Post on 06-Dec-2018
uma publicação mensal da FEA-USP
Pioneira no estudo da Educação Corporativa
(EC) no país, a FEA-USP realizou no final de
novembro um simpósio internacional para co-
memorar os dez anos de trabalho com o tema. O
evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre pes-
quisadores nacionais e estrangeiros, especialistas
em educação, profissionais de recursos humanos
de grandes empresas e estudantes de administra-
ção, que participaram de discussões sobre a ex-
periência das empresas que já possuem sistemas
de EC, seus resultados e desafios para o futuro.
“Na última década, as práticas e processos
de EC cresceram e multiplicaram-se no Brasil.
Há motivos para comemorar, mas muito ainda
por fazer”, diz a professora Marisa Eboli, da FEA,
renomada especialista no tema e organizadora
do simpósio. Ela conta que há cerca de 11 anos,
quando foi aos Estados Unidos para se especiali-
zar nesse assunto, percebeu que o tema “univer-
sidade corporativa” ainda assustava um pouco,
“porque havia muito a ideia de que a universida-
de de empresa fora criada para substituir as uni-
versidades tradicionais, o que era uma bobagem.
Isso a gente já sabia na época”.
Na verdade, o conceito de universidade cor-
porativa era apenas uma referência às universi-
dades tradicionais por parte das empresas. Isso
aconteceu em um momento em que o contexto
de negócios passou a exigir outro tipo de forma-
ção. Muitas empresas começaram a se preocupar
com os três pilares de uma universidade tradicio-
nal: geração de conhecimento (pesquisa), assi-
milação de conhecimento via cursos (toda a par-
te de educação propriamente dita) e a prestação
de serviços. O marco inicial do aparecimento do
tema no Brasil foi o lançamento do livro de Jean-
ne Meister, em 1999, pela Makron Books.
“Como todo tema novo chegando ao Brasil,
tinha muito aquele tom do modismo e a ideia
de que a universidade corporativa iria acabar
com todos os problemas das empresas. E, como
todo modismo, essa não era a maneira adequada,
vamos dizer, de se lidar com um novo processo,
uma nova ferramenta”, lembra Marisa Eboli.
p.02
p.03
p.14
p.15
ANÁLISE & OPINIÃO
FEA ALUNOS
FEA FUNCIONÁRIOS
FEA CCInt
FEA X FEAFEA PROFESSORESPAINEL E AINDA...
p.04 p.08 p.12
O avanço da Educação Corporativa no Brasil
Os desafios da nova gestão do Departamento de Administração
Projeto vai resgatarRecursos Humanos da FEA
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ano 06_edição 56_nov/dez_2009
(CONTINUA NA PÁGINA 4)
Professora Marisa Eboli, coordenadora do simpósio e da pesquisa
#02
ANÁLISE E OPINIÃO
“Esperamos que as Olimpíadas tragam grandes benefícios para a cidade e para o país e que sua preparação seja feita com competência para que os benefícios superem os custos.”
As
Oli
mp
íad
as
de
2016
AS COMPETIÇÕES SEMPRE EXISTIRAM NA
NATUREZA. Todos os animais e até vege-
tais competem por recursos e para pre-
servar a espécie. Quem ganha sobrevive
e em alguns casos a derrota significa ser-
vir de alimento ou não ter possibilidade
de transmitir seus genes. Os seres huma-
nos, é claro, também competem como
os outros animais, mas a partir de certo
momento da história estas competições
passaram a servir como entretenimento
para diversos grupos e é isto que se cha-
ma competição esportiva.
As olimpíadas modernas foram ori-
ginadas nas competições dos antigos
gregos, que também deram origem aos
campeonatos específicos por modalida-
de esportiva. Quaisquer que sejam, as
competições de grande porte mobilizam
um grande número de pessoas, não só
os diversos públicos mas profissionais de
várias áre-
as: a área
da saúde faz
pesquisas,
desenvolve
tratamen-
to, exames
e aprimora
seus profis-
sionais com
atendimen-
to direto;
engenhei-
ros cuidam
de equipa-
mentos e
de infraestrutura; e o pessoal de Ciências Sociais estuda e faz
projetos ligados ao relacionamento dos grupos.
Na FEA, os contadores podem auditar os recursos empre-
gados e os atuários calculam os valores dos seguros. Os econo-
mistas analisam os recursos e os resultados para a sociedade.
Os administradores podem empregar seus conhecimentos na
forma de aplicação dos recursos e produção de riqueza pelas
atividades. As ações dos administradores se inserem no âmbi-
to da administração geral, com o planejamento e implantação
de ações, obtenção e remuneração de recursos humanos e ge-
renciamento dos elementos para equilibrar a oferta dos servi-
ços (competições) e as demandas dos públicos. Estas últimas
são as chamadas atividades de Marketing.
No caso das Olimpíadas de 2016, o Comitê Olímpico
Brasileiro propôs o Rio de Janeiro. Há muito embasamento
para esta proposta: o PAN de 2007, realizado no Rio de Ja-
neiro (RJ), e a Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil
com a abertura no Rio de Janeiro. Isto deverá trazer muitos
investimentos e visibilidade ao Rio e ao Brasil. O problema
está no resultado final pós-olímpiadas, que ninguém con-
segue antecipar e nos gastos financeiros e sociais que serão
feitos. Uma grande preocupação neste momento é o geren-
ciamento e controle das atividades que serão desenvolvidas
até as Olimpíadas de 2016.
No VIII Marketing Esportivo, evento realizado no dia
11 de novembro pela Associação Acadêmica Atlética Vis-
conde de Cairu da FEA, o medalhista olímpico na natação
Ricardo Prado apresentou uma explicação detalhada sobre a
administração do PAN de 2007, no qual ele desempenhou a
função de administrador. Ele mostrou a preocupação com os
gastos excessivos e com desvios de recursos.
Esperamos que as Olimpíadas de 2016 tragam grandes be-
nefícios para a cidade e para o país e que sua preparação seja
feita com competência e seriedade para que os benefícios su-
perem os custos de sua realização.
MARCOS CORTEZ CAMPOMAR
PROFESSOR TITULAR DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
bém de novas parce-
rias”, explica. A ideia
é alinhar Coaching e
Mentoring para que
sejam um só projeto.
Para Fábio, o ano
de 2009 foi muito in-
teressante. “Tivemos
cinco eventos: três
Networking Night e
dois Mentoring”, diz.
Já em 2010, o pri-
meiro semestre será
de “arrumação da
casa”. Vamos entrar
no segundo semestre
a todo vapor, com
o projeto da nova
biblioteca, Mento-
ring/Coaching, Ne-
tworking Night (re-
modelado, para uma
dinâmica diferente,
com novas parcerias)
e outros projetos”,
conta.
Carreira, recur-
sos humanos, rela-
cionamento entre
ex-alunos e alunos – aproximando as
diferentes profissões. O FEA+ quer
continuar ajudando no desenvolvimen-
to da carreira de cada feano e estreitar
os laços dos alunos com ex-alunos. Para
mais informações, acesse o site: http://
www.usp.br/feamais2/.
#03
“Estamos começando a estabelecer melhor os pontos do Mentoring, a criar uma base mais científica dentro do projeto. A ideia é alinhar Coaching e Mentoring”.
FEA ALUNOS
Novas ideias para 2010 O FEA+, PROGRAMA DE RELACIONAMENTO DE EX-ALUNOS DA
FEA-USP, PROMETE ENTRAR EM 2010 REPLETO DE NOVIDADES.
Ações voltadas para qualidade de vida no trabalho, recursos
humanos, relacionamento de ex-alunos e troca de experiências
com os alunos que ainda estão estudando são algumas das prio-
ridades para o novo ano. E muita coisa boa vem por aí!
A equipe do FEA+ está estudando, por exemplo, uma base
mais científica para o projeto de Mentoring. Para Fábio Affonso,
o Mentoring foi um projeto piloto. “O primeiro foi sobre consul-
toria e o segundo sobre finanças. O intuito do Mentoring é fazer
com que o ex-aluno ajude no desenvolvimento de carreira do
aluno que está na faculdade”, explica.
Segundo Fábio, existe uma confusão a respeito da nomen-
clatura: Mentoring e Coaching. “Basicamente são um tipo de
‘desenvolvimento um a um’. Mas cada um tem sua essência.
O Coaching é mais focado na carreira, objetivos e metas de
cada pessoa; reconhece os pontos fracos e estabelece metas. Já o
Mentoring tem implicações mais afetivas. É um encontro entre
um irmão mais velho e um mais novo. O irmão mais velho vem
e fala para o mais novo sobre o caminho que traçou, as dificul-
dades que encontrou na carreira, etc”, afirma Fábio.
O II Mentoring, encontro que aconteceu no fim de outubro,
teve como palestrante o ex-aluno e vice-presidente de M&A
(Fusões e Aquisições) do Banco Santander, Rafael Noda. “De-
pois do evento, Rafael se ofereceu para um Coach e deu o in-
centivo que precisávamos para começar a pensar melhor neste
projeto. Para que dê certo, precisamos de uma fundamentação
científica mais forte e firme para estabelecer o programa e tam-
Fábio Affonso: eventospromovem troca de experiências
Rafael Noda, palestrante do II Mentoring e ex-aluno da FEA
#04
PAINEL
A Educação Corporativa desenvolve lideranças, alinha as pessoas com os valores e a cultura da organização, desenvolve competências e favorece a gestão do conhecimento.
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Professor Guilherme Any Plonski, Gilberto Lara (diretor de RH da Votorantim) e Clarice Martins
Costa (diretora de RH da Renner)
NA OPINIÃO DA ESPECIALISTA EM EC,
AO LONGO DESSES DEZ ANOS HOUVE, POR
PARTE DAS LIDERANÇAS EMPRESARIAIS,
“UMA REAL CONSCIÊNCIA DA IMPORTÂN-
CIA DA EDUCAÇÃO PARA ALAVANCAR
COMPETITIVIDADE NAS EMPRESAS”. Es-
sas lideranças começaram a estruturar
realmente os sistemas de EC a partir
de uma nova concepção, um novo
conceito, para dar sustentação à com-
petitividade.
Para a pesquisadora, os estudos so-
bre EC são dificultados pela falta de um
banco de dados ou de uma associação
que tenha um cadastro de todas empre-
sas que possuem um sistema de educa-
ção corporativa. Com a finalidade de
atenuar esse problema, ao longo des-
ses dez anos ela montou o seu próprio
banco de dados, que considera muito
artesanal.
Segundo Marisa Eboli, hoje existem
no país umas 300, talvez 400 empresas
com sistemas de EC. Essa é uma esti-
mativa aproxima-
da, baseada em
seu banco de da-
dos pessoal. Além
da falta de dados,
existe o problema
de definir qual o
critério que deve
ser usado para
avaliar um sis-
tema e dizer se
ele é, de fato, de
educação corporativa ou apenas um
centro de treinamento e desenvolvi-
mento tradicional.
“As pesquisas e discussões que a gente tem feito têm
também esse objetivo: criar parâmetros para avaliar esses
sistemas. Isso é o que a gente espera fazer na análise mais
aprofundada dos dados da pesquisa que acabamos de reali-
zar e apresentamos no simpósio. Aí poderemos saber quan-
tas das 54 empresas que responderam (veja o quadro com as
principais conclusões) estão perfeitamente alinhadas com os
conceitos de educação corporativa”, explica.
Ela reconhece que a maioria das empresas que possuem
sistemas de EC é de grande porte. Isso não tem relação com
o custo, que é semelhante ao T&D tradicional, mas sim com
a necessidade de ter estrutura e um número relativamente
Evento reuniu pesquisadores, especialistas em educação, estudantes e profissionais do mundo corporativo
grande de funcionários. “Claramente, o perfil que predomi-
na é de empresas grandes.”
RESULTADOS DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA
A relação entre EC e os resultados da empresa que a ado-
ta é uma questão polêmica que apareceu na pesquisa. Veri-
ficou-se que são pouquíssimas as empresas que avaliam os
resultados do seu sistema de EC. No entanto, a professora
Marisa Eboli acredita que os dirigentes percebem a diferen-
ça, embora isso não seja sistematizado. “Não é um sistema de
mensuração onde claramente eu tenho essa relação. Feito o
curso para desenvolver tal competência e essa competên-
cia gerou tal resultado. Não estou falando só de resultados
financeiros. Estou falando de outros resultados: melhoria de
clima, melhoria de qualidade nos produtos e serviços. Na
prática a EC tem múltiplos objetivos: desenvolver lideranças,
alinhar as pessoas com os valores e a cultura da organização,
desenvolver as competências e favorecer a gestão do conhe-
cimento. Com certeza esses são os principais objetivos.”
De acordo com Marisa Eboli, o desenvolvimento da EC no
Brasil foi aos poucos. Veio num crescendo. “Se você pensar
que na década de 1990, nós tínhamos dez casos de universida-
de corporativa no Brasil, percebe que houve uma expansão ao
longo dos anos 2000 até agora. Para a pesquisa, nós montamos
um banco de dados de aproximadamente 800 empresas que
poderiam ter algo que se assemelhasse a Educação Corporati-
va. Dessas, válidas mesmo eram 600, das quais 54 responde-
ram e parece que elas têm sistemas razoáveis”.
Para a pesquisadora, “se for feita uma comparação com
os Estados Unidos, que começaram isso muito antes, lá com
certeza eles têm mais de 2000 universidades corporativas. Se
considerarmos que temos no Brasil umas 300 ou 400, ainda
estamos muito longe. Mas eu não acredito que necessaria-
mente os nossos projetos, em termos de qualidade, deixem a
desejar. Acho até interessante como a gente vem amadure-
cendo o conceito”.
Marisa Eboli vê a EC como uma continuidade da edu-
cação formal. Uma educação continuada em que a empresa
#05acaba tendo um papel mais forte, o que
não exclui as ações de educação conti-
nuada que as pessoas possam fazer por
conta própria e recorrendo ao sistema
formal de educação, mas com certeza
vem da empresa essa preocupação em
facilitar que as pessoas continuem se
desenvolvendo.
A empresa quer cada vez mais con-
tar com pessoas formadas para o seu
contexto de negócios. Porém, esse não é
o tipo de formação dada por uma facul-
dade de administração, cujo papel não
é formar um gestor com conhecimentos
específicos do setor financeiro ou do se-
tor de telecomunicações, do farmacêu-
tico ou de tecnologia. É a empresa que
precisa disso cada vez mais cedo.
O papel de um curso de Adminis-
tração como o da FEA é dar uma for-
mação universal, consistente, com base
em princípios gerais e sólidos. No en-
tanto, a empresa precisa cada vez mais,
além dessa formação universal, de uma
formação específica. “Olhe, eu quero
alguém que conheça o meu negócio,
que conheça o setor em que eu atuo
profundamente. Então aí entra a EC,
a educação continuada e com foco es-
pecífico naquele determinado negócio,
naquele determinado setor. É para isso
que veio a educação corporativa. Por
isso que jamais ela vai substituir a edu-
cação tradicional.”
“As empresas que têm EC buscam
cada vez mais, não só no Brasil, mas no
exerior também, uma intensa parceria
“Eu não tenho dúvidas de que a EC cresceu aqui na FEA, e da importância que teve o fato de a FEA ter acolhido esse tema dez anos atrás.”
com a academia.
Todo mundo só tem
a ganhar com isso.
Essa parceria tem
colocado nas em-
presas uma cultura
de ser menos ime-
diatista. O mundo
acadêmico, por sua
vez, também preci-
sa desse contato com as empresas. Isso
é saudável, amadurece. Ensina a lidar
com a diversidade. São mundos dife-
rentes com características diferentes.
Isso que é legal, porque você tem de
aprender a lidar com o que é diverso,” diz Marisa Eboli.
O PAPEL DO LÍDER
Ao falar sobre EC, a pesquisadora da FEA cita o caso
emblemático da General Electric, que teve a primeira uni-
versidade corporativa em 1956. “A empresa é considerada
uma máquina de formar CEOs. O que faz da GE esse suces-
so? Não é só a universidade corporativa, mas é o papel do
líder nesse processo. O líder exercendo o tempo inteiro esse
papel de educador, de orientar, acompanhar, avaliar, olhar
o futuro e a carreira dessas pessoas e de desenhar estratégias
formais e informais de desenvolvimento de competências.”
O case da GE – afirma ela – mostra que não é possível
separar estratégia de gestão de pessoas e de formação de líde-
res. Isso está muito enraizado e é muito harmônico na gestão
da GE. É uma empresa que está sempre olhando o futuro e
#06
PAINEL
O case da GE mostra que não é possível separar estratégia de gestão de pessoas e de formação de líderes. Isso está muito enraizado e é muito harmônico na gestão da GE.
Para a professora Marisa Eboli,
“há motivos para comemorar, mas muito
ainda por fazer”
EDUCAÇÃO CORPORATIVA DEVE INCLUIR
TODA A CADEIA DE VALOR
A educação corporativa é realizada
no Brasil destacadamente por grandes
empresas, o que evidencia a necessi-
dade de visão da cadeia de valor, com
o suporte para que pequenas e médias
empresas possam desenvolver sistemas
de educação corporativa (SEC) em
conjunto com as grandes.
Essa foi uma das principais conclu-
sões da Pesquisa Nacional sobre Práti-
cas e Resultados da Educação Corpora-
tiva, coordenada pela professora Marisa
Eboli, da FEA-USP, que levantou da-
dos de 54 empresas do país.
A PESQUISA APUROU TAMBÉM QUE:
• O responsável pelo SEC das em-
presas pesquisadas tem maturidade
pessoal, técnica e gerencial;
• os SEC são recentes e estão liga-
dos a níveis estratégicos nas empresas;
• as ações educacionais são voltadas para o atendimento
das estratégias das empresas;
• os resultados das ações do SEC são desvinculados da
avaliação por desempenho e da remuneração;
• há um grande potencial de crescimento das práticas de
educação à distância;
• existe grande oportunidade de associar as ações a re-
sultados com ferramentas tipo BSC; e
• há necessidade de focar ações na conscientização e
participação dos líderes no SEC.
EMPRESAS PESQUISADAS
A maioria das empresas respondentes é do setor indus-
trial ou de serviços (68%), privadas (81%), de capital nacio-
nal (67%), com atuação internacional (63%), faturamento
acima de R$ 1 bilhão (57%) e com mais de mil colaborado-
res (70%).
O estudo apurou que os responsáveis pelos SEC são
em sua maioria mulheres (70%), têm idade entre 30 e 49
anos (72%), são graduados em administração ou psicologia
(59%), pós-graduados em administração e RH (72%), geren-
PESQUISA
#07
“A EC é um processo que exige uma mudança cultural e uma mudança organizacional. Com certeza, esse é um desafio muito grande.”
pensando em pessoas. Uma empresa que se apoia na tecno-
logia e na gestão de pessoas, no desenvolvimento de novas
lideranças para preparar a sucessão dos líderes atuais.
“A EC é um processo que exige uma mudança cultural
e uma mudança organizacional. Com certeza, esse é um
desafio muito grande. EC não é só para o público inter-
no. Ela tem um impacto na cadeia de valor das empresas
também. Várias têm programas para formar competências
em fornecedores, distribuidores. Isso vem crescendo cada
vez mais.”
Hoje a situação da EC no Brasil é radicalmente diferente
de 1998, quando Marisa Eboli foi para os Estados Unidos,
em um programa de professor visitante na Wharton School,
para se especializar nesse tema.
“Quando voltei, tinha gente que olhava para mim meio
torto, mas houve uma pessoa, a pro-
fessora Maria Tereza Leme Fleury, que
foi a minha orientadora no mestrado e
no doutorado, que me deu espaço. Ela
podia não concordar com tudo, podia
até achar esquisito, mas dava espaço.
Eu não tenho dúvidas de que a EC
cresceu aqui na FEA, e da importância
que teve o fato de a FEA ter acolhido
esse tema dez anos atrás e a influên-
cia que isso teve para o resto do Brasil.
Não é à toa que a FEA é a primeira na
América Latina. Hoje temos discipli-
nas de EC tanto no mestrado como no
doutorado”, destaca Marisa Eboli.
tes ou diretores (61%) e têm entre um e dez anos de empresa
(61%).
A pesquisa levantou dados sobre a estrutura dos SEC (a
maioria existe há mais de quatro anos), alinhamento estra-
tégico e inserção na cultura, integração com as demais áreas
da empresa, modelo de governança, internacionalização da
EC, programas educacionais, práticas de ensino à distância,
integração com gestão do conhecimento, mensuração e ava-
liação de resultados, papel dos líderes, comunicação dos re-
sultados, investimentos (40% das empresas gastam entre 1%
e 3% da folha de pagamento com o SEC).
DESAFIOS
De acordo com a pesquisa, os desafios da educação cor-
porativa no momento são:
• acesso irrestrito a todos os públicos internos e externos;
• conscientização e participação das lideranças em todo o
processo da educação corporativa;
• valorização da meritocracia como elemento crítico no
desenvolvimento das pessoas;
• integração entre ações da EC e as demais áreas da em-
presa;
• superar barreiras culturais (inter-
na e externa) para consolidação da
EC;
• apropriada mensuração e avalia-
ção dos resultados obtidos com a
EC;
• consolidação das práticas existen-
tes no mercado;
• EC como elemento indutor da
sustentabilidade na empresa.
TENDÊNCIAS
O Grupo de Pesquisas em Educação
Corporativa, responsável pelo estudo,
levantou informações sobre as tendên-
cias atuais da EC: uso contínuo das
tecnologias de informação; parcerias
com outras empresas para a formação
de universidades setoriais; integração
entre ações da EC e as demais áreas da
empresa; e consolidação das práticas
existentes no mercado.
#08
“O objetivo da graduação de Administração é a formação de líderes com competências para atuar nas organizações . Queremos ter orgulho da graduação como temos da pós-graduação.”
FEA PROFESSORES
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FAZER UMA REVISÃO TOTAL DA GRADUA-
ÇÃO, INCLUINDO ESTRUTURA, GRADE CUR-
RICULAR E CONTEÚDO DO PROGRAMA É O
GRANDE E PRINCIPAL DESAFIO QUE O PRO-
FESSOR ADALBERTO AMÉRICO FISCHMANN
COLOCOU COMO META DA SUA GESTÃO. O
professor assumiu a chefia do departa-
mento de Administração para o biênio
2009/2011, no dia 9 de outubro.
“Embora a graduação seja boa, ela
não nos orgulha. Precisamos melhorar a
estrutura do programa, engessada pelo
currículo mínimo que é defasado e des-
colado da realidade. O objetivo da gradu-
ação de Administração é a formação de
líderes com competências para atuar nas
organizações brasileiras. Vamos encarar
esse desafio. Queremos ter orgulho da
graduação como temos da pós-gradua-
ção”, explica professor Adalberto.
O processo de aprimoramento já ha-
via sido iniciado na gestão do professor
Isak Kruglianskas que, de acordo com
o regulamento da USP, deixou a chefia
do departamento um mês antes de com-
pletar 70 anos, data limite para requerer
a aposentadoria. O tema agora ganhou espaço privilegiado no
programa apresentado pelo professor Adalberto ao conselho
do departamento e reflete a preocupação de boa parte dos seus
membros. A meta do professor Adalberto é encaminhar as alte-
rações do programa durante o próximo ano para que, em 2011,
seja implementado. Reconhece, porém, que não será uma tarefa
fácil. Na sua avaliação, a qualidade da graduação não tem rece-
bido a atenção necessária em toda a USP.
Vamos analisar o conteúdo do programa e adaptar a gra-
de curricular. É uma tarefa complexa porque dependemos
de outros departamentos que precisam atender demandas de
outras faculdades. Os professores, por sua vez, nem sempre
estão motivados e não têm flexibilidade de horário. Quanto à
parte opcional, pretendemos incluir disciplinas importantes
como, por exemplo, Ética e Filosofia da Administração. A
reflexão proporcionada por esses temas ajudaria na formação
de líderes mais fortes para o exercício da profissão”, analisa o
professor Adalberto.
Na sua opinião, é preciso reverter o quadro. “Os alunos
entram no primeiro ano com toda motivação, muito bem
preparados para enfrentar o vestibular. Eles sentem o impac-
to, perdem o interesse pelo curso, não têm prazer de frequen-
tar as aulas e acabam se desviando para o lado profissional.
Na pós-graduação é diferente. O departamento tem contro-
le sobre os programas e sabe onde quer chegar. Melhorar a
qualidade da graduação é nossa responsabilidade para com a
Celebração da posse: Eduardo Vasconcellos, Jacques Marcovitch, Adalberto Fischmann, Marcos Campomar e Isak Kruglianskas
MISSÃO CUMPRIDA
“Deixei o de-
partamento com
alegria e com a
satisfação de ter
dado a minha co-
laboração. A maior
conquista foi ter
ajudado a criar
um ambiente de
harmonia e cola-
boração. Isso foi
essencial para a
alta produtividade
que colocou o departamento em lugar de destaque no
ambiente acadêmico nacional e internacional”, diz o
professor Isak Kruglianskas.
A aposentadoria compulsória, porém, não diminuiu
o seu ritmo de trabalho. Como o mais novo colaborador
sênior da pós-graduação da FEA, ele criou uma nova
disciplina – Gestão Ambiental – dando continuidade à
sua linha de pesquisa.
Foram dois biênios (2006/2007 e 2008/2009) à fren-
te do departamento que assumiu após coordenar por
quatro anos a pós-graduação na gestão do professor
Eduardo Pinheiro Gondim de Vasconcellos. Seu sucessor,
o professor Adalberto Fischmann, também foi coorde-
nador da pós por dois mandatos. “Dei continuidade ao
trabalho iniciado e sei que esse é também o objetivo do
professor Adalberto”, analisa professor Isak.
Na sua avaliação, renovação e intercâmbio são as mar-
cas dos últimos anos. A contratação de nove professores deu
novo fôlego ao quadro e a presença de docentes em ativida-
des no exterior aumentou, bem como o número de projetos
com apoio de órgãos como a CAPES. “Para nossa satisfação,
o número de artigos publicados em periódicos internacionais
aumentou significativamente”, afirma professor Isak.
#09
A qualidade da graduação ganhou espaço privilegiado no programa e reflete a preocupação de boa parte dos professores do departamento.
sociedade”, afirma o professor Adalberto.
O Departamento de Administração se prepara para
comemorar em 2010 os 30 anos da Fundação Instituto de
Administração (FIA). Uma data que resume a origem do
departamento que surgiu em 1964, mas teve sua semente
plantada em 1946, com o Instituto de Administração (IA),
que já tinha o compromisso do ensino e pesquisa na área,
além da realização de seminários, simpósios, conferências e
da prestação de serviços.
O intercâmbio de profissionais, o compartilhamento de
conhecimento e a internacionalização da FEA são aspectos
que, na proposta da gestão do professor Adalberto, vão me-
recer toda a atenção.
RAIO X DO DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
Total de professores........76
Doutores.........................45
Associados......................16
Titulares..........................15
Professores voluntários.....9
Professores visitantes........4
Chefia: Prof. Dr. Adalberto Américo Fischmann
Vice-chefe: Prof. Dr. Lindolfo Galvão de Albuquerque
Graduação
Coordenador: Prof. Dr. Hamilton Luiz Corrêa
Vice-coordenador: Prof. Dr. Jorge Luiz de Biazzi
Pós-Graduação:
Coordenador: Prof. Dr. Lindolfo Galvão de Albuquerque
Vice-coordenador: Prof. Dr. Martinho Isnard Ribeiro de Almeida
Pesquisa:
Coordenador: Profª. Drª. Maria Sylvia Macchione Saes
Vice-coordenador: Prof. Dr. Cesar Alexandre de Souza
Cultura e Extensão
Coordenador: Profª. Drª. Ana Cristina Limongi França
Prof. Isak deixa a chefia do departamento para ser colaborador sênior
#10
FEA PROFESSORES
Responsabilidade e sustentabilidade não são modismos, mas mudanças efetivas que estão orientando o planejamento estratégico das empresas.
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ran
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prá
tica
s O TEMA RESPONSABILIDADE SOCIOAM-
BIENTAL GANHA DIA A DIA MAIS ESPAÇO
NO PLANEJAMENTO DAS EMPRESAS. Para
quem não acompanha esse processo
parece ser apenas mais um tema explo-
rado pela mídia e pelo marketing. Os
avanços, contudo, são inquestionáveis
e o importante é que os conceitos estão
virando práticas e já se pode até mesmo
identificar e disseminar as best practices.
A constatação é da professora Rosa
Maria Fischer, que há 15 anos coorde-
na o Centro de Empreendedorismo So-
cial e Administração em Terceiro Setor
(CEATS), entidade criada com o apoio
institucional da Fundação Instituto de
Administração (FIA) para conduzir
pesquisas, consultorias, o MBA Gestão
e Empreendedorismo Social e a produ-
ção de dissertações e teses sobre a área
no programa de pós-graduação.
“Não dá para ficar apenas no discur-
so. E este é
um papel
importante
da escola:
pesquisar ,
identificar,
analisar e
disseminar”,
afirma a
professora
Rosa que,
por conta
da intensa
atividade do
CEATS, é
convocada para avaliar programas
e modelos do mundo corporativo
como o Guia EXAME de Sustenta-
bilidade, da revista EXAME – Edi-
tora Abril, e o Prêmio Itaú-Unicef,
iniciativa da Fundação Itaú Social
e do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF, com
coordenação técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Edu-
cação, Cultura e Ação Comunitária – CENPEC.
“O Guia propicia o monitoramento e alguma avaliação
das práticas empresariais. Em 10 anos pode-se observar que
responsabilidade e sustentabilidade não são modismos, mas
mudanças efetivas que estão ocorrendo no modo como os
dirigentes das empresas estão orientando seu planejamento
estratégico e sinalizando os valores predominantes da cul-
tura empresarial. O Itaú Unicef é um modelo de projeto so-
cial realizado com base no conceito das alianças estratégicas
intersetoriais. Agrega organizações de peso que lhe dão le-
gitimidade, tem um processo técnico e metodológico muito
cuidadoso coordenado pelo CENPEC e foca a relação entre
organizações da sociedade civil e a escola pública. O mais
importante é que, ao longo do tempo, a premiação motivou
toda uma aprendizagem em função do processo e criou uma
dinâmica entre os diferentes atores sociais que dela partici-
pam em todo o Brasil”, analisa a professora Rosa.
Na avaliação da professora Rosa, a educação é o grande nó
do desenvolvimento sustentável do país. “Há avanços como a
universalidade de acesso no ensino fundamental, mas estamos
longe da qualidade de ensino. E, principalmente, temos um
quadro dramático no que concerne ao ensino médio. A maior
parte dos jovens de baixa renda não consegue chegar, ou se
chega não consegue finalizar o nível médio. Isto contribui para
manter quadros de pobreza e exclusão social e acena para uma
enorme carência de trabalhadores para o mercado de traba-
lho. Infelizmente, não creio que a sociedade como um todo
esteja se dando conta do tamanho do problema e disposta a
pressionar o Estado por ensino universal e de qualidade. No
Profa. Rosa: sinalizando iniciativas
2009 está na oitava edição. Tem como
objetivo reconhecer e estimular o tra-
balho de organizações sem fins lucra-
tivos que contribuem, em articulação
com a escola pública e outras políticas,
para a educação integral de crianças e
adolescentes brasileiros.
PORTAL PRÓ-MENINOS
O CEATS participou também do
desenvolvimento do portal Pró-Me-
nino, criado em 2002. O ob-
jetivo dessa iniciativa da Fun-
dação Telefonica é promover
os direitos da criança e do
adolescente e apoiar organiza-
ções que lidam com o público
infanto-juvenil, a fim de con-
tribuir para o aprimoramento
de suas práticas e atuações. O
público-alvo do Pró-Menino é
formado pelas organizações públicas
e privadas de atendimento direto ou
indireto a crianças e adolescentes, tais
como Conselhos dos Direitos e Tute-
lares, organizações sociais que lidam
com o público infanto-juvenil, juízes,
promotores e outros atores da Política
de Atendimento. O Portal promove
há cinco anos o Concurso Causos do
ECA, concurso literário e cultural que
premia histórias sobre experiências de
cidadania vividas com a efetivação
das diretrizes previstas no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). As
histórias finalistas são reunidas em um
livro lançado durante o evento de pre-
miação e distribuído gratuitamente.
#11
“Não dá para ficar apenas no discurso. E este é um papel importante da escola: pesquisar, identificar, analisar e disseminar.”
âmbito da FEA, sinto muito interesse
pelo tema e acredito que podemos aproveitar melhor o que
essa motivação poderia criar”, diz a professora Rosa.
GUIA EXAME DE SUSTENTABILIDADE
Lançado em 2000, como o Guia EXAME de Boa Cida-
dania Corporativa, o anuário é o maior levantamento de
sustentabilidade corporativa no Brasil. A metodologia ava-
lia estratégias, compromisso e práticas das empresas nas três
dimensões da sustentabilidade: ambiental, econômico-finan-
ceira e social. Em 2008, pela primeira vez, o Guia elegeu, en-
tre as 20 empresas-modelo, a Empresa Sustentável do Ano.
A escolhida foi a Natura, única empresa presente entre os
destaques das nove edições do anuário e que tem a preocu-
pação com a sustentabilidade impregnada em sua estratégia
desde a fundação, em 1969, quando lançou seus primeiros
cosméticos feitos com ativos naturais.
PRÊMIO ITAÚ UNICEF
O Prêmio Itaú-Unicef é uma iniciativa da Fundação
Itaú Social e do Fundo das Nações Unidas para a Infância
– UNICEF, com coordenação técnica do Centro de Estu-
dos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária
– CENPEC. Acontece a cada dois anos, desde 1995, e em
Hector Nuñez, presidente do Walmart no Brasil, empresa que liderou o Prêmio EXAME de Sustentabilidade, é ladeado pela professora Rosa Maria Fischer e Alexandre Caldini, diretor-superintendente da Editora Abril
#12
FEA X FEA
Vamos analisar a evolução da presença feminina nos departamentos e na administração da FEA e avaliar qualitativamente a contribuição da mulher para a faculdade.
Pro
jeto
res
ga
ta
recu
rsos
hu
ma
nos
da
FE
A O PONTO DE PARTIDA FOI MOSTRAR A
EVOLUÇÃO DA PRESENÇA FEMININA NA
FEA. Afinal, era só observar as salas de
aula, os corredores e as áreas adminis-
trativas da FEA para notar que o cená-
rio havia mudado – e muito – nas duas
últimas décadas. A partir dessa obser-
vação, a professora Diva Benevides Pinho fez uma primeira
abordagem do tema no livro comemorativo dos 60 anos da
faculdade – FEA no Tempo –, lançado em 2006.
O projeto ganha fôlego agora com o levantamento com-
pleto dos recursos humanos da FEA, trabalho que está sen-
do executado com a colaboração da Assistência Técnica de
Comunicação e Desenvolvimento (ATC&D). “Vamos ana-
lisar a evolução da presença
feminina nos departamentos
e na administração da FEA
e avaliar qualitativamente a
contribuição da mulher para
a faculdade. O levantamento
vai permitir, porém, outras
abordagens e registrar a his-
tória da instituição. Os núme-
ros falam por si quando se faz
apuração de dados”, explica a
professora Diva.
O trabalho em andamento
consiste na análise das fichas
dos servidores ativos e inati-
vos que fizeram parte da FEA
de 1980 até hoje. Dados como
data de ingresso, função, alte-
rações de função que ocorre-
ram no período, afastamentos,
nomeações e designações para
cargos públicos importantes e,
no caso dos que saíram, a data
de desligamento e motivo.
O levantamento começa
em 1980 por uma razão: de
1946 até essa data, a história
da FEA com o registro de to-
dos os pro-
fessores e
Profa. Diva: novo projeto
mia e Administração
da Universidade de São
Paulo, 1946-1981, fez
parte da comemoração
do 35º aniversário da
FEA/USP e do 50º da
USP. Uma comissão
especial formada pelos
professores Laerte de
Almeida Moraes, An-
tonio Peres Rodrigues
Filho, Ruy Aguiar da
Silva Leme, Luiz de
Freitas Bueno, Milton
Improta e Dorival Tei-
xeira Vieira conduziu o
projeto, coordenado pela pro-
fessora Alice Canabrava, por indicação
do professor Sérgio de Iudícibus, diretor
da Faculdade de Economia e Adminis-
tração na época.
Com o título A Instituição, volume
I, é apresentada a perspectiva histórica
da Faculdade, dos Institutos e Funda-
ções, unidades de apoio e entidades
associativas de estudantes, incluindo-
se, ao final, os documentos oficiais da
instituição. Um artigo de Alice Ca-
nabrava analisa as condições sociais,
econômicas e políticas da Fundação
(págs. 7 a 33). Na terceira parte do
livro, no capítulo As Publicações, há
outros artigos de sua autoria. No vo-
lume II, Personália, encontram-se os
quadros da administração acadêmica,
corpo docente e discente, pesquisado-
res e corpo administrativo.
#13
Com isso, o projeto da professora Diva pode avançar. “A história é a base de tudo e pode nos dar subsídios para entender o que é a FEA hoje.”
funcionários está presente na obra História da Faculdade de
Economia e Administração da Universidade de São Paulo,
coordenada e organizada pela professora Alice Piffer Cana-
brava. Os dois volumes – A Instituição e Personália – foram
publicados em comemoração do 35º Aniversário da FEA/
USP e do Cinquentenário da USP, em 1984. “Eu tive o pra-
zer de participar desse trabalho e de escrever um dos capítu-
los. Com esse levantamento, vamos ter a base para registrar
a história da FEA de 1980 até os dias de hoje e ampliar para
outros ângulos como a pós-graduação. São três décadas de
história”, diz a professora Diva.
“Serão catalogados aproximadamente 240 servidores ati-
vos e 684 servidores inativos e/ou desligados da FEA. Cada
servidor pode ter de uma a até 20 fichas que serão digitadas
de acordo com o padrão estabelecido”, explica Roberta de
Paula, funcionária da ATC&D escalada para o trabalho.
Com isso, o projeto da professora Diva pode avançar. “A
história é a base de tudo e pode nos dar subsídios para enten-
der o que é a FEA hoje”, diz a professora Diva.
HISTÓRIA DA FEA
O lançamento da obra História da Faculdade de Econo-
Registros da história da FEA
#14
FEA FUNCIONÁRIOS
“Conheço todo mundo e procuro me dar bem com todos. Tenho vários ‘filhos’ aqui na FEA. Já me disseram que estou na profissão errada, que deveria ser psicóloga.”
Sim
pa
tia
na
hor
a d
o ca
fé
ELA CHEGA ÀS 5H50 DA MANHÃ, PRE-
PARA O CAFÉ DE TODOS OS FUNCIONÁ-
RIOS DA FEA, QUE INCLUI LEITE, CAFÉ,
PÃO E MANTEIGA E AINDA ORGANIZA
AS GARRAFAS TÉRMICAS DE TODAS AS
SALAS ADMINISTRATIVAS, BIBLIOTECA
E MANUTENÇÃO. “Não sei o número
certo, mas acho que umas 60 pesso-
as passam pela cozinha todo dia”, diz
Anay Fátima Lima, copeira da FEA-
USP há oito anos.
Enquanto o café da manhã é servido
(das 7h30 às 10h da manhã), ela faz a
higienização das garrafas que foram le-
vadas às salas no dia anterior. Às 10h, o
movimento acalma e começa a segunda
parte do dia: o preparo do café da tarde
que é entregue por ela nas salas da FEA.
São 35 litros de café preparados na parte
da manhã e 10 litros de leite. Na parte
da tarde, 28 litros de café. Só de açúcar
são usados 1,5 kg na parte da manhã e
1 kg na parte da tarde. Anay fica na FEA até
as 14h, sem intervalo, e depois vai para casa
cuidar das três filhas e do marido.
As dificuldades da função são mais físicas.
“É muito peso, é o braço que dói, a tendinite
que ataca. A outra copeira está afastada por
doença e eu sou a única copeira oficial da FEA.
É um trabalho gostoso, não é desgastante. Para
algumas atividades, conto com a ajuda da Fran-
cisca, terceirizada da Higilimp”, conta.
Por vontade própria, Anay fez um curso
de computação básica na FEA. “Fui atrás e
fiz. Foi bom porque ajudou na organização
dos estoques, já que aprendi a usar as ferra-
mentas básicas do computador”, conta. E fez
também um curso de inglês. Era a melhor alu-
na da sala. “Sempre foi meu sonho aprender inglês e tenho
facilidade, mas não tinha tido a oportunidade. Fiz isso por
mim”, conta. Anay também concluiu o ensino básico, depois
que entrou na FEA. “A FEA me proporcionou isso. Minhas
filhas me incentivam muito a começar algo novo, uma facul-
dade, por exemplo. Ainda não sei se irei fazer. Nunca digo
não a nada. Quem sabe? O que gosto daqui é ter essa liber-
dade de ação”, conta.
Mas Anay também é um pouco mãe, psicóloga e conse-
lheira. “Conheço todo mundo e procuro me dar bem com
todos. Tenho vários ‘filhos’ aqui na FEA. Disseram que estou
na profissão errada, que deveria ser psicóloga. Já conheço a
carinha de cada um que chega aqui, sei quando estão tristes
ou alegres, e muitas vezes me chamam de canto para desaba-
far alguma coisa”, diverte-se.
O segredo é manter o bom humor. “Eu particularmente
levo as coisas bem leve e acho que as pessoas gostam de
mim. Tem que ter jogo de cintura porque aqui lidamos com
muita gente, não dá para levar as coisas a ferro e fogo. E
uma coisa que não dá para mim é ser antipática e chata.
Não quero ser assim”, conta.
Para Anay, o segredo é manter o bom humor
vir para cá”, explica o professor. Cerca
de 3 mil alunos já fizeram o intercâmbio
pela CCInt. Na reunião de orientação
aos alunos que vão viajar, o professor
Riccio fala bastante da importância de
cada um lá fora, tanto para a imagem do
Brasil quanto para a imagem da FEA.
O professor Riccio é membro hono-
rário da CCInt de Psicologia da USP,
a convite da diretora da faculdade, a
professora Emma Otta. Foi convidado
para assessorar a faculdade a realizar os
convênios e para passar a experiência
da FEA para eles. “Já fizemos isso em
outras faculdades. Nossa experiência
ajuda muito e sou o único que lida com
isso aqui. É uma tarefa que desempenho
com prazer, pois é muito gratificante ver
os resultados desses convênios”, afirma
o professor Riccio.
#15
“Agora nossa meta é alcançar países como China, Rússia,Lituânia, países árabes e África do Sul.”
FEA CCInt
Em expansão O ANO DE 2009 FOI ÓTIMO PARA A CCINT-FEA E 2010 TEN-
DE A SER MUITO MELHOR. “Nós já estamos à frente de qualquer
faculdade do Brasil. Somos a faculdade com o maior número
de intercambistas estudando fora e também de intercambis-
tas que escolhem a FEA como destino. Agora nossa meta é
alcançar países como China, Rússia, Lituânia, países árabes
e África do Sul, por exemplo”, conta o professor Edson Luiz
Riccio, presidente da CCInt-FEA desde 1995.
São 15 anos de experiência, firmando convênios, com
características diferentes. A FEA mantém cerca de 100 con-
vênios com outras universidades e o número de estrangei-
ros que escolheram a faculdade para fazer intercâmbio au-
mentou de 112 (em 2008) para 127 (em 2009). Para 2010,
foram fechados novos acordos: European Business School
(Alemanha), Universität Konstanz (Alemanha), IE Busi-
ness School (Espanha), Université Paris-Sorbonne (Fran-
ça), Audencia Nantes Ecole de Management (França), IAE
Aix-en-Provence (França), Telecom Ecole de Management
(França), Arnhem Business School (Holanda), Laurea Uni-
versity of Applied Sciences (Finlândia).
A FEA tem também o acordo de duplo-diploma com a
Euromed Marseille-França, uma das mais importantes es-
colas de gestão da Europa, e está trabalhando para ampliar
essa modalidade. “Temos atualmente quatro alunos na Fran-
ça terminando o período de janeiro a dezembro. Para 2010,
apenas um aluno está a caminho. E aqui, temos um aluno da
Euromed participando de programa de duplo-diploma que
será concluído até julho de 2010”, conta o professor.
O processo de duplo diploma demora até dois anos para
ser concluído. Para essa tarefa, o professor Riccio conta com
a ajuda da professora Marici Sakata, especialista em educa-
ção, que cuida de todo o processo de estudo dos currículos,
sistema pedagógico e do curso em si.
O aumento do número de intercambistas de fora se deve
também à presença dos feanos no exterior. “Eles represen-
tam o Brasil lá fora e as pessoas acabam ficando curiosas em
Para professor Riccio, o programa será ainda melhor em 2010
oria do Desenvolvimento Econômico. Seus seminários sobre a
economia brasileira e teoria econômica têm despertado grande
interesse de alunos e professores, tanto pelos expositores con-
vidados como pelo fato de o professor Delfim combinar a visão
acadêmica com a experiência adquirida no exercício de cargos
públicos no país e no exterior.
FEA MIX
O principal desafio será aprimorar a qualidade do ensino de graduação e pós-graduação, buscando sempre a excelência na formação dos alunos.
#16
GENTE DA FEAUma publicação mensal da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo Assistência de Comunicação e DesenvolvimentoNOV/DEZ 2009_TIRAGEM 2.000 EXEMPLARES
Av. Prof. Luciano Gualberto, 908 Cidade Universitária - CEP 05508-900
Diretor da FEA CARLOS ROBERTO AZZONI
Coordenação GeralLU MEDEIROS
ASSISTÊNCIA DE COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA FEA-USP
Edição: PRINTEC COMUNICAÇÃO LTDA.
VANESSA GIACOMETTI DE GODOY – MTB 20.841ANTONIO CARLOS DE GODOY – MTB 7.773
Reportagem:DINAURA LANDINI E CAMILA BROGLIATO RIBEIRO
Projeto Gráfico: ELOS COMUNICAÇÃO E EDEMILSON MORAIS
Layout e Editoração Eletrônica: CAROL ISSA
Fotos:ISMAEL BELMIRO ROSÁRIO, MILENA NEVES
E ROBERTA DE PAULA
O NOVO REITOR
O professor João Grandino Rodas
assume no próximo dia 25 de janeiro a
Reitoria da USP. Foi o escolhido pelo
governador José Serra na lista tríplice
com os eleitos no segundo turno reali-
zado em 10 de novembro para condu-
zir pelos próximos quatro anos a mais
importante Universidade do país.
No documento em que formalizou sua candidatura –
Compromisso USP – destacava que o principal desafio seria
“manter e aprimorar a qualidade do ensino de graduação e
pós-graduação, buscando sempre a excelência na formação
dos alunos”. Com essa perspectiva em foco, o então diretor
da Faculdade de Direito elencava as frentes de ação: avalia-
ção continuada do ensino, melhoria da infraestrutura física e
ELEIÇÃO
computacional, análise da essência do ensino para ajudar na
formação do aluno como cidadão, além da aquisição das habi-
lidades profissionais.
João Grandino Rodas (63 anos) é um dos maiores espe-
cialistas do país em Direito Internacional, com passagem pelo
Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul, comando jurí-
dico do Itamaraty e presidência do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao Ministério
da Justiça. É graduado em Direito, Educação e Letras pela USP.
Fez mestrados em Diplomacia pela Fletcher School of Law and
Diplomacy, em Ciências Político Econômicas pela Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra (1970) e em Direito
pela Harvard University (1978). O doutorado em Direito foi
pela Universidade de São Paulo (1973) e, em 2006, foi nomea-
do diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
Prof. João Grandino Rodas
SALA ANTONIO DELFIM NETTO
A FEA homenageou o professor
emérito Antonio Delfim Netto com a
inauguração no dia 3 de dezembro, de
uma sala com o seu nome no FEA-2. O
evento contou com a presença dos eco-
nomistas Carlos Antonio Rocca e Otávio de Barros.
Após longo período de atuação na vida pública, no Executi-
vo e no Legislativo, e como embaixador do Brasil na França, o
professor Delfim Netto retornou em 2007 à FEA-USP, onde fez
sua carreira acadêmica, da graduação em Ciências Econômicas
à conquista do título de Professor Catedrático da cadeira de Te-
HOMENAGEM
Evento homenageou professor Antonio Delfim Netto