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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
O LÚDICO EM SALA DE AULA
Por
Márcia Rodrigues Basílio
Orientadora: Mary Sue
RIO DE JANEIRO 2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
O LÚDICO EM SALA DE AULA
Trabalho apresentado no requisito parcial para obtenção do grau especialista em Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedago-gia, pelo Projeto Vez do Mestre.
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AGRADECIMENTOS
Acima de tudo, a Deus, o Autor da vida , que me tem ensinado de Seu Amor, através do Seu Filho Jesus Cristo, o Único e Verdadeiro Caminho que nos conduz até o Pai.
Ao meu amado marido e amigo Cláudio, pelo seu grande amor e incentivos constantes em minha vida. Te amo!
Aos meus preciosos filhos Davi e Daniel, pelo amor, carinho e sorrisos diários, que me dão força para PERSEVERAR. Amo vocês!
À minha irmã e amiga Marisa, pela alegria de tê-la grávida ao meu lado, me apoiando e me encorajando na realização do curso de Psicopedagogia.
À amiga Fernanda, pelo apoio especial na confecção dessa monografia, sempre com grande disposição.
À orientadora Mary Sue, que, com seu jeito meigo, foi auxiliando no desenrolar desse trabalho.
A todos os meus amados irmãos em Cristo, pela alegria de sermos uma grande família e podermos ter a liberdade de nos expressar e conversar, e que nos fortalecem continuamente para superarmos as dificuldades da vida.
Obrigada!
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DEDICATÓRIA
Ao meu pai Sebastião, que infelizmente faleceu em 2003, deixando
grandes saudades. À minha mãe Vera, que sempre me ajuda e me apóia com os netos. À minha preciosa famíla: meu marido Cláudio e meus filhos Davi e
Daniel, pela alegria de quererem sempre retornar ao lar e estarmos simplesmente juntos.
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“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver AMOR, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar os montes, se não tiver AMOR, nada serei... O AMOR é paciente, é benigno; o AMOR não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo epera, tudo suporta. O AMOR jamais acaba.”
I Coríntios 13:1-8
Bíblia Edição Revista e Atualizada
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RESUMO
A sociedade mudou muito no decorrer dos anos.
A educação das crianças, que tradicionalmente cabia aos pais, hoje
está sendo dividida com a escola.
Diante deste quadro, vamos analisar como ajudar e estimular uma
criança que inicia sua vida escolar tão cedo, onde através de uma educação
lúdica, podemos envolver a criança e fazer um elo entre o mundo
inconsciente, onde desejaria viver, e o mundo real, onde precisa conviver,
facilitando assim a assimilação do conteúdo pedagógico.
No mundo infantil o espaço lúdico é essencial. O período em que
estamos na sala de aula precisa ser mágico e nesse momento onde
conseguimos criar o encantamento necessário para que a criança se sinta
apaixonada pelo instante em que vive na escola, estamos proporcionando
um ambiente afetuoso necessário para envolvê-la.
Veremos de que forma o prazer de aprender ludicamente mudará o
rumo da relação ensino-aprendizagem.
Trabalhando o ser de forma total, podemos favorecer o seu
desenvolvimento integral. Proporcionando condições para que ele construa
seu conhecimento e seu processo de aprendizagem ao longo de sua vida.
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METODOLOGIA
Baseado em consultas bibliográficas através de pesquisas de vários
importantes autores na área de educação este trabalho monográfico foi
elaborado.
Considerando a bibliografia e a experiência pessoal em instituições de
ensino particulares e públicos, nas quais lecionei, esta monografia tem por
objetivo esclarecer e conscientizar os pais e profissionais da área de
educação infantil quanto à educação lúdica na sala de aula. É
importantíssima no desenvolvimento infantil a aplicação de jogos e
brincadeiras como fonte estimuladora.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA 12
CAPÍTULO II
A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DO JOGO E DA BRINCADEIRA 20
CAPÍTULO III
ESPAÇO LÚDICO DE EDUCAÇÃO E LAZER 29
CAPÍTULO IV
PAPEL IMPORTANTE: O PROFESSOR COMO MEDIADOR 34
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 41
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INTRODUÇÃO
A educação lúdica está longe de ser um passatempo ou uma diversão
superficial, ela é uma ação inerente na criança, que tem como meio natural
de auto-expressão, o brincar.
Através da brincadeira, a criança cria uma ponte do imaginário para o
real e manipula a realidade. Ao brincar, ela explora suas emoções, cria as
hipóteses necessárias para o entendimento do que antes lhe parecia tão
difícil. É necessário que se conheçam as necessidades do desenvolvimento
infantil para proporcionar as oportunidades de que nossas crianças
necessitam.
Os jogos e brincadeiras devem estar inseridos no cotidiano escolar, e
proporcionar condições favoráveis para que se promova a construção do
conhecimento integral do educando, levando em conta seus interesses,
suas necessidades e o prazer de ser sujeito ativo desta construção. A
atividade lúdica deve contribuir no processo de aprendizagem e não ser,
simplesmente um ato isolado, sem finalidade pedagógica.
O alvo da minha atenção para o presente estudo será a educação
infantil, onde nesta fase da vida da criança está a base de sua personalidade
e que através de situações de experiências e vivências, ajudará na formação
de suas estruturas mentais, sua auto-imagem positiva, seu desenvolvimento
corporal e o início de sua socialização. Assim sendo, quanto maiores forem
as oportunidades de trabalho, descobertas, manipulações e construções que
possam ser oferecidas às crianças, maiores serão as chances de um
desenvolvimento harmonioso e compatível com suas possibilidades,
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especialmente atividades que envolvam o lúdico para facilitar a
desencadear uma aprendizagem prazerosa e significativa.
Dirijo esse trabalho a pais, professores, coordenadores, educadores em
geral da área de educação infantil que batalham por uma educação melhor e
diferenciada, olhando para os nossos pequeninos como indivíduos que, no
auge de suas potencialidades, são capazes de aprender brincando.
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CAPÍTULO I
12
A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Na educação, o sonho é o início de tudo e acreditar nele é o que nos
permite “o fazer” em educação.
De acordo com Piaget, o desenvolvimento da inteligência está voltado
para o equilíbrio; a inteligência é adaptação. Desta forma podemos
entender a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.
Através da brincadeira, a criança se apropria de conhecimentos que
possibilitarão sua ação sobre o meio em que se encontra.
A brincadeira de faz-de-conta é extremamente importante pois
possibilita o entendimento do mundo que a cerca. A criança é capaz de
pegar várias caixinhas de fósforos e brincar imaginando serem carros que
estão na rua; e até colocar sua boneca que projeta andar numa suposta
calçada. A imitação que dá origem à imagem mental através de cenas já
interiorizadas é chamada de jogos simbólicos. Por intermédio dos jogos
simbólicos, a criança irá adquirir a linguagem convencional. Assim, por
meio das brincadeiras e dos jogos simbólicos a linguagem vai se
estruturando. A criança começará a trabalhar com suas imagens mentais e
estas, segundo Piaget, são os primeiros elementos de articulação entre ação
e pensamento. A brincadeira assume caráter importante para aquisição do
código de linguagem e para a organização do pensamento. É necessário
fornecer vários estímulos para que a criança possa relacionar os objetos que
a cercam com seus nomes propriamente ditos e criar suas imagens mentais.
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Vygotsky entende a brincadeira como uma atividade social da criança
e através desta a criança adquire elementos imprescindíveis para a
construção de sua personalidade e para compreender a realidade como
sendo um processo de uma atividade social infantil. Vygotsky também
atribui uma grande importância ao ato de brincar, pois para ele a criança se
inicia no mundo adulto por meio da brincadeira e pode antever os seus
papéis e os seus valores futuros. Por meio da brincadeira a criança vai se
desenvolver socialmente, conhecer as atitudes e as habilidades necessárias
para viver em seu grupo social. A imaginação vai ajudar a expandir suas
habilidades conceituais. Na sua função imitativa, a criança aprende a
conviver com as atividades culturais. Usando a brincadeira, ela estará
estimulando o seu desenvolvimento, aprendendo as regras dos mais velhos,
onde através da simples brincadeira de papai e mamãe, por exemplo, a
criança imita o seu cotidiano, reproduzindo a realidade.
Criar desafios para a inteligência da criança, levando em consideração
seus interesses e suas necessidades é importante para a construção do seu
conhecimento.
O processo ensino-aprendizagem depende muito da motivação do
educando. Considerar as suas necessidades e os seus interesses,
oferecendo-lhe situações para incentivar sua participação nas atividades
propostas, favorecerá grandemente as suas capacidades de:
• Construção do conhecimento;
• Formação de idéias próprias e originais sobre os fatos;
• Expressão e criação de forma convicta.
Todos os fatores irão favorecer a formação integral da personalidade
da criança. Podemos definir um dos objetivos de ensinar brincando:
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Proporcionar condições favoráveis para que se promova a construção
do conhecimento integral do educando, levando em conta seus interesses,
suas necessidades e o prazer de ser sujeito ativo desta construção.
No âmbito da Educação podemos notar que não existe um conceito
pré-estabelicido entre os professores, de formação e informação, no que diz
respeito à criatividade. Como sendo ele, o professor, quem exerce o papel
de mediador no processo ensino-apredizagem, vai conduzir seu aluno ao
crescimento e desenvolvimento de suas habilidades criativas.
Sobre o papel desafiador do professor, afirmou Alessandrini (1994,
pg.23) :
“Aprendemos quando adquirimos conhecimento. Situações de
aprendizagens desafiadoras geram no indivíduo a necessidade interna básica de, talvez, romper com seus próprios limites enquanto movimentos em busca do novo. Por vezes, essa experiência vem acompanhada de sensações, sentimentos e emoções com alegria e prazer, ou dor, incômodo e conflito. As dinâmicas da psique atuam constantemente na elaboração e aprendizagem decorrentes dessas situações.”
O processo criativo possibilita ao homem realizar uma nova
combinação daquilo que já existe, sem que esta seja apenas uma
reorganização do velho, mas que possibilite efetivamente a emergência de
uma nova estrutura mental.
Assim podemos constatar que a aprendizagem desenvolvida
criativamente, pode favorecer ao indivíduo a elaboração de suas
habilidades cognitivas de forma mais completa, levando-o a adaptar-se e a
ser criativo na vida.
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Cabe ao professor, a função de desenvolver a imaginação da criança,
levando-a a recombinar e produzir a novidade através de sua própria
criatividade, onde durante esse processo de criação, o intelecto e o
sentimento da criança entram em harmonia e ela abraça o mundo com
renovado vigor.
Vivemos em uma época de inúmeras mudanças, exigências e desafios.
Precisamos preparar os sujeitos, nossos alunos, para questionar, mudar e
criar, onde para termos alunos motivados, é preciso ter uma escola criativa.
Observamos também, um consenso crescente quanto à importância de
se oportunizar em condições mais favoráveis ao desenvolvimento da
criatividade. Nesse sentido, poder-se-ia lembrar o que, já em 1959, Rogers
ressaltava:
“Eu insisto em que há uma necessidade social desesperada dos comportamentos criativos por parte dos indivíduos... Em um tempo em que o conhecimento, construtivo e destrutivo, está avançando de forma acelerada em direção a uma era atômica fantástica, uma adaptação genuinamente criativa parece se apresentar como a única possibilidade para o homem manter-se à altura das mudanças caleidoscópicas de seu mundo...”
A importância de se criar um espaço maior para a fantasia e para o
jogo imaginário tem sido apontada como fundamental para o
desenvolvimento psicológico da criança.
O desenvolvimento infantil precisa acontecer de forma global, nas
diferentes áreas, para que possa haver o equilíbrio entre elas. É necessário
que se desenvolva as áreas: Cognitiva, Psicomotora e Afetiva. É importante
destacar essas três áreas, para não deixarmos de lado os aspectos
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psicomotores e o aspecto afetivo, em favor do aspecto cognitivo, pois se
uma área estiver sendo mais desenvolvida em detrimento de outra,
certamente esse desequilíbrio acarretará uma desorganização do indivíduo,
em sua dimensão global. Como mediadores do processo ensino-
aprendizagem, precisamos estar atentos para propiciar meios para favorecer
este desenvolvimento.
Um dos grandes problemas que nós, educadores, sofremos é o de não
saber como incentivar nossos alunos. Como levá-los a se sentir motivados
para participar ativamente do processo de aprendizagem? O essencial para
resolvermos essa questão é não esquecermos que hoje, nossos alunos são
sujeitos questionadores. Não conseguem mais engolir os conteúdos sem
perguntar o por quê, ou principalmente, para quê estão aprendendo
determinados assuntos!
Portanto, cabe ao professor preocupar-se com o modo pelo qual a
criança aprende, muito mais do que com o modo pelo qual ele vai ensinar.
Cientes de que precisamos buscar meios para tornar eficiente e
atraente a relação ensino-aprendizagem, precisamos fazer com que os
conteúdos programáticos tenham aplicabilidade prática. Temos de
relacionar alguns conteúdos com vivências, de forma que as crianças
possam desenvolver algumas potencialidades, descobrindo aplicações para
o que precisam aprender.
Garantir o espaço para o desenvolvimento da criatividade é essencial!
Devo ressaltar que a brincadeira é o meio natural de auto-expressão da
criança.
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Quando o indivíduo encontra uma barreira que torna mais difícil para
ele conseguir a completa realização de si mesmo, é formada uma área de
resistência, atrito, tensão.
Um sentimento de amizade e calor humano por parte do professor
estabelecerá esse tipo de contato entre a criança e ele, e parecerá
individualizar o ensino, apesar das outras crianças. O professor que tem a
reputação merecida de nunca ter sorrido dentro de uma sala de aula, ou de
nunca ter se desviado do plano que tem nas mãos, é digno de pena e não
poderá nunca ser chamado de um educador. É em uma atmosfera assim,
tensa e rígida que nervos jovens explodem e geram-se tempestades
emocionais.
O professor que procura estabelecer uma boa saúde mental, cria
amizade e calor humano em relação a todos e a cada um de seus alunos. O
professor aceitará cada criança exatamente como ela é. O professor deve
estabelecer um sentimento de permissividade em seu relacionamento, de
modo que a criança se sinta livre para exprimir os seus sentimentos e para
ser ela mesma. Educadores progressistas reconheceram o valor da
libertação dos sentimentos da criança através de alguma forma tangível:
pintura, escultura em argila, massinha, escrita criadora, música, dança,
teatro e dramatização improvisada. Todos esses meios são empregados
como liberadores dos sentimentos da criança.
Não é possível separar o aprendizado da vida. A criança é um ser
dinâmico e cheio de força. Não deve ser colocada em uma redoma. Dê a ela
a oportunidade de agir como um indivíduo. Dê a ela a liberdade,
responsabilidade e sentimento de que possa ter sucesso.
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O indivíduo deve ser considerado uma pessoa digna de respeito, a
quem deve ser dado a oportunidade de desenvolver-se até atingir sua
máxima capacidade.
O crescimento é um processo gradativo, que não pode ser imposto por
forças que venham de fora, mas pode ser incentivado por pais e educadores
que olhem para os pequeninos com olhos que vêem além, que acreditem,
que declarem e estimulem, afirmando que a criança é capaz de conseguir,
de transformar, de modificar, de melhorar....de ser feliz!
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CAPÍTULO II
20
A FUNÇÃO PEDAGÓGICA DO JOGO E DA
BRINCADEIRA
Não existe uma teoria aceita universalmente para “jogo”, pelo motivo
deste ter se tornado objeto de estudo e analisado sob todos os prismas,
passando a ser definido de formas diferentes, todas as teorias discutidas
visam apenas o entendimento do comportamento lúdico. Diversas
explicações foram dadas a respeito da razão pela qual o jogo acontece e
quando ele deveria ser aplicado. Mesmo assim, no processo educacional a
utilização de jogos é sugerida como facilitadora para a aprendizagem e para
o desenvolvimento infantil.
Para Friedmann (1998, pg.20) :
“O jogo é, pois, um “quebra-cabeça”... Não é, como se pensava, simplesmente um método para aliviar tensões. Também não é uma atividade que “prepara” a criança para o mundo, mas é uma atividade real para aquele que brinca. Verdadeiramente brincamos, envolvemo-nos com paixão no jogo, sem precisarmos, em absoluto, saber o que ele significa”.
O jogo se caracteriza por transformações, como todas as atividades
lúdicas, por ser uma atividade dinâmica, capaz de transformar-se com o
contexto de um grupo para o outro.
É importante também ressaltar o jogo na educação infantil como
estímulo ao crescimento, como uma astúcia em direção ao
desenvolvimento cognitivo e aos desafios do viver, e não como uma
competição entre pessoas ou grupos que implica em vitória ou derrota.
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Do ponto de vista educacional, a palavra jogo se afata do significado
de competição e se aproxima de sua origem etmológica latina, com o
sentido de gracejo, ou mais especificamente, divertimento, brincadeira,
passatempo. Desta maneira, os jogos infantis podem até, excepcionalmente,
incluir uma ou outra competição, mas, essencialmente, visam estimular o
crescimento e aprendizagens, e seriam melhor definidos se afirmássemos
que representam relação interpessoal entre dois ou mais sujeitos, realizados
dentro de determinadas regras.
Durante muito tempo confundiu-se “ensinar” com “transmitir” e, nesse
contexto, o aluno era um agente passivo da aprendizagem e o professor um
transmissor não necessariamente presente nas necessidades do aluno.
Acreditava-se que toda aprendizagem ocorria pela repetição e que os
alunos que não aprendiam eram responsáveis por essa deficiência e,
portanto, merecedores do castigo da reprovação. Atualmente essa idéia é
absurda e sabe-se que não existe ensino sem que ocorra a aprendizagem, e
esta não acontece senão pela transformação, pela ação facilitadora do
professor, do processo de busca do conhecimento que deve sempre partir
do aluno.
A idéia de um ensino despertado pelo interesse do aluno acabou
transformando o sentido do que se entende por material pedagógico, e cada
estudante, independente de sua idade, passou a ser um desafio à
competência do professor. Seu interesse passou a ser a força que comanda
o processo da aprendizagem, suas experiências e descobertas, o motor de
seu progresso, e o professor um gerador de situações estimuladoras
eficazes. É nesse contexto que o jogo ganha um espaço como a ferramenta
ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do
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aluno, que como todo pequeno animal adora jogar e joga sempre,
principalmente, sozinho, desenvolvendo níveis diferentes de sua
experiência pessoal e social. O jogo ajuda-o a construir suas novas
descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um
instrumento pedagógico que leva o professor à condição de condutor,
estimulador e avaliador da aprendizagem.
Está se perdendo no tempo a época em que se separava a
“brincadeira”, o jogo pedagógico, da atividade “séria”.
De Huizinga a Roger Caillois, de Heidegger a Georges Bataille, de
Montaigne a Fröbel, de Konrad Lorenz a Gardner, alguns dos mais
destacados pensadores de nosso tempo, demonstraram vivo interesse pela
questão lúdica e pelo lugar dos jogos e das metáforas no fenômeno humano
e na concepção de mundo. Hoje, a maioria dos filósofos, sociólogos,
etólogos e antropólogos concordam em compreender o jogo como uma
atividade que contém em si mesmo o objetivo de decifrar os enigmas da
vida e de construir um momento de entusiasmo e alegria na aridez da
caminhada humana. Assim, brincar significa extrair da vida nenhuma outra
finalidade que não seja ela mesma. Em síntese, o jogo é um dos melhores
caminhos de iniciação ao prazer estético, à descoberta da individualidade e
à meditação individual.
O que leva uma criança a brincar?
Toda criança vive agitada e em intenso processo de desenvolvimento
corporal e mental. Nesse desenvolvimento se expressa a própria natureza
da evolução e esta exige a cada instante uma nova função e a exploração de
nova habilidade. Essas funções e essas novas habilidades, ao entrarem em
ação, impelem a criança a buscar um tipo de atividade que lhe permita
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manifestar-se de forma mais completa. A imprescindível “linguagem”
dessa atividade é o brincar, é o jogar. Portanto, a brincadeira infantil está
muito mais relacionada a estímulos internos que à contingências exteriores.
A criança não é atraída por algum jogo, por forças externas inerentes ao
jogo e, sim, por uma força interna, pela chama acesa de sua evolução. É por
essa chama, que busca no meio exterior os jogos que lhe permitem
satisfazer à necessidade imperiosa imposta por seu crescimento.
Mas existem dois aspectos cruciais no emprego dos jogos como
instrumentos de uma aprendizagem significativa. Em primeiro lugar o jogo
ocasional, distante de uma cuidadosa e planejada programação, é tão
ineficaz quanto um único momento de exercício aeróbio para quem
pretende ganhar maior mobilidade física e, em segundo lugar, uma grande
quantidade de jogos reunidos em um manual somente tem validade efetiva
quando rigorosamente selecionados e subordinados à aprendizagem que se
tem em mente como meta. Em síntese, jamais pense em usar os jogos
pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado por
etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos
alunos, e jamais avalie sua qualidade de professor pela quantidade dos
jogos que emprega, e sim pela qualidade dos jogos que se preocupou em
pesquisar e selecionar.
É importante ressaltar que os estímulos são o alimento das
inteligências. Sem esses estímulos a criança cresce com limitações e seu
desenvolvimento cerebral fica extremamente comprometido. Mas, é preciso
cuidado. Estimulações excessivas atuam como “desestímulos”.
A escola não pode virar um laboratório onde a criança recebe, a toda
hora, todas as iniciações lingüísticas, lógico-matemáticas, espaciais,
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corporais e outras. Cabe ao professor ter o equilíbrio para usar os recursos
com sobriedade e, principalmente, com a co-participação de outras crianças
e adultos.
Outro elemento importante no estímulo é observar a criança e anotar
seus progressos, mesmo os mais simples. Conservar uma ficha simples e ir
anotando resultados, ajuda a compreender melhor a criança. O fascínio da
aprendizagem não se manifesta pelo alcance de uma meta numérica, mas
pela percepção do progresso, mesmo o mais modesto.
Conceituando-se a aprendizagem como uma mudança relativamente
permanente no comportamento, a observação de uma criança torna
evidente quais os conhecimentos que revela por reflexos e quais os outros
que constituem produto de sua aprendizagem. A criança nasce com
habilidade para aprender, mas a aprendizagem, em si, ocorre com a
experiência. Entretanto, aprendizagem na infância possui limitações
impostas pela maturidade, por exemplo, por mais que se insista, uma
criança não aprenderá a andar antes que seus membros estejam prontos
para suportá-la. Certas competências motoras, sensoriais e neurológicas
devem estar biologicamente “prontas” antes que aprendizagem a elas
relacionadas possa acontecer.
A maturação, portanto, não depende da aprendizagem, mas constitui
condição necessária para que a aprendizagem possa acontecer.
É importante também ressaltar que cada ser humano desenvolve a
própria consciência e se expressa de maneira diferente. Cada um é único. O
profissional deve respeitar a integridade pessoal de cada criança, deixando
que sua natureza se manifeste como é, não a impedindo de ser criativa e
expressar-se plenamente. O que infelizmente se observa nas escolas são as
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crianças sendo levadas a repetir situações e interpretar personagens e coisas
que não têm nada a ver com sua realidade, portanto, sem nenhum
significado para elas.
Gadotti (1988), fala que,
“A pedagogia sempre esteve associada à autoridade. Apesar de termos evoluído de uma pedagogia tradicional para uma nova, o binômio autoridade-liberdade, não está resolvido em nossos dias. Nossas práticas são profundamente autoritárias, e o professor que deveria ser um agente de contestação e de crítica, não passa de um mero repetidor de modelos autoritários. É portanto, agente de reprodução social, cujo fazer pedagógico se encontra limitado pela rigidez que caracteriza nosso sistema educacional.”
Sem dúvida é a criança quem mais sofre as conseqüências desse
processo, com seu brincar seriamente prejudicado, pois é no brincar que se
desenvolvem o espírito construtivo, a imaginação, a faculdade de abstração
e sistematização, a capacidade de interagir socialmente.
Desse modo, constatamos as influências e conseqüências desastrosas,
das posturas autoritárias que serão deixadas na vida das crianças.
A oportunidade de brincar e jogar, fornece experiência de
aprendizagem através das quais a criança pode desenvolver interações
variadas, porque ela coordena o que é geral, e aplica a um conjunto de
situações.
Piaget (1962 e 1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório
das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável a
prática educativa. É pelo fato de o jogo ser um meio tão poderoso para a
aprendizagem das crianças que em todo o lugar onde se consegue
transformar em jogo a iniciação à leitura, ao cálculo ou à ortografia,
observa-se que as crianças se apaixonam por essas ocupações, geralmente
tidas como maçantes. Os jogos não são apenas forma de desafogo ou
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entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem
e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Piaget (1976, pág. 160)
afirma:
“O jogo é, portanto, sob as duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo à esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil.”
Em estudos sobre o brincar e a aquisição de conceitos, Hartley (1971)
diz que durante os primeiros anos de vida a aprendizagem de certos
conceitos-chave é ferramenta indispensável ao desenvolvimento de
habilidade de pensar. Para Hartley, a criança precisa aprender a identificar,
generalizar, classificar, agrupar, ordenar e combinar. Tem necessidade
também de aprender a lidar com idéias tais como forma, cor, textura e
consistência. Além disso, a criança precisa aprender sobre as qualidades
espaciais, que se adaptem aos conceitos de proximidade, ordem,
continuidade, limitação assim como as qualidades mais simples dos
objetos, como: largo-estreito, dentro-fora, perto-longe. Precisa também,
adquirir conceitos de tempo como antes ou depois, de quantidade como
pouco ou muito, conceitos que dependem da compreensão da seqüência
como início-fim, primeiro-último, e conceitos de velocidade que dependem
do entendimento das relações entre espaço e movimento. Hartley aponta o
brincar como um recurso poderoso para a criança adquirir essas
aprendizagens.
O brincar e o jogo são atividades envolventes para o ser humano,
especialmente no caso da criança, que na sua totalidade desenvolve o auto-
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conhecimento, que a leva a ter mais confiança em si mesma, e relacionar-se
melhor com o mundo. Esses estudiosos acreditam que é através das
manifestações lúdicas que a criança deixa fluir sua capacidade de criar,
recriar e reinventar a realidade. O brincar para a criança é uma terapia.
Então, fica clara a grande importância de incentivar, cada vez mais,
uma prática pedagógica voltada para o lúdico.
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CAPÍTULO III
29
ESPAÇO LÚDICO DE EDUCAÇÃO E LAZER
Restituir o espaço, meios e o tempo para que nossas crianças brinquem
espontaneamente e sem cobranças é o nosso compromisso hoje.
Hoje o tempo das crianças é habitualmente saturado por deveres e
afazeres, restando muito pouco para as atividades lúdico-criativas. Assim,
diminuem as possibilidades da criança descobrir sua própria maneira de
ser, construir sua afetividade e fazer suas próprias descobertas por meio da
brincadeira.
Foi refletindo acerca dessa realidade, que é vivida não só no Brasil,
mas em toda a América, que devemos considerar necessário resgatar o
brincar como elemento essencial para o desenvolvimento integral da
criança em sua criatividade, em sua aprendizagem, em sua socialização,
enfim, em todos os ambientes e circunstâncias de sua vida: no lar, na
vizinhança, na escola e na comunidade.
Hoje as grandes cidades da América Latina apresentam muitas coisas
em comum. E um dos problemas é a falta de espaço. Quando observamos
como eram as relações das crianças com suas brincadeiras do passado e a
relação com os adultos, percebemos que os espaços eram mais sociais, ao
mesmo tempo públicos e privados, nas cidades, em suas ruas e praças.
A rua era o principal lugar de vida, de contato de toda a população,
adulta ou infantil. Nela, segundo os pesquisadores, “a criança pobre ou rica
tinha seu universo e o utilizava à vontade.” (Caiuby, 1989).
Era portanto na rua que as crianças brincavam, corriam, brigavam,
jogavam, rolavam e aprendiam (Lima). As oportunidades eram maiores
para as crianças e adultos no que diz respeito ao espaço físico e ao tempo,
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para que as relações entre as pessoas fossem as mais naturais possíveis.
Aos poucos, ruas e praças deixaram de ser um lugar de encontro e de
aprendizado coletivo, para se tornarem simples passagens, ocupadas por
desconhecidos, de cujo perigo era preciso afastar as crianças de famílias e
ruas. (Áries, 1991)
Em um passado remoto guardamos em nossas memórias as
brincadeiras de rua, que nos permitiam explorar o espaço através de jogos
tradicionais como: a bandeira, o garrafão, esconde-esconde, pera-maçã ou
uva, passar o anel, jogos com bola de gude, pipa, futebol, danças, cantigas
de roda e etc. Havia um prolongamento do seu lar para as ruas.
Hoje, dentro do espaço particular que cada escola ou sala de aula
oferece, devemos preparar uma maneira de estimular a criança a brincar,
possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos, dentro de
um ambiente especialmente lúdico. Um lugar onde tudo convida a explorar,
a sentir, a experimentar.
Os ambientes de sala de aula, independentes do tamanho, devem ser
atrativos à criança com espaços diversificados, arrumados e limpos como:
cantinho de leitura, jogos, brinquedos e etc. Os brinquedos devem ser
variados, novos, usados, coloridos, brinquedos de madeira, plástico, metal,
pano, aquele da propaganda ou um outro que nossos pais brincavam.
Brinquedos que vão realizar sonhos, desmistificar fantasias ou
simplesmente estimular a criança a brincar livremente (Friedmann, 1994).
Os brinquedos são objetos que não têm vida em uma estante, mas, quando
chegam às mãos das crianças, criam vida. Pois ela é, acima de tudo, um
mundo de brincadeiras. A criança aprende brincando e brincando ela é
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feliz, onde o professor é o elo que vai conduzir a criança através do lúdico
fazendo uma ponte para a aprendizagem eficaz.
É importante tentar, através dessas possibilidades infinitas, analisar
mais profundamente o desenvolvimento infantil com uma visão mais
integradora das diversas ciências que estudam o assunto.
Devemos procurar buscar subsídios que possam auxiliar às pessoas
que trabalham direta ou indiretamente com crianças, tentando encontrar
soluções para os problemas de falta de espaço para o lúdico, o lazer e, em
especial para a educação infantil. Existe a necessidade urgente de buscar
propostas significativas que venham desvendar o mistério que envolve o
jogo, a criança e o desenvolvimento.
É necessário propiciar à criança, um ambiente descontraído,
estimulante e agradável, onde possa brincar, jogar, dando vazão à sua
natureza lúdica auto-afirmando-se como ser humano, como pessoa. Ter a
liberdade de se expressar e até mesmo observar as outras pessoas,
imitando-as e estabelecendo trocas afetivas positivas.
A falta de estimulação adequada, em termos de brincadeiras ou
atividades lúdicas, como já foi dito, é prejudicial ao desenvolvimento de
qualquer criança. Afirma Bettelheim(1987):
“Muitas crianças que não têm grandes oportunidades de brincar e com as quais raramente se brinca sofrem grave interrupção ou retrocesso intelectual, porque, na brincadeira e por meio dela, a criança exercita seus processos mentais. Sem esse exercício, o pensamento pode permanecer superficial e pouco desenvolvido.”
Na atualidade, percebemos, com tristeza, que a infância está ameaçada
pelo endurecimento dos seres humanos, que estão perdendo aquilo que os
impedem de se tornarem meros robôs: a sua capacidade de brincar, de
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sonhar, de recriar a realidade a partir de suas fantasias e de ousar como só
são capazes de fazer aqueles que não perderam a capacidade de sonhar.
Não devemos acabar com os sonhos, mas criar possibilidades de
resgatar um elo que anda perdido, esperando ser encontrado para trazer de
volta o direito de sonhar, sorrir, cantar, movimentar e brincar com
liberdade e prazer.
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CAPÍTULO IV
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PAPEL IMPORTANTE: O PROFESSOR COMO
MEDIADOR
Houve um tempo em que se buscava oposição entre o brincar e o
aprender e, por isso, o “lugar das brincadeiras”não se confundia com sala
de aula, que era lugar das aprendizagens”. Felizmente estamos superando
esse obstáculo e nos conscientizando que a brincadeira de uma forma
equilibrada, respeitando o amadurecimento da criança, exercita e coloca em
ação desafios à sua experiência, o que proporcionará à ela construir novas
descobertas, desenvolver e enriquecer sua personalidade, onde através da
brincadeira se aprende a extrair da vida o que a vida tem de essencial;
afinal, brincar, para a criança é plenamente viver.
É importante realçar o papel do educador e as reflexões que
desenvolve sobre as regras do jogo que aplica ou às brincadeiras em sala de
aula, onde poderá utilizá-las como ferramentas de afeto, instrumento de
ternura, processo de realização do eu pela efetiva descoberta do outro. Um
verdadeiro educador não entende as regras de um jogo ou brincadeira
apenas como elementos que o tornam possíveis, mas como verdadeira lição
de ética e moral que, se bem trabalhadas, ensinarão a viver, transformarão
e, portanto, efetivamente educarão.
Constitui uma ilusão supor que qualquer brincadeira possa abrigar o
desenvolvimento cognitivo e estimular as relações interpessoais: quem dela
poderá fazer esse instrumento será sempre o professor, que jamais poderá,
em suas ambições cognitivas e sociais, esquecer o aspecto do prazer e da
alegria. A infância não mais pode ser vista apenas como ante-sala da vida
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adulta, precisa ser reconhecida como uma fase admirável que deve ser
apreciada em si mesma, razão pela qual a alegria e o prazer do jogar
precisam sempre caminhar lado a lado com os propósitos de aprendizagem.
A tarefa de uma boa educação seria a de propiciar, através de
brincadeiras, o afeto e a sociabilidade, dando voz aos sonhos infantis.
A linguagem de Piaget e de Vygotsky, e certamente de Maria
Montessori também, ainda que diferentes da de Freud, caminhava em igual
direção e ampliava o imenso universo que hoje se descobre na importância
do brincar. Desde o início do século XX, quando os adultos teimavam em
ver na criança um cérebro imaturo e ofereciam brinquedos tão somente
para o lazer, esses educadores ressaltavam a enorme influência do
brinquedo no desenvolvimento da aprendizagem, na sociabilidade e na
criatividade infantil.
Em todas as fases da criação e através de qualquer tipo de brincadeira
é essencial destacar mais uma vez a ação do professor como mediador para
ajudar a criança em alguns pontos cruciais à sua formação. Entre estes,
cabe destacar:
• Construir a historicidade, ampliando o vocabulário e fazendo-a
pensar em termos de passado, presente e futuro.
• Desenvolver seus pensamentos lógicos, levando-o a associar
quantidade a números e evoluido pelo domínio de conceitos
como muito, pouco, grande pequeno.
• Ampliar suas linguagens, fazendo com que busque alternativas
(frases,cores, figuras, cantos, mímicas, colagens etc) para expor
seus pensamentos.
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• Desafiando-a a pensar, propondo questões interrogativas que a
façam falar sobre coisas reais e imaginárias e, dessa forma,
associar-se ao que convencionalmente se considera. “aprender”.
• Estimulando a capacidade de associação, fazendo-a ligar figuras
a sons, imagens a textos, músicas a palavras.
• Aprimorando seu domínio motor, ensinando-a a escovar os
dentes, amarrar sapatos, usar talheres ou palitos orientais para
comer, ensinando-a a martelar, parafusar, encaixar, arrumar
coisas, varrer, pescar em tabuleiros de areia.
• Libertando-a de estereótipos, coisas de meninos e de meninas,
profissões de homem e de mulher, e mostrando-lhe a riqueza
que existe nas diferenças e a beleza na diversidade cultural.
• Ajudando-a a fazer amigos, ensaiando teatrinhos, mostrando
relações pertinentes em histórias, aprendendo a acitar o ganhar e
o perder nos jogos que realiza.
A relação entre as brincadeiras e a aprendizagem significativa destaca
que a boa escola não é necessariamente aquela que possui uma quantidade
enorme de caríssimos brinquedos eletrônicos ou jogos ditos educativos,
mas que disponha de uma equipe de educadores que saibam como utilizar a
reflexão que a brincadeira desperta, saibam fazer de simples objetos
naturais uma oportunidade de descoberta e exploração imaginativa. Uma
caixa de fósforos, uma lupa e uma fita métrica em mãos de uma verdadeira
educadora infantil valem mais que uma coleção fantástica de brinquedos
eletrônicos que emitem sons e luzes e que, por se apresentarem perfeitos
demais, roubam espaço à imaginação.
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Não existem fórmulas mágicas ou prontas para o professor, pois a cada
ano ele se depara com turmas, vivências, emoções diferentes. Como agir
diante dessas questões? Por isso, é de suma importância que o professor
tenha um grande amor e empatia, ou seja, a capacidade de sentir o que o
outro sente. O professor deve ter a sensibilidade de perceber a emoção da
criança criando uma oportunidade de intimidade e transmitir experiências.
É importante o professor, como mediador, escutar com empatia,
legitimando os sentimentos da criança, ajudando-a a nomear e verbalizar
seus sentimentos e a resolver seus problemas.
Aprender a ver é viver, é aprender a pensar. É chegada a hora de
descobrir-se que a educação verdadeiramente humana não é a que transmite
a operação gelada da inteligência concreta, pois as máquinas podem,
melhor que os humanos, realizá-la. O que essencialmente difere o homem
de todos os seres é a capacidade de reconstruir “seu mundo”e também o
próprio mundo com a sensibilidade de seu olhar repleto de empatia,
adocicado pela sensibilidade e pela emoção.
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CONCLUSÃO
Muitos autores chegaram à conclusão que é a situação de faz-de-conta
e não somente a presença visível do brinquedo, que conduzem as crianças
ao uso de um raciocínio lógico-dedutivo. Qualquer instrução que encoraje
as crianças a ativar sua imaginação; mesmo sendo uma referência a um
“planeta de faz-de-conta”, não há dúvida que as envolverá, pois possuem
natureza lúdica.
Para desenvolver-se, a criança necessita de estar em contato com
outras pessoas, com outras crianças. É observando o que acontece ao seu
redor e imitando, que ela vai aos poucos se auto-afirmando como ser social.
Quando uma criança brinca, ela muitas vezes é vista como se estivesse
em um mundo só seu, um mundo de fantasias à parte do que vivemos na
realidade.
Entretanto, muitos estudiosos têm mostrado que é por meio de
brincadeiras que as crianças se constituem como indivíduos, com um tipo
de organização e funcionamento psicológicos próprios, utilizando certos
meios em cada período de vida, e das aquisições e modificações que sua
micro cultura impõe.
Atitude correta da criança diante do mundo é de sempre ser lúdica, e
brincar sempre. Assim, a criança exercita-se física, social e
emocionalmente. O caráter lúdico das atividades atua na socialização,
integração e personalidade de cada criança e, certamente a natureza lúdica
garante-lhe a capacidade de romper o estereótipo, na reconstrução do
mundo, a partir de si mesma. A relação lúdico-educação, é uma proposta
pedagógica, em termos de esperança.
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Evidencia-se, assim, a riqueza e potencial construtivo da interação
criança x criança x escola, na construção do conhecimento pela
criatividade, e através da imaginação.
Brincar é coisa séria. Precisamos respeitar e garantir às nossas crianças
o direito de brincar, de vivenciar o seu próprio desenvolvimento. O que
para alguns pode ser algo sem a menor importância, no imaginário de uma
criança pode ser a ponte de que ela necessita para entender o mundo que a
cerca.
Não é possível separar o aprendizado da vida. A criança é um ser
dinâmico e cheio de força, não deve ser colocada numa redoma. Dêem-lhe
liberdade, responsabilidade e sentimento de que pode ter sucesso.
A criança deve ser considerada uma pessoa digna de respeito, a quem
deve ser dada a oportunidade de desenvolver-se até atingir sua máxima
capacidade.
O crescimento e o amadurecimento é um processo gradativo, que não
pode ser imposto por forças que venham de fora, mas pode ser estimulado
por pais e educadores que olhem para os pequeninos com olhos que vêem
além, que declarem e incentivem afirmando que a criança é capaz de
conseguir, de transformar, de modificar, de melhorar.
Como diz Içami Tiba, sejamos:
Sensíveis, permitindo que nossas lágrimas se misturem às que
escorrem dos olhos deles.
Generosos, ensinando os caminhos percorridos com mais amor.
Eternos aprendizes, sabendo que, quanto mais se ensina mais se
aprende.
E assim:
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“Esses sábios professores transformam o saber em sabor e alegria
de viver”
Contudo, não poderia finalizar sem deixar registrado que não há
maneira melhor de ensinar, senão AMANDO. Ame as criancinhas, pois
elas precisam do nosso carinho, abraço, incentivo, apoio, enfim do nosso
amor. Ame e descubra o talento de cada uma delas!
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BIBLIOGRAFIA
• ALENCAR, Eunice Soriano de. Psicologia da criatividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986
• ALESSANDRINI, Cristina Dias – Oficina Criativa e
Psicopedagógica, Rio de Janeiro: Casa do Psicólogo, 1994
• ANTUNES, Celso – Jogos para estimulação das múltiplas inteligências. Petrópolis, R.J.: Vozes, 1998
• ANTUNES, Celso – O jogo e a educação infantil: falar e dizer,
olhar e ver, escutar e ouvir, fascículo 15. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003
• AXLINE, Virgínia Mãe – Ludoterapia: A dinâmica interior de uma
força. Belo Horizonte – MG: Ed. Inter-livros, 1972
• FRIEDIMANN, Adriana – Brincar: crescer e aprender – O resgate do jogo infantil, São Paulo: Moderna, 1998
• GOTTMAN, John –Inteligência emocional e a arte de educar nossos
filhos. Rio de Janeiro: Objetiva, 1977
• MARANHÃO, Diva – Ensinar Brincando – Rio de Janeiro: Wak, 2001
• PIAGET, Jean. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1976
• ROGERS, C. – Tornar-se pessoa, São Paulo: Martins Fontes, 1978
• SANTOS, Santa Marli Pires dos – Brinquedoteca o lúdico em diferentes contextos, Petrópolis, R.J.: Vozes, 1997
• TIBA, Içami – Ensinar Aprendendo, São Paulo: Ed. Gente, 1998
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• VYGOTSKY, L.S. Pensamento e a linguagem. Lisboa: Antídoto,
1979
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ANEXOS
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FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Título: O LÚDICO EM SALA DE AULA
Data da entrega: _______________________________________
Avaliado por: __________________________ Grau:__________
Rio de Janeiro ____de____________de 2004
_____________________________________
Coordenador do Curso