

4.8 Agentes químicos

O Setor de Anatomia Patológica da FCM / UERJ foi escolhido para avaliação devido à

marcante presença de contaminantes químicos verificada em uma avaliação de Segurança no

Trabalho realizada em 2003 pela própria UERJ.

4.8.1 Procedimentos para as medições

Foram seguidos os seguintes passos para a avaliação do ar:

• escolha do local amostrado;

• escolha dos contaminantes submetidos a avaliação;

• determinação do tipo de amostragem: ambiental ou individual / instantânea ou

contínua;

• escolha dos métodos de amostragem e análise de cada contaminante;

• escolha dos pontos de amostragem, segundo as condições mais críticas dentro do

ambiente ou nos postos de trabalho;

• determinação do número de amostras por ponto.

• verificação da disponibilidade de equipamentos, tanto para amostragem como para

posterior análise.

• validação do método de amostragem e do método analítico;

• calibração dos equipamentos;

• coleta do ar contaminado;

• extração;

• análise laboratorial das amostras;

• tratamento dos dados.

97

Os ambientes escolhidos para a realização da amostragem foram: a Sala de Clivagem,

a Sala de Técnica Citológica e Histológica, a Sala de Imunohistoquímica, a Sala de

Colorações Especiais e dois ambientes da Sala de Necrópsia (um ambiente onde efetivamente

se realiza necrópsia, ora denominado Necrópsia A, e um ambiente que serve de depósito de

tecidos e lâminas, ora denominado Necrópsia B). Estas são as salas do setor onde há

manipulação de xileno e formaldeído, sendo por isso escolhidas para a avaliação. Foi

necessário também medir a concentração no corredor que acessa todas estas salas do

departamento, no 3º andar, para verificar o grau de contaminação que atinge a todos os

funcionários do setor, mesmo os que não trabalham nas salas de laboratório estudadas. Neste

sentido, foi também escolhido um ponto no mesmo setor, aparentemente neutro, longe da

manipulação dos agentes, para servir como referência. O ponto escolhido foi no Auditório

Nilcéa Freire.

Quanto à determinação do número de amostras por ponto, não foi encontrado na

bibliografia pesquisada um consenso. A NR 15, Anexo 11, ao dispor sobre amostragem

instantânea, de leitura direta ou não, determina que sejam realizadas 10 amostragens para cada

ponto avaliado na zona respiratória do trabalhador, com intervalo de 20 minutos entre cada

amostragem. Quanto à amostragem contínua, escolhida para este estudo, esta não foi

mencionada pela norma. Machado (2003), ao validar o método NIOSH em sua tese, realizou

10 amostras em um ambiente com contaminação conhecida. Já na amostragem dos pontos a

serem avaliados, realizou entre 1 e 3 amostras para cada ponto. Em outras teses estudadas,

também não foram encontradas referências quanto ao número necessário de amostras por

ponto. Portanto, convencionou-se neste estudo realizar 2 amostras por ponto, de modo a se

comparar os resultados e verificar inconsistências na amostragem.

Como foi discutido no capítulo 2, a avaliação foi ambiental e não individual, por se

tratar de buscar soluções para melhorias ambientais, através do controle da qualidade do ar

interior, como um meio de se proteger a saúde dos trabalhadores e do meio ambiente. Nosso

foco não é primeiramente ocupacional, embora este aspecto seja contemplado pela melhoria

das condições ambientais.

Neste sentido, os métodos de amostragem escolhidos são do tipo contínuo, onde o ar é

coletado durante cerca de duas horas para cada amostra.

As fotos a seguir (figuras 26 a 30) ilustram algumas das amostragens realizadas:

98

Figura 26: Amostragem na Sala de Clivagem

Figura 27: Amostragem na Sala de Técnica Citológica e

Histológica

99

Figura 29: Amostragem do Auditório Nilcéa Freire

Figura 28: Amostragem no Corredor do 3º andar

100

4.8.2 Medições realizadas

Determinação do Xileno

A amostragem e análise do xileno foram realizadas com a colaboração do Laboratório

de Toxicologia do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da Escola

Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz. A metodologia adotada foi

transmitida pelo Working Environment Measurement System in Japan (1991), supervisionado

pelo Working Environment Improvement Office, Ministry of Labour, Japan Association for

Working Environment Measurement Japan, e pelo curso Industrial Hygienist Technical

Course (1985), Japan Industrial Safety and Health Association Japan. A legislação brasileira

foi considerada nas aplicações possíveis.

Os pontos de amostragem escolhidos, segundo as condições mais críticas (ex: junto às

fontes) dentro dos ambientes de trabalho estão assinalados na Figura 22 e 24. Para proceder à

escolha dos pontos, foram observadas as situações mais críticas de exposição:

1. Na Sala de Técnicas Citológica e Histológica: a troca de substâncias do autotécnico,

geralmente uma vez por semana. A troca é realizada alternadamente, isto é, um

produto de cada vez, conforme a necessidade; o xileno é armazenado em frascos para

Figura 30: Amostragem na Sala de Necrópsia B

101

posterior descarte;

2. Na Sala de Técnicas Citológica e Histológica: o uso das cubas nas baterias de

Hematoxilina – Eosina, quando são destampadas para imersão das lâminas;

3. Na Sala de Colorações Especiais, quando as cubas da bateria são destampadas para

imersão das lâminas;

4. Na Sala de Imunohistoquímica: uso da bateria contendo várias cubas de xileno.

Além destes pontos críticos, foram escolhidos também:

5. Corredor do departamento no 3º andar: para verificação da contaminação

imediatamente fora das salas citadas;

6. Auditório Nilcéa Freire: também no 3º andar, para comparação das contaminações nas

salas citadas com a concentração de contaminante em um ambiente do mesmo setor

onde não há uso de xileno;

7. Térreo do edifício, no pátio interior: também para comparação da concentração neste

local, aparentemente isento de xileno, com os níveis encontrados nas salas estudadas.

Os pontos escolhidos na UDA / UERJ estão representados nas figuras 22 e 24.

Amostragem de Xileno

O ar contaminado com xileno foi coletado em duplicata, ou seja, foram feitas duas

coletas simultâneas em cada ponto de amostragem, com vistas a conferir o resultado, e para

evitar que algum defeito em um tubo prejudicasse a amostragem. A medição foi realizada em

uma quinta-feira, 10/11/05, no período da tarde, quando há maior volume de procedimentos

sendo realizados, havendo maior contaminação. A quinta-feira também foi escolhida devido

ao acúmulo de contaminante ao longo a semana. A umidade relativa medida nos ambientes

estudados foi de 18%. Esta umidade é considerada muito baixa. Existe a possibilidade de que

o higrômetro estivesse descalibrado no momento da avaliação.

Foram utilizadas bombas de amostragem do tipo gravimétricas e nebulizadores, as

quais foram reguladas a 1,5 L/min, acopladas a manifold com vazões diferenciadas

apresentadas na tabela a seguir. Cada manifold possui duas saídas, às quais foram conectadas

cada uma a um tubo de carvão ativado da marca SKC (226-01).

102

Tabela 17: Amostragem do Xileno

Pontos de Amostragem Localização

Tipo de Bomba

Vazão (mL / min)

Volume coletado (L)

Tempo de

amostragem

1

Sala de Técnica Citológica e

Histológica: em cima do freezer

Gil Air (Bomba 11)

500 71,5 Ti = 13:37h Tf = 16:00h

(2h23’)

2

Sala de Técnica Citológica e

Histológica: na parede divisória

entre as bancadas centrais

SKC (Bomba 4)

300 42,0 Ti = 13:35h Tf = 15:55h

(2h20’)

3

Sala de Técnica Citológica e

Histológica: na Bancada tipo “ilha”

Gil Air (Bomba 13)

500 66,0 Ti = 13:40h Tf = 15:52h

(2h12’)

4

Sala de Técnica Citológica e

Histológica: na bancada embaixo da janela no canto

esquerdo

Nebulizador (Bomba 40)

500 70,0 Ti = 13:34h Tf = 15:54h

(2h20’)

5

Sala de Imunohistoquímica: na bancada, entre a

capela e a estufa

SKC (Bomba 2)

200 19,4 Ti = 14:10h – Tf = 15:47h

(1h37’)

6

Sala de Colorações Especiais: na

prateleira, sobre a bancada, próximo

ao autoinclusor

Gil Air (Bomba 1)

400 82,0 Ti = 12:18h Tf = 15:43h

(3h25’)

7 No corredor do

setor, no 3o andar Gil Air

(Bomba 12) 500 56,0

Ti = 13:57h Tf = 15:49h

(1h52’)

8 Auditório Nilcéa

Freire SKC

(Bomba 8) 500 60,5

Ti = 13:50h Tf = 15:51h

(2h 1’)

9 Térreo, na

circulação próxima ao jardim interno

Nebulizador (Bomba

“Externo”) 500 55,0

Ti = 14:22h Tf = 16:12h

(1h50’)

O nebulizador usado foi da marca Inalamax. As duas marcas de bomba gravimétrica

utilizadas foram: SKC Air check Sampler modelo 224 – PCXR8 (intrinsically safe portable

air sampler pump for use in hazardous locations class I, groups A, B, C; class II, groups E, F,

G and Class III) e Gil Air 5 modelo triMode Air Sampler – permissible / personal air

sampling pump listed 17G9 GilAir 5 da Gilian Instrument Corporation.

103

Análise de Xileno

A amostra coletada foi extraída com diclorometano e analisada usando CG-DIC. Os

tubos foram quebrados e cada leito foi colocado em um frasco de 2mL. O xileno foi extraído

do leito com 1,0mL de diclorometano. Uma solução etérea de tolueno deuterado (20µg/mL)

foi usada como padrão interno. Os frascos foram tampados com folha de alumínio, selados e

guardados em congelador a -10oC.

Preenchidas as condições para análise quantitativa, conforme demonstrado no capítulo

2, procedeu-se à análise das amostras extraídas.

Determinação do Formaldeído

O método escolhido para avaliação do formaldeído, tanto para amostragem quanto

para análise foi o USEPA TO-11A, do tipo ambiental, que é um método já validado,

amplamente empregado por instituições internacionais respeitadas.

Os pontos de coleta de formaldeído estão descritos na Figura 22, 23 e 24 (Pontos de

Amostragem). Foram escolhidas as seguintes salas, tendo como critério as condições mais

críticas.

1. Na Sala de Técnicas Citológica e Histológica: a troca de substâncias do autotécnico,

geralmente uma vez por semana. A troca é realizada alternadamente, isto é, um

produto de cada vez, conforme a necessidade;

2. Na Sala de Clivagem: frascos plásticos contendo tecidos humanos mergulhados em

solução de formaldeído são dispostos em diversos pontos da sala, sobre mesas,

bancadas e estantes. Na execução de um exame macroscópico, o próprio tecido que

está sendo analisado desprende formaldeído.

Na Sala de Necrópsia: enquanto não se dá baixa no material este é estocado em

frasco de vidro com solução de formaldeído, armazenados em dois armários. No momento da

necrópsia, um balde destampado contendo solução de formaldeído é utilizado para receber o

cérebro do cadáver que está sendo estudado. Neste momento, peças cirúrgicas também são

colocadas em frascos contendo solução de formaldeído.

Além destes pontos críticos, foram escolhidos também:

3. Corredor do departamento no 3º andar: para verificação da contaminação

imediatamente fora das salas citadas;

4. Auditório Nilcéa Freire: também no 3º andar, para comparação das contaminações nas

salas citadas com a concentração de contaminante em um ambiente do mesmo setor

onde não há uso de formaldeído.

Amostragem do formaldeído

104

A amostragem do formaldeído foi realizada no verão, com cooperação do biólogo

Eduardo Sodré, que atualmente realiza mestrado na UERJ. Ele nos auxiliou na amostragem.

As bombas usadas por ele foram emprestadas pelo IQ / UFRJ. O Laboratório de Toxicologia

do Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana também emprestou

bombas e nebulizadores para a coleta do ar.

Os dias de amostragem foram seis ao todo, em diferentes dias da semana e clima

variado. A umidade relativa do ar variou bastante, conforme o dia estivesse ensolarado ou

com ameaças de chuvas de verão.

As mesmas bombas utilizadas para xileno foram usadas na amostragem do

formaldeído, acopladas a tubos de sílica gel C-18 da marca Sep Pak, impregnados com

solução ácida 2,4 dinitrofenilhidrazina (2,4 DNPH). No caso dos nebulizadores, estes foram

acoplados a manifold regulado para vazão de 1,0 L/min e 1,5 L/min, por sua vez acoplados a

tubo C-18 Sep Pak. As bombas foram calibradas in loco para ajuste da vazão. Um “branco”

foi levado ao local de amostragem para posterior análise, sem contudo coletar ar, para

verificar se os tubos impregnados estavam contaminados antes da amostragem.

Análise de Formaldeído

A análise das amostras foi realizada por Eduardo Sodré e pelo Prof. Dr. Sérgio

Machado Corrêa, que colaboraram no processo de amostragem, cedendo materiais e na

confecção da tabela de concentrações e calibração em Excel.

A análise de formaldeído seguiu a metodologia USEPA TO-11A descrita no Capítulo

2. As amostras foram extraídas com 5,00 ml de acetonitrila, com auxílio de uma seringa,

recolhendo-se o conteúdo em um balão volumétrico de 5,0mL e transferindo-o para um

frasco. Algumas amostras foram analisadas imediatamente após a extração. Outras foram

identificadas, colocadas em refrigerador e analisadas posteriormente, no prazo uma semana.

As amostras foram analisadas no Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência de

Visualização no Ultravioleta da marca Perkin Elmer Series 200 UV / VIS Detector.

Primeiramente, um frasco contendo 250ml de água destilada e 250ml de acetonitrila foi

colocado no equipamento de ultra-som para retirar as bolhas. O conteúdo foi transferido a

seguir para outro frasco que foi acoplado ao cromatógrafo por tubos. Para servir de fase

móvel. Depois de lavar a seringa com acetonitrila, a bomba do cromatógrafo foi ligada.

Depois de ajustado o software de controle, injetou-se a amostra. Padrões de formaldeído

foram injetados no cromatógrafo para construção da curva de calibração. O cromatograma é

confeccionado pelo programa, de onde se obtém a área e o tempo de retenção de cada

105

componente da amostra. Quando se entra nesta curva com as áreas de formaldeído fornecidas

pelo cromatograma, obtém-se a concentração de formaldeído para a amostra em função do

volume de ar amostrado.

106

5. ESTUDO DE CASO: RESULTADOS, AVALIAÇÃO E

RECOMENDAÇÕES

5.1 Determinação de Xileno no Ar

A tabela a seguir foi adaptada do Relatório Técnico de Medição de Xileno no Ar

realizado pela equipe do CESTEH / FIOCRUZ.

Tabela 18: Relatório CESTEH / FIOCRUZ

Locais Analisados

Método

Resultado Xileno no ar (ppm no ar)

Entrada do Edifício Américo Piquet Carneiro (Ponto Externo)

C.G. DIC 0,07

Corredor C.G. DIC 0,26 Sala de Técnicas Histológica e

Citológica C.G. DIC 0,42

Sala de Imunohistoquímica C.G. DIC 0,14 Sala de Colorações Especiais C.G. DIC 0,19

Auditório Nilcéa Freire C.G. DIC 0,04 Adaptado do Relatório do CESTEH / FIOCRUZ, 2006

Como era previsto, a maior concentração de xileno foi encontrada na Sala de

Técnicas Citológica e Histológica devido à freqüente manipulação das cubas das baterias de

colorações, que durante a manipulação ficam destampadas desprendendo xileno para o ar.

Também as várias cubas de xileno nos autotécnicos que funcionam como foles estimulando o

desprendimento dos contaminantes e a troca dos conteúdos destas cubas fazem com que os

níveis de xileno sejam os maiores em todo o setor.

A seguir vem a sala de Colorações Especiais e depois a de Imunohistoquímica,

devido à presença também das cubas de colorações. Observa-se que a capela existente nesta

última sala parece pouco eficaz, mesmo com seu uso freqüente, tendo em vista que a

diferença nas concentrações encontradas na primeira e na última sala, provida de capela, é

mínima (0,19 ppm e 0,14 ppm, respectivamente).

Uma importante observação é que o nível de xileno encontrado no corredor foi bem

maior do que nas salas de Colorações Especiais e de Imunohistoquímica. Isto se deve

107

provavelmente à freqüente abertura das portas da sala de Técnicas Citológica e Histológica,

mostrando que, mesmo as pessoas que não trabalham nas salas, mas que circulam pelo

corredor, estão sofrendo exposição maior do que os funcionários que trabalham durante todo

o dia nas salas de Colorações Especiais e de Imunohistoquímica. O corredor não possui uma

boa troca de ar porque não acessa a fachada ou prisma interno, e as salas de um lado do

corredor permanecem a maior parte do tempo fechadas, já que são climatizadas, não havendo

ventilação cruzada.

A concentração de xileno no térreo foi maior que no auditório Nilcéa Freire no 3º

andar, situado no fim do corredor mencionado acima. O auditório permanece o tempo todo

com a porta fechada porque é um ambiente climatizado. Isto explica a baixa concentração,

mas não explica o fato de que esta concentração ainda é menor que no térreo, visto que não

parece haver atividade no térreo que envolva o uso de xileno. Vapores de xileno são exauridos

das salas do 3º andar, notadamente da capela da Imunohistoquímica, para o prisma de

ventilação onde amostramos no térreo. Contudo, em se tratando de vapores, devido à

temperatura, estes são menos densos que o ar e deveriam subir ao invés de descer para o

térreo.

As concentrações de xileno encontradas no ar das salas estudadas são consideradas

baixas quando comparadas com o Limites de Tolerância adotados pela NR 15, Anexo 11 (78

ppm), pela ACGIH (100 ppm), pela OSHA (100 ppm) e pela NIOSH (100 ppm). Este fato não

exclui a necessidade de busca de intervenções para melhoria do ar ambiental com vistas à

proteção da saúde dos trabalhadores. Segundo a NR 7, mesmo que os resultados tenham

apontado baixas concentrações, a simples constatação da presença dos contaminantes implica

na tomada de medidas preventivas e monitoramento biológico. Além disso, ampla discussão

tem marcado a relevância dos atuais limites de exposição estabelecidos, conforme discutido

no Capítulo 2, tendo em vista a suscetibilidade individual que muitas vezes não é considerada

e o fato de que os testes para determinação de alguns limites de exposição são realizados

apenas em cobaias. Quanto ao xileno, a IARC afirma que, pelos estudos realizados até aqui,

com base em estudos tanto com animais como com humanos, não há evidências de que o

xileno seja carcinogênico. Porém, este é comprovadamente mutagênico, sendo fundamental a

proteção das pessoas expostas.

5.2 Determinação de Formaldeído no Ar

A tabela 19 apresenta os resultados das análises de formaldeído, com as concentrações

em cada amostra coletada.

108

Tabela 19: Determinação de formaldeído no ar

109

Quanto às concentrações de formaldeído, foi verificado que todos os valores

encontrados em todas os pontos ultrapassaram em muito o limite de exposição da NIOSH de

0,016 ppm e 9 dos 15 valores ultrapassaram o limite de exposição da OSHA de 0,75 ppm,

ambos para 40 h semanais de exposição. Apenas 5 concentrações ultrapassaram o LT da NR

15, de 1,6 ppm. Lembramos que, para a NIOSH, o valor Ceiling (valor teto) que não pode ser

ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho é 0,1 ppm. Metade das

concentrações ultrapassou este valor, sendo que algumas das amostragens nem foram

realizadas no momento mais crítico, embora se tenha buscado esta condição em todas as

amostragens. Alguns dos valores revelaram uma situação alarmante: 6,21 ppm e 4,58 ppm na

sala de Clivagem, o que implica a tomada de medidas preventivas imediatas, envolvendo EPC

e EPI. Mesmo assim, testes têm provado que o uso de EPI neste caso não é efetivo, uma vez

que só protege até 0,6 ppm. As duas medições realizadas para cada ponto ocorreram por vezes

durante diferentes atividades, conforme a demanda de serviço naquele momento. Por isso, os

valores achados para o mesmo ponto foram freqüentemente distintos.

Cabe aqui uma importante discussão: o LT da NR 15 é muito permissivo comparado

aos demais, equivalente a 1,6 ppm (100 vezes o da NIOSH) para 48 horas semanais de

exposição, sendo que, no setor estudado, a carga horária máxima é de 40h semanais.

Questiona-se aqui esta diferença no tempo de exposição semanal entre a NR 15 e os demais

órgãos que mencionam exposição semanal de 40h. Para estes últimos, que se referem a um

tempo menor de exposição, a concentração permitida é muito menor. Para o trabalhador

brasileiro, um tempo maior de exposição equivalente a 48h semanais implica num LT muito

maior. Deveria ser o contrário. Se um trabalhador é exposto mais vezes durante sua vida

laboral, o limite da sua exposição deveria ser menor de modo a protegê-lo de um efeito

cumulativo maior. Além disso, há uma quantidade enorme de trabalhadores que têm regime

de trabalho de 40h semanais. Deduz-se, pois, que a NR 15 não deveria fornecer uma tabela de

exposição separada para exposição de 40h semanais.

Continuando na avaliação dos valores encontrados, na Sala de Clivagem a

concentração de formaldeído foi acima do LT de 1,6 ppm estabelecido pela NR 15. A

amostragem se deu durante um tipo de exame que ocorre com bastante freqüência: o exame

macroscópico de placenta, relatado como sendo um dos que mais liberam formaldeído no ar.

Foram realizadas 26 exames de placentas no ano de 2006 (até o dia 10/03), o que demonstra

uma freqüência alta. Como a NR 15 é bastante tolerante com relação à concentração de

formaldeído, estabelecendo um LT elevado, os valores encontrados estão muitíssimo acima

dos limites de exposição estabelecidos pelos órgãos governamentais internacionais citados.

Na Sala de Necrópsia B, as amostragens foram marcadas por situações distintas: a

110

primeira amostragem ocorreu durante um dia em que não havia nenhuma atividade sendo

realizada, e a segunda amostragem ocorreu durante o evento de “dar baixa” nos frascos com

tecidos e formaldeído que vem do 3º andar para serem armazenados. Estes frascos são

armazenados por certo tempo, caso seja necessário repetir algum exame. Notou-se ardência

nos olhos, mucosas nasais e garganta durante os poucos minutos em que armamos a bomba

durante a segunda amostragem. O mesmo ocorreu durante a amostragem na Sala de Necrópsia

e uma posterior visita à sala de Técnicas Citológica e Histológica.

Na Sala de Técnica Citológica e Histológica, as concentrações abaixo dos LT não

descartam a existência de picos, associados a eventos específicos como a troca dos líquidos

dos autotécnicos e cubas e manutenção das cubas descobertas por muito tempo, ou ainda a

manipulação simultânea de duas ou três baterias de cubas. Mesmo assim, as duas amostras

apresentam discrepância a ser examinada: 1,44 e 0,29 ppm, devido às diferentes tarefas

executadas em cada dia de amostragem, sendo que o primeiro valor aproxima-se muito do LT.

Na sala de Necrópsia A, as concentrações de 1,55 e 0,91 ppm estão abaixo dos LT da

NR 15, sendo que a primeira praticamente esbarra no LT, de 1,6 ppm. São consideradas

concentrações elevadíssimas comparadas a NIOSH e OSHA. Uma observação fundamental é

que não foi possível amostrar nesta sala durante o evento associado às taxas mais elevadas de

formaldeído, que é a realização de necrópsia. Durante a tentativa de amostragem durante uma

necrópsia, a bomba não funcionou. Posteriormente, não foi possível repetir a amostragem

durante outro evento de necrópsia pelo fato de que esta atividade ocorre com pouca

freqüência. São realizadas, em média, duas vezes no mês, havendo meses onde ocorre mais

vezes e meses em que não há ocorrência. Portanto, se fosse amostrado o formaldeído durante

um destes exames, teríamos um valor mais próximo da realidade, e quiçá, a taxa passaria o LT

da NR 15. De qualquer modo, os valores são muito altos.

No corredor, próximo à sala de Clivagem, as concentrações foram baixas comparadas

às da Sala de Clivagem, sendo que uma delas, de 0,34 ppm, foi superior aos limites da NIOSH

e da ACGIH de 0,3 ppm.

No Auditório Nilcéa Freire, como era de se esperar, as concentrações foram as

menores de todas, correspondendo a 0,10 ppm e 0,12 ppm (6,25 vezes o limite da NIOSH e

7,5 vezes, respectivamente).

A esta altura, cabe ressaltar o seguinte aspecto: em estudos realizados em residências e

escritórios comerciais (Machado, 2003 e Almeida, 2003), demonstram a ocorrência de

formaldeído no interior destes recintos devido à presença de materiais de acabamento e uso de

produtos domissanitários. Lembramos, portanto, que as salas estudadas também apresentam

materiais de acabamento e produtos de limpeza contendo formaldeído, além do uso deste nas

111

atividades do setor.

Tabela 20: Local x concentração de formaldeído x padrão de exposição

Amostra / local Concentração de Formaldeído

no ar Padrão de Exposição

2B

Sala de Necrópsia B 2,32 ppm

4A Clivagem 2,40 ppm

4B Clivagem 2025 ppm

4C Clivagem 6,21 ppm

4D 4,58 ppm

TWA / 0,016 ppm / NIOSH

LT / 1,6 ppm / NR-15

Ceiling / 0,1 ppm / NIOSH

TWA / 0,75 ppm /- OSHA

Ainda recorrendo à Portaria 3214/78, a NR 9, item 9.3.5.1, relativo às medidas de

controle, medidas necessárias e suficientes deverão ser tomadas para eliminação, minimização

ou controle dos riscos ambientais, “sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes

situações:

a) identificação, na fase de implantação, de risco potencial à saúde”

Isto foi de fato verificado quando do delineamento da hipótese de nosso estudo. O desconforto

causado pelo odor e pela irritação das mucosas da boca, nariz e olhos para profissionais de

fora do setor, que não estão “acostumados” à exposição aos agentes, nos sensibilizaram com

respeito ao desconforto ao qual as pessoas do setor eram submetidas, desde alunos até os

catedráticos. Foi aí que surgiu nosso interesse em estudar o assunto, com vistas a quantificar a

exposição e discutir soluções.

b) constatação, na fase de reconhecimento, de risco evidente à saúde.

Isto de fato ocorreu com relação à presença de formaldeído nas salas estudadas.

Outro aspecto fundamental é lembrar que, atualmente, o ar deste laboratório não é

tratado, nem do ponto de vista do ar interior, nem o ar que é lançado para fora, que contamina

o meio ambiente. Neste caso, a única sala que possui algum aparato de exaustão mecânica

para proteção parcial dos trabalhadores – a sala de Imunohistoquímica equipada com uma

capela - é também a que mais contamina o meio exterior, uma vez que lança de maneira

forçada, para fora do edifício, o ar contaminado com vapores de xileno e de etanol, além de

outros contaminantes. No caso desta capela, não existe relato de medições para provar a

efetividade de seu funcionamento. Esta sala também apresenta odores de xileno, apesar da

112

existência da capela. Soma-se a isto o caráter misto do bairro onde se insere o edifício, sendo

que este prédio está voltado para uma área predominantemente residencial do bairro, afetado

pelos contaminantes atmosféricos lançados pelo edifício.

Não se pode esquecer da sinergia, ou seja, do efeito conjunto de poluição causado pelo

somatório de poluentes lançados na atmosfera pelos diversos laboratórios do edifício onde se

deu o estudo. São os mais diversos contaminantes, altamente tóxicos, lançados em

quantidades variáveis.

5.3 Avaliação dos trabalhadores

5.3.1 Método de levantamento

Questionário Fechado aplicado aos funcionários e alunos do setor de Anatomia patológica da

FCM / UERJ.

É fundamental neste trabalho estudar o nível de conhecimento que funcionários e

alunos do laboratório de Anatomia Patológica da FCM / UERJ têm sobre biossegurança

química e sobre os riscos inerentes às suas atividades e grau de exposição no ambiente de

trabalho. A falta de treinamento em biossegurança potencializa os riscos de acidentes e

desenvolvimento de doenças do trabalho em qualquer laboratório de assistência à saúde.

Neste sentido, foi aplicado aos funcionários e alunos que freqüentam o setor um questionário

fechado, contendo perguntas concernentes a estas questões. Buscou-se ainda colher

informações sobre medições anteriores de concentração de contaminantes,

Informações obtidas

O quantitativo de pessoas que participaram da pesquisa foi:

• alunos: 29;

• residentes: 2;

• técnicos: 7;

• médico: 1;

• professores: 5;

• outros (estagiários e secretárias): 4

• não identificada a função: 1.

Apresenta-se a seguir os resultados dos questionários aplicados com os funcionários e

alunos do setor:

113

Você já fez algum curso de segurança química

em laboratórios?

10%

90%

SIM

NÃO

Pessoas que freqüentam os laboratórios da

Unidade Docente de Assistência - Disciplina de

Anatomia Patológica

60%

4%

14%

2%

10% 8% 2%Aluno

Residente

Técnico

Médico

Estagiário

Professor

Secretária

Acha que seria necessário receber treinamento

especializado em segurança química ou biológica

em laboratórios?

84%

14% 2%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Gráfico 1: Pessoas que freqüentam os laboratórios da Unidade Docente de Assistência –

Disciplina de Anatomia Patológica

Gráfico 2: Pessoas que realizaram curso de segurança química em laboratórios

Gráfico 3: Pessoas que acham necessário receber treinamento especializado

em segurança química ou biológica em laboratórios

114

Utiliza quais dos seguintes Equipamentos de

Proteção Individual (EPI)

0,00%20,00%40,00%60,00%80,00%

100,00%120,00%

LUV

A

SA

PA

TO

JALE

CO

ÓC

ULO

SD

E S

EG

EP

R

AV

EN

TA

L

SIM

NÃO

Utiliza os Equipamentos de Proteção Individual

com freqüência?

0,00%10,00%20,00%30,00%

40,00%50,00%60,00%70,00%

RARAMENTE NUNCA SEMPRE SEMRESPOSTA

Considera o ambiente de trabalho confortável?

29%

65%

6%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Gráfico 4: Equipamentos de Proteção Individual utilizados

Gráfico 5: Freqüência de utilização dos Equipamentos de Proteção Individual

Gráfico 6: Porcentagem de entrevistados que consideram

o local de trabalho confortável

115

Em caso de acidentes com produtos químicos,

quais dos procedimentos abaixo relacionados

você adotaria ?

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

SIM

NÃO

Gráfico 7: Porcentagem de entrevistados que considera as condições de

trabalho ideais para a sua segurança

Gráfico 8: Procedimentos que seriam adotados em caso de acidentes com

produtos químicos

1 - lavar as mãos, olhos ou outra área atingida com água em abundância

2 - tampar o frasco

3 - recolher cacos e descartar em embalagem própria

4 - avisar o serviço de segurança no trabalho

5 - chamar o corpo de bombeiros

6 - abrir a janela

7 - evacuar a área

8 - chamar uma firma especializada em descontaminação e destinação de resíduos químicos

9 - tomar providências para evitar novos acidentes

10 - outros

Considera as condições de trabalho ideais para a

sua segurança ?

14%

82%

4%

Sim Não SEM RESPOSTA

116

Apresenta sintomas de mal-estar, dor de cabeça,

irritação nas mucosas dos olhos e nasal quando

permanece nos laboratórios por algum tempo ?

65%

33%

2%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Considera os produtos químicos que manipula

perigossos ?

51%45%

4%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Tem conhecimento das doenças associadas a

agentes químicos que podem ser contraídas

nesse ambiente de trabalho ?

42%

50%

8%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Gráfico 9: Porcentagem de entrevistados que tem conhecimento das

doenças associadas a agentes químicos presentes nesse ambiente de trabalho

Gráfico 10: Porcentagem de entrevistados que consideram os produtos

químicos que manipulam perigosos

Gráfico 11: Porcentagem de entrevistados que apresentam sintomas

quando permanecem nos laboratórios por algum tempo

117

Você admite que as concentrações de

formaldeído, xileno e álcool etílico no ar, dentro

do laboratório podem ser reduzidas pelo

insuflamento de ar limpo?

66%14%

20%SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Tem conhecimento das doenças que podem ser

causadas pela exposição a tais produtos ?

41%

53%

6%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Sente-se melhor ao deixar o recinto ?

78%

20%2%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Gráfico 12: Porcentagem de entrevistados que sentem-se

melhor ao deixar o recinto

Gráfico 13: Porcentagem de entrevistados que tem conhecimento das doenças que podem ser

causadas pela exposição aos produtos

Gráfico 14: Porcentagem de entrevistados que admite que as

concentrações de formaldeído, xileno e álcool etílico no ar, dentro do

laboratório podem ser reduzidas pelo insuflamento de ar limpo

118

Quais procedimentos abaixo você entende que

promoveriam a diminuição dos contaminantes?

10%

18%

56%

16%INSUFLAMENTO

EXAUSTÃO MECÂNICA

INSUFLAMENTO EEXAUSTÃO

SEM RESPOSTA

Você concorda que a renovação do ar diminui a

concentração de contaminantes?

90%

2% 8%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Você concorda que o insuflamento de ar limpo

promove a diminuição da concentração de

produtos no ar?

78%

8%

14%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Gráfico 15: Porcentagem de entrevistados que concordam que concordam que

o insuflamento de ar limpo promove a diminuição da concentração

de produtos no ar

Gráfico 16: Porcentagem de entrevistados que concorda que a

renovação do ar diminui a concentração de contaminantes

Gráfico 17: Procedimentos que promoveriam a diminuição

dos contaminantes

119

Já foi realizada alguma amostragem da qualidade

do ar interior no laboratório?

6%

80%

14%

SIM

NÃO

SEM RESPOSTA

Gráfico 18: Realização de amostragem da qualidade

do ar interior no laboratório

Questionário Fechado aplicado aos funcionários da área de limpeza que atendem ao setor de

Anatomia patológica da FCM / UERJ.

Há duas pessoas da empresa de limpeza terceirizada encarregadas da limpeza no setor:

uma trabalha no turno da manhã e outra no turno da tarde. Uma delas respondeu a um

questionário específico para a categoria, tendo em vista a sua exposição aos agentes químicos

e biológicos neste departamento. Quando há acidentes com agentes químicos ou biológicos,

os profissionais encarregados da limpeza são chamados para higienizar o local, recolhendo os

resíduos, a menos que a gravidade do acidente exija uma descontaminação por parte de

empresa especializada. Neste sentido, julgamos essencial entrevistar, através de questionário,

os profissionais da limpeza.

O questionário aplicado aos funcionários da limpeza visa proporcionar um

entendimento sobre a situação destes trabalhadores frente aos riscos mencionados. Este

questionário é apresentado no Anexo.

5.3.2 Avaliação

Avaliação do questionário dos funcionários e alunos

Os maiores usuários dos ambientes do Serviço de Anatomia Patológica, em termos de

número, são os técnicos em patologia e necrópsia (14%), em 2º lugar estão os estagiários

(10%) e os professores em 3º lugar (8%). Os alunos, que contribuem no gráfico com o maior

número, na realidade não freqüentam as salas do laboratório, mas apenas a sala de aula

(Auditório Nilcéa Freire). Além disso, estes freqüentam o setor por apenas um semestre,

enquanto que os demais funcionários freqüentam o setor todos os dias, por anos, e os

residentes freqüentam o setor pelo menos por 2 anos. Na maioria das vezes, os casos omissos

120

corresponderam aos alunos.

A pergunta referente ao gráfico 2 abre a avaliação pretendida com este questionário,

direcionando todas as perguntas que vêm a seguir. O gráfico 2 demonstra que há uma

baixíssima freqüência de treinamento em segurança química, correspondendo apenas a 10%

dos funcionários e alunos.

É impressionante perceber, pelo gráfico 3, que há pessoas que freqüentam o setor que

consideram desnecessário receber treinamento em segurança química (14%), número maior

do que os que efetivamente receberam treinamento, e 2% não responderam a este quesito,

mesmo considerando a gravidade e a freqüência do uso de produtos químicos tóxicos no setor.

Sabe-se, porém, que os alunos são os que responderam negativamente a esta pergunta.

As duas perguntas iniciais, correspondentes aos gráficos 2 e 3, já delineiam um perfil

sobre a cultura de prevenção de riscos entre as pessoas que freqüentam o setor, neste caso

revelando a ausência ou precariedade desta cultura. Buscou-se por meio das perguntas

seguintes detalhar as lacunas e acertos quanto à segurança química no setor, onde se pode

investir mais e os aspectos que podem ser considerados satisfatórios.

O gráfico 4 corresponde ao uso de Equipamentos de Proteção Individual. Os EPIs

mais utilizados são: luva e jaleco, com uma freqüência em torno de 80%, e sapato fechado,

com uma freqüência de 60%. Quanto aos demais, avental (inferior a 20%), óculos de

segurança e Equipamento de Proteção Respiratória (inferior a 10%), a freqüência de uso é

baixíssima, não obstante a importância e obrigatoriedade de uso destes equipamentos.

Felizmente, as pessoas que disseram usar estes equipamentos, utilizam-nos com uma

freqüência de 60%, ao passo que apenas 25% afirmaram utilizá-los raramente, e menos de

10% afirmaram nunca usá-los. Contudo, tendo em vista a obrigatoriedade de uso dos EPIs,

10% de não utilização é considerada uma taxa alta.

Com relação às condições de conforto do ambiente de trabalho, a resposta negativa foi

significativamente alta: 65% das pessoas não consideram o ambiente de trabalho confortável,

contra 29% que responderam afirmativamente e 6% que não responderam, o que aponta para

um comprometimento ergonômico do trabalho. De acordo com o gráfico 7, 82% das pessoas

responderam que não consideram as condições de trabalho ideais para a sua segurança.

O objetivo da pergunta correspondente ao gráfico 8 foi conhecer o grau de iniciativa e

treinamento em caso de acidente, para socorrer, remediar e evitar maiores desdobramentos e

reação em cadeia. A atitude que seria tomada por 40% dos entrevistados em caso de acidente

com produto químico é lavar as mãos, olhos ou área atingida com água em abundância.

Tampar o frasco e avisar o serviço de segurança no trabalho seriam atitudes de 20% das

pessoas. Recolher cacos e descartar em embalagem própria e tomar providências para evitar

121

novos acidentes corresponderam a menos de 20% dos casos. Menos de 16% das pessoas

abririam a janela e evacuariam a área. Nem 10% dos entrevistados teria a iniciativa de chamar

uma firma especializada em descontaminação e destinação de resíduos químicos. Menos de

5% chamariam o corpo de bombeiros, que é fundamental, dependendo do produto e

quantidade que tiver derramado. Percebe-se que, mesmo dando a dica, através do

questionário, nenhum quesito correspondeu a mais de 40%. Este gráfico vêm confirmar e

demonstrar o que transpareceu no gráfico 2, quanto a terem recebido treinamento em

segurança química. Lembramos que pelo gráfico 3, 14% dos entrevistados nem considera

necessário receber o treinamento. Isto deixa transparecer que as pessoas que responderam

afirmativamente quanto às atitudes de segurança a tomar em caso de acidente, são pessoas

experientes, que em algum momento da carreira recebeu treinamento. Isto enfatiza a

necessidade de ministrar treinamento em segurança química, visto que um enorme

quantitativo de entrevistados não tomaria as atitudes necessárias, tendo revelado

anteriormente que não recebeu nenhum treinamento. As perguntas 8 e 9 são um pouco mais

complexas, como tomar providências para evitar novos acidentes. Isto inclui medidas que

competem à administração do setor, apesar de que comportamentos inseguros podem e devem

ser evitados por cada pessoa que freqüenta o setor. Chamar uma firma especializada em

descontaminação e destinação de resíduos químicos também é uma atitude a ser tomada pela

administração. O que se busca ressaltar, contudo, é que as demais atitudes colocadas neste

quesito são absolutamente fundamentais e pertinentes a qualquer pessoa do setor, e no

entanto, nenhuma destas atitudes seria tomada por mais de 20% dos entrevistados, com

exceção de uma (lavar as mãos, olhos ou área atingida com água em abundância).

Quanto ao gráfico 9, este revela que 50% das pessoas não têm conhecimento das

doenças associadas a agentes químicos que podem ser contraídas nesse ambiente de trabalho

contra 42% que responderam afirmativamente. São muitas as substâncias tóxicas utilizadas no

setor, muitas delas em doses muito pequenas. Considerando, porém, que um acidente com

produto químico pode acontecer com qualquer uma delas, é necessário conhecer as

conseqüências de um acidente com cada produto, mas sobretudo com aqueles usados em

grande quantidade, como o formaldeído, o xileno e o álcool etílico. Na capela da

Imunohistoquímica, por exemplo, há um produto extremamente tóxico que nem pertence ao

setor, mas em caso de acidente, o funcionário acidentado será provavelmente da

Imunohistoquímica, que é quem trabalha diariamente na capela.

É curioso perceber, pelo gráfico 10, que apenas 51% dos entrevistados consideram

perigosos os produtos químicos que manipulam, o que parece concordar com o gráfico 13, em

que 53% de entrevistados não têm conhecimento das doenças que podem ser causadas pela

122

exposição aos produtos. Nas salas de Imunohistoquímica, Colorações Especiais e Técnicas

Citológica e Histológica, há intenso uso de xileno, que é mutagênico, como foi mencionado

no Capítulo 2. Nas Salas de Necrópsia, Técnicas Citológica e Histológica e Clivagem, o

formaldeído é largamente empregado, o qual já é classificado pela IARC como carcinógeno

humano, podendo provocar câncer nasofaríngeo.

Durante a entrevista semi estruturada, alguns funcionários que trabalham efetivamente

nas salas onde se usa formaldeído e xileno revelaram que não apresentam nenhum tipo de

mal-estar em função da concentração dos produtos no ar em seus locais de trabalho, não

obstante o nosso mal-estar a cada visita aos laboratórios. O gráfico 11, porém, vem contrariar

esta informação, revelando que 65% de entrevistados apresentam sintomas de mal-estar, dor

de cabeça, irritação nas mucosas dos olhos e nasal quando permanecem nos laboratórios por

algum tempo. Isto provavelmente se deve ao fato de que os funcionários já estão acostumados

aos efeitos dos irritantes primários e narcóticos usados no setor, o que não descarta o

desenvolvimento de doenças ocupacionais, ao passo que os alunos do setor, que

correspondem a grande parte dos entrevistados, ainda não tiveram tempo de se acostumar aos

efeitos. De acordo com o gráfico 12, 78% de entrevistados que se sentem melhor ao deixar o

recinto, o que também é uma contradição: como 78% se sentem melhor ao sair, se apenas

65% se sente mal no ambiente?

Gráfico 14: 88% de entrevistados não são submetidos a exames periódicos e no

gráfico 15, 66% disseram que os acidentes não são protocolados.

Quanto às soluções possíveis de serem aplicadas com vistas à melhoria da qualidade

do ar, em função das concentrações de contaminantes, o gráfico 16 revela que 66% de

entrevistados admite que as concentrações de formaldeído, xileno e álcool etílico no ar, dentro

do laboratório, podem ser reduzidas pelo insuflamento de ar limpo. O gráfico 17, mostra que

78% de entrevistados concordam que o insuflamento de ar limpo promove a diminuição da

concentração de produtos no ar e o gráfico 18 demonstra que 90% de entrevistados concorda

que a renovação do ar diminui a concentração de contaminantes.

Quanto aos procedimentos passíveis de promover a diminuição dos contaminantes, no

gráfico 19, 56% dos entrevistados considera que o insuflamento e exaustão associados podem

promover a diminuição, 16% não responderam, 18% acham que apenas exaustão mecânica

promove a diminuição da contaminação e 10% consideram que somente insuflamento é

suficiente.

É importante saber se já houve amostragem da qualidade do ar interior no laboratório,

para estudar a evolução das concentrações nos ambientes, se já houve casos de concentrações

acima dos LTs, para elaboração de projeto de intervenção. Contudo, de acordo com o gráfico

123

20, e concordando com a entrevista semi estruturada, 80% dos entrevistados afirmaram que

nunca houve realização de amostragem no setor.

Uma importante consideração a ser feita é a constatação de que a falta de um Mapa de

Risco do setor influencia a percepção que os funcionários e alunos têm acerca dos riscos

presentes no local de trabalho. Se houvesse um Mapa de Risco do setor, colocado em local

acessível a todos os que freqüentam o setor, com certeza os resultados dos questionários

seriam bem diferentes, mais afirmativos quanto ao conhecimento dos riscos, mesmo para os

alunos que não trabalham no local, mas que teriam acesso ao conhecimento.

Avaliação do questionário aplicado à funcionária responsável pela limpeza

É interessante observar que o pessoal de limpeza recebeu treinamento para manuseio de

rejeitos químicos e biológicos, o que, mesmo sendo fundamental, e deveria ter sempre

existido, constitui uma conquista, um avanço na área de biossegurança. Isto fica ainda mais

evidente se considerarmos que estes profissionais são vinculados a firmas terceirizadas, o que

freqüentemente sugere negligência quanto à segurança destes profissionais.

Uma evidência do treinamento é que a profissional revelou sempre usar os seguintes

EPIs: luvas, jaleco, botas de cano longo, calças e roupões, e que foi vacinada. A adesão ao uso

está relacionada à punição em caso omisso.

Ao contrário dos alunos e funcionários do setor, a profissional de limpeza afirmou que

tomaria todas as medidas de segurança em caso de acidentes: lavar as mãos ou área atingida

com sabão; correr imediatamente para o hospital; tomar medicação preventiva; notificar o

acidente; desinfetar a área com álcool.

A entrevistada afirmou, contudo, não ter conhecimento das doenças associadas a

agentes biológicos que podem ser contraídas nesse ambiente de trabalho, pelo ar ou por

contato. Talvez seja por isso que considera as condições de trabalho ideais para a sua

segurança, apesar de que considera perigosos alguns dos materiais biológicos que manipula.

A entrevistada revelou, também, que apresenta sintomas de mal-estar, dor de cabeça,

irritação nas mucosas dos olhos e nasal quando permanece nos laboratórios por algum tempo,

e que se sente melhor ao deixar o recinto.

Quanto aos exames periódicos, a profissional de limpeza disse que não é submetida a

eles e que os acidentes do trabalho não são protocolados, mas nunca contraiu alguma doença

durante a realização do seu trabalho neste setor. Durante a limpeza das bancadas, realiza

limpeza superficial, exceto nas salas de Imunohistoquímica e Clivagem.

124

4.10 Mapa de Risco

4.10.1 Preenchimento do Quadro de grupos de riscos; local / atividade; sintomas / sinais;

acidentes / doenças; recomendações, com auxílio dos profissionais envolvidos no processo.

Quadro 6: Identificação dos riscos

GRUPOS DE RISCO LOCAL / ATIVIDADE SINTOMAS / SINAIS ACIDENTE / DOENÇAS

Grupo 1 – Riscos físicos Verde

- ruído - calor

- Sala de Nec. A; - Salas do 3º andar: a temperatura está muito próxima da exposição máxima permitida mesmo em dia de temperatura amena

Estresse, cansaço, falta de concentração

Perda auditiva

Grupo 2 – Riscos químicos Vermelho

- vapores anestésicos e - líquidos inflamáveis: formaldeído, xileno e etanol;

Formaldeído - Sala de Clivagem na execução da clivagem; - Sala de Colorações Especiais; - Sala de Técnica Citológica e na Sala de Técnica Histológica, na troca dos líquidos do autotécnico; Xileno: Sala de Técnicas Citológica, Histológica, Imunohistoquímica e Colorações Especiais, durante a coloração das lâminas;

Formaldeído - irritação dos olhos, nariz e garganta, sistema respiratório, lacrimejamento, tosse espirros. Xileno: irritação dos olhos, pele, nariz, garganta, tontura, excitação, agitação, sonolência, falta de coordenação, anorexia, náusea, vômito, dor abdominal e dermatite (NIOSH).

Formaldeído: carcinógeno humano (IARC), órgão alvo: nasofaringe; - potencial carcinógeno humano (câncer nasal). Órgãos alvo: olhos e sistema respiratório; doenças pulmonares (NIOSH). Xileno: Órgãos alvo: olhos, pele, sistema respiratório, SNC, trato gastrointestinal, sangue, fígado e rins.

Grupo 3 – Riscos biológicos Marrom

microorganismos (sangue e ambiente).

- Em todas as salas pelo acidente com material perfuro-cortante; - Sala de Necrópsia: durante a necrópsia e manipulação de tecidos a fresco. - transporte de material para análise em bandeja; - durante os processos de coloração; - durante a microscopia; - calibração do equipamento; - semi-cultura de microrganismo;

- febre, mal-estar, dor no corpo, vômito.

- Infecções diversas e desenvolvimento de patologias pulmonares.

125

- coleta de material biológico; - processamento de material biológico para exames; - preparo de lâminas para colorações; - centrifugação (de líquidos biológicos); - manipulação de culturas potencialmente infecciosas;

Grupo 4 – Riscos ergonômicos Amarelo

- Atenção - Em todos os laboratórios e salas de diagnóstico;

- nervosismo - estresse

- Vigilância - Em todos os laboratórios e salas de diagnóstico;

- ansiedade; - estresse;

- Repetitividade - Em todos os laboratórios e salas de diagnóstico;

- irritação; - fadiga;

- estresse; - esgotamento psíquico;

- Erguimento de cadáver

- Sala de Necrópsia; - lombalgias; - dor nas pernas;

- dor na coluna;

- transporte de material (bombonas)

- movimentação de bombonas para as salas estudadas;

- lombalgias; - dor nas pernas; - dores na região cervical;

- comprometimento e lesões do sistema musculoesquelético

- posturas de trabalho / longa permanência em pé / intensos deslocamentos

- salas estudadas

- longa permanência em pé; - dores nas pernas; - queimação e dores nos pés;

- lesões de tendões; - deficiência na circulação (formação de varizes)

- ritmo de trabalho intenso

- nas salas estudadas; - fadiga;

- esgotamento físico e mental; - distúrbios gastrointestinal e neurovegetativo;

-níveis de iluminância insuficientes

- forçar o globo ocular; - maior demanda de concentração e observação; risco de acidente;

- distúrbio visuais; - tensão e ansiedade.

Grupo 5 – Riscos de acidentes Azul

- perfuro-cortantes

- Em todas as salas estudadas, especialmente no uso do micrótomo, ou durante a clivagem e a autópsia, devido ao corte de tecidos;

- perfuração dos tecidos e mucosas por objetos perfuro-cortantes.

- contaminação com agentes patogênicos, desenvolvimento de doenças como AIDS, Hepatite C e outras.

- Arranjo físico inadequado

- Todas as Salas estudadas

-deslocamentos excessivos e desnecessários; - aparelhos sendo aproveitados para mais de uma atividade.

-distúrbio musculoesquelético; - fadiga; - estresse; - desgaste físico.

- risco de incêndio e explosão

- em todas as salas estudadas.

- dano ao patrimônio e à integridade física dos trabalhadores

- queimaduras

Fonte: Adaptado de Mattos e Santos In: Mastroeni, 2004.

126

* acima do LT NIOSH ou qualquer concentração detectável: aparato respiratório (respirador facial) para rosto

inteiro operado por pressão positiva ou ar demandado (pressure-demand) ou respirador facial de rosto e pressão

positiva; uso de máscaras com filtro de proteção: respirador facial com filtro para gases e vapores orgânicos**

(recomendações NIOSH)

Xileno: Prevenir contato com olhos e pele; remover contaminação em caso de derramamento; lavar a pele com

sabão imediatamente após contato; ingestão: auxílio médico; contato com olhos: lavar; proteção respiratória: até

900ppm (APF=10): qualquer respirador com filtro químico para vapores orgânicos; (APF=25): qualquer

respirador movido a eletricidade para purificar o ar com filtro químico para vapores orgânicos. (Any powered,

air purifying respirator with organic vapor cartridge).

Há uma discussão sobre o risco ergonômico quanto à tomada de decisão sobre pressão.

Os profissionais do setor afirmaram não existir este risco. Contudo, considerou-se que há um

momento de forte pressão para os patologistas: refere-se ao rápido diagnóstico que precisam

fornecer em poucos minutos quando se trata de uma biópsia de congelação. Neste caso, o

paciente está na mesa de operação, foi retirado dele uma biópsia e o cirurgião aguarda o

diagnóstico dos patologistas para decidir acerca dos procedimentos finais da cirurgia. Do

ponto de vista ergonômico, esta descrição encaixa-se no conceito de risco relativo à tomada

de decisão sobre pressão.

127

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5.4.2 Construção da representação gráfica

A seguir, apresenta-se o Mapa de Risco da UDA – Disciplina de Anatomia Patológica:

Figura 31: Mapa de Risco do Setor de Anatomia Patológica:

Sala de Técnica Citológica e Histológica e Sala de Imunohistoquímica

128

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Figura 32: Mapa de Risco do Setor de Anatomia Patológica:

Sala de Colorações Especiais e Clivagem

129

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Figura 33: Mapa de Risco do Setor de Anatomia Patológica:

Sala de Necrópsia

130

5.5 Recomendações para melhorias das condições de segurança e qualidade do ar

Com base na avaliação dos resultados obtidos, concluímos que se fazem necessárias

intervenções que visem a melhoria do ar ambiental. Não nos propomos, neste estudo, a

apresentar um projeto de ventilação industrial, mas sim propor algumas diretrizes que devem

ser consideradas em futuros projetos de ventilação industrial para laboratórios de Anatomia

Patológica e outros similares.

Busca-se, por meio destas diretrizes, a redução da concentração de contaminantes a

níveis que descartem a possibilidade de desenvolvimento de doenças ocupacionais. Deve-se

ainda lembrar que foram estudadas, devido à delimitação do presente trabalho, apenas a

concentração de formaldeído e xileno. Contudo, há inúmeros outros contaminantes de caráter

tóxico que são utilizados nos procedimentos do laboratório, descritos no item “Mapa de

Risco”, que podem estar afetando gradativamente a saúde dos trabalhadores. Havendo um

sistema de ventilação industrial que proporcione a renovação do ar apropriada, garante-se que

os demais agentes estejam sendo exauridos juntamente com o formaldeído e xileno, talvez

não a uma taxa ideal, já que seria necessário medir a concentração destes contaminantes e

controlá-los dentro dos limites de exposição, mas a sua redução no ambiente será

inquestionável.

Este trabalho tem entre seus objetivos apontar caminhos para a obtenção de um nível

aceitável de qualidade do ar em laboratórios climatizados de Anatomia Patológica da rede

pública, considerando diversos fatores como a presença de contaminantes, a dificuldade de se

modificar laboratórios públicos adequando-os arquitetonicamente e a restrição financeira ao

desenvolvimento de soluções tecnicamente avançadas, porém dispendiosas, incompatíveis

com a receita de tais instituições.

Relativamente aos achados do levantamento das condições ambientais, por ocasião da

elaboração do Mapa de Riscos, foram traçadas algumas recomendações pertinentes a cada

risco categoria de risco avaliada:

Riscos Físicos:

- com relação ao nível de conforto térmico exigido para a as atividades, é necessário

implementar um sistema de ventilação industrial que envolva VLE e VGD simultaneamente,

como será abordado mais adiante, inclusive na Sala de Necrópsia B, que atualmente não conta

com climatização. O ar condicionado na Sala de Necrópsia A deve permanecer ligado durante

a jornada de trabalho.

Riscos Biológicos:

- Uso de protetor facial (visor de acrílico) e luvas.

131

Riscos Químicos:

- O indicado para este caso é o uso de equipamento de proteção respiratória. Contudo,

como será mencionado adiante, Corrêa (comunicação verbal, 2006) afirma que os EPR

disponíveis no mercado atualmente não apresentam nível de proteção satisfatória para

concentrações de formaldeído acima de 0,6 ppm.

- EPC (ex: capelas)

Riscos Acidentários:

- retirada dos objetos perfuro-cortantes das bandejas após o uso;

- profilaxia para Hepatite com implementação da vacina a todos os funcionários;

- treinamento;

- uso de EPI.

- novo projeto de arranjo físico;

- mudar a posição dos equipamentos;

- aumentar os espaços de circulação e movimentação.

- não causar ignição nas salas onde há líquidos e vapores inflamáveis;

- proibir o fumo em todo o setor;

- zelar pela manutenção dos equipamentos de prevenção de incêndio;

- elaborar um plano de emergência;

- treinar funcionários quanto ao uso correto dos equipamentos de incêndio.

Riscos Ergonômicos:

- aumento do efetivo;

- planejamento do número de exames e rotatividade para os funcionários;

- equipamento para a sustentação e Erguimento de cadáver;

- equipamento adequado para o transporte de cargas e admissão de funcionários para o

serviço de transporte

- orientação para os funcionários;

- exercícios de alongamento e uso de cadeiras;

- mobiliário e espaço físico adequado;

- uso de palmilha de água;

- ativação da circulação local com uso de meias elásticas para a prevenção de varizes e

promoção do contato físico;

- redução do ritmo de trabalho;

- planejamento do número de procedimentos e das atividades de trabalho.

- revisão das instalações elétricas;

132

- projeto de luminotécnica e instalação de iluminação suplementar;

- otimização do aproveitamento de iluminação natural, através do correto

posicionamento dos postos de trabalho

A principal intervenção no laboratório de Anatomia Patológica, com vistas ao controle

da qualidade do ar vem a ser a implantação de um projeto de ventilação industrial,

conjugando VGD e VLE, pois não dependem diretamente do fator humano, como outras

diretrizes, como por exemplo o treinamento em Biossegurança, uso de EPI, ou modificação

no processo produtivo. Estas soluções são fundamentais, mas dependem da gestão do

laboratório. Com um projeto apropriado de ventilação industrial, executado e funcionando

corretamente, supõe-se que a qualidade do ar será satisfatória para a proteção dos seus

ocupantes.

A partir do Nível de Ação (NA), correspondente a 50% do valor do LT, medidas de

proteção coletiva devem ser implantadas. Constatada a ultrapassagem do LT, faz-se

obrigatória a implementação de medidas de controle de ordem administrativa, de engenharia e

de proteção individual.

Entre as medidas de controle de ordem administrativa, destacam-se:

• treinamento em Boas Práticas de Laboratório e biossegurança,

particularmente Biossegurança Química, ministrado por profissional

habilitado; inclui-se no treinamento a instrução a respeito dos riscos

inerentes às atividades exercidas, aos produtos utilizados, procedimentos

em caso de acidente com produto químico;

• política de descarte de resíduo; a transferência de rejeitos para frascos de

resíduos deve ser feita dentro de capela para evitar a emanação de gases e

vapores poluentes; o armazenamento de frascos de resíduos dentro da sala

de trabalho oferece chances de ocorrência de acidentes com os frascos; A

remoção dos frascos de resíduos de dentro das salas de trabalho deve seguir

periodicidade mínima para evitar acúmulo destes frascos no ambiente;

• manter acessíveis aos funcionários do setor as FISPQ dos produtos

utilizados e as recomendações das FISPQ devem ser conhecidas e

obedecidas;

• evitar, na medida do possível, a abertura freqüente das portas das salas para

que áreas adjacentes não sejam contaminadas e para não prejudicar o

funcionamento das medidas de engenharia implementadas;

133

• troca de posto de trabalho, de modo que os funcionários não fiquem

expostos sempre às mesmas fontes.

• substituição, quando possível, de produtos tóxicos por outros de menor

toxicidade;

Entre as medidas de controle de engenharia, destacam-se:

• elaboração de projeto de ventilação industrial levando em consideração as

características de cada sala e contaminantes a serem controlados,

temperatura máxima permitida de acordo com a NR 15 e umidade relativa

próprias para o conforto ambiental e para evitar maior vaporização de

substâncias tóxicas; este projeto deve englobar ventilação geral diluidora em

salas em que as fontes de contaminantes sejam difusas, como na Sala de

Clivagem, e ventilação local exaustora instalada em bancadas onde é

necessário impedir que os vapores e gases emanados se dispersem pelo

restante do ambiente; estas soluções podem incluir insuflamento e exaustão

simultaneamente;

• instalação de chuveiros de emergência e lava olhos;

• instalação de sistema de ar condicionado e exaustão mecânica na sala de

arquivo Necrópsia B com vistas à melhor conservação das lâminas e

tecidos, exaustão do ar contaminado tanto pelo formaldeído, que foi

verificado como sendo a taxa mais elevada em toda a Anatomia Patológica,

quanto pelo odor gerado pelos frascos com tecidos.

• filtros para vapores orgânicos nos sistemas de exaustão são insuficientes,

indicando-se incinerar ou lavar os gases, para evitar contaminação do ar

exterior às salas.

Entre as medidas de proteção individual, destacam-se:

• uso de Equipamentos de Proteção Individual, conforme definido pela

Divisão de Segurança do Trabalho. Treinamento específico é requerido para

uso adequado, armazenamento e periodicidade de troca de equipamentos.

Alguns dos equipamentos necessários são: luvas, óculos de segurança para

evitar respingos de produtos, jaleco, avental impermeável, botas de

segurança na Necrópsia, sapatos fechados nas demais salas e EPR próprio

para vapores orgânicos nas salas em que o nível de formaldeído ultrapassou

o LT. Quanto ao uso de EPR, porém, há necessidade de desenvolvimento de

equipamentos apropriados, pois os que existem atualmente são insuficientes

134

para proteger contra concentrações de formaldeído acima de 0,6 ppm

(Corrêa, comunicação verbal, 2006).

Cada laboratório do edifício deve tratar seus próprios poluentes, antes de lançá-los na

atmosfera, ainda que, no interior dos ambientes, as concentrações medidas estejam abaixo dos

limites de exposição.

Diretrizes para elaboração de um projeto de ventilação industrial para laboratórios de

Anatomia Patológica

Fortes (2003, p. 15) afirma que, mantidas as limitações e exigências, um sistema de

VGD:

“...compreenderá um conjunto de equipamentos que,

dispostos de forma apropriada no ambiente, deverão

executar atividades de insuflamento de ar e exaustão

simultâneas para diminuição das concentrações a níveis

aceitáveis” (Fortes, 2003, p. 15)

A situação ideal para a elaboração de um projeto de ventilação industrial para

laboratórios de Anatomia Patológica com grau de pureza adequado é projetar o sistema para

um laboratório que ainda não está em funcionamento. Todavia, o laboratório estudado

funciona há algumas décadas. Uma premissa neste caso é assumir que não é possível adequar

o posicionamento do prédio, direcionando-o de acordo com o vento incidente ou alterar o

processo produtivo. Para que se possa projetar um sistema de VGD, é necessário avaliar as

concentrações dos agentes, através de medições e conhecer suas características, a saber:

1. as propriedade físicas;

2. a taxa de geração;

3. as fontes / pontos de geração;

4. os limites de exposição;

5. os pontos de suprimento e exaustão de ar e a ventilação existente no ambiente (natural

e mecânica).

Procedeu-se ao levantamento de tais características do formaldeído e do xileno.

1. Propriedades físicas do contaminante: estão contidas no NIOSH POCKET GUIDE no

Anexo.

2. A taxa de geração do contaminante:

135

Não foi possível medir a taxa de geração dos agentes, devido às seguintes situações:

A geração ocorre cerca de duas vezes por semana, quando da troca de líquidos dos

autotécnicos, de modo variável e intermitente. Quando da manipulação das cubas para

coloração de lâminas, aquelas são destampadas, havendo emanação de vapores de modo

difuso e variável em quantidade, a depender do tempo em que ficam destampadas,

principalmente porque este processo é manual. Sabe-se que esta atividade é realizada todos os

dias, principalmente no turno da tarde. Na sala de Clivagem, a geração de gás formaldeído é

igualmente irregular, dependendo do volume de tecido embebido em solução formaldeído que

está sendo examinado. A quantidade de frascos contendo tecidos e solução formaldeído,

podendo desprender o gás, também contribuirá para a carga de contaminante no ar. A geração

do agentes, neste caso, é bastante difusa, já que há inúmeros frascos espalhados pela sala.

Segundo relato dos funcionários, um dos exames macroscópicos que mais emana formaldeído

é o de placenta. Neste ano, até o dia 10 de março, foram realizados 26 exames de placenta. Ao

amostrar o formaldeído no ar durante um exame de placenta, os dois cartuchos usados em

seqüência foram saturados. Isto significa que a concentração foi tão alta que o formaldeído

absorveu toda a 2,4 DNPH contida no cartucho, antes de se avaliar a concentração real.

Mesmo assim, estas amostras foram analisadas para se obter o mínimo valor de concentração,

marcando-se na análise concentrações acima de 1,6 ppm, que é o LT estabelecido pela NR 15.

Em outras palavras, a concentração verdadeira era maior do que a encontrada. Portanto, foi

necessário repetir a amostragem durante um período de apenas meia hora para evitar nova

saturação, de modo a se obter o real valor da concentração média durante este tipo de exame.

Neste ponto, há semelhança com a tese de Fortes (2003, p. 90), onde afirma que, no seu

estudo de caso, “as fontes de contaminantes são dispersas no local de produção, as

concentrações são variáveis, segundo a demanda, outros contaminantes são gerados no

processo de produção” (Fortes, 2003, p. 90).

3.A posição relativa dos pontos de geração de contaminantes, nas áreas de trabalho

136

Sala de Necrópsia "B"

0

Escala Gráfica

1,0m

Fotografia

5,0m

bancadas

Hall Interno Sala de Necrópsia "A"

Quadro7: Posição relativa dos pontos de geração de contaminantes

Sala de Clivagem

Sala de Técnicas Citológica e Histológica

Sala de Imunohistoquímica

Sala de Necrópsia

Sala de Colorações Especiais

XILENO

- Autotécnico; cubas de HE e de Papanicolaou

Bateria de cubas para coloração

- Bateria de cubas de colorações especiais

FORMALDEÍDO

Frascos; bombona de formol; tecidos que estão sendo examinados

autotécnico

- Frascos; balde para cérebro;

Bombona de formol

-

Figura 34: Planta esquemática: posição relativa dos pontos

de geração de contaminantes – Sala e Necrópsia

Local

Agente

137

Clivagem

1,0m

Escala Gráfica

0

Colorações Especiais

5,0m

Técnica Histológica

Imunohistoquímica

Técnica Citológica

Figura 35: Planta esquemática: posição relativa

dos pontos de geração de contaminantes

4.Limites gerais de comprometimento à saúde do trabalhador.

Estes limites foram descritos no item Toxicologia, Capítulo 2.

5.A ventilação existente no ambiente (natural e mecânica); carga térmica; pontos de

suprimento e exaustão de ar.

• Carga térmica:

Na sala de Clivagem: o ponto de melhor iluminação nesta sala é na bancada que fica

embaixo da janela; por isso é o melhor ponto para realização do exame macroscópico.

Contudo, entre 12 e 13h, o sol incide diretamente sobre a bancada, o que potencializa o

desprendimento do gás formaldeído contido nos tecidos examinados. O gás atinge a zona

respiratória do profissional que realiza tarefa antes de se diluir no ambiente. Na outra

138

bancada, o nível de iluminamento é insuficiente, sendo incrementado pela instalação de uma

lâmpada fluorescente, instalada de modo irregular, muito próxima à cabeça do profissional,

causando desconforto devido ao calor. Este calor potencializa também o desprendimento do

gás formaldeído dos tecidos.

A ausência de dutos de insuflação resulta na má distribuição do ar insuflado, o que gera

zonas mortas, com acúmulo de contaminantes.

Não há, nas salas dos laboratórios, exaustão mecânica e tratamento do ar contaminado.

O tratamento de ar existente é apenas com relação à temperatura e umidade, proporcionado

pelo próprio aparelho de ar condicionado de janela. Nem a circulação do ar ambiente é

adequada. Há zonas mortas, uma vez que o ar é insuflado e captado novamente por pontos

muito próximos.

A única condição favorável, mas insuficiente, quanto à distribuição do ar nestas salas é

que os aparelhos de janela, e portanto o insuflamento do ar, estão localizados em paredes

opostas às portas das salas, as quais são abertas com certa freqüência, havendo escape do ar

contaminado. Isto gera alívio para os ocupantes das salas, mas contamina o ar no corredor,

que por sua vez atinge outras salas. No caso da sala de Clivagem, os profissionais

freqüentemente deixam a porta aberta para diminuição da concentração de formaldeído na

sala.

Todas as salas estudadas do 3º andar têm a mesma área, pé direito, volume e vãos – as

portas de 1,20m são de 2 folhas e as janelas, de 4 folhas de correr com largura de 2,50m, e 4

basculantes na parte superior.

A sala de Técnicas Citológica e Histológica é resultado da junção de 2 salas com as

mesmas características das demais. Esta sala é equipada com apenas um aparelho de ar

condicionado de janela, posicionado em uma das janelas. Neste caso, a direção do

insuflamento é transversal à maior dimensão da sala.

Há fontes de calor na sala de Técnicas Citológica e Histológica, onde as cubas de

parafina dos dois autotécnicos são mantidas a 60oC. A estufa, os recipientes de banho-maria, o

bico de Bunsen para os processos citológicos e a geladeira para armazenamento de células são

igualmente fontes de carga térmica a serem consideradas quando do dimensionamento do

sistema, assim como os ocupantes da sala, que são no máximo quatro, no turno da tarde.

A sala de Clivagem é ocupada normalmente por no máximo dois profissionais, exceto

pela presença ocasional de alunos. As fontes de calor nesta sala são a estufa e uma pequena

contribuição da lâmpada fluorescente situada em uma das bancadas, próximo à cabeça do

profissional que realiza exames ali.

As fontes de calor na sala de Imunohistoquímica são: o criostato, 2 freezers, a estufa, 2

139

destiladores, 1 banho-maria, uma panela e a lâmpada interior da capela. Apenas um

profissional ocupa esta sala.

Na sala de Colorações Especiais, com um ocupante, as cargas térmicas correspondem a

2 estufas e um banho-maria.

A sala de Necrópsia normalmente é ocupada por um profissional. As lâmpadas

refletoras de uma das mesas de necrópsia são a única fonte de calor na sala.

Consideradas as cargas térmicas nos ambientes, o volume de cada sala e o número de

trocas de ar necessárias por sala, procede-se ao planejamento do sistema, tendo em vista as

seguintes recomendações propostas por Mesquita et al (1977, citado por Fortes, 2003):

• edifícios e equipamentos de ventilação devem ser projetados para ventilação

efetiva com todas as direções de vento, e não apenas para uma particular

direção do vento;

• não se deve obstruir as aberturas de tomada de ar;

• as áreas de entrada devem ser iguais às de saída para maior vazão por área

total de abertura;

• a distância vertical entre as aberturas de entrada e saída de ar deve ser a

maior possível, de modo que uma força adequada seja produzida pela

diferença de temperatura.

No estudo em questão, concluiu-se que é necessário que o projeto associe VGD e

VLE, considerando que há fontes dispersas e fontes pontuais, conforme mostrado nas figuras

34 e 35. Carvalho (2001, p. 6) alerta para as seguintes condições a serem observadas:

• “a concentração do agente não deve variar significativamente;

• a concentração do agente e seus limites de exposição e nível de ação

determinarão o volume de ar necessário;

• para agentes que provocam intoxicação aguda, a VGD é inadequada;

• deve haver uma distância entre a fonte geradora e os trabalhadores, de tal

modo que a concentração fique abaixo do Nível de Ação;

• é inadequada para materiais particulados pois aumenta o tempo de

residência dos particulados e tem baixo rendimento.

Em nosso caso, a concentração dos agentes é variável em função da demanda,

apresentando picos no momento da troca de líquidos do autotécnico.

A partir do conhecimento de que há fontes pontuais e fontes difusas, ficou claro que o

projeto deverá associar VGD e VLE.

• no caso de constatação da presença de contaminantes, como ocorreu no estudo de

caso, há necessidade de tomada de medidas preventivas, pelo menos o

140

monitoramento biológico (Comunicação verbal, Dr. José Paravidino, Janeiro /

2006), citando a NR 7.

Segundo a NR 9, item 9.3.5.4, “quando comprovado pelo empregador ou instituição a

inviabilidade técnica de adoção de medidas de proteção coletiva, ou quando estas não forem

suficientes ou encontram-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em

caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendo-se à

seguinte hierarquia:

a) promover estudo detalhado de projeto piloto de instalações de ventilação

industrial contemplando elementos como insuflamento e exaustão combinados,

incluindo sistemas filtrantes apropriados para a garantia da pureza do ar e garantir

que as características físico-químicas do ar sejam mantidas dentro dos padrões

permitidos pela norma brasileira.

b) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho (ex.: Moraes,

2005, p. 247);

c) utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPI.

Quanto às medidas de controle, ainda, diz o item 9.3.5.6 que a instituição ou

empregador deve “estabelecer critérios e mecanismos de avaliação da eficácia das medidas de

proteção implantadas considerando os dados obtidos nas avaliações realizadas e no controle

médico da saúde previsto na NR 7”.

Medidas de proteção coletiva – hoje chamadas de “medidas de ordem geral” (Moraes,

2005, p. 261).

Para melhor visualização das recomendações acerca de Equipamento de Proteção

Coletiva, exemplificamos, nas plantas esquemáticas a seguir, algumas situações possíveis de

instalação esquematizadas nas plantas a seguir:

141

Técnica CitológicaTécnica Histológica

insuflamento de ar

Clivagem

Escala Gráfica

1,0m0 3,0m

Figura 36: Exemplo de melhorias: sistema de ventilação industrial

para a Sala de Técnicas Citológica e Histológica

Figura 37: Exemplo de melhorias: sistema de ventilação

industrial para a Sala de Clivagem

142

Colorações Especiais

1,0m

Escala Gráfica

0 3,0m

Figura 38: Exemplo de melhorias: sistema de ventilação

industrial para a Sala de Colorações Especiais

Neste exemplo, as baterias de cubas e os autotécnicos são enclausurados, de modo a

evitar a emanação de vapores e gases para o ambiente. O ar contaminado é exaurido por meio

da coifa, que o conduz a um compartimento anexo onde o ar é tratado antes de ser lançado no

exterior. Os equipamentos de insuflamento e exaustão estariam instalados em ambiente anexo.

Medidas de proteção individual

EPI para proteção respiratória: p. 275 das NRs comentadas; p. 286: quadro de Normas

Técnicas de Ensaios Aplicáveis (Anexo I – NR 6), Portaria TEM 48 (25/03/2003): Creme

protetor de segurança contra agentes químicos; luva de segurança à base de Borracha natural;

luva de segurança contra agentes químicos; luvas de segurança para procedimentos não

Cirúrgicos; respirador purificador de ar tipo semi-facial filtrante.

Obrigatoriedade do PPR – Programa de Proteção Respiratória

Outros tipos de EPIs.

Legislação

Um dos objetivos da legislação é regulamentar processos, atividades, de modo a

salvaguardar os trabalhadores e garantir um produto final que apresente padrões considerados

143

de qualidade. Neste sentido, quando uma atividade não é regulamentada, é comum que a

qualidade ou a segurança do processo ou qualidade do produto sejam comprometidos.

Uma das discussões que surgiram no desenvolvimento deste trabalho refere-se à

necessidade de detalhamento da legislação pertinente ao desenvolvimento da atividade de

Anatomia Patológica, no que tange à Biossegurança e aos meios de resolvê-la. Há normas que

tangenciam, mas não se aplicam diretamente à Anatomia Patológica. É o caso de duas normas

da ANVISA: a Resolução RE no 9, de 16 de janeiro de 2003 e a Portaria no 407, de 02 de

maio de 2002. A primeira estabelece padrões referenciais de qualidade do ar interior em

ambientes climatizados, mas determina que ambientes hospitalares e afins deverão ser regidos

por norma específica, a qual não existe ainda, pelo menos até onde seguiu a pesquisa deste

trabalho. A segunda, que trata de condições de funcionamento dos Laboratórios de Análises e

Pesquisas Clínicas, Patologia Clínica e Congêneres, exclui a atividade de Anatomia

Patológica no item VII do ANEXO.

Uma das recomendações deste trabalho busca enfatizar a necessidade de preencher

estas lacunas: recomenda-se a elaboração de normas técnicas que disponham sobre padrões

referenciais de qualidade do ar interior não só em laboratórios de Anatomia Patológica, mas

também dos demais tipos de EAS que não se encontram regulamentados. Esta norma deve

considerar a particularidade da forte presença de agentes químicos no ar em laboratórios de

Anatomia Patológica, sobretudo xileno e formaldeído, sem contudo preterir os demais

reagentes tóxicos. A outra recomendação pertinente a este tema é a elaboração de norma

técnica que, analogamente à Portaria no 407, de 02 de maio de 2002, regulamente de modo

objetivo e direcionado, as condições de funcionamento dos laboratórios de Anatomia

Patológica, buscando-se, por exemplo, um programa de gestão de qualidade, prevenção de

riscos e Boas Práticas de Laboratório e a customização dos ambientes físicos dos laboratórios,

de modo a otimizar os processos e resultados. A NR 32, recém aprovada pela Portaria no 485

de 11 de novembro de 2005, veio suprir parte da carência normativa, embora não seja

exclusiva da atividade em questão.

Outro problema encontrado com relação à inexistência de norma diz respeito à

avaliação de solventes orgânicos no ar. Mais uma vez citamos a Resolução RE no 9, de 16 de

janeiro de 2003, que traz quarto Normas Técnicas: Método de Amostragem e Análise de

Bioaesrossol em ambientes Interiores; Método de Amostragem e Análise da Concentração de

Dióxido de Carbono em Ambientes Interiores; Método de Amostragem e Determinação da

Temperatura, Umidade e Velocidade do Ar em Ambientes Interiores; Método de Amostragem

e Análise de Concentração de Aerodispersóides em ambientes interiores. Falta ainda uma

norma técnica que determine o método de amostragem e análise de concentração de gases

144

orgânicos em ambientes interiores.

No Capítulo 2 discorreu-se sobre uma discussão em torno da validade de padrões de

exposição a agentes químicos. Foi mencionado que alguns pesquisadores consideram que os

padrões estabelecidos pela ACGIH podem não ser tão seguros quanto se pretende assumir.

Foi dito ainda que alguns dos órgãos internacionais mais reconhecidos em termos de padrões

de exposição se contradizem. Isto foi verificado em nosso estudo quando buscou-se conhecer

a opinião destas instituições quanto à carcinogenicidade do formaldeído. A IARC, por

exemplo, em sua revisão em setembro de 2004, concluiu que o formaldeído é um carcinógeno

humano, com base em evidências científicas por estudos com animais e humanos. Já a

ACGIH e a OSHA não mudaram de opinião desde a publicação da revisão da IARC.

Lembramos que a IARC não tem interesse econômico em defender que um produto não seja

carcinogênico, enquanto que a ACGIH, segundo Vasconcelos, por abranger higienistas

industriais, pode estar às vezes pendendo para os interesses econômicos das indústrias. E são

justamente os padrões de exposição da ACGIH que servem de base para a NR 15, sendo que

esta NR deixa claro que, na ausência de limites de tolerância para certas substâncias nesta

norma, deve-se tomar por base os LTs da ACGIH. Uma possível evidência pode ser acrescida

por este estudo: trata-se da disparidade entre os padrões de exposição para formaldeído da

OSHA, NIOSH, NR 15 e ACGIH, que são, respectivamente: TWA 0,75 ppm; TWA 0,016

ppm; LT 1,6 ppm ou 2,3 mg/m3 (valor teto) e Ceiling: 0,3 ppm. Mesmo tratando de jornadas

semanais diferentes, (48 horas no caso do Brasil e 40 h para os demais casos), percebe-se que

o limite de tolerância brasileiro é muitíssimo permissivo, o que implica em menor proteção

para o trabalhador. O LT da NR 15 (padrão brasileiro) é cem vezes o padrão da NIOSH, que

considera o formaldeído como sendo carcinogênico.

Fica assim evidente, e portanto recomendável, a necessidade de uma reavaliação da

pertinência dos padrões da ACGIH, e portanto dos atuais LTs da NR 15, de modo a garantir

que os padrões venham a efetivamente proteger a saúde da classe trabalhadora.

Ainda com respeito à legislação, a Portaria no 3.523/98 estabelece que ambientes

climatizados com exigência de filtros absolutos ou instalações especiais, tais como aquelas

que atendem a instalações hospitalares, aplicam-se normas e regulamentos específicos, sem

prejuízo do disposto no Regulamento Técnico aprovado por esta Portaria. No art 5o estabelece

que os sistemas de climatização devem estar em condições adequadas de limpeza,

manutenção, operação e controle, observadas as determinações, visando a prevenção de riscos

à saúde dos ocupantes. No art. 6o, os locatários e prepostos, responsáveis por sistemas de

climatização de capacidade acima de 5 TR (15.000 kcal/h = 60.000 BTU/H), deverão manter

um responsável técnico habilitado, que terá, entre outras atribuições, a de garantir a

145

implantação, disponibilidade e aplicação de um Plano de Manutenção, Operação e Controle –

PMOC. No caso do laboratório em questão, a aplicação deste preceito dependerá da solução

adotada pelo profissional responsável pelo projeto de ventilação industrial: se forem

projetados sistemas individuais para cada sala, com capacidade menor que 5 TR, ou se o

sistema abrangerá um grupo de salas, ultrapassando 5 TR.

O sistema de ventilação industrial deve seguir os preceitos determinados pela

Resolução RDC no 50 de 21/02/2002 da ANVISA, que “Dispõe sobre o Regulamento Técnico

para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de

estabelecimentos assistenciais de saúde”, atualizada pela RDC no 307 de 14/11/2002 da

ANVISA. São eles:

• Ambientes funcionais dos EAS que demandam sistemas especiais de controle das

condições ambientais higrotérmicas e de controle de qualidade do ar, em função

das características particulares dos equipamentos que abrigam: estes ambiente

demandam climatização artificial e exaustão mecânica, devendo ser respeitadas as

instalações indicadas na tabela de ambientes e o item 7.5 – Instalação de

climatização do capítulo 7 – Instalações prediais ordinárias e especiais desta norma.

O item 7.5 mencionado acima estabelece que:

• Quanto à tomada de ar: não podem estar próximas dos dutos de exaustão de

cozinhas, sanitários, laboratórios, lavanderia, centrais de gás combustível, grupos

geradores, vácuo, estacionamento interno e edificação, bem como outros locais

onde haja emanação de agentes infecciosos ou gases nocivos, estabelecendo-se a

distância mínima de 8,00m destes locais.

• Quanto à renovação de ar: o sistema de condicionamento artificial de ar necessita

de insuflamento e exaustão de ar do tipo forçado, atendendo aos requisitos quanto à

localização de dutos em relação aos ventiladores, pontos de exaustão do ar e

tomadas do mesmo. Todo retorno de ar deve ser feito através de dutos, sendo

vedado o retorno através de sistema aberto (plenum).

146

CAPÍTULO 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO

A avaliação da qualidade do ar proposta foi realizada, constatando-se a presença dos

contaminantes formaldeído e xileno no ar no Laboratório de Anatomia Patológica da FCM /

UERJ, elaborando-se ao final do trabalho algumas recomendações que visam implementar

melhorias para as condições ambientais.

O xileno foi encontrado em baixas concentrações, comparadas aos padrões de

exposição nacional e internacionais pesquisados. Contudo, há possibilidade de ocorrência de

picos elevados dependendo da atividade executada, o que aponta para a necessidade de

implantação de medidas preventivas, como sistema de ventilação industrial e medidas de

biossegurança. Sugere-se, como tema para futuros trabalhos, a continuidade da avaliação da

concentração de xileno durante um período maior de amostragem, por diferentes métodos e

comparação entre a contaminação do ar interior e a contaminação do ar exterior.

Com respeito ao formaldeído, foram constatadas concentrações elevadíssimas, bem

acima do limite de tolerância da NR 15 (100 vezes o da NIOSH). Questiona-se a validade dos

padrões da NR 15, visto que, sendo baseados nos padrões da ACGIH, apresentam valores

mais permissivos, e para uma jornada semanal maior.

A Sala de Necrópsia B apresenta a situação de maior contaminação pelos poluentes

estudados.

Na sala de Necrópsia A, as concentrações estão abaixo do LT da NR 15, contudo, são

consideradas concentrações elevadíssimas comparadas aos padrões da NIOSH e da OSHA.

Na Sala de Técnica Citológica e Histológica as concentrações dos agentes encontrados

estão relacionados aos procedimentos realizados em um determinado dia de trabalho.

Portanto, há possibilidade de se encontrar concentrações mais elevadas do que as constatadas.

Na Sala de Clivagem, a presença de diversos frascos contendo tecidos e solução de

formaldeído constitui a fonte principal e difusa de contaminação química. A concentração

encontrada foi elevadíssima, chegando a 6,21ppm. Como a NR 15 é bastante permissiva com

relação à concentração de formaldeído, estabelecendo um LT elevado, os valores encontrados

estão muitíssimo acima dos limites de exposição estabelecidos pelos órgãos internacionais.

Esta é a sala em que há maior risco químico, visto que é ocupada diariamente, às vezes por

vários profissionais, que nela permanecem por horas realizando exame macroscópico.

Na Sala de Imunohistoquímica, constatou-se que a capela existente é insuficiente para

conter os vapores de xileno.

147

A Sala de Colorações Especiais apresenta bateria de cubas contendo produtos muito

tóxicos.

No corredor, próximo à sala de Clivagem, as concentrações foram baixas comparadas

às da Sala de Clivagem, sendo que uma delas foi superior aos limites da NIOSH e da ACGIH.

Concluiu-se que há contaminantes no laboratório estudado, em níveis que exigem

intervenções. A RDC no 50/2002 estabelece a necessidade de climatização artificial e

exaustão mecânica.

Para medidas de controle na fonte, recomenda-se o estudo e a implantação de um

sistema de Ventilação Local Exaustora para as baterias de cubas nas Salas de Técnica

Citológica e Histológica, de Colorações Especiais, de Imunohistoquímica e na Sala de

Clivagem; enclausuramento dos autotécnicos e capela para armazenamento dos frascos com

tecidos e formaldeído na Sala de Clivagem.

Como medida de controle no meio, sugere-se o estudo e a implantação de um sistema

de Ventilação Geral Diluidora em todas as salas, especialmente nas salas de Clivagem,

Técnica Citológica e Histológica e Necrópsia A e B, porque há fontes difusas de geração de

contaminante. O sistema de exaustão da Sala de Clivagem deve ser separado dos sistemas das

demais salas. Todos os sistemas de exaustão devem promover a purificação do ar antes de seu

lançamento no exterior. Em todas as salas em que forem instalados sistemas de ventilação

local exaustora ou exaustão geral do ambiente, é necessário também que haja insuflamento

suficiente de ar climatizado, compatível com a vazão de exaustão, e que o ar exaurido seja

purificado antes do seu lançamento para fora do ambiente.

Para controle no receptor, o recomenda-se o uso de EPI. Quanto ao uso de EPR, há

necessidade de desenvolvimento de equipamentos apropriados, pois os que existem

atualmente são insuficientes para proteger contra concentrações de formaldeído acima de 0,6

ppm.

O comportamento inseguro constitui um elemento potencializador no ambiente de

trabalho. A avaliação dos funcionários revelou desinteresse e desconhecimento em

fundamentos de biossegurança e comportamento preventivo, por uma porcentagem

significativa dos entrevistados. Faz-se necessário implantar programa de treinamento em

segurança em laboratórios, com vistas a evitar situações que agravem a contaminação do ar

ambiente.

Durante a pesquisa, foram levantadas questões relativas à legislação em qualidade do

ar, segurança no trabalho e condições de funcionamento de laboratórios de Anatomia

Patológica.

A NR 32, recém aprovada pela Portaria no 485 de 11 de novembro de 2005, veio suprir

148

parte da carência normativa para regulamentação da atividade de laboratórios de serviços de

saúde, embora não seja exclusiva da atividade em questão.

Não foram encontrados, na legislação brasileira, parâmetros de concentrações de

xileno e formaldeído específicos para EAS. Atualmente, adotam-se os padrões estabelecidos

pelo Ministério do Trabalho e Emprego, através da Portaria 3.214/78, NR 15, Anexo 11, a

saber: 100 ppm para xileno e 1,6 ppm para formaldeído. Estes padrões, contudo, podem não

refletir a realidade de laboratórios de EAS.

O Ministério da Saúde, através da Portaria no 3.523/1998 e da Resolução RE no

9/2003, especifica que os ambientes climatizados de uso restrito, com exigências de filtros

absolutos ou instalações especiais, tais como os que atendem a instalações hospitalares, sejam

aplicadas as normas e regulamentos específicos. A Resolução RE no 9/2003 não traz uma

Norma Técnica para avaliação de compostos orgânicos e os Valores Máximos de Referência

de parâmetros de qualidade do ar, que não os limites de Tolerância, como umidade relativa,

número de trocas de ar por hora, por pessoa, não são aplicáveis aos ambientes hospitalares.

Isto porque esta norma determina que estes ambientes devem seguir normas e regulamentos

específicos, os quais não foram encontrados na legislação brasileira.

Recomenda-se, portanto, a elaboração de normas técnicas que disponham sobre

padrões referenciais de qualidade do ar interior, monitoramento de compostos orgânicos em

laboratórios de Anatomia Patológica e também dos demais tipos de EAS.

Verificou-se ainda que há necessidade de revisão dos padrões de exposição – LT

usados no Brasil, tendo em vista que, segundo a última revisão da IARC, o formaldeído foi

comprovado como carcinógeno humano. Entretanto, nenhuma das instituições normalizadoras

atualizou ou modificou seu padrão de exposição de formaldeído em função deste fato. Além

disso, ampla discussão tem marcado a relevância dos atuais limites de exposição

estabelecidos. Fica assim evidente a necessidade de uma reavaliação da pertinência dos

padrões da ACGIH, e portanto dos atuais LTs da NR 15, de modo a garantir que os padrões

venham a efetivamente proteger a saúde da classe trabalhadora. Sugere-se a elaboração de um

novo anexo na NR-15, abordando a atualização dos padrões de exposição e o estabelecimento

de padrões para outras substâncias ainda não contempladas pela NR-15.

149

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154

ANEXOS

Anexo 1: Comissão de Ética em Pesquisa – SR-2 / UERJ: Carta de Aprovação de Projeto de

Pesquisa

155

Anexo 2: Questionário sobre a exposição dos funcionários da limpeza aos riscos químicos e

biológicos nos laboratórios de Anatomia Patológica:

1. Você já fez algum curso de Biossegurança, incluindo treinamento para manuseio de

rejeitos químicos e biológicos? R: Sim, recebi treinamento básico ministrado por

enfermeira.

2. Acha que seria necessário receber treinamento especializado em segurança biológica?

Sim.

3. Tem algum problema de saúde? R: Não.

4. Utiliza quais dos seguintes Equipamentos de Proteção Individual (EPI)?

(x) luva (x) jaleco ( ) óculos de segurança ( ) proteção respiratória

( ) avental (x) botas de cano longo (x) calças e roupões

5. Utiliza os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) com freqüência?

( ) raramente ( ) nunca (x) sempre

6. Toma medicação preventiva? R: Tomei todas as vacinas.

7. Considera as condições de trabalho ideais para a sua segurança? R: Sim.

8. Saberia dizer que destino final recebem os resíduos biológicos? R: Sim.

9. Em caso de acidentes com materiais biológicos, saberia quais procedimentos adotar

com a limpeza?

(x) lavar as mãos ou área atingida com sabão; (x) correr imediatamente para o hospital

(x) tomar medicação preventiva (x) notificar o acidente (x) desinfetar a área com

álcool ( ) outros

10. Tem conhecimento das doenças associadas a agentes biológicos que podem ser

contraídas nesse ambiente de trabalho, pelo ar ou por contato? R: Não

11. Considera o material biológico que manipula perigoso? R: Sim, alguns.

12. Apresenta sintomas de mal-estar, dor de cabeça, irritação nas mucosas dos olhos e

nasal quando permanece nos laboratórios por algum tempo? R: Sim.

13. Sente-se melhor ao deixar o recinto? R: Sim.

14. É submetido a exames periódicos? R: Não.

15. Os acidentes do trabalho são protocolados? R: Não.

16. Já contraiu alguma doença durante a realização do seu trabalho neste setor? R: Não.

17. Realizam a limpeza das bancadas? R: Limpeza superficial, exceto nas salas de

Imunohistoquímica e Clivagem.

18. Utilizam quais materiais para a realização desta limpeza? R: Cloro, sabão (detergente),

álcool, desinfetante, rodo, vassoura, luvas, pano, flanela, saco comum (preto) e saco de

lixo branco para lixo infectante, creolina e álcool iodado.

156

19. Quais são os produtos utilizados na limpeza do piso? R: cloro, pasta, sabão.

20. Em caso de o piso estar contaminado com sangue e outros fluidos corpóreos, são

utilizados produtos de limpeza especiais? Em caso positivo, enumere os produtos. R: Não.

Joga-se cloro, depois de um tempo seca-se com rodo, jogando-se fora o pano utilizado.

21. Saberia informar o destino dos resíduos químicos? R: Não. Os sacos são colocados em

uma caixa que é lançada em um tambor ao lado dos elevadores. Este tambor é levado

pelos funcionários da limpeza para o depósito de lixo do Hospital.

22. Quantas vezes na semana os laboratórios de Anatomia Patológica são limpos? R: de

15 em 15 dias.

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Anexo 3: NIOSH Pocket Guide to Chemical Hazards: formaldeído e xileno

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