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Seminário Teológico Evangélico Congregacional
Gilvan Santana Santos Júnior
Refutação da Teoria Documental
João Pessoa
Maio ,2015
Seminário Teológico Evangélico Congregacional
Gilvan Santana Santos Júnior
Refutação da Teoria Documental
João Pessoa
Maio ,2015
Trabalho realizado para obtenção da
nota da disciplina de Introdução a Bíblia
sobre a teoria documental, do professor
Joelson Gomes.
Introdução
A teoria documental ou hipótese documentária tem um processo histórico de
desenvolvimento que passa por diferentes processos, começando em 1753 com à primeira
teoria documentária, passando pela hipótese fragmentária e as teorias suplementar e da
cristalização, depois a documentária modificada, e por último a atual teoria documentária.
No ano de 1753 Jean Astruc vai ler o livro de Gêneses e vai fazer uma distinção entre as
partes que o autor usa o nome “Elohim (E)” e as partes que usa “Javé (J)”, ele faz uma
divisão entre esses nomes que ficam visíveis no capítulo um e dois do livro. Astruc
começa a dar forma a uma teoria que vai ser desenvolvida ao longo de 126 anos, ele não
tinha ideia da dimensão que essa divisão iria tomar, pois ele não tirou a autoria mosaica
do pentateuco, mas o desenvolvedor posterior que Jean havia começado iria negar que
Moisés escreveu o pentateuco, o nome dele é Joham Gotrified Enchorn, conhecido como
o pai da Alta Crítica no Antigo Testamento, que em sua publicação de introdução ao
Antigo testamento em 1780 ele divide o livro inteiro de Gêneses em partes que usa (J) e
outras que usa (E).
O surgimento da hipótese fragmentária surge em 1800 com Alexander Geddes no
comentário ao Pentateuco, onde ele vai dizer que não há documentos contínuos no
pentateuco e sim uma junção de vários fragmentos que foram costurados uns aos outros
500 anos depois da morte de Moisés. Em 1805 Joham Vater que continuou com a hipótese
de Geddes vai dividir o pentateuco em 39 fragmentos colocando a costura dos mesmos
no período do Exílio.
De 1823 até 1852 vão surgir alguns livros que vão levantar uma nova hipótese que
descartar a fragmentação do pentateuco, dizendo que não havia uma união desordenada
de fontes e sim uma unidade em volta do documento (E) sendo que posteriormente ele
receberá suplementos de (J). Essa hipótese foi levantada por Heinrich Ewald, Fredrich
Bleek que defendeu não um pentateuco, mas sim um hexateuco, colocando Josué no meio
dos documentos e Fran Delitzsh que defendia que onde havia atribuições no texto dizendo
que era dele, realmente era dele, mas as demais eram de Eleazer. Essa teoria foi logo
substituída por outra, 22 anos depois pelo mesmo Ewald que a criou.
Ewald abandona a teoria suplementar e diz que não houve uma suplementação e sim uma
cristalização, com isso ele argumentou que não houve apenas um editor que acrescentava
suplementos e disse que foram cinco narradores que escreveu o pentateuco. Ele coloca a
composição durante um período de 700 anos e diz que deuteronômio era uma obra
independe pós-exílica, de 500 a.c.
A teoria vai ganhando forma final com Hermam Hupfeld quando em 1853, diz que não
havia cinco narradores e sim um antigo documento eloísta (P) combinado com o novo
documento eloísta (E). Foi com Hupfeld que surgiu uma ordem dos documentos sendo,
JPE, depois um redator colocou o D, Karl Graff reeditou a ordem colocando como PEJD,
e por último Abraham Kuenem argumenta que E é mais velho que P e mais novo que D,
ficando a ordem que seria aceita JEDP.
Por último dando a teoria documentária como é conhecida é a atual aceita por seus
defensores, sendo Julius Wellausem esse teórico que deu forma final. Logo abaixo um
gráfico desse desenvolvimento:
A forma final da teoria que ficou conhecido como de Graf-Wellausem ficou assim,
William S, Lasor, 1999:
É a narrativa javista que vai de Genesis 2 a Números 22-24 (Wolff). Outros atribuem a
morte de Moises registrada em Deuteronômio 34 a J. A fonte J foi compilada em Judá
entre 950 e 850 a.C. Essa fonte destaca a proximidade de Deus, muitas vezes em
linguagem antropomórfica, em que Deus e descrito em termos humanos. Ressalta a
continuidade do proposito de Deus desde a criação, passando pelos patriarcas, até o papel
de Israel como seu povo. Essa continuidade leva ao estabelecimento da monarquia com
Davi.
É a narrativa da tradição de Israel (o reino do norte) em paralelo com J. Destaca a
transcendência de Deus. Prefere Elohim como nome de Deus até a revelação de seu nome
Javé a Moises (Ex 3; 6); depois disso passa a empregar ambos os nomes para Deus. De
início, os estudiosos pensaram que E começasse com Genesis 15, mas definiram seu
início em Genesis 20. A maioria dos estudiosos localiza o ambiente de E no norte de
Israel, pois dispensa atenção especial a Betei, Siquem e as tribos de Jose, Efraim e
Manasses. Sua data está entre 750-700 a.C. As partes remanescentes desse documento
estão bem fragmentadas. Noth entende que esse fenômeno teria sido causado por algum
redator que incluiu em J material encontrado em E. Por essa perspectiva, e quase
impossível recuperar a fonte E.
Gilvan Júnior, Gráfico da história da teoria documentária, 2015
Primeira
Fragmentária
Suplementar
Cristalização
Modificada
Forma Final
1753 -1783
•Jean Astruc
•Joham Gottfried Enchorn
1800 -1805
•Alexander Geddes
•Joham Vater
1823 -1852
•Heirich Ewald
•Fredrich Bleed
•Franz Delitzh
1845 -1852
•Heirich Ewald
1853
•Herman Hupfeld
1869 -1876
•Karl Graf
•Abrahgam Kuenem
•Julius Wellausem
J
E
É a sigla empregada ou para textos em que e praticamente impossível separar as duas
fontes (note Javé Elohim, Senhor Deus, em Gn 2.4b- 3.24), ou em discussões de um texto dessas duas fontes em contraposição com materiais
da fonte sacerdotal. Essas fontes foram compiladas um século depois do aparecimento de
E.
Refere-se ao material que forma o núcleo do livro de Deuteronômio. O estilo desse livro e
bem característico: prosaico, prolixo, parenético (repleto de exortações ou conselhos,
“homilético”) e pontuado de frases estereotipadas. Sempre que esse estilo aparece no
Antigo Testamento e chamado deutoronomista. Ao(s) deuteronomista(s) e atribuída a
formulação da narrativa histórica de Josué a 2 Reis (veja cap. 9). No geral, essa fonte
pode ser considerada pregações a respeito da lei (von Rad.). Salienta a pureza do culto
num santuário central e exorta o povo a servir a Deus com o coração cheio de amor.
Alguns estudiosos postulam que o núcleo foi coletado e composto no início do século VII
a.C. Esse núcleo foi encontrado durante a reforma do templo no reinado de Josias (2Rs
22); provendo depois a direção pratica dessa reforma. O núcleo foi mais tarde ampliado e
por fim juntado a JE.
É uma narrativa histórica expandida com textos legais e outros materiais. Interessada na
origem e nos regulamentos das instituições de Israel, P destaca genealogias, leis
relacionadas ao culto, alianças, dias especiais como o sábado, plantas de edifícios para o
culto e procedimentos para sacrifícios e cerimonias. Ressalta a santidade, a soberania e a
transcendência de Deus, juntamente com o estabelecimento do verdadeiro culto de Javé
liderado pelos sacerdotes. Localiza o culto de Israel no contexto da criação (Gn 1).
Materiais mais antigos, tais como os rituais dos sacrifícios (Lv 1-7) e as leis de santidade
(Lv 17-26) foram implantados nesse documento. A fonte básica de P e muitas vezes
datada no meio do Exilio (c. 550 a.C.); e sua compilação final, um pouco antes do século
IV a.C.1
Pressuposições ou fatos?
Através da história e do desenvolvimento da teoria, podemos ressaltar que ela está
firmada apenas em pressuposições filosóficas, os formuladores não tinham ou ignoraram
as descobertas arqueológicas, não dando valor aos testemunhos da sua época, nem os que
hoje a defendem são sinceros em suas declarações, assim vale ao pesquisador ter
subjetividade em suas abordagens, submetendo a sua teoria aos fatos que são maiores do
que a hipótese, Josh Mc’Dowell cita o crítico radical W.R Harper, 2013:
Devemos lembrar que não se trata afinal de uma questão de opinião, mas de
fatos. O que qualquer crítico particularmente pense ou diga não tem
importância. É a responsabilidade de cada um que estuda esse problema
lidar com todos os pontos propostos e decidir por si mesmo se são ou não
verdadeiros.2
1 Introdução ao Antigo Testamento, p.p 12-12 2 Novas evidências que Demandam um Veredito, p.
D
P
JE
Ele também cita Kenneth Kitchen para dizer que os pesquisadores devem se
submeterem a controles externos e objetivos, “A prioridade deve sempre ser dada aos
dados tangíveis e objetivos e às evidências externas, acima da teoria subjetiva ou de
opiniões especulativas. Os fatos devem controlar a teoria, e não o contrário”3.
Logo abaixo Norman Geysle fez um gráfico para mostrar as pressuposições equivocadas
da crítica destrutiva que tem base no ceticismo, o gráfico mostra como a abordagem é
desonesta e parte de princípios infundados contra a verdade bíblica, Norman Geysle,
19994:
Critica positiva (construtiva) Crítica negativa (destrutiva)
Base Sobrenaturalista Naturalista Regra O texto e "inocente até que prove ser
culpado". O texto e "culpado até que prove ser inocente".
Resultado A Bíblia e completamente verdadeira, A Bíblia é parcialmente verdadeira Autoridade final Palavra de Deus Mente do homem Papel da razão
Descobrir a verdade (racionalidade) Determinar a verdade (racionalismo)
Refutação Arqueológica, Bíblica e inconsistências da Teoria
Com base nos fatos arqueológicos que serão apresentados, com as inconsistências da
teoria e com testemunho direto da bíblia ficará evidente o erro entre ficar com uma teoria
que não tem fundamentação sólida e a verdade do texto bíblico, assim diante de tais
prerrogativas será exposto os fatos que desmentem tal equívoco teórico e depois será
mostrado as inconsistências de tal teoria e por fim o testemunho bíblico como prova
fundamental da autoria de Moisés.
1. Achados Arqueológicos a favor da autoria Mosaica
De 1920 em diante a arqueologia encontrou vários artefatos, tabuinhas e outros materiais
que refutam várias das suposições da teoria documentária, como por exemplo, (1) a
evolução naturalista da religião de Israel, (2) que não havia escrita no tempo de Moisés,
(3) que o nível da lei moral é posterior a Moisés, (4) critério dos nomes. A ordem de
apresentação dos achados que contradizem a teoria será obedecida pela ordem que foi
enumerada acima.
a. A religião de judaica é evolução do politeísmo ao monoteísmo?
3 Ibid., p. 4 Enciclopédia Apologética. p. 116
O que eles dizem?
Os críticos da teoria documental fazem uma interpretação da religião de Israel partindo
de princípios evolucionista de Hegel que estava em alta no século XIX, com ceticismo no
mundo acadêmico que já predominava na época. Através da visão evolucionista
(naturalista) das religiões se supunha que as religiões passaram por um processo evolutivo
que vai da crença em espíritos e passa pelos estágios do manismo (crença em espíritos de
ancestrais), fetichismo (espírito em objetos), Totemismo (crença em um deus tribal), que
levaria a uma crença de vários deuses isso é politeísmo e por último o henoteismo, que
seria a crença em um Deus. Julius Wellausem coloca Israel dentro dessa teoria e diz que
a religião judaica passou de um processo que começa no animismo, vai para o
polidemonismo, e no monoteísmo que se destaca em ser ético implícito e explícito
universal, Josh Mc Doweel cita um supra citação de Orr do material de Abraham Kuenem
que escreve:
Àquilo que podemos chamar de regra universal, ou pelo menos comum, de que a religião
começa com fetichismo, evolui para o politeísmo para, em seguida, e não antes, chegar
ao monoteísmo – a forma mais elevada da religião – Israel não é nenhuma exceção5. (Josh
Mc’Doweel, 2013)
Resposta:
Para começar é notório que os princípios para se fazer uma crítica aqui, não parte dos
estudos da fonte e sim de uma teoria que vogava com grande pertinência na época, ela
dominava o campo acadêmico começando com as ciências naturais chegando a tomar
domínio nas ciências históricas e nos campos do conhecimento religioso e filosófico. É
imbuído do espírito da época e não de uma análise clara do texto que os formuladores da
suposta evolução da religião judaica chega a tal conclusão.
Dentro do campo da arqueologia, temos W.F Albright que por muitas pessoas foi
considerado um dos mais importante arqueólogo do mundo, descreve como era brilhante
filosoficamente a interpretação filosófica de Wellausem, e convincente ao ponto de
arrebatar o coração de vários acadêmicos bíblicos da sua época, mas ao mesmo tempo
isso se desenvolveu na infância da Arqueologia, Josh Mc’Doweel citando Albright:
“Infelizmente tudo isso se desenvolveu na infância da arqueologia e teve pouquíssimo
valor na interpretação da história”.
As descobertas da Arqueologia já demonstravam em 1940 que no terceiro milênio a.C. já
havia a crença em um Deus universal. Também tem provas que já em 1350 a.C. os
Egípcios adoravam chamado Aton, na babilônia consta evidências mais antigas de 1500
a 1200 a.C. que era o deus Marduque, isso relato está contido em um texto babilônico que
identifica as divindades babilônica com aspectos do deus Marduque. Influências
monoteístas também aparece na Síria e em Canaã no período do século XIV a.C. Gleason
Archer ciente desses fatos escreveu, “É fato inquestionável da história que nenhuma outra
nação (além das que foram influenciadas pela fé hebraica) desenvolveu uma religião
verdadeiramente monoteísta que obtivesse a lealdade geral de seu povo”.6
b. Não havia escrita no tempo de Moisés?
5 Ibid., p. 256 6 Panorama do Antigo Testamento. 2012, P.
O que eles dizem?
Não havia escrita no tempo de Moisés, então ele não poderia ter escrito o pentateuco.
Julius Wellausem disse: “O Israel antigo certamente não era desprovido de bases das
por Deus para a organização da vida humana; elas só não estavam estabelecidas por
Escrito”.
Resposta:
Estudos feitos por grandes arqueólogos como A. H Sayce, A.J Evans, Albright, Cyros
Gordon falam sobre as descobertas arqueológicas que servem como prova inquestionável
da escrita a um período bem anterior a Moisés. Escavações feitas em Ras Shamra, as
cartas egípcias, as inscrições do monte Sinai e o calendário de Gezes trazem confirmação
do tempo tardio da escrita. Em Ras Shamra, foram encontrados escritos cuneiforme em
datado de 1400 a.C. As cartas egípcias também se encontram em escrita cuneiforme o
fato de não está em hieróglifo destaca o contato próximo entre as duas escritas, no monte
Sinai foram encontradas inscrições em escrita pictórica tal achado prova a escrita
alfabética entre os cananeus já antes de Moisés, e por último o calendário de Gezer mostra
o quanto a escrita estava consolidada ao ponto de encontrarem um texto que seria um
“exercício de caligrafia” feito por uma criança.
Champlim traz uma refutação sintética da acusação dos críticos de que não havia escrita
ou Moisés não sabia escrever:
Arqueologia, que tem demonstrado que a arte da escrita surgiu muito antes da época de Moisés. Os
mais antigos documentos escritos de que se tem notícia têm sido escavados em áreas bíblicas, como o
local de Uruque (na Bíblia, Ereque; ver Gn 10.10), o que significa que Abraão poderia saber escrever,
para nada dizermos acerca de Moisés. E Moisés, proveniente das elites egípcias, sem dúvida recebeu
a educação necessária, como também diz a bíblia: e Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios.
O ugarítico foi a mais antiga língua semítica, e a escrita ugarítica, puramente alfabética e fonográfica
antecede ao hebraico bíblico por cerca de nada menos de mais de mil anos.7
c. A pressuposição da inexistência de tal nível moral e o segundo
mandamento
O que eles dizem?
Os documentaristas dizem que a lei moral e o nível social considerados a Moisés são
elevados de mais para existir em uma época que Israel estava sendo desenvolvida.
Eles também negam que o segundo mandamento é desse período, a alegação é feita com
base no fato deles acreditarem que os Israelitas adoravam imagem.
Resposta:
Várias descobertas arqueológicas desestimulara a continuação desse pressuposto. Millar
Brurrows: “Os padrões representados pelo código jurídico antigo dos babilônios, dos
assírios e dos hititas, bem como os altos ideais encontrado no Livro dos mortos do antigo
7 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v. 5, p. 198
Egito e na antiga literatura sapiencial dos egípcios refutam com eficiências esse
pressuposto
A alegação de que os Israelitas adoravam imagens e que o segundo mandamento foi
posteriormente acrescentado poderia ser provado se a arqueologia encontrasse imagens
de Javé, pelo contrário escavações feitas em Megido não encontraram nenhuma imagem
de Javé, é o que Josh Mc’Dowell fala citando Wright, fala sobre a diversidade de imagem
de deusas, e nenhuma imagem de uma divindade masculina, desse modo Mc’Dowell
conclui, “Muitos dos mal-entendidos são fruto da incapacidade de discernir entre as
“doutrinas oficiais” da religião de Israel e as “práticas reais” de alguns do povo”.8
Depois citando Wright: “São muito claras as evidências de que a proibição contra imagens
de Javé estava tão profundamente arraigada no Israel antigo que até os incultos e os
tolerantes entendiam que Javé não devia ser adorado desse modo”.9
d. O critério dos nomes
O que eles dizem?
Os documentaristas dizem que nomes divinos na ordem JEDP pressupões diferentes
autores ou editores, Desse modo a fonte J teria usado o nome Yahweh (Javé), e da
mesma forma a fonte E usou para Elohim.
Resposta:
O maior absurdo literário da teoria documentária é o uso dos nomes divinos como
critério de divisão de fontes, pois em culturas antigas era comum o uso de diferentes
nomes para uma mesma divindade, Champlim, responde de forma sintética:
Contra esse argumento, pode-se mostrar que a fonte j também [em empregou o nome Elohim, e que a
fonte E também empregou o nome Yahweh. Em réplica, os críticos dizem que editores posteriores é
que misturaram os nomes, e que essas misturas não são muito frequentes. No entanto, a arqueologia
tem demonstrado que nas culturas mesopotâmicas, o uso de vários nomes divinos para uma única
divindade era um fenômeno comum. Seria realmente de estranhar se isso também não tivesse sido
feito pelos autores bíblicos. Assim sendo, o uso predominante de algum nome divino talvez tenha
sido uma questão de mera preferência pessoal, e não que algum nome divino específico fosse o único
nome conhecido e empregado por algum autor sagrado. O deus artífice ugarítico (adorado mais ou
menos na época de Moisés) tinha um nome duplo, Kothar wa – Khasis; e o Deus dos hebreus poderia
ter sido chamado tanto por Yaweh quanto por Elohim, nos dias de Moisés. 10
2. Inconsistências da teoria
Existe um sério preconceito em relação a bíblia dos críticos da teoria documental, pois
colocada uma comparação com a forma como eles fazem a crítica da bíblia e como eles
fazem a crítica de outros materiais a disparidade do preconceito em relação a bíblia é
enorme, diante desse fato, vamos ver a desonestidade acadêmica.
8 Novas evidências que determinam um veredito, p.760 9 Ibid., p.760 10 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v. 5, p.198
Josh Mc’Dowell trabalha três pontos como regras básicas, para um estudo das
escrituras, que são: 1. Abordar as escrituras hebraicas como se aborda qualquer outra
obra literária antiga – harmonicamente; procurar te 2. Procurar a mente aberta (isso é,
não ficar preso a subjetividade da teoria negando o fato)]; 3. Submeter-se a controles
externos e objetivos (isso é, dar prioridade a dados tangíveis e objetivos acima da teoria
subjetiva ou de opiniões especulativas).
Quando ignoradas ele diz:
Embora muitos os ignorem ninguém pode negar de modo convincente que os princípios válidos para
o estudo da história e da literatura oriental antiga devem ser aplicados à história e à literatura do Antigo
Testamento. Da mesma forma, os princípios notadamente falsos aplicados à literatura e à história do
antigo oriente Próximo não devem ser aplicados à literatura e à história do Antigo Testamento.11
Diante desses fatos, será apresentado algumas inconsistências associadas em se utilizar
abordagens críticas diferentes apenas para bíblia e não para qualquer outro material.
2.1 Os autores hebraicos são os mais incapazes dos escritores?
Os autores hebraicos são as pessoas mais incompetentes do mundo, e tem uma
deficiência de empregar diferentes nomes para Deus, com isso eles dividem o
pentateuco em vários autores, se essa abordagem fosse adotada em qualquer outra
literatura não faria sentido algum, como por exemplo dividir as obras de Platão, ou
Aristóteles, pelo critério de o autor usar diferentes nomes para alguma coisa, por
exemplo, Gleason Archer diz:
Os documentaristas pressupões que os autores hebraicos são diferentes de quaisquer escritores
conhecidos em toda a história da literatura pelo fato de só eles não possuírem capacidade de empregar
mais que um nome para Deus; mais que só estilo de escrita, seja qual for a diferença no assunto tratado;
mais que um entre vários sinônimos para a mesma ideia; mais que um tema típico ou círculo de
interesse. Segundo essas teorias, um autor único como John Milton não poderia ter escrito poemas de
alegria como L’Allegro, elevada poesia épica como Paraíso perdido, e ensaios em prosa viva e brilhante
como Areopagita. Se tivesse sido hebreu antigo, decerto suas obras já teriam sido mutiladas na hipótese
das fontes múltiplas ABC!12
a. A negação da historicidade bíblica pela pagã
Os críticos negativistas usam uma abordagem desproporcional, quando consideram
qualquer outro material como histórico e a bíblia como se não servisse para mais nada a
não ser contradizê-la. Quando colocado com um texto pagão esse prevalece em qualquer
abordagem, e a bíblia só é aceita quando se encaixa na teoria.
A negação da historicidade é evidenciada pelo fato de que achados como: a existência
dos Hititas, dos horreus, Ur dos Caldeus e Beltsazar eram considerados como inexistentes
11 Novas Evidências que determinam um veredito, p. 12 Panorama do Antigo Testamento, p.
porque só possuía relatos bíblicos de que eles haviam existido, e só consideraram
verdadeiro o relato depois dos achados arqueológicos, contudo quando só tinha o
testemunho bíblico era desprezado.
O fato de dizer que a bíblia é um livro religioso e por isso não merece credibilidade é um
argumento muito fraco. Os povos da antiguidade a maioria dos seus relatos históricos são
livros religiosos, mas mesmo assim não é negado seu testemunho, como é negado o da
bíblia.
b. Só a bíblia não pode ter narrativas duplicadas?
As literaturas semíticas antigas contêm várias duplicações, do mesmo escritor, pois essa
era uma técnica de narrativa da época, os achados arqueológicos comprovam essa forma
antiga de escrever, mas diante de todos esses fatos só a literatura hebraica que não pode
ser escrita de forma que haja repetições ou reduplicações sem expor uma autoria diversa
c. Se acham mais precisos do que os autores bíblicos
Os documentaristas, pressupões que são mais precisos do que os autores bíblicos, de tal
forma que Wellausem vai tentar chegar a formular como era o testemunho oral daquele
povo.
Supuseram, além disso, que estudiosos vivendo 3400 anos após o evento pudessem (em grande
em parte com base em teorias filosóficas) reconstruir com mais segurança a ordem dos
acontecimentos da época do que os próprios autores antigos (que viviam em 600 ou 1000 anos
daqueles eventos, mesmo pelas datas avançadas que os próprios críticos apresentam).13
d. Quem venceria no tribunal: Os documentaristas ou os defensores da
Bíblia:
Diante de todas as inconsistências da teoria, Gleason Archer, diz que se tudo isso fosse
colocado diante de um tribunal e os críticos fossem os promotores e nós os advogados
de defesa e se seguissem as regras de direito, nunca os críticos conseguiriam condenar a
Bíblia, e conclui dizendo:
Há tantas alegações forçadas para pleitear a causa, tantos argumentos em círculo, tantas deduções
questionáveis tiradas de premissas não substanciadas, que é absolutamente certo que sua
metodologia nunca subsistira em um foro jurídico. Quase nenhuma das leis de evidência que se
respeitam em procedimentos legais é obedecida entre os arquitetos da teoria documental. Qualquer
advogado que procurasse interpretar um testamento ou estatuo ou escritura de transferência de
propriedade pela maneira estranha irresponsável desses críticos da fonte do Pentateuco, logo veria
sua causa rejeita pela corte.14
3. Testemunho Bíblico
13 Ibid., p. 14 Ibid.,
Por último depois de levantar uma abordagem arqueológica e de inconsistências vamos
analisar o que a bíblia diz sobre a autoria do pentateuco.
Outro método para analisar a autoria é retirando elementos, geográficos, históricos,
linguísticos do texto, para comparar com o período e época que tais características eram
comuns.
3.1 Reconhecido pelos demais livros como de Moisés
O pentateuco não vem com o nome do autor, mas várias referências do próprio texto
remete a autoria a Moisés, como por exemplo, em partes que Deus manda ele escrever,
fatos históricos (Ex 17.14; Nm 33.2), leis ou trechos de códigos de leis (Ex 24.4; 34.27s.),
e um poema (Dt 31.22). E não apenas no pentateuco, mas também no resto da bíblia é
visto esse reconhecimento a Moisés, William Lasor, 1999:
(1) Livros pós-exílicos (Crônicas, Esdras, Neemias, Daniel, etc.) referem- se com muita frequência
ao Pentateuco como um texto escrito com autoridade; todos recorrem aos códigos do Pentateuco.
Aqui ocorre pela primeira vez a expressão “livro de Moises”.
(2) Livros intermediários (i.e., os livros históricos do pré-exilio: Josué, 1- 2 Samuel, 1-2 Reis)
referem-se muito raramente a atividade literária de Moises. Todas as referências são a
Deuteronômio.
(3) Livros anteriores (i.e., os profetas do pre-exilio) não trazem tais referências. Isso indica que a
tradição e crescente. A ligação com Moises e estendida de algumas leis para todas as leis e, depois,
para todo o Pentateuco.8 O crescimento continuo da tradição e visto nas frequentes referencias do
Novo Testamento a todo o Pentateuco como a “lei” ou o “livro de Moises” (Mc 12.26; Lc 2.22;
At 13.39) ou simplesmente “Moises” (Lc 24.27) e a todo o Antigo Testamento como “Moises e os
profetas” (16.29).15
3.2 Análises de evidências internas do Pentateuco
A análise feita foi retirada do texto de Gleason Archer, que utiliza um método de apuração
características da época com o objetivo de datar a composição e determinar o autor.
Gleason Archer, “Anotando-se alusões incidentais ou casuais aos eventos históricos
contemporâneos, a assunto em pauta na época, às condições geográfica ou climática, à
flora e fauna então prevalecentes, às indicações de participação do autor como a
testemunha ocular”16
Ele conclui que seu método vai chegar ao seguinte resultado:
Julgando pelas evidências internas do Pentateuco e de seu texto, somos levados à conclusão de
que o autor tinha residido originalmente no Egito (e não na Palestina), que era testemunha ocular
15 Introdução ao Antigo Testamento, p.9 16 Panorama do Antigo Testamento, p.
do êxodo e da peregrinação no deserto, que possuía altíssimo grau de educação, cultura e perícia
literária. Não há ninguém que se conforme com essas qualificações de forma tão exata quanto
Moisés, filho de Anrão. 17
Evidência interna do Testemunho ocular:
A escrita do pentateuco evidencia que o autor estava participando ativamente dos
relatos, sendo assim ele estava vendo os acontecimentos no momento presente que esses
se passavam. Textos como Ex 15.27 o autor numera de maneira completa o número de
fontes de água (doze) e de palmeiras (setenta) na localidade de Elim. Em Nm 11.7,8 é
registrado o como era o maná e o seu gosto. Esse tipo de informações só pode ser dado
por alguém que viveu no período descrito e dificilmente alguém que viveu séculos
depois traria essas informações com tanta precisão.
Evidência interna do conhecimento detalhado da época:
Nos escritos de Gênesis e de Êxodo o autor traz com tanta precisão os nomes egípcios
que deve-se ser considerado que ele conhecia muito bem a região:
O autor conhece nomes egípcios, tais com On como o nome nativo (‘wnw em hieróglifos) de
Heliópolis; Pitom, por Pr-;tm (casa de Atum”, um deus); Potífera, de P;-d’-p;-R’ (“Arqueiro de
Rá” ou o “deus sol”); Asenate, por Ns-N’t (“Favorita de Neite”. Uma deusa), esposa de José;
Moisés, por Mw-s; (Filho das águas) ou possivelmente uma fora forma curta de Tutmés de Ahmés
(em que os súditos egípcios muitas vezes recebiam nomes de acordo com o faraó reinante). O título
de honra especial concedido a José pelo faraó: Zaphenathpa’neah.18
O autor não era de Canaã:
É visível na narrativa dos textos do pentateuco que o autor não era residente da palestina
e sim do Egito, por exemplo: As estações do ano no texto são egípcias; As plantas e os
animais que são mencionadas são egípcias ou sinaítica e nunca palestino. Gleason
descreve a flora e a fauna característica de cada região:
A sitim ou acácia é originária do Egito e da península do Sinai, mas nunca da Palestina (exceto na
praia inferior do mar Morto. As peles a ser empregadas como cobertura exterior do tabernáculo
teriam que ser peles de tahas (Ex 25.5; 36.19), esses “animais marinhos” como texugos que se
acham nos mares adjacente ao Egito e ao Sinai, mas são desconhecidos na Palestina. As listas de
17 Ibid., p. 18 Ibid., p.
aves e animais puros e impuros em levítico 11 e Deuteronômio 14 incluem alguns que são
específicos do Sinai. 19
Ele faz a ressalva que: “Em todos esses casos específicos, é claro, deve-se lembrar que a
distribuição de animais tende a ser mais restrita na passagem do tempo”20.
E a comprovação arqueológica a favor de tal evidência:
Geograficamente: A narrativa do caminho do Êxodo está repleta de referências locais autênticas
que foram verificadas pela arqueologia moderna. Mas a geografia da Palestina é comparativamente
desconhecida a não ser pelas tradições dos patriarcas (nas narrativas de Gênesis). Mas, mesmo em
Gêneses 13, quando o autor quer transmitir aos seus leitores alguma impressão do verde luxuriante
da planície do Jordão, chegando até Zoar, compara-a Á “terra do Egito”21.
Evidência interna dos costumes arcaicos:
As descrições dos costumes narrados em Gêneses demonstram o quanto o autor era de
um período antigo, pois a existência desses costumes data de um período do segundo
milênio a.C., que se perdeu no primeiro milênio, ibid.:
Em particular nos documentos legais de Nuzi (onde foram descobertos), datando do século XV
a.C., há referências ao costume de gerar filhos legítimos por intermédio de servas (como Abraão
fez com Hagar); a validade de um testamento oral no leito de mor (como aquele de Isaque para
Jacó); a importância de possuir os terafins da família para reivindicar a herança (a razão de ser do
furto dos terafins, ‘os deuses’ ou ídolos do lar, da parte de Raquel, em gn 31). De outras fontes,
vem a confirmação da exatidão histórica da transação descrita em Gênesis 23, pela qual Abraão
comprou a caverna de Macpela.22
Conclusão
Depois das abordagens arqueológicas, das inconsistências, e do testemunho bíblico, do
presente trabalho, chegamos apenas a uma conclusão. Todas as evidências que pode ser
considerada está a favor da bíblia, sempre que foi considerada uma abordagem a autoria
sempre recaiu na mão de Moisés, assim ficamos com as palavras de H.F Hahn:
Ao passar em revista as atividades do campo de crítica do Antigo Testamento no decurso do último
quarto de um século, revelou-se um caos de tendências em conflito, produzindo resultados
19 Ibid., p. 20 Ibid., p.132 21 Ibid., p.133 22 Ibid., p.133
contraditórios, criando-se uma impressão da ineficácia desse tipo de pesquisa. Parece inevitável a
conclusão de que a alta crítica já há muito passou do tempo da realização construtiva”.23
E terminamos com as palavras de W.H Albriht, determinando a ilegitimidade da teoria:
O conteúdo de nosso Pentateuco e, em geral, muito mais antigo que a data em que finalmente foi
editado; novas descobertas continuam a confirmar a exatidão histórica de sua antiguidade literária,
detalhe após detalhe. Mesmo quando e necessário pressupor acréscimos posteriores ao núcleo
original de tradição mosaica, esses acréscimos refletem o crescimento normal de instituições e
práticas antigas ou o esforço de escribas posteriores para preservar ao máximo possível as tradições
existentes acerca de Moises. E, por conseguinte, puro excesso de crítica negar o caráter
substancialmente mosaico da tradição do Pentateuco.24
23 Ibid., p.96 24 Novas evidências que Demandam um Veredito, p.762
Referências Bibliográficas
LASOR, William et al. Introdução ao Antigo Testamento. trad. Lucy Yamakamy. São Paulo:
edições Vida Nova, 1999
MCDOWELL, Josh. Novas evidências que Demandam um Veredito. São Paulo: Hagnos, 2013
ARCHER JR., Gleason. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: edições Vida Nova, 2012
GEYSLE, Norman. Enciclopédia Apologética. São Paulo: edições Vida Nova, 1999
CHAMPLIM, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vol. 5. trad. João Marques,
São Paulo: Hagnos, 1994